Rio de Janeiro, ano XX, maio de 2015, nº 192 BOLETIM informativo NOTÍCIAS Reunião científica de junho ocorre no dia 1º A diretoria da SOBED-RJ convida seus associados para a reunião científica de junho da entidade a ser realizada no dia 1º, segunda-feira, a partir das 19h, no auditório da Casa de Saúde São José, no Humaitá. O evento contará com apresentação de caso clínico do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e terá como palestra principal Enteroscopia e Cápsula Endoscópica no sangramento de origem obscura, com o Dr. Afonso Celso da Silva Paredes, médico assistente do serviço de Gastroenterologia do Hospital Naval Marcílio Dias e membro titular da SOBED-RJ, e o Dr. César Augusto da Fonseca Lima Amorim, Mestre em Gastroenterologia pela UFRJ, médico do serviço de Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva do HUCFF/UFRJ e médico do serviço de Endoscopia Digestiva dos hospitais Copa D´Or e Quinta D´Or. A moderação ficará a cargo do Dr. Luiz Leite Luna, sócio fundador da SOBED-RJ. A Casa de Saúde São José fica na Rua Macedo Sobrinho, 21. Área restrita do site para associados: saiba como acessar O site da SOBED-RJ conta com uma área exclusiva para os associados, com mais informações, notícias e conteúdo exclusivo. Para acessá-la é necessário que o associado faça seu recadastramento junto à SOBED-RJ. Após o envio dos dados e a confirmação dos mesmos por parte da Secretaria da entidade, serão criados nome de usuário e senha, que serão enviados para o email do associado. FAÇA SEU RECADASTRAMENTO: http://sobedrj.com.br/novo/sobed-rj/recadastramento/ Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – Estadual Rio de Janeiro (SOBED-RJ) Rua da Lapa, n° 120, salas 309 a 311, Lapa, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 20021-180 Telefones: (21) 2507-1243 | Fax: (21) 3852-7711 | www.sobedrj.com.br | [email protected] ÓRGÃO INFORMATIVO SOBED-RJ Edição mensal BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, maio de 2015, nº 192 www.sobedrj.com.br ÍNDICE página 1 NOTÍCIAS | REUNIÃO CIENTÍFICA DE JUNHO página 2 PALAVRAS DA PRESIDÊNCIA página 3 MITOS E FALÁCIAS NA ENDOSCOPIA DIGESTIVA página 7 CASO CLÍNICO DO MÊS página 8 PRÓXIMOS EVENTOS página 9 RESIDÊNCIA MÉDICA EM ENDOSCOPIA PALAVRAS DA PRESIDÊNCIA Dr. Ronaldo Taam O IX Simpósio Internacional de Endoscopia Digestiva ocorreu em abril, na cidade de Maceió, com uma programação de alto nível, prática e objetiva. O Dr.Ramiro Mascarenhas, presidente da Sobed nacional, e sua diretoria se reuniram com os representantes das estaduais para avaliação da situação e dos problemas de cada uma delas, com o objetivo de formulação de propostas para fortalecimento da sociedade. Torna-se essencial a conscientização dos endoscopistas sobre a importância de associação a Sobed para que a realização de atividades científicas e a luta por melhores condições de trabalho e remuneração permitam uma atividade de qualidade e digna. Um programa de anistia para resgatar os associados em débito e benefícios para atrair novos associados, como o acesso ao sistema RIMA e participação nos cursos da SBAD, são iniciativas que visam a oferecer vantagens para os sócios. Um dos pontos altos, ainda em relação ao simpósio, foi a realização de um mutirão de colonoscopia, atividade esta que, além do seu cunho social no atendimento a uma população da rede pública, tem o objetivo de divulgar para a população e sensibilizar as autoridades de saúde a importância da implantação de um programa para prevenção do câncer de cólon e reto. Um mutirão já fora realizado em Campinas com sucesso e pretendemos realizar este tipo de evento no Rio de Janeiro, por ocasião do nosso congresso estadual em setembro em conjunto com o Congresso Brasileiro da Sociedade de ColoProctologia. Temos o apoio do presidente do Congresso de ColoProctologia, Dr.Ronaldo Coelho Salles, e do Dr. Lix de Oliveira, presidente da comissão de prevenção de câncer de cólon e reto da Sobed. Vamos participar desta campanha. GESTÃO 2014 - 2016 presidente RONALDO TAAM vice-presidente LUIZ ARMANDO RODRIGUES VELLOSO 2 1ª