Pró-Reitoria de Graduação
Serviço Social
Trabalho de conclusão de curso
AVOSIDADE: A RELAÇÃO ENTRE AVÓS E NETOS
Autora: Adriana Ferreira de Souza
Orientadora: Maria Liz Cunha de Oliveira
Brasília-DF
2014
2013
ADRIANA FERREIRA DE SOUZA
AVOSIDADE: A RELAÇÃO ENTRE AVÓS E NETOS
Artigo apresentado ao Curso de
graduação em Serviço Social da
Universidade Católica de Brasília, como
requisito parcial para a obtenção do título
de Bacharel em Serviço Social.
Orientadora: Prof.ª Dra. Maria Liz Cunha
de Oliveira
Brasília
2014
Artigo de autoria de Adriana Ferreira de Souza, intitulado “AVOSIDADE: A
RELAÇÃO ENTRE AVÓS E NETOS’’, apresentado como requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social da Universidade Católica de
Brasília, em 06 de Junho de 2014, defendido e aprovado pela banca examinadora
abaixo assinada:
_______________________________________________
Prof.ª Dra. Maria Liz Cunha de Oliveira
Orientadora
Curso Serviço Social – UCB
_______________________________________________
Prof.ª Msc. Karina Aparecida Figueiredo
Banca Examinadora
Curso Serviço Social – UCB
_______________________________________________
Prof.ª Esp. Erci Ribeiro Moura
Banca Examinadora
Curso Serviço Social – UCB
Brasília
2014
Dedico este Artigo a minha mãe Irene e
aos meus sobrinhos: Ana Heloísa, Pedro,
Vitor, Camile e Lara Alice.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pelo dom da vida e por me conceder a oportunidade para
alcançar esta vitória, com muito esforço e dedicação.
A minha mãe que sempre me ajudou e esteve junto de mim em todos os
momentos dessa batalha, ao meu pai Augusto (in-memoriam), fonte de lembrança e
exemplo para minha vida, de humildade e dignidade.
Às minhas amigas, Jaqueline, Amanda e Renata, que participaram deste
processo para minha realização pessoal.
À minha amiga Leila, que tanto me encorajou para não desistir no meio do
caminho, nunca me deixou sozinha.
Ao meu colega e amigo José Carlos, estudamos juntos durante esses quatro
anos de curso de Serviço Social, na Universidade Católica de Brasília, fizemos
vários trabalhos acadêmicos juntos, aprendi muito com ele, inclusive trocamos
experiências pessoais.
Sou grata a Odenilda pessoa especial e colega de curso, que me auxiliou
para realização deste trabalho.
A minha colega de curso Maria Aparecida, a qual realizou dois semestres de
estágios junto comigo, foram muitas dificuldades, muitos estudos, mas vencemos.
A minha supervisora de estágio, Maria Sueli do Vale, Assistente Social do
Centro de Saúde nº 05 de Taguatinga Sul - DF, que me acompanhou e me avaliou
no estágio obrigatório do curso de Serviço Social.
Aos meus irmãos Adilânia, Antônio e meu cunhado Iranildo que me
auxiliaram, para que eu tivesse tempo suficiente de me dedicar aos meus estudos.
Muito obrigada!
Em especial, a minha sobrinha Ana Heloísa que mesmo tão pequenina
sempre teve a preocupação de me ajudar em oração a Deus para que tudo desse
certo, ela participou das minhas tristezas e alegrias. É o meu orgulho!
À minha professora e orientadora Maria Liz, pela sua dedicação e paciência
no decorrer da elaboração deste artigo.
A todos os professores que contribuíram para minha formação acadêmica, em
especial a professora Karina que me orientou desde o começo do meu projeto me
auxiliando também na realização do meu artigo e ao professor Carlos Alberto, que
tive a honra de tê-lo como meu professor, a quem considero um excelente
profissional e homem inteligentíssimo.
A Professora convidada para participar da minha banca, Erci Ribeiro Moura.
Muito obrigada!
Agradeço também as avós que com muito carinho e atenção participaram da
entrevista que contribuiu para o enriquecimento desse artigo.
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AVOSIDADE: A RELAÇÃO ENTRE AVÓS E NETOS
ADRIANA FERREIRA DE SOUZA
Resumo:
O presente artigo teve por objetivo analisar a influência da avosidade para a vida
das avós, na concepção das avós que cuidam de seus netos, com a finalidade de
avaliar o convívio intergeracional no que compreende uma relação conflituosa e/ou
harmoniosa. A escolha da temática deu-se a partir de experiências pessoais e por
perceber a valorização das famílias pelas avós que participam das Práticas
Integrativas de Saúde (PIS), no Centro de Saúde nº 05 de Taguatinga Sul - DF, onde
foi realizada a experiência em Estágio Supervisionado do Curso de Serviço Social
da Universidade Católica de Brasília. A partir da revisão bibliográfica sobre o tema
avosidade - que na realidade é um tema novo - teve como foco a relação
intergeracional no contexto familiar. Em sequência, foi abordado o indivíduo idoso na
família atual, tomando-se por base os trabalhos de Oliveira (2009), Silva (2010),
Goldafarb e Lopes (2006) e Marangoni e Oliveira (2010) dentre outros. O material
para o estudo foi obtido a partir de entrevistas semiestruturadas com 06 avós
cuidadoras de seus netos que residem no Condomínio Vila Bela, em Samambaia Sul
DF. O estudo de caráter exploratório apontou algumas questões, tais como as
razões que levam as avós se responsabilizarem pelo cuidado de seus netos bem
como o significado de ser e a importância dos avós para as famílias. Os dados da
pesquisa sugeriram que o tema avosidade seja cada vez mais explorado, uma vez
que se percebe a grande importância da relação intergeracional no contexto familiar,
visando à superação de possíveis preconceitos e desvalorização do idoso e
possibilitando a troca de experiências e uma melhor qualidade de vida e respeito
entre as gerações.
Palavras-chave: Avosidade. Relação Intergeracional. Família.
1 INTRODUÇÃO
A relevância da pesquisa se pautou na tentativa de perceber que o
relacionamento entre avós1 e netos além de ser uma troca de afeto, contribui
também para o reconhecimento do idoso na família, no qual as longevas se sentem
úteis e valorizadas.
Atualmente as pessoas permanecem muito mais tempo exercendo a função
de avós, devido à longevidade e por este motivo veio à preocupação em analisar a
relação avós-netos, numa sociedade que perpassa por constantes modificações e
novos arranjos familiares.
O contato entre avós e netos contribui para o seu próprio bem estar
emocional, influenciando na troca de experiências para valorização da cultura e o
resgate da história de vida, proporcionando ao neto ou neta uma concepção positiva
sobre a velhice e fortalecimento dos vínculos familiares.
1
Nesta pesquisa utilizou-se a palavra “avós” com o sentido do gênero feminino.
6
Percebeu-se que essa aproximação ou convivência é essencial para aquelas
pessoas que estão na fase de envelhecimento, sendo os netos de suma importância
para vida das avós, motivando-as a continuar vivendo como sujeitos ativos e
criativos em todas as fases existenciais.
