INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL Departamento de Ensino Curso de Formação de Especialista em Homeopatia para Farmacêutico EVOLUÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE DE INSUMOS INERTES HOMEOPÁTICOS CAROLINA ROSA DE ARAUJO MAIA ENEIDA DOS SANTOS SILVÉRIO Rio de Janeiro 2014 INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL Departamento de Ensino Curso de Formação de Especialista em Homeopatia para Farmacêutico MONOGRAFIA EVOLUÇAO DO CONTROLE DE QUALIDADE DE INSUMOS HOMEOPÁTICOS INERTES CAROLINA ROSA DE ARAUJO MAIA ENEIDA DOS SANTOS SILVÉRIO Orientador: Ilidio Ferreira Afonso Monografia submetida como requisito parcial para obtenção do certificado de conclusão do curso de Pós-Graduação Lato sensu em Homeopatia – área Farmácia. Rio de Janeiro 2014 Maia, Carolina Rosa de Araujo Maia Evolução do Controle de Qualidade de Insumos Homeopáticos Inertes / Carolina Rosa de Araujo Maia, Eneida dos Santos Silvério, Ilidio Ferreira Afonso. Rio de janeiro / RJ. Instituto hahnemanniano do Brasil, 2014 31p Bibliografia: p.30 1.Insumos homeopáticos. 2. Insumos farmacêuticos. 3. Qualidade. I. Maia, Carolina Rosa de Araujo. II. Silvério, Eneida dos Santos. III. Instituto Hahnemanniano INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL Departamento de Ensino Curso de Formação de Especialista em Homeopatia para Farmacêutico MONOGRAFIA EVOLUÇAO DO CONTROLE DE QUALIDADE DE INSUMOS HOMEOPÁTICOS INERTES CAROLINA ROSA DE ARAUJO MAIA ENEIDA DOS SANTOS SILVÉRIO MONOGRAFIA APROVADA EM / / ______________________________________ Ilidio Ferreira Afonso – Mestre Instituto Hahnemanniano do Brasil (orientador) ___________________________________________ Tereza Cristina de Andrade Leitão Aguiar - Mestre Instituto Hahnemanniano do Brasil (Coordenadora) AGRADECIMENTOS Aos nossos pais que nos ensinaram a não desistir jamais. Ao Instituto Hannemaniano do Brasil pelo belo exemplo em perpetuar e disseminar o conhecimento. Ao nosso orientador pela gentileza, paciência e contribuição no presente trabalho. As amizades especiais que conquistamos durante o longo período de curso. Aos professores do IHB e aos funcionários da Farmácia Escola pelos ensinamentos, paciência e carinho. RESUMO O preparo farmacotécnico dos medicamentos tem como ponto de partida as drogas de origem vegetal, mineral, animal ou tinturas-mãe, tendo como veículo ou excipiente, substâncias complementares, de natureza definida, desprovidas de propriedades terapêuticas ou farmacológicas, chamados de insumos inertes. Os insumos inertes ou veículos mais utilizados em farmácias homeopáticas são: água purificada, lactose, glicerina, glóbulos e microglóbulos de sacarose, e, etanol em diferentes graduações. Neste contexto os insumos inertes têm enorme importância já que constituem, quase que na íntegra, o medicamento homeopático. Por isso, houve uma evolução do controle de qualidade de insumos homeopáticos inertes, para atender as novas especificações de qualidade originadas de normas pré-estabelecidas em farmacopeias e compêndios oficiais. Palavras chave: insumos homeopáticos, insumos farmacêuticos, qualidade. ABSTRACT The pharmacotechnical medication preparation takes as its starting point the drugs of plant origin, mineral, animal or mother tinctures, with the carrier or excipient, additional substances defined nature, devoid of therapeutic or pharmacological properties, called inert ingredients. The inert ingredients or more vehicles used in homeopathic pharmacies are purified water, lactose, glycerin, blood cells and microglóbulos sucrose and ethanol in different levels. In this context, the inert ingredients have great importance, since they are almost in full, the homeopathic medicine. Therefore, there was an evolution of quality control inert homeopathic inputs to meet the new quality specifications originated from pre-established norms in pharmacopoeias and official compendia. Keywords: homeopathic inputs, pharmaceutical ingredients, quality. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABFH Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária BPMPH Boas Práticas de Manipulação de Preparações Homeopáticas FB Farmacopeia Brasileira FHB Farmacopeia Homeopática Brasileira MBPF Manual de Boas Práticas de Manipulação em Farmácias MNT Manual de Normas Técnicas para Farmácia Homeopática RDC Resolução da Diretoria Colegiada TM Tintura-mãe SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 9 1.1 OBJETIVO 11 2 METODOLOGIA 12 3 DESENVOLVIMENTO 13 3.1 FARMÁCIA HOMEOPÁTICA NO BRASIL 13 3.2 GARANTIA DE QUALIDADE EM FARMÁCIAS HOMEOPÁTICAS 15 3.3 CONTROLE DE QUALIDADE EM FARMÁCIAS HOMEOPÁTICAS 17 3.3.1 Controle De Qualidade De Insumos Inertes Homeopáticos 19 3.3.1.1 Água Purificada 20 3.3.1.2 Álcool 21 3.3.1.3 Glicerina 23 3.3.1.4 Lactose 24 3.3.1.5 Glóbulos E Microglóbulos 26 3.3.1.1.6 Utensílios 27 4 DISCUSSÃO 28 5 CONCLUSÃO 29 REFERÊNCIAS 30 9 1 INTRODUÇÃO A Homeopatia nasceu no ano de 1796, instituída pelo médico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemann, criador da terapêutica homeopática. O ensino das ciências e da medicina na época muito teórico e isento de qualquer contato com o paciente, constituia a medicina das sangrias e dos purgativos que, na maioria das vezes piorava o quadro clínico dos pacientes ao invés de curá-los. Por experiências anteriores, Hahnemann observou a toxicidade do chumbo e do cloreto de mercúrio, publicou os critérios de pureza e de falsificação dos medicamentos e, mostrou a importância da higienização para a prevenção das doenças. A terapêutica homeopática é fundamentada em quatro os princípios básicos: a lei dos semelhantes, a experimentação no homem sadio, o uso de doses mínimas e o medicamento único, os quais têm sua ação ao equilibrar a energia vital do paciente. Energia essa que o mantém vivo e são, mas ao se desequilibrar inicia o processo conhecido como doença. A diluição e a dinamização são conceitos introduzidos por Hahnemann, visando à redução da