XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão. Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 PRÁTICAS DE GESTÃO AMBIENTAL EM EMPRESAS DE TRANSPORTE PÚBLICO DE PASSAGEIROS. UM ESTUDO DE CASO NAS EMPRESAS DE ÔNIBUS DO RIO DE JANEIRO Ronaldo da Silva Cavalheiro (LATEC) [email protected] Luis Celso da Silva (LATEC-UFF) [email protected] Osvaldo Luís Gonçalves Quelhas (LATEC-UFF) [email protected] Embora o segmento de transporte coletivo urbano de passageiros por ônibus seja estratégico no desenvolvimento, as mudanças no ambiente competitivo que ocorreram na ultima década foram mais rápidas e mais profundas do que supunham os seus geestores. O ambiente competitivo a que o setor esta sendo obrigado enfrentar, acrescido das novas demandas, está determinando novos modelos gerenciais, de forma a manter a sustentabilidade do setor e dos negócios. Neste cenário observam-se entre outros importantes fatores as questões ambientais como vetores que podem auxiliar na sustentabilidade do negócio. Neste contexto, esta pesquisa verifica o nível de aderência às questões ambientais e como isso pode influenciar na sustentabilidade das empresas de transporte urbano no Rio de Janeiro. Como resultado são relatadas as práticas e as dificuldades relevantes às essas questões ambientais. Palavras-chaves: Práticas de gestão ambiental, transporte coletivo por ônibus, sustentabilidade do negócio XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 1. Introdução Embora se tenha vivido um dos mais longos períodos de estabilização da economia dos últimos tempos, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o crescimento urbano continuou de forma desordenada e desestruturada, sendo que a ineficiência do processo de gestão e de planejamento do sistema de transporte de passageiros, principalmente o público, a instabilidade da legislação, a priorização de investimentos nos transporte individual (carros e motos), o aumento do desemprego e do trabalho informal e a disseminação do transporte clandestino afetaram sobre maneira as empresas de transporte de passageiros. O setor de transportes público de passageiros embora muitas vezes relegado ao segundo ou terceiro plano na prioridade pela administração pública é de fundamental importância para o Brasil, pois o mesmo contribui não só para a qualidade de vida da população, através do aumento da oferta de empregos diretos e indiretos, como da geração de fluxo que permite a acessibilidade aos locais de trabalho, comércio, lazer, educação e saúde, bem como é elemento fundamental na organização do espaço urbano, contribuindo para possíveis relevantes reduções da taxa de ocupação dos meios de transportes e dos custos de deslocamento, o que significa contribuir com a cidadania. No entanto, a melhoria da qualidade dos serviços, o aumento da eficiência da operação, a redução dos custos e a garantia de tarifas que dêem suporte ao negócio são os grandes desafios das empresas de transporte rodoviários urbano (ANTP, 2001). Embora o segmento de transporte coletivo urbano de passageiros por ônibus seja estratégico no desenvolvimento, a mudança do ambiente competitivo que ocorreram na ultima década foram mais rápidas e mais profundas do que suponham os seus gestores e a repercussão na competitividade do setor foi logo sentida com a mudança gradativa e permanente de alguns dos seus indicadores de eficiência. Entretanto as empresas não ficaram imobilizadas neste período e algumas iniciaram alterações nos seus processos de gestão ao invés de se manterem com o mesmo posicionamento histórico de pautarem a gestão exclusivamente nos requisitos requeridos pela concessão ou permissão. 1.1 O novo desafio na gestão dessas empresas Muitas empresas já fizeram as primeiras alterações em seus processos administrativos alterando suas estratégias, como exemplo adicionando à mesma a dimensão “qualidade nos serviços”, pois de acordo com Malavé e Bodmer citado em Schettino (2006), os usuários ao se tornarem cada vez mais exigentes fazem com que as empresas precisem adaptar-se aos novos modelos de gestão em busca da satisfação das “novas” demandas de transporte. Gradativamente os usuários passam a serem considerados como clientes, tornando-se parte importante dos objetivos da empresa, sendo que finalmente a empresa inicia seu olhar para o mercado e não mais exclusivamente para sua operação. Decorrentes desta nova postura e ações tomadas por algumas empresas podem ser evidenciadas a renovação da frota, a colocação de novos modelos de veículos em circulação, como veículos opcionais com arcondicionado em algumas linhas, serviços como o micro ônibus, o treinamento dos motoristas e cobradores com vista ao melhor atendimento a público usuário, aliando-se a isto uma grande campanha publicitária com vista ao melhor esclarecimento da população. 