FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
NÚCLEO DE SAÚDE
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PERFIL DO ATLETISMO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO ENSINO
FUNDAMENTAL EM PORTO VELHO
IRINALDO SOARES DA SILVA
MONOGRAFIA DE GRADUAÇÂO
Porto Velho – Rondônia
2005
ii
PERFIL DO ATLETISMO NAS ESCOLAS PÚBLICAS
DO ENSINO FUNDAMENTAL EM PORTO VELHO
IRINALDO SOARES DA SILVA
PROFª DRª IVETE DE AQUINO FREIRE
Monografia apresentada ao Curso de Educação
Física do Núcleo de Saúde da Universidade
Federal de Rondônia, para obtenção do título
de Licenciado em Educação Física.
Porto Velho
2005
iii
Irinaldo Soares da Silva
Perfil do Atletismo nas Escolas Públicas
do Ensino Fundamental em Porto Velho
Data da Defesa: 19 / 12 / 2005
BANCA EXAMINADORA
Profª Drª Ivete de Aquino Freire
Julgamento: ________________ Assinatura: ______________________
Prof. Ms. Mário Roberto Vénere
Julgamento: ________________ Assinatura: _______________________
Prof. Esp. João Bernardino de Oliveira Neto
Julgamento: ________________ Assinatura: _______________________
iv
Dedicatória
Aos meus pais, irmãos e irmães. Em especial aos
meus filhos que foram sempre a minha fonte
inspiradora e que
nas horas em que pensei em
desistir, vi neles a força
que precisava para
continuar.
Com amor e carinho a minha atual esposa que nesta
reta final tem me dado todo o apoio necessário para
trilhar o melhor caminho.
v
Agradecimentos
A Deus, que é o motivo da existência de todos nós e que sem Ele nada seria
possível nesta vida.
A Universidade Federal de Rondônia pela formação acadêmica.
A todos os profissionais do Departamento de Educação Física da UNIR,
que foram os facilitadores dos conhecimentos adquiridos durante o curso.
Aos Policiais Militares da Companhia de Trânsito da Polícia Militar, órgão
onde trabalho e onde por muitas vezes tiveram que se sacrificar no serviço para suprir
minha ausência , para que eu pudesse estudar.
A orientadora dessa Monografia Profª Drª Ivete de Aquino Freire, que não
mediu esforços para que eu pudesse concluir este trabalho.
Aos meus colegas de turma que tanto me ajudaram durante o curso, que às
vezes atrapalhei por não poder participar de reuniões de grupo de trabalho nos horários
mais oportunos e que se sacrificaram para adaptarem aos horários.
Por fim, sei que palavras não são o bastante para expressar tanta gratidão,
mais guardarei cada um em minha memória durante toda minha vida.
vi
SUMÀRIO
Dedicatória............................................................................................................................iv
Agradecimentos......................................................................................................................v
Sumário.................................................................................................................................vi
Lista de Ilustrações..............................................................................................................viii
Resumo..................................................................................................................................ix
Abstract..................................................................................................................................x
I - INTRODUÇÃO.................................................................................................................1
1.1 - Problematização.............................................................................................................2
1.2 - Justificativa....................................................................................................................4
1.3 - Questões a investigar....................................................................................................6
1.4 - Objetivos........................................................................................................................7
II - REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................8
2.1- A educação física escolar................................................................................................8
2.1.1- Esporte e jogos.............................................................................................................7
2.1.2 - Atletismo escolar.......................................................................................................11
2.1.3 - A relação entre atletismo e aulas curriculares...........................................................12
2.2 - Atletismo......................................................................................................................13
2.6 - Metodologia do ensino do atletismo............................................................................15
III - METODOLOGIA.........................................................................................................17
IV - RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................20
V - CONCLUSÀO..............................................................................................................31
vii
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................33
 Anexo – Questionário modificado de Lencina e Rocha Jr................................................35
viii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Tabela 1 - Presença do conteúdo atletismo no currículo de Educação Física das
escolas................................................................................................................................. 20
Tabela 2 - Escolas que desenvolvem um trabalho com o atletismo durante as aulas
Curriculares......................................................................................................................... 22
Tabela 3 - Se as escolas possuem
equipes representativas de atletismo para as
competições........................................................................................................................ .25
Tabela 4 - Existência de bibliografias sobre atletismo nas escolas ou com os
Professores........................................................................................................................... 27
Tabela 5 - Professores que possuem cursos específicos em atletismo/treinamento
desportivo............................................................................................................................ 27
Figura 1 - Motivos que levaram a não inclusão do atletismo como matéria do currículo
escolar.................................................................................................................................. 20
Figura 2 - Principais atividades atléticas desenvolvidas nas escolas................................. 22
Figura 3 - Natureza do local em que se desenvolve o trabalho em atletismo.................... 23
Figura
4
-
Qual
metodologia
é
utilizada
no
ensinamento
do
atletismo
escolar.................................................................................................................................. 24
Figura 5 - Percentuais dos naipes e categorias trabalhadas nas escolas............................. 26
Figura 6 - Principais dificuldades encontradas pelos professores nas aulas.......................28
Figura 7 - Causas de motivação para trabalho dos professores em atletismo.....................29
ix
RESUMO
Esta pesquisa foi do tipo descritiva com uma abordagem qualitativa,
direcionada a 24 escolas da rede pública de ensino fundamental (estadual e municipal) da
cidade de Porto Velho, buscou-se através de um questionário direcionado aos professores
de educação física, retratar a situação do atletismo nas escolas. Os dados obtidos foram
abalizados através da estatística e do referencial teórico. Com base nos resultados obtidos
conclui-se que: na maior parte (58%) das escolas públicas de Porto Velho, o atletismo está
incluso no currículo; porém, trabalham apenas como iniciação nas aulas curriculares, não
tendo a maioria equipes representativas para competições; metade dos professores não
possui curso específico na área. Nas escolas (42%), onde o atletismo não está incluso no
currículo, os motivos alegados para a não inclusão são: por trabalhar apenas com ensino
infantil ou 1º e 2º ciclos; por falta de infra-estrutura e falta de professor de educação física.
Os resultados atingidos com este estudo, possibilitam constatar que no momento atual a
prática do atletismo, apesar de constar na grade curricular da maioria das escolas, é pouco
desenvolvida e de forma precária.
