UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde
Curso de Medicina Veterinária
EXPERIÊNCIA TÉCNICO-COMERCIAL EM ALIMENTAÇÃO DE
ANIMAIS DE COMPANHIA
Curitiba
2010
EXPERIÊNCIA TÉCNICO-COMERCIAL EM ALIMENTAÇÃO DE
ANIMAIS DE COMPANHIA
CURITIBA
2010
Wanessa Ferreira Maia
EXPERIÊNCIA TÉCNICO-COMERCIAL EM ALIMENTAÇÃO DE
ANIMAIS DE COMPANHIA
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de
Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas
e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como
requisito parcial para obtenção do título de Médica
Veterinária.
Professora Orientadora: Prof.ª Dra. Ana Luisa Palhano
Silva
Orientador Profissional: Marco Aurélio Rachid Rautte
CURITIBA
2010
Reitor
Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos
Pró - reitor administrativo
Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos
Pró - reitoria acadêmica
Prof.ª Carmem Luiza da Silva
Pró - Reitor de Planejamento e Avaliação
Sr. Afonso Celso Rangel Santos
Pró - Reitoria de Pós- graduação, Pesquisa e Extensão
Prof. Roberval Eloy Pereira
Secretario Geral
Prof. João Henrique Faryniuk
Coordenadora do curso de Medicina Veterinária
Prof.ª Ana Laura Angeli
Coordenadora de estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária
Prof.ª Ana Laura Angeli
Metodologia Científica
Prof. Jair Mendes Marques
CAMPUS PROF. SIDNEY LIMA SANTOS
Rua Sidney A. Rangel Santos, 238 – Santo Inácio
CEP: 82010-330- Curitiba- Paraná
Telefone: 3331-7700
TERMO DE APROVAÇÃO
WANESSA FERREIRA MAIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.)
Este trabalho de conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção de titulo de
Medica Veterinária por uma banca examinadora do Curso de Medicina Veterinária da
Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, 14 de Junho de 2010.
________________________
Medicina Veterinária
Universidade Tuiuti do Paraná
________________________
Orientadora: Profª. Dra. Ana Luisa Palhano Silva
Universidade Tuiuti do Paraná
_______________________
Profª.Dra. Ana Laura Angeli
Universidade Tuiuti do Paraná
________________________
Profª MSc. Taís Marchand Rocha Moreira
Universidade Tuiuti do Paraná
APRESENTAÇÃO
Este trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao curso de
Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Tuiuti do Paraná, Campus Barigui, pela universitária Wanessa
Ferreira Maia, como requisito parcial para a obtenção de titulo de Médica
Veterinária, sendo composta de relatório de estágio, no qual são descritas as
atividades realizadas durante o período de 08 de fevereiro a 14 de abril de
2010, na Central Max Distribuidora, localizada no município de Curitiba – PR,
bem como o relato da assistência nutricional e a parte comercial da Medicina
Veterinária.
Dedico este trabalho a todos que
me apoiaram e sempre acreditaram
que eu seria capaz.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente eu agradeço a Deus por tudo o que Ele tem feito a mim,
pois eu sei que sem Ele nada disso seria possível e por ter me proporcionado a
vida, por ter me dado forças e capacidade de aprendizagem, por ter me dado
força de vontade para nunca desistir desse sonho.
Agradeço aos meus pais, irmãos e familiares, por acreditarem em minha
capacidade, por me darem sempre apoio e nunca desistirem por mais
dificultosa que tenha sido essa jornada, que me fizeram ver direta ou
indiretamente como eu era capaz e como atingiria o meu objetivo.
Agradeço
aos
meus
amigos,
pelos
maravilhosos
momentos
e
inexplicáveis lembranças que carregarei em minha vida, sem o apoio de todos
seria ainda mais difícil essa conclusão.
Agradeço aos meus professores, que sempre tentaram ao máximo
passar todo o conhecimento que eles têm para todos nós alunos, e também
pelo laço de amizade que com certeza carregarei em minha vida.
Agradeço as empresas onde trabalhei e a empresa onde realizei o
estágio, pois sem elas não conseguiria ter experiência profissional e ter a
afirmação para o rumo que seguiria para a realização desde trabalho de
conclusão de curso.
Agradeço aos animais, mesmo não expressando verbalmente seus
sentimentos, nós sabemos que são únicos como cada um deve ser, e por nos
deixar amá-los e por confiar suas vidas em nossas mãos.
“Deus nos fez perfeitos e não escolhe os
capacitados, capacita os escolhidos. Fazer ou
não fazer algo só depende de nossa vontade
de perseverança.” (Albert Einstein)
RESUMO
O estágio curricular foi realizado na Central Max Distribuidora LTDA, localizado
na Avenida Napoleão Manosso, 317, Barracão B, no Bairro Santa Felicidade,
na Cidade de Curitiba, Paraná. As atividades na distribuidora visam oferecer
assistência nutricional de cães e gatos para médicos veterinários, lojistas e
consumidores finais referente ao setor de animais de companhia durante o
período de 8 de fevereiro a 14 de abril de 2010, sendo cumpridas oito horas
diárias totalizando trezentas e sessenta horas. O estágio foi supervisionado
pela orientadora acadêmica professora Drª Ana Luisa Palhano Silva e pelo
orientador profissional médico veterinário Marco Aurélio Rachid Rautte. O
presente trabalho tem como objetivo discutir a venda e assistência técnica para
os médicos veterinários e discutir a abordagem das principais dúvidas dos
mesmos referentes à nutrição animal. Além disso, em revisão bibliográfica,
foram abordados conceitos relacionados à utilização de alimentos
nutracêuticos presentes nos alimentos dos cães e gatos.
Palavra-chave: assistência nutricional, cães e gatos, estágio curricular
LISTA DE ABREVIATURAS
ACC
avaliação da condição corpórea
AGE
ácidos graxos essenciais
BPF
boas práticas de fabricação
cm
centímetros
E. coli
Escherichia coli
EER
exigência energética de repouso
EM
energia metabolizável
FOS
frutooligossacarídeos
g
gramas
HACCP
análise de perigos e pontos críticos de controle
IC
insuficiência cardíaca
IRA
insuficiência renal aguda
IRC
insuficiência renal crônica
kcal
quilocalorias
mg
miligramas
MOS
mananoligossacarídeos
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – ENTRADA DA CENTRAL MAX DISTRIBUIDORA ................. 15
FIGURA 2 – CONVENÇÃO TOTAL ALIMENTOS S.A................................
16
FIGURA 3 – PARTE INTERNA DA CENTRAL MAX DISTRIBUIDORA......
17
FIGURA 4 – PARTE INTERNA DA CENTRAL MAX DISTRIBUIDORA......
18
FIGURA 5 – INSETOS MAIS COMUNS EM LOJAS...................................
33
FIGURA 6 – COMPARATIVO DE ESCORE CORPORAL DE CÃES E
GATOS......................................................................................................... 59
FIGURA 7 – RELÓGIO DA IRC...................................................................
61
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - NUTRIENTES FUNCIONAIS................................................ 36
TABELA 2 – COMPOSIÇÃO NUTRITIVA DO LEITE...............................
41
TABELA 3 – COMPARATIVO DE DIFERENTES TAMANHOS DE
RAÇAS...................................................................................................... 42
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................
14
2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS....................................................... 15
3 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO............................................ 20
4 CONHECENDO O MUNDO DO MARKETING
VETERINÁRIO....................................................................................... 22
5 CONTROLE DE QUALIDADE NO ARMAZENAMENTO DE
RAÇÃO..................................................................................................
25
6 ALIMENTO FUNCIONAL X ALIMENTO NUTRACÊUTICO..............
35
7 SAÚDE X ALIMENTO .......................................................................
37
7.1 Prenhez e Lactação.........................................................................
38
7.2 Crescimento.....................................................................................
40
7.3 Manutenção.....................................................................................
46
7.4 Maturidade.......................................................................................
48
8 INGREDIENTES FUNCIONAIS ......................................................... 51
8 .1 Antioxidantes................................................................................... 51
8.2 Condroitina....................................................................................... 52
8.3 Ácidos graxos essenciais................................................................. 53
8.4 Argilas..............................................................................................
54
8.5 Probióticos.......................................................................................
54
8.6 Prebióticos.......................................................................................
55
8.7 Selênio com vitamina E.................................................................... 57
9 ALIMENTO DE PRESCRIÇÃO..........................................................
58
9.1 Obesidade........................................................................................ 58
9.2 Cardiopatas...................................................................................... 60
9.3 Nefropatas........................................................................................ 61
9.4 Hepatopatas..................................................................................... 63
10 RAÇÃO SUPER PREMIUM X STANDARD.....................................
65
10.1 Relação custo x benefício..............................................................
67
11 COMO O PROPRIETÁRIO INFLUENCIA SEU ANIMAL DE
ESTIMAÇÃO.........................................................................................
69
12 CONCLUSÃO..................................................................................
71
13 REFERÊNCIAS ...............................................................................
72
14
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresenta o relatório de estágio
obrigatório da acadêmica Wanessa Ferreira Maia, da Universidade Tuiuti do Paraná,
com o objetivo de apresentar aspectos relacionados às assistências técnica e
nutricional oferecidas pela empresa ao médico veterinário e ao lojista.
O referido estágio foi realizado no período de 08 de fevereiro a 14 de abril de
2010, na Central Max Distribuidora, sob orientação profissional do médico veterinário
Marco Aurélio Rachid Rautte e sob orientação acadêmica da professora Drª Ana
Luisa Palhano Silva, tendo como objetivo vivenciar na prática as atividades que
foram passadas durante as aulas, melhorando o conhecimento profissional e
acompanhando a rotina do Médico Veterinário.
Este relatório é composto pela descrição do local de estágio e das atividades
realizadas, bem como, pela descrição de venda técnica com assistência a clientes nutricional e clínica, relato de visita à fábrica sobre o tema de controle de qualidade
do processo de produção do produto alimentício e uma revisão bibliográfica
abordando o tema a respeito da utilização de substâncias nutracêuticas em
alimentos para animais de estimação.
O estágio obrigatório teve como objetivo aprimorar os conhecidos adquiridos
durante a graduação inter relacionando conhecimentos teóricos e práticos.
