KENNYA MACEDO PEREIRA DOS SANTOS
IDENTIFICAÇÃO QUÍMICA DE FLAVONÓIDES, TANINOS E VERIFICAÇÃO
DA PRESENÇA DE SAPONINAS NAS FOLHAS DE MAMONA BRANCA
(RICINUS COMMUNIS L.).
SÃO PAULO
2007
CENTRO UNIVERSITARIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS
KENNYA MACEDO PEREIRA DOS SANTOS
IDENTIFICAÇÃO QUÍMICA DE FLAVONÓIDES, TANINOS E VERIFICAÇÃO
DA PRESENÇA DE SAPONINAS NAS FOLHAS DE MAMONA BRANCA
(RICINUS COMMUNIS L.).
Monografia
apresentada
à
disciplina
de
Trabalho
de
conclusão de curso, do Curso de
Farmácia/FMU, sob a orientação
da Profª. Drª. Celi de Paula Silva
SÃO PAULO
2007
KENNYA MACEDO PEREIRA DOS SANTOS
IDENTIFICAÇÃO QUÍMICA DE FLAVONÓIDES, TANINOS E VERIFICAÇÃO
DA PRESENÇA DE SAPONINAS NAS FOLHAS DE MAMONA BRANCA
(RICINUS COMMUNIS L.).
Monografia apresentada à disciplina
de Trabalho de conclusão de curso
do Curso de Farmácia/FMU, sob a
orientação da Profª Drª. Celi de
Paula Silva.
________________________________
Profª Drª. Celi de Paula Silva
UNIFMU Orientadora
_________________________________
Profª Drª. Carmem Vinagre
UNIFMU
_________________________________
Profª Drª Walkyria Sigler
UNIFMU
Dedico esse trabalho ao marido e ao meu filho que tiveram dias e dias
roubados do nosso convívio nestes quatro anos. Minha busca por novos
conhecimentos se materializa nesse trabalho graças ao amor e apoio que
recebi e sempre recebo deles.
Dedico também aos meus pais e irmãos, pois o clima de curiosidade e
descoberta permeia minha vida desde a mais antiga lembrança que tenho.
Agradeço a minha avó, por ter me transmitido o amor que ela tem pelas
plantas e por ter dividido comigo um pouco do conhecimento acumulado por
ela ao longo de seus 96 anos de vida e à minha família, que sempre me
manteve sã e firme para que esse trabalho nascesse e crescesse com viço.
Agradeço também a Reitoria de Pesquisa da UNIFMU, na pessoa do Senhor
Paulo Ambranhason, que permitiu que essa pesquisa fosse feita nestas
instalações inicialmente e ao gabinete da reitoria na pessoa da Profª Labibi
Elias Alves da Silva, por ter reforçado essa posição e a Coordenadora Marisa
Porta, pelo pronto atendimento e preocupação.
Agradeço à minha orientadora Profª Drª Celi de Paula Silva, aos professores
Carmem Vinagre, Myrian K. Sano, Walkyria Sigler, Elissa Ostrowsky, Sheila da
Farmácia Escola Helena Onishi Ferraz e Ana Paula dos Santos por terem
participado diretamente com conselhos e com seu conhecimento e a todos os
colegas de classe, à Sheila e Liliane da Farmácia Pró-Sana. Agradeço também
a todos os meus amigos da Gerbras que é a empresa em que trabalho pela
torcida e apoio, mas fica aqui um agradecimento especial para Luzinete Mistro
e Neto Machado que foram de importância determinante para que esse
trabalho acontecesse.
“O rio atinge seus objetivos porque aprendeu a contornar obstáculos”.
Lao-Tsé
Resumo
A mamona branca (Ricinus communis L.) é comumente utilizada na medicina
popular como antiinflamatória, bactericida, lactogoga, hipoglicemiante e
cicatrizante de uso tópico. É uma planta tradicional na medicina ayurvédica, na
medicina africana, na medicina latino-americana. As pesquisas sobre o uso
medicinal ainda são restritas no Brasil, havendo poucos dados científicos das
ações farmacológicas de suas folhas sobre o organismo humano. Esta espécie
de mamona vem ganhando destaque no Brasil devido ao seu uso como
biodiesel e na fabricação de próteses para pequenos animais, dois usos
industriais de sucesso desta planta. O presente trabalho teve por objetivo
realizar a identificação química de taninos, flavonóides e saponinas em
mamona branca (Ricinus communis L.). Pode-se verificar a presença de
taninos hidrolisáveis e flavonóides, confirmando os dados existentes na
literatura, entretanto, apesar de haver referências relatando a presença de
saponinas em folhas de mamona, no ensaio realizado não foi possível
observar a presença destes compostos. Conclui-se, por meio dos resultados
obtidos com os ensaios de identificação química que foram realizados, que as
folhas de mamona apresentam taninos e flavonóides em sua composição,
substâncias que, provavelmente, sejam as responsáveis pelas ações
farmacológicas verificadas pelas pesquisas realizadas com esta espécie em
diversos países, comprovando cientificamente, o uso tradicional da planta.
Palavras-chave: Ricinus communis, flavonóides, taninos; biodiesel.
Abstract
The mamona branca (Ricinus communis L.) is usually used in popular medicine
as anti-inflammatory, bactericide, lactogoga, hypoglycemic and a topic scarring.
It is a traditional herb in ayurvédica medicine, in African medicine and in the
Latin-American
medicine.
