1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE JUSSARA LICENCIATURA EM HISTÓRIA LUZIA DA GUIA SOARES BARBOSA MOTIVOS QUE LEVARAM A MUDANÇA DA CAPITAL FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PARA BRASÍLIA JUSSARA-GO 2011 2 LUZIA DA GUIA SOARES BARBOSA MOTIVOS QUE LEVARAM A MUDANÇA DA CAPITAL FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PARA BRASÍLIA Monografia apresentada ao curso de Licenciatura Plena em História, da Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Jussara, como requisito parcial para obtenção do titulo de Licenciada em História, sob orientação do professor Wilson de Sousa Gomes. JUSSARA-GO 2011 3 LUZIA DA GUIA SOARES BARBOSA MOTIVOS QUE LEVARAM A MUDANÇA DA CAPITAL FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PARA BRASÍLIA Monografia Aprovada como requisito Final para a obtenção do grau de Licenciatura em História na Universidade Estadual de Goiás- UEG, pela Banca Examinadora: _______________________________________________________________ Orientador: Prof. Esp. Wilson de Sousa Gomes- UEG _______________________________________________________________ Examinador: Prof. Me. Aruanã Antonio dos Passos - UEG ______________________________________________________________ Examinador: Prof. Me. Eric de Sales- UEG Jussara, 08 de Novembro de 2011. 4 Dedico este trabalho a todos que de certa forma contribuíram para sua conclusão. A meu filho, Marcus Aleksânder Soares Bonfim e meu esposo Closlei Ferreira Costa Bonfim que me apoiou nas horas de dificuldade. A minha mãe e irmãs que sempre me acompanharam e apoiaram em todas as minhas escolhas, aconselharam e me animaram nos momentos difíceis, tiveram muita paciência e me incentivaram nas horas, nas quais já não havia mais esperança. 5 AGRADECIMENTOS Para grandes amigos aplausos!!! Para os pequenos e os que ainda não vieram... Que se tornem grandes!!! E para os inimigos que se fechem as cortinas... Porque a vida é um teatro e nos temos que aproveitar o que há de melhor nela. Wladimir Spinelli Agradeço a Deus por estar presente neste trabalho, pois foi Tua mão que me estendeu, foram Tuas palavras que me orientaram e me proporcionaram estar desenvolvendo este trabalho. A todos os professores, que até agora ajudaram incentivando-me durante toda minha vida acadêmica. E em especial ao meu orientador: Wilson de Sousa Gomes, e ao professor Eric Sales que me ajudou a nortear meu tema, e tiveram paciência e dedicação em ler tos os meus e-mails. 6 “Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.” Karl Marx 7 RESUMO Este trabalho propõe discutir assuntos estão relacionados com a transferência da capital Federal do Rio de Janeiro para Brasília no Planalto Central. O objetivo é mostrar que este ideal realizado pelo presidente Juscelino Kubitschek no ano de 1960 já vinha sendo discutido desde o período colonial pelos adeptos da Inconfidência Mineira. Assim é necessário expor quem eram as várias pessoas que migraram para o Planalto Central pra construir Brasília e que tinham a intenção de mudar de vida, pois as promessas vindas dos ideais de progresso de JK eram atrativos e que ali “todos” fariam parte de uma futura nação de progresso. É importante e que fique claro que a proposta deste trabalho é mostrar que a construção de Brasília trouxe o progresso de forma geral nos aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais, mas, aqueles que de fato construíram Brasília não tiveram englobados em todos estes aspectos e passaram por diversas privações e necessidade de melhorias não só de trabalho com também de vida. Dentro desta idéia esta pesquisa consiste em mostrar os sonhos e desilusões que esse operários tiveram ao saírem de sua terra natal rumo a Brasília, e acabam levando um choque muito grande, pois o que tinham em mente não foi correspondido. PALAVRAS-CHAVES: Brasília. Ideologia. Modernidade. Sonhos. Decepções. SUMMARY This paper aims to discuss issues are related to the transfer of the Federal capital of Rio de Janeiro to Brasilia in the Central Highlands. The goal is to show that this ideal held by President Kubitschek in 1960 had already been discussed since the colonial period by the proponents of Minas Conspiracy. So it is necessary to expose