15
2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO
A Central Max Distribuidora (FIGURA 1) fica localizada na Avenida Napoleão
Manosso, 317 - Barracão B, bairro Santa Felicidade em Curitiba e presta serviços de
distribuição de alimentos e medicamentos para cães e gatos. A distribuidora conta
com serviços de venda técnica e comercial, assistência nutricional ao médico
veterinário, ao lojista e ao consumidor final. A Central Pet contém um barracão para
armazenamento dos alimentos, uma sala de reuniões, sala de estoque de petiscos e
medicamentos, uma sala para acertos e cobranças e uma recepção com um
atendente, cozinha e banheiros. O quadro de funcionários é composto por um
supervisor de ração, um gerente regional de ração, um supervisor para linha de
medicamentos, e um profissional que dá assistência nutricional do médico
veterinário da fábrica.
FIGURA 1 – ENTRADA DA CENTRAL MAX DISTRIBUIDORA, 2010
16
O horário de funcionamento da distribuidora é de segunda a sexta-feira das
08h30min a 12h00min e 13h00min a 18h00min.
A Central Max oferece auxílio ao vendedor com treinamentos, reuniões de
motivação, convenção para inter relação com vendedores e promotores técnicos de
outras áreas do Brasil (FIGURA 2) e acompanhamento do supervisor.
FIGURA 2 – FOTO CONVENÇÃO TOTAL ALIMENTOS S.A. – SÃO PAULO, 2010
FONTE: MARCO ANTONIO SANTA MARIA
A distribuidora entrega em mãos para o vendedor uma cartilha com o nome
de lojas, consultórios, clínicas e hospitais veterinários a serem atendidos como
promotor técnico e vendas, dando total acompanhamento durante o trabalho
realizado, ajudando a montar o roteiro de visitas e estimulando a aumentar o número
de lojas a serem atendidas.
O alimento na distribuidora é armazenado em um barracão ventilado
(FIGURA 4) e sobreposto em paletes (FIGURA 3) para que não fique em contato
diretamente com o chão, para não absorver a umidade e para evitar insetos. Além
17
disso, a distribuidora contém controle de pragas e roedores para o melhor
armazenamento da ração.
FIGURA 3 – PARTE INTERNA DA CENTRAL MAX DISTRIBUIDORA, 2010
Paletes
18
FIGURA 4 – PARTE INTERNA DA CENTRAL MAX DISTRIBUIDORA, 2010
Em reuniões em grupo deu-se foco ao desempenho de cada vendedor,
motivando-os a melhorar e a continuar adequadamente o trabalho. Esses
profissionais também participavam de reuniões individuais para sanar dúvidas de
desempenho e para conversar sobre algum assunto em particular.
Nos treinamentos com o veterinário regional da fábrica tiravam-se dúvidas
referentes aos alimentos nutracêuticos utilizados e desenvolveu-se argumentos
fundamentais para impulsionar as vendas.
Nas vendas ao lojista, além do suporte nutricional e clínico, mostrou-se a
necessidade da explicação ao consumidor final a respeito da importância de se
oferecer aos animais alimentos balanceados e de ótima qualidade.
Além disso, foram feitos acompanhamentos junto ao supervisor em visitas às
lojas, dando mais apoio ao vendedor ou promotor técnico, o qual abrange técnicas
19
de venda e argumentação para um melhor desempenho. Além do acompanhamento
a campo do supervisor, houve o acompanhamento interno, monitorando números de
vendas, expectativas e motivação.
20
3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Neste estágio obrigatório supervisionado, foram desenvolvidas atividades
relacionadas ao auxílio no atendimento nutricional e clínico aos médicos veterinário,
aos lojistas e aos consumidores finais, dando apoio e melhor esclarecimento para o
uso correto dos produtos.
Além de vendas diretas aos lojistas, a empresa oferece atendimento
especializado por meio de palestras e apoio aos colegas vendedores na parte
nutricional, o que influencia a parte clínica do animal e o aprofundamento na parte
de marketing veterinário.
Durante o referido estágio, foram atendidos de seis a oito lojas por dia
totalizando de 30 a 40 lojas semanais, resolvendo problemas recebidos pelo SAC –
serviço de atendimento ao cliente - da fábrica para os consumidores finais
localizados em Curitiba.
A empresa proporcionou aos funcionários participação na convenção anual de
2010 e visita à fábrica da Total Alimentos S.A., a qual localiza-se em Três Corações
– MG. Nesta ocasião foi possível acompanhar o controle de qualidade com relação
ao armazenamento do alimento.
Foi realizada pesquisa bibliográfica a respeito da diferença entre alimentos
nutracêuticos e funcionais para melhor o conhecimento e aprofundamento, bem
como melhorar a compreensão das etapas seguintes, dos ingredientes principais
utilizados em alimentos industrializados, da relação saúde e alimento com diferentes
etapas na vida do animal, das linhas de prescrições como via de tratamento, da
diferença de alimento super premium e standard . estudou-se qual é a relação custo
x benefício para o consumidor final, dando-se uma abordagem sucinta de como o
21
proprietário pode influenciar a alimentação dos animais de estimação, algumas dicas
sobre o marketing veterinário e seu avanço e uma abordagem com auxílio do
material da fábrica, o controle de qualidade de armazenamento de ração e com
auxílio de material de outra empresa o armazenamento de ração em lojas.
22
4. CONHECENDO O MUNDO DO MARKETING VETERINÁRIO
“Um livro de marketing não é apenas um livro de estudo, mas trata-se de um enredo
de um romance entre a empresa e o mercado. Se não for bem gerenciado torna-se
um drama” (BEKIN, 1989).
De um modo geral, o marketing não deve ser uma preocupação somente de
médicos veterinários que estão na área comercial como vendedores externos, mas
também para os que estão em consultórios, clínicas, hospitais ou que apenas
abriram um estabelecimento para vendas. Estes precisam vender o seu próprio
negócio e de qualquer maneira fidelizar o cliente a retornar ao seu estabelecimento.
Marketing é uma maneira de atrair o seu cliente de forma que, quando ele ver
o produto em uma vitrine ou em comercial de televisão, o mesmo vai ter a vontade e
a “necessidade” em obtê-lo.
Uma das funções mais importantes do marketing consiste em ajudar um
empreendimento a mostrar seu melhor aspecto quando levantar fundos (LODISH,
2002). Marketing veterinário é uma ferramenta de gerenciamento, com métodos
direcionados para a empresa veterinária alcançar lucratividade com ética (FLOISI,
2001).
O conceito de marketing assume que o segredo para atingirmos metas
organizacionais, consiste em determinar e avaliar as necessidades e os desejos do
mercado-alvo escolhido após uma detalhada e orientada pesquisa de marketing, e
assim passar a oferecer as satisfações desejadas de forma bem mais eficaz e
eficiente do que as empresas concorrentes, também prestadoras de serviços
23
médico-veterinários, de maneira a preservar ou então ampliar o bem-estar dos
clientes, famílias e da comunidade (FLOISI, 2001).
Lidando com banqueiros de investimento, advogados e outras pessoas para
controlar a tendência do exagero, a função do marketing consiste em elaborar o
“projeto” (plano de negócios e resumo) e a visualização (slides e apresentação) que
serão empregados como documentos de venda para uma oferta de ações (LODISH,
2002).
É importante ter um bom plano de marketing, para que o negócio possa
expandir e que não haja inconvenientes. Um bom planejamento é feito com
estatísticas de mercado, a tendência do mercado, como é a região onde está
trabalhando, número de rações vendidas por mês e quais são vendidas, número de
clientes de banho e tosa, número de clientes de atendimento e qual é o giro de
medicamentos no estabelecimento.
Tendo isso em vista fica mais fácil ter um planejamento de custo e
investimento futuro no estabelecimento.
Assim como existe o marketing utilizado pelos fabricantes de rações que
visam o que é necessário e importante para o consumidor final (o animal de
estimação) e existe o marketing pessoal que os representantes de alimento,
medicamento ou acessórios de produtos pet precisam elaborar, pois esses precisam
ser um solucionador de problemas e não apenas um “tirador” de pedidos.
O solucionador de problemas vai chegar ao estabelecimento e vai tentar
suprir toda e qualquer dificuldade do lojista e vai ajudá-lo a aumentar suas vendas
com estratégias diferenciadas, gerando assim a prosperidade do negócio de seu
cliente. O “tirador” de pedidos vai simplesmente refazer o estoque sem se preocupar
com o que o lojista realmente necessita.
24
Cada empresa tem seu produto ou serviço básico e um produto distinto
denominado ação (LODISH, 2002). Tratar a base de clientes dessas ações com o
mesmo cuidado e atenção dedicados àqueles clientes de produtos e serviços é
fundamental para o sucesso (LODISH, 2002).
25
5. ELABORAÇÃO DE CONTROLE DE QUALIDADE NO ARMAZENAMENTO DE
RAÇÃO
Para que uma fábrica de ração seja aprovada pelo sistema de qualidade (BPF
– HACCP), há a necessidade de manutenção da qualidade,da comprovação dos
nutracêuticos e componentes utilizados e da qualidade no armazenamento dos
produtos. A estrutura do barracão deve-se contar com piso, paredes, ventilação,
controle de pragas e transporte para loja. Por sua vez, a loja precisa seguir alguns
padrões para que não haja problemas de umidade, armazenamento dos produtos,
danificação do produto de alguma maneira, como armazenar os sacos de rações em
pilhas em cima de paletes e principalmente controle de pragas.
Abaixo é apresentado o manual de armazenagem de produtos de fábrica
cedido pela Total Alimentos S.A. e logo em seguida está as Recomendações
práticas para o armazenamento de produtos e controle de pragas para as lojas
cedido pela Royal Canin do Brasil.
Manual de armazenamento para fábrica – Total Alimentos S.A.
Condições ideais para as instalações / Edificações
Definição: devem ser de construção sólida, sanitariamente adequadas e que
permitem ou previnam o controle de entrada de pragas (insetos, pássaros, roedores,
etc.) e que tenham espaço suficientes, de forma a atender a toda movimentação de
produtos.
26
Piso: deve ser de material resistente ao impacto, impermeável, lavável, de fácil
drenagem, com ralos sifonados, sem canaletas ou frestas que permitam a entrada
de pragas.