There
are
few
scientific
studies
of
the
pharmacological actions of their leaves on the human body, because the
researches on the clinical use are still restricted in Brazil. This specimens of
mamona has gained importance in Brazil because of its use to manufacture
biodiesel and in the manufacture of prostheses for small animals, two industrial
uses of success of this herb. The propose of the present work was achieve the
chemical identification of tannins, flavonoids and saponins in mamona branca
(Ricinus communis L.).You can indentify the presence of tannin hydrolysable
and flavonoids, confirming the existing datas in the literature, however, in spite
of having references reporting the presence of saponins in leaves of mamona
branca, in the test conducted were not possible to observe the presence of
these compounds. It follows, by the results of the tests to identify chemicals
that have been made, that the leaves of mamona branca have tannins and
flavonoids in its composition, substances which, probably, are responsible for
the pharmacological actions verified by several research conducted by this
species in several countries, proving scientifically, the traditional use of the
plant.
Key-words: Ricinus communis, flavonoids, tannins; biodiesel.
Lista de Figuras
Figura 2.1.…………………………………………………………………............. 4
Figura 2.2.........................................................................................................6
Figura 2.3.…………………………………………………………………..............7
Figura 2.4.........................................................................................................7
Figura 2.5.…………………………………………………………………..............7
Figura 2.6.........................................................................................................8
Figura 2.7.…………………………………………………………………..............8
Figura 2.8.........................................................................................................9
Figura 2.9.…………………………………………………………………..............9
Figura 2.10.......................................................................................................10
Figura 2.11………………………………………………………………….............10
Figura 2.12.......................................................................................................11
Figura 2.13.…………………………………………………………………............11
Figura 2.14.......................................................................................................12
Figura 3.1.........................................................................................................16
Lista de Tabelas
Tabela 2.1.................................................................................................... 4
Tabela 2.2.................................................................................................... 5
Tabela 4.1.................................................................................................... 20
Tabela 4.2.................................................................................................... 20
Tabela 4.3.................................................................................................... 22
Sumário
1. Introdução..................................................................................................... 1
2. Aspectos Gerais............................................................................................ 3
2.1. Aspectos da espécie vegetal Ricinus communis....................................... 3
2.1.1 Descrição botânica................................................................................... 3
2.1.2 Caracterização química............................................................................ 4
2.2 Compostos do metabolismo secundário da mamona..................................5
2.2.1 Alcalóides..................................................................................................5
2.2.2 Cumarinas.................................................................................................6
2.2.3 Flavonóides...............................................................................................6
2.2.4 Glicosídeos................................................................................................8
2.2.5 Taninos......................................................................................................9
2.2.6 Estigmasterol e Beta-Sitosterol................................................................10
2.2.6.1 Ações farmacológicas e usos da planta................................................12
3. Matérias e métodos...................................................................................... 16
3.1 Coleta......................................................................................................... 16
3.2 Preparação dos extratos e identificação química dos compostos............. 17
3.2.1 Identificação química de flavonóides.......................................................17
3.2.2 Identificação química de taninos..............................................................18
3.22 Identificação química de saponinas..........................................................19
4. Resultados e discussão............................................................................... 20
4.1 Descrição macroscópica do material coletado............................................20
5. Considerações finais e conclusão................................................................ 24
6. Referências.................................................................................................. 25
1. Introdução
A mamona branca é um vegetal conhecido em várias partes do mundo, que
cresce espontaneamente em diversos tipos de terrenos (PEREIRA, 1929;
FONTQUER, 1979; OLIVEIRA; GODOY; COSTA, 2003; SCHENKEL et al.
2003). De Candolle (1836) relata que a mamona branca chegou ao Brasil nas
primeiras embarcações de escravos no século XVI, por ser, provavelmente,
originária das regiões africanas próximas à Etiópia. A origem da planta é incerta,
pois vários autores atribuem sua procedência a diferentes países africanos e
alguns da Ásia Meridional. (SCHENKEL et al. 2003; RODRIGUES; OLIVEIRA;
FONSECA, 2002; OLIVEIRA; GODOY; COSTA, 2003).
Pertencente à família Euphorbiaceae apresenta uma vasta sinonímia popular:
rícino, carrapateira, palma-de-cristo, regateira, mamona branca, mamoeira,
bojueira-rícino, carrapato, palma-cristi, bojueira, tortago, castor (LORENZI;
MATOS, 2002), bafueira, baga, caturra (LOW; RODD; BERESFORD, 1999). As
sinonímias científicas são R. digitatus nor; R. gibsoni Cf. , R. hibridus Bess.,R.
leucocarpus Bert. (LORENZI; MATOS, 2002).
Pesquisas com a mamona branca giram em torno, principalmente, de seu uso
como biocombustível. Segundo Parente (2003) e diversos autores (SCHENKEL
et al., 2003; OLIVEIRA; GODOY; COSTA, 2003; CUNHA et al., 2006), o óleo de
mamona branca ou rícino, como é mais conhecido esse óleo, é muito utilizado
industrialmente por sua alta viscosidade e estabilidade admiráveis. Autores
atestam seu uso como lubrificante para motores e para manutenção de foguetes
espaciais, pois resiste tanto ao congelamento quanto ao aquecimento (SOUSA;
MATOS, M.; MATOS, F., 1960). Fontquer (1979), afirma que a propriedade mais
apreciada no óleo de rícino, é o fato de ser solúvel em álcool inclusive para a
fabricação de colônias desodorantes ricinadas que confeririam maciez e brilho a
peles secas. Alguns estudos têm sido realizados com relação a sua utilização
como base para próteses ortopédicas e ortodônticas (LARANJEIRA et al., 2004);
sua importância dentro de estudos toxicológicos se deve ao de pertencer ao rol
de espécies consideradas de certa forma daninhas (LORENZI;MATOS, 2002) e
ao fato de haver alta toxicidade nos componentes químicos de suas sementes
(SCHENKEL et al., 2003).
