VALE
Teleconferência e webcast
Resultados do 3º trimestre de 2015
22 de outubro de 2015 – Imprensa 14h30 (horário do Rio de Janeiro)
Operadora: Boa tarde, senhoras e senhores, sejam bem vindos à teleconferência da Vale,
exclusivas aos profissionais da imprensa, onde serão discutidos os resultados do terceiro
trimestre de 2015. No momento, todos os participantes estão conectados apenas como
ouvintes, mais tarde será aberta a sessão de perguntas e respostas, quando então serão
dadas as instruções para aqueles que quiserem fazer perguntas. Caso seja necessário a
ajuda de um operador durante a teleconferência, basta teclar asterisco zero (*0), cabe
lembrar que essa teleconferência está sendo gravada e traduzida simultaneamente para o
idioma inglês, a gravação estará disponível no website da companhia, no endereço:
vale.com/saladeimprensa.
Conosco, hoje, estão:

Sr. Murilo Ferreira – Diretor Presidente;

Sr. Luciano Siani Pires – Diretor Executivo de Finanças e Relações com
Investidores;

Sr. Peter Poppinga – Diretor Executivo de Ferrosos;

Sr. Galib Chaim – Diretor Executivo de Projetos de Capital;

Sr. Roger Downey - Diretor Executivo de Fertilizantes e Carvão; e

Sra. Vânia Somavilla – Diretora Executiva de Recursos Humanos, Saúde,
Segurança, Sustentabilidade e Energia.
Agora, gostaria de passar a palavra ao Sr. Murilo Ferreira. Por favor, pode prosseguir Sr.
Murilo.
Murilo Ferreira: Boa tarde a todos. Como a imprensa já noticiou online, nós tivemos
oportunidade de apresentar os nossos resultados referentes ao terceiro trimestre deste
ano. Foi um grande movimento a mais na redução de custos. Também uma redução
expressiva da dívida liquida da empresa, e continuamos naquele processo bem focado na
disciplina de alocação de capital, trabalhando com muita austeridade para que a empresa
possa trazer uma boa rentabilidade para seus acionistas, mesmo em períodos de ciclo não
tão exuberantes, especialmente na indústria e na siderurgia. Mas eu acredito que vocês
querem ir direto para as perguntas, então vamos nesta linha. Por favor, Mônica.
Operadora: Com licença, iniciaremos agora a sessão de perguntas e respostas exclusiva
para profissionais da imprensa. Para fazer uma pergunta, por favor, digite asterisco 1 (*1).
Para retirar sua pergunta da lista, digite asterisco 2 (*2). As perguntas serão limitadas em
duas por vez. Nossa primeira pergunta vem do Sr. Francisco Góes, Valor Econômico.
Francisco Góes: Boa tarde Murilo, boa tarde a todos. Bom, eu gostaria de fazer duas
perguntas e começar voltando a um ponto que foi mencionado na conferência com os
analistas. Os senhores destacaram a redução de custos que a Vale vem obtendo trimestre
após trimestre. Então, o que eu gostaria de entender melhor, e isso foi mencionado com os
analistas, é até que ponto os ganhos obtidos com o corte de custos reduzem a
necessidade de venda de ativos, ou seja, a venda de mais ativos ainda é essencial para a
Vale fechar o seu fluxo de caixa em 2015 e 2016? Essa é a primeira pergunta. E a outra é,
pela projeção feita pelo Peter, que o custo caixa do minério pode chegar a US$ 10 com o
S11D e otimizações no Sistema Sul. Esse custo tem caído de forma contínua, já foi de
US$ 22 por tonelada no terceiro tri do ano passado, caiu abaixo de US$ 16 no segundo tri
deste ano e chegou agora a US$ 12,70. A pergunta é, podemos dizer que US$ 10 está
chegando ao piso em termos de custos?
