QUANTIFICAÇÃO DO QUOCIENTE DE INTELIGÊNCIA
UTILIZANDO DUAS ABORDAGENS: LÓGICA CLÁSSICA E
LÓGICA DIFUSA
Lucimar F. de Carvalho1, Roberto Rabello1, Rosane R. de Morais1, Sílvia M. Nassar2,Cristiane Koehler 3
1
Universidade de Passo Fundo - Campus Universitário, Bairro São José, Passo Fundo – RS
2
Universidade Federal de Santa Catarina - Caixa Postal 476, 88.040-970, Florianópolis - SC
3
Universidade de Caxias do Sul - Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130, Caxias do Sul – RS
[email protected]/ [email protected]/[email protected]/[email protected]/[email protected]
O objetivo deste trabalho é comparar e integrar os
resultados de vários testes de Quociente de Inteligência
(QI).Comparar através de testes de Inteligência Emocional
(IE) com a utilização de um software que trabalha a lógica
clássica e integrar o QI através da modelagem utilizada na
lógica difusa. O software da IE poderá ser utilizado para
quantificar a capacidade emocional das pessoas - fator
importante no desenvolvimento do QI. O software não é
utilizado para o diagnóstico definitivo, mas para apoio à
decisão do profissional da área pedagógica através da
indicação do aluno para a orientação pedagógica ou para
um apoio psicológico. Para fazer a quantificação foram
implementados dois sistemas informatizados: o primeiro
sistema utiliza a lógica clássica para representar o
Quociente Emocional através da utilização de um
questionário desenvolvido junto com a psicóloga. O
segundo sistema consiste na implementação de um software
para quantificar o Quociente de Inteligência utilizando a
lógica difusa.
de personalidade oferecem informações sobre as qualidades
e fraquezas dos pacientes. Os testes de QI são informações
preciosas relativas ao diagnóstico e podem resultar a partir
da avaliação completa da personalidade. Os testes bem
quantificados podem ajudar na determinação do progresso
obtido pelos pacientes ao longo de outros programas de
tratamento médico. Por esta razão, torna-se necessário
comparar, integrar e refinar os resultados de testes da IE e
do QI [1]. Estudos estão sendo realizados no sentido de
trabalhar a IE das pessoas. A partir destes resultados, tornase importante ter uma metodologia para trabalhar o QI –
neste sentido está sendo proposto fazer a quantificação do
QI utilizando a Lógica Difusa para quantificar a utilização
de três tabelas: Wais,
Stanford Binet e Matrizes
Progressivas. A Lógica Difusa é um ramo da lógica que
utiliza graus de pertinência em conjuntos no lugar de uma
pertinência estritamente verdadeira ou falsa. É uma
ferramenta ideal para demonstrar o processo de imprecisão
que ocorre quando mais de uma tabela for aplicada.
Certamente este aspecto é o mais difícil da avaliação
psicológica.
1. INTRODUÇÃO
2. METODOLOGIA
O que hoje se define como Inteligência Emocional –
baseado nas contribuições de Goleman [1], envolve o
desenvolvimento do auto-conhecimento, da capacidade de
administrar emoções, da habilidade de manter a motivação
frente aos problemas da vida cotidiana, da empatia – ou seja
– a arte de se colocar no lugar do outro e perceber os
sentimentos e a comunicação não verbalizada de outro
indivíduo ou de um grupo de indivíduos. Com isto pode ser
integrado à habilidade de lidar com as reações emocionais
das outras pessoas, interagindo com arte, tato e
sensibilidade.
Trabalhar a favor da IE traz melhores resultados na vida das
pessoas. Deve-se, portanto, sempre que possível,
desenvolver projetos que favoreçam a educação formal e
emocional. Todos possuem algumas habilidades
emocionais, porém algumas pessoas têm um desempenho
excelente em uma determinada área, enquanto outras
apresentam afinidades em outras áreas.
Na medida que a IE for trabalhada e treinada, os resultados
serão significativos nos testes de QI. Os testes psicológicos
de inteligência fazem parte da prática clínica. As avaliações
O QI em adultos pode ser classificado em uma faixa que
abrange os conceitos de Gênio - Normal a Retardo Mental
(Profundo, Grave, Moderado e Leve). Para medir o
Quociente de Inteligência e para classificá-lo existem várias
escalas utilizadas na prática clínica. Neste artigo são
abordadas três das principais escalas: a WAIS (Escala
Wechsler de Inteligência Adulta) [2], a Stanford-Binet [2]
e a Tabela Progressiva [3].