who the various people who migrated to the Central Plateau to build Brasilia and that they intended to change his life, because the promises of the coming of JK ideals of progress and that there were attractive "all" would be part of a nation of future progress. It is important and it is clear that the purpose of this paper is to show that the construction of Brasilia brought progress in the general economic, political, social and cultural rights, but those who actually built Brasilia were not encompassed in all these aspects and went through several hardships and need for improvements not only work well with life. Within this idea of this research is to show the dreams and disappointments that workers had to leave their homeland towards Brasilia, and end up taking a very big shock, because what they had in mind was not reciprocated. KEYWORDS: Brasilia. Ideology. Modernity. Dreams. Deceptions. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I MOTIVOS QUE LEVARAM A MUDANÇA DA CAPITAL FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PARA O CENTRO OESTE 12 1.1 A Mudança da Capital Federal: uma vontade de longa data. 12 1.2 O cenário político que antecedeu a transferência da Capital Federal 16 1.3 O processo de transferência da Capital Federal: ideologia e ações políticas 19 1.4 A construção de Brasília – um grande impacto na integração do Centro-Oeste e do território brasileiro 22 CAPÍTULO II A VERDADE POR DETRÁS DOS BASTIDORES DA CONSTRUÇÃO DEBRASÍLIA 27 2.1 A Construção e Transferência de Brasília: sonhos e decepções. 27 2.2 A construção de Brasília e os seus dilemas sociais e políticos. 29 2.3 A Capital Federal: Brasília e a Modernidade. 33 2.4 A Construção de Brasília: um sonho ou desilusões, o que ficou? 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS 41 BIBLIOGRAFIAS 43 9 INTRODUÇÃO Na década de 50 vários países europeus e americanos estavam sendo considerados exemplos de modelo industrial e de desenvolvimento e o Brasil estavam no início deste processo, porém em passos lentos, muito longe de alcançar os patamares dos países já industrializados. Neste período toda população brasileira, tanto o povo quanto os políticos queriam que o Brasil saísse deste atraso e começasse a entrar no então concorrido mercado de exportação. Diante desta situação surge um presidente que encantou o povo com seus planos e metas em que desenvolveria o país cinqüenta anos em cinco. E um destes projetos estava incluído a transferência da Capital Federal para o Planalto Central a então Brasília. Neste sentido o objetivo desta pesquisa, embasados em documentos bibliográficos textuais, músicas e documentários é buscar o entendimento sobre a idéia de mudança da capital federam e a construção de Brasília, dando ênfase no que se refere a situação dos candangos assim conhecidos os imigrantes que partiram de vários lugares do país principalmente dos nordestinos para o planalto central para trabalhar como operários. Estes por sua vez, ouvindo os ideais de avanço e mudança de vida, viram nesta nova capital a esperança de melhoras em suas vidas financeiramente, portanto neste trabalho buscamos centrar-nos nas alterações e mudanças de comportamento que as pessoas inseridas a esse processo de mudança sofreram, ou seja, mudaram a capital e conseqüentemente as ideologias de quem, pois em prática essa transferência, também sofreu uma grande mudança. Mas, para tal analise vimos a necessidade de buscar no passado colonial brasileiro informações dos ideais de mudar a capital federal do Rio de Janeiro para outra localidade para que nos dessem suporte para entendermos como foi o processo de mudança na década de 50. A transferência da capital estava em fortes rumores de que seria no “sertão goiano” e, logo depois do início das obras, as frustrações, que se deram durante e no período, pós-construção. No decorrer do texto monográfico, nos propomos a discutir um tema que está presente dentro do processo de modernidade, que envolve a temática e é com certeza um assunto de grande relevância para as relações históricas e sociais do nosso país. As autoridades políticas demarcavam projetos que garantia o desenvolvimento tanto na política como na área social e cultural. E de alguma forma