toxicidade e a liberação da força medicamentosa latente das substâncias (FONTES, 2009; BRASIL, 2011). A doutrina homeopática foi difundida pelo mundo, e foi adotada como medicação de preferência, principalmente em países cujos grupos de populações eram menos favorecidos de fortuna. Com a expansão da nova medicina, criaram-se compêndios em diversos países, chamados de Farmacopeias, com a finalidade de regulamentar, criar rigor cientifico e uniformidade às técnicas e práticas farmacêuticas que sirvam como norma legal ao preparo de medicamentos homeopáticos acabados, através de caracterização, ensaios e doseamentos de matérias-primas (BRASIL, 1977). No Brasil, a Homeopatia foi introduzida pelo médico francês Dr. Benoit Jules Mure, em 1840, mas somente em 1977, foi criada a primeira Farmacopeia Homeopática Brasileira (FHB). Após 20 anos, a segunda edição da FHB foi publicada, de acordo com o que havia de mais atual no que diz respeito ao medicamento homeopático, em particular à farmacotécnica homeopática usada nas farmácias. Obedecidas as técnicas, normas e especificações, o medicamento terá sua qualidade e segurança garantidas 10 somente quando estas se aplicarem tanto à qualidade dos insumos quanto na própria farmacotécnica especifica (BRASIL,1997). Os medicamentos homeopáticos provêm de drogas dos reinos vegetal, animal, mineral e de origem microbiológica, também chamados, bioterápicos. As espécies de origem vegetal utilizadas em homeopatia devem ser coletadas em épocas e em condições adequadas; as drogas de origem animal devem ser obtidas a partir de exemplares classificados zoologicamente constituídas por animais inteiros, vivos ou recentemente sacrificados, dessecados ou não; as de origem mineral devem ser quimicamente conhecidas e sua composição química definida; as drogas de origem microbiológica são provenientes de bactérias, fungos, vírus, tecidos, órgãos e secreções quimicamente não definidos devidamente coletadas e tratadas (BRASIL, 2011; ABFH, 2003). As drogas de origem vegetal e animal são transformadas na forma farmacêutica básica definida como tintura-mãe (TM), que constitui o ponto inicial para obtenção de formas farmacêuticas derivadas, na forma de solução, resultante da ação de um solvente extrator, insumo inerte hidroalcoólico ou hidroglicerinado, sobre estas drogas. Formas farmacêuticas derivadas são preparações obtidas a partir da forma farmacêutica básica ou da própria droga e preparadas por sucessivas diluições seguidas de sucussões e/ou triturações, destinadas ao estoque ou à dispensação. As formas farmacêuticas derivadas são preparadas nas escalas decimal, centesimal e cinqüenta-milesimal e, os métodos utilizados para obtenção destas são: Hahnemanniano, Korsakoviano ou Fluxo Contínuo (BRASIL, 2011; ABFH, 2003). O preparo farmacotécnico dos medicamentos tem como ponto de partida as drogas de origem vegetal, mineral, animal ou tinturas-mãe, tendo como veículo ou excipiente, substâncias complementares, de natureza definida, desprovidas de propriedades terapêuticas ou farmacológicas nas concentrações em que são utilizadas, chamados de insumos inertes. Os insumos inertes ou veículos mais utilizados em farmácias homeopáticas são: água purificada, lactose, glicerina, glóbulos e microglóbulos de sacarose, e, etanol em diferentes graduações (ABFH, 2003; BRASIL, 2011). 11 Os insumos inertes têm enorme importância já que constituem, quase que na íntegra, o medicamento homeopático. Por isso, o controle da qualidade destes deve obedecer normas pré-estabelecidas em farmacopeias e compêndios oficiais; tendo como objetivo verificar a conformidade das matérias-primas, atendendo às condições de pureza e aspectos, através de um conjunto de ações de programação, coordenação e execução. Todo insumo inerte é considerado aprovado se estiver dentro das especificações (FONTES, 2009; BRASIL, 2007). O estudo sobre o controle de qualidade das matérias-primas inertes se faz necessário para assegurar a qualidade da fabricação de medicamentos homeopáticos acabados, já que estes, por envolverem utilização de insumos ativos em doses mínimas, não permitem um controle analítico adequado. 1.1 OBJETIVO O objetivo do trabalho é avaliar, através de compêndios oficiais e legislações, a evolução do controle de qualidade de insumos inertes utilizados para preparo de medicamentos homeopáticos. 12 2 METODOLOGIA O presente trabalho, de base bibliográfica, foi elaborado a partir de legislações aplicáveis, da Farmacopeia Homeopática Brasileira e do Manual de Normas Técnicas para Farmácia Homeopática, e, outras referências bibliográficas. As seguintes palavras chave que foram utilizadas para localização dos periódicos e outras fontes são: “insumos homeopáticos”, “insumos farmacêuticos”, “qualidade”. 13 3 DESENVOLVIMENTO 3.1 FARMÁCIA HOMEOPÁTICA NO BRASIL Após a difusão da prática homeopática no Brasil, foram criadas legislações que regulamentassem a farmácia homeopática. O Decreto n° 9.554, em 1886, o qual tornou privativa, aos profissionais de Farmácia a manipulação de medicamentos homeopáticos. Em 1965 o Decreto n° 57.477 dispôs sobre a manipulação, receituário, industrialização e comércio de produtos utilizados em homeopatia. Em 1976, o Decreto nº 78.841, foi aprovada a parte geral da 1º edição da Farmacopeia Homeopática Brasileira. Nos anos 1976 e 1977 foram publicados, respectivamente, a Lei 6.360 e o Decreto 79.094 que a regulamenta os quais dispõem sobre Vigilância Sanitária a que fica sujeitos o controle de medicamentos, de drogas, de insumos farmacêuticos e de produtos correlatos dentre outros produtos (FONTES, 2009). Em 1988, no Congresso Brasileiro de Homeopatia em Gramado – RS, foi aprovada a moção que determinou o início de trabalhos que visavam criar um manual que constasse um conjunto de informações a respeito dos procedimentos gerais envolvidos no preparo de medicamentos homeopáticos. Após diversos encontros, de profissionais farmacêuticos, tal manual foi publicado em 