Pró-Reitoria de Graduação Serviço Social Trabalho de conclusão de curso AVOSIDADE: A RELAÇÃO ENTRE AVÓS E NETOS Autora: Adriana Ferreira de Souza Orientadora: Maria Liz Cunha de Oliveira Brasília-DF 2014 2013 ADRIANA FERREIRA DE SOUZA AVOSIDADE: A RELAÇÃO ENTRE AVÓS E NETOS Artigo apresentado ao Curso de graduação em Serviço Social da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Prof.ª Dra. Maria Liz Cunha de Oliveira Brasília 2014 Artigo de autoria de Adriana Ferreira de Souza, intitulado “AVOSIDADE: A RELAÇÃO ENTRE AVÓS E NETOS’’, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social da Universidade Católica de Brasília, em 06 de Junho de 2014, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada: _______________________________________________ Prof.ª Dra. Maria Liz Cunha de Oliveira Orientadora Curso Serviço Social – UCB _______________________________________________ Prof.ª Msc. Karina Aparecida Figueiredo Banca Examinadora Curso Serviço Social – UCB _______________________________________________ Prof.ª Esp. Erci Ribeiro Moura Banca Examinadora Curso Serviço Social – UCB Brasília 2014 Dedico este Artigo a minha mãe Irene e aos meus sobrinhos: Ana Heloísa, Pedro, Vitor, Camile e Lara Alice. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, pelo dom da vida e por me conceder a oportunidade para alcançar esta vitória, com muito esforço e dedicação. A minha mãe que sempre me ajudou e esteve junto de mim em todos os momentos dessa batalha, ao meu pai Augusto (in-memoriam), fonte de lembrança e exemplo para minha vida, de humildade e dignidade. Às minhas amigas, Jaqueline, Amanda e Renata, que participaram deste processo para minha realização pessoal. À minha amiga Leila, que tanto me encorajou para não desistir no meio do caminho, nunca me deixou sozinha. Ao meu colega e amigo José Carlos, estudamos juntos durante esses quatro anos de curso de Serviço Social, na Universidade Católica de Brasília, fizemos vários trabalhos acadêmicos juntos, aprendi muito com ele, inclusive trocamos experiências pessoais. Sou grata a Odenilda pessoa especial e colega de curso, que me auxiliou para realização deste trabalho. A minha colega de curso Maria Aparecida, a qual realizou dois semestres de estágios junto comigo, foram muitas dificuldades, muitos estudos, mas vencemos. A minha supervisora de estágio, Maria Sueli do Vale, Assistente Social do Centro de Saúde nº 05 de Taguatinga Sul - DF, que me acompanhou e me avaliou no estágio obrigatório do curso de Serviço Social. Aos meus irmãos Adilânia, Antônio e meu cunhado Iranildo que me auxiliaram, para que eu tivesse tempo suficiente de me dedicar aos meus estudos. Muito obrigada! Em especial, a minha sobrinha Ana Heloísa que mesmo tão pequenina sempre teve a preocupação de me ajudar em oração a Deus para que tudo desse certo, ela participou das minhas tristezas e alegrias. É o meu orgulho! À minha professora e orientadora Maria Liz, pela sua dedicação e paciência no decorrer da elaboração deste artigo. A todos os professores que contribuíram para minha formação acadêmica, em especial a professora Karina que me orientou desde o começo do meu projeto me auxiliando também na realização do meu artigo e ao professor Carlos Alberto, que tive a honra de tê-lo como meu professor, a quem considero um excelente profissional e homem inteligentíssimo. A Professora convidada para participar da minha banca, Erci Ribeiro Moura. Muito obrigada! Agradeço também as avós que com muito carinho e atenção participaram da entrevista que contribuiu para o enriquecimento desse artigo. 5 AVOSIDADE: A RELAÇÃO ENTRE AVÓS E NETOS ADRIANA FERREIRA DE SOUZA Resumo: O presente artigo teve por objetivo analisar a influência da avosidade para a vida das avós, na concepção das avós que cuidam de seus netos, com a finalidade de avaliar o convívio intergeracional no que compreende uma relação conflituosa e/ou harmoniosa. A escolha da temática deu-se a partir de experiências pessoais e por perceber a valorização das famílias pelas avós que participam das Práticas Integrativas de Saúde (PIS), no Centro de Saúde nº 05 de Taguatinga Sul - DF, onde foi realizada a experiência em Estágio Supervisionado do Curso de Serviço Social da Universidade Católica de Brasília. A partir da revisão bibliográfica sobre o tema avosidade - que na realidade é um tema novo - teve como foco a relação intergeracional no contexto familiar. Em sequência, foi abordado o indivíduo idoso na família atual, tomando-se por base os trabalhos de Oliveira (2009), Silva (2010), Goldafarb e Lopes (2006) e Marangoni e Oliveira (2010) dentre outros. O material para o estudo foi obtido a partir de entrevistas semiestruturadas com 06 avós cuidadoras de seus netos que residem no Condomínio Vila Bela, em Samambaia Sul DF. O estudo de caráter exploratório apontou algumas questões, tais como as razões que levam as avós se responsabilizarem pelo cuidado de seus netos bem como o significado de ser e a importância dos avós para as famílias. Os dados da pesquisa sugeriram que o tema avosidade seja cada vez mais explorado, uma vez que se percebe a grande importância da relação intergeracional no contexto familiar, visando à superação de possíveis preconceitos e desvalorização do idoso e possibilitando a troca de experiências e uma melhor qualidade de vida e respeito entre as gerações. Palavras-chave: Avosidade. Relação Intergeracional. Família. 1 INTRODUÇÃO A relevância da pesquisa se pautou na tentativa de perceber que o relacionamento entre avós1 e netos além de ser uma troca de afeto, contribui também para o reconhecimento do idoso na família, no qual as longevas se sentem úteis e valorizadas. Atualmente as pessoas permanecem muito mais tempo exercendo a função de avós, devido à longevidade e por este motivo veio à preocupação em analisar a relação avós-netos, numa sociedade que perpassa por constantes modificações e novos arranjos familiares. O contato entre avós e netos contribui para o seu próprio bem estar emocional, influenciando na troca de experiências para valorização da cultura e o resgate da história de vida, proporcionando ao neto ou neta uma concepção positiva sobre a velhice e fortalecimento dos vínculos familiares. 1 Nesta pesquisa utilizou-se a palavra “avós” com o sentido do gênero feminino. 6 Percebeu-se que essa aproximação ou convivência é essencial para aquelas pessoas que estão na fase de envelhecimento, sendo os netos de suma importância para vida das avós, motivando-as a continuar vivendo como sujeitos ativos e criativos em todas as fases existenciais. Segundo Castro (1998), um crescente número de avós entra em relação com um crescente número de netos potenciais cada vez mais jovens. A idade se torna uma variável isolada e conflituosa na relação destes últimos com os longevos, tendo em vista que no passado havia muitos idosos em idade avançada e saúde debilitada, enquanto que atualmente a quantidade de anciãos cada vez mais ativos e joviais configura maior contexto relacional. Com o aumento da expectativa de vida e, consequentemente, das famílias multigeracionais, se torna crescente as relações intergeracionais no seio das famílias (PAZ, 2000; GOLDMAN, PORTELA e ARNAUT, 2000 apud OLIVEIRA et al, p. 150). A relação entre os netos e seus avós estabeleceu uma série de investigações nas quais se tornou indispensável abordar os aspectos das duas partes, pois cada questão que se discute depende da interação de ambas as perspectivas. Conforme Neris (2012), o aparecimento de novas representações e