FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE SAÚDE CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PERFIL DO ATLETISMO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM PORTO VELHO IRINALDO SOARES DA SILVA MONOGRAFIA DE GRADUAÇÂO Porto Velho – Rondônia 2005 ii PERFIL DO ATLETISMO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM PORTO VELHO IRINALDO SOARES DA SILVA PROFª DRª IVETE DE AQUINO FREIRE Monografia apresentada ao Curso de Educação Física do Núcleo de Saúde da Universidade Federal de Rondônia, para obtenção do título de Licenciado em Educação Física. Porto Velho 2005 iii Irinaldo Soares da Silva Perfil do Atletismo nas Escolas Públicas do Ensino Fundamental em Porto Velho Data da Defesa: 19 / 12 / 2005 BANCA EXAMINADORA Profª Drª Ivete de Aquino Freire Julgamento: ________________ Assinatura: ______________________ Prof. Ms. Mário Roberto Vénere Julgamento: ________________ Assinatura: _______________________ Prof. Esp. João Bernardino de Oliveira Neto Julgamento: ________________ Assinatura: _______________________ iv Dedicatória Aos meus pais, irmãos e irmães. Em especial aos meus filhos que foram sempre a minha fonte inspiradora e que nas horas em que pensei em desistir, vi neles a força que precisava para continuar. Com amor e carinho a minha atual esposa que nesta reta final tem me dado todo o apoio necessário para trilhar o melhor caminho. v Agradecimentos A Deus, que é o motivo da existência de todos nós e que sem Ele nada seria possível nesta vida. A Universidade Federal de Rondônia pela formação acadêmica. A todos os profissionais do Departamento de Educação Física da UNIR, que foram os facilitadores dos conhecimentos adquiridos durante o curso. Aos Policiais Militares da Companhia de Trânsito da Polícia Militar, órgão onde trabalho e onde por muitas vezes tiveram que se sacrificar no serviço para suprir minha ausência , para que eu pudesse estudar. A orientadora dessa Monografia Profª Drª Ivete de Aquino Freire, que não mediu esforços para que eu pudesse concluir este trabalho. Aos meus colegas de turma que tanto me ajudaram durante o curso, que às vezes atrapalhei por não poder participar de reuniões de grupo de trabalho nos horários mais oportunos e que se sacrificaram para adaptarem aos horários. Por fim, sei que palavras não são o bastante para expressar tanta gratidão, mais guardarei cada um em minha memória durante toda minha vida. vi SUMÀRIO Dedicatória............................................................................................................................iv Agradecimentos......................................................................................................................v Sumário.................................................................................................................................vi Lista de Ilustrações..............................................................................................................viii Resumo..................................................................................................................................ix Abstract..................................................................................................................................x I - INTRODUÇÃO.................................................................................................................1 1.1 - Problematização.............................................................................................................2 1.2 - Justificativa....................................................................................................................4 1.3 - Questões a investigar....................................................................................................6 1.4 - Objetivos........................................................................................................................7 II - REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................8 2.1- A educação física escolar................................................................................................8 2.1.1- Esporte e jogos.............................................................................................................7 2.1.2 - Atletismo escolar.......................................................................................................11 2.1.3 - A relação entre atletismo e aulas curriculares...........................................................12 2.2 - Atletismo......................................................................................................................13 2.6 - Metodologia do ensino do atletismo............................................................................15 III - METODOLOGIA.........................................................................................................17 IV - RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................20 V - CONCLUSÀO..............................................................................................................31 vii REFERÊNCIAS ..................................................................................................................33 Anexo – Questionário modificado de Lencina e Rocha Jr................................................35 viii LISTA DE ILUSTRAÇÕES Tabela 1 - Presença do conteúdo atletismo no currículo de Educação Física das escolas................................................................................................................................. 20 Tabela 2 - Escolas que desenvolvem um trabalho com o atletismo durante as aulas Curriculares......................................................................................................................... 22 Tabela 3 - Se as escolas possuem equipes representativas de atletismo para as competições........................................................................................................................ .25 Tabela 4 - Existência de bibliografias sobre atletismo nas escolas ou com os Professores........................................................................................................................... 27 Tabela 5 - Professores que possuem cursos específicos em atletismo/treinamento desportivo............................................................................................................................ 27 Figura 1 - Motivos que levaram a não inclusão do atletismo como matéria do currículo escolar.................................................................................................................................. 20 Figura 2 - Principais atividades atléticas desenvolvidas nas escolas................................. 22 Figura 3 - Natureza do local em que se desenvolve o trabalho em atletismo.................... 23 Figura 4 - Qual metodologia é utilizada no ensinamento do atletismo escolar.................................................................................................................................. 