FORMAÇÃOCONTINUADA DE PROFESSORES E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA OS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS DO MUNICÍPIO DE ARAPIRACA – AL José Tomáz Ferreira Nunes – Universidade Estadual de Alagoas Mirelly Karlla da Silva – Universidade Estadual de Alagoas Ana Franciele Silva Lima – Universidade Estadual de Alagoas Andressa Mayara da Silva Rodrigues – Universidade Estadual de Alagoas Resumo A formação continuada e, consequentemente, a atuação dos professores, muitas vezes, não conseguem acompanhar e por isso não contemplam as discussões dos problemas sociais que estão cada vez mais presentes no contexto educacional e social. Cientes dessa realidade e considerando que o estado de Alagoas apresenta os piores índices relativos à educação, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas – Fapeal vem em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes sinalizar através do Programa de Formação Continuada de Professores em Pesquisa – Ação, com uma proposta pioneira no Brasil, ações que visem integrar pesquisa e extensão entre as escolas de educação básica, as instituições de ensino superior e os Arranjos Produtivos Locais - APLs. Esses arranjos são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais com foco em um conjunto específico de atividades econômicas. Assim, a pesquisa em andamento, apresenta o seguinte problema: De que forma a formação continuada de professores podem contribuir para o fortalecimento dos arranjos produtivos locais do município de Arapiraca-AL? Para atender a problemática em questão, a pesquisa apresenta o objetivo de investigar através da pesquisa-ação como a formação continuada de professores desenvolvida pelas instituições de ensino superior em parceria com as escolas de educação básica e os APLs pode ajudar a melhorar os índices educacionais do estado de Alagoas. Na metodologia optou-se pela pesquisa-ação com uma investigação de natureza tanto qualitativa como quantitativa. Participaram desse estudo quatro professoras da educação básica, dez estudantes dos cursos de biologia e pedagogia de uma instituição de ensino superior do estado de Alagoas e dez alunos da educação básica. Para fundamentar teoricamente o estudo usamos as obras de: Brasil (2006); Gherdin; Franco (2008); Lastres; Cassiolato (2003); Libâneo; Pimenta (1999); Pimenta (2006), dentre outros. Os resultados parciais mostraram que uma proposta voltada para a formação continuada de professores, envolvendo os arranjos produtivos locais pode transformar as habilidades dos sujeitos envolvidos, contribuindo para a formação, desenvolvimento a aprendizagem dos mesmos. Palavras-chave: APLs. Formação continuada. Professores. Introdução Em nosso contexto educacional a formação continuada está interligada diretamente com a prática exercida pelo docente em sala de aula, mas infelizmente inúmeros professores não estão aptos para enfrentar os desafios e problemas sociais que perpassam o âmbito educacional. De fato, ter uma boa formação continuada é um dos requisitos primordiais para que o professor compreenda e trabalhe com seus discentes as dificuldades objetivando sempre a melhoria do aprendizado. 2 Diante do que foi exposto e consciente de que o estado de Alagoas apresenta os piores índices relativos à educação, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas – Fapeal vem em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes sinalizar através do Programa de Formação Continuada de Professores em Pesquisa – Ação, com uma proposta pioneira no Brasil, ações que visem integrar pesquisa e extensão entre as escolas de educação básica, as instituições de ensino superior e os Arranjos Produtivos Locais - APLs. Esses arranjos produtivos locais podem ser definidos como aglomerações territoriais que envolvem a participação de vários segmentos com o objetivo de obter uma maior organização das empresas envolvidas, como também visam o crescimento econômico da região em que estes arranjos estão presentes. Assim, a pesquisa em andamento, apresenta o seguinte problema: De que forma a formação continuada de professores pode contribuir para o fortalecimento dos arranjos produtivos locais do município de Arapiraca-AL? Partindo desta problemática, a pesquisa apresenta o objetivo de investigar através da pesquisa-ação como a formação continuada de professores desenvolvida pelas instituições de ensino superior em parceria com as escolas de educação básica e os APLs pode ajudar a melhorar os índices educacionais do estado de Alagoas. Na metodologia optou-se pela pesquisa-ação com uma investigação de natureza tanto qualitativa como quantitativa. Participaram desse estudo quatro professoras da educação básica, dez estudantes dos cursos de biologia