2 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 Entretanto só há uma certeza, a de que o ambiente competitivo está em constantes mudanças. Os legisladores e a sociedade, como cliente/usuário, continuarão buscando satisfazer suas novas necessidades, agora com mais consciência do seu papel de consumidor e cidadão, praticando mais seu poder de escolha, cada vez mais bem informado nesse novo cenário social que se descortina. Todos começam a manifestar-se sobre questões que vão além dos serviços ou produtos que lhe são oferecidos, preocupando-se cada vez mais com os assuntos relacionados aos aspectos de proteção ao meio ambiente e as questões sociais. Na outra ponta, objetivando sensibilizar os cidadãos, as empresas e a mídia também têm aumentado a visibilidade para as questões da poluição ambiental encorajando desta forma que as empresas venham a repensar seus serviços, produtos e seus métodos de gestão, de forma que os mesmos apresentem um menor impacto ambiental e um maior valor agregado para o cliente final. Não basta que as empresas de transporte mostrem evidências que dispõe de novas estratégias que englobam entre outros pontos o foco no cliente, e o atendimento a suas expectativas, mas é importante que se inicie a apreciação de como estão executando e estruturando seus negócios para a produção destes serviços. Elas devem estar atentas aos impactos ao meio ambiente e conseqüentemente à sociedade que as mesmas causam na atualidade, além de estar atualizada, buscando aplicar os conceitos de sustentabilidade para não trazer prejuízos para gerações futuras. Vários são os prováveis impactos ambientais e conseqüentemente sociais atribuídos à atividade de transporte urbano, entre elas poderíamos ressaltar a poluição atmosférica, causada principalmente pela emissão dos motores dos veículos, a contribuição para o ruído urbano e outros como os relacionados ao gerenciamento da energia consumida, da água principalmente a de lavagem dos fluidos (combustíveis e os lubrificantes) e dos resíduos sólidos (pneus, baterias, peças inservíveis). No Brasil a partir década 80 iniciou-se um processo de mudanças, principalmente nas legislações. Na área ambiental, em 17/01/1981, foi sancionada a Lei n° 6938, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente e os instrumentos para se fazer a gestão ambiental, e outras importantes como a Lei 9605 em 12/02/1998, que dispõe sobre Crimes Ambientais, as empresas e seus gestores se vêem na obrigatoriedade de repensar seus modelos de gestão vigentes até então. Desde então, mudanças baseadas no novo conceito de gestão com base no Desenvolvimento Sustentável, que incluem os conceitos da teoria da qualidade total, processo de gestão ambiental e das certificações de empresas (ISO 9000 e 14000) estão acontecendo. Temas ambientais, de saúde e segurança se tornaram a exemplo da qualidade um dos caminhos críticos para condução dos negócios independente do segmento de atuação. No cenário descrito acima, este estudo foi realizado por meio de questionário e entrevistas em quatro empresas do setor de transportes, com o objetivo de identificar o atual nível de aderência do setor de transporte às questões ambientais e identificar os fatores internos e o grau de influência destes sobre a sustentabilidade das empresas de transporte urbano do Rio de Janeiro. Do ponto de vista de seus objetivos, para Gil (1991) essa é uma pesquisa exploratória em uma área em que há pouco conhecimento acumulado e sistematizado, a qual será realizada por meio de procedimentos técnicos metodológicos que a caracterizam como um estudo de caso. 3 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 2. Entendendo a gestão ambiental como parte da estratégia e vantagem competitiva para se alcançar a sustentabilidade É sabido que todas as atividades econômicas causam alguma forma de impacto sobre a sociedade e o meio ambiente gerando custos sociais e ambientais. A economia convencional trata esses custos, por mais vultosos que sejam como circunstâncias exteriores. Eles são excluídos dos balanços econômicos e repassados para a população em geral, para o meio ambiente e conseqüentemente para as futuras gerações. Até os anos 60, a regulamentação ambiental mundial era praticamente inexistente. Segundo Maimom (1996) o foco inicial da gestão ambiental passou a ser na conformidade às regulamentações. Essas regulamentações normalmente avaliavam no final do processo o nível de poluição e seguia um foco único, o dos principais estatutos federais. Normalmente, o que ocorria era o atendimento às regulamentações no sentido de se evitar multas ou sanções, geralmente reagindo aos acontecimentos sem procurar preveni-los (CAJAZEIRA, 1998). Na década de 70, a discussão das questões ambientais foi marcada pela Conferência de Estocolmo, realizada em 1972. Esta foi a primeira conferência mundial onde foram discutidos especificamente temas ambientais. Na época, as principais discussões centraram-se em temas relacionados ao fenômeno da chuva ácida, à necessidade das nações estabelecerem políticas de controle da poluição ambiental, principalmente do ar e da água, e à preocupação com o consumo de recursos naturais não renováveis. A partir da década de 80, difundiu-se rapidamente em muitos países europeus a consciência de que os danos "cotidianos" ao ambiente poderiam ser substancialmente reduzidos por meio de práticas de negócios ecologicamente corretas. Antes