propostas familiares de relações com a presença de três ou mais gerações convivendo juntas, coexistindo com os modelos tradicionais de famílias tem sido observado no Brasil. Associado a isso, cresce progressivamente o convívio de crianças, jovens, adultos e velhos, nas escolas, nos templos religiosos, nas universidades, enfim, nos diversos ambientes de interação social. De acordo com essa nova realidade das mudanças que ocorrem na sociedade contemporânea, a perspectiva intergeracional se torna um elemento importante para mostrar novas alternativas visando um novo contexto de relações sociais. Segundo Dias e Silva (1999 apud OLIVEIRA, 2009, p. 14), a importância da mutualidade da relação entre idosos e netos foi reconhecida, sobretudo durante a década de 80 e, desde então, o interesse sobre o estudo dos longevos cresceu consideravelmente. Dentre os fatores que contribuíram para esta situação, está o aumento na expectativa de vida atual permitindo aos indivíduos exercitar por mais tempo a função de avós. Como afirma Oliveira (2009, p. 14) “O século XXI será o século dos avós”. O envelhecimento da população é um fenômeno universal. Isso se justifica devido à queda da mortalidade, redução da fecundidade, vacinações sistemáticas, condições de saneamento básico e, principalmente, aos avanços da medicina que fazem com que as pessoas vivam mais. Envelhecer é um processo de mudança na estrutura biológica, psicológica e social. Neste sentido, Faleiros (2009) afirma que o envelhecimento é um processo complexo, multidimensional, heterogêneo, compreendendo uma relação cultural. É sabido que o envelhecimento não acontece nem é vivenciado da mesma forma por homens e mulheres. Para elas, na velhice surgem dificuldades e desafios decorrentes não de limitações biofisiológicas, mas de limitações e preconceitos de ordem social e cultural que penalizam as mulheres no processo de envelhecimento. A escolha pelo tema deu-se a partir de experiências pessoais, que despertaram a curiosidade de saber as influências que a relação intergeracional traz para vida das avós, seguido da experiência adquirida durante o período do Estágio Supervisionado em Serviço Social I e II, no âmbito da graduação em Serviço Social 7 da Universidade Católica de Brasília (UCB), realizado entre o 2º Semestre/2012 e 1º Semestre/2013. A referida experiência de Estágio foi realizada em um Centro de Saúde, área de atenção básica, localizado em Taguatinga Sul, - no Distrito Federal - no qual um dos trabalhos realizados era com um grupo de idosos que participavam das Práticas Integrativas de Saúde (PIS), observando aquele grupo de idosos que na sua maioria eram mulheres, avós e cuidadoras de seus netos. Surgiu então o interesse de estudar as influências da avosidade: a relação entre avós e netos na concepção das idosas. A partir desse interesse inicial, foramse apresentando questões que suscitaram indagações sobre a importância das longevas para as famílias atuais e os fatores pelos quais levam elas a se responsabilizarem pelos cuidados com seus netos, construindo assim o objeto de estudo para o presente trabalho. Para tal, utilizou-se a pesquisa exploratória de cunho qualitativo, com revisão bibliográfica sobre o tema por meio dos autores: Oliveira (2009), Silva (2010), Goldafarb e Lopes (2006), Marangoni e Oliveira (2010) entre outros. Para a obtenção das informações relativas à concepção das avós cuidadoras de seus respectivos netos sobre o tema avosidade, além da importância dessa relação intergeracional para suas vidas, foi realizada uma entrevista semiestruturada com 06 avós. O resultado pesquisa que deu origem a este artigo compõe-se de três capítulos: O primeiro aborda a avosidade, um tema novo que trata do envolvimento avós-netos. O segundo contém a explanação sobre a relação intergeracional no contexto familiar, se reportando a importância das avós para as famílias na atualidade. O capítulo final traz para discussão o idoso na família atual. E finalizando o método utilizado para elaboração da pesquisa, expôs-se a análise dos dados obtidos e as considerações finais a respeito da experiência vivenciada para a realização deste trabalho. 2 AVOSIDADE Pode-se se interpretar avosidade ou vovozice como a convivência e interação de avós, filhos e netos em diferentes espaços sociais. Os termos vovozice ou avosidade estão empregados como denominação de uma problemática humana conflitiva: o neto representa promessa de vida em relação a certos ideais e morte em relação ao declínio físico e a consciência de finitude. Avosidade não se remete a idade cronológica, mas a um laço de parentesco localizado nas filiações trigeracionais do ponto de vista pessoal, familiar e social. (GOLDFARB e LOPES 2006, p. 9). Os netos tem o papel de ampliar a família, dando continuidade as gerações. É esperado que os avós sejam os principais socializadores das crianças após os país e, em geral, sua contribuição é grande no quotidiano das famílias. Apesar desta relevância, poucos estudos têm sido realizados sobre sua importância para os netos, especialmente quando estes já passaram das fases da infância e da adolescência, épocas em que o envolvimento avós-netos tende a ser mais intenso. Este envolvimento se explica pela novidade que o papel representa, pelos cuidados que as crianças e adolescentes exigem ou pela necessidade que os pais tem de recorrer aos 8 seus próprios país para cuidarem dos netos enquanto trabalham ou realizam outras atividades. (DIAS e SILVA, 2003, p.55). Oliveira (2009) afirma que o convívio e diálogo das crianças com seus avós possibilita a elas conhecer as histórias de vida dos longevos, aprendendo a valorizar a cultura e valores dos mesmos. A relação entre eles, consequentemente, apresenta a possibilidade de desenvolver cuidados recíprocos, demonstrando como o processo de envelhecer é contínuo, despertando afeto e solidariedade para com ambos. A avosidade está ligada intimamente a maternidade e paternidade, bem como a função de avôs podem ser satisfatórias ou conflitiva isso vai depender de como foi exercida a função materna e paterna que se deveria. (GOLDFARB e LOPES, 2006, p. 7). Para Goldfarb e Lopes (2006, p. 8) “A avosidade é o ponto culminante da paternidade, não porque aí acabe, mas porque nesse ponto se reproduz” A avosidade é sempre estruturante, não importando se o neto teve ou não, contato com os avôs. Mediatizados pelos países, a avosidade opera estruturando o psiquismo, atravessando a subjetividade, ocupando um lugar na história de cada sujeito: o lugar pai-mãe, de seu pai-mãe. Os avôs, ainda que ausentes, podem ter marcado ideais, colaborando na montagem de representações sobre a vida, a morte, a sexualidade, o trabalho etc. (GOLDFARB e LOPES, 2006, p. 7). Para Dias e Silva (2003), vale ressaltar também que a relação entre avós e netos depende de outros fatores como: escolaridade, nível econômico, situação empregatícia, saúde e institucionalização dos anciãos entre outros, como também a personalidade de cada um dos envolvidos. Pensar no convívio dentro da família, na relação que as avós estabelecem com os netos, se dá também no sentido do cuidado e os valores que são aprendidos no processo de formação e troca. Refletir sobre avosidade remete-nos primeiramente a uma direção que se refere aos modelos familiares que se podem encontrar, neste momento pósmoderno, no qual as possibilidades de estruturas do parentesco são intensamente diversificadas. (PEDROSA, 2006, p. 34). As avós compartilham com mais frequência da vida dos netos, no entanto esse relacionamento influência no comportamento, na personalidade e na consciência psicossocial dos mesmos, podendo a criança construir uma concepção positiva em relação à velhice, em um relacionamento respeitoso com o idoso, sobretudo dentro da própria família e no meio social. O gênero também influência: a função parece ser mais importante para mulher que para o homem; elas têm uma tendência a ser ativas e participantes, a se comprometerem preferencialmente com aspectos emocionais e da saúde do neto. Os homens participam do lazer, se preocupam mais com os estudos e o trabalho (GOLDFARB e LOPES, 2006, p. 7). 