Chico Xavier, obreiro do Senhor
Federação Espírita Brasileira
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Chico Xavier, obreiro do Senhor e Castro Alves, o apóstolo da liberdade
CHICO XAVIER,
O OBREIRO DO SENHOR
Chico Xavier, obreiro do Senhor
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Chico Xavier, obreiro do Senhor e Castro Alves, o apóstolo da liberdade
Dados biográficos
Francisco Cândido Xavier, cujo registro civil constava Francisco de Paula Cândido — nome judicialmente substituído pelo primeiro, segundo solicitação
de Chico em abril de 1966 —, era carinhosamente
conhecido como Chico Xavier. Nasceu em 2 de abril
de 1910, em Pedro Leopoldo, estado de Minas Gerais, onde residiu até janeiro de 1958. Seus pais foram
o operário João Cândido Xavier e a lavadeira Maria
João de Deus, desencarnados em 1960 e 1915, respectivamente. Em 5 de janeiro de 1959, transferiu-se
para Uberaba, outra cidade mineira, onde viveu até a
sua desencarnação, ocorrida em 30 de junho de 2002.
Aposentou-se como humilde funcionário público
federal.
Médium de intensa atividade por 75 anos, publicou, pela Federação Espírita Brasileira – FEB, em julho de 1932, Parnaso de Além-túmulo, o seu primeiro
livro mediúnico.1 Seguiram-se mais de quatrocentos
XAVIER, Francisco Cândido. Parnaso de Além-túmulo. 16. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2002.
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livros, publicados por diferentes editoras, diversos deles encontram-se traduzidos para o alemão, espanhol,
esperanto, francês, inglês, japonês e para algumas línguas eslavas. Várias obras, sobretudo os romances, foram adaptadas para o rádio, televisão e teatro.
Criatura simples, afável e operosa, jamais se beneficiou
dos direitos autorais da sua vasta produção mediúnica.
Respeitado e estimado em todo o Brasil, onde é popularíssimo, goza ele ainda de sincera admiração em outros
países.Viajou para o exterior algumas vezes, sempre no
exercício do seu mediunato.2
Chico Xavier renasceu em meio familiar muito
pobre, constituído de nove filhos. Aos 5 anos ele fica
órfão de mãe, condição que obriga seu pai a deixar os
filhos sob os cuidados de parentes e amigos, devido
à impossibilidade de educá-los sozinho. O pequeno
Chico vai morar com seus padrinhos, Rita de Cássia
e José Felizardo Sobrinho, período em que vivenciou
difíceis provações, devido à carência de amor a que foi
submetido. Entretanto, com o casamento de seu pai
com a senhora Cidália Batista — o anjo que chegaria
à sua vida, segundo anúncio mediúnico de sua mãe, o
Espírito Maria João de Deus — a paz retornou e a família foi reagregada novamente, a despeito da pobreza
em que viviam.
Em virtude da escassez de recursos com que a família
numerosa sempre se debatia, o Chico foi obrigado, desde menino, a trabalhar para que em casa não faltasse o
mínimo necessário. Fazia seus estudos elementares, ao
mesmo tempo que se dedicava aos rudes serviços de
aprendiz numa tecelagem, onde seu pai o colocara aos
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Idem.
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Chico Xavier, obreiro do Senhor e Castro Alves, o apóstolo da liberdade
9 anos de idade. Pela manhã, até as 11 horas, o Chico
assistia às aulas no grupo escolar, para, em seguida, trabalhar, até as 2 horas da manhã na fábrica de tecidos.
Tal regime não permitiu que sua instrução fosse além
do grau primário. Chico ainda trabalharia como caixeiro, garçom, ajudante de cozinheiro e, finalmente, como
obscuro funcionário do Ministério da Agricultura, condição em que se aposentou, por invalidez, em janeiro de
1961, em razão de moléstia incurável nos olhos.3
Chico Xavier realizou algumas viagens fora do
Brasil4 com a finalidade de colaborar na divulgação
das ideias espíritas. Os países visitados por ele foram:
Estados Unidos — que resultou na fundação do Christian Spirit Center e publicação do livro The World of
the Spirit (traduzida pela editora Comunhão Espírita
Cristã com o título Ideal Espírita) —, México, Cuba,
Haiti, Inglaterra, França, Itália e Portugal.