despertava o interesse para que a capital brasileira fosse interiorizada e tornando-se sede do patrimônio brasileiro. Iremos explorar alguns problemas ditos pelos idealistas da mudança da capital federal como, por exemplo, o mentor da mudança Juscelino Kubitschek, como a fragilidade que o Rio de 10 Janeiro representava em caso de ataque ou invasão de forças estrangeiras e o clima que era propicio para causar fatores como doenças e epidemias. Juscelino Kubitschek de Oliveira ao assumir a presidência da República, em Janeiro de 1956, declarou que iria “fazer descer do plano dos sonhos a realidade de Brasília”. Com uma política brasileira inovadora até então, JK consegui conquistar com sua simpatia a confiança de todos os brasileiros. Foi ele o responsável pela concretização da nova capital federal, Brasília, pondo em prática o antigo projeto da mudança da capital onde buscava promover o desenvolvimento do interior e a integração do País. Durante todo o período que JK governou, o Brasil viveu um período acelerado no quesito de desenvolvimento econômico e estabilidade política. Com a transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília, JK pretendia desenvolver a região central do país e afastar a sede do governo das decisões políticas de uma região densamente povoada. Mas para que esse ideal fosse possível de realizar foi necessário adquirir um capital oriundo, um empréstimos internacionais, JK conseguiu finalizar e inaugurar Brasília, em 21 de abril de 1960. Com isso o país ganhou uma nova capital, mas se tornou um devedor, a dívida externa, foi contraída para garantir que esse ideal fosse cumprido, e que foi aumentando significativamente. E para garantir que essa ideologia fosse concretizada era necessário que fosse investido em mão de obras, e essa força de trabalho surgiu com a migração que saíram de suas terras e veio para o centro oeste concretizar esse sonho que já vinha a muitos anos sendo estudado, e foi através da chegada desses operários que o êxodo urbano aumentou descontroladamente aumentando a pobreza, a miséria e a violência nas invasões que surgiram juntamente com a modernização de uma nova cidade. No primeiro capítulo buscamos fazer um apanhamento geral da história, onde relata os motivos que levaram a concretizar essa mudança, de onde surgiu a ideologia de mudança, para onde deveria ser transferida e o porquê. Neste capítulo a discussão será trabalhada por vários autores que foram selecionados para a elaboração desse trabalho como: Marilena Chauí, que analisa a questão de ideologia governamental. Cláudio Bertolli Filho, que discute o período de governo de Getulio Vargas e Juscelino Kubitschek, José Adirson de Vasconcelos que expõem de fato a transferência de Brasília, Paulo Bertran, que analisa as questões econômicas do centro-oeste, Marshall Berman que discute sobre a modernidade. A política de Getulio Vargas em 1930, tinha a idéia de industrializar visando produzir a matéria prima interna. E povoar e abastecer essa região em processo de desenvolvimento. A analise feita no primeiro capitulo permite a compreensão do processo de transferência e modernização, proporcionando os meios de transportes, o interesse de que Brasília se manter 11 protegida no planalto central, fatos esses que levaram ao crescimento e desenvolvimento do Estado e suas relações de produção e comunicação. Já no segundo capítulo buscamos mostrar de fato o quanto a modernidade trouxe melhorias ao país e as conseqüências na questão econômica advindos desta modernidade, e os sonhos dos migrantes que vieram para Brasília concretizar a transferência Capital Federal, os dilemas encontrados pelos mesmos após a construção de Brasília e como exigências que fizeram ao se estalarem aqui para o trabalho. Os problemas levantados neste trabalho foram à estratégia política, econômica e geográfica, e sonhos e decepções dos trabalhadores que vieram para Brasília em busca de sobrevivência, tinham uma perspectiva em torno de trabalho nos qual não foram atendidos de maneiras esperadas. 