1992, pela Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH), intitulado como Manual de Normas Técnicas para Farmácia Homeopática (MNT), que logo se tornou mais uma referência para a manipulação, e cuidou de itens importantes aspectos inerentes às farmácias como estabelecimentos, tais como local, instalações, pessoal, embalagem e acondicionamento. Os autores do manual ressaltaram que este não poderia ser considerado um trabalho definitivo; e, apesar de não ter caráter oficial, o manual apresenta cuidado em relação às legislações vigentes e os aspectos sanitário e profissional (ABFH, 1992). Em 1995, o MNT sofreu sua primeira revisão, com a colaboração de grupos de estudos e trabalhos científicos pelo país, em busca de um padrão que cada vez mais representasse a realidade das farmácias. Desta vez houve uma maior preocupação com o controle da qualidade e foi incluído um capítulo com requisitos mínimos para 14 insumos inertes e equipamentos. Também foi acrescida nesta edição especificações de como obter a água para fins farmacêuticos (ABFH, 1995) Em agosto de ano de 1997, foi publicada pelo Ministério da Saúde, a Portaria do n° 1.180, que aprovou a primeira parte da segunda edição da FHB. Esta edição passou a ser o Código Oficial dos farmacêuticos do país que deveriam segui-la para obterem uma melhor padronização, reprodutibilidade, qualidade e confiabilidade que todo medicamento de ter para produzir os resultados terapêuticos esperados (BRASIL,1997). Em 1999 foi publicada a lei 9.782 que criou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A Anvisa passa a controlar todos os produtos e serviços que eram sujeitos Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária. Todas estas publicações na área de Vigilância Sanitária estimularam no Brasil o início da fiscalização nas farmácias de manipulação homeopática. Logo após foi criada a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n° 33 de 19 de abril de 2000, em que as farmácias tiveram que se estruturar para atender aos requisitos do seu Anexo III, o qual dispõe sobre as Boas Práticas de Manipulação de Preparações Homeopáticas (BPMPH) em farmácias. Essas mudanças previstas no roteiro de inspeção têm como principal característica a padronização da forma como o medicamento é manipulado. Já que ao se ter uma rastreabilidade de todo o processo de manipulação pode-se garantir a qualidade do medicamento. A qualidade dos medicamentos passou a ser item indispensável nas farmácias, que trouxe importantes exigências para o funcionamento das farmácias, fixando requisitos mínimos para a manipulação, fracionamento, conservação, transporte, dispensação de preparações magistrais e oficinais e de outros produtos de interesse da saúde (BRASIL, 2000). Em 2003 foi estabelecida pela RDC n° 151, o Fascículo I da Parte II da revisão da FHB. Nesse mesmo ano foi publicada a segunda revisão do MNT que seguiu a linha da revisão anterior dando uma especial atenção aos requisitos de qualidade na farmácia homeopática, mais especificamente com a ampliação dos aspectos técnicos e práticos das preparações homeopáticas (FONTES, 2009; ABFH, 2003). Em 2006, a RDC 33/2000 foi revogada pela RDC n 214/2006 da ANVISA, que dispõe sobre as Boas Práticas de Manipulação de Medicamentos para Uso Humano em Farmácias e 15 continuou tendo um roteiro específico para as BPMPH, impondo exigências mais severas para as farmácias nacionais. Esta também foi revogada pela RDC da ANVISA, n 67/2007, que dispõe sobre as mesmas condições da RDC anterior, havendo poucas alterações no que diz respeito as BPMH em farmácias homeopáticas (BRASIL, 2006; BRASIL, 2007). A terceira edição da FHB foi publicada, pela ANVISA, em 2011, em vigor, numa versão mais atualizada e completa, adaptada à quinta edição da Farmacopeia Brasileira, com finalidades que incluem sua aplicação: em farmácias, laboratórios farmacêuticos industriais que preparem insumos e medicamentos homeopáticos; dispensação nas farmácias; fabricação e controle da produção e do receituário; e, no ensino da farmacotécnica homeopática. Tais aplicações visam garantir as boas práticas de manipulação, no que diz respeito às clínicas homeopáticas (BRASIL, 2011). 3.2 GARANTIA DE QUALIDADE EM FARMÁCIAS HOMEOPÁTICAS O Sistema de Garantia da Qualidade (SGQ) é um sistema que deve garantir a qualidade do medicamento, desde o planejamento inicial do processo até o consumo final. A Garantia da Qualidade é um esforço organizado e documentado no sentido de assegurar que os produtos e serviços estejam dentro dos padrões de qualidade exigidos, aplicando o Manual de Boas Práticas de Manipulação em Farmácias, totalmente monitorado. Tais medidas asseguram qualidade na manipulação, instalações da farmácia e laboratórios de manipulação, nos controles necessários para análises de matérias-primas, equipamentos calibrados, correta determinação do prazo de validade. A documentação constitui parte essencial no Sistema de Garantia da Qualidade pois através dela há controle sobre o funcionamento da farmácia junto aos órgãos reguladores, sobre os receituários, registros de manipulação e analises de matérias-primas, sobre a auto - inspeção, e também reclamações e atendimento aos pacientes (BRASIL, 2007). No Brasil, a farmácia homeopática além de dispensar, também produz os medicamentos homeopáticos; com esta ampla atuação surgiram preocupações em relação à padronização e à qualidade dos produtos homeopáticos. Toda farmácia 16 homeopática deve possuir um setor de controle de qualidade para que o medicamento chegue ao cliente sempre com as mesmas características, mesmo poder medicamentoso e com a melhor qualidade. Esta qualidade final do medicamento, que é dispensado ao cliente, não está apenas ligada ao controle de qualidade. Ela começa com o recebimento do receituário medico, passando pela produção até chegar ao produto final. Essa garantia de qualidade só é possível através das BPMPH, de treinamentos dos funcionários, da implantação e cumprimento dos Procedimentos(s) Operacional(s) Padrão (POPs) e também dos testes realizados pelo controle qualidade (FONTES, 2009; PEÇANHA et al., 2003). O Procedimento Operacional Padrão (POP) é a descrição detalhada das técnicas e das operações que serão realizadas na farmácia homeopática, e visa proteger e garantir a qualidade da fabricação dos medicamentos homeopáticos e a segurança dos manipuladores (ABFH, 2003). Para que os requisitos necessários sejam atingidos, a RDC da Anvisa nº 67/2007 define as atividades das farmácias de manipulação e de homeopatia e também como devem ser a avaliação da prescrição pelo farmacêutico, as instalações, os equipamentos, a aquisição e o controle de qualidade das matérias-primas, do armazenamento, da manipulação e da dispensação das formulações, garantindo a qualidade e a segurança dos medicamentos aviados por estes estabelecimentos (BRASIL, 2007). No Anexo V, desta RDC, há especificações adicionais e exclusivas às BPMPH em farmácias homeopáticas, tais condições devem ser somadas às já citadas na mesma resolução. São elas: funcionários envolvidos no processo de manipulação devem estar devidamente higienizados e não odorizados; a farmácia deve possuir, sala exclusiva para a manipulação de preparações homeopáticas; área ou local de lavagem e inativação que tenha estufa com termômetro, podendo esta ser compartilhada por acessórios utilizados na manipulação não homeopática desde que em momentos distintos; sala especifica para coleta e preparo de auto-isoterápicos até 12CH ou 24DH com procedimentos preventivos para biossegurança; a sala de manipulação deve estar localizada em área de baixa incidência de radiações, odores fortes e deve possuir equipamentos específicos (alcoômetro de Gay-Lussac e balança de uso exclusivo); a limpeza e sanitização de piso, parede e mobiliário da sala de manipulação devem ser 17 usados produtos que não deixem resíduos ou possuam odores, sendo indicado o uso de sabão, água e soluções sanitizantes, e, bancadas de trabalho devem ser limpas com solução hidroalcoólica a 70% (p/p); os materiais destinados às preparações homeopáticas devem ser armazenados em área ou local apropriado, ao abrigo de odores; a água utilizada para preparações homeopáticas deve ser purificada (BRASIL, 2007). O medicamento homeopático deve ter seu rotulo identificado com nomenclatura específica do insumo ativo, potência, escala, método, forma farmacêutica, quantidades e unidades.; quando dispensado, deve ser adicionado ao rotulo: nome do paciente e do prescritor, as datas de manipulação e validade, identificação da farmácia com o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - C.N.P.J., endereço completo, nome do farmacêutico responsável com o respectivo número no Conselho Regional de Farmácia; No caso de TM, esta deve ser rotulada com nome científico da droga, datas de fabricação e validade, parte usada, conservação, grau alcoólico, classificação toxicológica, quando for o caso, e, número de lote. As matrizes devem ser identificadas por meio do rótulo interno ou do fornecedor, contendo os seguintes dados: dinamização, escala e método, insumo inerte e grau alcoólico, quando for o caso, data da manipulação e validade, e, origem. O prazo de validade deve ser estabelecido conforme a Farmacopeia Homeopática Brasileira vigente (BRASIL, 2007). A especificação técnica de todos os materiais a serem utilizados na manipulação de preparações magistrais, deve garantir que a aquisição atenda corretamente aos padrões de qualidade estabelecidos, os materiais e matérias-primas devem ser adquiridos preferencialmente de fabricantes/fornecedores qualificados quanto aos critérios de qualidade determinados pela farmácia (BRASIL, 2007). 3.3 CONTROLE DE QUALIDADE EM FARMÁCIAS HOMEOPÁTICAS O sistema da qualidade engloba diversas ações, que inclui o Controle de Qualidade; este é definido como um conjunto de operações que têm como objetivo, verificar a conformidade das matérias-primas, materiais de embalagem e do produto acabado de acordo com as especificações estabelecidas (BRASIL, 2007). 18 O controle de qualidade para um medicamento homeopático deve compreender o controle de matéria prima, controle dos veículos e excipientes inertes, que são usados na preparação das dinamizações. A farmácia deve dispor de laboratório de controle de qualidade capacitado para realização de controle em processo e análise da preparação manipulada; deve ainda assegurar a qualidade microbiológica, química e física de todos os produtos reembalados, reconstituídos, diluídos, adicionados, misturados ou de alguma maneira manuseados antes da sua dispensação (BRASIL, 2007).É indispensável o acompanhamento e o controle de todo o processo de obtenção das preparações magistrais e oficinais, de modo a garantir ao paciente um produto com qualidade. Há a necessidade de se preocupar com os fornecedores de matérias-primas, condições de armazenamento, técnicas de manipulação e treinamento dos funcionários (BRASIL, 2007). Existem requisitos básicos para o sistema de controle de qualidade, tais como, registro de produção, registro de matérias-primas e material de embalagem, registros de limpeza, de uso e de manutenção de equipamentos, fórmula padrão/formula de fabricação, registro de análise do controle de qualidade, qualificar fabricantes/fornecedores e assegurar que a entrega dos produtos seja acompanhada de certificado de análise emitido pelo fabricante/fornecedor (MOREIRA e FIGUEIREDO, 2004). O controle de qualidade das matérias-primas inertes, devem ser analisadas, no seu recebimento, sendo respeitadas suas características físicas e mantendo os resultados por escrito. Os testes que devem ter seus resultados apresentados são: de caracteres organolépticos, solubilidade; pH, peso, volume, ponto de fusão, densidade, e, avaliação do laudo de análise do fabricante/fornecedor. Em caso de ausência de monografia farmacopeica especifica, deverá ser utilizada, como referência, literatura científica pertinente ou em sua falta, especificação fornecida pelo fornecedor (BRASIL, 2007). 