Murilo Ferreira: Bem Francisco, obrigado pela sua pergunta. Realmente eu acho que em
termos de redução de custos, nós podemos dividir em três pontos mais relevantes. Os
custos têm se reduzido evidentemente pela variação cambial porque a aceleração da
desvalorização cambial do Brasil... Nós nos beneficiamos também pelos volumes, que têm
sido crescentes. Mas eu queria destacar muito o aspecto relacionado à eficiência da
empresa. O montante é bastante expressivo: aumento de produtividade e eficiências que a
empresa tem obtido. Com relação à política de desinvestimentos, nós temos
desinvestimentos que consideramos no bojo da estrutura e da estratégia da empresa, do
nosso planejamento estratégico. Por exemplo, o caso da MRN é um caso típico. Nós não
estamos mais na cadeia do alumínio, não estamos mais no negócio bauxita, então é
natural que a gente faça uma alienação desse ativo, e por sinal está em curso uma
transação com a Norsk Hydro, conforme foi anunciado. Temos também caso de carga
geral que pode ser objeto de desinvestimento. Então, o programa de desinvestimento
desde o início teve muito a ver com a estratégia da empresa e ele teve uma grande
aderência às necessidades de caixa durante especialmente a implantação do S11D, dos
projetos Itabiritos e do término do projeto de Moçambique. Portanto, nós temos ainda
algumas operações a fazer, que elas não estão relacionadas a financiamento de caixa e
sim ao foco que nós queremos ter na empresa. Eu pediria ao Peter Poppinga para
responder a questão seguinte relacionada ao atingimento do nível de US$ 10, conforme já
foi mencionado na conversa com os investidores, já ocorreu para o Carajás e para as
operações Sudeste. Ainda falta o Sistema Sul. Peter.
Peter Poppinga: Obrigado, Francisco. Então, como você já pegou nos outros calls, esses
US$ 10 são uma estimativa a câmbio de R$ 3,50. Naturalmente se o câmbio andar, nós
estamos falando de custos mais baixos. Isso se baseia no simples fato de que hoje nós já
estamos com um nível de US$ 10 no Norte atual, sem o S11, e no Sistema Sudeste que
liga ao Porto de Tubarão. Esse é um cálculo muito conservador e não considera, por
exemplo, ganhos de produtividade que nós vamos ter, ainda para a frente. E também, por
exemplo, substituição de caminhões por correias. O nível de automação atual é um, nós
vamos aumentar esse nível no futuro significativamente. Tudo isso não está embutido. Por
isso que eu digo que US$ 10 é um número bastante conservador. Com a entrada do S11 e
algumas otimizações no Sistema Sul e ao câmbio de R$ 3,50.
Murilo Ferreira: Obrigado.
Operadora: Próxima pergunta, Mariana Durão, Agência Estado.
Mariana Durão: Oi, boa tarde a todos. Eu queria continuar um pouco na linha do que o
Francisco perguntou. Queria primeiro confirmar, com essas operações que foram fechadas
neste trimestre, quanto a Vale já levantou em desinvestimentos nesse ano. E a outra coisa
é o seguinte: tinha uma perspectiva de uma liberação de recursos importantes com a
conclusão do project finance de Moçambique. Eu queria entender se sem isso – e
completando mais taxativamente a pergunta do Francisco – a Vale consegue finalizar os
projetos dela, concluir o S11D sem esses recursos. E também do ponto de vista de
dividendos. Como é que fica a questão do pagamento de dividendos para 2016 sem isso?
Murilo Ferreira: Mariana, conforme nós fazemos habitualmente, será dado alguma notícia
a respeito de dividendos só no curso do ano 2016. Nós não vamos antecipar nenhum
posicionamento a esse respeito. Até por que o orçamento ainda nem foi apresentado ao
nosso Conselho de Administração e, portanto, nós não temos nenhuma sinalização final
em relação à uma série de itens que acompanham o orçamento. Antes de passar para
Luciano e Roger, o que eu queria dizer é que a transação que nós fizemos em
Moçambique foi uma transação que realmente vai nos ajudar muito em financiamento de
fluxos de caixa, mas ela faz parte de uma visão estratégica nossa de longo prazo. Por
exemplo, todo o sistema de logística em Moçambique que estava nas mãos da Vale, hoje
nós repartimos a parte privada com os japoneses. Eles fazem parte desse novo escopo.
Nós não tínhamos razão para manter um percentual tão elevado dentro do sistema
logístico. Embora, repito, tivesse um objetivo estratégico, ele acaba nos auxiliando no fluxo
de caixa, isso é inegável. Pediria ao Luciano para dar umas pinceladas sobre o assunto de
desinvestimentos em termos de montante.