UNITERMOS: Atletismo escolar, educação física, escolas.
x
ASBTRACT
PROFILE OF THE ATHLETICS IN THE PUBLIC SCHOOLS OF THE
FUNDAMENTAL TEACHING IN PORTO VELHO
This research was of the descriptive type with a qualitative abordage,
addressed to 24 schools of the public net of fundamental teaching (state and municipal) of
the city of Porto Velho, it was looked for through a questionnaire addressed the teachers of
physical education, to portray the situation of the athletics in the schools. The obtained data
went denote through to statistics and of the theoretical reference. With base in the obtained
results is ended that: in most (58%) of the public schools of Porto Velho, the athletics is
included in the curriculum; even so, they just work as initiation in the classes curriculum,
doesn't tend most representative teams for competitions; the teachers' half doesn't possess
course I specify in the area. In the schools (42%), where the athletics not this included one
in the curriculum, the reasons alleged for the non inclusion are: for working just with
infantile teaching or 1st and 2nd cycles; for infrastructure lack and teacher's of physical
education lack. The results reached with this study, facilitate to verify that in the current
moment the practice of the athletics, in spite of consisting in the bars curricular of most of
the schools, is not very developed and in a precarious way.
KEY WORDS: school Athletics, physical education, schools.
xi
I - INTRODUÇÃO
Este estudo tem por objetivo retratar a situação do atletismo nas escolas
públicas de ensino fundamental em Porto Velho. Buscou-se através de bibliografias além
deste
objetivo,
demonstrar
que
este
esporte
contribui
fundamentalmente
no
desenvolvimento social, físico e psico-motor dos alunos.
Verificamos através de um questionário direcionado aos professores de
educação física das escolas, que apesar da maioria trabalhar com este esporte, grande parte
deles não realizam qualquer atividade na área, e os que trabalham, desenvolvem de forma
precária, conforme demonstração dos resultados obtidos.
Acreditamos que o atletismo é um esporte que deve ser desenvolvido
dentro das escolas, desde o pré-escolar, devido à sua diversidade de modalidades e
facilidade de adaptação quanto a local e material. Por trabalhar as habilidades naturais do
ser humano, pode ser ministrado a todas as idades.
Este esporte por suas características consegue abranger a todos os alunos
sem distinção, pois trabalha as habilidades naturais e serve de base para esportes com
movimentos de maior complexidade.
Por fim, entendemos que a escola é o ponto inicial para o crescimento e para
um futuro próspero de uma nação e só através dela conseguiremos êxito em todos os
segmentos da sociedade. No atletismo é fundamental que exista essa base na escola, para
que no futuro, alem de cidadãos, possamos ter grandes atletas a nível municipal, estadual,
nacional e até mesmo internacional.
xii
1.1 - PROBLEMATIZAÇÃO
O Atletismo é um esporte que é de suma importância na educação física
escolar, pois utiliza as habilidades mais naturais do indivíduo, como: marchar, correr, saltar
e lançar objetos a distância, que desde a antiguidade eram utilizados por todos os povos do
mundo. Como cita SCHMOLINSK (1992), estes exercícios eram realizados com objetivos
produtivos e defensivos, e em atividades bélicas.
Partindo deste ponto de vista, o atletismo por suas características, tende a
facilitar o trabalho do professor de educação física nas escolas. A partir de um programa de
treinamento desenvolvido com as crianças e os adolescentes enfatizando as habilidades
naturais citadas anteriormente, facilitará o desenvolvimento das qualidades físicas
consideradas essenciais: força, resistência, velocidade, flexibilidade, entre outras.
Para NEGRINE (1983), o atletismo é o esporte considerado de base pelos
estudiosos das mais remotas épocas da história da Educação Física, devendo ser incluído
no currículo do ensino fundamental, o que reforça o que foi dito anteriormente.
Uma pesquisa realizada por LENCINA e ROCHA JR. (2001) em Santa Maria
no Rio Grande do Sul, demonstrou que 63,33% das escolas pesquisadas daquele
município, não colocam o atletismo em suas grades curriculares e que 71% dessas escolas,
alegam a falta de infra-estrutura para a não inclusão.
Verificamos que este argumento utilizado pelos professores na resposta à
pesquisa, contraria o que a teoria nos mostra, pois o esporte em questão, como vimos,
trabalha as habilidades inerentes do ser humano, que são utilizadas no seu cotidiano e em
todos os lugares e espaços onde vive.
xiii
Partindo deste princípio, entendemos que o atletismo, deve ser incluso no
currículo de educação física das escolas, haja vista, que os PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA 1º E 2º CICLOS DO ENSINO
FUNDAMENTAL (2001), sobre o uso do espaço diz o seguinte: “sabe-se que na realidade
das escolas brasileiras os espaços disponíveis para a prática e aprendizagem de jogos, lutas,
danças, esportes e ginásticas não apresentam a adequação e a qualidade necessárias.
Alterar esse quadro implica uma conjugação de esforços de comunidades e poderes
públicos”.
Ainda de acordo com o programa acima citado, é possível adaptar os espaços já
disponíveis na escola, até mesmo próximo dela, mesmo porque, as crianças já fazem isso
cotidianamente.
A MATRIZ CURRICULAR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO DE
RONDÔNIA (2001), já coloca em seu programa, o esporte atletismo em todas as séries do
Ensino Fundamental, apenas diferenciando o conteúdo entre 1ª à 4ª séries e 5ª à 8ª séries.
Considera que nos 1º e 2º ciclos os conteúdos do atletismo serão trabalhados de forma
lúdica, enquanto que nos 3º e 4º ciclos já se coloca ás regras oficiais, fazendo-se
adaptações quando necessário. Cabe apenas verificarmos se nas escolas vem sendo
implantado o que diz na matriz e de que forma.
Por tudo o que foi comentado anteriormente, pergunta-se: como está sendo
desenvolvido o atletismo nas Escolas Públicas do Ensino Fundamental em Porto Velho?
xiv
1.2 – JUSTIFICATIVA
Esta pesquisa será realizada com a intenção de demonstrar a realidade do
esporte atletismo nas escolas públicas do ensino fundamental em Porto Velho. O mesmo é
pouco difundido no Estado de Rondônia, com poucas competições e poucos atletas, e no
âmbito escolar é menos desenvolvido ainda. Durante o curso de Educação Física, participei
da Disciplina Metodologia do Atletismo, na oportunidade, verifiquei as reais dificuldades
para se trabalhar com este esporte em nosso município, o que foi confirmado através de
relato do presidente da Federação Rondoniense de Atletismo.
Sabemos que o atletismo é um esporte que trabalha com as habilidades naturais
do ser humano e que por isso serve para facilitar o treinamento de outras atividades físicas
e esportivas. Partindo desse pressuposto, entendemos que esse esporte é de grande
relevância na Educação Física Escolar, trazendo aos alunos benefícios físicos, sócioculturais, educacionais e psico-motores, com isso, proporcionando às mesmas condições
favoráveis para práticas futuras na escola em suas vidas cotidianas.
Pretendemos com este projeto, mostrar às pessoas que trabalham com a
educação física e educação em geral, como o atletismo escolar está sendo desenvolvido no
ensino fundamental. Através deste diagnóstico, levar as informações necessárias para que
as pessoas envolvidas no processo de ensino/aprendizagem possam ter parâmetros para
incluir ou implementar o esporte nas escolas públicas de ensino fundamental.
