O Trabalho Docente e a organização dos trabalhadores em tempos de neoliberalismo Maria Lucia Fattorelli APRUMA São Luís do Maranhão, 25 de junho de 2012 “Somente a partir da educação o homem pode alcançar, com plenitude, sua humanidade, pois a educação o constrói, fazendo com que ele seja capaz de gozar sua liberdade” Kant Neoliberalismo: modelo de acumulação capitalista que defende a não participação do Estado na economia, a privatização de empresas estatais, a livre circulação de capitais internacionais com ênfase na globalização e o constante crescimento do consumo, estimulando competição, individualismo e o egoísmo. Beneficia grandes corporações financeiras e transnacionais às custas da exploração do trabalho. CONJUNTURA GLOBAL Crise financeira social alimentar ambiental Crise de Valores Exacerbado poder do “mercado” e da grande mídia “...incrível massa retórica enganosa e desinformação.” ESGOTAMENTO DO MODELO DE ACUMULAÇÃO CAPITALISTA CONJUNTURA GLOBAL Crise Financeira Mundial Causas: Desregulamentação do mercado financeiro Derivativos sem lastro Ativos “Tóxicos” Efeitos: Grandes bancos internacionais em risco de quebra Bad Banks Mercado Bancário Paralelo EUA e Europa se endividam para salvar setor bancário EUA e Europa aceleram emissão de moeda para injetar nos bancos Expansão da crise para outros setores CONJUNTURA GLOBAL Crise do Setor Financeiro é transformada em CRISE DA DÍVIDA Instrumento de endividamento público utilizado como um sistema de desvio de recursos públicos: “Sistema da Dívida” CONJUNTURA GLOBAL Diante da CRISE DA DÍVIDA Medidas de austeridade pagamento da dívida: • Corte de gastos sociais • • • • para destinar recursos ao Congelamento e redução dos salários Demissões Reformas da Previdência Comprometimento dos Fundos de Pensão EUROPA: REAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA Grandes mobilizações e GREVE GERAL Conjuntura Atual – EUROPA Manifestações contra Troika (FMI, CE, Governos e Bancos) Grécia Portugal Irlanda Inglaterra França Espanha Discurso de Autoridades: “RISCO DE CONTÁGIO” DA CRISE EUROPÉIA DESENVOLVIMENTO ATUAL PARA PAÍSES EM •Riscos para o Fundo do Pré-sal •Fundos de Pensão •Fundo Soberano Ambiente adverso ao avanço do PL-1992 (PLC-2) O grave problema das contas do País não é a Previdência: DÍVIDA BRASILEIRA SUPERA R$ 3 TRILHÕES OU 78% DO PIB PARADOXO BRASIL • 6ª Economia Mundial • 3ª Pior distribuição de renda do mundo • 84º no ranking de respeito aos Direitos Humanos - IDH Orçamento Geral da União – Executado em 2011 – Total = R$ 1,571 trilhão R$ 708 bilhões (17% do PIB) Nota: Inclui o “refinanciamento” ou “rolagem”, pois a CPI da Dívida constatou que boa parte dos juros são contabilizados como tal. Fonte: SIAFI / Elaboração: Auditoria Cidadã da Dívida, OBEDECENDO-SE O PRINCÍPIO DA UNICIDADE ORÇAMENTÁRIA Crédito fácil, sobre o qual são feitas apostas DÍVIDA Especulação e Prejuízos Compra de títulos públicos Salvamento bancário TRIBUTOS JUROS Serviços Públicos SUPERENDIVIDAMENTO e INADIMPLÊNCIA (Maior SPREAD do mundo) DÍVIDA: impede a vida digna e o atendimento aos direitos humanos De onde veio toda essa dívida? Quanto tomamos emprestado e quanto já pagamos? O que realmente devemos? Quem contraiu empréstimos? Onde foram aplicados os recursos? Quem se beneficiou? Qual a responsabilidade dos credores e organismos internacionais nesse processo? A AUDITORIA IRÁ RESPONDER CONCEITOS Dívida Pública Dívida Interna Dívida Externa MULTILATERAL BILATERAL COMERCIAL: Dívida Externa com Banca Privada Internacional PRIVADA * DÍVIDA SOBERANA BRASIL: Dívida Externa Registrada no Banco Central – US$ milhões – 1969 a 1994 140.000,0 Outros 120.000,0 Agências Governamentais 100.000,0 BID 80.000,0 60.000,0 Banco Mundial 40.000,0 Empréstimos do FMI 20.000,0 Empréstimos em Moeda 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 - Fonte: Relatórios Anuais do Banco Central disponibilizados à CPI da Dívida. Bônus de Dívida Renegociada com bancos Dívida da ditadura •Elevação juros • Conversão da dívida pública e privada para BC Pagamento antecipado ao FMI e resgates com ágio Fonte: Banco Central - Nota para a Imprensa - Setor Externo - Quadro 51 e Séries Temporais - BC CPI: Ausência de Contrapartida real Mecanismos financeiros Conflito de interesses Falta de transparência Fonte: Banco Central - Nota para a Imprensa - Política Fiscal - Quadro 35. PAPEL DA DÍVIDA PÚBLICA • Instrumento