A seguir serão descritas as etapas do processo de
quantificação da Inteligência Emocional e do Quociente de
Inteligência.
RESUMO
2.1. QUANTIFICAÇÃO DO QUOCIENTE
EMOCIONAL
A importância dos aspectos emocionais no desenvolvimento
intelectual das pessoas é indiscutível, sendo assim, foi
desenvolvido um software para fazer uma quantificação da
inteligência emocional com o objetivo de apoio a decisão
de encaminhar as pessoas para tratamento psicológico ou
950-7132-57-5 (c) 2001, Sociedad Cubana de Bioingeniería, artículo 00249
psico-pedagógico. O sistema é composto de sete
questionários, desenvolvido em conjunto com a psicóloga
Rosane Rabello de Moraes. O questionário aplicado está
dividido em sete módulos com 20 perguntas cada, desta
forma o resultado pode ser tornar mais confiável. As
questões respondidas abordam anamnese, corpo, família,
amor, sociedade, laser e relacionamento interpessoal como
mostra a Fig.1.
pertinência do elemento x pertencer ao conjunto universal
X. O Conjunto Difuso é formado por um ou mais conjuntos
que são identificados por variáveis lingüísticas e
caracterizados pelas suas funções de pertinência. Um
Conjunto Difuso generaliza o conceito de pertinência pelo
uso da função µ que retorna um valor entre 0 e 1 que
representa o grau de pertinência que um objeto x tem em
µ
relação ao conjunto A, Fig.2.
RM_prof RM_Grave
RM_Moderado
1
0
20
25
35
40
55
Fig. 2. Conjunto Difuso da Variável Lingüística Retardo Mental (RM)
Fig. 1. Quantificação da Inteligência Emocional
2.2. QUANTIFICAÇÃO DO QUOCIENTE DE
INTELIGÊNCIA
Serão apresentados alguns conceitos básicos sobre lógica
difusa aplicada aos testes de Quociente de Inteligência.
• Variáveis Lingüísticas - são variáveis cujos valores não
são números, mas palavras ou frases na linguagem natural,
representam um espectro de valores. Evidencia-se o
conceito de Princípio de Extensão, ou seja, a maioria das
representações matemáticas podem ser adaptadas para a
manipulação com variáveis lingüísticas. Desta forma as
variáveis lingüísticas podem assumir um número infinito de
classificações conforme mostra a Tabela 1:
• Função de Pertinência - uma função de pertinência
deverá refletir o conhecimento que se tem em relação a
intensidade com que um objeto pertence a um Conjunto
Difuso. A função de pertinência é utilizada para medir o
grau de pertinência de um objeto a um Conjunto Difuso.
Utiliza-se o conceito de conjunto difuso normalizado, ou
seja, quando o grau de pertinência estiver no intervalo entre
0 e 1.
A seguir uma descrição simplificada das tabelas utilizadas
na Quantificação do QI.
•
Escala Wechsler de Inteligência Adulta (WAIS)
– a escala WAIS é o teste de inteligência melhor
padronizado e mais amplamente utilizado na
clínica atual. Foi elaborado por David Wechsler,
no Centro Médico da Universidade de Nova
Iorque e no Hospital Psiquiátrico Bellevue, em
1939 [2]. Os testes psicológicos da Inteligência e
Personalidade são parte integrante da prática
clínica. Estes poderão ajudar na determinação do
progresso feito pelos pacientes ao longo de outros
tratamentos. A confiabilidade do WAIS é muito
alta, considerando que, atualmente é o teste mais
utilizado para avaliar a Inteligência em adultos
•
Escala Stanford-Binet – a escala Stanford-Binet
deriva do conjunto de dados interpretativos e
experiência clínica que têm sido acumulados com
relação a este teste. Para muitos clínicos,
educadores e outros dedicados à avaliação do nível
geral da habilidade, o QI do Stanford-Binet
tornou-se quase sinônimo de inteligência. As
distribuições dos QI nas amostras de padronização
Tabela 1.