secretária LILIAN MACHADO SILVA 1º tesoureiro FLAVIO ABBY 2ª secretária PAULA PERUZZI ELIA 2º tesoureiro JOÃO CARLOS DE ALMEIDA SOARES www.sobedrj.com.br BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, maio de 2015, nº 192 MITOS E FALÁCIAS NA ENDOSCOPIA DIGESTIVA World Journal of Gastrointestinal Endoscopy 2014 December 16; 6(12). Pradeep Kumar RESUMO Muitas práticas e guidelines relacionados à Endoscopia Digestiva e aos procedimentos de sedação estão em conflito com a prática clínica. Em muitas instituições, o jejum prolongado antes do procedimento é muito rigoroso, ainda que não exista nenhuma evidência de aspiração em caso de ingestão de líquidos antes do procedimento. O uso do oxigênio (O2) suplementar em procedimentos endoscópicos vem aumentando apesar das evidências mostrarem que o uso de O2 suplementar pode mascarar os sinais de h i p o v e n t i l a ç ã o i n d u z i d o s p e l a s e d a ç ã o, q u e apareceriam na oximetria de pulso. O uso do Propofol por equipe de enfermagem é considerada uma prática perigosa e proibida em várias instituições. Cápsula endoscópica e uso de eletrocautério não interferem com o funcionamento adequado de marcapassos e desfibriladores implantados. Os ortopedistas continuam recomendando antibiótico profilático para pacientes com próteses articulares antes de procedimentos endoscópicos gastrointestinais mesmo sem nenhuma evidência. Estes mitos serão explorados nesta revisão e poderão trazer mudanças na prática clínica. “O grande inimigo da verdade freqüentemente não é a mentira deliberada e desonesta mas sim o mito persistente , persuasivo e irreal” John Kennedy. Uma falácia é uma crença em um erro baseado em falhas, falta de dados ou argumentos equivocados. Uma falácia que perdeu seu poder de persuasão foi a teoria de que o planeta terra era plano. Uma busca por evidências demonstraram que era uma afirmação errônea. O m i t o , p o r o u t r o l a d o , é c o m p l e xo e tendencioso. Apesar de dados refutantes e da razão, mitos podem persistir por longos períodos. Nas salas de endoscopia, existem vários mitos e falácias e alguns deles iremos abordar nesta revisão. Mito: O jejum prolongado durante a noite é essencial para evitar aspiração antes de procedimento com sedação moderada. O jejum prolongado antes de um procedimento com sedação é uma regra rígida em m u i ta s i n st i t u i çõ e s . U m a rev i s ã o ex te n s a d a literatura não mostrou nenhum estudo que aumente o risco de aspiração em pacientes com história de i n g e s tã o re c e n t e e q u e fo ra m s u b m e t i d o s à endoscopia digestiva com sedação. O mito “nada oral após meia noite” persiste em muitas instituições. Alguns adotaram arbitrariamente 4 horas de jejum. Estudos não mostram aumento do risco de aspiração com até 2 horas de jejum. É racional pensar que: (1) dieta oral aumenta o conteúdo gástrico; (2) conteúdo gástrico é vomitado durante a sedação e (3) vômito é aspirado para o trato respiratório podendo causar complicações. Porém, os fatos clínicos observados são: o conteúdo gástrico não tem relação com a ingestão recente de alimentos e pode ser pequeno apesar de uma dieta recente e pode ser alto apesar do jejum prolongado. No contexto de um sangramento gástrico, o estômago geralmente está repleto de sangue e coágulos. Pacientes com impactação alimentar e consideráveis quantidades de comida no estômago são submetidos a endoscopia de emergência sem altas taxas de aspiração. Vômito e regurgitação são extremamente raros durante a endoscopia sob sedação, mesmo na presença de conteúdo gástrico significativo. Em raros casos de vômitos, a aspiração é incomum e em parte se deve ao fato dos procedimentos endoscópicos serem realizados em decúbito lateral esquerdo. Medidas como liberar a ingestão de líquidos claros até 2 horas antes do procedimento têm melhorado o bem estar e a hidratação do paciente e tornado o acesso venoso mais fácil. Em 2005, a Sociedade Americana dos Médicos de Emergência retirou a recomendação de jejum prolongado para procedimentos endoscópicos sob s e d a ç ã o, d e i xa n