Paredes e Divisórias: devem ser impermeáveis, lisas, sem frestas ou rachaduras.
Teto: Em bom estado de conservação (livre de trincas, rachaduras, umidade,
descascamento e vazamentos)
Portas e janelas: devem ser bem ajustadas (sem frestas). Existência de proteção
contra insetos e roedores (telas mosqueteiras), de fácil limpeza e em bom estado de
conservação.
Ventilação: deve dispor de uma ventilação adequada, evitando o calor excessivo e
condensação.
Iluminação: luminárias com proteção, em bom estado de conservação e que
atendam todos os fluxos de operações. Fontes de luz natural não deverão incidir
diretamente sobre os produtos. Fazer uso de telhas transparentes.
Produtos químicos, materiais estranhos ou em desuso: devem ser armazenados
em locais apropriados e afastados, para não absorver odores e longe de cereais,
grãos, farinhas, etc., para não atrair pragas e evitar contaminações com alimentos.
Controle de lixo: o lixo deve ser acondicionado em recipiente com tampa e
envolvido por saco plástico, armazenado em local apropriado, afastado da área de
estocagem de alimentos. Este cuidado evita que o lixo se espalhe odores ou
fragmentados e que atraia pragas, a fim de evitar contaminações com os alimentos.
Condições ideais para armazenamento: recomenda-se vistoriar todas as
mercadorias antes de entrar no armazém. Os produtos avariados, retidos ou
rejeitados devem ser colocados em locais separados dos produtos em condições de
vendas, para evitar infestações, contaminações ou até mesmo a venda de produtos
27
fora dos padrões de qualidade. Não furar as embalagens, pois os furos facilitam a
entrada de pragas (insetos, formigas, ácaros, etc.).
Rotação de produtos: fazer a rotação dos produtos com base na data de
fabricação. Importante: produtos com data de validade expirada, ou seja, produtos
vencidos não devem ser mantidos na área de armazenagem e nem na área de
vendas. O produto deve ser separado e colocado uma etiqueta com os seguintes
dizeres: “produto impróprio para consumo”.
Empilhamento dos produtos: entre as pilhas de produtos, fazer corredores de 40
cm a cada duas fileiras do produto. A distância entre os produtos e paredes deverá
ser de 50 cm, no mínimo. A altura do chão deve ser de pelo menos 10 cm. Estas
distâncias devem ser obedecidas, pois evitam umidade, facilita a higienização,
controle de pragas e movimentação.
As áreas onde os alimentos passam não devem cruzar com zonas de estocagem de
pesticidas, produtos químicos, carnes e outros produtos crus, milho e outros cereais
e sementes. Os equipamentos utilizados para a movimentação de produtos não
devem ter sido utilizados na movimentação de produtos crus ou outros citados
anteriormente, a fim de evitar contaminação cruzada.
Não realizar empilhamento misto; as caixas devem ser manuseadas com cuidado,
não devendo ser arrastadas, arremessadas ou batidas com força; não sentar ou
caminhar sobre os produtos.
Armazenagem sobre pallets: o ideal é a armazenagem em pallets ou sobre
prateleiras. O pallet deve estar limpo, seco, forrado com papelão. Para
armazenamento em pilhas, não pôr o produto diretamente sobre o chão; usar
sempre um pallet.
28
Os quatro A’s do controle de pragas:
•
Acesso: os raios devem permanecer fechados e não devem existir
aberturas entre paredes e tetos ou frestas nos mesmos.
•
Abrigo: a inexistência de buracos/frestas nas paredes e piso contribui para
a eliminação eventuais abrigos de pragas.
•
Alimento: o local de armazenagem deve ser livre de sujeiras e resíduos
que possam atrair e alimentar insetos, ratos e outras pragas, por isso,
manter a limpeza da área é muito importante.
•
Água: infiltrações e goteiras, além de mofar os produtos, criam condições
ótimas de sobrevivência e desenvolvimento de pragas.
Carga e descarga: nesse ato, o produto deve ser manipulado o mínimo possível
e de forma higiênica, para manter a integridade do mesmo. O veículo deve estar
limpo e higienizado e possuir proteção de carga.
Transporte: caixas snacks devem sempre ser transportadas nas camadas
superiores do caminhão. O veículo destinado ao transporte deve ser
inspecionado antes da operação de carga e só deverá ser utilizado se preencher
as seguintes condições essências:
•
O compartimento de carga deve estar limpo, sem odores, pregos ou
lascas que possam comprometer a embalagem dos produtos.
•
O piso e as latarias de carroceria devem ser isentos de frestas ou buracos
que permitam a passagem de umidade e/ou poeira para a carga.
•
Não deve apresentar a menor evidência de infestações, umidade, objetos
estranhos ou odores intensos.
29
•
Quando a carroceria for aberta, a mesma deverá ser forrada e a carga
deverá ser revestida com lona impermeável, limpa, isenta de furos ou
rasgos, sem odores ou resíduos que possam contaminar a carga.
Neste tipo de carroceria deverão ser utilizadas cantoneiras para evitar que as
cordas causem danos à carga e as correntes deverão ser forradas. Deixar
uma folga entre a mercadoria e as paredes do caminhão.
Esses acima são os cuidados da fábrica com o armazenamento,
controle de pragas e o transporte. É importante lembrar do cuidado de
armazenamento dos alimentos industrializados nas lojas.
Recomendações práticas para armazenagem de produtos e controle de
pragas. – Royal Canin.
1. Loja e suas imediações:
Uma adaptação do estabelecimento se faz necessária para o armazenamento
de alimentos sensíveis à:
•
Umidade;
•
Variações de temperatura;
•
Poeira;
•
Animais nocivos (insetos, roedores, pássaros, etc.)
•
Incidência de luz solar.
As principais características devem ser:
30
•
Um bom isolamento;
•
Uma perfeita vedação contra o exterior;
•
Coberturas do piso e paredes adequados (limitando o desprendimento
da poeira e o risco de instalação de animais);
•
Facilidade de limpeza e organização;
•
Uma operação de carregamento e descarregamento sem risco de
deterioração das embalagens.
2. As práticas de armazenamento
O local de armazenamento deve facilitar a gestão e a rotação correta dos
estoques para fornecer aos clientes produtos em um estado irrepreensível.
• Armazenar distante das portas frequentemente abertas para evitar
qualquer risco de produtos mofados ou com insetos;
• Manter um espaço de aproximadamente 40 cm entre os pallets e as
paredes e ao redor dos pilares;
• Dar preferência a um sistema de prateleiras ou “racks”. Evitar o
empilhamento de pallets uns sobre os outros;
• Administrar os estoques para não manter produtos por mais de quatro
meses no local.
3. A limpeza e organização do estoque
A limpeza e a organização são regras básicas para se ter um armazenamento
de alimentos sem risco de deterioração.
31
3.1. Limpeza diária
• Fechar as embalagens rasgadas/abertas com fita adesiva e ordená-las
em um local reservado: longe dos produtos destinados à venda;
• Recolher os produtos espalhados pelo chão, pedaços de papel,
papelão e plásticos;
• Ordenar os produtos (caixas e pallets) nos locais identificados.
3.2. Limpeza semanal
• Limpar as imediações do depósito;
• Limpar embaixo dos pallets;
• Limpar todos os “racks”, paredes, recantos e artigos inúteis.
3.3. Organização
• As embalagens “savuor pack” (a vácuo) devem ser armazenadas nas
caixas de papelão, na posição vertical;
• Os produtos de menor rotatividade devem ser recobertos por um
plástico para evitar o depósito de poeira;
• Todo local deve ser limpo a fundo a cada três meses ou quando houver
necessidade.
3.4. Manutenção do material
• Sinalizar e fechar os buracos e eventuais fissuras;
• Verificar regularmente carrinhos e todos os outros equipamentos
utilizados na movimentação do produto.
32
4 Controle de pragas insetos e roedores
A presença de insetos e roedores (FIGURA 5) tem um efeito repulsivo sobre o
cliente, são sinais de má higiene e causam repugnância.
4.1. Uma supervisão diária
• Inspecionar cuidadosamente todos os produtos que entram no depósito
para identificar a presença de eventuais insetos;
• Nunca deixar que produtos infestados entrem no depósito;
• Detectar sua presença: insetos mortos, larvas, etc.
• Apagar a luz durante a noite, pois ela atrai os insetos.
4.2. Armadilhas para insetos
• Como prevenção, manter um programa de controle quinzenal/mensal
de pragas;
• Iniciar um combate intensivo com produtos e tratamento apropriado tão
logo seja detectado insetos;
• Recorrer, de preferência, a firmas especializadas para uma maior
eficácia e por medidas de segurança. Produtos não apropriados ao
invés de combater podem acelerar o ciclo de reprodução de algumas
pragas. Aplicações em doses insuficientes (volume ou dias) podem não
dar resultado algum e se tornar uma despesa inútil.
33
FIGURA 5 – Insetos mais comuns em lojas:
FONTE: ROYAL CANIN, 2008
34
Ter qualidade de armazenamento não é apenas para limpeza do ambiente,
mas também para qualidade e maior segurança do consumidor final.
Para maior compreensão sobre qual alimento industrializado utilizar para o
animal de estimação, além de conhecer o método de como deve ser armazenado
corretamente, é importante conhecer qual é a composição do alimento, a diferença
entre alimentos funcionais e nutracêuticos, rações de prescrição e a diferença entre
rações super premium e standard. Tendo em vista isto, pode-se escolher e ter mais
segurança no alimento a ser fornecido.
35
6. ALIMENTO FUNCIONAL x ALIMENTO NUTRACÊUTICO
Quando se conhece as principais diferenças entre alimento nutracêutico e
alimento funcional fica mais fácil compreender o porquê da necessidade de se
utilizar diferentes rações durante a vida do animal.
Um alimento pode ser considerado funcional se for demonstrado que o
mesmo pode afetar beneficamente uma ou mais funções-alvo no organismo, além
de possuir os adequados efeitos nutricionais, de maneira que seja tanto relevante
para o bem-estar e a saúde quanto para a redução do risco de ocorrência de uma
doença (MORAES et all, 2006).
Além de nutrir os seres vivos, esses alimentos podem assegurar os materiais
necessários para a formação, o crescimento e reparação das células e tecidos; para
o seu metabolismo equilibrado; e para os constituintes orgânicos necessários à
produção de energia (ALMEIDA, 1997).