dos anos 80, a proteção ambiental era vista como uma questão marginal, custosa e muito indesejável, a ser evitada; em geral, seus opositores argumentavam que ela diminuía a vantagem competitiva da empresa. Assim, pode se inferir que enquanto a década de 70 caracterizou-se pelo controle da poluição, a década de 80 foi marcada pelas ações de planejamento ambiental. No Brasil, após a publicação da Lei 6938/81que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente e o Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, em 1986 foi publicada a Resolução n° 01 do CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente pertencente a este sistema, instituindo a obrigatoriedade da realização de Estudos de Impactos Ambientais para qualquer empreendimento público ou privado que apresentasse impactos aos meios físico, biológico ou sócio-econômico na região a ser implantado. Desse moderno conceito de avaliação da poluição apresentado entende-se que o problema ambiental gerado por um determinado processo ou por condição operacional deve ser evitado não na saída da indústria ou empresa, mas investigando o próprio processo, detectando ineficiências e falhas. Além disso, percebe-se que isso ocorre, normalmente, devido ao modelo de gestão adotado, o que levou a busca de novas aplicações para os resíduos gerados no processo e novas alternativas de energia e de matérias primas. Andrade et al. (2000) acentua a problemática questionando, porque as empresas deveriam adotar estratégias empresarias que levam em conta as questões ambientais? Não teria estas um pesado ônus para os negócios e não seriam apenas preocupações passageiras? Entretanto, esse mesmo autor ressalta que evidências recentes mostram que há uma clara tendência da preocupação das empresas com a preservação ambiental, mostrando um interesse continuado e definitivo e que os resultados econômicos passam a ser cada vez mais dependente de decisões empresariais. 4 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 As questões ambientais na atualidade, portanto, estão se tornando elementos cada vez mais importantes na competição empresarial de todo o mundo e na sobrevivência das empresas, assim elas devem ser consideradas como um dos mais importantes desafios que o mundo dos negócios enfrentará nessa primeira década do novo milênio. Diante deste novo quadro, as empresas assumem uma importância fundamental, devendo considerar as práticas de gestão ambientais um dos mais importantes determinantes na estratégia competitiva, demonstrando coerência com os valores estabelecidos pelo mercado e pela sociedade. A responsabilidade em relação ao meio ambiente, em muitos casos, passa a integrar o posicionamento estratégico das organizações, assumindo características de atitude voluntária. O enfoque estratégico de adesão a um sistema de gestão ambiental, que busca melhorias em processos e tecnologias eleva o desempenho da empresa e pode constituir-se em uma vantagem competitiva importante (PORTER & LINDE, 1995). 2.1 O sistema de gestão ambiental (SGA) como porta de entrada nas empresas O gerenciamento ambiental, genericamente, é a forma com que uma empresa administra as relações entre suas atividades e o meio ambiente que as abriga, atentando para as expectativas das partes interessadas. Para Donaire (1995) a Gestão Ambiental é definida como: “O conjunto de medidas e procedimentos bem definidos e adequadamente aplicados que visam reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento sobre o meio ambiente. O ciclo de atuação da Gestão Ambiental deve cobrir desde a fase de concepção do projeto até a eliminação efetiva dos resíduos gerados pelo empreendimento”. De acordo com a NBR ISO 14001 (2004) o sistema de gestão ambiental é definido como: “A parte do sistema de gestão de uma organização utilizada para desenvolver e implementar sua política ambienta e para gerenciar seus aspectos ambientais.” Dessas afirmativas decorre que a gestão ambiental é um processo que apresenta como objetivo, dentre as suas várias atribuições, identificar e promover a aderência às ações mais adequadas ao atendimento das imposições legais aplicáveis aos aspectos e impactos ambientais dos processos de produção ou serviço, bem como das expectativas das partes interessadas, aplicando procedimentos que permitam o aprimoramento contínuo do próprio SGA. 2.2. Entendendo a certificação ISO 14001 como um instrumento de gestão O início do processo de normatização pode ser considerando a partir de 1991, quando a Câmara Internacional de Comércio (ICC) editou a Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, que estabelece 16 princípios de Gestão Ambiental. Assim com base nos princípios da Carta Empresarial da ICC e na experiência desenvolvida durante a elaboração dos Sistemas de Gestão da Qualidade, a British Stantadards Institution (BSi) lançou, em 1992, a norma BS 7750 - Specification for Environmental Management Systems, onde se buscou ordenar os procedimentos de gestão ambiental já existentes e, ao mesmo tempo, permitir a Certificação dos Sistemas de Gestão Ambiental. Anos depois surge a série de normas ISO 