9 “A criança conhece sua história de vida, resgatando-a e aprendendo a valorizar sua cultura e seus valores através da convivência e diálogo com seus avós, pois o processo de envelhecer é contínuo.” (OLIVEIRA, 2009, p. 32). Para Silva (2010), na sociedade contemporânea, a presença dos avós nas famílias vai além do contexto de envelhecimento da população e da longevidade, houve mudanças nas representações associadas à velhice ao longo das últimas décadas. A gerontologia tem o interesse pelo estudo do processo que envolve o envelhecer, as várias mudanças e as novas perspectivas para compreensão do fenômeno ao longo do desenvolvimento humano. Essa concepção contribuiu para novos conceitos em relação ao papel dos idosos nas sociedades e nas famílias. Neri (2007, apud SILVA, 2010, p. 14) “aponta que a velhice na sociedade atual ganhou novos conceitos, sendo vista de forma mais positiva.” Silva (2010, p. 14) aponta que a presença dos avós pode ser observada em diversos contextos. De acordo com Oburu (2005) e Engstrom (2008) em casos de desestruturação familiar onde os genitores abandonam os filhos por motivo de encarceramento ou abuso de substâncias. Em situações de separação e divórcio, como salienta Barros (1987), na maternidade adolescente, segundo Dias, Costa e Rangel (2005) e também, na criação e educação dos netos como observa Triadó et al (2006). Para Silva (2010), no cotidiano é corriqueiro observar a participação dos avós em reuniões pedagógicas, responsabilizando-se pelo acompanhamento escolar dos netos e auxiliando professores e pais em projetos coeducacionais. Silva (2010, p. 14) aponta que os trabalhos de Gusmão (2003), Ferrigno (2006) e Todaro (2009) “salientam que o diálogo entre as gerações, promovidos em ambientes educacionais incentivam a criação de atitudes mais positivas em relação à velhice e à convivência intergeracional”. O senso de pertencimento e continuidade de uma criança ou adolescente à sociedade advém da convivência intergeracional. Segundo esta visão, a violência vivida nos ambientes educacionais e na família deve-se à falta deste sentimento de pertença e do pouco diálogo entre as gerações. (COUTINHO, 2006 apud SILVA, 2010, p. 15). De acordo com Silva (2010) os conceitos geratividade e avosidade são significativos para a compreensão e verificação dos pactos intergeracionais que se estabelecem entre as gerações. A investigação do compromisso intergeracional que as avós maternas desempenham na criação e educação dos netos, a sua participação na vida familiar, o seu posicionamento diante dos pais das crianças ainda é pouco estudado. Embora a literatura internacional acerca das práticas familiares na educação e criação de filhos seja relevante, poucos são os estudos, no contexto brasileiro, sobre a função desses cuidadores e entre as gerações. O estudo das gerações e suas interações são essenciais para os pesquisadores da ciência do desenvolvimento humano na medida em que constituem termômetros de mudanças sociais, e ajudam a traçar um panorama sobre tendências culturais, econômicas em função da longevidade e do envelhecimento mundial. (SILVA, 2010, p. 26). A seguir, bordou-se a relação intergeracional no contexto familiar nos dias atuais, demonstrando a importância da convivência entre as gerações visto que as 10 pessoas permanecem na função de avós por mais tempo, fator importante para complementar as ideias deste artigo. 2.1 RELAÇÃO INTERGERACIONAL NO CONTEXTO FAMILIAR A nova realidade do mundo contemporâneo contradiz o que se entende a respeito de velhice, que não mais é vista como período de dependência, visto que os avós atuam na função de cuidadores parciais ou integrais dos netos, atuando na educação dos mesmos, além de participarem da economia familiar. As mudanças demográficas em todo o mundo consistem em uma dimensão fundamental na compreensão do contexto familiar, uma vez que promovem a possibilidade da convivência de muitas gerações dentro de uma mesma família por mais tempo. (BARROS, 2006; DIAS e SILVA, 2003; GIARRUSSO, SILVERSTEIN e BENGTSON, 1996; MILLS, 2001; MORAGAS, 1997; M. R. OLIVEIRA, 2007 apud MARANGONI, 2007, p. 17). Segundo Marangoni (2007, p. 21), “os relacionamentos intergeracionais ético, fraterno e solidário são necessários para preservar a qualidade dos laços afetivos e para formação de uma sociedade justa para todas as idades.” Nessa perspectiva a autora acima citada aponta o que expõe Sommerhalder e Nogueira (2000): Que os estudos reafirmam a relevância do relacionamento entre as gerações como a forma mais eficiente de construir percepções positivas em relação à velhice. Assim sendo um meio para amenizar os preconceitos, aliviar as tensões entre as gerações, proporcionar consciência histórica do passado, presente e futuro, principalmente partilhar da diversidade cultural de valores e estilo de vida. A curta história da sociedade brasileira contribui para nos converter em uma população que se representa como jovem. Este aspecto contribuiu historicamente, para um processo de descompromisso com os velhos. A juventude tem sido alvo direto da publicidade e do consumo, considerada como fonte de desejo, imagem de boa saúde e poder, a juventude se transforma em marca a ser consumida. “O corpo bem cuidado, a saúde e até mesmo a liberdade de desfazer relacionamentos, a possibilidade de sucessivos recomeços afetivos e profissionais: tudo isso tem haver com a conversão do humano em jovem”. (RIBEIRO, 2004, p. 27 apud MARANGONI, 2007, p. 23). Marangoni (2007, p. 23) posiciona-se da seguinte forma: Uma sociedade cujo projeto social tem como base uma perspectiva de inclusão não pode aceitar a segregação das gerações. É imprescindível articular programas, ações e intervenções que questionem as diferentes formas de violência apresentadas, como por exemplo, o preconceito etário, seja ele relativo aos jovens ou destinados aos mais velhos. O movimento intergeracional supera o debate da segregação etária e o preconceito em relação à velhice e alcança outras finalidades, colaborando para minimização de problemas sociais, como por exemplo, o uso de drogas e a violência juvenil. (HENKIN e WARD, 1997 apud MARANGONI, 2007, p.23). A relação intergeracional é de grande significado para ambos os participantes, possibilitando uma troca mútua de conhecimentos, onde os avós propiciam aos 11 netos o primeiro contanto com a pessoa mais velha, influenciando no processo da transmissão cultural da família ao qual pertence. Estes, por sua vez, podem ensinar aos seus anciãos as novas mudanças tecnológicas para que eles possam se inserir na sociedade contemporânea, a qual sofre diversas modificações e permanecendo inseridos e interagidos. Esse processo de inclusão do tema velhice e dos próprios idosos em contextos educacionais vai ao encontro da necessidade de se construir uma ética da diferença, na qual as diferentes categorias sociais, de distintas