Segundo Castro (1998), um crescente número de avós entra em relação com
um crescente número de netos potenciais cada vez mais jovens. A idade se torna
uma variável isolada e conflituosa na relação destes últimos com os longevos, tendo
em vista que no passado havia muitos idosos em idade avançada e saúde
debilitada, enquanto que atualmente a quantidade de anciãos cada vez mais ativos e
joviais configura maior contexto relacional.
Com o aumento da expectativa de vida e, consequentemente, das famílias
multigeracionais, se torna crescente as relações intergeracionais no seio das
famílias (PAZ, 2000; GOLDMAN, PORTELA e ARNAUT, 2000 apud OLIVEIRA et al,
p. 150).
A relação entre os netos e seus avós estabeleceu uma série de investigações
nas quais se tornou indispensável abordar os aspectos das duas partes, pois cada
questão que se discute depende da interação de ambas as perspectivas.
Conforme Neris (2012), o aparecimento de novas representações e propostas
familiares de relações com a presença de três ou mais gerações convivendo juntas,
coexistindo com os modelos tradicionais de famílias tem sido observado no Brasil.
Associado a isso, cresce progressivamente o convívio de crianças, jovens, adultos e
velhos, nas escolas, nos templos religiosos, nas universidades, enfim, nos diversos
ambientes de interação social.
De acordo com essa nova realidade das mudanças que ocorrem na
sociedade contemporânea, a perspectiva intergeracional se torna um elemento
importante para mostrar novas alternativas visando um novo contexto de relações
sociais.
Segundo Dias e Silva (1999 apud OLIVEIRA, 2009, p. 14), a importância da
mutualidade da relação entre idosos e netos foi reconhecida, sobretudo durante a
década de 80 e, desde então, o interesse sobre o estudo dos longevos cresceu
consideravelmente. Dentre os fatores que contribuíram para esta situação, está o
aumento na expectativa de vida atual permitindo aos indivíduos exercitar por mais
tempo a função de avós. Como afirma Oliveira (2009, p. 14) “O século XXI será o
século dos avós”.
O envelhecimento da população é um fenômeno universal. Isso se justifica
devido à queda da mortalidade, redução da fecundidade, vacinações sistemáticas,
condições de saneamento básico e, principalmente, aos avanços da medicina que
fazem com que as pessoas vivam mais.
Envelhecer é um processo de mudança na estrutura biológica, psicológica e
social. Neste sentido, Faleiros (2009) afirma que o envelhecimento é um processo
complexo, multidimensional, heterogêneo, compreendendo uma relação cultural.
É sabido que o envelhecimento não acontece nem é vivenciado da mesma
forma por homens e mulheres. Para elas, na velhice surgem dificuldades e desafios
decorrentes não de limitações biofisiológicas, mas de limitações e preconceitos de
ordem social e cultural que penalizam as mulheres no processo de envelhecimento.
A escolha pelo tema deu-se a partir de experiências pessoais, que
despertaram a curiosidade de saber as influências que a relação intergeracional traz
para vida das avós, seguido da experiência adquirida durante o período do Estágio
Supervisionado em Serviço Social I e II, no âmbito da graduação em Serviço Social
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da Universidade Católica de Brasília (UCB), realizado entre o 2º Semestre/2012 e 1º
Semestre/2013.
A referida experiência de Estágio foi realizada em um Centro de Saúde, área
de atenção básica, localizado em Taguatinga Sul, - no Distrito Federal - no qual um
dos trabalhos realizados era com um grupo de idosos que participavam das Práticas
Integrativas de Saúde (PIS), observando aquele grupo de idosos que na sua maioria
eram mulheres, avós e cuidadoras de seus netos.
Surgiu então o interesse de estudar as influências da avosidade: a relação
entre avós e netos na concepção das idosas. A partir desse interesse inicial, foramse apresentando questões que suscitaram indagações sobre a importância das
longevas para as famílias atuais e os fatores pelos quais levam elas a se
responsabilizarem pelos cuidados com seus netos, construindo assim o objeto de
estudo para o presente trabalho.
Para tal, utilizou-se a pesquisa exploratória de cunho qualitativo, com revisão
bibliográfica sobre o tema por meio dos autores: Oliveira (2009), Silva (2010),
Goldafarb e Lopes (2006), Marangoni e Oliveira (2010) entre outros.
Para a obtenção das informações relativas à concepção das avós cuidadoras
de seus respectivos netos sobre o tema avosidade, além da importância dessa
relação intergeracional para suas vidas, foi realizada uma entrevista
semiestruturada com 06 avós.
O resultado pesquisa que deu origem a este artigo compõe-se de três
capítulos: O primeiro aborda a avosidade, um tema novo que trata do envolvimento
avós-netos. O segundo contém a explanação sobre a relação intergeracional no
contexto familiar, se reportando a importância das avós para as famílias na
atualidade. O capítulo final traz para discussão o idoso na família atual.
E finalizando o método utilizado para elaboração da pesquisa, expôs-se a
análise dos dados obtidos e as considerações finais a respeito da experiência
vivenciada para a realização deste trabalho.
2 AVOSIDADE
Pode-se se interpretar avosidade ou vovozice como a convivência e interação
de avós, filhos e netos em diferentes espaços sociais.
Os termos vovozice ou avosidade estão empregados como denominação de
uma problemática humana conflitiva: o neto representa promessa de vida
em relação a certos ideais e morte em relação ao declínio físico e a
consciência de finitude. Avosidade não se remete a idade cronológica, mas
a um laço de parentesco localizado nas filiações trigeracionais do ponto de
vista pessoal, familiar e social. (GOLDFARB e LOPES 2006, p. 9).
Os netos tem o papel de ampliar a família, dando continuidade as gerações.
É esperado que os avós sejam os principais socializadores das crianças
após os país e, em geral, sua contribuição é grande no quotidiano das
famílias. Apesar desta relevância, poucos estudos têm sido realizados sobre
sua importância para os netos, especialmente quando estes já passaram
das fases da infância e da adolescência, épocas em que o envolvimento
avós-netos tende a ser mais intenso. Este envolvimento se explica pela
novidade que o papel representa, pelos cuidados que as crianças e
adolescentes exigem ou pela necessidade que os pais tem de recorrer aos
8
seus próprios país para cuidarem dos netos enquanto trabalham ou
realizam outras atividades. (DIAS e SILVA, 2003, p.55).
Oliveira (2009) afirma que o convívio e diálogo das crianças com seus avós
possibilita a elas conhecer as histórias de vida dos longevos, aprendendo a
valorizar a cultura e valores dos mesmos. A relação entre eles, consequentemente,
apresenta a possibilidade de desenvolver cuidados recíprocos, demonstrando como
o processo de envelhecer é contínuo, despertando afeto e solidariedade para com
ambos.
A avosidade está ligada intimamente a maternidade e paternidade, bem
como a função de avôs podem ser satisfatórias ou conflitiva isso vai
depender de como foi exercida a função materna e paterna que se deveria.
(GOLDFARB e LOPES, 2006, p. 7).