14000, sendo que a única norma objeto de certificação é a ISO 14001 - Sistemas de Gestão Ambiental que trata do Sistema Gestão Ambiental (SGA). De acordo com Cajazeira (1998), o conceito de certificação surge para 5 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 atestar que uma organização é capaz de atender a uma série de requisitos descritos em um padrão normativo. A implantação do SGA se dá em cinco etapas sucessivas e contínuas, onde todas essas etapas buscam a melhoria contínua, ou seja, um ciclo dinâmico no qual está se reavaliando permanentemente o sistema de gestão e procurando a melhor relação possível com o meio ambiente (MAIMON, 1996). Sendo que as etapas desse SGA baseado na ISO 14001 são: Requisitos gerais e Política ambiental, Planejamento, Implementação e operação, Verificação e Análise pela administração. No entanto, é importante dizer que a implantação de um sistema de gestão ambiental baseado na ISO 14001, da mesma forma que na gestão pela qualidade, representa um processo de mudança comportamental e gerencial na organização. Para aquelas empresas que buscam também a certificação de seus SGA parece que a conclusão tem sido a mesma, ou seja, há evidências claras do rápido aumento das empresas por diferentes motivos, mas principalmente por razões de ganho de competitividade. Os números mostram essa realidade, pois somente no Brasil já são 2300 empresas certificadas na ISO 14001 (POMBO e NEGRINI, 2008). Para Miles et al., 1997 citado por esses autores, os custos associados à adoção dessa norma são similares aos da adoção da norma ISO 9000, sendo que nas pequenas empresas essa adoção será dramática e onerosa, mas os benefícios do aumento de reputação, melhor acesso a mercado e menor custo por ter processos mais eficientes poderão compensar esse custo da certificação (MILES et al., 1999). 2.3. A estratégia ambiental como forma de competitividade nas empresas de transportes O ambiente competitivo em que se inserem as empresas de transporte urbano de passageiros na atualidade é o resultado direto da abertura da economia advindo do processo da globalização crescente, somado ao cenário ainda persistente de instabilidade econômica e de constantes reformas políticas, neste contexto são grandes os desafios a serem enfrentados por todas as empresas. É de fundamental importância o claro entendimento do que seja um planejamento estratégico neste ambiente competitivo, sendo que o processo de planejamento tem por objetivo tornar possível tomar decisões antecipadamente, com vistas a beneficiar-se das condições do mercado. De acordo com Porter (1996) a essência da estratégia está em desempenhar as suas atividades diferentemente ou desempenhar diferentes atividades de seu concorrente. Ela deve ter por objetivo estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam a concorrência naquele segmento. Em seu livro Competição: Estratégias Competitivas Essenciais, Porter afirma que a formulação de uma estratégia competitiva deve ser à busca de uma posição competitiva favorável em um segmento, a arena fundamental onde se encontra a concorrência. Ele ainda afirma que existem duas questões centrais ou pilares que norteiam a escolha da estratégia competitiva: atratividade e a posição competitiva, sendo que nenhuma dessas por si só é suficiente para orientar a escolha da estratégia competitiva. Para Porter citado em Roy e Vézina (2001), o significativo incremento de empresas preocupadas com a gestão ambiental, não motivada por pressões externas de legislação ou do público, tem sido sugerido como a busca pela liderança ambiental. Essa liderança leva a vantagem competitiva através da redução de custo, aumento de participação no mercado e de 6 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 liderança em tecnologia. Devido a isto algumas companhias decidiram utilizar o desempenho ambiental como forma de diferenciar seus produtos e ganhar vantagem competitiva sobre seus competidores (ROY & VÉZINA, 2001). 3. Estudo de caso: Analisando as empresas de transportes do Rio de Janeiro No Estado do Rio de Janeiro, segundo levantamentos da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros – FETRANSPOR (2009), o sistema de transporte coletivo de passageiros tem uma frota de 20,457 mil ônibus, com média de 5,5 anos de idade e transporta aproximadamente 5,15 milhões de passageiros/dia, em 2350 linhas, entre transportes municipal e intermunicipal. O número de empregados é de 100.000 diretos e 300.000 indiretos, o que também reforça a importância estratégica deste setor para o estado. Na região metropolitana a exemplo do contexto do Brasil, esse tipo de transporte representa 90 % dos passageiros transportados. Neste trabalho foram selecionadas quatro empresas a serem pesquisadas, entre aquelas poucas do segmento de transporte rodoviário urbano de passageiros que já demonstram evidências de seu comprometimento e aderência aos modernos conceitos de gestão, que englobam além de outros elementos as questões ambientais. Sendo que dessas empresas apenas três retornaram os questionários enviados. Embora seja um número pequeno de empresas, as