24 Figura 5 - Percentuais dos naipes e categorias trabalhadas nas escolas............................. 26 Figura 6 - Principais dificuldades encontradas pelos professores nas aulas.......................28 Figura 7 - Causas de motivação para trabalho dos professores em atletismo.....................29 ix RESUMO Esta pesquisa foi do tipo descritiva com uma abordagem qualitativa, direcionada a 24 escolas da rede pública de ensino fundamental (estadual e municipal) da cidade de Porto Velho, buscou-se através de um questionário direcionado aos professores de educação física, retratar a situação do atletismo nas escolas. Os dados obtidos foram abalizados através da estatística e do referencial teórico. Com base nos resultados obtidos conclui-se que: na maior parte (58%) das escolas públicas de Porto Velho, o atletismo está incluso no currículo; porém, trabalham apenas como iniciação nas aulas curriculares, não tendo a maioria equipes representativas para competições; metade dos professores não possui curso específico na área. Nas escolas (42%), onde o atletismo não está incluso no currículo, os motivos alegados para a não inclusão são: por trabalhar apenas com ensino infantil ou 1º e 2º ciclos; por falta de infra-estrutura e falta de professor de educação física. Os resultados atingidos com este estudo, possibilitam constatar que no momento atual a prática do atletismo, apesar de constar na grade curricular da maioria das escolas, é pouco desenvolvida e de forma precária. UNITERMOS: Atletismo escolar, educação física, escolas. x ASBTRACT PROFILE OF THE ATHLETICS IN THE PUBLIC SCHOOLS OF THE FUNDAMENTAL TEACHING IN PORTO VELHO This research was of the descriptive type with a qualitative abordage, addressed to 24 schools of the public net of fundamental teaching (state and municipal) of the city of Porto Velho, it was looked for through a questionnaire addressed the teachers of physical education, to portray the situation of the athletics in the schools. The obtained data went denote through to statistics and of the theoretical reference. With base in the obtained results is ended that: in most (58%) of the public schools of Porto Velho, the athletics is included in the curriculum; even so, they just work as initiation in the classes curriculum, doesn't tend most representative teams for competitions; the teachers' half doesn't possess course I specify in the area. In the schools (42%), where the athletics not this included one in the curriculum, the reasons alleged for the non inclusion are: for working just with infantile teaching or 1st and 2nd cycles; for infrastructure lack and teacher's of physical education lack. The results reached with this study, facilitate to verify that in the current moment the practice of the athletics, in spite of consisting in the bars curricular of most of the schools, is not very developed and in a precarious way. KEY WORDS: school Athletics, physical education, schools. xi I - INTRODUÇÃO Este estudo tem por objetivo retratar a situação do atletismo nas escolas públicas de ensino fundamental em Porto Velho. Buscou-se através de bibliografias além deste objetivo, demonstrar que este esporte contribui fundamentalmente no desenvolvimento social, físico e psico-motor dos alunos. Verificamos através de um questionário direcionado aos professores de educação física das escolas, que apesar da maioria trabalhar com este esporte, grande parte deles não realizam qualquer atividade na área, e os que trabalham, desenvolvem de forma precária, conforme demonstração dos resultados obtidos. Acreditamos que o atletismo é um esporte que deve ser desenvolvido dentro das escolas, desde o pré-escolar, devido à sua diversidade de modalidades e facilidade de adaptação quanto a local e material. Por trabalhar as habilidades naturais do ser humano, pode ser ministrado a todas as idades. Este esporte por suas características consegue abranger a todos os alunos sem distinção, pois trabalha as habilidades naturais e serve de base para esportes com movimentos de maior complexidade. Por fim, entendemos que a escola é o ponto inicial para o crescimento e para um futuro próspero de uma nação e só através dela conseguiremos êxito em todos os segmentos da sociedade. No atletismo é fundamental que exista essa base na escola, para que no futuro, alem de cidadãos, possamos ter grandes atletas a nível municipal, estadual, nacional e até mesmo internacional. xii 1.1 - PROBLEMATIZAÇÃO O Atletismo é um esporte que é de suma importância na educação física escolar, pois utiliza as habilidades mais naturais do indivíduo, como: marchar, correr, saltar e lançar objetos a distância, que desde a antiguidade eram utilizados por todos os povos do mundo. Como cita SCHMOLINSK (1992), estes exercícios eram realizados com objetivos produtivos e defensivos, e em atividades bélicas. Partindo deste ponto de vista, o atletismo por suas características, tende a facilitar o trabalho do professor de educação física nas escolas. A partir de um programa de treinamento desenvolvido com as crianças e os adolescentes enfatizando as habilidades naturais citadas anteriormente, facilitará o desenvolvimento das qualidades físicas consideradas essenciais: força, resistência, velocidade, flexibilidade, entre outras. Para NEGRINE (1983), o atletismo é o esporte considerado de base pelos estudiosos das mais remotas épocas da história da Educação Física, devendo ser incluído no currículo do ensino fundamental, o que reforça o que foi dito anteriormente. Uma pesquisa realizada por LENCINA e ROCHA JR. (2001) em Santa Maria no Rio Grande do Sul, demonstrou que 63,33% das escolas pesquisadas daquele município, não colocam o atletismo em suas grades curriculares e que 71% dessas escolas, alegam a falta de infra-estrutura para a não inclusão. Verificamos que este argumento utilizado pelos professores na resposta à pesquisa, contraria o que a teoria nos mostra, pois o esporte em questão, como vimos, trabalha as habilidades inerentes do ser humano, que são utilizadas no seu cotidiano e em todos os lugares e espaços onde vive. xiii Partindo deste princípio, entendemos que o atletismo, deve ser incluso no currículo de educação física das escolas, haja vista, que os PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA 1º E 2º CICLOS DO ENSINO FUNDAMENTAL (2001), sobre o uso do espaço diz o seguinte: “sabe-se que na realidade das escolas brasileiras os espaços disponíveis para a prática e aprendizagem de jogos, lutas, danças, esportes e ginásticas não apresentam a adequação e a qualidade necessárias. Alterar esse quadro implica uma conjugação de esforços de comunidades e poderes públicos”. Ainda de acordo com o programa acima citado, é possível adaptar os espaços já disponíveis na escola, até mesmo próximo dela, mesmo porque, as crianças já fazem isso cotidianamente. A MATRIZ CURRICULAR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO DE RONDÔNIA (2001), já coloca em seu programa, o esporte atletismo em todas as séries do Ensino Fundamental, apenas diferenciando o conteúdo entre 1ª à 4ª séries e 5ª à 8ª séries. Considera que nos 1º e 2º ciclos os conteúdos do atletismo serão trabalhados de forma lúdica, enquanto que nos 3º e 4º ciclos já se coloca ás regras oficiais, fazendo-se adaptações quando necessário. Cabe apenas verificarmos se nas escolas vem sendo implantado o que diz na matriz e de que forma. Por tudo o que foi comentado anteriormente, pergunta-se: como está sendo desenvolvido o atletismo nas Escolas Públicas do Ensino Fundamental em Porto Velho? xiv 1.2 – JUSTIFICATIVA Esta pesquisa será realizada com a intenção de demonstrar a realidade do esporte atletismo nas escolas públicas do ensino fundamental em Porto Velho. O mesmo é pouco difundido no Estado de Rondônia, com poucas competições e poucos atletas, e no âmbito escolar é menos desenvolvido ainda. Durante o curso de Educação Física, participei da Disciplina Metodologia do Atletismo, na oportunidade, verifiquei as reais dificuldades para se trabalhar com este esporte em nosso município, o que foi confirmado através de relato do presidente da Federação Rondoniense de Atletismo. Sabemos que o atletismo é um esporte que trabalha com as habilidades naturais do ser humano e que por isso serve para facilitar o treinamento de outras atividades físicas e esportivas. Partindo desse pressuposto, entendemos que esse esporte é de grande relevância na Educação Física Escolar, trazendo aos alunos benefícios físicos, sócioculturais, educacionais e psico-motores, com isso, proporcionando às mesmas condições favoráveis para práticas futuras na escola em suas vidas cotidianas. Pretendemos com este projeto, mostrar às pessoas que trabalham com a educação física e educação em geral, como o atletismo escolar está sendo desenvolvido no ensino fundamental. Através deste diagnóstico, levar as informações necessárias para que as pessoas envolvidas no processo de ensino/aprendizagem possam ter parâmetros para incluir ou implementar o esporte nas escolas públicas de ensino fundamental. Acreditamos que através de um bom trabalho de base realizado nas escolas de ensino fundamental, poderá se ter no futuro, uma grande melhoria no nível de atletas profissionais. O atletismo escolar apesar de não ter objetivos de formar atletas, ele xv desperta nos alunos o gosto pelo esporte, incentivando-os a seguir no esporte em suas vidas fora da escola. Com esta iniciação poderemos vir a revelar no futuro nomes no cenário municipal, estadual, nacional e até mesmo internacional. xvi 1.3 - QUESTÕES A INVESTIGAR De que forma é trabalhado o atletismo nas escolas? Quais as condições e espaços físicos oferecidos pela escola para trabalhar-se o atletismo? De que forma os alunos participam das aulas de atletismo e como são formadas as equipes para competições? Os professores são qualificados para trabalharem com o atletismo? xvii 1.4 – OBJETIVOS Geral Demonstrar a realidade do esporte atletismo nas escolas públicas de ensino fundamental em Porto Velho. Específicos Verificar como o esporte atletismo está sendo trabalhado nas escolas públicas do ensino fundamental. Verificar as condições materiais e de espaços físicos oferecidas pela escola para trabalhar-se o esporte atletismo. Identificar os naipes ou modalidades do atletismo que estão sendo trabalhados e suas divisões por categorias. Verificar e analisar a qualificação dos professores em conhecimentos nesta área esportiva. xviii II - REVISÃO DE LITERATURA 2.1 - A Educação Física Escolar A Educação Física Escolar tem o objetivo de promover a interação e o desenvolvimento psico-social dos alunos, dando a todos um igual tratamento, mesmo dentro da área esportiva, procurando dá ênfase à prática da cultura corporal. A Educação Física Escolar pode sistematizar situações de ensino e aprendizagem que garantam aos alunos o acesso a conhecimentos práticos e conceituais. Para isso é necessário mudar a ênfase na aptidão física e no rendimento padronizado que caracterizava a Educação Física, para uma concepção mais abrangente que contemple todas as dimensões envolvidas em cada prática corporal. é fundamental também que se faça uma clara distinção entre os objetivos da Educação Física Escolar e os objetivos do esporte, da dança, da ginástica e das lutas profissionais, pois, embora seja uma referência, o profissionalismo não pode ser a meta almejada pela escola. A Educação Física Escolar deve dar oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos. Nesse sentido, cabe assinalar que os alunos portadores de deficiências físicas não podem ser privados das aulas de Educação Física (PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA 2001, P. 27). Para NEGRINE (1983), falta conhecimento entre os professores de Educação Física nas primeiras séries do ensino fundamental. Estes, ao invés de aplicarem exercícios neuromusculares para desenvolvimento das crianças, fazem apenas brincadeiras recreativas deixando as crianças por conta própria, enquanto ocupam o tempo resolvendo problemas administrativos. Ainda NEGRINE (1983), afirma que: “o principal objetivo da Educação Física nos primeiros anos escolares, é antes de tudo fazer com o que a criança domine seu próprio corpo”. 2.1.1 - Esporte e jogos xix No ensino fundamental existem duas etapas a serem consideradas no que diz respeito a esporte e jogos: no 1º e 2º ciclos (de 1ª a 4ª séries) o esporte é ensinado as crianças em forma de jogos, isto é, de forma lúdica com regras adaptadas e até inventadas pelo grupo, enquanto no 3º e 4º ciclos (de 5ª a 8ª séries) o esporte já é ministrado aos alunos com regras oficiais, porém, com objetivos diferenciados do esporte competição. Nos PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA (2001, p. 48), diferenciam-se esporte e jogos da seguinte forma: Considera-se esporte as práticas em que são adotadas regras de caráter oficial e competitivo, organizadas em federações regionais, nacionais e internacionais que regulamentam a atuação amadora e a profissional. Envolvem condições especiais e de equipamentos sofisticados como campos, piscinas, bicicletas, pistas, ringues, ginásios e etc. A divulgação pela mídia favorece à sua apreciação por um diverso contingente de grupos sociais e culturais. Por exemplo, os jogos olímpicos, a copa do mundo de futebol ou determinadas lutas de boxe profissionais são vistos e discutidos por um grande número de apreciadores e torcedores. Os jogos podem ter uma flexibilidade maior nas regulamentações, que são adaptadas em função das condições de espaço e material disponíveis, do número de participantes, entre outros. São exercidos com um caráter competitivo, cooperativo ou recreativo em situações festivas, comemorativas de confraternização ou ainda no cotidiano, como simples passatempo e diversão. Assim, incluem-se entre os jogos as brincadeiras regionais, os jogos de salão, de mesa, de tabuleiro, de rua e as brincadeiras infantis de modo geral. 