Luciano Siani: Mariana, nós já levantamos perto de US$ 3 bilhões, até hoje, no ano. Eu
queria chamar a atenção para o seguinte: nós reduzimos a dívida líquida neste trimestre
em US$ 2,3 bilhões. Significa que se, eventualmente, me faltarem US$ 2,3 bilhões no ano
que vem, eu posso simplesmente aumentar a dívida até o patamar que ela estava há três
meses atrás. Ou seja, a conclusão do S11D, ela é inevitável, e se ele vai ser concluído
com um balanço saudável, eu posso dizer que sim, porque nós já abrimos espaço no
nosso balanço mediante redução de dívida para, eventualmente, se houver um colapso no
preço, que isso aconteça de forma saudável. Mas nós não estamos, portanto, como foi dito
no call, sob pressão para executar nenhuma transação que não crie valor para a
companhia unicamente do ponto de vista de financiamento do S11D. Nós temos hoje a
flexibilidade de fazer só aquilo que nos interessa.
Murilo Ferreira: Obrigado.
Operadora: Próxima pergunta, Juan Spinetto, Bloomberg.
Juan Spinetto: Olá, boa tarde. Minhas duas perguntas. A primeira é: eu queria saber um
pouquinho, se possível, uma análise mais de longo prazo sobre como os senhores
analisam a situação do mercado de commodities nesse momento, se está com contração
inesperada até alguns anos atrás da demanda do aço na China, se coincidem com as
análises de alguns experts falando que uma revirada do mercado pode demorar cinco a
dez anos. E a segunda pergunta é: eu queria entender um pouquinho melhor a parte dos
derivativos do bunker oil. Isso foi por conta de que o hedge protegia a Vale de um possível
incremento nos preços no bunker oil e terminou acontecendo ao contrário? É isso? Foi o
que aconteceu ali? Obrigado.
Murilo Ferreira: Bem, com relação à economia mundial, eu vejo uma grande preocupação
sobre o que está acontecendo na China e realmente a China está fazendo reformas
importantes. Eu acho que ela está fazendo as reformas na direção correta. O volume de
crédito, vocês sabem que 20% há pouco tempo atrás, há um ano e meio atrás, estava com
20% no chamando shadow bank. O governo chinês trouxe à luz todos esses empréstimos
feitos por empresas estatais e por províncias, municípios, e hoje esse volume de crédito no
sistema paralelo, que é o shadow banking, corresponde a apenas 4%. O que o governo
chinês está fazendo é corrigindo muitas distorções da economia, e uma coisa que eu acho
importante salientar também é o crescimento dos serviços na China como parte importante
do PIB. Digamos, em 2012 correspondia a 44%. Hoje já está perto de 49%. Então está
havendo uma mudança estrutural em direção aos serviços, o que é natural por que é uma
área que emprega muitas pessoas. A China tinha um propósito esse ano de oferecer 10
milhões de novos empregos. Só no primeiro semestre ofereceu 7,2 milhões, mostrando
que, ao contrário do que muita gente pensa no Ocidente, você não vê reflexos de um
crescimento tão exuberante como era no passado sobre o nível de emprego e nem de
renda, por que a renda per capita continua aumentando sistematicamente. Mas é evidente
que o setor industrial está mais fraco do que estava. Diversas economias importantes,
inclusive no Sudeste da Ásia, enfraqueceram, comprando menos da China, e a China
sente isso, assim como as medidas internas que foram tomadas. Mas nós continuamos
com uma visão positiva no que se refere ao mercado de aço. Continuamos achando que o
nível que a China vai atingir é 930, 950 milhões de toneladas. Ela no ano passado produziu
823 milhões de toneladas. Este ano eu acredito que vai ficar entre 815, 825, 828 milhões
de toneladas. Não vejo um sinal de alerta tão ligado como um grupo de analistas
ocidentais costuma fazer. O que está sendo feito é o que tem que ser feito: fazer as
correções no tempo certo. Houve, com isso, uma mudança muito grande da demanda de
alguns
produtos,
de
algumas
matérias-primas, mas
não
exclusivamente
pelo
enfraquecimento da economia chinesa. Você, de modo geral, quando chega à conclusão
que a economia mundial, segundo me parece o último número do FMI, vai crescer esse
ano 3,1%, não é a China o problema. Existem muitos países que estão crescendo abaixo
do seu potencial levando ao enfraquecimento generalizado. Temos situações políticas
delicadas, como a situação do Oriente Médio, como a situação da imigração na Europa.
São todos perturbadores de um ambiente de crescimento e que pode gerar uma demanda
mais forte pelas matérias-primas. Não temos uma visão pessimista conforme muitos dos
players estão projetando para os próximos anos. É de um crescimento mais moderado,
muito mais baseado em serviços no caso da China, mas ainda um crescimento bastante
saudável.