e pedagogia de uma instituição de ensino superior do estado de Alagoas e dez alunos da educação básica. Para a fundamentação teórica do estudo usamos as obras de: Brasil (2006); Gherdin; Franco (2008); Lastres: Cassiolato (2003); Libâneo; Pimenta (1999); Pimenta (2006); dentre outros. Para compreendermos o percurso desse estudo, inicialmente foi destacado o tema acerca da formação continuada de professores que requer uma maior atenção, porque é através da formação continuada que o docente se encontrará capacitado para lidar com os problemas existentes no meio escolar; Em seguida, abordamos a pesquisa-ação como metodologia colaborativa na formação de professores, pois o docente que trabalha com a pesquisa-ação poderá usá-la como uma forte ferramenta de auxílio para a reflexão e, conseqüente, transformação dos problemas educacionais; Por fim, relatamos acerca do arranjo produtivo local – APL, que são importantes para o desenvolvimento da região em que se encontram, pois eles colaboram em variados setores, propiciam a inovação no ramo da 3 tecnologia porque as empresa estão sempre em constantes estudos. Desse modo, os resultados parciais mostraram que uma proposta voltada para a formação continuada de professores, envolvendo a pesquisa-ação e os arranjos produtivos locais pode transformar as habilidades dos sujeitos envolvidos, contribuindo para a formação e o desenvolvimento da aprendizagem dos mesmos. Formação continuada de professores A formação continuada do professor é de suma importância para que se efetive o progresso do ensino-aprendizagem com êxito, mas faz-se necessário que a formação do docente esteja voltada para uma prática reflexiva com o intuito de suprir as inúmeras necessidades encontradas no contexto da sala de aula. De fato, ter uma boa formação continuada é um dos requisitos primordiais para que o professor compreenda e trabalhe com seus discentes as dificuldades presentes na sala de aula objetivando sempre a melhoria do aprendizado. É evidente que o professor desempenha um papel central na escola, pois é ele o responsável pela formação da opinião de seus alunos, por isso o professor necessita estar preparado para lidar com os inúmeros desafios que perpassam o ambiente escolar. Como destaca Góes (2008 p.08): Essas medidas buscam a melhoria da qualidade de educação, porém para que isso se efetive é preciso que os profissionais vençam a inércia, e invistam em sua formação, pois isso os tornará além de profissionais mais qualificados, pessoas prontas para o pleno exercício de sua cidadania. Desse modo, salienta-se que o comprometimento do docente em ter uma boa formação continuada fará com que este consiga desenvolver com maior facilidade suas habilidades e, consequentemente, dos seus respectivos alunos. No contexto educacional alunos e professores estão constantemente juntos, por isso recaem sobre o professor maiores exigências, tanto dos pais quanto da própria escola. Sendo assim, o educador deve estar sempre aperfeiçoando sua prática, principalmente acerca de propostas pedagógicas inovadoras que tenha como foco norteador despertar a atenção dos alunos, contribuindo diretamente para a obtenção de conhecimento destes. A formação continuada tem sido entendida como um processo essencial e gradual para a aquisição dos saberes necessários à atividade docente. Realizada logo após a formação inicial, com o objetivo de garantir um ensino de melhor qualidade aos educandos, mas é mister enfatizar que a formação continuada ultrapassa a sala de aula porque é por meio dela 4 que há uma modificação enriquecedora tanto do próprio professor quanto no âmbito em que este leciona. Ainda na percepção de Góes (2008, p.02): O professor precisa tomar consciência de que esse processo se tornará presente ao longo de toda vida profissional, o que o torna capaz de enriquecer a sua prática, e propiciar mudanças a nível curricular e até organizacional da escola. Sendo assim, o docente deve estar sempre buscando a formação contínua, pois deste modo, ele poderá articular de uma forma coesa e enriquecedora teoria e prática, visando caminhos mais adequados para superar os problemas vivenciados no dia a dia da escola, fazendo com que essas dificuldades se transformem rompendo os paradigmas que até então estavam cristalizados na sociedade. Sobre o exposto, Libâneo; Pimenta (1999, p.267) ressaltam que o professor deve: “[...] combinar sistematicamente elementos teóricos com situações práticas [...] Por essa razão, ao se pensar um currículo de formação, a ênfase na prática como atividade formadora aparece, à primeira vista [...].” Diante do que foi exposto, o professor deve estar comprometido em buscar incessantemente a formação continuada, uma vez que assim ele irá refletir