12 CAPÍTULO I OS MOTIVOS QUE LEVARAM A MUDANÇA DA CAPITAL FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PARA BRASÍLIA A construção de Brasília foi um velho sonho e vitória do nacionalismo brasileiro. Desde o romantismo, a visão profética de um futuro radioso acompanha as cenas de fundação nas tentativas de “autodelimitação e esforço de uma identidade nacional coesa – diretamente proporcional, é claro ao desenraizamento, ao dilaceramento, que, no entanto a definem”. (SILVA, 1997, p. 60) Este primeiro capítulo estabelece uma estruturação que procura agrupar os tópicos que definem a História a respeito da mudança da Capital Federal para o Centro-Oeste do Brasil, apresenta os fatores que contribuíram para a construção do símbolo de modernidade no Brasil. Assim, buscamos discorrer sobre os planos que foram sendo imaginados e discutidos pelos lideres políticos desde o período colonial até se concretizar na década de 1960 com o governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira. Nesse sentido, propomos repensar a problemática entre dos benefícios e progresso movidos pela mudança da Capital Federal, mas também situar as conseqüências e os pontos negativos que criaram-se com a transferência da capital. 1.1 A Mudança da Capital Federal: uma vontade de longa data. Como descreve a epigrafe acima, a promessa de construção da nova capital no meio do nada agora é concretizada, e com ela a esperança de melhorias e de progresso. O sertão agora habitado por tantas pessoas torna-se um símbolo de modernidade, que ganha características de representar a modernidade para os indivíduos envolvidos no seu contexto. Com isso, o ritmo pacato de interior alterou-se da noite para o dia, e de forma acelerada, surgem os empreendimentos financeiros, agropecuários, comerciais e minerais, isso consequentemente, transforma o modo de vida dos habitantes desta região. Assim, enquanto pesquisadores buscam entender as mudanças que ocorrem em nosso contexto, estabelecendo uma analise que nos conduza a percebermos a lógica das cidades. No caso estudado, ou seja, a transferência da Capital Federal está envolvida em uma trama que demonstra não apenas a mudança da estrutura física como apontado acima, a mudança da Capital do Rio de Janeiro para o Planalto Central, envolve outras implicações onde nos propomos a discutir e analisar na busca de entendermos motivações, intenções e objetivos. Dessa forma, a resolução que constituiu a transferência da capital do Rio de Janeiro para o Planalto Central, se deu com o encaminhamento da "Mensagem de Anápolis", do então Presidente Juscelino Kubitschek ao Congresso, que propunha a construção de Brasília sendo 13 transformada em Lei no ano de 1956. Esta propôs a criação da Companhia Urbanizadora da Nova Capital. A data da mudança da Capital Federal foi fixada pela Lei n.° 3.273, art. 1. ° in verbis: "... será transferida, no dia 21 de abril de 1960, a Capital da União para o novo Distrito Federal já delimitado no Planalto Central do País". Brasília foi inaugurada e oficialmente passou a ser a Capital do Brasil. (BRASÍLIA. http://biblioteca.ibge.gov.br. acessado em 21 de julho de 2011, às 22h: 50 min.). Brasília, Capital do Brasil é inaugurada pelo presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, sendo a terceira, após Salvador e Rio de Janeiro. A partir desta época, aconteceu consequentemente a transferência dos principais órgãos administrativos. Os planos da transferência da capital brasileira para o interior do país já vinha sendo um tema politicamente tratado. Os anos que antecederam Juscelino Kubitschek foram perturbados por causa de alguns transtornos, como o suicídio de Getulio Vargas e os reflexos da Segunda Guerra Mundial, que atingiram a economia da nação. Como explica o autor Oliveira, Tudo isso servia de incentivo para a mudança. As autoridades políticas nacionais traçavam projetos que visavam atender expectativas, que segundo os políticos traria desenvolvimento tanto na política, como na área social e cultural. De acordo com Oliveira, havia também outros interesses. Mudar a capital era sonho antigo na história do Brasil. O Rio de janeiro, cidade que se tornou capital da Colônia em 1763 e que recebeu a Corte portuguesa em 1808, apresentava inúmeros problemas. Além de ser vulnerável às invasões estrangeiras, tinha no clima tropical, que favorecia as epidemias, um grave obstáculo. Já na República, a cidade foi