Para Goldfarb e Lopes (2006, p. 8) “A avosidade é o ponto culminante da
paternidade, não porque aí acabe, mas porque nesse ponto se reproduz”
A avosidade é sempre estruturante, não importando se o neto teve ou não,
contato com os avôs. Mediatizados pelos países, a avosidade opera
estruturando o psiquismo, atravessando a subjetividade, ocupando um lugar
na história de cada sujeito: o lugar pai-mãe, de seu pai-mãe. Os avôs, ainda
que ausentes, podem ter marcado ideais, colaborando na montagem de
representações sobre a vida, a morte, a sexualidade, o trabalho etc.
(GOLDFARB e LOPES, 2006, p. 7).
Para Dias e Silva (2003), vale ressaltar também que a relação entre avós e
netos depende de outros fatores como: escolaridade, nível econômico, situação
empregatícia, saúde e institucionalização dos anciãos entre outros, como também a
personalidade de cada um dos envolvidos.
Pensar no convívio dentro da família, na relação que as avós estabelecem
com os netos, se dá também no sentido do cuidado e os valores que são aprendidos
no processo de formação e troca.
Refletir sobre avosidade remete-nos primeiramente a uma direção que se
refere aos modelos familiares que se podem encontrar, neste momento pósmoderno, no qual as possibilidades de estruturas do parentesco são
intensamente diversificadas. (PEDROSA, 2006, p. 34).
As avós compartilham com mais frequência da vida dos netos, no entanto
esse relacionamento influência no comportamento, na personalidade e na
consciência psicossocial dos mesmos, podendo a criança construir uma concepção
positiva em relação à velhice, em um relacionamento respeitoso com o idoso,
sobretudo dentro da própria família e no meio social.
O gênero também influência: a função parece ser mais importante para
mulher que para o homem; elas têm uma tendência a ser ativas e
participantes, a se comprometerem preferencialmente com aspectos
emocionais e da saúde do neto. Os homens participam do lazer, se
preocupam mais com os estudos e o trabalho (GOLDFARB e LOPES, 2006,
p. 7).
9
“A criança conhece sua história de vida, resgatando-a e aprendendo a
valorizar sua cultura e seus valores através da convivência e diálogo com seus avós,
pois o processo de envelhecer é contínuo.” (OLIVEIRA, 2009, p. 32).
Para Silva (2010), na sociedade contemporânea, a presença dos avós nas
famílias vai além do contexto de envelhecimento da população e da longevidade,
houve mudanças nas representações associadas à velhice ao longo das últimas
décadas. A gerontologia tem o interesse pelo estudo do processo que envolve o
envelhecer, as várias mudanças e as novas perspectivas para compreensão do
fenômeno ao longo do desenvolvimento humano. Essa concepção contribuiu para
novos conceitos em relação ao papel dos idosos nas sociedades e nas famílias.
Neri (2007, apud SILVA, 2010, p. 14) “aponta que a velhice na sociedade
atual ganhou novos conceitos, sendo vista de forma mais positiva.”
Silva (2010, p. 14) aponta que a presença dos avós pode ser observada em
diversos contextos. De acordo com Oburu (2005) e Engstrom (2008) em
casos de desestruturação familiar onde os genitores abandonam os filhos
por motivo de encarceramento ou abuso de substâncias. Em situações de
separação e divórcio, como salienta Barros (1987), na maternidade
adolescente, segundo Dias, Costa e Rangel (2005) e também, na criação e
educação dos netos como observa Triadó et al (2006).
Para Silva (2010), no cotidiano é corriqueiro observar a participação dos avós
em reuniões pedagógicas, responsabilizando-se pelo acompanhamento escolar dos
netos e auxiliando professores e pais em projetos coeducacionais.
Silva (2010, p. 14) aponta que os trabalhos de Gusmão (2003), Ferrigno
(2006) e Todaro (2009) “salientam que o diálogo entre as gerações, promovidos em
ambientes educacionais incentivam a criação de atitudes mais positivas em relação
à velhice e à convivência intergeracional”.
O senso de pertencimento e continuidade de uma criança ou adolescente à
sociedade advém da convivência intergeracional. Segundo esta visão, a
violência vivida nos ambientes educacionais e na família deve-se à falta
deste sentimento de pertença e do pouco diálogo entre as gerações.
(COUTINHO, 2006 apud SILVA, 2010, p. 15).
De acordo com Silva (2010) os conceitos geratividade e avosidade são
significativos para a compreensão e verificação dos pactos intergeracionais que se
estabelecem entre as gerações. A investigação do compromisso intergeracional que
as avós maternas desempenham na criação e educação dos netos, a sua
participação na vida familiar, o seu posicionamento diante dos pais das crianças
ainda é pouco estudado. Embora a literatura internacional acerca das práticas
familiares na educação e criação de filhos seja relevante, poucos são os estudos, no
contexto brasileiro, sobre a função desses cuidadores e entre as gerações.
O estudo das gerações e suas interações são essenciais para os
pesquisadores da ciência do desenvolvimento humano na medida em que
constituem termômetros de mudanças sociais, e ajudam a traçar um
panorama sobre tendências culturais, econômicas em função da
longevidade e do envelhecimento mundial. (SILVA, 2010, p. 26).
A seguir, bordou-se a relação intergeracional no contexto familiar nos dias
atuais, demonstrando a importância da convivência entre as gerações visto que as
10
pessoas permanecem na função de avós por mais tempo, fator importante para
complementar as ideias deste artigo.
2.1 RELAÇÃO INTERGERACIONAL NO CONTEXTO FAMILIAR
A nova realidade do mundo contemporâneo contradiz o que se entende a
respeito de velhice, que não mais é vista como período de dependência, visto que
os avós atuam na função de cuidadores parciais ou integrais dos netos, atuando na
educação dos mesmos, além de participarem da economia familiar.
As mudanças demográficas em todo o mundo consistem em uma dimensão
fundamental na compreensão do contexto familiar, uma vez que promovem
a possibilidade da convivência de muitas gerações dentro de uma mesma
família por mais tempo. (BARROS, 2006; DIAS e SILVA, 2003;
GIARRUSSO, SILVERSTEIN e BENGTSON, 1996; MILLS, 2001;
MORAGAS, 1997; M. R. OLIVEIRA, 2007 apud MARANGONI, 2007, p. 17).
Segundo Marangoni (2007, p. 21), “os relacionamentos intergeracionais ético,
fraterno e solidário são necessários para preservar a qualidade dos laços afetivos e
para formação de uma sociedade justa para todas as idades.”
Nessa perspectiva a autora acima citada aponta o que expõe Sommerhalder
e Nogueira (2000): Que os estudos reafirmam a relevância do relacionamento entre
as gerações como a forma mais eficiente de construir percepções positivas em
relação à velhice. Assim sendo um meio para amenizar os preconceitos, aliviar as
tensões entre as gerações, proporcionar consciência histórica do passado, presente
e futuro, principalmente partilhar da diversidade cultural de valores e estilo de vida.