As folhas da mamona branca são usadas normalmente, tanto na medicina
tradicional, quanto em rituais religiosos ligados ao candomblé (RODRIGUES;
2
OLIVEIRA; FONSECA, 2002). Schenkel et al. (2003), relatam que, as sementes
da mamona branca são as principais responsáveis por sua toxicidade e tem
essa ação por meio de uma lecitina denominada ricina, que é muito tóxica e
capaz de aglutinar eritrócitos, sendo capaz, quando da ingestão de uma a seis
sementes, de provocar a morte de uma criança.
Duke (1987), afirma que as sementes de mamona branca possuem de 2,8 a 3%
de toxicantes. De acordo com esse autor, para matar um homem adulto, são
necessárias de 2 a 20 sementes.
O objetivo do presente estudo é identificar quimicamente flavonóides e taninos e
verificar a presença de saponinas nos extratos das folhas de mamona branca.
3
2. Aspectos Gerais
2.1 Aspectos da espécie vegetal Ricinus communis
2.1.1 Descrição botânica
A mamona branca (Ricinus communis L.) pertence à família Euphorbiaceae que
ocorre espontaneamente no Brasil. Originada, provavelmente, na África
(SCHENKEL et al., 2003; RODRIGUES; OLIVEIRA; FONSECA, 2002;
SIVARAJAN; BALACHANDRAN, 1994) ou na Ásia Meridional (OLIVEIRA;
GODOY; COSTA, 2003). Apresenta, aproximadamente, dois metros de altura
(figura 2.1), tem caule cilíndrico que pode ter até 30 cm de diâmetro em sua
base e alcançando até 8 metros de altura em regiões tropicais (SCHENKEL et
al., 2003). Apresenta folhas palmilobadas, com flores verdes e frutos que vão do
verde ao avermelhado. Próximo ao limbo foliar apresentam dois nectários
Segundo Robbers, Speedie e Tyler (1997), existe variância no tamanho de suas
folhas e sementes, no aspecto da semente e na cor de algumas de suas partes.
Os frutos consistem em uma cápsula espinhosa que contém três sementes
ovais. As flores femininas ocupam a parte superior da planta e a parte inferior da
inflorescência é ocupada por flores masculinas (LORENZI; MATOS, 2002),
4
Figura 2.1 – Fotografada em 29/09/07 na Rua Pampas, 431 - São Paulo - SP
2.1.2 Caracterização química
Em função de seu uso constante na medicina popular, as folhas de mamona
branca despertam em vários pesquisadores, interesse em sua composição e
caracterização química (RODRIGUES; OLIVEIRA; FONSECA, 2002).
Segundo Duke (1987), para cada 100 g de folhas de Ricinus communis L.,
temos os componentes que constam da tabela 2.1:
Tabela 2.1 – componentes encontrados em 100 g das folhas de Ricinus communis L.
Composto
Quantidade
Cálcio
2,67g
Carboidratos totais
57,4 g
Cinzas
12,4 g
Fibras
10,3 g
Fósforo
0,46 g
Gorduras totais
5,4 g
Proteínas
24,8 g
Duke (1992) apresenta os seguintes componentes para as folhas de Ricinus
communis L.:
Tabela 2.2 – Substâncias encontradas nas folhas de Ricinus communis L.
Substâncias presentes nas folhas de Ricinus communis L.
Beta - amirina
Quenferol-3-O-BetaD-glucopiranosídeo
Ácido elágico
Quenferol-3-O-BetaRutinosídeo
Ácido gálico
Quenferol-3-O-BetaD-Xilopiranosídeo
Ácido ferúlico
Ácido
Quercetina
p-
cumárico
Quercetina-3-OBeta-DGlicopiranosídeo
Corilagina
Quercetina-3-OBeta-Rutinosídeo
N-demetilricinina
Quercetina-3-OBeta-DXilopiranosídeo
Estigmasterol
Ricinina
Hiperosídeos
Rutina
Isoquercetina
Beta - Sitosterol
Nas inflorescências foram encontradas por Khafagy, Mahmoud e Ebdel Salam
(1979) duas cumarinas, hiperosídeos, rutina e ricinina. Tanira, Ageel e Al-Said
(1992) encontraram em screening realizado com a mamona branca, saponinas
esteróis, triterpenos, flavonóides, taninos, alcalóides e glicosídeos cardiotônicos.
2.2 Compostos do Metabolismo secundário vegetal da mamona
2.2.1 Alcalóides
São substâncias de alta complexidade e qualquer definição não dá a correta
dimensão deste tipo de composto. (ROBBERS; SPEEDIE; TYLER, 1987;
CETEC, 2007). Os alcalóides encontrados na mamona branca por Kang et al.
(1995) foram a ricinina e N - demetilricinina.
5
6
CH3
N
O
CN
OCH3
Ricinina
Figura 2.2 Estrutura química da Ricinina
2.2.2 Cumarinas
Segundo Robbers, Speedie e Tyler (1997), cumarinas são lactonas provenientes
do ácido p-hidroxinâmico, pertencendo a uma classe de compostos chamada de
fenilpropanóides. Centenas de cumarinas vegetais diferentes já foram isoladas.
As cumarinas da mamona branca estão em suas inflorescências como afirmam
Khafagy, Mahmoud e Ebdel Salam (1979). Foram encontradas por esses
autores as seguintes cumarinas: 6,7-diidroxi-8-metoxicumarina ou 6,8-diidroxi-7metoxicumarina. Os autores afirmam que esse foi o primeiro estudo a encontrar
cumarinas nessa espécie.