gerações, possam conviver com respeito mútuo. É tarefa necessária e urgente para este século, a construção de uma cultura que privilegie a convivência entre gerações estabelecida, a partir de valores como justiça, cooperação, diversidade e tolerância, contribuindo para a transição de uma cultura de conflitos, competição e individualismo para uma outra, pautada na cooperação e na solidariedade intergeracional, “ entreabrindo outras formações de sentido e de valor”, para todos. (CASTRO, 2006, p.265 apud MARANGONI, 2007, p. 26). A convivência entre avós e netos contribui para mudança de concepções estereotipadas no que se entende sobre o que é ser velho ou jovem, promovendo também melhores condições de saúde, qualidade de vida e desenvolvimento para ambos. As famílias têm passado por mudanças importantes em sua estrutura e função, como efeito das recentes transformações socioculturais e históricas nas sociedades ocidentais. O fenômeno do aumento da longevidade é um dos aspectos que colaboram para as modificações na família, influenciando os relacionamentos entre as gerações e diversificando as funções do idoso na dinâmica familiar. Essa nova realidade pode levar as pessoas a experimentar, por um período mais longo, o papel de avós e a ter um convívio mais íntimo com os netos, o que demanda estudos que tenham como foco a compreensão da dinâmica entre eles. (MARANGONI e OLIVEIRA, 2010, p. 37). É importante lembrar que as famílias ao longo da história sofreram várias transformações em sua estrutura. Novas configurações familiares são encontradas no cenário social, produzidas pelas modificações que perpassam as relações econômicas, jurídicas, intergeracionais e de gênero, as atitudes e os valores humanos. Em especial no Brasil país marcado por contrastes socioeconômicos importantes, a maior longevidade da população tem impactos específicos sobre as trocas intergeracionais na família. Com a introdução do direito universal à aposentadoria, independentemente de contribuição, idosos começam a configurar um grupo etário e geracional ativo e participativo, que oferece suporte não apenas ativo como financeiro para as gerações mais jovens, que, em muitos contextos, dependem grandemente de sua renda como pilar do sustento familiar. Isso ocorre também nos casos em que avós assumem além dos cuidados eventuais ou diários relativos aos netos, parte das despesas domésticas, colaborando para a construção de estratégias de enfrentamento da pobreza. (MARANGONI e OLIVEIRA, 2010, p. 39). Ao contrário do que se pensava anteriormente, os avós na atualidade assumem ativamente as responsabilidades perante a família. Isso também tem suas implicações, mas, no entanto, possibilita novas experiências de envelhecimento. 12 As dificuldades econômicas e a ausência cada vez maior do Estado no âmbito social, no mundo do trabalho e do consumo, exigem que os adultos em idade produtiva ocupem cada vez mais o tempo com as atividades laborais. Essa realidade solicita criatividade das famílias na invenção de novas formas de cuidados compartilhados, fazendo com que a partição de funções na família torne-se mais complexa. (MARANGONI e OLIVEIRA, 2010, p. 39). Em meio a tantas necessidades para o cuidado com os filhos, os avós acabam ficando na condição de pais substitutos, o que nos convida a refletir sobre a relevância da relação entre avós e netos. Podendo ser uma relação prazerosa ou que cause vários conflitos. Os novos papéis delegados aos idosos como avós são, em geral, uma necessidade e uma imposição decorrente da realidade social e econômica do Brasil. É preciso considerar ainda que, em muitas situações, as contribuições dos avós não são pautadas pela construção de papéis e pelas oportunidades de escolha e, sim, pela obrigatoriedade imposta pelas famílias, em troca do suporte provido ao idoso. Por isso, torna-se tão importante levar em conta a diversidade de experiências de envelhecimento nos contextos familiares (MARANGONI; OLIVEIRA, 2010, p. 40). De acordo com Marangoni e Oliveira (2010, p. 45) “[...] identifica-se que tal relacionamento se da dinamicamente, marcado por afetos e atritos, carinhos e conflitos que podem contribuir para distanciá-los ou aproximá-los”. Segundo Zanon (2009), a pesquisa realizada por Novaes constatou que o velho deseja uma nova forma de viver, em um lugar onde ele possa ser respeitado e assistido, além de ser inserido em uma sociedade que possibilite uma nova construção da realidade e um novo significado para a vida, diminuindo os sentimentos de solidão e insegurança, para assumir outros papéis sociais. Pode-se então compreender que o convívio e interação entre as gerações permite um maior conhecimento dos sujeitos envolvidos no processo intergeracional (nesse caso, avós-netos), possibilitando a minimização dos preconceitos relacionados aos idosos, que na verdade são evidenciados em toda parte, desde as relações familiares e em meio à sociedade. As trocas geracionais neutralizam no idoso a tendência de afastamento dos contextos sociais e familiares, por medo de enfrentar novos relacionamentos, prejudicando a socialização e o estabelecimento de vínculo afetivo. A intergeracionalidade pode ser interpretada como um veículo cultural de reinserção do idoso, identificando novos recursos, criando projetos e validando estratégias utilizadas na comunidade social, enfim (re) significando sua vida. (NOVAES, 2005 apud ZANON, 2009, p. 33). A próxima seção trouxe a temática do respeito ao idoso na família atual bem como a visão das mulheres idosas, tendo em visto que estas foram o foco deste Artigo. 2.2 O IDOSO NA FAMÍLIA ATUAL A família é o principal grupo responsável pelas pessoas idosas. São perceptíveis as várias modificações nas configurações familiares da sociedade atual. De acordo com Silva (2010, p. 33) “As transformações na família nuclear 13 consequentemente redefinem as funções nas famílias intergeracionais marcada pela presença dos avós.” Podemos considerar a família como um grupo de pessoas portadoras de particularidades, que se relacionam cotidianamente, pessoas que traçam uma complexa rede de relações e emoções, que não são necessariamente homogêneas ou integrativas. Esse complexo pode, por vezes, assumir um caráter conflitivo ou algo que pareça até mesmo “fugir” do modelo tradicional representado pela família nuclear composta por pai, mãe e filhos. (ZACARON, 2011, p. 169). Segundo Zacaron (2011, p. 170) “Para compreendermos as configurações da família contemporânea, faz-se necessário considerar seus determinantes sóciohistóricos”. No contexto atual de globalização, a família continua a sofrer processos de transformações advindos das mudanças demográficas, no mundo do trabalho, relações de gênero e intensificação do processo de industrialização e psicologização da compreensão da vida social. (SCOTT, 2001 apud ZACARON, 2011, p. 170-171). Considera-se hoje as novas representações familiares como as famílias monoparentais, onde o lar é chefiado por mulher; aquelas que são sustentadas economicamente com a renda do idoso; constituídas após outros casamentos, e uniões de pessoas do mesmo sexo. Na contemporaneidade, é inútil tentar definir um modelo familiar que represente o signo deste tempo; no entanto, a autora utiliza como norteadores para seu estudo a definição de famílias segundo o número de pessoas que compõe os laços parentais com as crianças (monoparentais ou pluriparentais). Segundo Zacaron (2011, p. 169) “Deve-se reconhecer, entretanto, que a cultura da família nuclear é algo muito forte, mas não é possível desconsiderar as novas representações familiares”. Oliveira (2009, p. 27) explica que a família atual está sendo marcada pelo compartilhamento de experiências, valores, apoio financeiro e emocional entre as gerações, especialmente entre avós e netos. As estruturas familiares formadas ou de idosos são marcadas pela convivência intergeracional. Outra observação que Oliveira (2009) faz: “As relações familiares são as que o idoso vive com mais intensidade e assiduidade”. A seção a seguir abordou sobre os elementos que contribuíram na elaboração deste trabalho. 