Luciano Siani: Com relação ao hedge, você está correto. Essas decisões foram tomadas
no início de 2014 quando o cenário era completamente diferente e a Vale decidiu proteger
o seu hedge a preços que na ocasião pareciam favoráveis. Ainda assim, o nosso custo de
frete se reduziu de uma forma importante. Ele veio de US$ 22 há um ano atrás para US$
18,80 hoje com o hedge. Agora ele poderia ser US$ 16,40 se você retira o efeito do hedge.
E nós vamos sim auferir todo o benefício da queda do bunker oil no futuro, porque esses
contratos feitos lá atrás estão expirando. À medida que eles expiram, eles deixam de
impactar o resultado da empresa.
Murilo Ferreira: Obrigado.
Operadora: Próxima pergunta, Fernanda Guimarães, Agência Estado.
Fernanda Guimarães: Boa tarde. Primeiro eu gostaria de saber se já tem uma expectativa
sobre o fechamento da operação envolvendo a MRN. E, minha segunda pergunt a é se a
Vale tem uma estimativa de quanto a porcentagem da oferta mundial de minério de ferro
que está hoje com um custo sem apresentar mais rentabilidade.
Murilo Ferreira: O nosso plano original é fechar essa operação da MRN ainda no curso de
2015, mas essa operação ainda tem uma série de eventos precedentes que nós não
podemos confirmar. Mas existe uma grande possibilidade que ela se encerre, que seja
concluída, ainda no ano de 2015.
Peter Poppinga: Quanto a essa estimativa, não é fácil de fazer porque houve uma
deflação de custo importante no mundo, mas a gente estima hoje que aproximadamente
150 milhões de toneladas ou até um pouco mais do seaborn, daquele mercado
transoceânico, não estão debaixo da linha d’água, não estão fazendo o lucro, com 150
milhões de toneladas. Obrigado.
Operadora: Próxima pergunta, Paula Pereira, Agência CMA.
Paula Pereira: Boa tarde a todos. Eu vou insistir um pouquinho na questão de
desinvestimentos. O Luciano comentou que já foram desinvestidos cerca de US$ 3 bilhões
esse ano, eu lembro mais ou menos de estimativa de US$ 6 bilhões para esse ano. A
gente acabou de falar aqui da MRN, mais cedo você falou também de mais vendas de
navios. Eu queria saber quanto que vocês estão projetando, se vai ter algum tipo de
revisão, e também aproveitando essa questão de não-pressão de caixa em relação aos
desinvestimentos nesse momento, eu queria saber se o corte nos dividendos teve alguma
influência também nesse alívio sobre a perspectiva de caixa. Obrigada.
Luciano Siani: Bem, a meta de US$ 6 bilhões a que você se referiu inclui o project
finance. Com o project finance atrasando para o início de 2016, obviamente ele não se
realiza em 2015. Nós não teremos os US$ 6 bilhões nesse aspecto. Mas como o
presidente Murilo comentou, existem outras transações no pipeline, que não vão
compensar integralmente esse montante, mas vão adicionar ao que já temos hoje. Com
relação aos dividendos, é evidente que nós temos US$ 500 milhões de compromisso a
menos com os cortes dos dividendos, é uma questão de matemática.
Murilo Ferreira: Obrigado.
Operadora: Próxima pergunta, Juliana Estigarribia, Jornal DCI.
Juliana Estigarribia: Boa tarde a todos. Falando um pouco sobre o minério de Carajás, eu
lembro que no último trimestre vocês comentaram que o prêmio que vocês estavam
conseguindo estava entre US$ 7 e US$ 9. Eu queria saber como está hoje, se vocês
conseguiram algum avanço, qual a estimativa de vocês aí para os próximos trimestres.
Obrigada.
Murilo Ferreira: Bem, essas coisas dependem do mercado, do comportamento das
necessidades de um minério de maior qualidade, e com isso o prêmio flutua de acordo
exatamente com aquilo que siderúrgicas precisam. Nós temos convencimento que se você
olhar em uma curva de longo prazo da necessidade de aumento de produtividade...
Especialmente na China existe um problema específico que é o problema da poluição
oriunda das empresas siderúrgicas, e o nosso minério, por ter muito menos contaminantes,
ele faz com que as siderúrgicas possam se ajustar melhor aos limites estabelecidos pelo
governo chinês. Mas isso vai de acordo com o mercado, de acordo com as necessidades
de cada época. Obrigado.