sobre suas metodologias enriquecendo sua prática pedagógica e melhorando a qualidade do ensino. Pesquisa-ação como metodologia colaborativa na formação de professores A Pesquisa-ação pode ser definida como um método utilizado com a finalidade de estimular a observação dos indivíduos envolvidos na pesquisa, permitindo captar as dificuldades existentes no ambiente pesquisado, intervindo nessa realidade objetivando transformá-la. De acordo com Engel (2000) a pesquisa-ação surgiu da necessidade de superar a lacuna entre teoria e prática. Uma das características desse tipo de pesquisa é que através dela se procura intervir na prática de modo inovador, já no decorrer do próprio processo de pesquisa e não apenas como possível conseqüência de uma recomendação na etapa final do projeto. Dessa forma o professor/pesquisador ao observar um determinado acontecimento em sala de aula, ou metodologia que não foi adequada para aprendizagem dos educandos, pode e deve refletir e aplicar novas metodologias. Sabendo, porém, que não existe “aula pronta”, como estamos lidando com seres humanos todas as metodologias devem ser adaptadas à realidade à qual está ocorrendo a ação. 5 Através de seus métodos, proporciona a troca de conhecimento, pois a mesma propicia aos seus participantes por meio do envolvimento ativo de todos, formas para solucionar os problemas existentes, através de estudos realizados com base nos dados coletados durante a investigação-ação. A metodologia Pesquisa-Ação busca desenvolver técnicas e conhecimentos necessários ao fortalecimento das atividades desenvolvidas. Utilizando dados/achados da própria organização e valorizando o saber e a prática diária dos profissionais envolvidos, aliados aos conhecimentos teóricos e experiências adquiridas pelos pesquisadores, essa metodologia constituirá um novo saber que aponta propostas de solução dos problemas diagnosticados (NUNES; INFANTE, 1996, p.97). Assim, sabemos que a formação do professor é evidentemente importante para o progresso do ensino, porém se faz necessário que esta seja baseada numa prática reflexiva. Nesse sentido, a pesquisa-ação como metodologia colaborativa na formação de professores é fundamental porque a supracitada pesquisa possui metodologias que fornece essas necessidades na construção de novos saberes, sempre procurando articular teoria à prática na busca de estratégias que busquem aperfeiçoar a ação do professor pesquisador. Conforme Franco (2005, p, 483) “[...] a pesquisa-ação [...] é uma pesquisa eminentemente pedagógica, dentro da perspectiva de ser o exercício pedagógico [...] de princípios [...] que visualizam a contínua formação [...] de todos os sujeitos da prática.” Diante de todas as questões expostas, é notório que o docente, ao utilizar a pesquisa-ação como método na sua formação, está fundamentando o seu conhecimento através da consciência crítica e tornando-se um sujeito autônomo em sua prática visto que está obtendo uma formação baseada no poder de mudança das mais variadas situações, sendo imprescindível no desenvolvimento dos mesmos por poderem aplicar o que constataram em suas investigações no aprimoramento do ensino em sala de aula e, assim, melhorarem a qualidade do processo ensino-aprendizagem. Segundo Pimenta (2006, p. 523): A importância da pesquisa na formação de professores acontece no movimento que compreende os docentes como sujeitos que podem construir conhecimento sobre o ensinar na reflexão crítica sobre sua atividade, na dimensão coletiva e contextualizada institucional e historicamente [...] os professores vão se constituindo em pesquisadores a partir da problematização de seus contextos. Na reflexão crítica e conjunta [...] são provocados a problematizar suas ações e as práticas [...]. 6 Atualmente a pesquisa-ação permite superar as lacunas existentes entre a pesquisa educativa e a prática docente, e os resultados ampliam a capacidade de compreensão dos professores e suas práticas, favorecendo amplamente as mudanças necessárias para um ensino de qualidade. Arranjo Produtivo Local – APL Os arranjos produtivos locais podem ser definidos como aglomerações territoriais que envolvem a participação de vários segmentos, desde produtores até os fornecedores com o objetivo de obterem uma maior organização das empresas envolvidas, como também visam o crescimento econômico da região em que estes arranjos estão presentes. Como enfatizam Lastres; Cassiolato (2003, p. 4): A formação de arranjos e sistemas produtivos locais encontra-se geralmente associada a trajetórias históricas de construção de identidades e de formação de vínculos territoriais (regionais e locais), a partir de uma base social, cultural, política e econômica comum. São mais propícios a desenvolverem-se em