respostas obtidas permitiram a geração de dados consistentes, satisfatórios e significativos para o objetivo da pesquisa. Já nessa pesquisa, o retorno de respostas foram três, o que representa 75% e sugere que as quatro empresas pré-selecionadas possuem, em certa medida, o nível de aderência à gestão ambiental e/ou à vontade intrínseca em perscrutar seus modelos atuais. Além disso, essa pesquisa serviu para que essas empresas aproveitassem da ferramenta do questionário para ter uma visão de seu atual nível de comprometimento com a sustentabilidade. As respostas da pesquisa foram analisadas levando em consideração: a percepção e práticas das questões ambientais, o desenvolvimento da gestão ambiental e as expectativas de atuação governamental e de apoio. Como a estratégia de sustentabilidade do negócio de uma empresa está intimamente atrelada a como ela tem avançado o seu modelo de gestão e de sua forma de garantir que as futuras mudanças estarão em conformidades com os novos e mais modernos modelos de gestão, essas três empresas estão planejando a manutenção das atuais certificações, além da participação nos principais processos de premiações do segmento. Embora não tenham sido diretamente questionados sobre quais seriam os principais aspectos ambientais relacionados às suas atividades, as empresas demonstraram ter conhecimento de quais sejam estes aspectos e um grande grau de conscientização sobre a questão ambiental em suas organizações. Na pergunta como, por exemplo: quais são os procedimentos (práticas) gerenciais relacionados aos principais aspectos ambientais? As respostas apresentaram um perfil bastante similar ao da indústria em geral, como a preocupação delas com as questões relacionadas ao gerenciamento de resíduos, efluentes líquidos, emissões atmosféricas, vibrações e ruídos, a conservação de energia, etc. Estas respostas vêm corroborar as ações estratégicas que estão em curso com vistas não só a otimização dos processos e sustentabilidade do negócio, mas também quanto à 7 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 implementação e melhoria das práticas para manutenção e obtenção de certificações e premiações, conforme já apontado acima. Procurou-se identificar as práticas ambientais, ou seja, aquelas ações ou atitudes preventivas relacionadas aos aspectos ambientais mais comuns, cujos resultados efetivos na implementação sejam considerados adequados e compatíveis com a necessidade e sustentabilidade do negócio. A lista abaixo relaciona as práticas mais comuns apontadas pelas três empresas: Reciclagem ou reaproveitamento de resíduos, sucatas e lixo; Disposição adequada dos resíduos sólidos; Controle das emissões atmosféricas; Controle de ruídos e vibrações; Redução do uso de fluidos veiculares; Conservação de energia; Conservação de água; Controle e recuperação ou reciclagem das descargas (efluentes) líquidas; A busca por fornecedores e parceiros com prática ambientais e; Treinamento para os colaboradores em práticas ambientais. Os resíduos tais como plásticos, papéis, papelão e materiais como couro, vinil e espumas usados nos estofamentos são reciclados ou reaproveitados, mas as embalagens contaminadas, as estopas contaminadas, as lonas de freio, as lâmpadas e os filtros de combustível e lubrificante, ainda não dispõem de destinação adequada, embora algumas empresas julguem que a atual disposição seja a adequada, pois ao enviar este material para o sistema de coleta urbana, não há descumprimento legal. Entretanto para cada um destes itens as empresas estão buscando soluções técnico/econômicas para a sua forma correta disposição ou tratamento. A disposição adequada dos resíduos sólidos foi considerada como uma das práticas ambientais de maior significância na gestão ambiental neste segmento. As empresas ainda apontaram, que são tomadas ações de disposição adequada para as peças metálicas inservíveis, pneus inservíveis, baterias, óleo queimado, sobras de tintas e resíduos de solventes. O controle das emissões atmosféricas decorrentes das emissões dos ônibus talvez seja a prática mais comum entre as empresas de transporte, cujo controle está diretamente ligado ao desempenho operacional dos veículos, podendo implicar, quando não adequadamente monitorado, num aumento considerável dos custos operacionais. As empresas estão cientes de que o sistema de transporte contribui com parcelas significativas nas emissões de agentes poluidores do ar e que o uso crescente de combustíveis fósseis e a demanda de transporte têm aumentando muito estas emissões atmosféricas. Contudo elas têm procurado atender às legislações e programas que visam diretamente à redução das emissões como o PROCONVE - Programa de Controle de Poluição do Ar por veículos Automotores, instituído pela resolução CONAMA nº 18 de 06/05/86, ou indiretamente através do estimulo do uso racional da energia como o Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural (CONPET), que segue as diretrizes do Programa Nacional de Racionalização da Produção e do Uso de Energia, conduzido pelo Ministério de Minas e Energia criado em 18 de julho de 1991 e por último