A curta história da sociedade brasileira contribui para nos converter em uma
população que se representa como jovem. Este aspecto contribuiu
historicamente, para um processo de descompromisso com os velhos. A
juventude tem sido alvo direto da publicidade e do consumo, considerada
como fonte de desejo, imagem de boa saúde e poder, a juventude se
transforma em marca a ser consumida. “O corpo bem cuidado, a saúde e
até mesmo a liberdade de desfazer relacionamentos, a possibilidade de
sucessivos recomeços afetivos e profissionais: tudo isso tem haver com a
conversão do humano em jovem”. (RIBEIRO, 2004, p. 27 apud
MARANGONI, 2007, p. 23).
Marangoni (2007, p. 23) posiciona-se da seguinte forma: Uma sociedade cujo
projeto social tem como base uma perspectiva de inclusão não pode aceitar a
segregação das gerações. É imprescindível articular programas, ações e
intervenções que questionem as diferentes formas de violência apresentadas, como
por exemplo, o preconceito etário, seja ele relativo aos jovens ou destinados aos
mais velhos.
O movimento intergeracional supera o debate da segregação etária e o
preconceito em relação à velhice e alcança outras finalidades, colaborando
para minimização de problemas sociais, como por exemplo, o uso de
drogas e a violência juvenil. (HENKIN e WARD, 1997 apud MARANGONI,
2007, p.23).
A relação intergeracional é de grande significado para ambos os participantes,
possibilitando uma troca mútua de conhecimentos, onde os avós propiciam aos
11
netos o primeiro contanto com a pessoa mais velha, influenciando no processo da
transmissão cultural da família ao qual pertence. Estes, por sua vez, podem ensinar
aos seus anciãos as novas mudanças tecnológicas para que eles possam se inserir
na sociedade contemporânea, a qual sofre diversas modificações e permanecendo
inseridos e interagidos.
Esse processo de inclusão do tema velhice e dos próprios idosos em
contextos educacionais vai ao encontro da necessidade de se construir uma
ética da diferença, na qual as diferentes categorias sociais, de distintas
gerações, possam conviver com respeito mútuo. É tarefa necessária e
urgente para este século, a construção de uma cultura que privilegie a
convivência entre gerações estabelecida, a partir de valores como justiça,
cooperação, diversidade e tolerância, contribuindo para a transição de uma
cultura de conflitos, competição e individualismo para uma outra, pautada
na cooperação e na solidariedade intergeracional, “ entreabrindo outras
formações de sentido e de valor”, para todos. (CASTRO, 2006, p.265 apud
MARANGONI, 2007, p. 26).
A convivência entre avós e netos contribui para mudança de concepções
estereotipadas no que se entende sobre o que é ser velho ou jovem, promovendo
também melhores condições de saúde, qualidade de vida e desenvolvimento para
ambos.
As famílias têm passado por mudanças importantes em sua estrutura e
função, como efeito das recentes transformações socioculturais e históricas
nas sociedades ocidentais. O fenômeno do aumento da longevidade é um
dos aspectos que colaboram para as modificações na família, influenciando
os relacionamentos entre as gerações e diversificando as funções do idoso
na dinâmica familiar. Essa nova realidade pode levar as pessoas a
experimentar, por um período mais longo, o papel de avós e a ter um
convívio mais íntimo com os netos, o que demanda estudos que tenham
como foco a compreensão da dinâmica entre eles. (MARANGONI e
OLIVEIRA, 2010, p. 37).
É importante lembrar que as famílias ao longo da história sofreram várias
transformações em sua estrutura. Novas configurações familiares são encontradas
no cenário social, produzidas pelas modificações que perpassam as relações
econômicas, jurídicas, intergeracionais e de gênero, as atitudes e os valores
humanos.
Em especial no Brasil país marcado por contrastes socioeconômicos
importantes, a maior longevidade da população tem impactos específicos
sobre as trocas intergeracionais na família. Com a introdução do direito
universal à aposentadoria, independentemente de contribuição, idosos
começam a configurar um grupo etário e geracional ativo e participativo, que
oferece suporte não apenas ativo como financeiro para as gerações mais
jovens, que, em muitos contextos, dependem grandemente de sua renda
como pilar do sustento familiar. Isso ocorre também nos casos em que avós
assumem além dos cuidados eventuais ou diários relativos aos netos, parte
das despesas domésticas, colaborando para a construção de estratégias de
enfrentamento da pobreza. (MARANGONI e OLIVEIRA, 2010, p. 39).
Ao contrário do que se pensava anteriormente, os avós na atualidade
assumem ativamente as responsabilidades perante a família. Isso também tem suas
implicações, mas, no entanto, possibilita novas experiências de envelhecimento.
12
As dificuldades econômicas e a ausência cada vez maior do Estado no
âmbito social, no mundo do trabalho e do consumo, exigem que os adultos
em idade produtiva ocupem cada vez mais o tempo com as atividades
laborais. Essa realidade solicita criatividade das famílias na invenção de
novas formas de cuidados compartilhados, fazendo com que a partição de
funções na família torne-se mais complexa. (MARANGONI e OLIVEIRA,
2010, p. 39).
Em meio a tantas necessidades para o cuidado com os filhos, os avós
acabam ficando na condição de pais substitutos, o que nos convida a refletir sobre a
relevância da relação entre avós e netos. Podendo ser uma relação prazerosa ou
que cause vários conflitos.
Os novos papéis delegados aos idosos como avós são, em geral, uma
necessidade e uma imposição decorrente da realidade social e econômica
do Brasil. É preciso considerar ainda que, em muitas situações, as
contribuições dos avós não são pautadas pela construção de papéis e pelas
oportunidades de escolha e, sim, pela obrigatoriedade imposta pelas
famílias, em troca do suporte provido ao idoso. Por isso, torna-se tão
importante levar em conta a diversidade de experiências de envelhecimento
nos contextos familiares (MARANGONI; OLIVEIRA, 2010, p. 40).
De acordo com Marangoni e Oliveira (2010, p. 45) “[...] identifica-se que tal
relacionamento se da dinamicamente, marcado por afetos e atritos, carinhos e
conflitos que podem contribuir para distanciá-los ou aproximá-los”.
Segundo Zanon (2009), a pesquisa realizada por Novaes constatou que o
velho deseja uma nova forma de viver, em um lugar onde ele possa ser respeitado e
assistido, além de ser inserido em uma sociedade que possibilite uma nova
construção da realidade e um novo significado para a vida, diminuindo os
sentimentos de solidão e insegurança, para assumir outros papéis sociais.
Pode-se então compreender que o convívio e interação entre as gerações
permite um maior conhecimento dos sujeitos envolvidos no processo intergeracional
(nesse caso, avós-netos), possibilitando a minimização dos preconceitos
relacionados aos idosos, que na verdade são evidenciados em toda parte, desde as
relações familiares e em meio à sociedade.
As trocas geracionais neutralizam no idoso a tendência de afastamento dos
contextos sociais e familiares, por medo de enfrentar novos
relacionamentos, prejudicando a socialização e o estabelecimento de
vínculo afetivo. A intergeracionalidade pode ser interpretada como um
veículo cultural de reinserção do idoso, identificando novos recursos,
criando projetos e validando estratégias utilizadas na comunidade social,
enfim (re) significando sua vida. (NOVAES, 2005 apud ZANON, 2009, p.