2.2.3 Flavonóides
São compostos polifenólicos que possuem diversas atividades biológicas
(OLIVEIRA et al. 1999), dentre elas reconhecida atividade antioxidante e
antiinflamatória, o que inclusive contribui com o crescimento das pesquisas
científicas com o interesse de conhecer cada vez melhor suas propriedades
terapêuticas (KANASHIRO et al. 2001). Os flavonóides encontrados nas folhas
de mamona branca por Duke (1992) e por Kafhagy et al. (1983b) foram a rutina,
quercetina, hiperosídeo (figura2.3) e a isoquercetina (figura 2.4), todos com
reconhecida ação antioxidante (MILTERSTEINER et al. 2003; OLIVEIRA et al.,
1999) e antiinflamatória (PEDRIALI, 2005; SANTOS, 2006).
7
-Galactose
Hiperosídeo
Figura 2.3 Estrutura química do hiperosídeo
OH
OH
HO
O
O -Glicose
OH
O
Isoquercetina
Figura 2.4 Estrutura química da Isoquercetina
A rutina (figura 2.6) é um derivado flavoídico da quercetina (figura 2.5)
encontrado em muitas plantas, juntamente com bioflavonóide cítrico chamado
hesperidina. São conhecidos por tratarem casos de sangramento e fragilidade
vascular (ROBBERS; SPEEDIE; TYLER, 1997) e está presente na mamona
branca.
OH
OH
HO
O
OH
OH
O
Quercetina
Figura 2.5 Estrutura química da quercetina
8
-Rutinose
Rutina
Figura 2.6 Estrutura química da Rutina
2.2.4 Glicosídeos
São compostos comuns em plantas que são formados de uma porção açúcar e
outra porção não-açúcar, chamada de genina (CETEC, 2007). Podem ser
definidos também como compostos que dão origem a acúcares dentre outros
produtos, após a hidrólise (ROBBERS; SPEEDIE; TYLER, 1997).
Os glicosídeos são classificados de acordo com a porção chamada genina e
ainda segundo estes autores, os glicosídeos naturais se hidrolisam e se
convertem em uma porção açúcar e um composto de sua porção não-açúcar.
Os seis glicídios encontrados na mamona branca são flavoídicos - quenferol-3O-beta-D-xilopiranosídeo; quenferol-3-O-beta-D-glicopiranosídeo; quenferol-3-Obeta-rutinosídeo; quercetina-3-O-beta-D-xilopiranosídeo; quercetina-3-O-beta-Dglicopiranosídeo e quercetina-3-O-beta-rutinosídeo (KANG et al., 1985). Ainda
de acordo com estes autores estes glicosídeos são de grande importância, pois
se pode a partir deles se isolar xilosídeos, glicosídeos, rutinosídeos de quenferol
e quercetina (figuras 2.7 e 2.8).
O-Xilose
Quercetina-3-xilopiranosídeo
Figura 2.7 Estrutura química da quercetina-3-xilopiranosídeo
9
O-Xilose
Quenferol-3-xilopiranosídeo
Figura 2.8 Estrutura química do quenferol-3-xilopiranosídeo
2.2.5 Taninos
São compostos fenólicos, com aspecto adstringente que estão presentes em
uma série de plantas com a função de protegê-la contra os fungos e ou bactérias
segundo Robbers, Speedie e Tyler (1997). Este aspecto adstringente, inclusive
em tecidos vivos é sua principal aplicação terapêutica. Essa capacidade é
bastante apreciada no que tange plantas medicinais. Isso se deve à retração
que causa no tecido que sofreu a injúria e a precipitação natural de proteínas
cria uma espécie de filme protetor que favorece o processo de cicatrização
(CETEC, 2007). Os taninos são substâncias de bastante ocorrência no reino
vegetal, pois se encontram taninos em quase todas as famílias. Eles precipitam
proteínas e são capazes de se complexar com elas (ROBBERS; SPEEDIE;
TYLER, 1997). Os taninos identificados nas folhas de mamona branca por Duke
(1992) são os ácidos ferrúlico (figura 2.9), gálico (figura 2.10), elágico (figura
2.11) e o para-cumárico.
CH=CHCOOH
O CH3
OH
Ácido ferrúlico
Figura 2.9 Estrutura química do ácido ferrúlico
10
O
OH
OH
HO
HO
Ácido gálico
Figura 2.10 Estrutura química do ácido gálico
No estudo realizado por Khafagy et al. (1983a) foram isolados e identificados
nas folhas da mamona branca também os compostos estigmasterol, Betasitosterol e Beta-amirina.
- Ácido Elágico é um composto presente em algumas plantas com ação
antimutagência e anticancerígena segundo Oliveira (2006), pois protege células
e tecidos da oxidação.
Rogério (2006) relata em seu estudo que o ácido elágico apresenta ação
analgésica e antiedematogênica.
Ácido Elágico
Figura 2.11 Estrutura química do ácido elágico
2.2.6 Estigmasterol e Beta-sitosterol são citados como fito-esteróides que tem
ação antiinflamatória, existindo inclusive, estudos que afirmam que em
associação a álcoois alifáticos obtidos das folhas de Bryophylum pinattum Lam
(Crassulaceae) foram efetivos contra edemas induzidos em ratos (HANDA;
CHAWLA; SHARMA, 1992). Segundo Robbers, Speddie e Tyler (1997), o
estigmasterol (figura 2.12) se converte rapidamente em hormônios do tipo
pregnana, tornando sua extração de grande importância comercial. Ainda
11
segundo esses autores, o Beta-sitosterol (figura 2.13) é um esterol comumente
encontrado em plantas. Pode ser encontrado no germe de trigo e no germe de
centeio, por exemplo. Estes compostos estão presentes também em diversas
plantas com ação antiinflamatória como a calêndula (calendula officinalis L) e a
erva doce (Foeniculum vulgare Mill.), (MEMENTO TERAPEUTICO DO
PROGRAMA DE FITOTERAPIA, 2002).