Dessas viagens à América do Norte e à Europa surgiu a obra Entre irmãos de outras terras, publicada pela
FEB, com mensagens recebidas em língua portuguesa
e língua inglesa.
Em 1980, Chico foi indicado para o Prêmio Nobel
da Paz, pelos confrades espíritas Freitas Nobre, deputado federal, Augusto César Vanucci, diretor de televisão e Dionísio Azevedo, ator. A indicação, que agitou
o Movimento Espírita brasileiro, fundamentava-se na
devoção do trabalhador espírita aos pobres e sofredores, assim como na existência de inúmeras instituições
de assistência e promoção social organizadas sob a sua
influência e exemplo.
SOARES, Affonso e WANTUIL, Zêus. “Francisco Cândido Xavier
(1910-2002)”. Reformador. Rio de Janeiro: FEB. Edição especial. Ano 120.
o
N 2.080-A, julho de 2002, p. 18.
4
___. P. 27.
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Chico Xavier, obreiro do Senhor
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Chico Xavier recebeu do governo federal e estadual, de organizações privadas ou do cidadão comum,
espírita e não espírita, muitas homenagens e honrarias decorrentes do trabalho realizado em prol da paz,
executado ou inspirado por ele. Tornou-se cidadão
honorário de diversas cidades brasileiras e, por onde
passava, recebia demonstrações de respeito, gratidão
e afeto do povo.
Em 7 de dezembro de 1999, o governo do estado de Minas Gerais instituiu a Comenda da Paz Chico
Xavier, por meio da lei estadual no 13.394, destinada
a homenagear pessoas físicas e jurídicas que se destacaram na promoção da paz, contribuindo para o
progresso espiritual da Humanidade. Em 3 de março
de 2001, o próprio Chico Xavier foi o primeiro a ser
agraciado com a honrosa comenda concedida pelos
habitantes das “Gerais”.
Em 17 de novembro de 2000, faltando dois meses
para o início do terceiro milênio, Francisco Cândido
Xavier foi eleito o Mineiro do Século, por meio de uma
promoção da Rede Globo de Jornalismo e Televisão
de Minas Gerais que, em quinze dias, obteve o feito
de fazer 2,5 milhões de pessoas votarem, pela internet
e pelo telefone. Chico Xavier obteve 704.598 votos em
todo o estado, ficando à frente de mineiros famosos,
como Alberto Santos Dumont — inventor do avião;
Edson Arantes do Nascimento, o Pelé — o internacionalmente conhecido jogador de futebol; João Guimarães Rosa — o respeitável escritor da prestigiosa obra
Grande sertão: veredas; Carlos Drummond de Andrade — o inesquecível poeta, e Juscelino Kubitschek de
Oliveira — o Presidente da República e fundador de
Brasília, entre outros.
...
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Chico Xavier, obreiro do Senhor e Castro Alves, o apóstolo da liberdade
Castro Alves
o Apóstlo da liberdade
“A liberdade — em frente à Escravidão,
Era luta das águias — e do abutre,
A revolta do pulso — contra os ferros,
O pugilato da razão — com os erros,
O duelo da treva — e do clarão!...”
Castro Alves, 1869
Livro: Espumas Flutuantes.
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Chico Xavier, obreiro do Senhor e Castro Alves, o apóstolo da liberdade
Afrânio Peixoto (1876-1947), famoso crítico literário
brasileiro e influente personalidade à época em que
viveu — foi também médico, político, professor, ensaísta, romancista e historiador —, afirmou que
Castro Alves foi o maior poeta nascido no Brasil, uma
pessoa aureolada pelo gênio que, quando
ele aparecia, nos saraus literários ou na plateia dos teatros,
belo e forte como um jovem herói, irrepreensivelmente
vestido de negro, o que lhe ressaltava por contraste a palidez romântica, saudavam-no aplausos calorosos, e, das
mulheres, talvez comovidos; depois, o silêncio profundo
de uma expectativa ansiosa antecedia os acentos mágicos
de sua voz harmoniosa e retumbante, “encanto” de órgão
irresistível, um desses que transforma o orador e o poeta,
com que recitava algumas das suas mais cadentes estrofes, preferidas e reclamadas pela multidão. [...] Toda gente que o ouvia tinha arrepios de assombro e enxergava
na esbelta e simpática pessoa do jovem acadêmico mais
um semideus do que poeta [...]. Vinha abaixo o teatro,
na frase consagradora desses sucessos, sob o clamor das
ovações. [...] Tinha ele então apenas 21 anos...5
PEIXOTO, Afrânio. In: Os escravos. Texto integral de Castro Alves. São
Paulo: Martin Claret, 2007. Introdução, p. 11 e 12.