de financiamento do Estado • Aportar recursos ao Estado PAPEL USURPADO • Instrumento do Poder financeiro que utiliza a dívida pública como um mecanismo de transferência de recursos do setor público para o setor financeiro privado • Sangria de recursos públicos “SISTEMA DA DÍVIDA” “Sistema da Dívida” Como opera •Modelo Econômico •Sistema Legal •Sistema Político •Corrupção •Grande Mídia Dominação financeira e graves consequências sociais AVANÇO NEOLIBERAL REDUZ FATIA DO TRABALHADOR Prática: •Plano Real: congelamento de salários x atualização garantida para dívida, pelo IGP-M •Benesses tributárias para bancos e grandes corporações x Confisco para trabalhadores e aumento de tributos indiretos que penalizam aos mais pobres •Lucros crescentes para bancos e grandes corporações congelamento salarial e ataques a direitos sociais e trabalhistas x •Mídia criminaliza trabalhadores que reivindicam direitos x cala ou mente sobre negociatas que aprovam medidas insanas para o K RESULTADO: A Educação recebe menos de 3% do Orçamento Gastos Federais com Pessoal (% da Receita Corrente Líquida e PIB) Fonte: Boletim Estatístico de Pessoal divulgado pelo MPO A estratégia de manutenção do Poder e da Acumulação Capitalista Lucros crescentes para setor financeiro/empresarial Financiamento de campanhas eleitorais e corrupção Extremo poder da mídia ligada ao grande capital Ilusória distribuição de riqueza Pequenos ganhos para os pobres: Bolsa Família Pífios reajustes para trabalhadores Acesso a produtos baratos: sensação de melhoria de vida Acesso a crédito/financiamentos Lucro dos bancos supera gastos com Educação Aparente queda Aumento de Provisões Fonte: Banco Central - http://www4.bcb.gov.br/top50/port/top50.asp Orçamento Geral da União – Gastos Selecionados (R$ milhões) Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional - SIAFI. Inclui a rolagem, ou “refinanciamento” da Dívida Recursos que financiam o “Sistema da Dívida” SUPER ESTRUTURA LEGAL – O PRIVILÉGIO DA DÍVIDA Constituição Federal Dívida para pagar dívida: Exceção no Art. 166, § 3º, II, “b” Ver “Anatomia de uma Fraude à Constituição” LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias Elaboração parte das Metas de Superávit Primário Garantia de atualização automática mensal para a dívida Lei de Responsabilidade Fiscal – LC 101/2000 Limites para gastos públicos Ausência de limites para o custo da Política Monetária. Transfere ao Tesouro Nacional esse custo quando negativo OUTRAS FONTES não-tributárias Lucros das estatais distribuídos ao governo, Privatizações, Dívidas pagas pelos Estados e Municípios Desvinculação de recursos específicos de outras áreas (MP 435 e 450) A FRAGILIDADE DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO Art. 212 da Constituição A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. PORÉM... Em 2010, a receita líquida de impostos da União equivaleu a apenas 11% do total do Orçamento Federal RESULTADO: A Educação recebe menos de 3% do Orçamento AJUSTE FISCAL DE DILMA 2011: Contingenciamento recorde de R$ 50 bilhões. Corte de 11% dos Recursos destinados à EDUCAÇÃO De acordo com a EC 59, DRU da Educação seria nula em 2011 2012: Novo recorde de contingenciamento: R$ 55 Bilhões PLANO ANUAL DE EDUCAÇÃO aprovado pelo Congresso: VETO de FHC Meta 20: Ampliar progressivamente o investimento público em educação até atingir, no mínimo, o patamar de sete por cento do produto interno bruto do País. Segundo o Ipea, cada R$ 1,00 investido em educação gera R$ 1,85 de impacto no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Isso significa uma taxa de retorno de quase o dobro! A JUSTE FISCAL 2012 – R$ 55 Bilhões A JUSTE FISCAL 2012 A ARMADILHA DOS FUNDOS DE PENSÃO As sucessivas reformas da Previdência no Brasil impõem ao trabalhadores a adesão ao sistema de Fundos de Pensão. • Na Argentina, a moratória de 2002 fez os Fundos de Pensão perderem 75% de seu patrimônio. • Nos Estados Unidos, desde 2008 milhões de trabalhadores perderam suas economias. • Na Europa, até a OCDE já advertiu sobre o grave risco da queda na Bolsas e dano ao Fundos de Pensão. Previdência é sinônimo de segurança. Como podemos colocar nosso futuro em “aplicações de RISCO”? ASSESSORIA DO BANCO MUNDIAL PARA FUNDOS DE PENSÃO FUNPRESP irá absorver imensas quantidades de “ativos tóxicos” que provocaram a crise financeira de 2008 A ARMADILHA DOS FUNDOS DE PENSÃO ASSESSORIA DO