Acreditamos que através de um bom trabalho de base realizado nas escolas de
ensino fundamental, poderá se ter no futuro, uma grande melhoria no nível de atletas
profissionais. O atletismo escolar apesar de não ter objetivos
de formar atletas, ele
xv
desperta nos alunos o gosto pelo esporte, incentivando-os a seguir no esporte em suas vidas
fora da escola. Com esta iniciação poderemos vir a revelar no futuro nomes no cenário
municipal, estadual, nacional e até mesmo internacional.
xvi
1.3 - QUESTÕES A INVESTIGAR
 De que forma é trabalhado o atletismo nas escolas?
 Quais as condições
e espaços físicos oferecidos pela escola para
trabalhar-se o atletismo?
 De que forma os alunos participam das aulas de atletismo e como são
formadas as equipes para competições?
 Os professores são qualificados para trabalharem com o atletismo?
xvii
1.4 – OBJETIVOS
Geral
Demonstrar a realidade do esporte atletismo nas escolas públicas de ensino
fundamental em Porto Velho.
Específicos
 Verificar como o esporte atletismo está sendo trabalhado nas escolas
públicas do ensino fundamental.
 Verificar as condições materiais e de espaços físicos oferecidas pela
escola para trabalhar-se o esporte atletismo.
 Identificar os naipes ou modalidades do atletismo que estão sendo
trabalhados e suas divisões por categorias.
 Verificar e analisar a qualificação dos professores em conhecimentos
nesta área esportiva.
xviii
II - REVISÃO DE LITERATURA
2.1 - A Educação Física Escolar
A Educação Física Escolar tem o objetivo de promover a interação e o
desenvolvimento psico-social dos alunos, dando a todos um igual tratamento, mesmo dentro da
área esportiva, procurando dá ênfase à prática da cultura corporal.
A Educação Física Escolar pode sistematizar situações de ensino e
aprendizagem que garantam aos alunos o acesso a conhecimentos práticos e
conceituais. Para isso é necessário mudar a ênfase na aptidão física e no
rendimento padronizado que caracterizava a Educação Física, para uma
concepção mais abrangente que contemple todas as dimensões envolvidas em
cada prática corporal. é fundamental também que se faça uma clara distinção
entre os objetivos da Educação Física Escolar e os objetivos do esporte, da
dança, da ginástica e das lutas profissionais, pois, embora seja uma referência, o
profissionalismo não pode ser a meta almejada pela escola. A Educação Física
Escolar deve dar oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam suas
potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu
aprimoramento como seres humanos. Nesse sentido, cabe assinalar que os
alunos portadores de deficiências físicas não podem ser privados das aulas de
Educação Física (PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE
EDUCAÇÃO FÍSICA 2001, P. 27).
Para NEGRINE (1983), falta conhecimento entre os professores de
Educação Física nas primeiras séries do ensino fundamental. Estes, ao invés de aplicarem
exercícios neuromusculares para desenvolvimento das crianças, fazem apenas brincadeiras
recreativas deixando as crianças por conta própria, enquanto ocupam o tempo resolvendo
problemas administrativos.
Ainda NEGRINE (1983), afirma que: “o principal objetivo da
Educação Física nos primeiros anos escolares, é antes de tudo fazer com o que a
criança domine seu próprio corpo”.
2.1.1 - Esporte e jogos
xix
No ensino fundamental existem duas etapas a serem consideradas no que
diz respeito a esporte e jogos: no 1º e 2º ciclos (de 1ª a 4ª séries) o esporte é ensinado as
crianças em forma de jogos, isto é, de forma lúdica com regras adaptadas e até inventadas
pelo grupo, enquanto no 3º e 4º ciclos (de 5ª a 8ª séries) o esporte já é ministrado aos
alunos com regras oficiais, porém, com objetivos diferenciados do esporte competição.
Nos
PARÂMETROS
CURRICULARES
NACIONAIS
DE
EDUCAÇÃO FÍSICA (2001, p. 48), diferenciam-se esporte e jogos da seguinte forma:
Considera-se esporte as práticas em que são adotadas regras de caráter oficial e
competitivo, organizadas em federações regionais, nacionais e internacionais
que regulamentam a atuação amadora e a profissional.
Envolvem condições especiais e de equipamentos sofisticados como campos,
piscinas, bicicletas, pistas, ringues, ginásios e etc. A divulgação pela mídia
favorece à sua apreciação por um diverso contingente de grupos sociais e
culturais. Por exemplo, os jogos olímpicos, a copa do mundo de futebol ou
determinadas lutas de boxe profissionais são vistos e discutidos por um grande
número de apreciadores e torcedores.
Os jogos podem ter uma flexibilidade maior nas regulamentações, que são
adaptadas em função das condições de espaço e material disponíveis, do número
de participantes, entre outros.
São exercidos com um caráter competitivo, cooperativo ou recreativo em
situações festivas, comemorativas de confraternização ou ainda no cotidiano,
como simples passatempo e diversão. Assim, incluem-se entre os jogos as
brincadeiras regionais, os jogos de salão, de mesa, de tabuleiro, de rua e as
brincadeiras infantis de modo geral.
2.1.1.1 - Esporte:
Pode-se verificar que Tubino, divide o esporte em três dimensões sociais
com objetivos diferentes, no entanto, observa-se que estas três estão sempre presentes na
escola. Logo, a escola é o elo de ligação com as outras partes da sociedade e por isso deve
trabalhar os jogos e o esporte com uma visão do todo, e não fragmentados.
Segundo TUBINO (1992), existem três dimensões sociais do esporte
que são:
xx
O Esporte Educação: que por muitas vezes é confundido na escola, que em
vez de ter um caráter educativo, simplesmente reproduzem as competições
de alto nível;
O Esporte Participação: tem como finalidade o bem estar social dos seus
participantes, e como propósito a descontração, a diversão, o
desenvolvimento pessoal e as relações entre as pessoas;
Esporte Performance: a cada dia passa a ser uma responsabilidade da
iniciativa privada. É uma área do esporte onde existem regras
preestabelecidas pelos organismos internacionais de cada modalidade. Tem
como propósito a vitória sobre os adversários e é praticado principalmente
pelos chamados talentos esportivos.
2.1.1.2 - O jogo:
O jogo se diferencia do esporte nas regras, pois o esporte já tem regras
definidas sem uma flexibilidade para mudanças, enquanto no jogo as crianças adaptam ou
criam suas próprias regras. Partindo desse conhecimento, o professor planeja as atividades
dentro das faixas etárias e desenvolvimento das turmas.
RODRIGUES, (1993, p.143) conceitua o jogo da seguinte forma:
... O movimento é o maior estímulo para o desenvolvimento agindo através do
sistema nervoso, muscular e circulatório. O jogo é a atividade mais indicada
para satisfazer essa necessidade de movimento, que a criança tem em grande
potencial.