Os alimentos funcionais são benéficos à saúde, este efeito ocorre em sua
maioria quando estes são consumidos como parte de uma dieta usual. A indicação
envolve o maior uso de vegetais, frutas, cereais integrais na alimentação regular
(TABELA 1) (CARDOSO, 2008).
36
TABELA 1 - Abaixo alguns nutrientes funcionais:
NUTRIENTE
AÇÃO
FONTES
Carotenóides
Neutraliza os radicais livres que podem provocar
Cenoura, vegetais e frutas amarelas e
lesão celular.
alaranjadas, vegetais escuros.
Pode reduzir o câncer de próstata.
Tomate e produtos do tomate (ketchup,
Licopeno
molhos e etc.), vegetais e frutas de cor
laranjada e vermelha.
Flavanonas e
Atuam como antioxidantes, reduzindo o risco de
Frutas e vegetais, frutas cítricas, vinho tinto
Flavonas
câncer e lesões celulares.
e uva, maçãs, cebolas vermelhas e
amarelas, couve, brócolis.
Prebióticos e
Melhoram a saúde gastrintestinal.
Cebolinha, farelo de aveia, iogurte, frutas.
Isoflavonas e
Podem reduzir o colesterol LDL, colesterol total e
Soja, alimentos de soja
Saponinas
triglicerídeos, possuem enzimas anticâncer, podem
Probióticos
proteger de doenças cardiovasculares e sintomas
da menopausa.
Ômega 3
Pode reduzir doenças cardiovasculares e melhora
Peixes e óleos marinhos, sementes e
funções visuais e mentais.
nozes.
FONTE: CLÍNICA 449 – NUTRIÇÃO ESPORTIVA.
Com relação aos nutracêuticos, pode-se defini-los como alimentos ou parte
de um alimento que proporciona benefícios médicos e de saúde, incluindo a
prevenção e/ou tratamento da doença, sendo o mesmo uma substância de
ocorrência natural com evidente efeito benéfico à saúde que faça parte, como
ingrediente, de alimentos funcionais ou suplementos alimentares.
Os nutracêuticos podem ser classificados como fibras dietéticas, ácidos
graxos poliinsaturados, proteínas, peptídeos, aminoácidos, minerais, vitaminas
antioxidantes, e outros antioxidantes (WORTINGER, 2009).
Nutrientes essenciais podem ser consideradas nutracêuticos desde que
proporcionem reais benefícios além do seu papel essencial no crescimento normal
ou na manutenção do corpo humano (NOGUEIRA, 2008)
37
7. SAÚDE X ALIMENTO
Antes de qualquer conceito deve-se considerar que cães são semi-carnívoros
e gatos carnívoros estritos.
Uma alimentação equilibrada equivale a uma alimentação saudável. Uma
alimentação equilibrada significa ter todos os nutrientes necessários na refeição que
o organismo necessita.
Segundo o Professor Dominique Grandjean (2003), existem quatro principais
objetivos da nutrição clínica, sendo eles:
•
Construção e manutenção do organismo: sendo o papel das proteínas, dos
minerais e dos oligo-elementos, das vitaminas e de certos lipídeos.
•
Fornecimento de energia: lipídios, glicídios e proteínas.
•
Alimentar é prevenir, ou seja, determinados nutrientes incorporados ao
alimento (antioxidantes, argilas), podem atuar, por exemplo, na prevenção de
riscos de afecções renais, perturbações digestivas, no combate ao
envelhecimento.
•
Alimentar é também curar, ou seja, trata-se da ação desempenhada por
alguns nutrientes incorporados no alimento em processos terapêuticos e de
convalescência para favorecer a cura de determinadas doenças.
Os cães encontram-se entre as espécies animais que apresentam maior variação
no peso adulto, desde o pequeno Chiuahua até o grande São Bernardo
(ANDRIGUETTO, 1983). Segundo esse autor essa variação em peso apresenta a
primeira dificuldade em se estabelecer a correta necessidade de nutrientes.
38
Existem fases no metabolismo do animal que apresentam necessidades
nutricionais distintas. Assim, para manter o organismo em perfeito equilíbrio é
necessário que sejam respeitadas essas fases, como, prenhez e lactação,
crescimento e fase senil.
7.1 Prenhez e lactação
Primeiramente antes proceder ao acasalamento, é necessário fazer um exame
clínico na paciente. Recomenda-se que, quando a mesma tiver prenhez confirmada,
seja oferecida uma ração balanceada, para garantir o atendimento de suas
necessidades nutricionais. Sugere-se, além disso, aumentar a quantidade de ração
oferecida à cadela em 15% a cada semana, a partir da quinta semana de gestação
até o parto (WORTINGER, 2009).
No período de lactação, a cadela não requer apenas que sejam atendidas suas
necessidades nutricionais, mas também a produção de leite até o término da
lactação, sendo assim uma ração com alta energia, pois sua necessidade energética
aumenta gradativamente. Água à vontade é imprescindível na lactação, pois seu
consumo de maneira inadequada diminui a quantidade de leite produzido
(WORTINGER, 2009).
Como estimativa grosseira, uma cadela lactante precisaria de 1,9 vezes a sua
exigência energética de repouso (EER), mais 25% dessa quantidade para cada
filhote (WORTINGER, 2009).
39
Exemplo:
•
Labradora de 27,3kg (peso antes da prenhez) com 7 filhotes
- EER= (30 + peso [kg]) + 70
- EER= (30 + 27,3kg) + 70 = 889
- Lactação = EER + 1,9 = 1.689kcal/dia
- 25% para cada filhote = 422,25kcal/dia
- 7 filhotes = 2.955,75kcal/dia
- Cadela + filhotes = 1.689 + 2.955,75 = 4.644,75kcal/dia
- Ração comercial seca para filhotes = 375kcal/xícara
- Ofereça 12,4 xícaras/dia
FONTE: WORTINGER, 2009.
Existem algumas diferenças com relação às gatas, que apresentam, um aumento
de peso durante a gestação diferente de outras espécies, ela armazena energia
durante este período e para depois da fase da lactação, onde os filhotes já poderão
ingerir o alimento sólido. Ela deve ser alimentada com ração apropriada para suas
condições e sendo aumentada a quantidade até o terço final da gestação, sendo
assim no final da gestação ela poderá ingerir até 50% a mais de alimento.
Diferentemente dos cães, os gatos quando filhotes têm um crescimento mais rápido,
tendo necessidades energéticas maiores. A produção de leite depende da
quantidade de filhotes da ninhada e também pelo consumo de água. Observa-se
que a gata está produzindo bastante leite, pelo acompanhamento do crescimento
dos filhotes, bem como pelo ganho de peso dos mesmos.
40
7.2
Filhotes
A primeira preocupação com os filhotes recém-nascidos é se eles receberam
o colostro produzido pela mãe durante as primeiras 24 a 72h após o parto, que
fornece
nutrientes,
água,
fatores
de
crescimento,
enzimas
digestivas
e
imunoglobulinas (anticorpos) da mãe (WORTINGER, 2009). O teor de água no
colostro é pequeno comparado ao do leite, que aumentará a quantidade de água no
decorrer dos dias de amamentação.
O leite que não seja o materno não é muito recomendado, pelo teor de água,
gordura, proteína e cálcio, que é balanceado de acordo com a necessidade dos
filhotes e de cada espécie (TABELA 2). Caso ocorra um problema em que a mãe
morreu ao parto ou a ninhada está muito grande, de maneira que o filhote não
consegue se alimentar, pode-se lançar mão de alguns substitutos do leite materno
em pó. Na maior parte das vezes, é utilizado leite de vaca, mas no processo de
produção do leite em pó fica deslactosado, para que não ocorra diarréia pela
intolerância à lactose. Nesse caso não há problema algum em usar o leite comercial.
O diferencial de leite comercial para gatos é que eles contêm taurina, pois o gato
não tem a produção de taurina adequada, por não sintetizarem de maneira
suficiente. A taurina é o ácido beta-sulfônico, que não faz parte das proteínas, mas
que se encontra como aminoácidos livres nos tecidos, sendo sintetizados
principalmente a partir de metionina e pela cistina.
41
TABELA 2 - Composição nutritiva de vários leites:
Nutriente
Leite de gata
Leite de
Leite de vaca
Leite de cabra
cadela
Umidade
79
77,3
87,7
87
7,5
7,5
3,3
3,6
8,5
9,5
3,6
4,1
4
3,3
4,7
4
180
240
119
133
121
146
64
89
(g/100g)
Proteína bruta
(g/100g)
Gordura bruta
(g/100g)
Lactose
(g/100g)
Cálcio
(mg/100g)
EM
(kcal/100g)
FONTE: WORTINGER, 2009
Quando o recém-nascido está apto a ingerir alimento industrializado é
importante lembrar que é necessário fazer a transição entre o leite e a dieta sólida, a
qual pode ser feito em duas etapas. A primeira etapa é adquirir a papinha específica
para desmame, comercial, que é em pó para ser misturada em água. Após a
reconstituição, a mesma apresenta-se como um mingau, para comodidade dos
donos. Esse processo é feito na terceira e quarta semana de idade (WORTINGER,
2009). A segunda etapa é oferecer o alimento industrializado em forma
convencional.
42
Após o cuidado com os recém-nascidos, desde o leite até o desmame, é
importante continuar a cuidar dos filhotes em seu crescimento, sendo que cada raça
tem seu crescimento diferenciado (TABELA 3). Por exemplo, cães de pequeno porte
(chiuahua) apresentam crescimento em até 10 meses e cães de grande porte e
gigante (dog alemão) em até dois anos de idade, isso envolvendo também a
maturidade sexual. Cães de porte pequeno, em média entram em maturidade sexual
com aproximadamente seis meses, já cães de porte grande e gigante aos nove
meses.