33).
A próxima seção trouxe a temática do respeito ao idoso na família atual bem
como a visão das mulheres idosas, tendo em visto que estas foram o foco deste
Artigo.
2.2 O IDOSO NA FAMÍLIA ATUAL
A família é o principal grupo responsável pelas pessoas idosas. São
perceptíveis as várias modificações nas configurações familiares da sociedade atual.
De acordo com Silva (2010, p. 33) “As transformações na família nuclear
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consequentemente redefinem as funções nas famílias intergeracionais marcada pela
presença dos avós.”
Podemos considerar a família como um grupo de pessoas portadoras de
particularidades, que se relacionam cotidianamente, pessoas que traçam
uma complexa rede de relações e emoções, que não são necessariamente
homogêneas ou integrativas. Esse complexo pode, por vezes, assumir um
caráter conflitivo ou algo que pareça até mesmo “fugir” do modelo
tradicional representado pela família nuclear composta por pai, mãe e filhos.
(ZACARON, 2011, p. 169).
Segundo Zacaron (2011, p. 170) “Para compreendermos as configurações da
família contemporânea, faz-se necessário considerar seus determinantes sóciohistóricos”.
No contexto atual de globalização, a família continua a sofrer processos de
transformações advindos das mudanças demográficas, no mundo do
trabalho, relações de gênero e intensificação do processo de
industrialização e psicologização da compreensão da vida social. (SCOTT,
2001 apud ZACARON, 2011, p. 170-171).
Considera-se hoje as novas representações familiares como as famílias
monoparentais, onde o lar é chefiado por mulher; aquelas que são sustentadas
economicamente com a renda do idoso; constituídas após outros casamentos, e
uniões de pessoas do mesmo sexo.
Na contemporaneidade, é inútil tentar definir um modelo familiar que
represente o signo deste tempo; no entanto, a autora utiliza como
norteadores para seu estudo a definição de famílias segundo o número de
pessoas que compõe os laços parentais com as crianças (monoparentais ou
pluriparentais).
Segundo Zacaron (2011, p. 169) “Deve-se reconhecer, entretanto, que a
cultura da família nuclear é algo muito forte, mas não é possível desconsiderar as
novas representações familiares”.
Oliveira (2009, p. 27) explica que a família atual está sendo marcada pelo
compartilhamento de experiências, valores, apoio financeiro e emocional entre as
gerações, especialmente entre avós e netos.
As estruturas familiares formadas ou de idosos são marcadas pela
convivência intergeracional. Outra observação que Oliveira (2009) faz: “As relações
familiares são as que o idoso vive com mais intensidade e assiduidade”.
A seção a seguir abordou sobre os elementos que contribuíram na elaboração
deste trabalho.
3 MÉTODO
O presente estudo pode ser caracterizado como pesquisa de campo
exploratória, de cunho qualitativo. Foi realizada uma revisão bibliográfica, que
consiste em leituras de livros, artigos científicos e materiais encontrados na internet.
De acordo com GIL (1991) a pesquisa Exploratória: visa proporcionar maior
familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses.
Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram
14
experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que
estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas
e Estudos de Caso.
Minayo (2009) esclarece que a pesquisa qualitativa responde a questões
muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade
que não pode ser quantificado, ou seja, trabalha com o universo de significados,
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço
mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis.
Segundo a consideração de Gil (2002) a pesquisa feita através do
procedimento bibliográfico é desenvolvida através de material já elaborado, como
artigos científicos e livros. Enfatiza ainda que em quase todos os estudos exija-se
trabalho que necessite desse procedimento, algumas pesquisas usam
exclusivamente esse tipo de procedimento.
Como lembra Minayo (2009), o trabalho de campo aproxima o pesquisador da
realidade sobre a qual irá pesquisar. É uma interação entre os participantes da
entrevista, proporcionando um conhecimento empírico muito importante para quem
faz a pesquisa social, e leva em conta também a clareza que se tenha do assunto, a
partir do levantamento bibliográfico que foi realizado na fase exploratória do projeto.
É importante ressaltar, que a entrevista é relevante para obtenção das
informações desejadas, em relação às diversas questões abordadas na pesquisa.
Minayo (2009) explica que a entrevista é similar a uma conversa ou diálogo,
entre entrevistador e interlocutores e tem como objetivo construir informações
pertinentes para um objeto de pesquisa, onde a abordagem feita pelo pesquisador
seja de temas relacionados a este objetivo.
A coleta de dados foi realizada através de entrevista semiestruturada com as
avós selecionadas para investigação.
“Semi-estruturada [sic], que combina perguntas fechadas e abertas, em que o
entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se
prender a indagação formulada.” (MINAYO, 2009, p. 64).
A entrevista teve a direção de um roteiro de perguntas onde as questões
buscavam aprofundar o tema avosidade, no que se refere a relação entre as avós e
seus netos. O encontro com cada avó durou aproximadamente 30 minutos. O
Critério de inclusão utilizado foi: Avós com faixa etária entre 50 a 69 anos;
Cuidadoras de netos; Residentes do condomínio Vila Bela.
Após a realização das entrevistas e transcrição das respostas obtidas, foi
realizada a análise de conteúdo sobre os dados analisados, numa interpretação de
caráter qualitativo.
A análise de conteúdo é apresentada por Minayo (2009) seguindo as
seguintes etapas: Pré-análise; Exploração do material e tratamento dos
resultados/inferência/Interpretação. É feito uma leitura compreensiva do conjunto do
material selecionado. Trata-se de uma leitura de primeiro plano para atingir níveis
mais profundos.
Bardin faz uma definição sobre a análise de conteúdo e afirma que é um
conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitem a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens. (BARDIN, 1979 apud MINAYO, 2009, p. 83).
15
Com vista a preservar a identidade das avós entrevistadas foi esclarecido
para cada participante o objetivo da pesquisa e aplicado o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE).
Para manter o sigilo dos relatos foram utilizados nomes fictícios.
O projeto deste estudo foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da
UCB – Universidade Católica de Brasília - Instituição proponente para realização da
pesquisa, sendo aprovado em 22 de maio de 2014, CAAE - 31055614.4.0000.0029.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No decorrer do processo em que foram ouvidas as avós, chamou atenção o
fato de que todas elas afirmaram que é prazeroso cuidar do neto. E um dos motivos
pelos quais cuidam dos netos é por amor e para ajudar seus filhos. Algumas delas
admitiram que a tarefa de cuidar e prover o sustento dos netos acarreta um
desgaste mental e físico.
Das seis entrevistadas, duas não participam dos cuidados básicos do
cotidiano de seus netos, mas auxiliam financeiramente, para prover o sustento
deles. No entanto essa responsabilidade é objeto de preocupação das avós
entrevistadas.
Percebeu-se que as avós entrevistadas são pessoas que participam
ativamente do processo de desenvolvimento de seus netos e representam um
importante suporte afetivo e financeiro às famílias. Contudo, as participantes do
estudo apontaram as dificuldades vivenciadas na relação com aqueles sob seus
cuidados. Elas enfatizaram que a função de cuidar e até mesmo de prover se torna
uma preocupação que lhes impõem sobrecarga de trabalho, acarretando
adoecimento, assim como estresse e cansaço físico e mental.
