A história da cidade de São Paulo é marcada pela implantação da ferrovia, mas a história dos transportes
públicos, iniciada à mesma época, tem nos tílburis, carros de duas rodas puxados por um cavalo, sua primeira
manifestação. E já em 1872, a Companhia Carris de Ferro de São Paulo inaugura a primeira linha de bondes
puxados a burro.
A primeira linha de bonde elétrico foi inaugurada junto com o século, a 7 de maio de 1900, ligando o largo de São
Bento à Barra Funda. Foi um empreendimento da São Paulo Railway, Light and Power Company LTd., que
recebeu por transferência a concessão para, organizar, construir e operar linhas de bonde por tração elétrica
para diversos pontos da cidade e seus subúrbios, durante 40 anos.
Os primeiros auto-ônibus aparecem na cidade nos anos 20, como uma oferta complementar e alternativa ao
bonde que sofria as limitações de rede, energia e investimentos. Nos anos 30, a capital de São Paulo já era
considerada um grande centro urbano e convivia com um trânsito agitado. O Plano de Avenidas de Prestes Maia
indicava a expressiva influência do automóvel na vida e na estrutura da cidade.
A Comissão de Estudos de Transportes Coletivos, instituída em 1939, pôs em discussão a organização do
transporte como serviço público e as vantagens do monopólio governamental, lançando as bases para a
constituição de uma empresa municipal responsável pelo transporte coletivo.
O número de ônibus em São Paulo, em 1941, superou os mil, enquanto o de bondes manteve-se em 500. Assim,
eram os ônibus que transportavam a maior parte dos passageiros. Trinta e sete empresas particulares
exploravam 90 linhas que circulavam pelo município.
O prefeito Abrahão Ribeiro , através do Decreto-Lei no. 365 de 10 de outubro de 1946, autorizou a constituição
de uma empresa responsável pelo transporte público, criando-se então a Companhia Municipal de Transportes
Coletivos - CMTC. Em 1947, a Prefeitura determinou a transferência do patrimônio da Light relativo ao serviço
para a nova companhia e decidiu que as empresas privadas passariam a operar somente as linhas de ônibus fora
do perímetro urbano.
Como concessionária exclusiva, dois anos depois, a CMTC implantou o sistema de troleibus em São Paulo e
introduziu os primeiros abrigos para passageiros nos pontos de parada. Em 1954, a CMTC operava 90% dos
serviços de transporte coletivo da cidade. Tornara-se uma das maiores empresas de ônibus municipais do
mundo, desenvolvendo, a fim de suprir a falta de tecnologia no setor, um complexo industrial próprio destinado
à reforma e encarroçamento de veículos.
Nos anos 60, os reflexos do desenvolvimento da indústria automobilística na organização dos sistemas de
transporte urbano e da cidade começam a ser mais fortes e se expressam, também, pela pressão de empresários
privados em reconquistar o mercado das linhas de ônibus. A conseqüência foi a inversão da participação da
CMTC e das empresas operadoras no sistema de transporte coletivo - dos 80% de passageiros em média
transportados até os anos 50, a CMTC passa a ter menos de 20% de participação no mercado.
O sistema de bondes foi desativado em 1968, quando a cidade contava com quase 4 milhões de habitantes, e a
CMTC enfrentava problemas administrativos e gerenciais : não se tinha controle sobre as tantas empresas que
operavam e nem tampouco sobre qual serviço, linhas e veículos que eram oferecidos. A Prefeitura de São Paulo,
no entanto, promovia importantes planos e estudos sobre o desenvolvimento da cidade (Plano Urbanístico
Básico) e criava a Companhia do Metropolitano de São Paulo.
A partir da década de 70, quando já havia sido criada a Secretaria Municipal dos Transportes, as empresas
permissionárias particulares, com suas frotas de ônibus ampliadas, mantêm a sua participação na operação do
sistema. Em 1975, a CMTC operava apenas 14% da frota de ônibus da cidade. Um novo contrato de concessão é
firmado entre Prefeitura e CMTC que permite a esta contratar os serviços de transporte coletivo de passageiros
em 23 áreas de operação. Assim, uma mudança efetiva ocorre no sistema e no mercado de transporte coletivo
da cidade, restituindo, em parte, à CMTC o seu outro papel: o de gestora do sistema.
Nos anos 80, além de inovações operacionais e tecnológicas promovidas pela CMTC - o Programa Troleibus, a
implantação dos corredores de ônibus em faixa exclusiva e a utilização de ônibus movidos a gás metano e
natural-, a gestão do serviço de transporte público voltou a ser alvo da atenção da administração municipal,
tendo resultado, inclusive, em intervenções administrativas e gerenciais em algumas empresas operadoras.
A relação entre as empresas operadoras e a municipalidade passa por nova e importante alteração a partir do
processo de "municipalização" quando, através da Lei no. 11.037 / 1991, o sistema de remuneração do serviço
passa a ser feito pelo custo, a operadora deixa de ser remunerada diretamente pela apropriação da tarifa paga
pelo passageiro. O serviço contratado pela Prefeitura e operado pelas empresas é remunerado conforme a
aferição dos custos incorridos na prestação do serviço. A tarifa, definida conforme parâmetros econômicos e
políticos, passa a pertencer a administração municipal, constituindo-se na principal fonte de recursos para o
pagamento do serviço às empresas contratadas pela operação.
No início de 1993 a CMTC desempenhava, ao mesmo tempo, as funções de gestora do sistema de transporte
coletivo e de operadora, detendo cerca de 27% de participação no setor. A administração tinha por objetivo a
racionalização da operação e redução do déficit previsto pela manutenção da administração da CMTC como
empresa operadora.
A alteração do perfil da frota, da quantidade de ônibus e de funcionários eram medidas indicadas que exigiriam
altos investimentos e não gerariam, necessariamente, redução de custos. Optou-se, então, por encerrar as
atividades operacionais da antiga CMTC, através da "privatização" de toda a operação dos 2.700 ônibus e das
respectivas garagens, reduzindo o quadro de pessoal de 27 mil para cerca de 1.200 empregados. Esse processo se
valeu da flexibilidade do mesmo modelo de gestão estabelecido pela Lei No. 11.037 / 91.
A forma de remuneração dos serviços prestados pelas empresas contratadas foi inovada, alterando-se o critério
anterior de pagamento, calculado pelo custo do quilômetro rodado, por um valor limite por passageiro
transportado.
A antiga CMTC foi então transformada na São Paulo Transporte S.A.- SPTrans, nova denominação adotada a 8 de
março de 1995 para a empresa que ficou voltada somente à gestão do sistema de transporte da cidade.
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