Operadora: Próxima pergunta, Paul Kiernan, Wall Street Journal.
Paul Kiernan: Boa tarde Murilo, boa tarde a todos. A primeira pergunta seria para o Peter,
se você poderia falar um pouco mais sobre essa questão de deflação de custos , que de
fato a gente está vendo vários produtores mantendo a produção de minério de ferro
alimentando essa sobreoferta de minério no mercado porque as moedas de vários países
caíram em relação ao dólar. E se você puder comentar um pouco mais sobre isso, se isso
é motivo de preocupação. E a segunda pergunta para o Murilo, se me permite, existia um
pouco de especulação pelo seu motivo de sair do Conselho da Petrobras, saiu uma
matéria na revista Veja dizendo sobre o desabafo de Murilo sobre a Petrobras de que os
funcionários são donos da empresa. Queria saber se isso reflete de forma correta a sua
visão sobre alguns dos problemas da Petrobras e também um ponto de vista ou um
comentário sobre qual é o maior desafio que a Petrobras tem para reduzir o seu nível d e
endividamento e começar a sair da crise em que está. Muito obrigado.
Murilo Ferreira: Bem, eu vou passar para o Peter. Em relação à produção e players sendo
mantidos eu fico assim um pouco assustado com essa assertiva porque em 2012 e 2013 a
China produzia 350 ou 360 milhões de toneladas. No ano passado ela já produziu 240
milhões. Na última call que nós fizemos, eu cheguei a falar que eu acreditava que ela
estava produzindo 200 milhões de toneladas. Pois bem, eu vou arriscar hoje, porque das
outras vezes eu estava certo, eu vou arriscar hoje que a China talvez esteja produzindo
entre 180 e 190 milhões de toneladas. Certamente esse volume tão expressivo saiu do
mercado porque não encontrou condições econômicas de continuar. O exemplo da China
como o maior consumidor, para mim, evidencia que a demanda e oferta estão
funcionando. Mas, se não for suficiente, você veja os números de produção no Canadá,
nível de produção no México, na Indonésia, em diversos países. E eu acredito que, por
exemplo, a China que recebia no auge do superciclo, em 2011, minério de ferro de 60
países, para ser preciso de 59, estaremos talvez no ano que vem com ela recebendo de 20
países no máximo. Eu acho que houve uma mudança sim, uma mudança importante.
Agora, o mercado tinha ficado muito pulverizado, essas coisas não são tão notícia porque
fecha-se desde 300 mil toneladas anuais até 5 milhões e até 10 milhões. Isso traz pouco
acompanhamento, mas nós, que temos que ter uma equipe dedicada, avaliando
minuciosamente o que acontece, nós temos essa informação. Peter, eu não sei se você
quer aditar mais.
Peter Poppinga: Vou só complementar, Murilo. Essa deflação de custos existe, é mundial,
a gente sabe disso, e o grande driver disso são dois: o câmbio, que vale para outros
países também, e o preço do petróleo. Mas a Vale está focada muito em otimizar nossa
própria cadeia de valor e temos muita coisa pela frente ainda no pipeline. Os números que
o Murilo deu da China são exatamente esses e isso é uma coisa interessante de falar. A
gente sempre acha que não sai mais ninguém, mas está saindo. Em 2014 a China
produzia 230 milhões de concentrado doméstico, em 2015 foram 190 milhões que a gente
está estimando, e em 2016,[ nós estamos estimando alguma coisa em torno de 170
milhões e no longo prazo 150 milhões, e até em algumas empresas estatais estão
reduzindo produção. Esse conceito também é um pouco relativo. Mas o que o pessoal, eu
volto a dizer, eu sou um pouco chato nisso, o pessoal anda subestimando a danada da
depletion, que é a progressão, a exaustão progressiva. E essa luta contra vai um
pouquinho amenizar essa deflação de custo, vai contra isso, e a Vale leva uma grande
vantagem por que nós acabamos de investir, temos os projetos entrando agora, e vamos
ficar por um bom tempo sem necessidade de investir. Então essa é a nossa grande
vantagem. Obrigado.
Murilo Ferreira: Com relação à Petrobras, eu estou numa call da Vale. Eu não pretendo
me manifestar sobre o assunto da Petrobras no dia de hoje. Obrigado.
Operadora: Próxima pergunta, Danielle Assalve, Metal Bulletin.