A criança joga por entretenimento e, também, porque o jogo representa esforço
e conquista.
Além de papel estimulante, o jogo constitui um veículo educacional muito
importante. É um fenômeno cultural e biológico; constitui atividade livre,
alegre, que encerra um sentido, uma significação. É de grande valor espiritual e
social, oferecendo inúmeras possibilidades educacionais (favorece o
desenvolvimento corporal; estimula a vida psíquica e a inteligência; constitui
para a adaptação ao grupo, preparando a criança para viver em sociedade, pois,
aprendendo a respeitar as regras do jogo, ele irá respeitar as regras da
sociedade).
O jogo possibilita ao professor conhecer as facetas ignoradas da personalidade
do educando e orienta-lo no sentido de que as más qualidades sejam combatidas
e as boas cultivadas.
Através do jogo a criança obtém coordenação neuromuscular, cria normas de
conduta e aprende a viver em grupo. Os hábitos, atitudes e vocabulários
adquiridos durante a prática dos jogos transferem-se para outras atividades.
Como vimos anteriormente, a diferença entre jogos e o esporte em si não
é tão grande, entretanto, o professor de educação física deve estar atento para saber fazer
xxi
esta divisão. Deve observar a idade e o desenvolvimento da turma, para não correr o risco
de “queimar” etapas e afastar os alunos do esporte.
2.1.2 - Atletismo Escolar
O Atletismo por utilizar as habilidades físicas naturais da criança e por
ser de fácil adaptação quanto ao espaço e aos materiais didáticos, deveria ter uma grande
facilidade de ser trabalhado nas escolas, porém, enfrenta grandes dificuldades devido à
cultura esportiva brasileira. Segundo ORO (1984 p.4): “As modalidades esportivas de
maior prestígio nacional são coletivas e têm como implemento de ação a bola”.
Entendemos que mesmo com esta dificuldade cultural, este esporte é de
fundamental importância na educação física escolar, principalmente no ensino
fundamental.
Observa-se que o atletismo é uma modalidade esportiva que possibilita ao
professor desenvolver uma diversidade de atividades na escola. Ele dá uma condição
melhor para inclusão de todos os alunos sem distinção, facilitando o trabalho com os
temas transversais e ajudando no entrelaçamento entre escola e comunidade.
Este esporte pode ser o caminho para uma educação física mais acolhedora
e que melhor prepare os alunos para a sociedade, haja vista, que ele desenvolve nos alunos
um aperfeiçoamento dos movimentos considerados naturais.
Partindo deste ponto de
vista, o aluno não precisa aprender para iniciar-se neste, apenas aperfeiçoar o que já é
natural do ser humano.
O atletismo escolar deve ser visto como o ponto de partida para o
esporte em geral. Desse modo a escola deve ter princípios educativos para os alunos e não
um objetivo de selecionar os melhores para treinamentos específicos.
xxii
Por outro lado, a escola não deve esquecer que faz parte da sociedade e
que esta, a cada dia cobra e busca talentos esportivos, logo, a escola tem que ser este elo de
ligação, não, criando os atletas, mas despertando nos alunos o interesse pelo esporte.
Segundo ORO (1984):
Com sua diversificação em uma dezena de atividades diferentes, o atletismo é a
modalidade mais acessível a uma iniciação esportiva para todas as crianças e
jovens brasileiros. Primeiro, porque oferece a qualquer um a chance de
descobrir, pelo menos, um tipo de aptidão esportiva em que poderá garantir seu
desenvolvimento futuro, como esportista praticante. Segundo, porque as
destrezas atléticas são apenas movimentos naturais aperfeiçoados ou
modificados, portanto, relativamente fáceis de aprender. Terceiro, porque a
prática do atletismo não fica impedida pela carência geral de infra-estrutura
esportiva, devido á sua multiplicidade de formas e á sua versatilidade de
implementação por instalações e equipamentos adaptados.
Analisando a citação anterior, podemos observar que o atletismo é o
esporte que mais se identifica com o pensamento dos PARÂMETROS CURRICULARES
NACIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA, quando fala como deve ser a educação física
escolar, como veremos no próximo item deste trabalho.
2.1.3 - A relação entre atletismo e aulas curriculares:
Segundo a literatura, a educação física esportiva e recreativa, deve
integrar, como uma atividade escolar regular, o currículo dos cursos de todos os graus de
qualquer sistema de ensino no país. No ensino primário (1º e 2º ciclos), a educação física
deve se caracterizar por atividades físicas de caráter recreativo.
Quanto à seqüência e distribuição semanal, a lei determina que se
ministrem três sessões semanais, evitando-se concentração de atividades em um só dia ou
em dias consecutivos, cada sessão durando 50 minutos.
xxiii
Apesar de haver no país uma legislação vigente, é sabido, através de
estudos realizados, que grande parte das escolas não cumprem esta determinação legal no
que se refere à educação física no currículo por atividades.
Os
PARÁMETROS
CCURRICULARES
NACIONAIS
DE
EDUCAÇÃO FÍSICA (2001, p.28), citam que: “a educação física escolar deve dar
oportunidade a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma
democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos.”
O atletismo por sua diversificação de atividades e por sua facilidade de
adaptação quanto a espaço e materiais, é o esporte que mais facilita ao professor seguir
este pensamento do programa citado anteriormente. Desta forma, todos os alunos sem
distinção, podem praticar e desenvolver suas potencialidades, pois este esporte trabalha as
habilidades básicas e naturais dos seres humanos.
A MATRIZ CURRICULAR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO DE
RONDÔNIA, inclui o atletismo em todas às séries do ensino fundamental, o que mostra a
importância deste esporte no desenvolvimento psicomotor, físico e social dos alunos.
2.2 - Atletismo
xxiv
O atletismo é um esporte que se divide em diversas modalidades, e que
por isso, pode ser facilmente adaptado para cada situação: escolas, clubes, associações,
etc.
É claro que numa escola pública, por exemplo, não teremos condições de
treinar o salto com vara, pois o implemento é muito caro, assim como o arremesso de
martelo, porém, outras diversas modalidades serão possíveis de treinamento.
Para melhor compreensão de como deve ser trabalhado este esporte na
escola dividiremos o atletismo de três formas: Caráter Lúdico, Caráter pedagógico,
Caráter competitivo.
O atletismo de forma lúdica é realizado através de jogos, com uma
grande facilidade para mudanças nas regras e nas formas de desenvolver as atividades. O
professor realiza o trabalho com os alunos em forma de brincadeiras, porém, procurando
despertar neles o interesse pelo esporte, para que nas séries subseqüentes, eles possam ter
uma continuidade no desenvolvimento deste esporte.
O atletismo quanto à sua forma pedagógica, só será possível ter uma
definição após a escolha de um método de treinamento. Este método só poderá ser
definido a partir da análise da faixa etária dos alunos e dos objetivos que se deseja
alcançar.