Com base no relato das seis participantes, três avós são aposentadas, duas
não trabalham fora e se dedicam aos cuidados com os netos como forma auxílio
para com os pais e apenas uma trabalha fora de casa e participa dos cuidados
financeiros com a criança.
No discurso das longevas foi percebido que pensar em ser avó representa
satisfação. É a continuação da família e isso foi uma resposta unânime entre as
entrevistadas, conforme afirmou Girassol (54 anos): “É um privilégio o livre acesso
com meus netos, gratificante”. Violeta (62 anos) esclarece que: “É uma grande
alegria, é ver a família continuar, apesar das preocupações e responsabilidades que
aumentam, nos dá mais sentido para viver”.
Oliveira (2009) explica que os netos exercem importância fundamental na vida
dos avós e o contato entre ambos pode ser essencial para as pessoas que estão
envelhecendo.
No que diz respeito à diferença entre educar e cuidar de netos (as), a maioria
das avós assumem que exercem as duas funções, tanto de cuidar como de educar,
pois não tem como separar as duas ações, pois quando se cuida, existe a
oportunidade de educar.
Neste contexto, a narrativa da avó Gardênia (60 anos): “Você tem que cuidar
educando; as duas coisas tem que andar juntas. Temos que preparar nossos netos
para sociedade, já que os pais deles (as) não tem tempo para isso”. Apenas uma
participante concordou que existe diferença entre cuidar e educar. Lírio (54 anos)
resumiu que: “Cuidar é um cuidado básico e educar é a criação que é dada para a
criança”.
16
De acordo com Marangoni e Oliveira (2010), certamente, a atuação no
processo educativo dos netos é menos pesada quando os pais existem e assumem
seu papel ativo nesse processo, ficando com os avós a função auxiliar.
Vale frisar que muitos são os motivos que levam as avós a se
responsabilizarem pelo cuidado com seus netos, principalmente nos dias atuais. São
várias as mudanças que as famílias têm passado em sua estrutura e função, devido
às transformações socioculturais e históricas nas sociedades. As participantes da
pesquisa enfatizaram algumas razões, tais quais diz Margarida (64 anos): “Tenho
que ajudar meu filho, ele ficou sem trabalho fixo, está separado da mãe da minha
neta, então a minha ajuda é financeira, ajudo ele a pagar a pensão da filha, e
também por que amo minha neta, não quero que ela passe necessidade”. Lírio (54
anos): “Meu filho está separado da mãe do meu neto, ela é menor de idade, não
tem trabalho para arcar com as responsabilidades de criar o filho, ajudo
principalmente pelo amor que tenho pelo meu neto”.
“O meu neto mora junto comigo, a mãe trabalham fora, e casou com outra
pessoa que não é o pai do meu neto, mas também residem na minha casa.
A precocidade do nascimento do meu neto, o amor incondicional que tenho
por ele e por minha filha me faz ter um cuidado especial por ele, como se
fosse meu filho, está comigo desde que nasceu” (TULIPA, 65 anos).
Conforme Marangoni e Oliveira (2010), existem novos modelos familiares que
se apresentam, motivados pelas transformações que perpassam as relações
econômicas, jurídicas, intergeracionais e de gênero, as atitudes e os valores
humanos.
No tocante aos modelos de famílias, Alves (2013) chama a atenção para um
detalhe importante: Nos dias atuais, não se pode falar em modelo familiar único,
haja vista a evidente heterogeneidade das configurações familiares encontradas no
cenário social.
É relevante destacar a ideia de Alves (2013) que há diversas circunstâncias,
como desemprego, falta de recursos financeiros, gravidez precoce, envolvimento
com drogas, separações conjugais e outras situações, fatores estes que tem
contribuído para o retorno dos filhos à casa dos pais. Na verdade, essa situação
muda o sistema de solidariedade e a própria estrutura da família muda de eixo, já
que outras gerações (netos e /ou bisnetos) entram em cena.
Em se tratando do acompanhamento das avós em relação à escolaridade e
tarefa escolar dos netos, obteve-se respostas diferenciadas, devido à idade do
cuidado pela idosa e aos cuidados atribuídos a ele, de acordo com a necessidade
existente. Nesse sentido especifica-se a fala das entrevistadas a seguir:
“Tenho duas netas, uma é pequena de apenas um ano e meio, ainda não
estuda, ajudo a pagar a pensão para seu alimento, a outra neta já tem 14
anos e fica comigo de vez em quando, até me faz companhia, mas também
não é necessário que eu a ajude nas tarefas escolares, pois a mãe dela é
responsável por este cuidado é filha do meu filho, mas com outra mulher.”
(MARGARIDA, 64 anos).
“Ensino os deveres de casa da minha neta e do meu neto, ajudei a eles
aprender a ler, acompanho o desenvolvimento escolar de cada um, é
prazeroso e a gente também aprende com eles, moram bem próximos de
minha casa e aí não tem jeito vivem comigo, até mesmo porque são muitos
afazeres para minha filha e vejo a necessidade de ajudá-la. Mas não posso
negar que é cansativo, pois já vivi tudo isso com meus filhos e tô passando
por isso novamente.” (VIOLETA, 62 anos).
17
“Meu neto mora comigo, a mãe dele trabalha fora, o padrasto também,
então automaticamente essa responsabilidade é minha, que posso fazer? A
mãe sai de casa cedo, chega cansada e muito tarde. Às vezes brigo com
ele, me falta paciência e fico estressada porque ele tem muita energia, quer
brincar, eu brigo, mas a gente estuda juto e aprendo com ele também. Ele
me ensina a usar o computador e trocamos experiências, é bom.” (TULIPA,
65 anos)
Nesse caso, as avós assumem as tarefas referentes a cuidados básicos,
como
alimentação,
acompanhamento
diário,
monitoramento,
acompanhamento escolar dos netos como se fossem os próprios pais. Há
situações, na literatura, sugerindo que esse relacionamento pode trazer
benefícios para ambos, avós e netos, ora prejuízos de alguma ordem
também. (SILVA, 2010, p. 37).
“Certamente, a atuação no processo educativo dos netos é menos pesada
quando os pais existem e assumem seu papel ativo nesse processo, ficando com os
avós a função auxiliar.” (MARANGONI e OLIVEIRA, 2010, p. 45).
Na visão das avós, de acordo com o cotidiano a relação pode ser conflituosa
ou harmoniosa. É o que destaca os seguintes enunciados das avós:
“Tenho um convívio de muita harmonia, até mesmo por que meus netos
ainda são pequenos, tenho uma neta de 6 anos e um neto de 5 anos, cuido
de ambos, mas quem mais fica comigo é minha neta. Ela alegra minha
casa, eu tenho a liberdade de disciplinar e dar limites ao seu
comportamento”. (GIRASSOL, 54 anos).