Danielle Assalve: Olá, boa tarde. Eu queria voltar naquela questão da venda de
participação da Vale na MRN. Eu queria saber com vocês se seria possível ter um a ideia
de quanto essa transação... os valores dessa transação, quanto vai estar envolvido. E
também o segundo ponto seria a respeito do cobre que nós vimos aí um impacto
significativo da diminuição do preço na curva futura e mais cedo vocês comentaram uma
expectativa de melhora para os próximos trimestres. Então eu queria ver também se vocês
poderiam detalhar um pouco mais a respeito dessa expectativa de melhora e talvez
também comentar a respeito de expectativas para o mercado. Obrigada.
Murilo Ferreira: Nós temos um acordo de confidencialidade assinado com a Norsk Hydro,
portanto nós não vamos dar informações adicionais. Quando houver algum novo
comunicado, nós o faremos. O cobre, Luciano.
Luciano Siani: Quando nós falamos de melhora, nós nos referíamos a dois pontos.
Primeiro, o aumento de produção, com os números que a Jennifer Maki deu. É possível
estimar um aumento na nossa produção de cobre entre 20% a 25% em relação a esse
trimestre para o trimestre que vem, e também o fim do efeito dos ajustes de preço, que deu
mais ou menos uns US$ 700 por tonelada. Foi um impacto muito forte. Nós estávamos
falando de fatores internos e não fazendo previsões sobre o preço de mercado de cobre.
Murilo Ferreira: Obrigado.
Operadora: Próxima pergunta, Mariana Durão, Agência Estado.
Mariana Durão: Oi, boa tarde. Eu queria saber um pouquinho se para o ano que vem,
além da conclusão do S11D e alguns outros investimentos que já estão no portfólio em
curso, se a gente pode esperar que a Vale inicie algum novo projeto apesar desse cenário.
Quer dizer, eu tenho acompanhado, a empresa tem dado andamento a alguns
licenciamentos, por exemplo, no caso de fertilizantes. Então, queria saber se dá para
esperar algum novo projeto. E eu queria ver se o Murilo Ferreira podia comentar um
pouquinho, falar um pouco do ambiente internacional. Queria saber se você podia falar um
pouco sobre como é que você está vendo o momento no Brasil – momento político e
econômico –, essas discussões em torno de um possível pedido de impedimento da
presidente Dilma.
Murilo Ferreira: Bem, a respeito de projetos, nós estamos vindo de uma carteira enorme
de grandes projetos. O projeto de Moçambique teve um investimento contado, inclusive, a
ferrovia que atravessa o Malauí. Nós tivemos um investimento de US$ 8,5 bilhões mais o
S11D que, segundo estimativas feitas, está em torno de US$ 16 bilhões, que está em
curso. Estamos terminando diversos projetos de Itabiritos e tudo mais. Nós precisamos
esperar consolidar estes projetos, ver o ramp-up deles e nós estamos no outro ciclo da
indústria. Nós não estamos mais naquele ciclo de grandes investimentos. O que nós
entendemos é que é necessário a seguir estar mais preocupado em desalavancar a
empresa e remunerar os acionistas que tem nos apoiado tanto nessa fase de construção e
implementação de projetos. A indústria não está requerendo, no nosso entendimento,
neste momento, com esse crescimento modesto da economia mundial, projetos robustos .
E mesmo que se fosse o caso, a Vale seguindo o que foi proposto pela Diretoria Executiva
e aprovado pelo Conselho, nós temos uma disciplina de capital muito forte e não vamos
partir para imprudência. Com relação ao Brasil, nós olhamos com preocupação a falta de
entendimento para a construção de uma agenda positiva no Congresso Nacional.
Acreditamos que uma série de medidas precisam ser tomadas. Nós sabemos, algumas
são óbvias porque são apresentadas diariamente na imprensa, como é o caso, por
exemplo, do ajuste fiscal, que precisa ter uma boa vontade de todos os lados para que
você chegue a um número razoável, mas não está limitado a isso. Nós temos uma série de
assuntos no setor elétrico, temos uma série de assuntos de concessões, o programa de
concessões que precisa avançar, ferrovias e tudo mais. E eu espero que a classe política
brasileira, independente dos seus posicionamentos, que são legítimos de parte a parte,
entenda que há uma expectativa por parte das pessoas em que o arranjo seja feito sob a
ótica política de tal forma a não paralisar a economia ou mesmo a reduzir o crescimento do
Brasil a taxas que não propiciarão a redução da desigualdade. O que nós queremos, o que
nós gostaríamos de ver, era um trabalho sob uma agenda mínima que permitisse uma
construção de uma sociedade melhor. Obrigado.