2.1.1.1 - Esporte: Pode-se verificar que Tubino, divide o esporte em três dimensões sociais com objetivos diferentes, no entanto, observa-se que estas três estão sempre presentes na escola. Logo, a escola é o elo de ligação com as outras partes da sociedade e por isso deve trabalhar os jogos e o esporte com uma visão do todo, e não fragmentados. Segundo TUBINO (1992), existem três dimensões sociais do esporte que são: xx O Esporte Educação: que por muitas vezes é confundido na escola, que em vez de ter um caráter educativo, simplesmente reproduzem as competições de alto nível; O Esporte Participação: tem como finalidade o bem estar social dos seus participantes, e como propósito a descontração, a diversão, o desenvolvimento pessoal e as relações entre as pessoas; Esporte Performance: a cada dia passa a ser uma responsabilidade da iniciativa privada. É uma área do esporte onde existem regras preestabelecidas pelos organismos internacionais de cada modalidade. Tem como propósito a vitória sobre os adversários e é praticado principalmente pelos chamados talentos esportivos. 2.1.1.2 - O jogo: O jogo se diferencia do esporte nas regras, pois o esporte já tem regras definidas sem uma flexibilidade para mudanças, enquanto no jogo as crianças adaptam ou criam suas próprias regras. Partindo desse conhecimento, o professor planeja as atividades dentro das faixas etárias e desenvolvimento das turmas. RODRIGUES, (1993, p.143) conceitua o jogo da seguinte forma: ... O movimento é o maior estímulo para o desenvolvimento agindo através do sistema nervoso, muscular e circulatório. O jogo é a atividade mais indicada para satisfazer essa necessidade de movimento, que a criança tem em grande potencial. A criança joga por entretenimento e, também, porque o jogo representa esforço e conquista. Além de papel estimulante, o jogo constitui um veículo educacional muito importante. É um fenômeno cultural e biológico; constitui atividade livre, alegre, que encerra um sentido, uma significação. É de grande valor espiritual e social, oferecendo inúmeras possibilidades educacionais (favorece o desenvolvimento corporal; estimula a vida psíquica e a inteligência; constitui para a adaptação ao grupo, preparando a criança para viver em sociedade, pois, aprendendo a respeitar as regras do jogo, ele irá respeitar as regras da sociedade). O jogo possibilita ao professor conhecer as facetas ignoradas da personalidade do educando e orienta-lo no sentido de que as más qualidades sejam combatidas e as boas cultivadas. Através do jogo a criança obtém coordenação neuromuscular, cria normas de conduta e aprende a viver em grupo. Os hábitos, atitudes e vocabulários adquiridos durante a prática dos jogos transferem-se para outras atividades. Como vimos anteriormente, a diferença entre jogos e o esporte em si não é tão grande, entretanto, o professor de educação física deve estar atento para saber fazer xxi esta divisão. Deve observar a idade e o desenvolvimento da turma, para não correr o risco de “queimar” etapas e afastar os alunos do esporte. 2.1.2 - Atletismo Escolar O Atletismo por utilizar as habilidades físicas naturais da criança e por ser de fácil adaptação quanto ao espaço e aos materiais didáticos, deveria ter uma grande facilidade de ser trabalhado nas escolas, porém, enfrenta grandes dificuldades devido à cultura esportiva brasileira. Segundo ORO (1984 p.4): “As modalidades esportivas de maior prestígio nacional são coletivas e têm como implemento de ação a bola”. Entendemos que mesmo com esta dificuldade cultural, este esporte é de fundamental importância na educação física escolar, principalmente no ensino fundamental. Observa-se que o atletismo é uma modalidade esportiva que possibilita ao professor desenvolver uma diversidade de atividades na escola. Ele dá uma condição melhor para inclusão de todos os alunos sem distinção, facilitando o trabalho com os temas transversais e ajudando no entrelaçamento entre escola e comunidade. Este esporte pode ser o caminho para uma educação física mais acolhedora e que melhor prepare os alunos para a sociedade, haja vista, que ele desenvolve nos alunos um aperfeiçoamento dos movimentos considerados naturais. Partindo deste ponto de vista, o aluno não precisa aprender para iniciar-se neste, apenas aperfeiçoar o que já é natural do ser humano. O atletismo escolar deve ser visto como o ponto de partida para o esporte em geral. Desse modo a escola deve ter princípios educativos para os alunos e não um objetivo de selecionar os melhores para treinamentos específicos. xxii Por outro lado, a escola não deve esquecer que faz parte da sociedade e que esta, a cada dia cobra e busca talentos esportivos, logo, a escola tem que ser este elo de ligação, não, criando os atletas, mas despertando nos alunos o interesse pelo esporte. Segundo ORO (1984): Com sua diversificação em uma dezena de atividades diferentes, o atletismo é a modalidade mais acessível a uma iniciação esportiva para todas as crianças e jovens brasileiros. Primeiro, porque oferece a qualquer um a chance de descobrir, pelo menos, um tipo de aptidão esportiva em que poderá garantir seu desenvolvimento futuro, como esportista praticante. Segundo, porque as destrezas atléticas são apenas movimentos naturais aperfeiçoados ou modificados, portanto, relativamente fáceis de aprender. Terceiro, porque a prática do atletismo não fica impedida pela carência geral de infra-estrutura esportiva, devido á sua multiplicidade de formas e á sua versatilidade de implementação por instalações e equipamentos adaptados. Analisando a citação anterior, podemos observar que o atletismo é o esporte que mais se identifica com o pensamento dos PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA, quando fala como deve ser a educação física escolar, como veremos no próximo item deste trabalho. 2.1.3 - A relação entre atletismo e aulas curriculares: Segundo a literatura, a educação física esportiva e recreativa, deve integrar, como uma atividade escolar regular, o currículo dos cursos de todos os graus de qualquer sistema de ensino no país. No ensino primário (1º e 2º ciclos), a educação física deve se caracterizar por atividades físicas de caráter recreativo. Quanto à seqüência e distribuição semanal, a lei determina que se ministrem três sessões semanais, evitando-se concentração de atividades em um só dia ou em dias consecutivos, cada sessão durando 50 minutos. xxiii Apesar de haver no país uma legislação vigente, é sabido, através de estudos realizados, que grande parte das escolas não cumprem esta determinação legal no que se refere à educação física no currículo por atividades. Os PARÁMETROS CCURRICULARES NACIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA (2001, p.28), citam que: “a educação física escolar deve dar oportunidade a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos.” O atletismo por sua diversificação de atividades e por sua facilidade de adaptação quanto a espaço e materiais, é o esporte que mais facilita ao professor seguir este pensamento do programa citado anteriormente. Desta forma, todos os alunos sem distinção, podem praticar e desenvolver suas potencialidades, pois este esporte trabalha as habilidades básicas e naturais dos seres humanos. A MATRIZ CURRICULAR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO DE RONDÔNIA, inclui o atletismo em todas às séries do ensino fundamental, o que mostra a importância deste esporte no desenvolvimento psicomotor, físico e social dos alunos. 