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A biografia de Castro Alves contém poucas informações, em razão da sua curta existência física, mas
mesmo assim é possível resgatar algumas informações, úteis à compreensão da sua vida e obra.
Dados biográficos
Antônio Frederico de Castro Alves (Cecéu para
a família) nasceu em 14 de março de 1847 em uma
fazenda, hoje cidade de Muritiba, antiga comarca de
Cachoeira, estado da Bahia: “Nos fins do século XVIII
essa comarca abrangia em sua vastidão territorial oito
freguesias, inclusive a de S. Pedro de Muritiba, criada
em 1705 pelo arcebispo D. Sebastião Monteiro de Vide
[...]. O berço do poeta está distante da sede do antigo
distrito de Muritiba quatro e meia léguas [1 légua = 6
quilômetros], na Fazenda Cabaceiras [...]”.6 O poeta
morreu em Salvador, Bahia, em 6 de julho de 1871,
vítima de tuberculose.
Era filho de Antônio José Alves, médico e professor na Faculdade de Medicina de Salvador (desde
1854), e de Clélia Brasília da Silva Castro, falecida
quando o poeta tinha 12 anos (1859). Viveu na Fazenda Cabaceiras do nascimento à idade de 5 anos,
com os pais e o irmão mais velho, José Antonio (Zezinho). Em 1854, muda-se com a família para Salvador,
passando a viver em uma chácara, próxima à cidade,
chamada Boa Vista, onde viu uma senzala de escravos
pela primeira vez.
MARQUES, Xavier. Vida de Castro Alves. 3. ed. Rio de Janeiro: Topbooks; Salvador (BA): Universidade Católica de Salvador: Academia de
Letras da Bahia, 1997. Cap. II, p. 25.
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Chico Xavier, obreiro do Senhor e Castro Alves, o apóstolo da liberdade
À idade escolar, é matriculado no Colégio Sebrão,
onde estuda por três anos. Em 1858, transfere-se para
o Ginásio Baiano, escola fundada por Abílio César
Borges, barão de Macaúbas, na qual foi colega de Rui
Barbosa. Desde esta época revela precoce inclinação
para a declamação poética. Demonstra também não
apreciar a Matemática, mas gostava de estudar Francês, Inglês, Latim, Desenho, Filosofia e, como não poderia deixar de ser, ler e escrever poesias.
Em 1862, no ano do casamento de seu pai com a
viúva Maria Ramos Guimarães, muda-se para a cidade
de Recife, Pernambuco, para realizar estudos universitários, só conseguindo entrar na faculdade de Direito
em 1864. Participou ativamente da vida estudantil e
literária, destacando-se como poeta e orador, um dos
arautos do movimento abolicionista e da causa republicana. Em 1866 fica órfão de pai.
Em 1867, quase na metade do curso de Direito,
Castro Alves apaixona-se pela atriz portuguesa Eugênia Câmara, com quem viaja para uma temporada na
Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro.
Na capital baiana, a atriz representa um drama
escrito pelo poeta: “O Gonzaga ou a Revolução de
Minas”.
Em São Paulo, cursa o terceiro ano do curso de
Direito na Faculdade do Largo de São Francisco. Em
1868, acontece um acidente terrível a Castro Alves: teve
o pé direito amputado, em consequência de ferida necrosada produzida por um tiro de espingarda, durante
uma suposta caçada. Alguns biógrafos acreditam que,
efetivamente, o tiro foi proposital, executado ou encomendado por senhores de escravos em represália às
ideias antiescravagistas do poeta, amplamente divulgadas e ardorosamente defendidas por onde ele passasse.
Castro Alves, o apóstolo da liberdade 13
No Rio de Janeiro, Castro Alves conheceu
Machado de Assis, que o introduziu no meio literário. Na cidade carioca ocorreu o rompimento amoroso com Eugênia Câmara. Mais tarde, Eugênia casa-se
com o maestro Antonio Assis Osternoff e, em 1874,
morre, de encefalite, três anos após o falecimento de
Castro Alves.