TABELA 3 – Comparativo com diferentes tamanhos de raças:
Peso do
Duração de
Coef. Peso
Peso
Expectativa
tubo
crescimento
do
adulto
de vida média
digestivo /
Médio
nascimento
Médio (kg)
(ano)
peso total
(meses)
/ peso
adulto
Raças
pequenas
7%
10
20
1 à 10
14 à 16
5%
12
50
10 à 25
12 à 14
3,5%
15/18
70
+ 25
9 à 10
2,7%
18/24
100
46 à 90
7à9
Raças
médias
Raças
grandes
Raças
gigantes
FONTE: ROYAL CANIN, 2008
43
O crescimento ideal dos animais é o crescimento lento, para que ocorra uma
perfeita harmonia entre desenvolvimento ósseo e muscular, cães de pequeno porte
crescem mais lentamente do que cães de grande porte. Estes últimos crescem
lentamente até os seis meses de idade, depois dessa idade há uma explosão de
crescimento, podendo ocasionar problemas articulares.
Oferecer o alimento adequado para os animais é imprescindível para seu
crescimento harmonioso. Este é composto por alto valor protéico e boa
digestibilidade, pois a necessidade protéica dos filhotes é maior do que de cães
adultos. Além de proteína de alta qualidade, é imprescindível um valor energético
equilibrado, para o crescimento ser ideal e não provocar obesidade nesta fase.
Depois que o filhote é levado para casa é importante, assim como indicam os
médicos veterinários, não trocar de alimentação bruscamente, pois essa mudança
de ambiente alimentar pode levar a algumas alterações intestinais, por exemplo
diarréia osmótica. Portanto, quando o filhote é levado para casa é importante dar a
mesma alimentação que ele estava ingerindo anteriormente. Caso o proprietário
queira mudar de ração, conforme a recomendação dos fabricantes, esta deve
ocorrer durante sete dias, começando a introduzir inicialmente 90 % do alimento
utilizado com 10% do alimento novo, e assim gradativamente até completar 100% do
novo alimento.
Durante os períodos de crescimento rápido, é melhor utilizar a alimentação
controlada por porções, duas a quatro vezes ao dia (WORTINGER, 2009). Sempre
acompanhar o verso da embalagem da ração para acompanhar a quantidade de
ração diária.
Animais de raças grandes e gigantes devem ter maiores cuidados, pois seu
crescimento é acelerado e seu ganho de peso também. Dessa forma, o animal deve
44
ingerir alimentos de qualidade e com o formato da ração adequado para o tamanho
de sua arcada dentária e de seu estômago. Geralmente, animais de raças grandes e
gigantes têm muita pressa para comer, podendo ocasionar problemas clínicos como
torção gastrintestinal. Assim, é indicado a esses animais o fornecimento de
alimentos na forma de croquetes grandes, para maior adaptação alimentar. Oferecer
alimentos com suplementação de sulfato de condroitina para seu crescimento ideal,
pois animais desse porte têm disposição a ter doenças articulares, como displasia
coxofemoral (DCF), osteocondrose (OCD), osteodistrofia hipertrófica, sendo nessas
condições influenciadas a genética do animal e o manejo nele praticado e com
energia metabolizável controlada, para o controle da obesidade.
A displasia coxofemoral é um desajuste entre a cabeça do fêmur e o
acetábulo, que permite uma movimentação excessiva da cabeça do fêmur. O
resultado é a lesão, inflamação e, eventualmente, o enfraquecimento da articulação
coxofemoral (ARCHIBALD, 1986).
A osteocondrose é o processo patológico na cartilagem em crescimento,
principalmente caracterizado por distúrbio da ossificação endocondral que leva a
retenção excessiva de cartilagem (TILLEY, 2008).
A osteodistrofia hipertrófica é uma doença inflamatória dos ossos que
acomete filhotes de cães em crescimento rápido, caracteriza-se por inflamação
supurativa asséptica dentro das trabéculas metafisárias de ossos longos (TILLEY,
2008).
A alimentação do gato é a mesma indicada para cães, com valor energético
alto e boa digestibilidade para um crescimento harmonioso, tendo uma vida adulta
saudável. A diferença entre a alimentação de gatos com a de cães, é que desde
45
pequenos os gatos precisam da implementação de taurina em seu alimento e um
controle do ph urinário, para evitar cálculos urinários antes do tempo.
A maturidade sexual do gato acontece aproximadamente com seis meses de
idade, sua maturidade esquelética com 10 meses de idade e seu ganho de peso
adicional é com 12 meses de idade, a partir dessa idade sempre controlar o peso do
animal para não ocasionar obesidade no futuro.
A digestibilidade da proteína no gato dever ser de no mínimo 85% para um
crescimento ideal, tendo o valor da proteína de igual ou maior valor de 26%. Pelo
menos 19% da proteína deve ser de origem animal, para garantir quantidades
adequadas de aminoácidos contendo enxofre (WORTINGER, 2009). Gatos filhotes e
adultos têm grande necessidade de enxofre, e o aminoácido taurina tem essa
quantidade de enxofre, sendo por isso que muito utilizado nos alimentos de gatos.
Desde filhote oferecer alimento de duas a três vezes ao dia, um alimento
balanceado é igual ao crescimento adequado, acompanhar a alimentação do filhote
quando a gatos adultos na casa, pois estes podem dificultar a alimentação do filhote
e mesmo com o acompanhamento é interessante separá-los na hora da refeição
para que não haja nenhum tipo de stress na hora da alimentação.
Deve-se continuar a realizar as avaliações da condição corpórea, e o
consumo alimentar deve ser ajustado para manter a ACC em 3/5, ou 4/9 a 5/9,
durante o crescimento até a idade adulta (WORTINGER, 2009).
46
7.3 Manutenção
Cães que atingiram o tamanho de um adulto maduro e não estão em
gestação e lactação ou trabalhando ativamente são definidos como animais em
estado de manutenção (WORTINGER, 2009).
Hoje em dia parte dos animais de estimação em especial cães vivem dentro
de casa e apartamentos, não tendo muito espaço hábil para o exercício diário, com
isso, indica-se um alimento de manutenção de ótima qualidade, com digestibilidade
de proteína adequada.
Para um animal em manutenção, as dietas devem seguir as seguintes
características (WORTINGER, 2009)
•
Proporcionar quantidade, balanceamento e disponibilidade corretos de
nutrientes para manter a saúde física e mental e as atividades.
•
Favorecer o melhor estado de saúde e, dessa maneira, reduzir a
suscetibilidade às doenças.
•
Ser suficientemente rica em nutrientes para permitir que o animal supra as
suas exigências de nutrientes ao se alimentar de quantidade que estejam nos
limites estabelecidos pelo apetite.
•
Ser suficientemente saborosa para assegurar um consumo adequado.
Lembrar que é importante fornecer alimento industrializado, pois o mesmo está
devidamente balanceado para as necessidades dos cães. Alimentos caseiros não
formulados pelo médico veterinário podem induzir ao risco de que o proprietário
coloque sabores e temperos de sua preferência, pode ocorrer predileção pela forma
de alimentação do proprietário, como por exemplo, alimentação vegetariana ou
47
alimentação com restrição calórica em casos de obesidade do proprietário. Por
esses motivos, os médicos veterinários devem ter a preferência por alimentos
industrializados, pelo balanço nutricional que neles contém, adequados às
exigências nutricionais diárias dos animais.
Em cada rótulo de ração existe uma quantidade diária da alimentação que deve
ser seguida pelo proprietário do animal, para que não aconteça a super-nutrição,
ocasionando a obesidade e problemas articulares futuros. O animal deve ser
alimentado no mínimo duas vezes ao dia, para que não ocorra ansiedade de espera
na hora da refeição, com água fresca e limpa. As mudanças freqüentes de dieta
podem causar transtornos gastrointestinais e produzir diarréia ou vômitos
(WORTINGER, 2009).
Às vezes, essas mudanças podem ser observadas quando os animais são
alimentados com uma marca comercial de menor qualidade que utiliza uma fórmula
variável, em vez de uma fórmula fixa (WORTINGER, 2009). Quando se emprega a
fórmula variável, os conteúdos podem mudar de lote para lote, devido às condições
de mercado ou à disponibilidade de produtos (WORTINGER, 2009). Com a fórmula
fixa, os ingredientes não mudam, permanecem constantes de lote para lote
(WORTINGER, 2009). Infelizmente, o rótulo não traz essa informação, que somente
pode ser obtida após o contato com o fabricante.
Os proprietários deveriam ter como costume pesar os cães com freqüência para
que haja um controle de peso de seu animal de estimação.
Com os gatos podemos seguir praticamente as mesmas orientações com
algumas particularidades. Os gatos são considerados adultos a partir de 12 meses
de idade e para seu ganho de peso adulto até 18 meses.
48
Os gatos em geral têm particularidades de comportamento, por serem carnívoros
restritos, tem o instinto de caça, os proprietários domesticaram os gatos, fazendo
com que eles comam em comedouros específicos. Os comedouros dos gatos
precisam ser de tamanho grande, pois eles têm as vibrissas, também conhecidas
como “bigode do gato”, muito sensíveis ao toque, quando essas vibrissas encostam
no comedouro eles páram de se alimentar. A mesma coisa acontece em
bebedouros, gatos gostam de água limpa e fresca, o recomendado é utilizar água
corrente para essa espécie.
Os gatos, anatomicamente são parecidos, mas cada raça tem suas
particularidades, menos evidenciadas em cães, por exemplo. Algumas raças são
mais ativas, como os abissínios e siameses, podem ter exigências energéticas mais
elevadas, enquanto outras, como os persas e os rag dolls, tendem a ser muito
tranqüilas e gastar pouca energia, além de gastos de manutenção (WORTINGER,
2009).
Seria interessante que os proprietários avaliassem sempre o peso corporal de
seus gatos a cada aproximadamente duas semanas para que não haja risco de
obesidade.
Assim como os cães, os gatos devem ter predileção por alimentos comerciais de
boa digestibilidade, do que alimentos caseiros, para saúde corporal e saúde da
pelagem do animal.
7.4 Maturidade
Com o incentivo à alimentação industrializada e com a melhoria das formulações
e com alimentação específica para cães idosos, houve um crescimento considerável
na expectativa de vida dos animais.
49
Essa expectativa é dada pela quantidade de cães senis que são atendidos
diariamente pelos médicos veterinários, de maneira que, com esse crescimento na
demanda, houve um crescimento no mercado pet com alimentos específicos para
esse público alvo, com nutrientes específicos para aumentar ainda mais a
longevidade dos nossos companheiros.