“A convivência estreita a relação entre eu e meus netos. Existem algumas
diferenças na criação dos filhos de hoje, e muitas das vezes não tenho a
liberdade de corrigir da minha maneira, isso se torna um conflito, tudo
parece normal no mundo hoje em dia. O vínculo que tenho com eles desde
crianças, mesmo eles crescendo tem um respeito por mim, falo porque
tenho seis netos e cuidei de todos, hoje em dia quatro são adolescentes e a
gente se respeita. Hoje em dia cuido de duas meninas gêmeas de apenas
três anos, é muita responsabilidade, mas participar da educação dos meus
netos não tem valor”. (GARDÊNIA, 60 anos).
Tulipa (65 anos) aponta: “A idade vem, e não temos mais aquele vigor de
antes, essa diferença nos deixa cansada, mas o prazeroso é que meu neto cuida de
mim, da mesma forma que eu cuido dele, acho que é devido a nossa aproximação”.
Segundo Marangoni e Oliveira (2010), a convivência entre avós e netos deve,
pois, promover o entrecruzamento das temporalidades no momento presente,
melhorando o caráter das representações dos adolescentes sobre a velhice.
Consequências que o cuidado diário dos netos tráz para vida das idosas. Elas
expressaram que:
“Causa estresse, é cansativo, são muitas as preocupações relativas aos
netos, educar nos dias de hoje é uma arte, mas me sinto responsável por
eles, já que os pais não tem tempo suficiente para cuidar, tenho que
prepará-los para sociedade”. “Faço tudo que tiver ao meu alcance pelo
amor que tenho por eles”. (GARDÊNIA, 60 anos).
“Até o momento está sendo satisfatório, ainda não trouxe nenhum
transtorno, sabe-se que as preocupações aumentam, mas não temos
escolhas, é nossa realidade”. “Mesmo assim eles são tudo na minha vida,
meus netos são também meus filhos.” (GIRASSOL, 54 anos).
18
Marangoni e Silva (2010) explicam que para alguns avós os novos papéis não
são escolhidos, mas sim impostos pela realidade sócio-familiar. Relatam também
que dessa forma, as responsabilidades adicionais atribuídas aos longevos pode
gerar desgaste, acarretando processo de adoecimento.
“Não se pode resumir o papel de cuidador principal dos netos a aspectos
negativos, pois ele pode se converter também em uma experiência gratificante.”
(MARANGONI e SILVA, 2010, p. 44).
Segundo as narrativas das avós acerca do significado de família tem-se
Tulipa (65 anos), que disse: “É a base de tudo, desde a bíblia é o sustentáculo, é
nossa origem.” Já Lírio (54 anos): “A família está em primeiro lugar, é a base, a
estrutura para vida.” E Girassol (54 anos): “É tudo, eu sou uma mãe ciumenta,
cuidadosa, família é a base para o desenvolvimento de uma pessoa, é o nosso
referencial.”
A estrutura familiar ainda é o lugar privilegiado para que um indivíduo se
transforme em um ser plenamente desenvolvido. A tradicional se regia por
princípios de autoridade, obediência e obrigação. Especificamente na rural,
reunida em torno da mesma atividade, tanto a educação forma, quanto a
moral e religiosa, dependiam da família. Esta se sobrepunha ao indivíduo e
a sociedade externa à vida familiar. (GOLDAFARB e LOPES, 2013, p. 5).
No tocante ao relacionamento entre pais, filhos e netos, atualmente, é
interessante observar como as avós caracterizam esta relação nos relatos a seguir:
“Antigamente existia mais respeito entre pais, filhos e netos, apesar de que
os netos não tinham tanta convivência com os avós como hoje em dia, que
existe uma aproximação dos avós com os netos que faz a diferença, mais
carinho e atenção dos avós com os netos, até mais que dos avós com os
próprios filhos”. (GARDÊNIA, 60 anos).
Segundo Lírio (54 anos): “Tem uma liberdade, que antes não existia entre
avós, filhos e netos, no entanto os filhos e netos dos tempos passados tinham mais
obediência e respeito.” Para Girassol (54 anos): “Antigamente não existia esse elo,
hoje em dia os avós estão mais presente na vida dos netos, devido a correria do diaa-dia.”
Conforme Oliveira (2009), atualmente, os avós têm características diferentes
dos de gerações anteriores. Eles assumem papéis multidimensionais, tanto na
sociedade quanto na estrutura familiar. É interessante argumentar sobre a
importância das idosas para as famílias que compreende a sociedade atual.
A esse respeito Gardênia (60 anos) enfatizou que: “A avó é muito importante
para os netos como suporte, no caso de separação entre o casal, a criança fica
muito carente, necessitando dos cuidados da avó, que é uma segunda mãe.”
“O neto precisa se sentir seguro, é importante para o seu desenvolvimento
como pessoa, e nós avós participamos desse crescimento dando carinho,
cuidando, inclusive auxiliando financeiramente, porque emprego tá difícil,
nem sempre os pais conseguem suprir toda necessidade.” (Lírio, 54 anos).
Tulipa (65 anos) tem a seguinte concepção: “A avó é matriarca da família,
por conta da experiência e dedicação, dispensa maior carinho e cuidado com os
netos.”
19
“A participação dos avós no meio familiar é muito importante, na verdade
ultimamente, os avós estão sendo sucessores dos pais, estamos no lugar
dos genitores, na questão que envolve o cuidado com os netos pela
ausência dos pais que tem jornada de trabalho intensa, prejudicando no
acompanhamento dos filhos.” (Girassol, 54 anos).
Assim, as transformações na organização social e afetiva das famílias na
sociedade atual engendram novos papéis e funções para seus membros e
influenciam as formas de relacionamento que se estabelecem entre eles. Os
avós assumem cada vez mais responsabilidades no processo de troca entre
gerações, constituindo fonte significativa de cuidado para seus netos e sua
família. Essa relação de cuidado se torna mais complexa em virtude das
dificuldades que permeiam a contemporaneidade, em que os padrões de
interação familiares tradicionais são questionados por outros que estimulam
relacionamentos
mais
cooperativos,
multilaterais
e
igualitários.
(MARANGONI e OLIVEIRA, 2012, p. 51).
Na medida em que foram envelhecendo, isto foi o que mais chamou a
atenção das avós em sua relação familiar. Destacaram-se os relatos a seguir:
Margarida (64 anos): “A gente vai ficando mais velha, mas continua ajudando
os filhos e netos, tanto financeiramente, como nos cuidados domésticos. Faço tudo
porque amo minha família, e quero o bem-estar dos meus netos”. Já Violeta (62
anos): “Continuo sendo importante para os meus filhos, estou sempre presente na
vida deles e principalmente dos meus netos”. Por sua vez, Tulipa (65 anos): “Na
convivência entre avós e netos existe uma troca de respeito e conhecimento um com
o outro, importante para a formação do meu neto como pessoa”.
Nesse sentido, como argumentam as pesquisas citadas, a solidariedade
intergeracional, pode assumir diversas facetas, desde um caráter afetivo,
marcado por interações constantes e frequentes onde haja altos níveis de
ajuda entre avós, filhos e netos a estilos de interação funcional e
consensual, marcado por obrigações e imposições de ordem financeira, por
exemplo. (SILVA 2010, p. 92).