ambientes favoráveis à interação, à cooperação e à confiança entre os atores. A ação de políticas tanto públicas como privadas pode contribuir para fomentar e estimular tais processos históricos de longo prazo. Os APLs são importantes para a região em que se encontram e colaboram em variados setores, propiciam a inovação no ramo da tecnologia porque as empresas estão sempre em constantes estudos para descobrir o que atenderá a seus clientes e, com isso, proporciona um crescimento econômico porque a medida que os empresários que fazem parte das aglomerações se capacitam, ocorrerá um aumento da procura pelos serviços prestados, considerando que terão uma melhor qualidade. Ao considerar essas questões, os arranjos produtivos locais do setor moveleiro do estado de Alagoas atua há 50 anos e está sempre em busca de novas oportunidades de negócios, com a finalidade de contribuir e satisfazer as necessidades, tanto dos consumidores quanto do mercado no qual estão inseridos, sendo que assim, ocorrerá um grande desenvolvimento. Dessa forma, à medida que as aglomerações foram se desenvolvendo ao longo dos anos, evidencia-se que as empresas passaram por modificações, visto que suas relações estão aparecendo como centrais. Para Brasil (2005) as principais transformações que surgiram foram: diminuição da integração vertical das grandes empresas através da externalização dos serviços de apoio à produção e de etapas do processo produtivo (terceirização); identificação, por parte das 7 empresas, das funções críticas nas quais deve desenvolver competências; movimento das empresas no sentido de focalização de suas atividades, processo que envolve a identificação de seus negócios, clientes e mercados; estreitamento de relações entre empresas participantes de uma determinada cadeia; tendência à formação de cadeias produtivas com características globais ou internacionais, com efeitos significativos em termos de aumento das relações internacionais entre países e regiões. Com todas essas questões, os APLs e, especialmente, o setor moveleiro do Estado de Alagoas possui um papel fundamental por articular várias empresas e estreitar a relação das mesmas, como também a importância da competitividade para movimentar os estudos, capacitações, o setor econômico e também a relevância em se conhecer o local em que está situado para melhor satisfazer as necessidades dos consumidores. Procedimentos metodológicos Este estudo irá investigar através da pesquisa-ação como a formação continuada de professores desenvolvida pelas instituições de ensino superior em parceria com as escolas de educação básica e os APLs pode ajudar a melhorar os índices educacionais do estado de Alagoas. Para a realização desse trabalho, optamos pela pesquisa-ação com uma investigação de natureza tanto qualitativa como quantitativa. Ao trabalharmos a pesquisa-ação sabemos que estase investe da convicção de que pesquisa e ação devem caminhar juntas, tendo em vista a transformação da prática, uma vez que falar de pesquisa-ação envolve pressupor uma pesquisa de transformação. (GHERDIN; FRANCO, 2008). Participaram desse estudo quatro professoras da educação básica, dez estudantes dos cursos de biologia e pedagogia de uma instituição de ensino superior do estado de Alagoas e dez alunos da educação básica. Para a coleta de dados escolhemos a entrevista semiestruturada, porque na percepção de Lakatos; Marconi (2010) “[...] um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social”. Por se tratar de uma pesquisa em andamento, serão analisadas nesse estudo apenas as falas das professoras e dos estudantes da instituição de ensino superior e, a partir dos dados coletados, selecionamos os mais proeminentes para serem abordados acerca da temática dessa pesquisa. 8 Resultados e discussões Com as entrevistas destacamos dois grandes eixos, no primeiro abordaremos o conhecimento sobre a pesquisa-ação e o APL na perspectiva das professoras e, no segundo, opinião sobre o programa de formação continuada de professores em pesquisa-ação para a melhoria da educação básica, o conhecimento acerca do APL e as contribuições do referido programa para a melhoria da educação básica na perspectiva dos estudantes da instituição de ensino superior. No primeiro eixo, as professoras responderam o que entendiam sobre pesquisa-ação: [...] tipo de metodologia que procura unir a pesquisa à ação buscando a solução de um problema coletivo, em que pesquisadores e participantes realmente se envolvam para atingir seu objetivo (ÉLIDA, 2014). Uma metodologia utilizada na pesquisa de projetos educacionais. A pesquisa ação possibilita que o pesquisador intervenha dentro de uma problemática social, analisando-a e anunciando seu objetivo de forma a mobilizar os