A expectativa normal de vida dos cães é de aproximadamente 13 anos e a
máxima de 27 anos (WORTINGER, 2009).
O envelhecimento causa efeitos biológicos no organismo abrangendo o declínio
gradual da capacidade funcional dos órgãos, que se inicia após o animal ter
alcançado a maturidade (WORTINGER, 2009).
Essas mudanças ocorrem em estrutura e composição dos tecidos; taxa
metabólica;
funções
cardiovascular,
renal
e
pulmonar;
excreção
renal
e
gastrointestinal; visão, audição, olfato e paladar; pele; sistema reprodutivo; e em
praticamente
todos
os
sistemas
funcionais
e
estruturais
do
organismo
(WORTINGER, 2009).
Os objetivos do manejo alimentar nutricional para cães e gatos idosos são o
seguinte (WORTINGER, 2009)
•
Aumentar a qualidade de vida;
•
Retardar o início do envelhecimento;
•
Diminuir ou prevenir a progressão de doenças;
•
Eliminar ou aliviar os sinais clínicos de doenças;
•
Manter uma condição corpórea ótima.
50
Os cães e gatos com o passar dos anos têm o seu metabolismo de lipídios,
carboidratos e proteínas gradativamente diminuídos, de maneira que essa
diminuição pode levar à perda de massa magra, mesmo sem perda de peso. A
diminuição do metabolismo varia de animal para animal, mas geralmente ocorre
porque cães maduros não praticam tanto exercício e também pela função fisiológica
do animal. Os alimentos de origem industrializados específico para cães maduros
contêm toda a necessidade e equilíbrio para uma alimentação balanceada, com
nível de extrato etéreo e proteínas diferenciadas com relação aos animais em
manutenção, por exemplo.
Na composição de alimento para animais maduros existem também os
antioxidantes, os mais utilizados são a vitamina A, vitamina E, vitamina C, betacaroteno, taurina, entre outros.
51
8. INGREDIENTES FUNCIONAIS
8.1 ANTIOXIDANTES
Os principais antioxidantes são a vitamina A, vitamina E, vitamina C e taurina,
que são mais utilizados.
A vitamina A, também conhecida como Retinol ou Axerofol, trata-se de um
álcool de cadeia longa lipossolúvel (GRANDJEAN, 2003). A vitamina A é encontrada
principalmente em fígado de peixe, fígado de bovino, ovos, cenoura, entre outros
(ANDRIGUETTO, 1934). A fonte principal sintetizada no organismo pela vitamina A é
o beta-caroteno. As principais funções desempenhadas no organismo são a visão –
adaptação à escuridão; pele e pelagem mais saudável; a síntese de determinados
hormônios; a síntese das proteínas; o desenvolvimento do sistema nervoso – lesões
labirínticas e distúrbio do equilíbrio e o desenvolvimento ósseo (GRANDJEAN, 2003,
ANDRIGUETTO, 1934, WORTINGER, 2009). A ausência do Retinol pode influenciar
na visão com a cegueira noturna, problemas cutâneos pela facilidade de infecções e
o excesso pode ocorrer problemas articulares, fraturas fáceis e hemorragia interna.
A vitamina C, também conhecida como ácido ascórbico, assegura diversas
funções vitais no organismo, como a neutralização dos radicais livres (efeito
antioxidante), o metabolismo do ferro e determinadas reações imunológicas antiinfecciosas (GRANDJEAN, 2003). Os cães e gatos conseguem sintetizar sem
nenhum problema a vitamina C. A vitamina C é estocada em quantidades limitadas
no organismo animal (ANDRIGUETTO, 1999). É excretado pela urina, suor e fezes
(ANDIGUETTO, 1999). O ácido ascórbico age como removedor de nitratos e, desse
modo, reduz carcinogênese induzida pela nitrosamina (WORTINGER, 2009).
52
Taurina é um aminoácido essencial que pode ser sintetizado pela maioria dos
mamíferos a partir da metionina e da cisteína (WORTINGER, 2009). Ela favorece a
síntese hepática dos sais biliares, mas a sua ação influência também fluxos de
cálcio entre o interior e o exterior da célula, o que consequentemente lhe permite
agir sobre o funcionamento cardíaco (GRANDJEAN, 2003). A taurina é utilizada na
prevenção e tratamento de doenças cardíacas graves, denominadas cardiomiopatias
dilatadas (GRANDJEAN, 2003). Esta ação torna-a, portanto, num aminoácido
indispensável para o gato (GRANDJEAN, 2003). Os gatos têm uma capacidade
muito limitada para sintetizar a taurina de outros aminoácidos que contêm enxofre e,
portanto, possuem maior necessidade dela na dieta (WORTINGER, 2009).
8.2 CONDROITINA
Também conhecida como sulfato de condroitina é uma das principais
moléculas que participam na elaboração da cartilagem articular, assegurando a sua
elasticidade (GRANDJEAN, 2003). A sua principal ação consiste na inibição do
efeito das enzimas que desencadeiam a destruição permanente da cartilagem
(GRANDJEAN, 2003).
A condroitina pode ser extraída da cartilagem bovina e suína, entre outras
espécies. Ela estimula as sínteses de proteoglicanos e inibe a atividade catalítica
das enzimas proteoglicanas responsáveis pela degradação da cartilagem articular,
interrompendo assim o ciclo degenerativo da artrose (BROUWER, 2007).
Em conjunto com a glucosamina, que estimula a produção de proteoglicanos,
articulares e a síntese de sulfato de condroitina, ao mesmo tempo em que favorece
53
a calcificação óssea (BROUWER, 2007). Por isso a utilização de sulfato de
condroitina e glucosamina para o tratamento de algumas perturbações articulares.
8.3 ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS (AGE)
A gordura da dieta é uma fonte da AGE, geralmente identificados como ácido
linoléico, ácido alfa-linolênico e ácido araquidônico. O ômega 3 (ácido alfa-linolênico)
e ômega 6 (ácido linoléico e ácido araquidônico) (WORTINGER, 2009 ;
GRANDJEAN, 2003; ANDRIGUETTO, 1999). Os gatos são diferentes dos cães uma
vez que requerem uma fonte de ácido araquidônico na dieta, não importando a
quantidade de ácido linoléico nela presente (WORTINGER, 2009).
A função do ômega 3 é bem diversificada, tem função anti-inflamatória, que
inibe a síntese de determinados mediadores químicos da inflamação, melhoria das
capacidades desportivas e da oxigenação cerebral (animal idoso), melhoria das
capacidades de aprendizagem dos animais jovens (GRANDJEAN, 2003).
Indispensáveis
à
síntese
das
moléculas
com
atividade
hormonal,
denominadas prostaglandinas, o ômega 6 vai atuar sobre a saúde da pele em
qualidade do pêlo, assim como sobre a função reprodutiva do animal (GRANDJEAN,
2003).
Os ácidos graxos insaturados de uma família não podem ser convertidos em
ácidos graxos insaturados de outra família, como o ômega 3 e o ômega 6, e os
ácidos monoinsaturados e saturados não podem ser convertidos em AGE.
54
8.4 ARGILAS
A argila mais utilizada hoje no mercado de alimentos pet é a zeolita, que é um
mineral natural, compostas por folhas microscópicas de silicatos de alumínio
(GRANDJEAN, 2003).
As zeolitas exercem alguns efeitos principais no organismo, pois elas formam
uma película protetora na superfície da mucosa intestinal, absorvendo o excesso de
água e as substâncias tóxicas (GRANDJEAN, 2003).
Não causam qualquer perturbação aos mecanismos de absorção digestiva, e
permitem melhorar a solidez óssea em virtude de promoverem a absorção do cálcio
(GRANDJEAN, 2003).
A zeolita é muito utilizada para diminuir os casos de diarréia, pois ela diminui
a quantidade de água no tubo digestivo.
8.5 PROBIÓTOS
A Organização Mundial de Saúde define probióticos como “organismos vivos
que, quando administrados em quantidade adequada, conferem benefício à saúde
do hospedeiro” (Wikipédia, 2010).
Os probióticos são microorganismos que, quando ingeridos, exercem efeitos
benéficos á saúde
São compostos por bactérias benéficas naturalmente presentes no trato
intestinal dos animais (VETNIL, 2008).
55
O seu uso tem função de prevenir a colonização de bactérias patogênicas,
por competição, melhorar a absorção de nutrientes e auxiliar na síntese de vitaminas
e proteínas (VETNIL, 2008).
A inibição de bactérias intestinais indesejáveis pode ocorrer por produção de
substâncias bactericidas (WIKIPÉDIA, 2010):
•
Os lactobacilos podem produzir peróxido de hidrogênio, substância inibidora
de Escherichia coli, salmonela, etc.
•
Adesão à mucosa e multiplicação – este termo se refere à capacidade dos
probióticos de aderirem às vilosidades intestinais competindo e inibindo a
fixação de patogênicos, como por exemplo, Escherichia coli.
•
Presença sem adesão à mucosa – para que isto ocorra é necessário que a
ingestão do probiótico seja contínua, pois a sua suspensão não garante
permanência no cólon por período prolongado.
Para que isto não ocorra existem suplementos de probióticos industrializados
que vem em forma de palitos, em alguns alimentos para os cães e gatos ela já
vem implantada.
8.6 PREBIÓTICOS
Conhecida também como FOS (fruto-oligossacarídeos), os probióticos são
constituídos por fibras fermentáveis e embora não digeridos, são rapidamente
fermentados pelas bactérias presentes no intestino, provocando a liberação de
ácidos graxos de pequenas dimensões (denominados por ácidos graxos voláteis)
que acidificam o meio intestinal, constituindo fonte de nutrientes privilegiados para a
56
manutenção e renovação das células, revestem as paredes do intestino grosso
(GRANDJEAN, 2003).
O FOS da dieta melhora a flora intestinal, aumenta a digestão e a retenção do
nitrogênio, melhora a qualidade das fezes e reduz os odores fecais (WORTINGER,
2009). Tem ação também na inibição do crescimento das bactérias patogênicas e
melhoria da digestão e da absorção dos nutrientes (GRANDJEAN, 2003).
A incorporação do FOS no alimento permite simultaneamente prevenir as
diarréias infecciosas resultantes da proliferação de bactérias patogênicas no
intestino e alimentar convenientemente células intestinais, em particular, para
prevenir a atrofia das células do cólon (GRANDJEAN, 2003).