2.2 - Atletismo xxiv O atletismo é um esporte que se divide em diversas modalidades, e que por isso, pode ser facilmente adaptado para cada situação: escolas, clubes, associações, etc. É claro que numa escola pública, por exemplo, não teremos condições de treinar o salto com vara, pois o implemento é muito caro, assim como o arremesso de martelo, porém, outras diversas modalidades serão possíveis de treinamento. Para melhor compreensão de como deve ser trabalhado este esporte na escola dividiremos o atletismo de três formas: Caráter Lúdico, Caráter pedagógico, Caráter competitivo. O atletismo de forma lúdica é realizado através de jogos, com uma grande facilidade para mudanças nas regras e nas formas de desenvolver as atividades. O professor realiza o trabalho com os alunos em forma de brincadeiras, porém, procurando despertar neles o interesse pelo esporte, para que nas séries subseqüentes, eles possam ter uma continuidade no desenvolvimento deste esporte. O atletismo quanto à sua forma pedagógica, só será possível ter uma definição após a escolha de um método de treinamento. Este método só poderá ser definido a partir da análise da faixa etária dos alunos e dos objetivos que se deseja alcançar. Com relação à idade para iniciação ao atletismo, de acordo com o CADERNO TÉCNICO-DIDÁTICO DE ATLETISMO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA (1997 p.23), “ O profº Berna Wischmman realizou pesquisa a respeito da idade adequada para a iniciação em atletismo, chegando a seguinte conclusão: deve começar, para meninas, aos 9 anos de idade, e para meninos, aos 10 anos” Já, relativo aos objetivos que se quer alcançar, o caderno técnico-didático cita como exemplo de forma de atividades orientadas para o atletismo: correr na ponta dos xxv pés, com ligeira elevação do joelho, ombros descontraídos e completa soltura dos movimentos. Estas atividades favorecem as qualidades de sprint. Os dados acima reforçam o nosso ponto de vista, que para se trabalhar o pedagógico é necessário que já tenhamos um método de treino definido. Para chegarmos a essa definição é imprescindível ter conhecimento dos objetivos da entidade (clube, escola, associação, etc.). Já o Atletismo de alto rendimento ou competitivo, tem como principal propósito à vitória sobre os adversários. É praticado principalmente pelos chamados talentos esportivos. O objetivo desta forma de atletismo é buscar os melhores e de cada um o seu melhor rendimento (máximo), não tendo nenhum caráter educativo. Segundo o CADERNO TÉCNICO-DIDÁTICO DE ATLETISMO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA (1997): “A ciência do treinamento busca terminologia práticas com o objetivo de conseguir o máximo rendimento, pelo caminho mais curto”. 2.2.1 - Metodologia do ensino do atletismo. Existem centenas de métodos para ensinamento das modalidades do atletismo. Para melhor definir o que irá utilizar diversas primeiramente, o professor deve estar convicto dos objetivos que deseja alcançar com os seus alunos. Só a partir daí, pode escolher um ou alguns dos métodos que melhor atenda a seus objetivos. Afirma SCHMOLINSKY (1992, p.66), sobre os métodos de treino desportivo: diz um antigo provérbio alemão que “muitos caminhos conduzem a Roma”, significando que se pode atingir um determinado objetivo de muitas maneiras. xxvi Sobre métodos de treinamento SCHMOLINSKY cita ainda, que para desenvolver as qualidades físicas como: força, velocidade, resistência, flexibilidade, extensibilidade, maleabilidade, agilidade, etc. podem ser utilizados métodos básicos como: método do trabalho continuado (duração), método do trabalho intervalado e método do trabalho repetitivo. Podemos perceber que a literatura nos dá diversos caminhos quando se trata de métodos de treino, todavia, o professor deve estar atento e convicto do caminho que deseja seguir. Para tanto, deve relacionar seus objetivos, com os objetivos do seu ambiente de trabalho: clube, academia, escola, etc. III - METODOLOGIA xxvii 3.1 Tipo de pesquisa A pesquisa realizada foi do tipo descritiva com uma abordagem quantitativa, buscou-se demonstrar a situação do esporte atletismo nas escolas. 3.2 Universo da pesquisa O universo dessa pesquisa foram às escolas da rede Pública (estadual e municipal), do ensino fundamental em Porto Velho*. A amostra constou de uma parcela de 25% da população, totalizando 24 escolas escolhidas através de sorteio. O sorteio foi realizado entre os pólos escolares do município, para que o estudo pudesse atingir todos os bairros da cidade e retratar de forma fidedigna a real situação do atletismo escolar. 3.3 Coleta de dados O instrumento utilizado para coleta dos dados foi o questionário, que foi respondido pelos professores de educação física das escolas. Optou-se pelo questionário do tipo misto (com perguntas abertas e fechadas), com o intuito de possibilitar uma maior desenvoltura nas respostas dos professores. 3.4 Tratamento dos dados * Utilizou-se listage das escolas disponibilizadas pela SEDUC-RO e SEMED, Porto Velho-RO. xxviii Após a coleta de dados feita através da aplicação de questionário, foram realizadas tabulações e análises dos mesmos, sendo demonstrados através de tabelas e gráficos, para melhor visualização e interpretação da análise. Escolas estaduais: Bela Vista Branca de Neve Casa de Davi Franklin Roosevelt Helio Neves Botelho Jânio da Silva Quadros Nossa Senhora do Amparo Paulo Leal Profº Herbert de Alencar Santa Marcelina São Francisco de Assis São Luis Drº Osvaldo Piana Duque de Caxias Getulio Vargas John Kennedy xxix Escolas Municipais: São Pedro São Sebastião II Saul Benesby Pequenos Talentos Engº Francisco Erse Engº Wadih Darwich Zararias São Miguel Vovó Helena xxx IV - RESULTADOS E DISCUSSÕES Tabela 1 - presença do conteúdo atletismo no currículo de educação física das escolas. Presença do conteúdo no currículo (f) % Sim 14 58 Não 10 42 ∑ 24 100 Observa-se na tabela 1 que no maior percentual (58%) das escolas de Porto Velho atingidas por este estudo, o conteúdo atletismo é parte integrante do currículo de educação física. Em um percentual menor, mas significativo (42%), o conteúdo atletismo não é contemplado no currículo da escola. As principais razões para a não inserção, estarão apresentadas na figura 1. 