BANCO MUNDIAL PARA FUNDOS DE PENSÃO NACIONAL E SUBREGIONAIS Projeto: BR State Pension Reform TAL II (P089793) Valor: US$ 5 milhões Objetivo: “Significativas reduções dos custos das aposentadorias” Estados que já manifestaram interesse em participar: 23 Estados Recursos liberados para 18 Estados: RN AP RS DF RR PE SE MG ES AC PB SP MS BA CE SC GO TO COMPROMISSO DE CRIAÇÃO DE FUNDOS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR CARTA FMI 1998 Memorando de Política Econômica “Contas individuais serão estabelecidas para os participantes, tanto do setor privado (RGPS) como do setor público (RJU)...” “... vários gatilhos automáticos serão embutidos para aumentar as alíquotas de contribuições em caso de desequilíbrios financeiros” PL-1992, Art. 12, § 1.: A distribuição das contribuições nos planos de benefícios e nos planos de custeio será revista sempre que necessário, para manter o equilíbrio permanente dos planos de benefícios. CONSTITUIÇÃO FEDERAL emendada pela EC-41/2003 Art. 40 § 15. “O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios somente na modalidade de contribuição definida. CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA: •Risco zero para o mercado financeiro, para a União, autarquias e fundações públicas •Risco TOTAL para o Servidor, cujo benefício dependerá do Mercado ARGUMENTO DO GOVERNO: “Fundos de Pensão não podem aplicar em derivativos” PORÉM... Art. 44 da Resolução 3792/2009, do Conselho Monetário Naciona sobre os investimentos das EFPC (Entidades Fechadas de Previdênci Complementar): “A EFPC pode realizar operações com derivativos...” Receitas dos Planos de Previdência Privada (R$ bilhões) Fonte: FENAPREVI - Mercado de Planos de Caráter Previdenciário - Dados Estatísticos Dezembro/2011 – pág 33 INSEGURANÇA TOTAL PARA OS SERVIDORES INDEFINIÇÃO QUANTO À FORMA DE CONCESSÃO, CÁLCULO E PAGAMENTO DE BENEFÍCIOS: Art. 13. Os requisitos para aquisição, manutenção e perda da qualidade de participante, assim como os requisitos de elegibilidade, forma de concessão, cálculo e pagamento dos benefícios deverão constar dos regulamentos dos planos de benefícios ... Isca para atrair os atuais servidores ao Funpresp: Oferta de “Benefício especial” com a promessa de considerar contribuições já feitas (acima do teto do INSS) até o momento da opção INCALCULÁVEL RISCO decorrente da desregulamentação do mercado financeiro e “ativos tóxicos” OPÇÃO DEFINITIVA Art. 3º. § 7º - O prazo para a opção de que trata o inciso II do caput deste artigo será de vinte e quatro meses, contados a partir do início de vigência do regime de previdência complementar instituído no caput do art. 1º desta Lei. NÃO HÁ OPÇÃO PARA REVERSÃO AUDITORIA DA DÍVIDA Prevista na Constituição Federal de 1988 Plebiscito popular ano 2000 realizado no contexto da Terceira Semana Social: mais de seis milhões de votos AUDITORIA CIDADÃ DA DÍVIDA www.auditoriacidada.org.br CPI da Dívida Pública Passo importante, mas ainda não significa o cumprimento da Constituição EQUADOR – Lição de Soberania Comissão de Auditoria Oficial criada por Decreto Em 2009: Proposta Soberana de reconhecimento de no máximo 30% da dívida externa representada pelos Bônus 2012 e 2030 95 % dos detentores aceitaram a proposta equatoriana, o que significou anulação de 70% dessa dívida com os bancos privados internacionais Economia de US$ 7,7 bilhões nos próximos 20 anos Aumento gastos sociais, principalmente Saúde e Educação CONCLUSÃO Crise escancarou o privilégio do setor financeiro e a usurpação do instrumento do endividamento público Nações submissas aos interesses do “Mercado” Grandes somas de recursos públicos transferidos para setor financeiro Consequências: DECADÊNCIA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS, Sacrifício Social, Exclusão e Violência Terrorismo: “Não há outro caminho” Fazem parecer difícil (massa retórica enganosa e desinformação) para que acreditemos que é impossível ESTRATÉGIAS DE AÇÃO CONHECIMENTO DA REALIDADE MOBILIZAÇÃO SOCIAL CONSCIENTE AÇOES CONCRETAS • Auditoria da Dívida Pública para desmascarar o “Sistema da Dívida” e democratizar o conhecimento da realidade financeira: NÚCLEOS • Investigações pelo Ministério Público • Rever a política monetária e fiscal para garantir distribuição da renda e justiça social • Atender Direitos Humanos • TRANSPARÊNCIA e acesso à VERDADE Obrigada Maria Lucia Fattorelli www.auditoriacidada.org.br