d o a d e c i s ã o p a ra o m é d i c o assistente do paciente. Desde então não houve aumento na incidência de aspiração relacionada aos 3 www.sobedrj.com.br procedimentos. IMPORTANTE Para procedimentos endoscópicos diagnósticos, é de bom senso recomendar aos pacientes não ingerir sólidos antes do exame para não atrapalhar a visualização da mucosa. A dieta deve ser discutida com o paciente avaliando o risco de aspiração ainda que o paciente faça o jejum prolongado. A conduta deve ser individualizada. Mito: O uso de oxigênio suplementar deve ser uma rotina em procedimentos endoscópicos com sedação. O u s o d e ox i gê n i o ( O 2 ) s u p l e m e nta r é frequentemente utilizado nos procedimentos endoscópicos sob sedação, porém esta prática não leva em conta os seguintes pontos: (1) quando a saturação de oxigênio é próxima de 100%, oxigênio adicional não consegue aumentar o conteúdo de O2 no sangue; (2) a oximetria de pulso não mede a ve nt i l a çã o, e l a e st i m a a s at u ra çã o d e O 2 d a hemoglobina. A ventilação alveolar seria o melhor parâmetro para avaliar o CO2 expirado dos pulmões; (3) existe um hiato entre o início da hipoventilação e o desenvolvimento de hipoxemia refletida pela queda da saturação de O2 e (4) a causa da queda da saturação de O2 neste contexto não se deve a uma redução de O2 no ambiente e sim devido a uma hipoventilação induzida pelos agentes sedativos. O fornecimento de O2 suplementar seria apropriado em casos de: (1) ambientes com baixas taxas de O2 e (2) saturação baixa de O2 prévia. O mito de fornecer O2 suplementar para tratar hipoventilação relacionada a queda da saturação de O2 é uma falácia pois não leva em consideração a causa da hipoventilação. A oximetria de pulso é um indicador indireto da ventilação alveolar. Se o O2 suplementar é o fe r t a d o e m c a s o d e h i p o v e n t i l a ç ã o, v á r i o s parâmetros ventilatórios podem piorar ainda que a oximetria de pulso mostre uma leitura normal. A observação clínica do pacientes e seus sinais vitais também não geram dados suficientes para detectar o início e a extensão da hipoventilação. Felizmente, a oximetria de pulso em ambiente tem alguma sensibilidade para detectar a hpoventilação. Ë também um mito pensar que a capnografia ofereça vantagens sobre a oximetria em ar ambiente. 4 BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, maio de 2015, nº 192 O uso de O2 suplementar atrasa a queda da saturação de O2 e retarda a detecção da hipoventilação permitindo uma hipercarbia mais acentuada. Ou seja, o uso de O2 suplementar na rotina da endoscopia pode dar uma falsa sensação de segurança e atrasa a intervenção sobre a causa da hipoventilação. Nesta condição existe um aumento da pressão parcial de CO2 nos alvéolos e consequentemente fica mais difícil o oxigênio inspirado chegar aos alvéolos levando então a um ciclo vicioso. O aumento da pressão parcial de CO2 nos alvéolos pode causar narcose e o O2 inspirado pelo fornecimento de O2 suplementar pode reduzir o drive respiratório. A hipoxemia é uma consequência e não uma causa da hipoventilação. No caso de medicamentos como o midazolam e o fentanil, o paciente pode parecer acordado apesar de estar hipoventilando. Com o propofol, a detecção precoce da hipoventilação é crucial para se manter dentro da janela terapêutica. Um estudo americano que avaliou a incidência de eventos cardiopulmonares após endoscopia digestiva, demonstrou aumento do número de complicações cardiopulmonares com o uso de O2 suplementar. Mesmo assim algumas instituições defendem o uso de O2 suplementar na rotina dos exames endoscópicos com sedação. IMPORTANTE Baseado nestes princípios, a sedação deve começar com o paciente em ar ambiente e durante o procedimento deve ser encorajado a respirar fundo. O manejo das vias aéreas é uma medida que deve ser adotada tão logo a saturação de O2 caia 4 pontos, o que já demonstra hipoventilação. Se a queda da s a t u ra ç ã o d e O 2 a i n d a p i o ra r, a a s s i s t ê n c i a ventilatória e o O2suplementar devem ser implementados. Mito: Pacientes com apneia do