40 20 40 F a lta d e P r o fe s s o r d e E d u c a ç ã o F ís ic a P o r tr a b a lh a r a p e n a s c o m e n s in o in fa n til o u 1 º e 2 º c ic lo s . fa lta d e in fr a - e s tr u tu r a Figura 1 - Motivos da não inclusão do atletismo no currículo escolar. xxxi Através dos dados apresentados na figura 1, podemos observar que um dos maiores percentuais (40%), alega que a não inclusão da iniciação ao atletismo na grade curricular, ocorre devido a escola trabalhar apenas com o ensino infantil ou 1º e 2º ciclos do ensino fundamental, contrariando o que diz a teoria. ORO (1984 p.2) por exemplo, afirma que é exatamente nesta fase que a criança deve iniciar-se no atletismo. Esta faixa etária, é justamente a ideal para o desenvolvimento das formas esportivas de caminhar, correr, saltar, lançar e arremessar, utilizados no atletismo convencional. O outro maior percentual, um valor também significativo (40%) aponta a falta de infra-estrutura para a não inclusão no currículo, observamos aí outro desacordo com a literatura. Ainda segundo ORO (1984 p.8), o atletismo é o esporte que mais facilita ao professor fazer adaptações quanto ao local da prática e materiais, devido à sua multiplicidade de formas. Outro motivo citado pelos Professores/Diretores (20%), foi a falta de professor de educação física na escola. Estas ausências de profissionais habilitados nas instituições escolares levam a direção a tomar decisões: os alunos fazem apenas recreação com o professor de sala, que não possuem nenhuma especialidade na área. Este dado está em acordo com a literatura consultada. Mostra as dificuldades que existem nas escolas públicas. Estas, muitas vezes não dispõem de professor, não só de educação física mas também das demais disciplinas. xxxii Tabela 2 – Escolas que desenvolvem um trabalho com o atletismo durante as aulas curriculares. Escolas (f) % Sim 14 100 Não - - Às vezes - - ∑ 14 100 Analisando a tabela 2, observamos que das 14 escolas nas quais o atletismo está inserido no currículo, todas (100%) trabalham sistematicamente com o atletismo durante as aulas curriculares, não possuem apenas equipes para competições. Este dado nos mostra o compromisso dos professores em cumprir o que orienta a MATRIZ CURRICULAR DO ESTADO, que inclui o atletismo em todas as séries do ensino fundamental. 80% C O R R ID A S 1 1 /1 4 - 7 9 % 60% A R R E M E S S O S 6 /1 4 - 4 3 % 40% S A L TO S 9 /1 4 - 6 4 % NÃO RESPOND ERAM - 29% 20% 0% Figura 2 – Principais atividades atléticas desenvolvidas nas escolas durante as aulas curriculares. xxxiii Podemos observar, que as principais atividades desenvolvidas nas escolas durante as aulas curriculares, são as que utilizam as habilidades naturais dos alunos e as mais fáceis de adaptação quanto ao local e materiais: correr, saltar e arremessar , como tivemos a oportunidade de constatar na literatura. Quando foi perguntado, quanto às dificuldades apresentadas para que fosse desenvolvido um trabalho com o atletismo na escola, a questão não foi respondida pelos professores já que, todas (100%) trabalham com o atletismo nas aulas curriculares. Quando foi perguntado, no tocante ao local onde são desenvolvidas as atividades relativas ao atletismo, 100% dos professores responderam que desenvolvem na própria escola. Do mesmo modo quando perguntou-se, em que turnos são desenvolvidas as atividades, 100% responderam em turno escolar. 25 29 8 21 Quadra 6/14 Pátio 4/14 17 Pista 2/14 Outros 7/14 Campo 5/14 Figura 3 - Natureza do local em que se desenvolve o trabalho em atletismo. Ao analisarmos a figura, podemos observar as reais condições das escolas públicas em Porto velho. Nestas instituições, os professores principalmente os de xxxiv educação física, têm que realizar as atividades em locais adaptados, mesmo que estes locais não satisfaçam as necessidades para a prática do esporte. A questão que faz referência a metodologia utilizada no atletismo escolar, é demonstrada na figura abaixo. Analisando estes dados, entendemos que o atletismo ainda encontra-se em fase de desenvolvimento nas escolas, sem uma padronização de procedimentos metodológicos. Durante a pesquisa encontrei poucos autores que falavam sobre metodologia. Na sua maioria, a literatura fala somente sobre competições, o que nos leva a refletir sobre os dados obtidos. 25% 29% 21% 25% De Forma Recreativa Teórico/Prático De Acordo com Desenvolvimento da Turma Não Respoderam Figura 4 - Metodologia utilizada no atletismo escolar Segundo SCHMOLISKY (1992) existem diversos caminhos para se chegar ao resultado esperado, porém, o caminho a ser percorrido vai depender dos objetivos da escola e do professor, por esses motivos é que os autores citam variadas metodologias. xxxv Tabela 03: escolas possuem equipes representativas de atletismo para as competições. Escolas com equipes (f) % Sim 4 29 Não 10 71 ∑ 14 100 Verificando a tabela 03, podemos observar que a maioria das escolas atingidas por este estudo (71%) não possue equipes representativas de atletismo para competições, apenas trabalham com iniciação atlética durante as aulas curriculares. Apenas 29% das escolas possuem equipes representativas para competições. Através destes dados podemos concluir, que a escola não tem objetivos competitivos em relação ao esporte, utiliza a prática apenas como componente curricular, para preparação física, moral e social do aluno. A literatura confirma que as escolas não devem ter objetivos de formar atletas e sim cidadãos. Na figura 5 veremos os principais naipes (sexo) e categorias existente nos 29% das escolas que possuem equipes representativas de atletismo para competições. xxxvi 80% 60% 40% 20% 0% Infantil Juvenil Feminino Livre Masculino Figura 5 – Percentuais dos naipes e categorias trabalhadas nas escolas. Podemos observar que mesmo nas escolas onde existem equipes representativas para as competições, as equipes estão divididas no mesmo percentual, tanto para os naipes quanto para as categorias. O resultado demonstra que as escolas não estão preocupadas com o nível dos competidores, e sim que cada categoria tenha a sua representatividade tanto no masculino, quanto no feminino. Em relação a como são selecionados os alunos/atletas, das 04 escolas que possuem equipes representativas, todas (100%) responderam que fazem suas escolhas através de testes; duas acrescentaram que o fazem também através de voluntariado e uma também através de biótipo. Para SCHMOLINSKY (1992), os exercícios atléticos têm efeito benéfico no desenvolvimento do organismo humano e tanto no treino como na competição servem para modelação do caráter dos jovens. Logo, é importante a participação dos alunos nas competições, todavia, não se deve fugir dos objetivos da escola. Além dos benefícios à saúde, consegue desenvolver qualidades como: decisão, força e vontade, perseverança, autodisciplina, lealdade, espírito coletivista e prontidão. xxxvii Na tabela 04, são apresentados dados referentes à existência, ou não, de literatura sobre atletismo na escola ou com o professor. Tabela 04 – Existência de bibliografia sobre atletismo na escola ou com o professor. Possui bibliografia (F) % Sim 9 64 Não 5 36 ∑ 14 100 Verificando a tabela 