Antes de regressar à sua terra natal, o poeta publicou o livro Espumas Flutuantes, em 1870.
Os principais sofrimentos que marcaram profundamente a existência do poeta foram: a morte da mãe;
o suicídio do irmão Zezinho; o amor por Eugênia Câmara; e a tuberculose, que o conduziria à morte, em
1871, aos 24 anos.
As poesias de Castro Alves alcançaram o conhecimento público a partir de 1863, quando residia em
Recife, mas a sua inspiração poética e a sua arte recitatória reportam-se ao período escolar, durante o curso
primário e o secundário.
Castro Alves é o patrono da Cadeira Sete da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador,
Valentim Magalhães.
O Brasil à época de Castro Alves
O século XIX foi para o Brasil época de profundas
transformações, em razão das ideias e acontecimentos
que circulavam na sociedade e nas academias — originados no Movimento Iluminista, surgido na França,
no século anterior, e inspirador das transformações
que iriam acontecer em todas as áreas do saber, nos
séculos subsequentes.
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Chico Xavier, obreiro do Senhor e Castro Alves, o apóstolo da liberdade
Desde 1847, ano do nascimento de Castro Alves,
o Brasil se encontrava no Segundo Império, governado por D. Pedro II, há sete anos. “Fazia 16 anos que o
tráfico negreiro havia sido proibido pela lei brasileira,
pouco respeitada.”7
Os anseios de liberdade e de livre expressão, considerados fundamentos do liberalismo, entranharam
na alma do povo, de tal forma que a concentração do
poder era combativa a todo custo. O grande equívoco
do liberalismo estava relacionado à questão da desigualdade social (divisão da sociedade em ricos e pobres), não considerada problema para os liberais, pois
para eles o essencial era garantir a igualdade de todos
perante a lei.
Na infância e puberdade de Castro Alves, ocorreram conflitos entre liberais e democratas brasileiros,
na década de 1850 a 1860. O problema se resumia na
questão do sufrágio universal, pois, para os democratas, a participação política deveria ser aberta a todos os
cidadãos, não apenas à elite econômica ou intelectual.
Os democratas e liberais defendiam um ponto em comum: a defesa da liberdade. Porém, para os democratas, uma sociedade com desigualdades não poderia ser
livre. Era necessário, portanto, combater as diferenças
sociais para que a liberdade se transformasse em patrimônio comum de todos os indivíduos.
...
CARNEIRO, Altamirando Dantas de Assis. Castro Alves e o Espiritismo.
São Paulo: FEESP, 1993. Item: Explicação necessária, p. 13.
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Sobre a autora:
Marta Antunes de Oliveira de Moura, nasceu em
Pedra Azul, Minas Gerais, aos 3 de maio de 1946. Em
1963 transfere residência definitiva para Brasília, a recém-inaugurada capital do país.
Graduada em Biologia e Biomedicina pela Universidade de Brasília, exerceu atividades profissionais na
área de saúde coletiva, em nível de diagnóstico laboratorial, concomitantemente com a de magistério de
ensino médio (professora de Biologia) e universitário
(professora de Microbiologia), nas faculdades de Medicina e de Odontologia.
Espírita de terceira geração, uma vez que os genitores e avós paternos seguiam as orientações do Espiritismo, renasceu no seio de numerosa família de ascendência holandesa. Casada com esposo igualmente
espírita, possui três filhos e oito netos, educados de
acordo com os princípios da Doutrina.
Membro ativo da mocidade espírita, sempre se dedicou às atividades de formação doutrinária do trabalhador espírita, na Casa Espírita. Em janeiro de 1980,
integrou-se à Federação Espírita Brasileira, tornando-se, dois anos mais tarde, membro da diretoria da instituição, por indicação do então presidente Francisco
Thiesen.
Na FEB, prossegue na realização de trabalho educativo espírita junto ao público adulto que, associado
ao estudo e à pesquisa dos postulados espíritas, entende
que encontrou a sua vocação natural na presente reencarnação. Coordena o Curso de Estudo Aprofundado
da Doutrina Espírita (EADE) e, no campo federativo, a
área de Atividade Mediúnica, nas Comissões Regionais,
do Conselho Federativo Nacional, e escreve para a revista Reformador, coluna “Em dia com o Espiritismo.”
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