O Brasil é uma montanha-russa. Os nossos pontos altos são lá em cima. E os baixos, vertiginosamente lá embaixo. No meio, só a queda livre e a subida íngreme.
Ontem, uma máxi fazia parecer que o mundo iria acabar. De repente, o dólar recua, a bolsa sobe e os investimentos começam a voltar. Amanhã, quem sabe?
Vendo por esse ângulo, parece lógico concluir que começar uma agência de propaganda agora não é exatamente a idéia que um instituto de pesquisa recomendaria.
Mas alguém por acaso se lembra de uma boa agência que tenha esperado pelo Brasil, pelos políticos ou pela economia para começar a funcionar?
O Brasil é assim, e quem não tem estômago para montanha-russa não deveria comprar o ingresso. É verdade que nos acostumamos aos últimos anos de estabilidade e,
pela primeira vez, por causa do gostinho bom na boca, é mais difícil aceitar de novo o frio que a instabilidade dá no estômago. Mas é essa a realidade.
A estratégia é novamente passageira da tática. E, nesse sentido, a hora é oportuna sim, porque uma agência de propaganda parida numa economia de guerra
já nasce pensando naturalmente nos estoques que precisam ser escoados; no market share que precisa ser retomado, mantido ou conquistado; nas marcas que
precisam ser construídas ou protegidas; e nos consumidores que precisam ser tirados da apatia. Uma agência nascida numa economia de guerra se apresenta enxuta,
não por cortes, mas por consciência. Não é criativa por causa da necessidade de prêmios, mas por causa da necessidade vital de índice de recall. E
não nasce rápida e desburocratizada por causa das tendências de downsizing, mas porque se não correr, o bicho pega mesmo.
Em suma, o cenário é problemático, mas qual a novidade? Em propaganda o problema é o briefing, e uma agência que começa agora tem de acreditar que é nesse
vendaval que o joio se separa do trigo e que a boa propaganda e a boa agência são sempre mais lembradas pelo valor do que pelo custo. Além de tudo isso, com o
próximo milênio à frente, montar uma agência que leva em consideração o que os clientes, os profissionais e a comunicação vêm sentindo como necessidade é
chutar para dentro uma bola que está quicando na linha.
Para muitos, o fim deste ano é como todos os 1999 anteriores e não vai acontecer nada de especial só porque o número no calendário vai ficar cheio de zeros.
É verdade. Nada vai mudar por causa do novo milênio. Mas não é esse o ponto. O ponto é: já que vamos para um novo milênio, por que não mudar?
A virada é um momento de oportunidade e motivação psicológica ideal para rever coisas que estão velhas, ultrapassadas e ocupando espaço.
Desse ponto de vista, a Neogama tem a sorte de começar no momento em que se vai cruzar uma linha simbólica de mudança. Ela já começa fazendo sociedade com
o novo, apoiada no modelo que vai contemplar não só a propaganda convencional, mas todas as ferramentas da comunicação disponíveis e cada vez mais necessárias.
Por outro lado, esse modelo vai respeitar os princípios que fazem a diferença entre uma grande agência e uma agência grande. Princípios como: em comunicação, a
qualidade dos profissionais determina a qualidade do trabalho e a qualidade dos resultados. Nessa ordem (que tantas vezes é subvertida). Para finalizar, os analistas
têm sido unânimes em dizer que, no próximo século, a escassez não será de capital, mas de idéias. E que o dinheiro da iniciativa privada estará procurando
desesperadamente novas cabeças que façam o lucro crescer aproveitando a velocidade das mudanças. Mais uma razão para acreditar que a hora é ótima para
uma agência de propaganda realmente nova nascer. Mesmo que o berço seja um carrinho de montanha-russa.
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O Brasil é uma montanha-russa. Os nossos pontos