Com relação à idade para iniciação ao atletismo, de acordo com o
CADERNO
TÉCNICO-DIDÁTICO
DE
ATLETISMO
DO
MINISTÉRIO
DA
EDUCAÇÃO E CULTURA (1997 p.23), “ O profº Berna Wischmman realizou pesquisa
a respeito da idade adequada para a iniciação em atletismo, chegando a seguinte
conclusão: deve começar, para meninas, aos 9 anos de idade, e para meninos, aos 10 anos”
Já, relativo aos objetivos que se quer alcançar, o caderno técnico-didático
cita como exemplo de forma de atividades orientadas para o atletismo: correr na ponta dos
xxv
pés, com ligeira elevação do joelho, ombros descontraídos e completa soltura dos
movimentos. Estas atividades favorecem as qualidades de sprint.
Os dados acima reforçam o nosso ponto de vista, que para se trabalhar o
pedagógico é necessário que já tenhamos um método de treino definido. Para chegarmos a
essa definição é imprescindível ter conhecimento dos objetivos da entidade (clube, escola,
associação, etc.).
Já o Atletismo de alto rendimento ou competitivo, tem como principal
propósito à vitória sobre os adversários. É praticado principalmente pelos chamados
talentos esportivos. O objetivo desta forma de atletismo é buscar os melhores e de cada
um o seu melhor rendimento (máximo), não tendo nenhum caráter educativo. Segundo o
CADERNO
TÉCNICO-DIDÁTICO
DE
ATLETISMO
DO
MINISTÉRIO
DA
EDUCAÇÃO E CULTURA (1997): “A ciência do treinamento busca terminologia
práticas com o objetivo de conseguir o máximo rendimento, pelo caminho mais curto”.
2.2.1 - Metodologia do ensino do atletismo.
Existem centenas de métodos para ensinamento das
modalidades do atletismo. Para melhor definir o que irá utilizar
diversas
primeiramente, o
professor deve estar convicto dos objetivos que deseja alcançar com os seus alunos. Só a
partir daí, pode escolher um ou alguns dos métodos que melhor atenda a seus objetivos.
Afirma SCHMOLINSKY (1992, p.66), sobre os métodos de treino
desportivo: diz um antigo provérbio alemão que “muitos caminhos conduzem a Roma”,
significando que se pode atingir um determinado objetivo de muitas maneiras.
xxvi
Sobre métodos de treinamento SCHMOLINSKY cita ainda, que para
desenvolver as qualidades físicas como: força, velocidade, resistência, flexibilidade,
extensibilidade, maleabilidade, agilidade, etc. podem ser utilizados métodos básicos
como: método do trabalho continuado (duração), método do trabalho intervalado e
método do trabalho repetitivo.
Podemos perceber que a literatura nos dá diversos caminhos quando se
trata de métodos de treino, todavia, o professor deve estar atento e convicto do caminho
que deseja seguir. Para tanto, deve relacionar seus objetivos, com os objetivos do seu
ambiente de trabalho: clube, academia, escola, etc.
III - METODOLOGIA
xxvii
3.1 Tipo de pesquisa
A pesquisa realizada foi do tipo descritiva com uma abordagem
quantitativa, buscou-se demonstrar a situação do esporte atletismo nas escolas.
3.2 Universo da pesquisa
O universo dessa pesquisa foram às escolas da rede Pública (estadual e
municipal), do ensino fundamental em Porto Velho*. A amostra constou de uma parcela de
25% da população, totalizando 24 escolas escolhidas através de sorteio. O sorteio foi
realizado entre os pólos escolares do município, para que o estudo pudesse atingir todos os
bairros da cidade e retratar de forma fidedigna a real situação do atletismo escolar.
3.3 Coleta de dados
O instrumento utilizado para coleta dos dados foi o questionário, que foi
respondido pelos professores de educação física das escolas. Optou-se pelo questionário
do tipo misto (com perguntas abertas e fechadas), com o intuito de possibilitar uma maior
desenvoltura nas respostas dos professores.
3.4 Tratamento dos dados
* Utilizou-se listage das escolas disponibilizadas pela SEDUC-RO e SEMED, Porto Velho-RO.
xxviii
Após a coleta de dados feita através da aplicação de questionário, foram
realizadas tabulações e análises dos mesmos, sendo demonstrados através de tabelas e
gráficos, para melhor visualização e interpretação da análise.
Escolas estaduais:
 Bela Vista
 Branca de Neve
 Casa de Davi
 Franklin Roosevelt
 Helio Neves Botelho
 Jânio da Silva Quadros
 Nossa Senhora do Amparo
 Paulo Leal
 Profº Herbert de Alencar
 Santa Marcelina
 São Francisco de Assis
 São Luis
 Drº Osvaldo Piana
 Duque de Caxias
 Getulio Vargas
 John Kennedy
xxix
Escolas Municipais:
 São Pedro
 São Sebastião II
 Saul Benesby
 Pequenos Talentos
 Engº Francisco Erse
 Engº Wadih Darwich Zararias
 São Miguel
 Vovó Helena
xxx
IV - RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tabela 1 - presença do conteúdo atletismo no currículo de educação física
das escolas.
Presença do conteúdo no currículo
(f)
%
Sim
14
58
Não
10
42
∑
24
100
Observa-se na tabela 1 que no maior percentual (58%) das escolas de
Porto Velho atingidas por este estudo, o conteúdo atletismo é parte integrante do currículo
de educação física. Em um percentual menor, mas significativo (42%), o conteúdo
atletismo não é contemplado no currículo da escola. As principais razões para a não
inserção, estarão apresentadas na figura 1.
40
20
40
F a lta d e P r o fe s s o r d e E d u c a ç ã o F ís ic a
P o r tr a b a lh a r a p e n a s c o m e n s in o in fa n til o u 1 º e 2 º c ic lo s .
fa lta d e in fr a - e s tr u tu r a
Figura 1 - Motivos da não inclusão do atletismo no currículo escolar.
xxxi
Através dos dados apresentados na figura 1, podemos observar que um
dos maiores percentuais (40%), alega que a não inclusão da iniciação ao atletismo na grade
curricular, ocorre devido a escola trabalhar apenas com o ensino infantil ou 1º e 2º ciclos
do
ensino
fundamental,
contrariando
o
que
diz
a
teoria.
ORO (1984 p.2) por exemplo, afirma que é exatamente nesta fase que a criança deve
iniciar-se no atletismo. Esta faixa etária, é justamente a ideal para o desenvolvimento das
formas esportivas de caminhar, correr, saltar, lançar e arremessar, utilizados no atletismo
convencional.
O outro maior percentual, um valor também significativo (40%) aponta a
falta de infra-estrutura para a não inclusão no currículo, observamos aí outro desacordo
com a literatura. Ainda segundo ORO (1984 p.8), o atletismo é o esporte que mais facilita
ao professor fazer adaptações quanto ao local da prática e materiais, devido à sua
multiplicidade de formas.