19 3.3.1 Controle De Qualidade De Insumos Inertes Homeopáticos Toda substancia utilizada como veículo ou excipiente para a preparação dos medicamentos homeopáticos é chamada de insumo inerte. Os insumos inertes compõem o medicamento homeopático, de finalidade curativa e/ou preventiva, que é obtido pela técnica de dinamização e utilizado para uso interno ou externo. Tal técnica pode ser descrita como um processo de diluições seguidas de sucussões e/ou triturações sucessivas do insumo ativo em insumo inerte adequado (ANVISA, 2011). Os insumos inertes determinam a forma física, textura, estabilidade, aparência e paladar das formas farmacêuticas. São usados para realizar as diluições, incorporar as dinamizações e extrair os princípios ativos das drogas na elaboração das tinturas homeopáticas. Estes insumos são muito importantes pois fazem parte integral do medicamento homeopático, com isso, há a necessidade de atender às condições de pureza exigidas pelas farmacopeias e legislação vigentes (ABFH, 2003; FONTES, 2009). Os insumos inertes devem estar de acordo com as exigências relativas à caracterização, identificação e qualidade obedecendo às especificações mínimas para seu uso em homeopatia. A obtenção, o transporte, a armazenagem, o manuseio e a manipulação de insumos devem garantir a sua qualidade, principalmente no que tange as condições de umidade, temperatura e odores (ANVISA, 2011). Os veículos e excipientes mais utilizados em homeopatia são a água purificada, o álcool etílico, a glicerina, a lactose e os glóbulos de sacarose (BRASIL, 2007). As condições para acondicionamento e embalagem são de igual importância tanto no preparo e dispensação dos medicamentos homeopáticos quanto no controle da qualidade dos insumos inertes. Os recipientes e acessórios utilizados no preparo, estocagem e dispensação devem ser de materiais que não exerçam influencia qualquer nem possuam atividade medicamentosa sobre as drogas, veículos ou excipientes; pois, em muitos casos, entram em contato com os medicamentos. A lavagem destes materiais deve ser feita com mais alto rigor, já que podem apresentar contaminação microbiológica, presença de resíduos químicos e energéticos, podendo comprometer a qualidade dos produtos finais (FONTES, 2009). 20 3.3.1.1 Água Purificada A RDC 67/2007, define agua purificada como a água potável que passou por algum tipo de tratamento para retirar os possíveis contaminantes e atender aos requisitos de pureza estabelecido em farmacopeias, compêndios oficiais e legislação vigentes. Pode ser obtida por processos de destilação, troca iônica, osmose reversa ou por outro processo adequado. Deve estar livre da adição de quaisquer substâncias dissolvidas (ANVISA, 2011). Trata-se de um líquido incolor, inodoro, insípido, límpido e isenta de impurezas. Deve-se controlar a água do ponto de vista físico-químico e microbiológico. A água é o solvente mais utilizado em farmácia, pois além de dissolver inúmeras substâncias, é um dos constituintes normais dos tecidos, não exercendo qualquer atividade terapêutica. Há a necessidade de se realizar testes físico-químicos e microbiológicos, no mínimo a cada seis meses, para monitorar a qualidade da água de abastecimento, mantendo-se os respectivos registros; e, testes físico-químicos e microbiológicos da água purificada, no mínimo mensalmente, com o objetivo de monitorar o processo de obtenção de água (BRASIL, 2007). A água purificada não pode ser armazenada em período superior a 24 horas e deve apresentar condições de armazenagem que garantam a manutenção da qualidade da mesma, incluindo a sanitização dos recipientes a cada troca de água. Tais condições incluem recipientes inertes, como vidro ou aço inox 316L polido, identificados, que assegurem as propriedades físico-químicas e microbiológicas exigidas. Caso seja necessário estocar, a água purificada deve ser armazenada e distribuída em condições adequadas para prevenir o crescimento microbiano e evitar qualquer outra contaminação (BRASIL, 2007). Devem ser realizadas, no mínimo, as seguintes análises: a. pH; b. cor aparente; c. turbidez; d. cloro residual livre; e. sólidos totais dissolvidos; 21 f. contagem total de bactérias; g. coliformes totais; h. presença de E. coli.; i. coliformes termo resistentes (BRASIL, 2007) Os testes a seguir, seguem a FHB 3ª, devem ser feitos pois complementam a RDC 67/2007; são eles: a. Acidez ou alcalinidade: solução não adquire coloração azul; b. Substâncias oxidáveis: solução remanescente é fracamente rosada. c. Amônio: máximo 0,00002%; d. Cálcio e magnésio: máximo 0,0001%; e. Cloretos: solução não apresenta alterações na aparência por, pelo menos, 15 minutos; f. Nitratos: máximo 0,00002%; g. Sulfatos: solução não apresenta alterações na aparência por pelo menos 1 hora. h. Testes para condutividade da água, carbono orgânico total, contagem do número total de micro-organismos mesofilos: devem apresentar resultados descritos na Farmacopeia Brasileira 5ª edição (ANVISA, 2011) 3.3.1.2 Álcool As soluções alcoólicas serão obtidas a partir da mistura de álcool (etanol) com água purificada, até se obter o teor alcoólico desejado. O etanol e a água purificada utilizados devem seguir as exigências farmacopeicas. Na preparação das tinturas-mãe, matrizes e formas farmacêuticas de uso interno ou de uso externo, líquidas, é lícito adotar o critério ponderal (p/p), ou volumétrico (v/v), ou, ainda (v/p) ou, ainda, (p/v), contanto que se conserve o mesmo critério até o fim da operação. Alcoometria é a determinação do grau alcoólico das misturas de água e álcool etílico. O título alcoométrico volumétrico ou grau alcoólico volumétrico de uma mistura de água e etanol é expresso é expresso em % (v/v), pelo número de volume de etanol, à temperatura de 22 20 °C, contido em 100 volumes dessa mistura à mesma temperatura. A determinação do título alcoométrico ponderal é descrito na FHB 3ª edição, anexo C (ANVISA, 2011) O álcool a ser utilizado deve ser o