participantes, construindo novo saberes (ANTÔNIA, 2014). Pesquisa-Ação é mais do que elaborar textos e publicar sem saber na vida real o que realmente acontece com seu objeto de pesquisa.Coletar dados através de entrevistas e contato com o pessoal que está trabalhando á algum tempo com esse objeto, saber os pontos positivos e negativos desse trabalho, quais são as dificuldades apresentadas (ELIANE, 2014). É uma colaboração entre especialistas e práticos, sendo assim, uma auto-reflexão coletiva unindo a teoria a práxis (REGINA, 2014). Nas falas das docentes evidencia-se que todas têm um conhecimento prévio acerca da pesquisa-ação, e as mesmas ressaltam a importância da pesquisa-ação como uma ferramenta que contribuirá diretamente para que o professor aprimore sua prática e esteja sempre em um processo de reflexão e ação que acarretará na transformação contínua, e também em uma maior obtenção da aprendizagem dos seus alunos. Barbosa, et al (2014, p.4) Ressaltam que: “na pesquisa-ação, o professor exerce uma série de experimentações [...] através de ações de planejamento, descrição, intervenção, acompanhamento e avaliação, com o intuito de modificar ou aprimorar a sua prática.” Em seguida, as professoras foram indagadas sobre o que é um arranjo produtivo local e como será feita a articulação entre estes e as instituições educacionais. Eis as respostas: É uma aglomeração de empresas com a mesma especialização produtiva, localizada em um mesmo território com vínculos dearticulação, cooperação e aprendizagem que tem como objetivo fortalecer o desenvolvimento e 9 crescimento regional. Juntos irão trocar ideias, desenvolver atividades e ações que possam gerar mudanças em prol do crescimento regional (ÉLIDA, 2014). São micro-empresas que auxiliam o desenvolvimento político e social de um dado território, onde cada APL é responsável por cada produto que é mais produzido naquela sociedade em que ela está funcionando, auxiliando os produtores de tal produto. A articulação será feita através de experiências e troca de conhecimentos, pois todos têm algo a contribuir de forma diferente e todos os envolvidos neste projeto irão trabalhar juntos, onde irão aprender com os pontos positivos que cada um tende a mostrar (ELIANE, 2014). Diante dos relatos, podemos perceber que as docentes compreendem o que de fato é um arranjo produtivo local, e como a união deste com as instituições supracitadas podem ser enriquecedora para a educação, estimulando assim, o desenvolvimento de novos saberes. No segundo eixo, dessa vez com os estudantes, foram questionados acerca das contribuições que o programa de formação continuada de professores em pesquisa-ação para a melhoria da educação básica pode propiciar no processo de ensino-aprendizagem dos alunos da educação básica. Os estudantes relataram: Eu acredito que contribui de uma forma positiva, porque os estudantes da Educação Básica eles já vão estar [...] inseridos dentro do contexto de pesquisa, e não vão ter esse choque quando chegar a Universidade que é um ambiente voltado para a pesquisa e desde cedo [...] ele vai construir um perfil mais reflexivo e [...] já vai ter mais facilidade e conhecimento sobre isso (MARIANA, 2014). É de suma importância porque esse projeto da formação continuada em pesquisa-ação vai dar artifícios necessários pra que o professor através da formação inicial, [...] vai usar métodos e metodologias suficientes para que possa atuar de forma positiva na sala de aula e trazendo benefícios para o ambiente que ele está, [...] vai conseguir conciliar e articular a sua teoria a pratica da sala de aula pra que o ensino-aprendizado aconteça de forma benéfica (LAURA) Diante do exposto, evidencia-se que na percepção dos estudantes o programa proporcionará aos alunos da educação básica a rica oportunidade de usufruir da metodologia referente à pesquisa ainda no âmbito escolar, o que irá ser estimulante para que eles construam um perfil reflexivo contribuindo diretamente para a aquisição de conhecimentos. Com isso, assume-se freqüentemente que os educadores, ao desenvolverem pesquisas sobre suas próprias práticas e, conseqüentemente, ao tornarem-se “mais reflexivos”, necessariamente transformar-se-ão em melhores profissionais e que o conhecimento produzido por meio de suas investigações será necessariamente de grande importância (ZEICHENER; DINIZ-PEREIRA, 2005). 