Estigmasterol
Figura 2.12
Beta sistosterol
Figura 2.13
Gaertner et al. (1999), testando o efeito analgésico das raízes de Sebastiania
schottiana, que pertence à família das Euphorbiaceae, isolaram Beta-sitosterol e
estigmasterol em procedimento cromatográfico.
- Beta-amirina (figura 2.14): É um triterpeno presente em várias outras plantas,
que em conjunto com outros compostos de mesma natureza tem ação
analgésica (HANDA; CHAWLA; SHARMA, 1992).
12
H3C
CH3
H
CH3
CH3
CH3
CH3
HO
H3C
CH3
Beta amirina
Figura 2.14
Com base nos dados obtidos nos estudos de Fonseca (2001), a toxicoalbumina
e ricina presentes nas sementes, não foram encontradas nas folhas. Segundo
Schenkel et al. (2003) essas substâncias são as principais responsáveis pela
intoxicação causada pela mamona branca e extremamente temida, pois não
existe, de acordo com Oliveira, Godoy e Costa (2003), antídoto para a
intoxicação com ricina, sendo o tratamento dado ao indivíduo intoxicado,
sintomático.
2.3 Ações farmacológicas e usos da planta
O uso popular das plantas em várias culturas, serve como estímulo para muitos
pesquisadores
e
como
base
para
determinar
cientificamente
a
ação
farmacológica destas plantas e seus mecanismos. (COFFIGNY; VIAMONTE;
GARRIDO, 1998). A família das Euphorbiaceae está muito presente na medicina
tradicional de várias culturas, inclusive na cultura dos índios sul-americanos.
Estes povos usam várias destas plantas para o tratamento de infecções de pele,
inflamações e algumas delas como tônico e até como afrodisíacos. Verificou-se
ainda, que algumas espécies delas têm ação bactericida, viricida e fungicida.
(MAC RAE; HUDSON; TOWERS, 1988).
Sussman (1980) realizou estudos em parceria com herbalistas das diversas
correntes etnoculturais das ilhas Maurício para elencar algumas espécies da
região e os diversos usos medicinais que elas têm tradicionalmente. Os
herbalistas que colaboraram com tal estudo citam a utilização da mamona
branca em quadros de dor, principalmente, nas pernas e nos pés e como
13
emenagoga. Em todos os casos são indicadas folhas em infusão ou aplicadas
sobre a pele.
Segundo Duke (1987), a mamona branca é uma planta conhecida por ser
bactericida, catártica, emética, expectorante, lactogoga, larvicida, tônica e
vermífuga na medicina tradicional de muitas culturas. Segundo ele, o óleo de
mamona branca é componente de preparados usados para abscessos,
carbúnculos, resfriados, gripes, convulsões, dermatites em geral, erisipela, gota,
inflamações e até para algumas doenças venéreas.
Dentro da medicina árabe, a fumaça proveniente da queima de suas folhas é
usada para problemas respiratórios; folhas esmagadas são aplicadas sobre
bolhas e ulcerações e o extrato de suas folhas é usado como uma espécie de
colírio para inflamações ou vermelhidão nos olhos (GHAZANFAR, 2004).
Já o óleo de mamona branca associado às sementes é usado para tumores de
mama e endurecimento das glândulas mamárias e suas folhas aplicadas sobre a
testa, aliviam as dores de cabeça (DUKE, 1987).
Sivarajan e Balachandran (1994), afirmam que, na medicina ayurvédica a
palavra Erandah, indica que um determinado composto ou planta que tem a
capacidade de espantar, afastar ou banir doenças. Na medicina ayurvédica a
planta que corresponde ao Erandah é a mamona branca, dando ênfase a
mamona branca, que segundo eles é a fonte de Erandah para a Índia. Relatam
ainda que, as folhas aquecidas curam dores na bexiga ou vesícula. Há relatos
do uso das folhas sobre a pele para o tratamento de reumatismo (WATT;
BRANDWIJK; 1962).
Iwu (1993) relata que os povos do oeste africano, sofrem de várias doenças de
pele e infecções cutâneas. A mamona figura dentre as plantas mais usadas
topicamente para o tratamento destas doenças.
Em levantamento realizado por Barbosa Filho et al. (2005), onde os autores
buscavam por plantas que possuíssem constituintes ativos com ação
hipoglicemiante, eles encontraram a mamona branca como planta usada para
este fim no Brasil. Em outro levantamento realizado por Barbosa Filho et
al.(2006), desta vez buscando espécies que inibissem a ação da enzima
acetilcolinesterase, a mamona é citada como espécie que possui essa
propriedade e é utilizada na Índia para esse fim. Nos dois levantamentos, a parte
utilizada são as folhas em infusão.
14
Dando suporte ao levantamento realizado por Barbosa Filho et al.(2005),
Oliveira e Saito (1987), afirmam que as infusões e decocções das folhas de
mamona parecem interferir na absorção intestinal da glicose.
De acordo com Low, Rodd e Beresford (1999), no período vitoriano, as crianças
tomavam semanalmente óleo de mamona branca para que tivessem a mente e
o corpo purificado. Esses autores afirmam ainda que, Dioscorides e Plínio há
dois mil anos atrás, já afirmavam do poder purgativo do óleo de mamona branca.
Afirmam que o óleo de mamona branca tem sido empregado em colírios e o
ácido rinoleico é usado em uma série de preparados contraceptivos.
No trabalho realizado por Mac Rae, Hudson e Towers (1988), todas as espécies
de Euphorbiaceae utilizadas na pesquisa, foram consideradas ativas contra S.
aureus; O fungo M. gypseum teve seu crescimento inibido por 97% das espécies
pesquisadas e o vírus Sind bis se demonstrou suscetível a 68% das espécies
estudadas.