O manan-oligossacarídeos (MOS), pertence à grande categoria de fibras e
não são digeridos pelo animal. Possui uma ação benéfica no tubo digestivo que
restringem o desenvolvimento das bactérias patogênicas impedindo a sua fixação na
mucosa intestinal, melhorando diretamente a eficácia das defesas imunológicas do
organismo,
permitindo-lhes
lutar
melhor
contra
os
agentes
patogênicos
(GRANDJEAN, 2003).
Os prebióticos ligam-se a uma ampla variedade de micotoxinas, preservando
a integridade da superfície de absorção intestinal e bloqueando a aderência das
bactérias patogênicas ao ocupar os sítios das células epiteliais da mucosa intestinal
(VETNIL, 2008).
Os MOS participam no correto equilíbrio da população bacteriana do intestino
e atuam direta e indiretamente na saúde do tubo digestivo (GRANDJEAN, 2003).
Possuem assim uma acentuada ação preventiva em face de problemas de diarréias,
contribuindo para a prevenção de doenças infecciosas de origem digestiva
(GRANDJEAN, 2003).
57
8.7 VITAMINA E COM SELÊNIO
A vitamina E tem muitas funções no organismo e está relacionada com o
metabolismo de outros nutrientes (ANDRIGUETTO, 1999).
Atua como antioxidante biológico, protegendo a célula contra a ação dos
radicais livres, combatendo os efeitos biológicos do estresse e melhorando as
defesas imunológicas (GRANDJEAN, 2003).
A vitamina E também conhecida como tocoferol, ao atenuar o estresse
oxidativo celular, ajuda a prevenir doenças relacionadas ao envelhecimento do
organismo,
doenças
cardiovasculares,
cataratas
e
afecções
neurológicas
degenerativas (GRANDJEAN, 2003).
A absorção da vitamina E é melhorada pela digestão e absorção simultâneas
de gorduras presentes na dieta (WORTINGER, 2009). Ela é uma das menos tóxicas;
os animais podem tolerar doses muito altas, sem efeitos colaterais (WORTINGER,
2009).
A inter relação com o selênio tem o efeito na prevenção de diátese exsudativa
que é um severo edema produzido por aumento de permeabilidade dos capilares
(ANDRIGUETTO, 1999).
Este sistema protege células contra efeitos adversos do oxigênio reativo e de
outros radicais livres iniciadores da oxidação da membrana polinsaturada dos
fosfolipídios, proteínas críticas ou ambos (ANDRIGUETTO, 1999).
58
9. ALIMENTOS DE PRESCRIÇÃO
Hoje, existem rações que facilitam o tratamento de determinadas doenças dos
animais de estimação, doenças como insuficiência renal, insuficiência hepática,
insuficiência cardíaca, entre outras. Abaixo estão exemplos de rações que se
propõem a colaborar no tratamento das doenças mais comuns dos cães e gatos.
9.1 Obesidade
Por definição, obesidade é o acúmulo de quantidade excessiva de gordura
corpórea (WORTINGER, 2000). Estudos indicam que aproximadamente 25% dos
gatos e dos cães, nos Estados Unidos, examinados por veterinários são obesos ou
muito obesos. Tendo maior prevalência em gatos de meia idade (7 a 8 anos) e cães
de meia idade, castrados, com baixa atividade e com rações ricas em gorduras e em
calorias.(WORTINGER, 2009).
Hoje em dia, a grande parte dos animais é obesa, devido ao comportamento
inadequado de seus donos, que oferecem alimentos não industrializados e
balanceados, petiscos, excesso de alimentação, falta de exercício, e também devido
a alguns quadros clínicos, como diabetes, problemas cardíacos, endócrinos,
ortopédicos, castração, entre outros. Animais com o peso superior a 15% acima do
seu peso ideal deveriam ser submetidos a um programa de perda de peso.
(PARREIRA, 2008)
O alimento industrializado é importante apoio ao proprietário para uma
redução de peso do animal sem muito esforço do mesmo, lembrando que apenas o
59
alimento não proporciona uma eficiente redução. Para tal, há a necessidade de
acompanhamento do médico veterinário para o comparativo do escore corporal
(FIGURA 6), controle rigoroso do proprietário referente às quantidades diárias
estabelecidas no rótulo do alimento respeitando o sexo, idade e grau de obesidade e
exercício para o animal com atividades estabelecidas pelo médico veterinário.
Um alimento balanceado para animais obesos deve ter: baixo valor
energético, substituição de gordura por carboidratos hidrolisados (milho e arroz) e
fibras não digeríveis, aumentando o volume fecal e a freqüência defecatória.
(PARREIRA, 2008).
É importante lembrar que mesmo depois de uma dieta rigorosa de prescrição,
é indicado controlar sempre o peso do animal, por exemplo, oferecer sempre o
alimento ligth.
FIGURA 6 – Comparativo de escore corporal de cães e gatos:
FONTE: HILL’S, 2009
60
9.2 Cardiopatas
Animais cardiopatas têm como característica intolerância ao exercício,
cansaço inexplicável, diminuição do apetite, entre outros sintomas.
Muitos cães mais idosos desenvolvem a insuficiência cardíaca congestiva
(ARCHIBALD, 1986).
A insuficiência cardíaca ocorre quando o coração tem dificuldade de bombear
o sangue a uma velocidade suficiente para suprir as necessidades metabólicas do
paciente ou evitar o acúmulo de sangue dentro da circulação venosa sistêmica
(TILLEY, 2008).
Para tratar a insuficiência cardíaca utilizam-se medicamentos ou por meio de
dieta controlada. A alimentação controlada é feita por meio da utilização de ração
industrializada, que tem principalmente o sódio controlado para que não ocorra
hipertensão. Se a doença for avançada, precisa-se cortar totalmente o sal. O
paciente que apresentar IC necessita manter uma dieta controlada pelo resto da
vida.
O alimento industrializado deve conter taurina e L-carnitina, pois esses são
indispensáveis para o bom funcionamento do miócitos e favorecem a contratilidade
cardíaca (ROYAL CANIN, 2008) e também deve conter quantidades aumentadas de
potássio e vitaminas B para compensar as perdas urinárias excessivas destes
componentes (ARCHIBALD, 1986).
61
9.3 Nefropatas
Insuficiência renal aguda (IRA) é uma síndrome caracterizada pelo início
rápido de insuficiência de filtração pelos rins, pelo acúmulo de toxinas urêmicas, falta
de regulação de fluídos, eletrólitos e equilíbrio ácido-básico, e aparecimento dos
sinais clínicos de uremia (TILLEY, 2008).
Doença renal crônica (DRC) é o resultado de doença renal primária que
persistiu por meses a anos, caracterizada por disfunção renal irreversível que tende
a se deteriorar progressivamente (FIGURA 7) (TILLEY, 2008).
FIGURA 7 - O relógio da DRC:
Limite da
Terapia
Convencional
Normal
4
100%
3
25%
Azotemia
2
33%
Poliúria/Polidpsia
FONTE: OLIVEIRA, 2008.
1
62
Animais idosos estão em maior risco de apresentarem esta doença, como
consequência de sua alimentação durante toda vida.
A base do tratamento da IRC é pelo equilíbrio hidro-eletrolítico, equilíbrio
ácido-básico, controle da hipertensão e da proteinúria (caso exista) e manejo
nutricional (OLIVEIRA, 2008).
O alimento específico tem como característica uma baixa quantidade de
fósforo. O fósforo é um elemento mineral principal, não metabólico, qualificado em
nutrição macro-elemento mineral devido à sua importância quantitativa para o
organismo. Ajuda no bom funcionamento do organismo, fazendo o equilíbrio com o
nível de cálcio (GRANDJEAN, 2003).
Existem proteínas que contêm um nível de fósforo para suplementar o
alimento industrializado. E há também muitos mitos sobre a proteína ser um
incidente de intoxicação. A proteína de qualquer origem pode ser utilizada, porém é
importante controlar a quantidade de proteína utilizada de acordo com a capacidade
de filtração dos rins, ela é utilizada também para palatabilidade e para ajudar na
manutenção do peso do animal, o peso controlado é muito importante, pois o animal
com excesso de peso pode comprometer ao tratamento.
O alimento industrializado específico possui o fósforo reduzido para diminuir o
hiperparatiroidismo secundário que agrava a IRC, ela precisa conter polifenóis por
melhorar a perfusão renal (ROYAL CANIN, 2008).
A água deverá estar sempre facilmente disponível e não ser restringida em
qualquer circunstância (ARCHIBALD, 1986).
Este monitoramento dietético deverá ser instituído à primeira indicação de
qualquer redução da função renal, para auxiliar na prevenção do progresso da
doença (ARCHIBALD, 1986).
63
9.4 Hepatopatas
Insuficiência hepática tem como definição perda súbita de 75% da massa
hepática funcional, ocorre a princípio devido à necrose hepática aguda (TILLEY,
2008).
A insuficiência hepática está associada a miríade de desarranjos metabólicos,
inclusive alterações na homeostasia da glicose, na síntese de proteína (albumina,
proteínas de transporte e fatores coagulantes e pró-coagulantes) e na destoxificação
(TILLEY, 2008).
Como tratamento por via de medicamento indicado pelo médico veterinário e
por meio de alimentação industrializada específica.
A alimentação industrializada específica deverá ter um teor reduzido de cobre
e elevado de zinco que limita o acúmulo de cobre nos hepatócitos e as lesões
intracelulares em caso de colestase (ROYAL CANIN, 2008).
O cobre em excesso favorece a produção de radicais livres, os quais são
responsáveis pela lesão e morte das células hepáticas (RAMALHO, 2005).
O zinco inibe a absorção de cobre (que tendencialmente se acumula no
fígado destes animais) uma vez que o zinco (oligoelemento) estimula a produção de
uma proteína nas células intestinais – a metalotioneina – que fixa o zinco e o cobre
impedindo a sua absorção intestinal (RAMALHO, 2005).
Redução de sódio permite diminuir a hipertensão portal e restringe a
passagem de líquidos para o espaço extra-vascular (ROYAL CANIN, 2008).