sono tem alto risco de hipoventilação. Sabendo que pacientes com apneia do sono tem riscos adicionais, o manejo destes deve ser mais cuidadoso assim como sua monitorização. IMPORTANTE Pacientes com apneia do sono podem receber sedação venosa de forma segura, mas devem ser cuidadosamente avaliados pois tem maior risco de www.sobedrj.com.br hipoventilar pela sedação e frequentemente a principal causa é obstrução de vias aéreas. Uso da oximetria de pulso em ar ambiente, doses baixas de sedativos, manejo meticuloso das vias aéreas e agentes reversores devem fazer parte do planejamento. Mito: Uso de agentes reversores antes ou após a endoscopia pode levar a complicações e por isso paciente deve ficar em observação por período prolongado. Muitas instituições consideram o uso de agentes reversores como a naloxona e o flumazenil como uma complicação. O uso de agentes reversores indica nada mais, que uma sedação acima do necessário ocorreu. Existe uma grande variação quanto a sensibilidade a um agente sedativo. Uma dose relativamente pequena pode causar uma depressão respiratória inesperada. Neste contexto, o uso de agentes reversores é uma medida de segurança e não uma complicação. Algumas vezes, em alguns procedimentos como nas colonoscopias, uso de doses crescentes de fe n t a n i l o u m i d a zo l a m s ã o n e c e s s á r i o s p a ra controlar o desconforto relacionado à pressão do endoscópio em um segmento tortuoso do cólon, porém, com a retificação do aparelho, o efeito residual do sedativo continua devido ao tempo de ação da droga. O uso de uma agente reversor pode ajudar. Também é um mito que os pacientes que necessitaram usar uma droga antagonista devem ficar em observação por período prolongado. O mito da “sedação de rebote” após utilização destas drogas é extremamente rara. Estudos que avaliaram o uso de drogas antagonistas não mostraram um número significativo de casos de “sedação de rebote “. IMPORTANTE O uso de drogas reversoras é uma conduta segura. Ainda que estas drogas tenham uma meia vida curta, a sedação de rebote é muito rara já que ocorre também neste período a metabolização e o clearence do agente sedativo. Mito: qual a monitorização necessária para realizar um procedimento endoscópico sob sedação com segurança? A monitorização pode incluir: a oximetria de BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, maio de 2015, nº 192 pulso, medida intermitente da pressão arterial, monitorização cardíaca contínua, e em algumas situações capinografia e Indíce Biespectral. Nos Estados Unidos, a monitorização cardíaca contínua é universal. Em outras partes do mundo não é comum. Esta discrepância não está associada a resultados piores na ausência de monitor cardíaco. É recomendado que uma pessoa da equipe de enfermagem se dedique exclusivamente a monitorização. Qual o tipo de monitorização seria suficiente para evitar complicações relacionadas a sedação? Alguns autores mostraram não houve complicações significativas com o uso de Propofol na sala de endoscopia sem a presença do anestesista, com uso apenas da oximetria de pulso e uma pessoa da equipe de enfermagem dedicada a cuidar da monitorização e assistindo ao endoscopista. A oximetria de pulso em ar ambiente tem se demonstrado tão efetiva quanto a capnografia em monitorar a hipoventialção nestes pacientes. IMPORTANTE Para a maioria dos pacientes a oximetria de pulso em ar ambiente e o manejo adequado das vias aéreas é o suficiente. Mito: Desfibriladores implantados e marcapassos necessitam de ajustes antes de um procedimento endoscópico que use o eletrocautério. Desfibriladores implantados são comumente desligados devido ao risco de ativação acidental pelo eletrocautério, porém os aparelhos recentes são blindados e não são sensíveis ao eletrocautério. IMPORTANTE Os novos desfibriladores implantados e marcapassos não necessitam de ajustes antes do procedimento endoscópico com eletrocautério, mas ainda é uma boa prática não colocar a placa do eletrocautério próxima ao desfibrilador. A cápsula endoscópica também não interfere nestes acessórios e nem o