Outro motivo citado pelos Professores/Diretores (20%), foi a falta de
professor de educação física na escola. Estas ausências de profissionais habilitados nas
instituições escolares levam a direção a tomar decisões: os alunos fazem apenas recreação
com o professor de sala, que não possuem nenhuma especialidade na área.
Este dado está em acordo com a literatura consultada. Mostra as
dificuldades que existem nas escolas públicas. Estas, muitas vezes não dispõem de
professor, não só de educação física mas também das demais disciplinas.
xxxii
Tabela 2 – Escolas que desenvolvem um trabalho com o atletismo
durante as aulas curriculares.
Escolas
(f)
%
Sim
14
100
Não
-
-
Às vezes
-
-
∑
14
100
Analisando a tabela 2, observamos que das 14 escolas nas quais o
atletismo está inserido no currículo, todas (100%) trabalham sistematicamente com o
atletismo durante as aulas curriculares, não possuem apenas equipes para competições.
Este dado nos mostra o compromisso dos professores em cumprir o que orienta a
MATRIZ CURRICULAR DO ESTADO, que inclui o atletismo em todas as séries do
ensino fundamental.
80%
C O R R ID A S 1 1 /1 4 - 7 9 %
60%
A R R E M E S S O S 6 /1 4 - 4 3 %
40%
S A L TO S 9 /1 4 - 6 4 %
NÃO RESPOND ERAM - 29%
20%
0%
Figura 2
– Principais atividades atléticas desenvolvidas nas escolas
durante as aulas curriculares.
xxxiii
Podemos observar,
que as principais atividades desenvolvidas nas
escolas durante as aulas curriculares, são as que utilizam as habilidades naturais dos
alunos e as mais fáceis de adaptação quanto ao local e materiais: correr, saltar e
arremessar , como tivemos a oportunidade de constatar na literatura.
Quando foi perguntado, quanto às dificuldades apresentadas para que
fosse desenvolvido um trabalho com o atletismo na escola, a questão não foi respondida
pelos professores já que, todas (100%) trabalham com o atletismo nas aulas curriculares.
Quando foi perguntado, no tocante ao local onde são desenvolvidas as
atividades relativas ao atletismo, 100% dos professores responderam que desenvolvem na
própria escola. Do mesmo modo quando perguntou-se, em que turnos são desenvolvidas
as atividades, 100% responderam em turno escolar.
25
29
8
21
Quadra 6/14
Pátio 4/14
17
Pista 2/14
Outros 7/14
Campo 5/14
Figura 3 - Natureza do local em que se desenvolve o trabalho em
atletismo.
Ao analisarmos a figura, podemos observar as reais condições das
escolas públicas em Porto velho. Nestas instituições, os professores principalmente os de
xxxiv
educação física, têm que realizar as atividades em locais adaptados, mesmo que estes
locais não satisfaçam as necessidades para a prática do esporte.
A questão que faz referência a metodologia utilizada no atletismo escolar,
é demonstrada na figura abaixo. Analisando estes dados, entendemos que o atletismo
ainda encontra-se em fase de desenvolvimento nas escolas, sem uma padronização de
procedimentos metodológicos. Durante a pesquisa encontrei poucos autores que falavam
sobre metodologia. Na sua maioria, a literatura fala somente sobre competições, o que nos
leva a refletir sobre os dados obtidos.
25%
29%
21%
25%
De Forma Recreativa
Teórico/Prático
De Acordo com Desenvolvimento da Turma
Não Respoderam
Figura 4 - Metodologia utilizada no atletismo escolar
Segundo SCHMOLISKY (1992) existem diversos caminhos para se
chegar ao resultado esperado, porém, o caminho a ser percorrido vai depender dos
objetivos da escola e do professor, por esses motivos é que os autores citam variadas
metodologias.
xxxv
Tabela 03: escolas possuem equipes representativas de atletismo para as
competições.
Escolas com equipes
(f)
%
Sim
4
29
Não
10
71
∑
14
100
Verificando a tabela 03, podemos observar que a maioria das escolas
atingidas por este estudo (71%) não possue equipes representativas de atletismo para
competições, apenas trabalham com iniciação atlética durante as aulas curriculares.
Apenas 29% das escolas possuem equipes representativas para competições.
Através destes dados podemos concluir, que a escola não tem objetivos
competitivos em relação ao esporte, utiliza a prática apenas como componente curricular,
para preparação física, moral e social do aluno. A literatura confirma que as escolas não
devem ter objetivos de formar atletas e sim cidadãos.
Na figura 5 veremos os principais naipes (sexo) e categorias existente nos
29% das escolas que possuem equipes representativas de atletismo para competições.
xxxvi
80%
60%
40%
20%
0%
Infantil
Juvenil
Feminino
Livre
Masculino
Figura 5 – Percentuais dos naipes e categorias trabalhadas nas escolas.
Podemos observar que mesmo nas escolas onde existem equipes
representativas para as competições, as equipes estão divididas no mesmo percentual,
tanto para os naipes quanto para as categorias. O resultado demonstra que as escolas não
estão preocupadas com o nível dos competidores, e sim que cada categoria tenha a sua
representatividade tanto no masculino, quanto no feminino.
Em relação a como são selecionados os alunos/atletas, das 04 escolas que
possuem equipes representativas, todas (100%) responderam que fazem suas escolhas
através de testes; duas acrescentaram que o fazem também através de voluntariado e uma
também através de biótipo.
Para SCHMOLINSKY (1992), os exercícios atléticos têm efeito benéfico
no desenvolvimento do organismo humano e tanto no treino como na competição servem
para modelação do caráter dos jovens. Logo, é importante a participação dos alunos nas
competições, todavia, não se deve fugir dos objetivos da escola. Além dos benefícios à
saúde, consegue desenvolver qualidades como: decisão, força e vontade, perseverança,
autodisciplina, lealdade, espírito coletivista e prontidão.
xxxvii
Na tabela 04, são apresentados dados referentes à existência, ou não, de
literatura sobre atletismo na escola ou com o professor.
Tabela 04 – Existência de bibliografia sobre atletismo na escola ou com o
professor.
Possui bibliografia
(F)
%
Sim
9
64
Não
5
36
∑
14
100
Verificando a tabela 04, podemos constatar que nem todos os professores
que desenvolvem um trabalho em atletismo têm à sua disposição um referencial teórico a
respeito do assunto. Boa parte (36%) não dispõe deste importante instrumento para o
desenvolvimento do seu trabalho. Sabemos que quanto mais o professor tiver acesso a
conteúdos teóricos-práticos de sua área de atuação, melhor será o seu rendimento e
conseqüentemente o desenvolvimento de seus alunos.
Tabela 05 – Professores que possuem cursos específicos em
atletismo/treinamento desportivo.