O que dar de comer a um cão com doença hepática é discutível; sugere que
dietas altamente digeríveis, moderadamente restritas em proteínas, gorduras e sal
são melhores (ARCHIBALD, 1986). Além disso, quantidades adequadas de
64
carboidratos prontamente disponíveis devem ser incluídas na dieta (ARCHIBLAD,
1986).
Para diminuir os índices de doenças mais comuns entre cães e gatos, devese primeiramente entender qual é a principal diferença entre rações caras e baratas
– super premium e standard e qual é o custo-benefício de utilizar esses diferenciais
de alimentação.
65
10. RAÇÕES SUPER PREMIUM X STANDARD
Primeiramente, é importante conhecer que hoje no Brasil existe cerca de 31
milhões de cães e 15 milhões de gatos, sendo que 50% desses animais consomem
alimentos industrializados. Existe hoje cerca de 130 fabricantes diferentes de
alimentos industrializados (ANFAL PET, 2008).
A diferença entre rações super-premium e standard (econômica) não é só o
preço pago pelo comprador. A diferença está na escolha dos componentes
(ingredientes) que são balanceados nesta ração (MATTOS, 2008).
Uma ração super-premium tem os melhores ingredientes, os mais adequados
ao animal, com uma melhor digestibilidade, sendo que o animal come um volume
menor de ração, uma vez que o cão ou gato aproveita melhor os nutrientes à sua
disposição naquele ingrediente. (MATTOS, 2008).
Apesar de serem mais caras que os outros tipos, essas rações são
formuladas à base de proteína animal, tornando o produto mais nutritivo. “São
produtos bem mais fortes e, por isso, faz com que o cão coma bem menos, já que
uma quantidade menor é suficiente para alimentá-lo”, explica Cristina. Além disso,
contêm outros produtos que ajudam a prevenir diversas doenças, inclusive o
envelhecimento precoce, a queda de pêlos, alergias entre outros. Também
proporcionam maior digestibilidade, pois são ricos em energia e proteínas
(FERREIRA, 2009).
Padrões básicos para fabricação do alimento super-premium – o que
encarece a fórmula (DEPT. COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA ROYAL CANIN BRASIL,
2008)
•
Grande quantidade de ingredientes nobres;
66
•
Nenhuma inclusão ou inclusão mínima de fontes vegetais ou animais de baixo
aproveitamento;
•
Qualidade excelente dos ingredientes, inclusive muitos deles para uso
humano;
•
Normalmente os fornecedores de matérias-primas são fixos e selecionados
pela qualidade;
•
Umidade é mínima;
•
Qualidade microbiológica do alimento é rigorosamente controlada;
•
Aumento das quantidades de proteína SEM excesso de minerais – fontes de
proteína isolada (sem osso);
•
Quantidades altas de energia (menor quantidade em gramas para o animal);
•
Alta digestibilidade;
•
Fezes em menor volume reduzido, bem formadas e o cheiro é reduzido
devido qualidade da proteína utilizada de alta digestibilidade.
A ração standard, bem mais barata, contém muitos ingredientes com baixa
digestibilidade, ocasionando uma maior ingestão da ração e maior produção de
fezes pelos animais (MATTOS, 2008)
São os produtos mais comuns e baratos fabricados, normalmente, por
empresas idôneas. “Elas também são balanceadas, mas contêm apenas o mínimo
necessário para a sobrevivência do animal” (FERREIRA, 2009).
Padrões básicos para fabricação do alimento standard – Para garantir o baixo
custo da formulação (DEPT. COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA ROYAL CANIN BRASIL,
2008).
•
Ingredientes de baixa qualidade;
67
•
Ingredientes de baixo valor biolágico;
•
Excessos de minerais (cálcio, fósforo, magnésio) – inclusão de farinhas
animais com ossos – aumento de riscos de problemas osteoarticulares,
cálculos urinários;
•
Alta inclusão de ingredientes vegetais de baixo aproveitamento, rico em fibras
e fatores anti-nutricionais (farelo de soja, farelo de trigo, farelo de arroz).
•
Não usar ingredientes nobres ou nutracêuticos;
•
Moagem mais grossa dos ingredientes – menor aproveitamento pelos
animais;
•
Maior umidade – mais risco de fungos e micotoxinas;
•
Baixa digestibilidade;
•
Baixa energia – os animais precisam comer em maior quantitade;
•
Fezes em maior quantidade, mal cheirosas e ressecadas.
10.1 Relação custo X benefício
Primeiramente devemos entender a diferença de ração super premium e
standard, tendo isso em vista é compreender a relação custo x benefício de usar
uma ração de maior custo e com os nutracêuticos que neles contêm.
Devemos sempre nos preocupar com a saúde de nossos animais e, um dos
principais fatores que propiciam saúde e uma vida longa é uma boa dieta, na qual os
componentes da ração supram, da melhor forma possível, as necessidades
nutricionais diárias dos animais. Além disso, um animal bem nutrido apresenta
poucas doenças no decorrer de sua vida (MATTOS, 2008).
68
Significa que o animal vai ingerir um alimento industrializado com o preço
mais elevado, mas, no entanto, o animal está ao longo dos anos sendo beneficiado
pelos nutracêuticos específicos que contêm na ração, retardando a visita ao médico
veterinário, com problemas renais, dermatológicos, obesidade, cardiovasculares,
articulares.
Existem alimentos específicos para todo o tipo de público, desde cães de
porte pequeno a gigantes, para raças específicas tanto para cães como pra gatos.
Um alimento de boa qualidade, tendo uma digestibilidade da proteína superior
a 85%, é um alimento considerado benéfico à saúde animal, pois cão ou gato
estarão aproveitando o que é necessário e vital da proteína e outros componentes
para sua saúde e para ter um envelhecimento tardio e o que não for aproveitável
para o organismo nesses 85% de digestibilidade vai ser eliminado pelas fezes ou
pela urina.
Sendo assim, os alimentos considerados super premium e premium
geralmente carregam digestibilidade de 85% a 90% da proteína, tendo benefícios
para o animal para uma vida saudável e longa.
69
11. COMO O PROPRIETÁRIO PODE INFLUENCIAR A ALIMENTAÇÃO DOS
CÃES E GATOS
O número de animais de estimação presentes nas residências cresce a cada
ano. Estudos relatam que houve aumento de cerca de 60% de animais pet em
residências, alguns para cães de guarda, outros para até mesmo substituir alguma
perda. No Brasil, existem mais de 31 milhões de cães e 15 milhões de gatos, sendo
o sétimo pais no ranking a consumir produtos industrializados (ROYAL CANIN,
2008).
Até meados do século XIX, cães e gatos eram alimentados principalmente
com restos de comida que, de outra maneira, virariam lixo (WORTINGER, 2009).
A primeira ração comercial preparada para cães foi produzida em 1860 por
James Spratt, um americano que vivia em Londres (WORTINGER, 2009).
No século XX os “bolos para cães” eram mais utilizados porém, depois de um
certo tempo, após a Segunda Guerra Mundial observou-se que o bolo para cães
eram dispensáveis para o uso em guerra e o animal voltou a sua alimentação antiga.
A primeira ração extrusada foi fabricada pelo Laboratório Purina em 1950. Em
1968, a Science Diet produzida pela Hill’s Pet Nutition, criou a primeira linha de
produto especializado projetada para diferentes fases da vida (WORTINGER, 2009).
Depois disso, outras marcas de rações foram sendo criadas, tornando-se
cada vez mais específicas para cada fase da vida, como desmame, crescimento,
adulto e senil e podendo também serem específicas para algumas determinadas
doenças, como para cães e gatos obesos, por exemplo.
Por muito tempo os animais tendem a se adaptar ao modo de vida de seus
proprietários, o que ele deseja, rações com odor agradável, embalagem bonita, com
70
corante, sem corante, muitas vezes o proprietário conclui que o animal se enjoou do
alimento fornecido, influenciando assim a uma troca no regime alimentar do animal.
Muitas empresas acabam direcionando o alimento para os cães e as
embalagens para os proprietários. Isso ocorre também com os petiscos.
O proprietário influencia o comportamento tanto alimentar como social de um
animal, com uma recepção calorosa ou uma despedida dramática fazendo com que
o animal crie um hábito de carência ou até mesmo estresse por separação, podendo
desenvolver alguns distúrbios comportamentais.
Um proprietário com excesso de peso tem a maioria de seus animais também
com obesidade, assim como proprietários magros vão ter animais magros, salvo
exceções. Muitas vezes esses proprietários não alimentam seus animais
adequadamente, com alimentos específicos para eles, adaptando os mesmos a
mesma alimentação que eles comem. Os animais geralmente que vivem mais em
apartamentos podem ter essa tendência à obesidade, pelo pequeno espaço que
contem para exercícios, e muitas vezes o dono não mantêm um exercício diário para
o animal, pela falta de tempo ou até mesmo pelo seu próprio sedentarismo.
Assim como proprietários atletas ou sedentários vão ter cães de uma maneira
igual, por isso o comportamento animal precisa ser avaliado de uma maneira
cuidadosa, pelo estilo de vida principalmente do proprietário.
71
12 CONCLUSÃO
O estágio obrigatório foi muito importante para meu crescimento acadêmico e
profissional. Nele pude acompanhar uma área que está em constante mudança,
crescimento e desenvolvimento, pois tanto como os clínicos, os proprietários estão
mais preocupados com a saúde para uma vida mais longa de seu companheiro de
estimação. Pude colocar em prática o que foi aprendido em sala, com aulas teóricas
e práticas, o desenvolvimento da relação nutrição/veterinário e nutrição/proprietário,
tendo uma maior desenvoltura e aprofundamento para um melhor conhecimento em
nutrição animal.
O convívio em um ambiente diferente e habitual mostrou novas maneiras de
ver o nicho muito procurado pelos colegas veterinários, podendo desenvolver, dar
conhecimento e prática nesse mercado em grande expansão, sendo importante para
o meu crescimento profissional.
Nas empresas de comercialização de produtos pets, estão procurando cada
vez mais profissionais especializados para melhor atender às necessidades de seus
clientes e principalmente de seus parceiros médicos veterinários. O mercado
comercial da medicina veterinária está crescendo cada vez mais e assim nós
médicos veterinários podemos agregar qualidade a esse mercado com nosso auxílio
técnico.
72
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