marcapasso afeta as imagens da cápsula. Mito: O uso de propofol por gastroenterologistas não é seguro. Este mito é prevalente nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. Em países como a Suíça, o uso de propofol por gastroenterologistas vem crescendo. Um time de gastroenterologistas e 5 www.sobedrj.com.br enfermeiras vem usando propofol com segurança e o paciente descreve uma experiência boa e não há os custos adicionais do anestesista. Por outro lado, Gangi e cols. demonstraram que o uso do propofol pelos anestesistas estava associado a uma alto índice de complicações. Provavelmente isto se deve ao uso d e d o s e s m a i o re s d e p ro p o fo l p o r p a r te d o s anestesistas. No frasco do propofol vinha escrito: “uso restrito a anestesistas treinados”. Entretanto, a frase atualmente escrita pelo fabricante do DIPRIVAN® no frasco diz: “uso em anestesia geral ou anestesia monitorizada. Deve ser administrado somente por pessoas treinadas e que não estão envolvidas no procedimento diagnóstico/cirúrgico.” IMPORTANTE O propofol vem sendo utilizado por gastroenterologistas no mundo todo por mais de uma década com muita segurança e satisfação por parte dos pacientes. Deve ser utilizado por uma equipe treinada que saiba a farmacologia da droga e também saiba usar doses menores tituladas com oximetria de pulso em ar ambiente. Também devem estar prontos para detectar sinais de hipoventilação. Mito: o propofol causa sedação profunda enquanto narcóticos e benzodiazepínicos causam sedação moderada. Como demonstrou Patel e cols., a sedação profunda pode ser conseguida com narcóticos e benzodiazepínicos durante sedação administrada por gastroenterologistas. Na sala de endoscopia, por outro lado, Cohen e cols demonstraram que é possível uma sedação moderada com baixas doses de propofol. IMPORTANTE A profundidade da sedação é idade e dose dependente e apresenta uma grande variabilidade. O efeito terapêutico e os efeitos colaterais são potencializados quando mais de uma droga sedativa é utilizada. Não é o agente e sim como e para qual efeito ele é utilizado. M i to : Pa ra u s a r P ro p o fo l , é n e c e s s á r i o te r habilidade para intubação endotraqueal. É um mito já que o tempo de ação desta droga, é muito curto. Além do uso de doses tituladas no procedimento de endoscopia. Uma depressão respiratória transitória com o propofol terminaria 6 BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, maio de 2015, nº 192 antes que o material necessário para intubação orotraqueal seja acessado e usado. Se ocorre apneia, o uso da ventilação com ambú, é eficaz na assistência ventilatória por períodos curtos. IMPORTANTE O ambu e o oxigênio devem estar prontamente disponíveis e a equipe deve ser treinada para utilizá-lo. O reconhecimento rápido da hipoventilação e o manejo apropriado das vias aéreas reduzem a incidência de complicações. Mito: Pacientes com próteses articulares necessitam de antibioticoterapia profilática antes de um procedimento endoscópico. A Sociedade de Ortopedia recomenda antibiótico antes de procedimentos endoscópicos em pacientes que tem próteses ortopédicas. Entretanto, a Sociedade de Endoscopia, após revisão d o s d a d o s e s c l a re c e q u e e sta m e d i d a n ã o é necessária. Apesar dos procedimentos endoscópicos estarem sendo utilizados em todo mundo sem antibioticoterapia profilática, poucos casos de infecção da prótese foram descritos. Por isso, o uso de antibióticos deve ser avaliado em virtude destas infecções serem esporádicas. IMPORTANTE Esta conduta deve ser discutida com cada paciente já que o risco de infecção é muito baixo como mostram os estudos. CONCLUSÃO Nem as práticas que os “os experts recomendam” nem aquelas “altamente recomendadas” estão isentas de se tornarem mitos ou falácias. No campo da endoscopia, práticas inapropriadas como o uso de O2 suplementar, cujo uso mostrou nos estudos seus efeitos adversos, ainda são recomendadas. Todos nós devemos fazer uma revisão de nossas condutas e continuar questionando as práticas adotadas principalmente mediante as evidências