ASSISTÊNCIA DOMICILIAR EM CUIDADOS PALIATIVOS ONCOLÓGICOS: a abordagem da temática por produções científicas brasileiras relacionadas à pós-graduação stricto sensu Fabio Luis da Silva Nardi; Juliano dos Santos; Renata Cabrelli Instituto Nacional de Câncer - Residência de Enfermagem em Oncologia / CEDC INTRODUÇÃO A visita domiciliar é importante estratégia na assistência ao paciente com câncer em cuidados paliativos. Desvelar o conhecimento produzido e as lacunas sobre a temática é importante para a compreensão do tema e direcionamento de futuras pesquisas. OBJETIVO Descrever a produção científica da pós-graduação stricto sensu brasileira relacionada à assistência oncológica domiciliar. MÉTODO Revisão de literatura sistematizada que utilizou como fonte dos dados o Banco de Teses da CAPES. A busca bibliográfica foi realizada por meio das palavras-chave: assistência domiciliar e câncer. Foram incluídas teses e dissertações que abordaram a temática de interesse. RESULTADOS · Obteve-se 19 referências, sendo 15 excluídas por não se relacionarem com o tema. · As teses (n=1) e (n=3) dissertações incluídas (N=4) eram descritivas com abordagem qualitativa e (n=1) quanti-qualitativa. · Utilizaram a estratégia de estudo de caso (n=1), o referencial teórico-metodológico das representações sociais (n=1) e (n=1) a teoria de enfermagem de Watson. · As categorias de análise encontradas foram: Gerência do cuidado de enfermagem ao cliente oncológico; Participação da Família no Cuidado do Cliente Oncológico; Proporcionando o Bem-Estar do Cliente Oncológico. · As variáveis: topografia do tumor, principal cuidador domiciliar, presença de anemia à transição para cuidados paliativos e o KPS (performance status) do paciente referido pelo cuidador domiciliar estavam relacionadas a sobrevida. O sexo foi associado ao local do óbito. · Observou-se que o cuidador considera a saúde como parte da própria vida sendo um valor universal; os sentimentos de tristeza, horror e sofrimento intenso estão presentes durante o processo de morte do seu ente, assim como as mudanças nos padrões e na própria consciência da sua mortalidade e do outro. CONCLUSÕES As influências do ambiente domiciliar, seus "cuidadores" e variáveis relacionadas a doença e ao tratamento influenciam a assistência domiciliar ao paciente com câncer em cuidados paliativos. Quadro1. Referencias que compuseram o estudo TÍTULO AUTORES MÉTODOS RESULTADOS - Departamento de Pediatria do Centro de Tratamento e Pesquisa Hospital do Câncer A. C. Camargo; - 87 crianças foram acompanhadas em cuidados paliativos; Avaliação de Fatores que interferem na Predição de Sobrevida em Pacientes Pediátricos oncológicos Andréa Yamaguchi Kurashima; 2002. fora de Possibilidades Terapêuticas Curativas - Período de Maio de 1999 a Dezembro de 2001; - Em relação ao local do óbito, 59% dos pacientes faleceram em casa de acordo com seu desejo. - Escores de Performance Status descritos pelo médico, enfermeiro e cuidador; - a maioria dos pacientes (73,7%) do sexo masculino morreram em casa. - realizou-se uma análise da concordância entre estes escores (Kappa ponderado) e curva - 65,0% dos pacientes que pertenciam à categoria SUS morreram em casa.(p=0,019). ROC para a análise da capacidade preditiva do óbito; - Os pacientes cujo cuidador domiciliar não era alfabetizado/primário incompleto ou àqueles que possuíam curso superior - A partir da análise com 35 variáveis, foram selecionadas àquelas com significado morriam hospitalizados 8(80,0%) e 4(66,7%), respectivamente (p=0,003). estatístico em análise múltipla, permanecendo em relação ao tempo de sobrevida as - o escore atribuído pelo cuidador foi o que apresentou a melhor habilidade preditiva, seguido pelo do enfermeiro e pelo seguintes: diagnóstico (leucemia/linfoma e tumor sólido/SNC), principal cuidador domiciliar médico. (mãe ou outros), presença de anemia à transição para cuidados paliativos e escore de performance status do paciente referido pelo cuidador domiciliar. - Grupo A, escore 0 e probabilidade de vivo em 60 dias igual a 84,4%; - Grupo C, escore 2,0 - 6,5 e probabilidade de vivo em 60 dias igual a 15,4%. - a saúde a constitui