Exemplo de Variáveis Lingüísticas
Variável Lingüística
Retardo Mental (Wais)
Inteligência (Matrizes
Progressivas)
Valores Típicos
Profundo, Leve, Moderado,
Grave
Inferior a Média, Mediana,
Superior a Média
• Conjuntos Difusos - um Conjunto Difuso A é uma classe
de objetos com contínuos graus de pertinência, a qual
designa a cada objeto x um grau de pertinência, que está
entre o intervalo zero e um (2).
A = { ( x, µ A (x) ) | x ∈ X } onde,
µ A (x) = função de pertinência ou grau de
para o Stanford-Binet de 1916, e posteriormente
para a revisão de 1937, deram um esquema comum
de referência para a interpretação do QI.
•
Matrizes Progressivas ( Escala Geral ou Teste
de Raven) - a escala das Matrizes Progressivas
foi introduzido no Brasil em 1949 e era aplicado
na Escola de Cadetes do Ar, de Barbacena. A
partir dessa data passou a formar parte de muitas
baterias de seleção, tanto para profissões
elementares como para cargos de nível superior
[3]. Pesquisa realizada pela Escola de Cadetes no
Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto
Alegre revela ser um dos instrumentos preferidos
pelos psicólogos, preferência que não se restringe à
rotina da orientação e seleção. É utilizado como
coadjuvante para o estudo de casos de deficiência
mental, física e auditiva, de distúrbios de
linguagem e psicomotricidade e disfunções
cerebrais.
2.2.1 Estrutura do Sistema Especialista Difuso
O Sistema Difuso para Quantificação do Quociente de
Inteligência foi implementado na Shell UNFUZZY, versão
1.1 como mostra a Fig. 3.
3. CONCLUSÕES
A proposta de criar pessoas emocionalmente inteligentes
está diretamente relacionada com a capacidade das pessoas
serem elas mesmas, em todas as circunstâncias e
adversidades que a vida impõe, e ainda com as limitações
pessoais de cada fase da existência humana. O resultado de
pesquisas revelam que grande parte do aprendizado e
desenvolvimento intelectual, depende da inteligência
emocional. Desta forma, tornou-se importante integrar a
Inteligência Emocional com o Quociente de Inteligência.
Com o apoio de uma psicóloga, sua experiência e vários
testes desenvolvidos e aplicados no seu dia a dia,
juntamente com uma comparação de métodos, foi
desenvolvido o software com uma consistência aceitável.
A utilização da Lógica Difusa justifica-se porque: a) as
faixas de QI são informações imprecisas, e a Lógica Difusa
trata esta imprecisão nas informações; b) inexistência de
limites precisos entre as classificações de QI; c) falta de
clareza na definição da nomenclatura das faixas de QI; d)
inexistência de padronização nos critérios de faixas de QI.
A shell Unfuzzy foi escolhida pelas seguintes vantagens: a)
o sistema gera automaticamente todas as regras; b) rapidez
na atualização/manutenção das regras; c) o número de
regras é proporcional ao número de variáveis lingüísticas;
d) define rapidamente todos os conjuntos de cada variável,
devido a combinações de diferentes funções de pertinência;
e) facilidade e rapidez de realizar comparações entre os
métodos de defuzzificação pois combina diferentes
métodos; f) possui uma interface gráfica que facilita a
documentação.
Ambos os sistemas desenvolvidos podem ser utilizados no
auxílio à tomada de decisão. Tem-se como metas futuras
fazer a quantificação difusa dos questionários relativos ao
Quociente Emocional e ao Quociente de Inteligência,
possibilitando a integração de ambos os sistemas.
REFERÊNCIAS
Fig. 3. Defuzzificação das Tabelas Wais, Matrizes Progressivas e StanforBinet.
[1] Goleman, Daniel. Inteligência emocional, a teoria revolucionária que
define o que é ser inteligente. Rio de Janeiro:Objetiva.
[2] Kaplan, H.I. et al. Compendio de Psiquiatria –
Comportamento e Psiquiatria Clinica. Editora Artes Medicas – 7a.
Edição – 1997
[3] Raven, J. C., Matrizes Progressivas. Escala Geral – séries A, B, C, D
e E. CEPA: Centro Editor de Psicologia Aplicada, Rio de Janeiro:
2000.
[4] Zadeh, L.A. & Kacprzyk, J. Fuzzy Logic for the Management of
Uncertainty. John Wileym New York, 1992.
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