o Projeto EconomizAR, cuja adesão é voluntária, lançado em 1996 em âmbito nacional, fruto de parcerias envolvendo a 8 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 Petrobrás e as entidades filiadas à Confederação Nacional dos Transportes, onde os serviços são oferecidos às empresas sem qualquer ônus direto para as mesmas. A redução no uso de fluidos veiculares ou o controle na utilização de combustível, lubrificante e outros fluidos, talvez seja a prática que receba maior atenção por parte da maioria das empresas. Isto decorre do fato de que estes sejam um dos mais importantes elementos de composição de custo operacional das empresas. Praticamente todas as empresas são muito criteriosas quanto ao acompanhamento de indicadores relativos à redução do consumo de Combustível. Observa-se que o controle de estoque com vistas a um controle dos custos, embora seja uma das mais importantes prioridades do negócio, precisa também ser melhor executado como importante fator para garantir a integridade ambiental do negócio. Isto esta levando as empresas estabelecer controles mais rígidos, implantando melhores práticas de controle ambiental e garantindo o atendimento à legislação, em suma garantindo a sustentabilidade do negócio. Na prática denominada conservação de energia, todas as empresas demonstraram possuir iniciativas de conservação e redução do nível de consumo de energia elétrica. Na análise observou-se que as empresas iniciaram realmente, mas eficazes principalmente depois do racionamento de 2001 e que isto foi feito por ações simples para evitar desperdícios. Acreditase que os esforços nesta área são muito mais decorrentes da tentativa de manter o mais baixo possível o nível de consumo e conseqüentemente os gastos com energia, do que um esforço genuinamente alinhado com as questões ambientais. Todas as empresas possuem ações efetivas de conservação e redução dos atuais níveis de consumo de água, um importante insumo para operação de uma empresa de transporte, pois os veículos são lavados praticamente diariamente, consumindo vários litros/veículo, as empresas possuem sistemas de acompanhamento do consumo total e indicadores de desempenho para esta atividade. Entretanto, apenas uma das empresas dispõe neste momento efetivamente de sistema de reutilização (reuso) de água, a adoção deste sistema por parte desta empresa foi motivado principalmente pela expectativa de seus gestores quanto ao aumento do custo da água e a possibilidade imediata de ganhos em qualidade no uso de equipamento e sistemas mais modernos, as outras duas empresas já iniciaram projetos com vista ao reuso de forma a alcançar patamares mais adequados de consumo/custo de água, contudo as avaliações de “custo x benefícios” sob a ótica meramente econômica ainda não demonstraram vantagens para estas empresas. Todas demonstraram não ter claro conhecimento sobre como a Política de Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela lei 9433 de 08/01/97, conhecida como “Lei da Águas” e a lei 9984 de 17/07/2000 que criou a Agência Nacional de Águas (ANA) cujo objetivo é a implementação da Política de Nacional de Recursos Hídricos irão influenciar os custos e as atuais sistemáticas de obtenção da água, pois parte da água consumida pelas empresas são de fornecimento da Companhia Estadual de Água e Esgoto - CEDAE e parte são obtidas de poços artesianos profundos, localizados nos próprios terrenos das empresas. Essas empresas possuem sistemas de separação de água de óleo com o objetivo de controle, recuperação ou reciclagem das descargas ou efluentes líquidas, onde todo o óleo eventualmente retido nas caixas separadoras é retirado por empresas especializadas e comercializados para fins reciclagem da mesma forma que os óleos queimados ou óleos lubrificantes usados. 9 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 Cabe ressaltar que as empresas buscam em seus programas de treinamento de práticas ambientais de seus colaboradores, enfatizar que é mais econômico e racional manter limpo e desenvolver as atividades em conformidade com as instruções de trabalhos ou de processos do que a chefia ter de mandar limpar. Outros programas similares ao 5S - Senso de Utilização/Ordenação/Limpeza/Saúde/Autodisciplina favorecem para que as empresas venham a ter baixos índices de desperdício e descontroles. A maioria das empresas informou que busca soluções em seus parceiros e fornecedores, o que reforça a estratégia apontada, onde as empresas afirmaram que preferem aqueles fornecedores e parceiros com práticas ambientais. O surpreendente foi o fato de que tanto os órgãos governamentais quanto os patronais, representantes de classe, não terem sido apontados por duas das três empresas pesquisadas como fontes de apoio técnico ou de orientação para solução dos problemas ambientais do setor. Isto sinaliza que há uma defasagem entre o nível de abordagem com que o tema esteja sendo conduzido por estes órgãos, devido aos diferentes níveis de engajamento das empresas que compõe o setor e que isto esta em certa medida prejudicando aquelas empresas que estão mais avançadas e que poderiam ser