como um valor universal, parte importante da própria vida. - destacam-se aqui os sentimentos de horror e tristeza desse indivíduo que sofre muito, pois, sem alternativas, acompanha o processo de morte do seu parente. Cuidados paliativos ao doente oncológico terminal Ana Dulce Azevedo Santana, 2000. em domicílio: representações sociais da família - pesquisa descritiva; - tal experiência implica revisão de comportamento, modificação nos padrões ee na própria consciência da sua - qualitativa, mortalidade e do outro. - utilizou-se para a coleta de dados a entrevista semi-estruturada; - ao aprender essas representações sociais de tristeza, sofrimento e medo, pudemos entendê-la como fruto do que é - o local da pesquisa foi o domicílio do doente; partilhado e veiculado na sociedade sobre o câncer como sinônimo da morte. - o referencial teórico-metodológico das representações sociais - surgem também outras representações sociais, oriundas da mesma experiência cotidiana desses familiares, porém - dez entrevistados. construídas com sentimentos de alegria, prazer, doação, entrega, amor, segurança e comodidade. - as contradições que se observam são decorrentes do medo, que perpetua o senso comum sobre a morte e das necessidades que esses atores sociais têm para enfrentá-la. com a mudança do paradigma do morrer no hospital para o morrer em casa, torna-se prioritário capacitar recursos humanos para prestar assistência domiciliar. - A Gerência do Cuidado de Enfermagem ao Cliente Oncológico, nesta foram encontradas duas sub-categorias: o A gerência do cuidado paliativo de enfermagem ao Aline Aniceto Pires; 2002. cliente oncológico na visita domiciliar - Natureza qualitativa do tipo estudo de caso; Planejamento do Cuidado de Enfermagem e o Processo Decisório no Cuidado de Enfermagem; - Enfermeiras do Instituto Nacional de Câncer que atuam na seção de Internação Domiciliar - A Participação da Família no Cuidado do Cliente Oncológico mostrando a importância do cuidador e a atuação da do Centro de Suporte Terapêutico oncológico. enfermeira como orientadora e educadora. - Referencial teórico no que diz respeito, à questão dos cuidados paliativos em oncologia, à - Proporcionando o Bem-Estar do Cliente Oncológico demonstrando a preocupação e dedicação das enfermeiras em gerência do cuidado de enfermagem e ao autocuidado; proporcionar o bem-estar aos clientes oncológicos através do controle de situações relacionadas aos fatores agressores da enfermidade - Pesquisa convergente-assistencial; - Realizada nos domicílios de três mulheres com câncer ginecológico, acompanhadas pelo serviço de atendimento domiciliário de uma instituição pública do município de FortalezaCE; Abordagem do cuidado humano na assistência domiciliária à luz da Teoria de Jean Watson - Período de junho de 2001 a maio de 2002, mediante identificação dos casos, visitas Ana Virgínia de Melo Fialho; 2003. domiciliares e observação participante; - O percurso metodológico e a análise dos resultados foram embasados na Teoria do Cuidado Transpessoal de Watson; - Utilizamos o método descritivo para apresentar e analisar os dados, a partir de unidades de significação, que foram organizadas em dois itens referentes às histórias das doentes e à assistência domiciliária prestada, apoiadas nos pressupostos e nos fatores de cuidado da teoria - As influências do ambiente domiciliário e de seus "cuidadores" são benéficas ao tratamento das doentes e envolvem várias circunstâncias, pois nelas estão presentes vários atores - o doente, a família, os profissionais de saúde, as condições socioeconômicas e culturais da família. - A adesão dos familiares ao processo de cuidado a esse tipo de doente requer uma reestruturação da situação soci al, visto que devem ser claramente definidos os papéis do doente, da família, do Estado e a relação entre os enfermeiros e demais profissionais de saúde. - Verificamos que é possível desenvolver o processo do cuidar transpessoal no domicílio, de maneira ef icaz e eficiente. Projeto Gráfico: Seção de Edição Técnico-Científica / DIETC / CEDC / INCA - Grupo B, escore 1,0 - 1,5 e probabilidade de vivo em 60 dias igual a 57,8%