álcool etílico obtido por fermentação de cana ou de cereais, sendo altamente purificado em alambique de vidro. Apresenta-se como um líquido volátil, inflamável, límpido e incolor, que apresenta odor característico, sabor ardente e isento de impurezas. Seu acondicionamento deve ser feito em recipientes hermeticamente fechados e limpos e mantidos longe de fogo ou calor. O álcool, em diferentes graduações, é utilizado tanto para preparo da forma farmacêutica básica como nas derivadas, exemplo: álcool a 30% para dispensação; preparo de TM em diferentes graduações; álcool 70% para dinamização de potências intermediarias, moldagem de tabletes, assepsia, impregnação de pós, tabletes e glóbulos; conservação; e alcoolaturas superiores a 70% são utilizadas no preparo da escala milesimal (1/50.000),e também no preparo das diferentes graduações já descritas (FONTES, 2009). O álcool é um dos insumos inertes mais importantes na homeopatia. Hannemann, já havia descrito que poderia se conhecer a força medicamentosa de plantas frescas, de maneira mais segura e completa, quando estas fossem misturadas ao álcool. Tal processo impedia a fermentação das plantas e as conservava em estado perfeito e inalterado; mantendo todo o poder medicamentoso destas. Devendo ser mantido em frasco vedado com cera derretida para evitar evaporação e guardado ao abrigo de luz (PUSTIGLIONE, 2004). Os testes utilizados e resultados ideais para controle da qualidade são: a. Teor alcoólico: mínimo de 95,1% (v/v) e máximo de 96,9% (v/v) de etanol; b. Ponto de ebulição: entre 78º e 79º C; c. Impurezas orgânicas: a mistura não deve turvar, mesmo que passageiramente; d. Solubilidade: miscível em agua, cloreto de metileno, éter, acetona, clorofórmio, glicerina e cloreto de metileno; e. Acidez ou alcalinidade: a solução deve ser incolor; f. Perda por dessecação: resíduo não deve exceder a 1mg; 23 g. Absorção de luz: absorvância máxima de 0,08 em 240 nm, 0,06 entre 250 nm e 260 nm e 0,02 entre 270 nm e 340 nm; h. Limite de resíduos não voláteis: máximo 0,025%; i. Testes de densidade relativa, identificação, limpidez da solução, cor de líquidos: devem apresentar resultados descritos na Farmacopeia Brasileira 5ª edição (ANVISA, 2011; ABFH, 2003). 3.3.1.3 Glicerina A glicerina é um líquido viscoso, límpido, claro, incolor e higroscópico, que apresenta odor característico e sabor adocicado. É obtida bidestilada em alambiques de vidro para evitar a presença de metais, a partir do desdobramento dos ésteres glicéricos dos ácidos graxos na fabricação dos sabões e purificada mediante sucessivas destilações. Miscível com água e etanol, praticamente insolúvel em benzeno, clorofórmio, éter de petróleo, óleos graxos e óleos essenciais. Acima de 150ºC, decompõe-se parcialmente, originando a acroleína, um de seus principais contaminantes. É permitida a utilização da glicerina anidra ou bidestilada (4% - 16% de água), com alto grau de pureza (ABFH, 2003; ANVISA, 2011). As diluições glicerinadas serão obtidas a partir da mistura de glicerina com água purificada e/ou etanol. A glicerina, o etanol e a água purificada utilizados devem seguir as exigências farmacopeicas como, por exemplo: glicerina + água (1:1), glicerina + etanol (1:1) e glicerina + água + etanol (1:1:1) (ANVISA, 2011). A glicerina é utilizada na preparação de tinturas-mãe, a partir de drogas de origem animal, nas três primeiras dinamizações centesimais e nas primeiras seis decimais, e no preparo de bioterápicos (FONTES, 2009). Os testes utilizados e resultados ideais para controle da qualidade são: a. Compostos clorados: máximo 0,003%; b. Acroleína, glicose e compostos amoniacais: não se desenvolve coloração amarela; c. Substâncias redutoras: não ocorre escurecimento da solução; 24 d. Ácidos graxos e ésteres: a diferença entre as titulações não é maior que 1,6 mL; e. Sacarose: não ocorre formação de precipitado vermelho-alaranjado (a 4 mL da amostra adicionar 6 mL de ácido sulfúrico 0,5 M. Aquecer por 1 minuto, esfriar e neutralizar com hidróxido de sódio SR, utilizando papel de tornassol. Adicionar 5 mL de tartarato cúprico alcalino SR e aquecer à ebulição por 1 minuto); f. Cloretos: não ocorre turvação; g. Testes de aspecto da solução, arsênio, metais pesados, sulfatos, água e cinzas sulfatadas: devem apresentar resultados descritos na Farmacopeia Brasileira 5ª edição (ANVISA, 2011). 3.3.1.4 Lactose A lactose utilizada como insumo homeopático provém da caseificação do leite bovido; é obtida após concentração e pressurização do soro bovino e separada por centrifugação e recristalização, apresentando-se como um precipitado. Se encontra na forma de pó cristalino ou massa branca, com leve sabor adocicado, inodoro mas absorve odores rapidamente. A lactose é utilizada para a fabricação e dispensação de comprimidos inertes, pós, e tabletes inertes (ABFH, 2003). Os comprimidos requerem processo de compactação por equipamentos capazes de exercer grande pressão, e o auxílio de adjuvantes adequados para atender às especificações exigidas para esta forma farmacêutica; com peso entre 100 mg e 300 mg. Os tabletes são formas farmacêuticas sólidas que se apresentam com peso compreendido entre 75 mg e 150 mg; são obtidos pelo processo de moldagem da lactose, em tableteiro, dando ponto com solução hidroalcoólica a 70% (v/v), sem a adição de adjuvantes. Os pós de uso interno apresentam-se em porções de 300 mg a 500 mg. Segundo a FHB (2011), as três formas são impregnadas ou moldadas com insumo ativo na proporção de no mínimo 10% (v/p) ou (p/p), e devem secar em temperatura não superior a 50ºC; já no MNT, devem ser impregnadas a 15% (v/p) e, secas em temperatura inferior a 40ºC (ANVISA, 2011; ABFH, 2003). 