científicas. “A principal causa de pobreza da ciência é a riqueza imaginária. O principal objetivo da ciência não é abrir uma porta para a infinita sabedoria, mas ser um limite para o erro infinito” – Bertolt Brecht: Vida de Galileu. Traduzido por Yolanda Faia Manhães Tolentino, Rodrigo S Dias, Priscila Pollo Flores e Viviane Fitipaldi www.sobedrj.com.br BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, maio de 2015, nº 192 CASO CLÍNICO DO MÊS Richaeny Ferreira, Mariana Frisoni, Pedro Brito, Mariana Hassan, Valeria Souza, Leandro Marchi, Yolanda Tolentino, Paulo Cesar Marques Perrisse. ZPC, feminino, 84 anos, em investigação de anemia ferropriva desde 2013. Queixa-se de epigastralgia e plenitude pós-prandial. Refere emagrecimento 20kg em 3 anos (2010 – 2013). Em junho de 2014 submetida a EDA que mostrou uma úlcera gástrica A1 de Sakita com sangramento ativo tipo Forrest IIB (foto 1). Feito apenas hemostasia com adrenalina 1:10000 e marcada uma nova revisão. Em julho de 2014 nova EDA mostra lesão plana com depressão central e bordas elevadas (IIa+ IIc) medindo cerca de 2,5cm localizada no antro. Realizadas biópsias das bordas da lesão (foto 2). Histopatológico foi compatível com adenocarcinoma “in situ”. Após o diagnóstico paciente retornou ao ambulatório de cirurgia sendo indicado tratamento cirúrgico. Devido idade da paciente, família não concordou com a indicação e optou apenas por acompanhamento clínico e endoscópico. Manteve uso de Inibidor de Bomba de prótons (IBP) apenas. Submetida a nova EDA em outubro de 2014 (foto 3) ainda com lesão plana tipo IIa+IIc medindo cerca de 1,5cm na mesma localização. Novo histopatológico mostra atrofia glandular, metaplasia intestinal acentuada, não sendo possível afastar carcinoma “in situ”. Apesar do novo resultado família ainda não autorizou tratamento cirúrgico da paciente e segue em acompanhamento clínico e endoscópico e mantem uso de IBP. Em maio de 2015 submetida a nova EDA (foto 4). A lesão mantém as mesmas características do exame anterior sem aumento considerável do seu tamanho. Novo histopatológico mostra mucosa gástrica com displasia acentuada, material fibrino-necrótico compatível com borda de úlcera não sendo possível afastar carcinoma “in situ”. Foto 1 Foto 2 Foto 3 Foto 4 7 www.sobedrj.com.br BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, maio de 2015, nº 192 PRÓXIMOS EVENTOS 4-6 JUN 18-20 JUN 6-8 AGO 21-25 NOV 8 11º CONGRESSO INTERNACIONAL DE CÂNCER GÁSTRICO LOCAL World Trade Center São Paulo, Brooklin Novo, São Paulo, SP. INFORMAÇÕES www.11igcc.com.br | [email protected] TEL/FAX: (11) 3061-1495 INTERNATIONAL SOCIETY FOR GASTROINTESTINAL HEREDITARY TUMORS LOCAL Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa, São Paulo, SP INFORMAÇÕES www.2015insight.com II SEMANA CEARENSE DO APARELHO DIGESTIVO LOCAL Fábrica de Negócios – Hotel Praia Centro, Fortaleza, CE INFORMAÇÕES www.scad2015.com.br TEL: (85) 8807-4849 ou (85) 9627-1152 – com Thycianne Costa SBAD 2015 LOCAL Curitiba, PR. INFORMAÇÕES www.sbad2015.com.br www.sobedrj.com.br BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, maio de 2015, nº 192 PATROCINADORES RIO RESIDÊNCIA MÉDICA EM ENDOSCOPIA CREDENCIAMENTO PELO MEC NO RIO DE JANEIRO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GAFFRÉE E GUINLE ENDEREÇO Rua Mariz e Barros, 775, Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. CEP - 20270-004. CONTATOS (21) 2264-5844 [email protected] RESPONSÁVEIS Luis Gustavo Périssé Ronaldo Taam INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (INCA) ENDEREÇO Praça Cruz Vermelha, 23, Centro, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 20230-130 CONTATOS (21) 3207-1000 www.inca.gov.br RESPONSÁVEIS Gustavo Francisco de Souza e Mello Alexandre Dias Pelosi Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – Estadual Rio de Janeiro (SOBED-RJ) Rua da Lapa, n° 120, salas 309 a 311, Lapa, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 20021-180 Telefones: (21) 2507-1243 | Fax: (21) 3852-7711 www.sobedrj.com.br | [email protected] ÓRGÃO INFORMATIVO SOBED-RJ Edição mensal