Professor Douglas Gomes Ciências da Natureza e suas Tecnologias FÍSICA Material disponível em https://sites.google.com/site/afisicanamusica/txt, elaborado por uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ): Maria Lúcia Baptista; Monique Conceição; Vanessa Conceição; Luiz Roberto Baptista e Wislanildo Franco. CARACTERÍSTICAS DOS SONS MUSICAIS Nos últimos anos temos visto crescer o interesse pela relação Física-Música, tanto por parte dos físicos quanto dos músicos. Cada um em sua área pode trazer contribuições importantes e assim podem ser desenvolvidos conhecimentos que de outra forma seriam muito difíceis de serem alcançados. Tanto a Música quanto a Física têm regras rígidas e dão muito prazer em resolver seus problemas. Estudar Física (Acústica) através da Música é simplesmente misturar as linguagens que isoladas são incompletas por si só. A Música se preocupa muito com a estética. A linguagem da Física propõe números, enquanto a da música usa termos que às vezes são meio imprecisos quanto à especificação numérica de um fato acústico. As características dos sons musicais podem ser analisadas qualitativamente, de acordo com a percepção como: altura, intensidade, timbre e duração e quantitativamente, de acordo com as características físicas: frequência, amplitude, superposição de diferentes componentes de Fourier e tempo. A altura na Música é o termo para indicar sons agudos, médios ou graves, enquanto na Física usa-se o termo frequência, que indica em Hertz a quantidade de vibrações por segundo de um som. A variação da altura é feita alterando-se a frequência. Então se temos uma grande quantidade de vibrações por segundo o som será agudo e se tivermos uma pequena quantidade o som será grave. Quanto maior a frequência maior a altura. Percorrendo o espaço vibratório podemos ver que somos dotados de sentidos que nos permitem ouvir os sons do meio ambiente que estamos e que cobrem uma faixa média de 20 a 20.000 Hz ou ciclos por segundo. A Escala Geral, que compreende todos os sons utilizados em música, dispõe de 97 sons, em intervalos iguais, ou seja, de 27.5 Hz a 7040 Hz, correspondendo ao lá2 até o lá7. Convencionou-se que o lá3 teria 440 Hz, o chamado diapasão, onde as orquestras afinam seus instrumentos. O pentagrama ou pauta musical, com suas claves, informa ao executante que alturas ou frequências ele terá que tocar. 4 4 Figura 3: Piano e violino a) ∆p Amplitude O estudo da Acústica só faz sentido se pudermos dar significado aos conceitos que estudamos. Esse significado deve ser relacionado aos nossos conhecimentos prévios, associados às nossas percepções. Muitos desses conhecimentos encontram-se nas nossas percepções cotidianas do som, no contexto dos ruídos e das músicas que ouvimos. Portanto, leia o texto a seguir, para aprofundar essas relações! 1,0 0,5 0 Flauta t f 1 f 2 f 3 f 4 f 5 f6 f7 ∆p b) 1,0 0,5 0 Clarinete t f 1 f 2 f 3 f 4 f 5 f6 f7 ∆p c) Clave de Dó Clave de Fá Figura 2: As 3 claves usadas atualmente, de sol, de dó e de fá, para sons agudos, médios e graves Amplitude Figura 1: Clave de Sol, compasso 4 por 4 e 2 semínimas. Clave de Sol 26 A intensidade na Música é indicada por: piano, meio-forte, forte, fortíssimo. Fisicamente essa variação se explica pela quantidade de energia que se propaga por unidade de área e tempo. A intensidade do som diz respeito à amplitude da onda sonora, que caracteriza a variação dc pressão (∆p) ou variação de massa específica (∆ρ) do meio em que se verifica a sua propagação. Por causa da grande variação de intensidade para as quais o ouvido é sensível, torna-se mais conveniente usar uma escala logarítmica que arimética NIS = 10 log (I/Io) é o nível de intensidade sonora, onde Io = 10–12 W/m2. O timbre é uma característica do som, que está diretamente ligada ao corpo sonoro que o produz. Cada corpo sonoro tem peculiaridades que os distingue. O timbre se relaciona diretamente com a composição harmônica da onda sonora, e nos permite identificar a procedência do som. O timbre é a personalidade do som: a flauta, uma buzina, um violino e um tímpano soam bem diferentes, mesmo que emitam a mesma nota. O timbre nos permite distinguir sons com mesma altura e intensidade, mas com diferentes componentes dc Fourier, isto é, superposição de ondas com frequências múltiplas da fundamental, distribuídas com diferentes amplitudes. A análise do Fourier é o procedimento matemático que permite decompor a onda sonora complexa em suas componentes simples. A presença das vibrações harmônicas faz com que a forma da onda sonora não seja mais senoidal. Amplitude APRENDENDO FÍSICA ATRAVÉS DA MÚSICA (E VICE-VERSA) nº 1,0 0,5 0 Trompete f 1 f 2 f 3 f 4 f 5 f6 f7 t Ciências da Natureza e suas Tecnologias a) Amplitude ∆p 1,0 0,5 0 Violino t f1 f2 f3 