Segundo Alves (2013, p. 130) “A aproximação geracional possibilita troca
mútua, no contexto familiar do cenário contemporâneo e suas nuances. São
gerações distintas, como por exemplo, avós e netos convivendo no tempo”.
A possibilidade de uma sociedade para todas as idades passa por medidas
que devam contemplar ações de educação pública sobre o processo de
envelhecimento, isto é, políticas que venham fortalecer o vínculo entre as
gerações tanto na esfera familiar, quanto nos diversos seguimentos da
sociedade, promovendo a solidariedade entre gerações e o apoio mútuo,
como fator preponderante para o desenvolvimento social. (NERIS, 2012, p.
109).
O estudo realizado apresentou limitações, sendo uma pequena amostra de
conveniência. A pesquisa de campo foi efetivada no condomínio Vila Bela, localizado
na cidade de Samambaia Sul/DF. Realizou-se através de entrevista com 06 avós
que cuidam de seus netos e residem no local acima citado. Estes dados são
características desse grupo específico, não podendo se reproduzir em outras
situações.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
20
A experiência com as avós do Condomínio Vila Bela de Samambaia Sul
revelou-se extremamente rica no sentido em que, a partir dela, foi possível
redimensionar alguns conceitos e concepções. Dentre eles, o de “avosidade” e as
percepções positivas e negativas da relação intergeracional, que segundo as quais a
interação entre avós e netos não significa necessariamente harmonia ou conflito.
Assim, sobre a questão da avosidade, ou da relação entre avós e netos, o
que se pode constatar foi que essa convivência é de grande importância para ambas
as participantes, tanto para criança quanto para avó; que contribui para o
fortalecimento dos vínculos familiares, havendo uma troca de experiências.
Para a avó, representa numa dinâmica que pode revitalizar suas metas para
continuar a vida social se sentido útil e promovendo para criança uma percepção
positiva sobre a velhice, aprendendo a valorizar a cultura e valores de seus idosos.
Já que na fase de envelhecimento a pessoa idosa, em especial a mulher, tende a se
isolar e viver na solidão.
Segundo Zanon (2009, p. 26) até os próprios idosos, às vezes, encontram
justificativas para não convivência com pessoas de outras gerações. Infere-se que
seja devido ao preconceito de idade, manifestado por eles de forma inconsciente.
Percebeu-se também que a relação entre avós e netos se tornou mais intensa
nos dias atuais, devido às várias modificações que perpassam no contexto
socioeconômico e cultural da sociedade contemporânea.
Diante dos resultados do presente estudo evidenciou-se que as avós
aumentaram suas responsabilidades pela provisão econômica de seus filhos
adultos e netos.
Tais responsabilidades tem relação com o desemprego, gravidez na
adolescência, separação conjugal, e outros, que se tornam motivos de preocupação
para as avós cuidadoras, podendo ocasionar processo de adoecimento físico e
mental, assim como o estresse e a depressão.
Outro fator que influência os cuidados dos anciãos para com os netos é a
sobrecarga de trabalho exaustivo dos pais, que muitas vezes não conseguem
acompanhar a escolaridade e fornecer atenção básica aos filhos, como levá-los para
escola, alimentação, tarefas escolares entre outros. Contudo as avós acabam
exercendo a função de pais substitutos.
Tais constatações reafirmam a ideia que na atualidade as avós assumem,
ativamente, um novo papel perante a família. São os principais responsáveis por
preparar os netos para sociedade na ausência dos pais. Isso fica esclarecido de
acordo com a percepção das idosas entrevistadas, quando respondem sobre a
diferença entre educar e cuidar.
Diante disso, as avós participantes da pesquisa mostraram-se preocupadas
com a educação dos netos e são presentes no cotidiano deles (as), convictas do
valor que tem na família, conforme disseram as entrevistadas, “a família é a base, é
a referência de cada indivíduo na sociedade”.
Interessante lembrar a resposta unânime das entrevistadas, no que diz
respeito a ser avó, que isso é “É prazeroso”. Observou-se no relato delas que
mesmo sendo uma rotina cansativa, pelo fato de estarem passando por tudo de
novo, cuidaram dos filhos, e agora dos netos e que se sentem privilegiadas pelo livre
acesso com as crianças, fortalecendo dos vínculos com a família. , Elas se dispõem
a cuidar pelo simples fato de amar seus descendentes.
Diante das questões aqui apresentadas, pode-se considerar que a relação
entre as avós e seus netos contribui para o bem estar emocional das idosas,
21
proporcionando a continuação dos vínculos sociais e familiares, podendo ser visto
também como veículo cultural de reinserção dos anciãos. Tráz benefícios que
justificam uma vida saudável para ambos, inclusive suporte para os filhos no cuidado
com os descendentes.
A possibilidade de uma sociedade para todas as idades passa por medidas
que devam contemplar ações de educação pública sobre o processo de
envelhecimento, isto é, políticas que venham fortalecer o vínculo entre as
gerações tanto na esfera familiar, quanto nos diversos seguimentos da
sociedade, promovendo a solidariedade entre gerações e o apoio mútuo,
como fator preponderante para o desenvolvimento social. (NERIS, 2012, p.
109).
Mediante a diversidade dos modos de vida no âmbito das famílias, convém
evidenciar a importância da avosidade nos dias atuais. Espera-se que as reflexões
provenientes desse estudo possa ter contribuído para o entendimento da relação
entre avós e netos, com o intuito de promover o desenvolvimento de futuras
pesquisas que envolvam essa temática, sobre o relacionamento intergeracional, que
é cada vez mais frequente nos dias atuais.
AVOSIDADE: THE RELATIONSHIP BETWEEN GRANDPARENTS AND
GRANDCHILDREN.
Abstract:
This article aims to analyze the influence of avosidade for life grandparents in
designing grandparents caring for their grandchildren, in order to assess the
intergenerational interaction in comprising a confrontational and / or harmonious
relationship. The choice of the theme was given from personal experiences and
realizes the value of households by grandmothers participating in Integrative Health
(PIS), at Health Center No. 05 Wansbeck South - DF, where the experience was
performed Supervised Course of Social Service, Catholic University of Brasilia. From
the literature review on the topic avosidade - which in reality is a new theme focused on the intergenerational relationship within the family. In sequence, the old
guy was addressed in the current family, taking as a basis the work of Oliveira
(2009), Silva (2010), Goldafarb and Lopes (2006) and Marangoni and Oliveira (2010)
among others. The material for the study was obtained from semi-structured
interviews with 06 grandparent caregivers for their grandchildren who reside in the
Village Beautiful Condo in South Fern DF. The exploratory study pointed out some
issues, such as the reasons why grandparents take responsibility for the care of their
grandchildren and the meaning of being and the importance of grandparents to
families. The survey data suggested that the issue be avosidade increasingly
exploited, since it realizes the great importance of intergenerational relationship
within the family, aiming at overcoming the prejudices and possible devaluation of the
elderly and enabling exchange of experience and a better quality of life and respect
between generations.
Keywords: Avosidade. Intergenerational Relations. Family.
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Adriana Ferreira de Souza - Universidade Católica de Brasília