Visen et al. (1992), afirmam que os extratos das folhas de mamona branca têm
reconhecida ação hepatoprotetora, colerética e anticolestática. Em testes
realizados com ratos, verificaram que os extratos apresentaram significativa
proteção contra danos hepáticos causados por indução, utilizando um composto
chamado galactosamina e que a N demetilricinina, encontrada nas folhas da
mamona branca, teve ação anti-hepatotóxica, já que após sua administração os
parâmetros bioquímicos alterados no fígado dos animais foram restabelecidos.
Baseado nos estudo de Visen et al. (1992), foi sintetizado um análogo que é
isóstero da N-demetilricinina que demonstrou significativa ação hepatoprotetora.
O extrato aquoso das folhas da mamona branca apresentou, em teste in vitro, o
retardamento da coagulação sangüínea. Não havendo nenhum outro relato
anterior à realização deste trabalho, sobre a atividade anticoagulante das
(COFFIGNY; VIAMONTE; GARRIDO, 1998).
Low, Rodd e Beresford (1999), relatam que na África e em alguns lugares da
Europa se usam as folhas de mamona branca, sobre as mamas para aumentar
a produção de leite. Ross (1999) faz a mesma afirmação em seu livro. Esse
autor relata ainda, que nas Ilhas Fiji, as infusões de folhas secas são utilizadas
por via oral para crianças com retardo de crescimento. O autor afirma ainda que
em Gana, folhas aquecidas de mamona são utilizadas topicamente para a
doença dos vermes de Guiné e que na Índia as folhas são utilizadas na febre
15
terçã da malária, espremidas e colocadas juntamente com seu sumo, sob a
cabeça do doente.
Tanira, Ageel e Al-Said (1992), realizaram um estudo com plantas que têm,
dentro da medicina tradicional saudita, a reputação de agente diurético. O
extrato seco das folhas de mamona branca aumentou significativamente o
volume de urina, sem afetar a concentração de eletrólitos no organismo dos
ratos utilizados no experimento.
Schenkel et al. (2003), o óleo de rícino é usado como purgante de ação drástica.
Relatam ainda que, antigamente, este óleo era usado antes de procedimentos
radiológicos e que a torta de mamona branca, rica em uma série de proteínas,
quando recebe tratamento apropriado para remoção da ricina, é utilizada como
ração para o gado, e, em muitos casos, como adubo. A ricina, segundo Fontquer
(1979), é uma albumina vegetal nociva, presente nas sementes da mamona
branca, que se acreditava ser um alcalóide.
Um estudo recente realizado por Al Rmalli et al. (2007), que será publicado no
Journal of Hazardous Materials, atesta a capacidade que as folhas de mamona
têm de remover por adsorção mercúrio (II) de soluções aquosas.
16
3. Material e métodos
3.1 Coleta das folhas
Foram coletadas folhas de três plantas sadias. A coleta foi realizada de forma
aleatória em um terreno baldio, localizado às margens da Rodovia dos
Imigrantes na Praça Indaré (figura 3.1), que fica no bairro do Jabaquara, São
Paulo. Após a coleta, as folhas permaneceram na geladeira por 4 horas.
Figura 3.1 – Foto realizada em 30/09/07 na Praça Indaré, 51.
Foram descartadas as folhas que tivessem qualquer tipo de injúria, para que não
houvesse nenhuma interferência nas identificações dos compostos químicos
presentes nesse material.
17
Depois de secas com papel absorvente, as folhas foram pesadas, para que se
tivesse registro do peso da folha fresca. Foram então dispostas em estufa a
40°C, sobre folhas de papel craft. As bandejas tinham sua posição alternada a
cada 12 horas assim como as folhas. As folhas permaneceram em estufa por
três dias. Após esse período, pesou-se novamente o material vegetal, obtendose o peso da matéria seca. Para o preparo dos extratos a serem utilizados dos
testes de identificação, pulverizou-se a droga vegetal e tamisou-se com peneira
de malha 120 x 254 x 68 mm, adicionando-se o material em pó de frasco de
vidro.
3.2 Preparação dos extratos e identificação química dos compostos
3.2.1 Identificação química de flavonóides
Para a identificação dos glicosídeos flavonoídicos, foram pesados 2 g da droga
em pó e adicionados a eles 20 ml de etanol a 80%. A solução foi aquecida até a
ebulição e depois de fria, foi filtrada por algodão e distribuída igualmente em 4
tubos de ensaio (aproximadamente 4 ml). Um dos tubos foi usado como branco
e os outros para a realização das identificações.
Reações para identificação química de glicosídeos flavonoídicos
•
Reação de Shinoda: adicionou-se a solução hidroalcóolica de um a dois
fragmentos de magnésio metálico e 1 ml de ácido clorídrico concentrado.
A reação ocorre lentamente e se houver a presença de flavonóides há o
aparecimento de uma coloração que vai do róseo ao avermelhado.
•
Reação com Cloreto Férrico, adicionou-se à solução hidroalcóolica 4
gotas de cloreto férrico a 5%. Na presença de flavonóides, a coloração
desenvolvida pode variar do verde ao violeta, de acordo com o tipo de
composto flavonoídico existente;
18
•
Reação com Hidróxido de Sódio, adicionou-se a solução hidroalcóolica,
4 gotas de hidróxido de sódio a 5% na solução. O que se verifica nesta
reação é o aparecimento de coloração amarela que varia de intensidade.
Segundo Falkenberg, Santos e Simões (2003), a maioria dos compostos de
interesse fitoquímico são substâncias solúveis em misturas etanólicas ou
metanólicas a 80%. Essa observação é compartilhada por Ferri (1996) afirma
que ainda que, a partir de extratos etanólicos podem se fazer várias outras
extrações, caso se deseje obter frações específicas como alcalóides e
flavonóides, por exemplo. Além do que, segundo o mesmo autor, a utilização de
etanol nessa concentração é mais barata, rápida e atóxica para pesquisas dessa
natureza.