Operadora: Próxima pergunta, Nidaa Bakhsh, Lloyd’s List.
Nidaa Bakhsh: Boa tarde. Eu só estava me perguntando no que diz respeito aos
comentários sobre as possíveis vendas de mais navios Valemax. Eu gostaria de saber se
vocês podem falar sobre o que estão negociando, se os navios poderão ser vendidos na
China de novo e quantos navios vocês estão pensando? E, relacionado a isso, qual a
expectativa de vocês para construir mais navios no porto da China, ou se é melhor mudar
para portos na Coreia, porque os preços estão muito mais competitivos?
E minha segunda pergunta, com relação à China e os volumes que vão para a China,
havia uma estimativa anterior de vocês aumentarem a produção para 300 milhões de
toneladas em 2018. Eu queria chamar a atenção que muitas pessoas estão perguntando
sobre desaceleração, vocês esperam que esses volumes sejam obtidos? Obrigada.
Luciano Siani: Bom, nós também temos acordo de confidencialidade com os parceiros,
nos quais estamos fazendo discussões a respeito dos navios, então , não podemos
adiantar nem as quantidades e nem os tipos de navios. No que diz respeito à construção
de novos navios, estamos olhando todas as oportunidades disponíveis também em
conversas com todos os parceiros. Também não há nada definido além do que já foi
anunciado, a construção de navios em parceria com a Cosco e a China Merchants, objeto
de anúncios anteriores. Com relação aos volumes de produção, nós também vamos
apresentar esse guia, esse guidance no Vale Day em dezembro, e temos dito que vamos
ficar atentos – principalmente no caso do nosso principal produto, que é o minério de
Carajás – ao comportamento do prêmio, para definir a evolução desses volumes.
Murilo Ferreira: Obrigado.
Operadora: Próxima pergunta, Danielle Nogueira, O Globo.
Danielle Nogueira: Oi, boa tarde a todos. É o seguinte: como foram feitas muitas
perguntas eu fiquei com uma dúvida com relação à questão do lucro líquido. Tem uma nota
aqui falando do IR diferido e relacionando isso às subsidiárias no exterior. Eu queria saber
se alguém consegue me explicar um pouco melhor isso porque se não fosse isso o
prejuízo teria sido bem maior, embora não afete o caixa da companhia. E a outra pergunta
é que, apesar de uma menor pressão no caixa com essa queda de custos e o sucesso de
algumas vendas de ativos e tal, existe alguma apreensão por parte de alguns funcionários
e sindicatos com a possibilidade da Vale não distribuir a participação de lucros referente a
2015, se não chegaria a uma meta x ou y de geração de caixa. Eu queria saber a posição
da empresa sobre isso.
Murilo Ferreira: Sobre a primeira pergunta, infelizmente eu não estou aqui com o nosso
pessoal da contabilidade para fazer um detalhamento dessas informações, mas
posteriormente a Mônica vai conversar com o pessoal da contabilidade e te passa a
informação que você precisa. Com relação aos assuntos de PR, nós temos um acordo
firmado com sindicatos que estabelecem as regras, e depois ao final do mês de janeiro,
você simplesmente computa aqueles resultados que foram obtidos durante todo o ano. Eu
vi uma precipitação em jornal a esse respeito, já como se o ano estivesse encerrado. O
que acontece é que nós temos que esperar o ano encerrar. Não é a primeira nem a última
vez que eu vou ver um ano começando mal e terminando bem, e outro começando bem e
terminando mal, e que nós precisamos avaliar porque não é um item só. Nós temos
diversos itens que compõem, inclusive com assuntos de segurança, que são
importantíssimos para nós, como um dos valores mais importantes da Vale. Então ao final
desse período você vai fazer as verificações e eu torço para que seja como aconteceram
muitas vezes e que os nossos empregados conseguiram receber um valor bastante
significativo para cada um deles, mas evidentemente isso depende do atingimento das
metas. Isto, para mim, é exatamente o objetivo desse processo. Quando as coisas estão
bem, todos estão no mesmo barco e usufruem daquele vento, daquela bonança toda.