10 Questionamos os estudantes sobre o que eles entendem por arranjo produtivo local e como as instituições envolvidas nesse programa podem colaborar para o fortalecimento do setor moveleiro de Arapiraca: São tipos de aglomerados de micro-pequenas empresas da região. Através da junção da pesquisa-ação e dos APLS pode contribuir com a reformulação das cadeiras e das estruturas das escolas (LUANA, 2014). É um arranjo de empresas que tenha a função de aumentar a economia dessa região. É uma parceria que var haver entre a escola, a Universidade e o APL que a partir daí vai trazer benefício para essas três áreas (JULIA, 2014). É um conjunto de micro e pequenas empresas que trabalham junto para a melhoria da cidade. Eles trabalham em conjunto, um ajudando o outro (LARISSA, 2014). Tendo por base a análise feita acerca das falas dos estudantes, percebemos que a união entre as instituições de ensino e o APL pode ser um importante meio de progresso tanto para o setor econômico como também para a educação porque um contribuirá para a melhoria do outro. A relação entre as instituições e os APLs “[...] devem ser uma ação coordenada, ao longo de um espectro de fatores e atores, visando à construção de um suporte sistêmico para a atividade econômica [...]” (BRASIL, 2006, p. 17). Os estudantes foram convidados a expressarem suas opiniões sobre o programa de formação continuada de professores em pesquisa-ação para a melhoria da educação básica. Os depoimentos foram: [...] eu acredito que é um programa inovador [...] que dá um ânimo para quem já está estudando, para quem estava desmotivado, e vai contribuir tanto para os professores quanto para a formação continuada dos docentes que já estão na Educação Básica. É uma motivação para os estudantes da Educação Básica, já que eles estão inseridos na pesquisa e que vão receber pela sua participação no programa (MARIANA, 2014). O programa foi uma ótima oportunidade, principalmente para nós que estamos iniciando agora o curso de pedagogia, porque isso vai nos ajudar, e quando estivemos em sala de aula teremos um conhecimento mais amplo, a gente vai ter mais saberes, mais práticas [...] (REBECA, 2014). É justamente isso, a educação se dá a partir da pesquisa e não só da pesquisa, da ação também. E assim, com esse programa vai ajudar muito a educação básica, que tá uma evasão total (NATÁLIA, 2014). Os depoimentos descritos enfatizam que os estudantes acreditam que o programa irá proporcionar a todos os participantes uma maior obtenção de saberes que irão lhe auxiliar na 11 prática. Esse entendimento é muito importante, considerando que os cursos de formação de professores estão carentes dessa relação entre teoria e prática. A dictomia que ainda permeia o ambiente acadêmico é reforçado por Ortega; Ribeiro (2013, p.02): Nos cursos de licenciatura constata-se que ainda há um grande distanciamento entre a teoria e a prática, situações que os acadêmicos não vivenciam durante a formação inicial, mas que podem se deparar na prática docente. Assim sendo, diante da realidade escolar brasileira, é imprescindível se fazer um trabalho diferenciado de discussões sobre diversos temas que envolvem toda a sociedade, de forma a complementar o currículo de formação de professores e o desempenho desses profissionais nas escolas. Conclusão Diante do que foi estudado e analisado ao decorrer dessa pesquisa, podemos compreender que a formação do professor é importante para o progresso do ensino, porém se faz necessário que esta seja baseada numa prática reflexiva. A formação continuada quando interligada com a pesquisa-ação e os arranjos produtivos locais do estado de Alagoas, irão contribuir diretamente para que ocorra uma transformação gradativa do quadro educacional do estado de Alagoas. Por meio dos estudos obtidos e dos dados coletados e analisados, fica claro que a pesquisa-ação e os arranjos produtivos locais podem propiciar para o professor maiores oportunidades para enriquecer sua prática pedagógica e desenvolver juntamente com seus alunos metodologias que poderão contribuir e facilitar a obtenção do ensino-aprendizagem. Desse modo, os resultados parciais mostraram que uma proposta voltada para a formação continuada de professores, envolvendo a pesquisa-ação e os arranjos produtivos locais pode transformar as habilidades dos sujeitos envolvidos, contribuindo para a formação e o desenvolvimento da aprendizagem de todos os envolvidos. Referências BARBOSA, A. M. et al. Programa de formação continuada de professores em pesquisa-ação para melhoria da qualidade da educação básica Fapeal-Capes. 2014. BRASIL. Como conhecer o mercado de trabalho em uma cadeia produtiva ou em um arranjo produtivo local. Ministério do Trabalho e Emprego. São Paulo 2005. Disponível em: <file:///C:/Users/pc/Downloads/APL.pdf>. Acesso em: 24 out. 2014, 20:25:10. ______. Grupo de trabalho permanente para arranjos produtivos locais. Manual de apoio aos arranjos produtivos locais. Portaria do Ministério do 12 Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Nº 187, de 31 de outubro de 2006. 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