usadas até mesmo como “benchmarking” destas soluções. De uma forma geral, as empresas tenham realizado várias ações ambientais e obtiveram resultados satisfatórios, demonstrando com isto que estão empenhadas em solucionar seus problemas ambientais. Além disso, é importante ressaltar que elas têm realizado práticas como “a busca por parceiros ou fornecedores com práticas ambientais” e “treinamento para os colaboradores em práticas ambientais”, o que reforça a estratégia da empresa por meio de uma melhoria continua e um aprofundamento com estas questões. As empresas foram unânimes em informar que todos os investimentos ambientais, o que representa 100 %, são provenientes de recursos próprios. Embora os investimentos possam ser considerados de pequeno e médio porte para o próprio segmento, não dispor de recursos de terceiros é uma clara evidência da falta de apoio que o setor recebe das autoridades governamentais e das próprias entidades de classe. Uma única razão comum a todas empresas foi a fato delas não dispor de recursos técnicos para implantar as soluções, ou que configura que as consultorias contratadas não estariam disponibilizando soluções, que atendesse plenamente aqueles problemas já mapeados e que ainda não tiveram solução. Contudo deve ser ressaltado que há vontade por parte destas para resolvê-los, faltando apenas informações e disponibilidade de recursos técnicos para auxiliálas numa solução que seja adequada a sustentabilidade do negócio. Conforme anteriormente já mencionado existe uma lacuna, no processo de gestão ambiental, das empresas pesquisadas, que é a definição de soluções de determinados problemas já identificados, e esta lacuna de recursos técnicos poderá ser preenchida pela própria empresa através do aperfeiçoamento de seus recursos técnicos ou através de recursos técnicos de parceiros e fornecedores ou através de recursos técnicos de entidades de classe ou mesmo por empresas de consultorias. Ainda existem duas categorias de dificuldades apontadas por maior parte dessas empresas: Aqueles problemas que embora já solucionados, mas que as empresas não dispõem de recursos financeiros para implementação da solução; Aqueles problemas que ainda não foram solucionados, pois no julgamento da empresa não são problemas graves que exigisse solução urgente. 10 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 Todas as empresas alegaram não ter tido qualquer problema com o processo de licenciamento ambiental, o que representa uma evidência importante de comprometimento com a legislação. No entanto essas empresas informaram que não há uma unidade própria na estrutura organizacional formal para cuidar da gestão ambiental. Possivelmente, essa falta de estrutura ou de profissionais específicos para lidar com estas questões se deve ao porte das empresas e a recente adoção de práticas ambientais. As empresas apontam claramente suas intenções para com o futuro e com o compromisso com a gestão ambiental, sendo que as três empresas ratificaram que: continuarão a expansão do programa de investimentos em controle ambiental e o aperfeiçoamento de procedimentos de acompanhamento e monitoramento da gestão ambiental e desenvolverão ou aperfeiçoarão os seus sistemas de auditoria ambiental. Contudo estas previsões certamente implicarão na expansão de investimentos ambientais próprios. Essas empresas possuem intenções futuras de realizar os seguintes investimentos: Sistema de tratamento e controle de descarga de efluentes líquidos; Adoção de tecnologias ou procedimentos de conservação ou recuperação de água; Adoção de tecnologias ou procedimentos para reduzir perdas de pneus; Adoção de tecnologias ou procedimentos de conservação de energia; Cursos ou treinamentos da mão de obra para gestão ambiental; Sistema de acompanhamento, monitoramento e gestão ambiental, inclusive de certificação. No entanto devem ser ressaltados os itens para os quais a maioria das empresas informou que não seriam feitos investimentos futuros: Sistema de tratamento e controle de emissão de fumaça negra; Sistema de tratamento e controle de emissão de particulados na cabine de pintura; Adoção de fonte de energia mais limpa. Destaca-se ainda o fato de a maioria das empresas pretende usar a imagem ambiental da empresa para fins de marketing institucional, pois elas acreditam que a gestão ambiental estruturada seja um importante elemento de sustentabilidade do negócio e aumento de competitividade. A maior parte das empresas pesquisadas alegam dispor de sistema de gerenciamento ambiental e ter interesse na certificação, assim embora as empresas disponham de práticas ambientais robustas, estas por si só não caracterizam efetivamente a existência de um sistema de gestão nos moldes das exigências estabelecidas na NBR 14001. Várias ações sociais são realizadas durante todo o ano por estas empresas, estas ações isoladas de iniciativa das próprias empresas, ou motivadas pelos órgãos de classe, ou como apoio as ações do governo, embora extremamente relevantes devem ser consideradas campanhas, pois não são projetos estruturados que objetivam alcançar resultados a médio ou longo prazo. Porém as empresas informaram que já iniciaram estudos para avaliar alguns projetos e que alguns deles estarão sendo implantados nos próximos anos, tendo em vista a importância que as empresas estão cada vez mais dando a este tema. As empresas informaram ter muito pouco ou apenas uma idéia relativa dos temas de cunho ambiental internacional Agenda 21 e protocolo de Montreal, demonstrando um certo grau de desinformação. Com isto as empresas deixam de compreender a evolução de algumas 11 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 legislações que tiveram suas origens nestes acordos e a repercussão de maneira direta na gestão ambiental de seus negócios. 