3.2.2 Identificação química de taninos
Para a identificação de taninos pesou-se 1 g. do pó de mamona e a ele foram
adicionados 20 ml de água destilada. Após a fervura por alguns minutos, a
solução foi filtrada em algodão para proveta completando-se o volume da
solução com água destilada, para 20 ml. Foram transferidos 3 ml da solução
para 6 tubos de ensaio. Um tubo foi utilizado como branco e chamado de tubo 1
e os outros tubos foram utilizados para as seguintes identificações:
•
Reação com gelatina a 2%: adicionou-se ao extrato aquoso, 3 gotas da
solução de gelatina. Caso a reação seja positiva ocorre a formação de um
precipitado;
•
Reação com sulfato de quinina a 1%: adicionou-se ao extrato aquoso, 3
gotas de sulfato de quinina a 1%. Na presença de taninos, ocorre a
formação de um precipitado branco;
•
Reação com acetato básico de chumbo a 10%: adicionou-se ao extrato
aquoso, 3 gotas de acetato básico de chumbo a 10%. Em caso positivo,
se observa a formação de um precipitado castanho avermelhado;
19
•
Reação com acetato de cobre a 4%: adicionou-se ao extrato aquoso, 3
gotas de acetato de cobre a 4%. Na presença de taninos, ocorre a
formação de um precipitado castanho avermelhado;
•
Reação com cloreto férrico a 5%, adicionou-se ao extrato aquoso 3
gotas de cloreto férrico a 5%. Na presença de taninos gálicos ou
hidrolisáveis, o tubo apresentará a coloração azul; caso estejam
presentes taninos catequínicos ou condensáveis a coloração observada
será verde escuro.
3.2.3 Identificação da presença de saponinas
Para a avaliação semi-quantitativa de glicosídeos saponínicos, pesou-se 0,5 g.
de mamona em pó e a ela se adicionou 30 ml de água destilada. Após a fervura
por cinco minutos, o extrato aquoso obtido foi decantado e filtrado por algodão
para um balão volumétrico de 50 ml. Para completar o volume, foi realizada nova
extração com 40 ml de água destilada.
Foram transferidos 5 ml do extrato aquoso para um tubo de ensaio, com
posterior agitação por 15 segundos. O tubo permaneceu em repouso por 15
minutos, observando-se ou não a formação de uma espuma persistente com
pelo menos um 1 cm de espessura.
20
4. Resultados e Discussão
4.1 Descrição macroscópica do material coletado
Antes das folhas serem colocadas na estufa apresentavam coloração verde
escuro intenso na epiderme superior e verde claro na epiderme inferior. O odor
não era característico. Após o tempo de permanência em estufa, observou-se
odor adocicado característico. Abaixo são os apresentados os cálculos de
rendimento da matéria fresca e da matéria seca (tabela 4.1):
Tabela 4.1 Peso da matéria fresca e da matéria seca de folhas de mamona branca (Ricinus
communis L.)
Folhas de mamona branca
Peso/ Porcentagem
Peso da matéria fresca
605,97 g
Peso da matéria seca
130,09 g
Porcentagem de água perdida
78,53%
Verificou-se que a porcentagem de água perdida pelas folhas de mamona
branca, depois da permanência por três dias em estufa, foi de 78,53%.
Tabela 4.2 Identificação química de flavonóides em folhas de mamona branca (Ricinus
communis L.).
Tubos
Reação realizada
Coloração observada
1
Branco
Verde escuro
2
Reação de Shinoda
Castanho avermelhado
3
Reação com FeCl3 a
Castanho amarelado
5%
4
Reação com NaOH
Castanho
amarelado
a 5%
com precipitado
Segundo Zuanazzi e Montanha (2003), os ensaios cromáticos têm importância
preliminar na análise de compostos químicos em espécies vegetais.
21
De acordo com estes autores, é possível por meio deste tipo de ensaio,
diferenciar flavonóides utilizando da observação das cores que são obtidas em
cada ensaio.
No caso da reação de Shinoda, por exemplo, os derivados flavônicos que são
amarelos, segundo esses autores, se reduzem apresentando cor avermelhada
ou se houver a presença de antociânicos, apresentam coloração azulada.
Na tabela 4.2 acima estão descritos os resultados obtidos na identificação
química de flavonóides. Comparando esses dados com a literatura e observando
o resultado da reação de Shinoda que apresentou coloração castanha
avermelhado, conclui-se que há a presença de flavonóis no extrato
hidroalcóolico de mamona branca.
De acordo com Zuanazzi e Montanha (2003), os flavonóis são encontrados com
freqüência no reino vegetal. Dentre os flavonóis mais comuns estão os núcleos
quenferol ou canferol, quercetina e rutina, segundo esses autores.
O resultado obtido vai de encontro com a literatura consultada, pois Duke
(1997), afirma que estes flavonóis fazem parte da composição da folha de
mamona conforme a tabela 4.2 do presente estudo e também vai de encontro
com as observações de Kang et al. (1985), que isolaram uma série de
glicosídeos flavoídicos e flavonóis, já apresentados neste estudo.
Na reação com cloreto férrico a 5%, a coloração observada foi um castanho
amarelado, que mais uma vez reforça a existência de flavonóis neste extrato.
Já a reação com hidróxido de sódio a 5% o resultado obtido foi uma coloração
castanho amarelada com precipitado.
Baseado na coloração observada se poderia até correlacionar esse resultado
com a possível existência de chalconas no extrato de mamona.