Professores com curso
(F)
%
Sim
7
50
Não
7
50
∑
14
100
xxxviii
Ao analisarmos a tabela 05, observamos que a metade (50%) dos
professores que trabalham com o atletismo, não possue curso específico na área. Este dado
pode explicar as possíveis dificuldades para o desenvolvimento do trabalho na escola. Em
contrapartida, a outra metade (50%) possuem curso na área, o que pode demonstra além
do interesse dos professores uma preparação técnica específica para tal atividade no
âmbito escolar. Estes dados contrastam com o pouco apoio institucional para o
desenvolvimento do atletismo na escola, conforme veremos na figura 6.
23,50%
23,50%
6%
47%
Falta de Infra-Estrutura
Falta de Conhecimento
Falta de Apoio Institucional
Outros
Figura 6 – Principais dificuldades encontradas pelos professores nas
aulas.
Analisando a figura 06, verificamos que a maioria das respostas obtidas
(47%), cita a falta de infra-estrutura como principal dificuldade para desenvolver o
atletismo nas escolas, já (23,5%) citam a falta de apoio institucional (Governos Estadual e
Municipal, Secretarias de Educação e outros órgãos envolvidos nesta área). Outros
(23,5%) citam motivos variados, tais como: dificuldade de transporte e apoio para
xxxix
competições extra-escolares; não participação de escolas de 1ª e 4ª séries em competições
tipo “Joer”; um período maior na grade curricular etc.
Em relação às dificuldades alegadas pelos professores para ministrarem
as aulas nas escolas, sabemos das dificuldades enfrentadas pelos profissionais da área, no
entanto,
os
PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS DE EDUCAÇÃO
FÍSICA (2001) e ORO (1984), citam que o professor deve adequar-se quanto a materiais e
espaços necessários.
10%
45%
45%
In te r e s s e d o s a lu n o s - 4 5 %
M o tiv a ç ã o p e s s o a l - 4 5 %
A p o io in s titu c io n a l - 0 %
O u tr o s - 1 0 %
Figura 7 – Causas de motivação para o trabalho dos professores de
educação física com atletismo nas escolas.
Verificando a figura 7, observamos que os principais fatores de
motivação dos professores de educação física para trabalhar com o atletismo nas escolas
são o interesse dos alunos e a motivação pessoal com 45% das respostas cada um, 10%
citaram outros motivos e nenhum professor citou o apoio institucional como fator de
motivação.
xl
Observa-se que em Porto Velho, como no restante do país, o professor
(educador) tem que ter bastante amor a profissão ou do contrário não conseguirá superar
as dificuldades encontradas nas escolas públicas. A motivação pessoal e o interesse dos
alunos são a força para continuar trabalhando, como pudemos observar nas respostas
obtidas.
Na última pergunta do questionário, indagamos aos professores
sugestões que pudessem melhorar o desenvolvimento do atletismo escolar em Porto
Velho. Citaremos as principais sugestões mencionadas pelos professores:
 Melhoria na infra-estrutura das escolas;
 Maior apoio dos órgãos institucionais da área e até mesmo da iniciativa
privada;
 Maior número de competições principalmente nas categorias pré-mirim e
mirim;
 Oferta de cursos específicos para os professores;
 Uma maior carga horária disponível na grade curricular;
 Ronda médica nas escolas para avaliação dos alunos;
 Melhoria da merenda escolar;
 Estágio supervisionado de acadêmicos na área;
 Bolsa atleta para os alunos destaques;
 Projetos escolares voltados para melhoria do atletismo;
xli
V - CONCLUSÃO
Ao término do presente estudo, podemos verificar que (58%) das escolas
públicas de ensino fundamental em Porto Velho oferecem o atletismo como parte
integrante do currículo. Apesar disto o esporte em questão ainda é pouco trabalhado e
quando trabalhado, é de forma precária, em poucas modalidades e sem objetivos
definidos.
Verificamos que em 42% das escolas pesquisadas, o atletismo não está
incluso na grade curricular e o principal motivo alegado pelos professores para a não
inclusão foi a falta de infra-estrutura. Este é o mesmo motivo alegado pelos (58%), no
qual o atletismo está incluso, quando perguntado sobre a principal dificuldade encontrada
para desenvolver o esporte na escola. Isso significa que, embora a teoria demonstre que o
professor deva trabalhar o esporte na escola, fazendo adaptações quanto ao local e
materiais necessários, as condições que ora as escolas públicas apresentam, são muito
precárias. Esta condição desmotiva os professores, prejudicando desta forma o trabalho
com o esporte em questão.
Outro motivo alegado pelos professores para a não inclusão do esporte no
currículo escolar foi por a escola trabalhar com turmas do ensino infantil e 1º e 2º ciclos, o
que demonstra uma falta de conhecimento. As teorias mostram justamente o contrário,
desde os primeiros anos escolares a criança deve aprender as formas básicas de andar,
correr, saltar e arremessar objetos. Significa dizer que é exatamente nesta faze que se deve
trabalhar ou iniciar esta modalidade esportiva.
No tocante a equipes representativas para competições, observamos que
poucas escolas possuem equipes e que a representação é igualitária em todos os naipes e
xlii
categorias, e em suas divisões por sexo. Fica evidente que as escolas não têm interesse em
vitórias e sim em participação, seguindo o que manda a literatura.
Verificamos que parte dos professores não tem qualificação na área e nem
possuem acesso a bibliografias específicas, o que o leva a visões errôneas sobre a prática
do atletismo na escola, conforme apresentado anteriormente.
Por outro lado, verificamos durante a pesquisa que o atletismo, ainda é
pouco difundido como parte da educação física escolar. Na internet e outros meios de
comunicação só se fala em competições, deixando-se de lado a metodologia do esporte no
âmbito escolar. É uma esfera pouco explorada e os professores ainda dispõem de pouca
criatividade para adaptar provas e criar metodologias atraentes e diversificadas. Como os
escolares não podem viver de recordes e superação de performances, o atletismo deveria
acompanhar a cultura corporal de forma a integrá-la com a natureza. São inúmeras as
formas com as quais se pode construir um atletismo alternativo e possível dentro do
universo escolar. É preciso ousadia na confecção de projetos de novo tipo e sobretudo
incentivo às crianças e adolescentes nas corridas, saltos, lançamentos, arremessos, etc.
Logo, não só pelo enunciado anterior, como outros autores assim colocam,
o atletismo pode e deve ser incluído na educação física escolar, desde o ensino infantil,
inicialmente de forma lúdica e aos poucos nas series posteriores incluindo-se as formas
mais complexas e as regras oficiais.
Desta forma podemos concluir que o atletismo escolar em Porto Velho,
precisa urgentemente de maior apoio e incentivo e de um maior acompanhamento, por
parte da secretaria de Educação do Estado e do Município. Só assim no futuro poderemos
ter um estado e um município com maior representatividade nessa área esportiva.
xliii
REFERÊNCIAS
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proposta renovada. Org. Recife: Universidade de Pernambuco / UPE – ESEF
MEE/INDESP, 1996.