25 Os testes utilizados e resultados ideais para controle da qualidade são: a. Solubilidade: pouco solúvel em álcool; insolúvel em éter e clorofórmio; b. Identificação: deve produzir precipitado vermelho tijolo (A: A 5 mL de solução saturada de lactose, aquecida, adicionar 5 mL de hidróxido de sódio 0,1 M. Aquecer ligeiramente. Desenvolve-se coloração amarela que passa a parda-avermelhada. B: A 5 mL da solução de lactose a 1% (p/v), adicionar 2 mL de hidróxido de sódio SR e três gotas de sulfato cúprico SR. A solução torna-se azul e límpida. Aquecer a fervura. Forma-se precipitado vermelho. C: Aquecer 5 mL de solução aquosa de lactose a 5% (p/v) adicionada de 5 mL de hidróxido de amônio concentrado e saturado com cloreto de amônio. Aquecer em banho-maria a 80 °C por 10 minutos. Desenvolve-se coloração vermelha. D: A 0,2 g de lactose, adicionar 0,4 g de cloridrato de fenilidrazina, 0,6 g de acetato de sódio cristalizado e 4 mL de água purificada. Em tubo provido de tampa, aquecer o tubo em banho-maria fervente. Agitar o tubo ocasionalmente sem retirá-lo do banho. Observa-se a formação de precipitado cristalino amarelo que decompõe a 200 °C); c. Perda por dessecação: forma anidra deve ser menor que 1%, e, a forma hidratada não mais que 5,5% do peso; d. pH: a 10% (p/v), entre 4,0 e 6,5; e. Sacarose e glicose: resíduo não deve exceder 20 mg; f. Limpidez e cor da solução: límpida, praticamente incolor e inodora; g. Dextrina ou amido: não deve apresentar cor azul, roxa ou vermelha; h. Acidez ou alcalinidade: solução incolor i. Testes para metais pesados, arsênio, cinzas sulfatadas, densidade relativa, poder rotatório específico e temperatura de fusão: devem apresentar resultados descritos na Farmacopeia Brasileira 5ª edição (ANVISA, 2011) (ABFH, 2003). 26 3.3.1.5 Glóbulos E Microglóbulos Os glóbulos são pequenas esferas, obtidas industrialmente a partir de grânulos de açúcar mediantes drageamentos múltiplos, constituídos de sacarose ou de uma mistura de sacarose e lactose. Se apresentam na forma de grãos esféricos, regulares, brancos, ligeiramente porosos, praticamente inodoros, de sabor açucarado, homogêneos em seu tamanho e não devem apresentar impurezas. São destinados a veicular as formas farmacêuticas derivadas, compostos por sacarose, e, podem pesar 30 mg (nº 3), 50 mg (nº 5) e 70 mg (nº 7), podendo ser padronizado pela farmácia. Os microglóbulos devem pesar 0,063g para cada 100 unidades (ABFH, 2003). As farmácias homeopáticas adquirem os glóbulos na forma inerte e a impregnação pelo insumo ativo deve ser feita seguindo especificações descritas na FHB ou no MNT vigentes. O processo de impregnação é descrito de maneira diferente nestas referências, embora não apresentem eles não descrevem procedimentos para sua validação. Alguns autores sugerem a utilização de uma solução corante de azul de metileno como indicador visual para a validação dos métodos de impregnação de glóbulos, com base na tradição, porém sem estudos científicos com comprovação (DIEHL, et al., 2008; ARAUJO, et al., 2004). De acordo com a FHB (2011), os glóbulos devem ser impregnados com insumo ativo líquido, na potência desejada, em etanol igual ou superior a 77% (v/v), na proporção mínima de 5% (v/p); a secagem deve ser executada separadamente, temperatura não superior a 50 °C. Já no MNT (2003), a impregnação pode ser realizada na forma simples ou tríplice, percentual de insumo ativo de 2% (V/p) a 5% (V/p) e secagem em temperatura ambiente ou inferior a 40ºC (ANVISA, 2011; ABFH, 2003). Os testes utilizados e resultados ideais, em ambos os insumos, para o controle de qualidade são: a. Solubilidade: boa solubilidade em água, sendo praticamente insolúvel em álcool, éter e clorofórmio; b. Identificação de sacarose: deve produzir precipitado vermelho (A: Dissolver 10 g de glóbulos inertes em água purificada e completar o volume para 100 mL. A solução é límpida (5.2.25) FB-5 e incolor (5.2.12) 27 FB-5. B. A 3 mL da solução descrita no teste A. de Identificação, adicionar 3 mL do tartarato cúprico alcalino SR. Aquecer até a ebulição. Observa-se a formação de precipitado alaranjado. C: A 3 mL da solução descrita no teste A. de Identificação, adicionar 3 mL de reagente de Tollens. Aquecer à ebulição. Desenvolve-se precipitado negro (lactose). D: A 5 mL de ácido clorídrico, adicionar alguns cristais de ácido indolilacético e cinco gotas da solução descrita no teste A. de Identificação. Agitar. Deixar em repouso. Desenvolve-se cor violeta (sacarose). E: A 4 mL da solução descrita no teste A. de Identificação, adicionar 6 mL de ácido sulfúrico 0,5 M. Aquecer por um minuto, esfriar e neutralizar ao papel de tornassol com hidróxido de sódio SR. Adicionar 5 mL de tartarato cúprico alcalino SR e levar à ebulição por um minuto); c. pH: 5,0 – 7,0; d. Aspecto da solução-teste: limpa e inodora; e. Porosidade: deve absorver as soluções de maneira regular, homogênea e rapidamente; f. Tempo de desagregação: que deve ser no máximo 10 minutos (ANVISA, 2011; ABFH, 2003). 3.3.1.6 Utensílios A dispensação de medicamentos deverá ser feita em vidro: âmbar, classe hidrolítica I, II, III e NP (não parenteral), plástico: branco leitoso de polietileno, polipropileno ou policarbonato, segundo a Farmacopeia Brasileira 5ª edição; papel: papel manteiga ou outro papel semitransparente com baixa permeabilidade a substâncias gordurosas, blister, sachê ou flaconete. Os acessórios utilizados devem seguir o rigor dos testes, segundo da Farmacopeia Brasileira 5ª edição ou legislação vigente, e são eles: tampas, batoques e gotejadores de polietileno ou polipropileno; cânulas de vidro, polietileno, polipropileno ou policarbonato; e, bulbos de látex, silicone atóxico ou polietileno (ANVISA, 2011). 