04, podemos constatar que nem todos os professores que desenvolvem um trabalho em atletismo têm à sua disposição um referencial teórico a respeito do assunto. Boa parte (36%) não dispõe deste importante instrumento para o desenvolvimento do seu trabalho. Sabemos que quanto mais o professor tiver acesso a conteúdos teóricos-práticos de sua área de atuação, melhor será o seu rendimento e conseqüentemente o desenvolvimento de seus alunos. Tabela 05 – Professores que possuem cursos específicos em atletismo/treinamento desportivo. Professores com curso (F) % Sim 7 50 Não 7 50 ∑ 14 100 xxxviii Ao analisarmos a tabela 05, observamos que a metade (50%) dos professores que trabalham com o atletismo, não possue curso específico na área. Este dado pode explicar as possíveis dificuldades para o desenvolvimento do trabalho na escola. Em contrapartida, a outra metade (50%) possuem curso na área, o que pode demonstra além do interesse dos professores uma preparação técnica específica para tal atividade no âmbito escolar. Estes dados contrastam com o pouco apoio institucional para o desenvolvimento do atletismo na escola, conforme veremos na figura 6. 23,50% 23,50% 6% 47% Falta de Infra-Estrutura Falta de Conhecimento Falta de Apoio Institucional Outros Figura 6 – Principais dificuldades encontradas pelos professores nas aulas. Analisando a figura 06, verificamos que a maioria das respostas obtidas (47%), cita a falta de infra-estrutura como principal dificuldade para desenvolver o atletismo nas escolas, já (23,5%) citam a falta de apoio institucional (Governos Estadual e Municipal, Secretarias de Educação e outros órgãos envolvidos nesta área). Outros (23,5%) citam motivos variados, tais como: dificuldade de transporte e apoio para xxxix competições extra-escolares; não participação de escolas de 1ª e 4ª séries em competições tipo “Joer”; um período maior na grade curricular etc. Em relação às dificuldades alegadas pelos professores para ministrarem as aulas nas escolas, sabemos das dificuldades enfrentadas pelos profissionais da área, no entanto, os PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA (2001) e ORO (1984), citam que o professor deve adequar-se quanto a materiais e espaços necessários. 10% 45% 45% In te r e s s e d o s a lu n o s - 4 5 % M o tiv a ç ã o p e s s o a l - 4 5 % A p o io in s titu c io n a l - 0 % O u tr o s - 1 0 % Figura 7 – Causas de motivação para o trabalho dos professores de educação física com atletismo nas escolas. Verificando a figura 7, observamos que os principais fatores de motivação dos professores de educação física para trabalhar com o atletismo nas escolas são o interesse dos alunos e a motivação pessoal com 45% das respostas cada um, 10% citaram outros motivos e nenhum professor citou o apoio institucional como fator de motivação. xl Observa-se que em Porto Velho, como no restante do país, o professor (educador) tem que ter bastante amor a profissão ou do contrário não conseguirá superar as dificuldades encontradas nas escolas públicas. A motivação pessoal e o interesse dos alunos são a força para continuar trabalhando, como pudemos observar nas respostas obtidas. Na última pergunta do questionário, indagamos aos professores sugestões que pudessem melhorar o desenvolvimento do atletismo escolar em Porto Velho. Citaremos as principais sugestões mencionadas pelos professores: Melhoria na infra-estrutura das escolas; Maior apoio dos órgãos institucionais da área e até mesmo da iniciativa privada; Maior número de competições principalmente nas categorias pré-mirim e mirim; Oferta de cursos específicos para os professores; Uma maior carga horária disponível na grade curricular; Ronda médica nas escolas para avaliação dos alunos; Melhoria da merenda escolar; Estágio supervisionado de acadêmicos na área; Bolsa atleta para os alunos destaques; Projetos escolares voltados para melhoria do atletismo; xli V - CONCLUSÃO Ao término do presente estudo, podemos verificar que (58%) das escolas públicas de ensino fundamental em Porto Velho oferecem o atletismo como parte integrante do currículo. Apesar disto o esporte em questão ainda é pouco trabalhado e quando trabalhado, é de forma precária, em poucas modalidades e sem objetivos definidos. Verificamos que em 42% das escolas pesquisadas, o atletismo não está incluso na grade curricular e o principal motivo alegado pelos professores para a não inclusão foi a falta de infra-estrutura. Este é o mesmo motivo alegado pelos (58%), no qual o atletismo está incluso, quando perguntado sobre a principal dificuldade encontrada para desenvolver o esporte na escola. Isso significa que, embora a teoria demonstre que o professor deva trabalhar o esporte na escola, fazendo adaptações quanto ao local e materiais necessários, as condições que ora as escolas públicas apresentam, são muito precárias. Esta condição desmotiva os professores, prejudicando desta forma o trabalho com o esporte em questão. Outro motivo alegado pelos professores para a não inclusão do esporte no currículo escolar foi por a escola trabalhar com turmas do ensino infantil e 1º e 2º ciclos, o que demonstra uma falta de conhecimento. As teorias mostram justamente o contrário, desde os primeiros anos escolares a criança deve aprender as formas básicas de andar, correr, saltar e arremessar objetos. Significa dizer que é exatamente nesta faze que se deve trabalhar ou iniciar esta modalidade esportiva. No tocante a equipes representativas para competições, observamos que poucas escolas possuem equipes e que a representação é igualitária em todos os naipes e xlii categorias, e em suas divisões por sexo. Fica evidente que as escolas não têm interesse em vitórias e sim em participação, seguindo o que manda a literatura. Verificamos que parte dos professores não tem qualificação na área e nem possuem acesso a bibliografias específicas, o que o leva a visões errôneas sobre a prática do atletismo na escola, conforme apresentado anteriormente. Por outro lado, verificamos durante a pesquisa que o atletismo, ainda é pouco difundido como parte da educação física escolar. Na internet e outros meios de comunicação só se fala em competições, deixando-se de lado a metodologia do esporte no âmbito escolar. É uma esfera pouco explorada e os professores ainda dispõem de pouca criatividade para adaptar provas e criar metodologias atraentes e diversificadas. Como os escolares não podem viver de recordes e superação de performances, o atletismo deveria acompanhar a cultura corporal de forma a integrá-la com a natureza. São inúmeras as formas com as quais se pode construir um atletismo alternativo e possível dentro do universo escolar. É preciso ousadia na confecção de projetos de novo tipo e sobretudo incentivo às crianças e adolescentes nas corridas, saltos, lançamentos, arremessos, etc. Logo, não só pelo enunciado anterior, como outros autores assim colocam, o atletismo pode e deve ser incluído na educação física escolar, desde o ensino infantil, inicialmente de forma lúdica e aos poucos nas series posteriores incluindo-se as formas mais complexas e as regras oficiais. Desta forma podemos concluir que o atletismo escolar em Porto Velho, precisa urgentemente de maior apoio e incentivo e de um maior acompanhamento, por parte da secretaria de Educação do Estado e do Município. Só assim no futuro poderemos ter um estado e um município com maior representatividade nessa área esportiva. xliii REFERÊNCIAS BARBIERI, César Augustus S. ; BITTAR, Ari Fernando. Esporte Educacional: uma proposta renovada. Org. Recife: Universidade de Pernambuco / UPE – ESEF MEE/INDESP, 1996. CADERNO TÉCNICO-DIDÁTICO DE ATLETISMO. Brasília: MEC/DEFD, 1997. Brasil. Ministerio da Educação. FERNANDES, José Luís. Atletismo: arremessos. São Paulo: EPU: 1978. FERNANDES, José Luís. Atletismo: os saltos. São Paulo: EPU: 1978. FERNANDES, José Luís. Atletismo: corridas. São Paulo: EPU: 1979. FARIA JUNIOR, Alfredo Gomes de. Didática de educação física: formulação de objetivos. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. FERREIRA, Vera Lúcia Costa. Prática da educação física no 1º grau: modelo de reprodução ou perspectiva de transformação? São Paulo: IBRASA, 1984. GO, Tani. et al. Educação escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: EPU - Editora da Universidade de São Paulo, 1988. LENCINA, Lyselenne de Ávila. ROCHA JR., Ivon Chagas da. Diagnóstico do atletismo escolar em Santa Maria. In: Revista Kinesis, N.º 25, p. 71-89. Santa Maria, 2001. KIRSCHE, August. KOCH, Karl. ORO, Ubirajara. Antologia do atletismo: metodologia para iniciação em escolas e clubes. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S/A, 1984. xliv KRING, Ray F. Atletismo nas escolas: guia prático de treinamento. 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1982. MAGNANE, Georges. Sociologia do esporte. São Paulo: Perspectiva, 1969. MATRIZ CURRICULAR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO DE RONDÔNIA, ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO, 2002. MOREIRA, Wagner Wey. Educação física escolar: uma abordagem fenomenológica. 3 ed. Campinas, SP: Ed. Da Unicamp, 1995. NEGRINE, Airton. O ensino de educação física. Porto Alegre. Rio de Janeiro: Globo, 1983. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA 1º E 2º CICLOS DO ENSINO FUNDAMENTAL. 3 ed. Brasília: Ministério da Educação, 2001. PICCOLO, Vilma L. Nista. Educação física escolar: ser... ou não ter? Org. 3. ed. Campinas, SP. Editora da Unicamp, 1995. RODRIGUES, Maria. Manual teórico-prático de educação física infantil. São Paulo: Icone, 1993. SCHMOLINSKY, Gerhardt. Atletismo. 3. ed. Editorial Estampa – Lisboa, 1992. SEYBOLD, Annemart. Educação física: princípios pedagógicos. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1980. TUBINO, Manoel José Gomes. As dimensões sociais do esporte. (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo; V. 44). São Paulo. Ed. Cortez, Autores Associados, 1992. xlv ANEXO Prezado (a) Professor (a). O presente questionário tem como objetivo conhecer a realidade do atletismo nas escolas publicas do Porto Velho: principais dificuldades e formas de trabalho. Os resultados da pesquisa irão fazer parte da minha monografia de conclusão do curso de Educação Física, da Unir, sob orientação da professora Dr. Ivete de Aquino Freire. Solicito e agradeço a vossa participação no presente trabalho através questionário. do preenchimento do referido xlvi Irinaldo Soares da Silva Fone: 9284-8140 Escola __________________________________________________________________ Data ___/___/___ Professor(a) (opcional)___________________________________________________________________ ____ 1)O atletismo faz parte do currículo de Educação Física da Escola que você trabalha? ( ) Sim ( ) Não Caso sua resposta seja negativa, justifique:____________________________________________________________________ _____________ ___________________________________________________________________________ ______________ Se você respondeu sim, continue preenchendo o questionário. Se respondeu não, obrigado por sua colaboração. 2)Em sua escola trabalha-se com o Atletismo não competitivo (nas aulas curriculares)? ( )Sim ( )Não ( )As vezes Se sua resposta foi positiva descreva as principais atividades atléticas desenvolvidas. ___________________________________________________________________________ ______________ Caso sua resposta foi negativa assinale o por quê. ( ) Carência de instalações ( ) Falta de Capacitação Pedagógica ( ) Poucas Competições ( ) Outros ___________________________________________________________________________ _____ 3)Caso fossem sanadas as dificuldades apresentadas acima seria desenvolvido um trabalho em atletismo em sua escola? ( ) Sim ( ) Não 4)Em que locais desenvolve-se o trabalho em atletismo? ( ) Na própria Escola ( ) Em local Emprestado ( ) Aberto ( ) Fechado ( ) Outros ___________________________________________________________________________ _____ 5) Qual a natureza do local? ( ) Quadra ( ) Pista ( ) Campo ( ) Pátio ( ) Outros______________________________________________________________________ __________ xlvii 6) Em que turno desenvolve-se este trabalho? ( ) Turno Escolar ( ) Fora doTurno Escolar 7) Qual metodologia (método) é normalmente utilizada para o ensino de atletismo em sua escola? 8) Sua escola tem equipe representativa de atletismo nas competiçoes? ( ) Sim ( ) Não Se sua resposta foi positiva diga quais naipes (sexo) e categorias 9) Como são selecionados os alunos/atletas. ( ) Voluntário ( ) Biótipo ( ) Testes (Velocidade, impulsão, Força, Resistência) ( ) Outros ___________________________________________________________________________ _____ 10) A Escola ou o(s) Professor(es) possui(em) bibliografia sobre Atletismo/Treinamento Desportivo? ( ) Sim ( ) Não Cite alguma(as) Obra(as) e o(os) Autor(es) que você conhece. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ____________________________ 11) Você possui curso(os) especifico(os) em atletismo/Treinamento Desportivo? ( ) Sim ( ) Não Se sua resposta foi positiva diga qual ou quais: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ____________________________ 12)Na sua opinião, o que dificulta o seu trabalho em atletismo na escola? ( ) Falta de Infra Estrutura ( ) Falta de Conhecimento Especifico do desporto ( ) Falta de Apoio Institucional (Direção da Escola, Coordenação de Ed. Física) ( ) Outros ___________________________________________________________________________ ____ 13) O que mais motiva você trabalhar com atletismo na escola: ( ) Interesse dos alunos ( ) Apoio institucional (Direção da escola, coordenação, etc) ( ) Motivação pessoal (gosta do desporto, acredita no seu potencial educacional xlviii ( ) Outros ___________________________________________________________________________ _____ 14) De sugestões que possam melhorar o desenvolvimento do Atletismo Escolar em Porto Velho. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ____________________________