4. Conclusão Apesar dos registros sobre as práticas ambientais ainda serem pequenos no setor de transporte, quando comparados a outros setores da industria, essa timidez de informação retrata o quão recente é a atenção do setor para estas questões e a complexidade dos fatores que o tema esta trazendo para a gestão deste negócio. As empresas que escolheram ou estão escolhendo o caminho da gestão ambiental demonstram com seus posicionamentos que houve uma significativa mudança de postura na condução de diversos temas, incluindo-se aos relacionados às práticas ambientais, de segurança e de saúde do trabalhador, bem como a projetos de responsabilidade social. As empresas estão gradativamente e mais fortemente inserindo a gestão ambiental como parte de sua estratégia de sustentabilidade, uma vez que elas decidiram sair da posição passiva e de resistência às mudanças para um posicionamento pró-ativo, em alguns casos, antecipando-se a legislação, buscando alinhamento com sua política e oportunidade de melhoria dos seus processos. Um fator importante de estímulo para adoção de práticas ambientais que está mobilizando as empresas é a necessidade de atendimento à legislação e mais especificamente aos processos de manutenção do mesmo, o que poderia representar grandes perdas financeiras quando não atendidas corretamente. Adicionalmente à legislação mais restritiva pode ser considerado como outros fatores de estímulo, o engajamento dos atores sociais além do crescente interesse dos usuários e clientes para as questões ambientais e a necessidade de melhorar a imagem perante a sociedade, clientes e usuários. De forma geral a pesquisa praticamente ratifica e ainda oferece outros elementos complementares que reforçam de forma mais específica o engajamento do setor às questões ambientais com vista a sustentabilidade. Esta pesquisa sugere como proposta para trabalhos futuros, a realização de pesquisa mais abrangente sobre os demais aspectos da sustentabilidade, tais como o econômico e social, de forma a dar mais visibilidade às ações isoladas que estão sendo implementadas por varias empresas. Além disso, há uma demanda reprimida por soluções e informações e mesmo por processos mais eficazes de gestão ambiental, considerando que os problemas específicos do setor ainda precisa ser mais bem explicitados e solucionados. Referências ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTES PÚBLICOS (ANTP). O Transporte na Cidade do Século 21. Disponível em: http://www.antp.org.br. Acessado em 20/04/2009. ANDRADE, R. O. B., TACHIZAWA, T.; CARVALHO, A. B. Gestão Ambiental: Enfoque Estratégico Aplicado ao Desenvolvimento Sustentável. São Paulo, Editora Makron Books, 2000. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 14001. Sistema de Gestão Ambiental – Requisitos com orientações para o uso. Rio de Janeiro, 2004. CAJAZEIRA, J. E. R. ISO 14001: Manual de Implantação. Rio de Janeiro, Editora Qualitymark, 1998. DONAIRE, D. Gerenciamento Ambiental. São Paulo, Editora Atlas, 1995. 12 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 FETRANSPOR, FEDERAÇÃO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTES DE PASSAGEIROS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Disponível em http:// www.fetranspor.com.br. Acessado em 17/04/2009. GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5.ed.. São Paulo: Editora Atlas, 1999. MAIMON, D. Passaporte Verde: Gestão Ambiental e Competitividade. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark, 1996, 111p. MILES, M. E.; MUNILLA, L. S.; McCLURG, T. The Impact of ISO 14000 Environmental Management Standards on Small and Medium Sized Enterprises. Journal of Quality Management, v. 4, n.1, p. 111-122, 1999. POMBO, F. P.; NEGRINI, A. Panorama de Aplicação da Norma ISO 14001 no Brasil. Gest. Prod., v. 15, n.1, São Carlos, jan/apr, 2008. PORTER, M. E. What is Strategy? Harvard Business Review, p. 60-78, nov/dez, 1996. PORTER, M. E. Competição: Estratégias Competitivas Essenciais. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1999. PORTER, M. E.; LINDE, C. Ser Verde Também é Ser Competitivo. Revista Exame, São Paulo, p. 72-78, nov. 1995. ROY, M.J.; VÉZINA,R. Environmental Performance as a Basis for Competitive Strategy. Corporate Environmental Strategy, v. 8, n. 4, p. 339-347, 2001. SCHETTINO, E. M. O. Gestão das Empresas de Transportes Urbano no Brasil. Revista Eletrônica de Economia, n. 8, ISSN: 1806-4167, set/2006. 13