Porém não existe nenhuma referência a esse respeito na literatura consultada e
como o extrato é de um verde muito intenso e escuro, pode se tratar de um
verde acastanhado, levando novamente aos flavonóis, que certamente compõe
o extrato da folha de Ricinus communis L. Quanto ao precipitado, não foram
encontradas na literatura referências sobre seu aparecimento.
Tabela 4.3 Identificação química de taninos em folhas de mamona branca (Ricinus
communis, L.).
Tubo
Reação
Coloração
ou
precipitado observado
1
Branco
Verde
escuro
sem
formação de precipitado
2
Gelatina 2%
Turvamento da solução
3
Sulfato de quinina a
Formação
1%
precipitado amarelo
Acetato básico de
Formação de precipitado
chumbo a 10%
amarelo opalescente
Acetato de cobre a
Formação de precipitado
4%
castanho escuro
Cloreto férrico a 5%
Coloração azul escura
4
5
6
de
pouco
Santos e Mello (2003), afirmam que existem vários testes conhecidos e
tradicionais para a identificação de taninos e que a maioria deles consiste na
formação de precipitado ou mesmo turvação.
Evans (1996), afirma que soluções com taninos precipitam metais pesados,
alcalóides, glicosídeos e gelatina e que em sais férricos, podem ser
diferenciados taninos condensáveis e taninos hidrolisáveis.
Conforme Santos e Mello (2003), os taninos podem ser classificados em taninos
hidrolisáveis, que são aqueles que derivam do ácido gálico e do ácido elágico e
os taninos condensados conhecidos também como proantocianidinas por
produzirem pigmentos vermelhos da classe da antocianidinas. Esses autores
afirmam ainda que estes taninos distribuem-se no reino vegetal com diferentes
padrões. Enquanto os taninos hidrolisáveis ocorrem em dicotiledôneas
herbáceas e lenhosas os taninos condensados estão geralmente presentes em
plantas lenhosas.
Em nosso estudo foi possível observar que a identificação de taninos (figura 4.3)
foi positiva para o teste sulfato de quinina a 1%, onde ocorreu a formação de um
precipitado amarelo. A presença de taninos hidrolisáveis foi confirmada através
da observação da coloração azul violácea característica, que ocorre por causa
da interação química que ocorre entre taninos e sais férricos. Duke (1987)
destaca a presença destes constituintes nas folhas de mamona branca e dentre
22
23
os tipos de taninos hidrolisáveis, cita o ácido gálico, o ácido elágico, o ácido
ferúlico e o ácido para-cumárico.
Esse resultado está de acordo com Tanira, Ageel e Al-Said (1992), quando
realizaram o “screening” da planta de mesma espécie.
No teste da gelatina a 2%, houve turvação da solução que segundo Zuanazzi e
Montanha (2003), é suficiente para que se considere positivo o ensaio para
identificação de taninos na droga vegetal.
Foi positivo também o teste de acetato de chumbo a 10%, onde se observou a
formação de um precipitado amarelo opalescente, confirmando a presença de
taninos na solução aquosa da droga. No caso do acetato de cobre a 4%, o
resultado observado foi um precipitado castanho escuro, confirmando a
presença de taninos.
Schenkel, Gosmann e Athayde (2003), afirmam que a detecção de saponinas é
realizada pela observação de suas propriedades fisico-químicas como é o caso
do teste de ação superficial que consiste em agitar vigorosamente o extrato
aquoso do vegetal, onde é possível observar a formação de uma espuma
persistente, indicando a presença de saponinas.
No ensaio de índice de espuma que foi realizado com o extrato de mamona não
foi possível observar a formação de espuma, o que leva a concluir que naquela
amostra não havia a presença de saponinas.
Tanira, Ageel e Al-Said (1992), relatam a presença de saponinas em folhas de
mamona branca, entretanto esse resultado não foi confirmado pelo teste de
formação de espuma realizado nos ensaios do presente trabalho. Fatores
extrínsecos como condições do solo e mudanças climáticas, podem influenciar
na presença deste tipo de composto vegetal, pois se tratam de estruturas
complexas, que tem distribuição diferenciada no reino vegetal e cuja elucidação
estrutural inclusive bem complicada. Os estudos com saponinas são bem
recentes tanto quanto às suas propriedades químicas como biológicas
(SCHENKEL, GOSMANN, ATHAYDE, 2003).
24
5. Considerações finais e conclusão.
Este estudo pode confirmar a existência de compostos químicos amplamente
utilizados na terapêutica. Tanto taninos quanto flavonóides, tem suas ações
farmacológicas testadas e comprovadas em diversas áreas do estudo dentro
das ciências da saúde. Há a necessidade de testes de maior complexidade, de
análises quantitativas e qualitativas destes compostos em folhas de mamona.
A não verificação de saponinas pode ser justificada pela baixa concentração do
composto nas folhas da planta, que pode variar com a época do ano, condições
climáticas e de solo.
O que de mais valioso há nesse estudo, é saber que estas propriedades são
conhecidas por diversas culturas de modo empírico e que, os experimentos
realizados no presente trabalho puderam confirmar a presença das duas
substâncias, taninos e flavonóides presentes nas folhas da mamona, que são
referidas em vários artigos científicos, como as responsáveis pelos efeitos
antiinflamatórios e cicatrizantes desta espécie. No entanto, devem ser realizados
estudos farmacológicos específicos para a verificação da atividade de cada um
destes compostos, bem como estudos de toxicidade da folha, para que além da
avaliação do custo-benefício do tratamento, seja estabelecida também a
margem de segurança para o uso na terapêutica.
Muito do desenvolvimento da pesquisa de medicamentos naturais para o
tratamento de diversas doenças, parte do uso tradicional dessas populações.
Esse conhecimento pode e deve ser valorizado por pesquisadores no início de
qualquer pesquisa científica, cujo conteúdo esteja relacionado com o uso de
plantas medicinais.
25
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