3 MÉTODO O presente estudo pode ser caracterizado como pesquisa de campo exploratória, de cunho qualitativo. Foi realizada uma revisão bibliográfica, que consiste em leituras de livros, artigos científicos e materiais encontrados na internet. De acordo com GIL (1991) a pesquisa Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram 14 experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Estudos de Caso. Minayo (2009) esclarece que a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Segundo a consideração de Gil (2002) a pesquisa feita através do procedimento bibliográfico é desenvolvida através de material já elaborado, como artigos científicos e livros. Enfatiza ainda que em quase todos os estudos exija-se trabalho que necessite desse procedimento, algumas pesquisas usam exclusivamente esse tipo de procedimento. Como lembra Minayo (2009), o trabalho de campo aproxima o pesquisador da realidade sobre a qual irá pesquisar. É uma interação entre os participantes da entrevista, proporcionando um conhecimento empírico muito importante para quem faz a pesquisa social, e leva em conta também a clareza que se tenha do assunto, a partir do levantamento bibliográfico que foi realizado na fase exploratória do projeto. É importante ressaltar, que a entrevista é relevante para obtenção das informações desejadas, em relação às diversas questões abordadas na pesquisa. Minayo (2009) explica que a entrevista é similar a uma conversa ou diálogo, entre entrevistador e interlocutores e tem como objetivo construir informações pertinentes para um objeto de pesquisa, onde a abordagem feita pelo pesquisador seja de temas relacionados a este objetivo. A coleta de dados foi realizada através de entrevista semiestruturada com as avós selecionadas para investigação. “Semi-estruturada [sic], que combina perguntas fechadas e abertas, em que o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se prender a indagação formulada.” (MINAYO, 2009, p. 64). A entrevista teve a direção de um roteiro de perguntas onde as questões buscavam aprofundar o tema avosidade, no que se refere a relação entre as avós e seus netos. O encontro com cada avó durou aproximadamente 30 minutos. O Critério de inclusão utilizado foi: Avós com faixa etária entre 50 a 69 anos; Cuidadoras de netos; Residentes do condomínio Vila Bela. Após a realização das entrevistas e transcrição das respostas obtidas, foi realizada a análise de conteúdo sobre os dados analisados, numa interpretação de caráter qualitativo. A análise de conteúdo é apresentada por Minayo (2009) seguindo as seguintes etapas: Pré-análise; Exploração do material e tratamento dos resultados/inferência/Interpretação. É feito uma leitura compreensiva do conjunto do material selecionado. Trata-se de uma leitura de primeiro plano para atingir níveis mais profundos. Bardin faz uma definição sobre a análise de conteúdo e afirma que é um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitem a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. (BARDIN, 1979 apud MINAYO, 2009, p. 83). 15 Com vista a preservar a identidade das avós entrevistadas foi esclarecido para cada participante o objetivo da pesquisa e aplicado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para manter o sigilo dos relatos foram utilizados nomes fictícios. O projeto deste estudo foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da UCB – Universidade Católica de Brasília - Instituição proponente para realização da pesquisa, sendo aprovado em 22 de maio de 2014, CAAE - 31055614.4.0000.0029. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO No decorrer do processo em que foram ouvidas as avós, chamou atenção o fato de que todas elas afirmaram que é prazeroso cuidar do neto. E um dos motivos pelos quais cuidam dos netos é por amor e para ajudar seus filhos. Algumas delas admitiram que a tarefa de cuidar e prover o sustento dos netos acarreta um desgaste mental e físico. Das seis entrevistadas, duas não participam dos cuidados básicos do cotidiano de seus netos, mas auxiliam financeiramente, para prover o sustento deles. No entanto essa responsabilidade é objeto de preocupação das avós entrevistadas. Percebeu-se que as avós entrevistadas são pessoas que participam ativamente do processo de desenvolvimento de seus netos e representam um importante suporte afetivo e financeiro às famílias. Contudo, as participantes do estudo apontaram as dificuldades vivenciadas na relação com aqueles sob seus cuidados. Elas enfatizaram que a função de cuidar e até mesmo de prover se torna uma preocupação que lhes impõem sobrecarga de trabalho, acarretando adoecimento, assim como estresse e cansaço físico e mental. Com base no relato das seis participantes, três avós são aposentadas, duas não trabalham fora e se dedicam aos cuidados com os netos como forma auxílio para com os pais e apenas uma trabalha fora de casa e participa dos cuidados financeiros com a criança. No discurso das longevas foi percebido que pensar em ser avó representa satisfação. É a continuação da família e isso foi uma resposta unânime entre as entrevistadas, conforme afirmou Girassol (54 anos): “É um privilégio o livre acesso com meus netos, gratificante”. Violeta (62 anos) esclarece que: “É uma grande alegria, é ver a família continuar, apesar das preocupações e responsabilidades que aumentam, nos dá mais sentido para viver”. Oliveira (2009) explica que os netos exercem importância fundamental na vida dos avós e o contato entre ambos pode ser essencial para as pessoas que estão envelhecendo. No que diz respeito à diferença entre educar e cuidar de netos (as), a maioria das avós assumem que exercem as duas funções, tanto de cuidar como de educar, pois não tem como separar as duas ações, pois quando se cuida, existe a oportunidade de educar. Neste contexto, a narrativa da avó Gardênia (60 anos): “Você tem que cuidar educando; as duas coisas tem que andar juntas. Temos que preparar nossos netos para sociedade, já que os pais deles (as) não tem tempo para isso”. Apenas uma participante concordou que existe diferença entre cuidar e educar. Lírio (54 anos) resumiu que: “Cuidar é um cuidado básico e educar é a criação que é dada para a criança”. 