Quando as coisas não estão indo tão bem, o mercado por qualquer razão ou a empresa
em particular tem alguma dificuldade, o sistema de premiação é reduzido. É exatamente
dentro daquilo que a gente acredita que é o mais justo, ou seja, os acionistas e aquelas
pessoas que trabalham na empresa, olhando todos na mesma direção. Evidentemente a
direção é a da prosperidade, a do crescimento, da rentabilidade, e que em alguns
momentos isso se torna mais desafiador e em outros momentos nós conseguimos atingir
os nossos objetivos. O importante é que nós todos estamos na mesma página, tentando
trazer aquilo ao meu discurso desde 2011, disciplina na alocação de capital para trazer o
melhor retorno para os acionistas e para a sociedade. Obrigado.
Operadora: Próxima pergunta, Marta Vieira, Jornal Estado de Minas.
Marta Vieira: Boa tarde a todos. Senhor Murilo, eu gostaria de saber se a empresa tem
intenção ou já está seguindo com investimentos como o que foi feito na mina de Brucutu.
Foi anunciado no início da operação em plena carga da 5ª Linha, justamente, pelo que eu
entendi, para aumentar a produção de minério de qualidade a baixo custo. Eu queria saber
se existem então outras iniciativas em outras áreas do Estado, e junto disso aquele corte
de produção que foi anunciado para Minas Gerais foi efetivado, ainda será feito, em que
situação ele está? O senhor poderia só para complementar falar um pouquinho de
exportação? Esse ano qual é a perspectiva da empresa para fechar o ano em termos de
aumento de exportações?
Murilo Ferreira: Bem, nós não damos guidance de exportação, não damos guidance de
vendas, nem de resultado. Nós não trabalhamos nesse sentido. Realmente nós fizemos
durante anos, esses últimos anos, investimentos importantes. A Mônica, depois pode
confirmar, mas me parecem US$ 423 milhões, que foram investidos para que a gente
evitasse isso que o Peter às vezes até repete, dizendo que está insistindo muito, que é o
depletion, que é a perda de qualidade. Na realidade, nós corríamos o risco não só de
perda de qualidade, aliás, o que já vinha acontecendo, como perda de volume, e nós
poderemos atingir até mais do que a capacidade anteriormente. Poderemos chegar a 32,
33 milhões de toneladas com o investimento em Brucutu. Peter, por favor.
Peter Poppinga: Sim, Marta. No geral ainda tem um projeto que você sabe que está
chegando e ainda não está produzindo, que é a planta do Cauê, que vai entrar em fase de
ramp-up e que é justamente na região de Itabira, onde você está prolongando a vida de
Itabira por muitos e muitos anos, onde nós vamos então moer e flotar os Itabiritos mais
duros, mais pobres. Agora, quando você fala em Minas Gerais, se nós estamos cortando
ou não, em termos de Estado nós estamos neutros porque, sim, nós fizemos alguma
racionalização naquela região ali da Serra da Moeda, mas na região de Itabira, em
compensação, nós estamos aumentando a produção. Em termos de Estado de Minas
Gerais estamos neutros, na verdade.
Murilo Ferreira: Obrigado, Marta.
Operadora: Próxima pergunta, Juan Spinetto, Bloomberg.
Juan Spinetto: Só um esclarecimento a respeito de um comentário de Poppinga, na call
anterior, sobre a possível redução de pelotas no quarto trimestre. E eu queria saber mais
ou menos quanto é essa redução, se isso vai significar não atingir o target. Obrigado.
Peter Poppinga: Na verdade, eu não sei se eu entendi bem, mas o target não muda por
que se você não produz pelota ou um pouco menos de pelota por causa de mercado, que
é uma coisa muito normal, que aconteceu muito no mercado, você continua vendendo o
pellet feed e tem um mercado muito bom. A Vale não tem tido problema em colocar os
seus produtos. O mercado de finos é muito elástico, já o mercado de pelotas é menos
elástico. Eu estou confirmando aqui que nós estamos reduzindo a produção no quarto
trimestre somente em 2 milhões de toneladas de pelota, representando de 10% a 15% da
nossa produção em 2015, no quarto trimestre somente, mas ainda vamos estar produzindo
mais pelotas do que produzimos em 2014.
Murilo Ferreira: Obrigado a todos a paciência, a atenção de vocês aos nossos assuntos e
dizer novamente que nós estamos bastante animados com o que o time da Vale tem feito
em termos de obtenção de resultados no ambiente mais desafiador da economia mundial,
mas trazendo o aumento de volume numa fase extremamente competitiva. Muito obrigado
a todos.
Operadora: A teleconferência de imprensa da Vale está encerrada, agradecemos a
participação de todos e tenham um boa tarde. Obrigada.
Download

Clique para fazer o do arquivo