28 4 DISCUSSÃO O poder da fricção foi observado e descrito por Hahnemann, já que este vivenciou experiências já demonstradas antes de seu tempo, como tendo poder de provocar mudanças em diversas substancias da natureza como calor, fogo, desenvolvimento de odor em corpos inodoros e magnetização do aço, até então relacionadas apenas ao mundo físico. Porém, a Natureza pode alterar a matéria crua dos meios medicamentosos, mesmo que estes jamais tenham apresentado propriedades terapêuticas, através de mudanças fisiológicas e patogênicas num organismo vivo. Estas mudanças são obtidas pela trituração e pela sucussão, na condição de se interpor um veículo não medicamentoso em certas proporções (PUSTIGLIONE, 2004). O conceito de qualidade, com a ausência de falhas, pode ser descrito como um conjunto de atributos que se deseja para um determinado produto. Como fatores determinantes deste conceito, temos a satisfação das expectativas do cliente e o cumprimento de aspectos técnicos e de desempenho legalmente exigidos. A qualidade de medicamentos é o resultado de vários fatores que contribuem para o desenvolvimento, produção, distribuição, transporte e uso dos produtos. Portanto, o controle de qualidade de medicamentos deve considerar como parâmetros a ausência de contaminantes, manutenção da potência, eficácia terapêutica e aspecto até o momento do uso. Atualmente, várias funções podem ser atribuídas ao controle de qualidade como, elaboração, revisão de métodos para serem estabelecidos os procedimentos, elaboração de especificações de matérias-primas, materiais de embalagem e produtos acabados, execução de análises, manutenção e guarda dos registros analíticos, elaboração de planos de amostragem, programas de estudos de estabilidade, emissão de pareceres e principalmente, a inspeção de todos os níveis durante a fabricação (RODRIGUES, 2010). A homeopatia está constantemente buscando a validação e padronização dos seus métodos, para que o medicamento homeopático possa ser confiável. O controle de qualidade em homeopatia possui peculiaridades que influenciam, em sua totalidade, na ação medicamentosa do produto final; portanto, para que este tenha um padrão de 29 qualidade alto, cabe ao farmacêutico homeopata empregar o controle de qualidade, em todas as fases do desenvolvimento ou fabricação de medicamentos homeopáticos; tendo sempre uma verificação extremamente cuidadosa do processo de manipulação, controle das matérias-primas e do material de embalagem (PEÇANHA et al. ,2003). 5 CONCLUSÃO A dificuldade de se garantir a boa qualidade das formulações homeopáticas situa-se principalmente no fato de que apenas os insumos inertes, os ativos e as primeiras diluições permitirem um controle analítico adequado. Logo, mesmo que já haja produção e dispensação de medicamentos homeopáticos de qualidade, atendendo às exigências legais vigentes e medidas para controle da qualidade, pode-se concluir que um aprimoramento dos protocolos se faz necessário para que a eficácia e segurança dos medicamentos homeopáticos sejam garantidas, assim como a saúde dos usuários. Não há como atestar a eficácia do medicamento homeopático frente a sua baixa concentração ou mesmo inexistente, já que modelos atuais de ensaio animais não permitem tal análise. Entretanto, novos modelos estão sendo desenvolvidos com esse objetivo. Já na segurança de medicamentos homeopáticos, a origem dos mesmos poderia ser aprimorada visando um maior controle desde a produção da espécie vegetal e/ou animal até a obtenção da forma farmacêutica básica. Uma forma farmacêutica básica de qualidade e confiável, juntamente com uma técnica impecável, resultará num medicamento confiável e seguro. 30 REFERÊNCIAS ARAUJO,T. L; MAZZI, J. L.; CHAUD, M. V.;GUTIERREZ, M. A.; FONTES, O.L. Validação de técnicas e métodos de impregnação de glóbulos homeopáticos. Cultura homeopática, v. 3, n. 9, p. 8-16, São Paulo, 2004. ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE FARMACEUTICOS HOMEOPATAS. Manual de normas tecnicas para farmacia homeopatica. 1ª Ed. Rio de Janeiro, 1992. ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE FARMACEUTICOS HOMEOPATAS. Manual de normas tecnicas para farmacia homeopatica. 2ª Ed. São Paulo. 1995. ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE FARMACEUTICOS HOMEOPATAS. Manual de normas tecnicas para farmacia homeopatica. 3ª Ed. São Paulo. 2003. BRASIL. ANVISA. Farmacopéia Homeopática Brasileira. 3ª Ed. São Paulo. 2011. BRASIL. ANVISA. Resolução RDC nº 33, de 19 de Abril de 2000. Aprova o regulamento técnico sobre boas práticas de manipulação de medicamentos em farmácias e seus anexos. BRASIL. ANVISA. Resolução RDC nº 214, de 12 de dezembro de 2006. Dispõe sobre as Boas Práticas de manipulação de medicamentos para uso humano em Farmácia. BRASIL. ANVISA. Resolução RDC n . 67, de 6 de Outubro de 2007. Aprova o regulamento técnico sobre boas práticas de manipulação de medicamentos para uso humano em farmácias e seus anexos. Disponivel em: http://www.anvisa.gov.br/hotsite/segurancadopaciente/documentos/rdcs/RDC%20N%C2 %BA%2067-2007.pdf . Acesso em: 15.11.2014 BRASIL. Ministério da Saúde. Farmacopéia Homeopática Brasileira.1a Edição, Ed. Andrei. São Paulo, 1977. BRASIL. Ministério da Saúde. Farmacopéia Homeopática Brasileira – Parte I, 2a Edição, Ed. Atheneu. São Paulo, 1997. DIEHL, E.E.; SONAGLIO, D.; LIMA, N.F.; SINARA BACKES, S. Estudo dos fatores impregnação e secagem nas características de glóbulos utilizados em homeopatia. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 44, n. 1, Santa Catarina, RS, 2008. FONTES, O.L. et al. Farmácia homeopática: teoria e pratica. 3ª Ed. Ed.Manole. Sao Paulo, 2009. MOREIRA, M H C; FIGUEREDO, A S. A Evolução da Homeopatia no Brasil e sua Implementação no SUS. 2004, 21f. Trabalho Monográfico (Pós-Graduação Lato-sensu em Homeopatia) – Instituto Hahnemanniano do Brasil, Rio de Janeiro, 2004. 31 PEÇANHA, P A; REIS, K; BARRETO, D; FREIRE, R. Implantação de Controle de Qualidade em Farmácia Homeopática. 2003, 30f. Trabalho Monográfico (PósGraduação Lato-sensu em Farmácia Homeopática) – Instituto Hanemanniano do Brasil, Rio de Janeiro, 2003. PUSTIGLIONE, M. O (moderno) organon da arte de curar de Samuel Hahnemann. 2ª Ed. Ed. Typus; Ed. Robe. São Paulo, 2004. RODRIGUES, R.H. R.M. Avaliação do controle de qualidade realizado nas farmácias de manipulação de medicamentos e as ações de vigilância sanitária no município de campo grande, mato grosso do sul. 2010. Dissertação (Mestrado em Mestrado Profissional em Vigilância à Saúde) – FIOCRUZ. Rio de Janeiro, 2010