16 De acordo com Marangoni e Oliveira (2010), certamente, a atuação no processo educativo dos netos é menos pesada quando os pais existem e assumem seu papel ativo nesse processo, ficando com os avós a função auxiliar. Vale frisar que muitos são os motivos que levam as avós a se responsabilizarem pelo cuidado com seus netos, principalmente nos dias atuais. São várias as mudanças que as famílias têm passado em sua estrutura e função, devido às transformações socioculturais e históricas nas sociedades. As participantes da pesquisa enfatizaram algumas razões, tais quais diz Margarida (64 anos): “Tenho que ajudar meu filho, ele ficou sem trabalho fixo, está separado da mãe da minha neta, então a minha ajuda é financeira, ajudo ele a pagar a pensão da filha, e também por que amo minha neta, não quero que ela passe necessidade”. Lírio (54 anos): “Meu filho está separado da mãe do meu neto, ela é menor de idade, não tem trabalho para arcar com as responsabilidades de criar o filho, ajudo principalmente pelo amor que tenho pelo meu neto”. “O meu neto mora junto comigo, a mãe trabalham fora, e casou com outra pessoa que não é o pai do meu neto, mas também residem na minha casa. A precocidade do nascimento do meu neto, o amor incondicional que tenho por ele e por minha filha me faz ter um cuidado especial por ele, como se fosse meu filho, está comigo desde que nasceu” (TULIPA, 65 anos). Conforme Marangoni e Oliveira (2010), existem novos modelos familiares que se apresentam, motivados pelas transformações que perpassam as relações econômicas, jurídicas, intergeracionais e de gênero, as atitudes e os valores humanos. No tocante aos modelos de famílias, Alves (2013) chama a atenção para um detalhe importante: Nos dias atuais, não se pode falar em modelo familiar único, haja vista a evidente heterogeneidade das configurações familiares encontradas no cenário social. É relevante destacar a ideia de Alves (2013) que há diversas circunstâncias, como desemprego, falta de recursos financeiros, gravidez precoce, envolvimento com drogas, separações conjugais e outras situações, fatores estes que tem contribuído para o retorno dos filhos à casa dos pais. Na verdade, essa situação muda o sistema de solidariedade e a própria estrutura da família muda de eixo, já que outras gerações (netos e /ou bisnetos) entram em cena. Em se tratando do acompanhamento das avós em relação à escolaridade e tarefa escolar dos netos, obteve-se respostas diferenciadas, devido à idade do cuidado pela idosa e aos cuidados atribuídos a ele, de acordo com a necessidade existente. Nesse sentido especifica-se a fala das entrevistadas a seguir: “Tenho duas netas, uma é pequena de apenas um ano e meio, ainda não estuda, ajudo a pagar a pensão para seu alimento, a outra neta já tem 14 anos e fica comigo de vez em quando, até me faz companhia, mas também não é necessário que eu a ajude nas tarefas escolares, pois a mãe dela é responsável por este cuidado é filha do meu filho, mas com outra mulher.” (MARGARIDA, 64 anos). “Ensino os deveres de casa da minha neta e do meu neto, ajudei a eles aprender a ler, acompanho o desenvolvimento escolar de cada um, é prazeroso e a gente também aprende com eles, moram bem próximos de minha casa e aí não tem jeito vivem comigo, até mesmo porque são muitos afazeres para minha filha e vejo a necessidade de ajudá-la. Mas não posso negar que é cansativo, pois já vivi tudo isso com meus filhos e tô passando por isso novamente.” (VIOLETA, 62 anos). 17 “Meu neto mora comigo, a mãe dele trabalha fora, o padrasto também, então automaticamente essa responsabilidade é minha, que posso fazer? A mãe sai de casa cedo, chega cansada e muito tarde. Às vezes brigo com ele, me falta paciência e fico estressada porque ele tem muita energia, quer brincar, eu brigo, mas a gente estuda juto e aprendo com ele também. Ele me ensina a usar o computador e trocamos experiências, é bom.” (TULIPA, 65 anos) Nesse caso, as avós assumem as tarefas referentes a cuidados básicos, como alimentação, acompanhamento diário, monitoramento, acompanhamento escolar dos netos como se fossem os próprios pais. Há situações, na literatura, sugerindo que esse relacionamento pode trazer benefícios para ambos, avós e netos, ora prejuízos de alguma ordem também. (SILVA, 2010, p. 37). “Certamente, a atuação no processo educativo dos netos é menos pesada quando os pais existem e assumem seu papel ativo nesse processo, ficando com os avós a função auxiliar.” (MARANGONI e OLIVEIRA, 2010, p. 45). Na visão das avós, de acordo com o cotidiano a relação pode ser conflituosa ou harmoniosa. É o que destaca os seguintes enunciados das avós: “Tenho um convívio de muita harmonia, até mesmo por que meus netos ainda são pequenos, tenho uma neta de 6 anos e um neto de 5 anos, cuido de ambos, mas quem mais fica comigo é minha neta. Ela alegra minha casa, eu tenho a liberdade de disciplinar e dar limites ao seu comportamento”. (GIRASSOL, 54 anos). “A convivência estreita a relação entre eu e meus netos. Existem algumas diferenças na criação dos filhos de hoje, e muitas das vezes não tenho a liberdade de corrigir da minha maneira, isso se torna um conflito, tudo parece normal no mundo hoje em dia. O vínculo que tenho com eles desde crianças, mesmo eles crescendo tem um respeito por mim, falo porque tenho seis netos e cuidei de todos, hoje em dia quatro são adolescentes e a gente se respeita. Hoje em dia cuido de duas meninas gêmeas de apenas três anos, é muita responsabilidade, mas participar da educação dos meus netos não tem valor”. (GARDÊNIA, 60 anos). Tulipa (65 anos) aponta: “A idade vem, e não temos mais aquele vigor de antes, essa diferença nos deixa cansada, mas o prazeroso é que meu neto cuida de mim, da mesma forma que eu cuido dele, acho que é devido a nossa aproximação”. Segundo Marangoni e Oliveira (2010), a convivência entre avós e netos deve, pois, promover o entrecruzamento das temporalidades no momento presente, melhorando o caráter das representações dos adolescentes sobre a velhice. Consequências que o cuidado diário dos netos tráz para vida das idosas. Elas expressaram que: “Causa estresse, é cansativo, são muitas as preocupações relativas aos netos, educar nos dias de hoje é uma arte, mas me sinto responsável por eles, já que os pais não tem tempo suficiente para cuidar, tenho que prepará-los para sociedade”. “Faço tudo que tiver ao meu alcance pelo amor que tenho por eles”. (GARDÊNIA, 60 anos). “Até o momento está sendo satisfatório, ainda não trouxe nenhum transtorno, sabe-se que as preocupações aumentam, mas não temos escolhas, é nossa realidade”. “Mesmo assim eles são tudo na minha vida, meus netos são também meus filhos.” (GIRASSOL, 54 anos). 18 Marangoni e Silva (2010) explicam que para alguns avós os novos papéis não são escolhidos, mas sim impostos pela realidade sócio-familiar. Relatam também que dessa forma, as responsabilidades adicionais atribuídas aos longevos pode gerar desgaste, acarretando processo de adoecimento. “Não se pode resumir o papel de cuidador principal dos netos a aspectos negativos, pois ele pode se converter também em uma experiência gratificante.” (MARANGONI e SILVA, 2010, p. 44). Segundo as narrativas das avós acerca do significado de família tem-se Tulipa (65 anos), que disse: “É a base de tudo, desde a bíblia é o sustentáculo, é nossa origem.” Já Lírio (54 anos): “A família está em primeiro lugar, é a base, a estrutura para vida.” E Girassol (54 anos): “É tudo, eu sou uma mãe ciumenta, cuidadosa, família é a base para o desenvolvimento de uma pessoa, é o nosso referencial.” A estrutura familiar ainda é o lugar privilegiado para que um indivíduo se transforme em um ser plenamente desenvolvido. A tradicional se regia por princípios de autoridade, obediência e obrigação. Especificamente na rural, reunida em torno da mesma atividade, tanto a educação forma, quanto a moral e religiosa, dependiam da família. Esta se sobrepunha ao indivíduo e a sociedade externa à vida familiar. (GOLDAFARB e LOPES, 2013, p. 5). No tocante ao relacionamento entre pais, filhos e netos, atualmente, é interessante observar como as avós caracterizam esta relação nos relatos a seguir: “Antigamente existia mais respeito entre pais, filhos e netos, apesar de que os netos não