CADERNO TÉCNICO-DIDÁTICO DE ATLETISMO. Brasília: MEC/DEFD, 1997.
Brasil. Ministerio da Educação.
FERNANDES, José Luís. Atletismo: arremessos. São Paulo: EPU: 1978.
FERNANDES, José Luís. Atletismo: os saltos. São Paulo: EPU: 1978.
FERNANDES, José Luís. Atletismo: corridas. São Paulo: EPU: 1979.
FARIA JUNIOR, Alfredo Gomes de. Didática de educação física: formulação de
objetivos. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.
FERREIRA, Vera Lúcia Costa. Prática da educação física no 1º grau: modelo de
reprodução ou perspectiva de transformação? São Paulo: IBRASA, 1984.
GO, Tani. et al. Educação escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista.
São Paulo: EPU - Editora da Universidade de São Paulo, 1988.
LENCINA, Lyselenne de Ávila. ROCHA JR., Ivon Chagas da. Diagnóstico do atletismo
escolar em Santa Maria. In: Revista Kinesis, N.º 25, p. 71-89. Santa Maria, 2001.
KIRSCHE, August. KOCH, Karl. ORO, Ubirajara. Antologia do atletismo: metodologia
para iniciação em escolas e clubes. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S/A, 1984.
xliv
KRING, Ray F. Atletismo nas escolas: guia prático de treinamento. 3. ed. São Paulo:
Cultrix, 1982.
MAGNANE, Georges. Sociologia do esporte. São Paulo: Perspectiva, 1969.
MATRIZ CURRICULAR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO DE RONDÔNIA,
ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO, 2002.
MOREIRA, Wagner Wey. Educação física escolar: uma abordagem fenomenológica. 3
ed. Campinas, SP: Ed. Da Unicamp, 1995.
NEGRINE, Airton. O ensino de educação física. Porto Alegre. Rio de Janeiro: Globo,
1983.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA 1º E 2º
CICLOS DO ENSINO FUNDAMENTAL. 3 ed. Brasília: Ministério da Educação, 2001.
PICCOLO, Vilma L. Nista. Educação física escolar: ser... ou não ter? Org. 3. ed.
Campinas, SP. Editora da Unicamp, 1995.
RODRIGUES, Maria. Manual teórico-prático de educação física infantil. São Paulo:
Icone, 1993.
SCHMOLINSKY, Gerhardt. Atletismo. 3. ed. Editorial Estampa – Lisboa, 1992.
SEYBOLD, Annemart. Educação física: princípios pedagógicos. Rio de Janeiro: Ao Livro
Técnico, 1980.
TUBINO, Manoel José Gomes. As dimensões sociais do esporte. (Coleção Polêmicas do
Nosso Tempo; V. 44). São Paulo. Ed. Cortez, Autores Associados, 1992.
xlv
ANEXO
Prezado
(a)
Professor
(a).
O
presente
questionário tem como objetivo conhecer a realidade do
atletismo nas escolas publicas do Porto Velho: principais
dificuldades e formas de trabalho.
Os resultados da
pesquisa irão fazer parte da minha monografia de
conclusão do curso de Educação Física, da Unir, sob
orientação da professora Dr. Ivete de Aquino Freire.
Solicito e agradeço a vossa participação no presente
trabalho
através
questionário.
do
preenchimento
do
referido
xlvi
Irinaldo Soares da Silva
Fone: 9284-8140
Escola __________________________________________________________________
Data ___/___/___
Professor(a)
(opcional)___________________________________________________________________
____
1)O atletismo faz parte do currículo de Educação Física da Escola que você trabalha?
( ) Sim
( ) Não
Caso sua resposta seja negativa,
justifique:____________________________________________________________________
_____________
___________________________________________________________________________
______________
Se você respondeu sim, continue preenchendo o questionário. Se respondeu não, obrigado
por sua colaboração.
2)Em sua escola trabalha-se com o Atletismo não competitivo (nas aulas curriculares)?
( )Sim
( )Não
( )As vezes
Se sua resposta foi positiva descreva as principais atividades atléticas desenvolvidas.
___________________________________________________________________________
______________
Caso sua resposta foi negativa assinale o por quê.
( ) Carência de instalações ( ) Falta de Capacitação Pedagógica ( ) Poucas
Competições
( ) Outros
___________________________________________________________________________
_____
3)Caso fossem sanadas as dificuldades apresentadas acima seria desenvolvido um trabalho
em atletismo em sua escola?
( ) Sim
( ) Não
4)Em que locais desenvolve-se o trabalho em atletismo?
( ) Na própria Escola
( ) Em local Emprestado ( ) Aberto ( ) Fechado
( ) Outros
___________________________________________________________________________
_____
5) Qual a natureza do local?
( ) Quadra ( ) Pista ( ) Campo
( ) Pátio
( )
Outros______________________________________________________________________
__________
xlvii
6) Em que turno desenvolve-se este trabalho?
( ) Turno Escolar
( ) Fora doTurno Escolar
7) Qual metodologia (método) é normalmente utilizada para o ensino de atletismo em sua
escola?
8) Sua escola tem equipe representativa de atletismo nas competiçoes?
( ) Sim
( ) Não
Se sua resposta foi positiva diga quais naipes (sexo) e categorias
9) Como são selecionados os alunos/atletas.
( ) Voluntário
( ) Biótipo
( ) Testes (Velocidade, impulsão, Força, Resistência)
( ) Outros
___________________________________________________________________________
_____
10) A Escola ou o(s) Professor(es) possui(em) bibliografia sobre Atletismo/Treinamento
Desportivo?
( ) Sim
( ) Não
Cite alguma(as) Obra(as) e o(os) Autor(es) que você conhece.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________
11) Você possui curso(os) especifico(os) em atletismo/Treinamento Desportivo?
( ) Sim
( ) Não
Se sua resposta foi positiva diga qual ou quais:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________
12)Na sua opinião, o que dificulta o seu trabalho em atletismo na escola?
( ) Falta de Infra Estrutura ( ) Falta de Conhecimento Especifico do desporto
( ) Falta de Apoio Institucional (Direção da Escola, Coordenação de Ed. Física)
( ) Outros
___________________________________________________________________________
____
13) O que mais motiva você trabalhar com atletismo na escola:
( ) Interesse dos alunos
( ) Apoio institucional (Direção da escola, coordenação, etc)
( ) Motivação pessoal (gosta do desporto, acredita no seu potencial educacional
xlviii
( ) Outros
___________________________________________________________________________
_____
14) De sugestões que possam melhorar o desenvolvimento do Atletismo Escolar em Porto
Velho.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________
Download

IRINALDO SOARES DA SILVA - Departamento de Educação Física