f4 f5 f6 f7 frequência ∆p Amplitude b) 1,0 0,5 0 Piano t f1 f2 f3 f4 f5 frequência Figura 2.5: Modos de vibração numa flauta transversa Figura 4.a e 4.b: Formas de ondas para alguns instrumentos de sopro (4.a) e de cordas (4.b). Observe que o espectro do clarinete mostra principalmente os harmônicos ímpares, enquanto a flauta e o trompete têm igualmente harmônicos ímpares e pares. O espectro sonoro abaixo de cada forma de onda mostra os harmônicos ímpares e pares. O espectro sonoro abaixo de cada forma de onda mostra os harmônicos presentes nos tons complexos e suas amplitudes relativas. [...] INSTRUMENTOS DE CORDA A corda vibrante pode ser descrita como o caso limite do sistema massa-mola quando o número de massas torna-se muito grande, lembrando que a própria corda possui massa e a sua constante elástica. Ocorrem muitos modos de vibração e suas frequências apresentam-se muito próximas dos múltiplos da frequência do modo mais baixo ou fundamental. Quando os modos altos têm frequências fundamentais que são múltiplos inteiros da frequência fundamental, chamamo-os de harmônicos. Alguns modos de vibração de corda são ilustrados na figura 2.2. São exemplos de instrumentos de corda: violino, violão, baixo e guitarra. [...] Figura 2.2: Modos de vibração de uma corda. INSTRUMENTOS DE SOPRO Os instrumentos de sopro são compostos, basicamente, de uma coluna de ar e de um conjunto de orifícios, que permitem variar o comprimento de sua coluna de ar. Ao variar-se o comprimento da coluna, faz-se também com que o ar vibre em diferentes frequências dentro da coluna. 2 1. (Fuvest/2013) Uma flauta andina, ou flauta de pã, é constituída por uma série de tubos de madeira, de comprimentos diferentes, atados uns aos outros por fios vegetais. As extremidades inferiores dos tubos são fechadas. A frequência fundamental de ressonância em tubos desse tipo correspondente ao comprimento de onda igual a 4 vezes o comprimento do tubo. Em uma dessas flautas, os comprimentos dos tubos correspondentes, respectivamente, as notas MI (660 Hz) e Lá (220 Hz) são, aproximadamente. (Note e adote: A velocidade do som no ar é igual a 330 m/s.) A) 6,6 cm e 2,2 cm. B) 22 cm e 5,4 cm. C) 12 cm e 37 cm. D) 50 cm e 1,5 cm E) 50 cm e 16 cm 2. (PUCRS/2010) O comprimento de uma corda de guitarra é 64,0 cm. Esta corda é afinada para produzir uma nota com frequência igual a 246 Hz quando estiver vibrando no modo fundamental. Se o comprimento da corda for reduzido à metade, a nova frequência fundamental de som emitido será: A) 123 Hz B) 246 Hz C) 310 Hz D) 369 Hz E) 492 Hz 3. (PUCRS/2010) Em relação às ondas sonoras, é correto afirmar: A) O fato de uma pessoa ouvir a conversa de seus vizinhos de apartamento através da parede da sala é um exemplo de reflexão de ondas sonoras. B) A qualidade fisiológica do som que permite distinguir entre um piano e um violino, tocando a mesma nota, é chamada de timbre e está relacionada com a forma da onda. C) Denominam-se infrassom e ultrassom as ondas sonoras cujas frequências estão compreendidas entre a mínima e a máxima percebidas pelo ouvido humano. D) A grandeza física que diferencia o som agudo, emitido por uma flauta, do som grave, emitido por uma tuba, é a amplitude da onda. E) A propriedade das ondas sonoras que permite aos morcegos localizar obstáculos e suas presas é denominada refração. FB NO ENEM Ciências da Natureza Linguagens, Códigos e Suas suas Tecnologias 4. (CFTMG/2008) Em uma orquestra, uma flauta e um violino emitem sons de mesma altura e de mesma amplitude. Uma pessoa sentada à mesma distância desses instrumentos perceberá sons de: A) frequências e timbres iguais. B) frequências e intensidades iguais. C) mesmo timbre e intensidades diferentes. D) mesma frequência e intensidades diferentes. E) mesma frequência e timbres iguais. 5. (IME/2013) Quando uma corda de violão é tocada, o comprimento de onda da onda sonora produzida pela corda A) é maior que o comprimento de onda da onda produzida na corda, já que a distância entre as moléculas do ar é maior que a distância entre os átomos da corda. B) é menor que o comprimento de onda da onda produzida na corda, já que a massa específica do ar é menor que a massa específica da corda. C) é igual ao comprimento de onda da onda produzida na corda, já que as frequências das duas ondas são iguais. D) pode ser maior ou menor que o comprimento de onda da onda produzida na corda, dependendo das velocidades de propagação da onda sonora e da onda produzida na corda. E) pode ser maior ou menor que o comprimento de onda da onda produzida na corda, dependendo das frequências da onda sonora e da onda produzida na corda. FB no Enem – Nº 25 – Professor: Roberto Ricelly 1 2 3 4 5 D B B D E 73774/13 – Carlos: 05/09/2013 - Rev.: Amélia FB NO ENEM 3