tinham tanta convivência com os avós como hoje em dia, que existe uma aproximação dos avós com os netos que faz a diferença, mais carinho e atenção dos avós com os netos, até mais que dos avós com os próprios filhos”. (GARDÊNIA, 60 anos). Segundo Lírio (54 anos): “Tem uma liberdade, que antes não existia entre avós, filhos e netos, no entanto os filhos e netos dos tempos passados tinham mais obediência e respeito.” Para Girassol (54 anos): “Antigamente não existia esse elo, hoje em dia os avós estão mais presente na vida dos netos, devido a correria do diaa-dia.” Conforme Oliveira (2009), atualmente, os avós têm características diferentes dos de gerações anteriores. Eles assumem papéis multidimensionais, tanto na sociedade quanto na estrutura familiar. É interessante argumentar sobre a importância das idosas para as famílias que compreende a sociedade atual. A esse respeito Gardênia (60 anos) enfatizou que: “A avó é muito importante para os netos como suporte, no caso de separação entre o casal, a criança fica muito carente, necessitando dos cuidados da avó, que é uma segunda mãe.” “O neto precisa se sentir seguro, é importante para o seu desenvolvimento como pessoa, e nós avós participamos desse crescimento dando carinho, cuidando, inclusive auxiliando financeiramente, porque emprego tá difícil, nem sempre os pais conseguem suprir toda necessidade.” (Lírio, 54 anos). Tulipa (65 anos) tem a seguinte concepção: “A avó é matriarca da família, por conta da experiência e dedicação, dispensa maior carinho e cuidado com os netos.” 19 “A participação dos avós no meio familiar é muito importante, na verdade ultimamente, os avós estão sendo sucessores dos pais, estamos no lugar dos genitores, na questão que envolve o cuidado com os netos pela ausência dos pais que tem jornada de trabalho intensa, prejudicando no acompanhamento dos filhos.” (Girassol, 54 anos). Assim, as transformações na organização social e afetiva das famílias na sociedade atual engendram novos papéis e funções para seus membros e influenciam as formas de relacionamento que se estabelecem entre eles. Os avós assumem cada vez mais responsabilidades no processo de troca entre gerações, constituindo fonte significativa de cuidado para seus netos e sua família. Essa relação de cuidado se torna mais complexa em virtude das dificuldades que permeiam a contemporaneidade, em que os padrões de interação familiares tradicionais são questionados por outros que estimulam relacionamentos mais cooperativos, multilaterais e igualitários. (MARANGONI e OLIVEIRA, 2012, p. 51). Na medida em que foram envelhecendo, isto foi o que mais chamou a atenção das avós em sua relação familiar. Destacaram-se os relatos a seguir: Margarida (64 anos): “A gente vai ficando mais velha, mas continua ajudando os filhos e netos, tanto financeiramente, como nos cuidados domésticos. Faço tudo porque amo minha família, e quero o bem-estar dos meus netos”. Já Violeta (62 anos): “Continuo sendo importante para os meus filhos, estou sempre presente na vida deles e principalmente dos meus netos”. Por sua vez, Tulipa (65 anos): “Na convivência entre avós e netos existe uma troca de respeito e conhecimento um com o outro, importante para a formação do meu neto como pessoa”. Nesse sentido, como argumentam as pesquisas citadas, a solidariedade intergeracional, pode assumir diversas facetas, desde um caráter afetivo, marcado por interações constantes e frequentes onde haja altos níveis de ajuda entre avós, filhos e netos a estilos de interação funcional e consensual, marcado por obrigações e imposições de ordem financeira, por exemplo. (SILVA 2010, p. 92). Segundo Alves (2013, p. 130) “A aproximação geracional possibilita troca mútua, no contexto familiar do cenário contemporâneo e suas nuances. São gerações distintas, como por exemplo, avós e netos convivendo no tempo”. A possibilidade de uma sociedade para todas as idades passa por medidas que devam contemplar ações de educação pública sobre o processo de envelhecimento, isto é, políticas que venham fortalecer o vínculo entre as gerações tanto na esfera familiar, quanto nos diversos seguimentos da sociedade, promovendo a solidariedade entre gerações e o apoio mútuo, como fator preponderante para o desenvolvimento social. (NERIS, 2012, p. 109). O estudo realizado apresentou limitações, sendo uma pequena amostra de conveniência. A pesquisa de campo foi efetivada no condomínio Vila Bela, localizado na cidade de Samambaia Sul/DF. Realizou-se através de entrevista com 06 avós que cuidam de seus netos e residem no local acima citado. Estes dados são características desse grupo específico, não podendo se reproduzir em outras situações. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 20 A experiência com as avós do Condomínio Vila Bela de Samambaia Sul revelou-se extremamente rica no sentido em que, a partir dela, foi possível redimensionar alguns conceitos e concepções. Dentre eles, o de “avosidade” e as percepções positivas e negativas da relação intergeracional, que segundo as quais a interação entre avós e netos não significa necessariamente harmonia ou conflito. Assim, sobre a questão da avosidade, ou da relação entre avós e netos, o que se pode constatar foi que essa convivência é de grande importância para ambas as participantes, tanto para criança quanto para avó; que contribui para o fortalecimento dos vínculos familiares, havendo uma troca de experiências. Para a avó, representa numa dinâmica que pode revitalizar suas metas para continuar a vida social se sentido útil e promovendo para criança uma percepção positiva sobre a velhice, aprendendo a valorizar a cultura e valores de seus idosos. Já que na fase de envelhecimento a pessoa idosa, em especial a mulher, tende a se isolar e viver na solidão. Segundo Zanon (2009, p. 26) até os próprios idosos, às vezes, encontram justificativas para não convivência com pessoas de outras gerações. Infere-se que seja devido ao preconceito de idade, manifestado por eles de forma inconsciente. Percebeu-se também que a relação entre avós e netos se tornou mais intensa nos dias atuais, devido às várias modificações que perpassam no contexto socioeconômico e cultural da sociedade contemporânea. Diante dos resultados do presente estudo evidenciou-se que as avós aumentaram suas responsabilidades pela provisão econômica de seus filhos adultos e netos. Tais responsabilidades tem relação com o desemprego, gravidez na adolescência, separação conjugal, e outros, que se tornam motivos de preocupação para as avós cuidadoras, podendo ocasionar processo de adoecimento físico e mental, assim como o estresse e a depressão. Outro fator que influência os cuidados dos anciãos para com os netos é a sobrecarga de trabalho exaustivo dos pais, que muitas vezes não conseguem acompanhar a escolaridade e fornecer atenção básica aos filhos, como levá-los para escola, alimentação, tarefas escolares entre outros. Contudo as avós acabam exercendo a função de pais substitutos. Tais constatações reafirmam a ideia que na atualidade as avós assumem, ativamente, um novo papel perante a família. São os principais responsáveis por preparar os netos para sociedade na ausência dos pais. Isso fica esclarecido de acordo com a percepção das idosas entrevistadas, quando respondem sobre a diferença entre educar e cuidar. Diante disso, as avós participantes da pesquisa mostraram-se preocupadas com a educação dos netos e são presentes no cotidiano deles (as), convictas do valor que tem na família, conforme disseram as entrevistadas, “a família é a base, é a referência de cada indivíduo na sociedade”. Interessante lembrar a resposta unânime das entrevistadas, no que diz respeito a ser avó, que isso é “É prazeroso”. Observou-se no relato delas que mesmo sendo uma rotina cansativa, pelo fato de estarem passando por tudo de novo, cuidaram dos filhos, e agora dos netos e que se sentem privilegiadas pelo livre acesso com as crianças, fortalecendo dos vínculos com a família. , Elas se dispõem a cuidar pelo simples fato de amar seus descendentes. Diante das questões aqui apresentadas, pode-se considerar que a relação entre as avós e seus netos contribui para o bem estar emocional das idosas, 21 proporcionando a continuação dos vínculos sociais e familiares, podendo ser visto também como veículo cultural de reinserção dos anciãos. Tráz benefícios que justificam uma vida saudável para ambos, inclusive suporte para os filhos no cuidado com os descendentes. A possibilidade de uma sociedade para todas as idades passa por medidas que devam contemplar ações de educação pública sobre o processo de envelhecimento, isto é, políticas que venham fortalecer o vínculo entre as gerações tanto na esfera familiar, quanto nos diversos seguimentos da sociedade, promovendo a solidariedade entre gerações e o apoio mútuo, como fator preponderante para o desenvolvimento social. (NERIS, 2012, p. 109). Mediante a diversidade dos modos de vida no âmbito das famílias, convém evidenciar a importância da avosidade nos dias atuais. Espera-se que as reflexões provenientes desse estudo possa ter contribuído para o entendimento da relação entre avós e netos, com o intuito de promover o desenvolvimento de futuras pesquisas que envolvam essa temática, sobre o relacionamento intergeracional, que é cada vez mais frequente nos dias atuais. AVOSIDADE: THE RELATIONSHIP BETWEEN GRANDPARENTS AND GRANDCHILDREN. Abstract: This article aims to analyze the influence of avosidade for life grandparents in designing grandparents caring for their grandchildren, in order to assess the intergenerational interaction in comprising a confrontational and / or harmonious relationship. The choice of the theme was given from personal experiences and realizes the value of households by grandmothers participating in Integrative Health (PIS), at Health Center No. 05 Wansbeck South - DF, where the experience was performed Supervised Course of Social Service, Catholic University of Brasilia. From the literature review on the topic avosidade - which in reality is a new theme focused on the intergenerational relationship within the family. In sequence, the old guy was addressed in the current family, taking as a basis the work of Oliveira (2009), Silva (2010), Goldafarb and Lopes (2006) and Marangoni and Oliveira (2010) among others. The material for the study was obtained from semi-structured interviews with 06 grandparent caregivers for their grandchildren who reside in the Village Beautiful Condo in South Fern DF. The exploratory study pointed out some issues, such as the reasons why grandparents take responsibility for the care of their grandchildren and the meaning of being and the importance of grandparents to families. The survey data suggested that the issue be avosidade increasingly exploited, since it realizes the great importance of intergenerational relationship within the family, aiming at overcoming the prejudices and possible devaluation of the elderly and enabling exchange of experience and a better quality of life and respect between generations. Keywords: Avosidade. Intergenerational Relations. Family. 6 REFERÊNCIAS 22 -ALVES, S. M. M. Cuidar ou ser responsável? Uma análise sobre a intergeracionalidade na relação avós e netos. Fortaleza, 2013. Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas e Sociedade). Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2013. -CASTRO, O. P. (1998). Velhice que idade é está? Uma construção psicossocial do envelhecimento. Porto Alegre: Síntese. -DIAS, C. M.; Silva, M. A. Os avós na perspectiva de jovens universitários. Revista Psicologia em Estudo, v.8, n esp., p.55-62, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pe/v8nspe/v8nesa08.pdf.> Acesso em: 8 Set. 2013. -FALEIROS, V. P. Envelhecimento no Brasil: desafios e compromisso. Brasília: Universa, 2009. -GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. Ed. São Paulo: Atlas,1991. -________ Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2002. -GOLDFARB, D. C.; LOPES, R. G. C. Avosidade: a família e a transmissão psíquica entre gerações. Disponível em: <http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/psico/psico103.htm.> Acesso em: 9 Set. 2013. -GOMES, R. Análise e interpretação de dados de pesquisa qualitativa. In: MINAYO, M. C. S. (org.). Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. PetrópolisRJ: Vozes, 2009. -MARANGONI, J.; OLIVEIRA, M. C. S. L. Relacionamentos Intergeracionais: Avós e Netos na Família Contemporânea. In FALCÃO, D. V. da S. (org). A Família e o Idoso: Desafios da Contemporaneidade. Campinas-SP: Papirus Editora, 2010. -MARANGONI, J. F. C. "Meu tempo, seu tempo": refletindo sobre as relações intergeracionais a partir de uma intervenção no contexto escolar. Brasília, 2007. 120 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia)-Universidade de Brasília, Brasília, 2007. Disponível em: <http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2362> Acesso em: 27 Out. 2013. -MINAYO, M. C. S. O desafio da pesquisa social. In: MINAYO, M. C (Org.). Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ, Vozes, 2009. -______________ Trabalho de campo: Contexto de observação, interação e descoberta. In: MINAYO, M. C (Org.). Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ, Vozes, 2009. -Neris. M. A. L. Representações sociais do envelhecimento, da velhice e do velho, nas relações intergeracionais entre crianças, jovens, adultos e velhos no Distrito Federal. Brasília, 2012. Dissertação (Mestrado em Gerontologia). 23 Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2012. -OLIVEIRA, A. R. V. Avosidade: visão das avós e de seus netos. Brasília, 2009. Dissertação (Mestrado em Gerontologia). Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2009. -OLIVEIRA, A. R. V. et al. Relação entre avós e seus netos no período da infância. In: Revista Kairós Gerontologia, São Paulo, 12 (2), novembro 2009. -PAZ, S. F.; Goldman, S. N.; Portela, A.; Arnaut, T.(orgs.). Envelhecer com cidadania: quem sabe um dia? Rio de Janeiro: CBCISS; ANG-Rio, 2000. -PEDROSA, A. S. Homens idosos avôs: significado dos netos para o cotidiano. São Paulo, 2006. Disponível em: <http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/artigos/homens.pdf.> Acesso em: 8 Set. 2013. -SILVA, A. P. G. Percepções de avós cuidadoras maternas sobre a criação e educação dos netos. Juiz de Fora, 2010. Instituto de Ciências Humanas. Programa de Pós Graduação (Mestrado em Psicologia). Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010. -ZACARON, S. S. Família e Homossexualidade: uma Reflexão Acerca das Configurações da Família na Contemporaneidade e os Direitos Sociais. In: DUARTE, M. J. O; ALENCAR, M. M. T (Orgs.). Família Famílias: Práticas Sociais e Conversações Contemporâneas. Rio de Janeiro: Lumem Juris, 2011. -ZANON, C. B. F. M. (2009). A Educação e a Intergeracionalidade na Perspectiva da Inserção Social do Idoso: Desafios e Possibilidades. Brasília, 2009. Dissertação (Mestrado em Gerontologia). Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2009.