palco de inúmeras revoltas e era considerada o espaço da desordem. Tudo isso favorecia o sonho de uma capital no interior. (OLIVEIRA, 2008, p. 01). Como podemos notar a partir da citação, o objetivo da transferência da capital não fora apenas na intenção de povoar e desenvolver o interior do país como um projeto integralista, nacionalista. De uma maneira geral, os idealizadores de Brasília desprendiam uma antiga idéia que vinha sendo histórica e socialmente defendida. A escolha do local atingiria o centro do país, o que daria suporte a um vasto projeto despertado de um velho sonho do nacionalismo brasileiro. A ideia da mudança da capital para o centro-oeste do Brasil é discutida desde o período colonial. Segundo Bertran (1988, p.131) vimos anteriormente, o anseio de mudança da capital federal foi adotada pelos adeptos da Inconfidência Mineira e tomou vigor posteriormente à vinda da corte portuguesa a cidade do Rio de Janeiro, quando esta era a capital do Brasil. 14 Ernesto Silva fala sobre o artigo da Constituição Provisória da República, onde aparecem indícios da mudança da Capital para um Território próprio e independente, o Distrito Federal: “Se o Congresso resolver a mudança da capital, escolhido para este fim o território mediante o consenso do Estado ou dos Estados de que tiver de desmembrar-se, passará o atual Distrito Federal de per si a constituir um Estado.” (SILVA, 1997, p.35). Ancorando-nos, no mesmo autor, podemos ver também que José Bonifácio, o “Patriarca da Independência”, foi o que teve maior influência no episódio da transferência da capital, desde sua época, já apontava para tal proposta, bem como de sugerir o nome da capital federal de Brasília. Com o fim do movimento dos inconfidentes, a ideia da transferência da capital adormeceu, e de vez em quando vinha à tona por algum sonhador, como por exemplo, o jornalista Hipólito José da Costa Pereira de Mendonça, que em um dos exemplares do seu Correio Brasiliense, publicadas em Londres, defendeu também a mesma ideia de Jose Bonifácio de fazer o "transplante" da capital nacional do Rio de Janeiro para o “Planalto Central”, às margens do Rio São Francisco, justamente na comarca da cidade mineira de Paracatu. Conforme afirma Schilling: Em 10 de outubro de 1821 ele apresentou aos seus pares apontamentos para o seu Governo Provisório que, sem medo de exageros, podemos considerar o primeiro projeto para o Brasil... Como nova capital sugeriu algum lugar no interior, pensou em Paracatu no interior de Minas Gerais, para dali lançarem-se entradas para todos os lados, concluindo a ocupação do torrão pátrio. (SCHILLING, 2002, p. 01). De acordo com o autor podemos entender que a escolha do local estava em debate e até então sugeria a terra mineira e assim, passados algum tem dos projetos de José Bonifácio e de outros idealizadores, o sonho da transferência da capital, ganha força no século XX, entre as das décadas de 1930 e 1950, com a política de expansão territorial denominada “Marcha para o Oeste”, retomam-se a ideia de interiorização da Capital. Assim, A denominada “Marcha para o Oeste” foi um projeto dirigido pelo governo Getúlio Vargas no período do Estado Novo, para ocupar e desenvolver o interior do Brasil. Tal projeto foi lançado na véspera de 1938, e nas palavras de Vargas, a Marcha incorporou “o verdadeiro sentido de brasilidade”, uma solução para os infortúnios da nação. (SANTIAGO http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/marcha-para-ooeste/, acessado em 11 de julho de 2011). Conforme a descrição da citação, a Marcha para o Oeste trouxe um número muito grande imigrantes para o interior do país, o que com certeza serviu de impulso para que levantassem lideres entre ele, parafraseando as ideias de COTRIM (2007, p 176) vimos que o desenrolar da história vai mostrar a construção de Brasília no interior do país acarretou grandes debates. O país iria experimentar uma grande mudança, que segundo os idealizadores 15 seria de enorme desenvolvimento, no âmbito da modernização, focando a industrialização. Com isso, buscava uma combinação de estilo político, o populismo, a ideologia de unificação do país e o reforça o nacionalismo: Seguindo as colocações de Vasconcelos, temos que o: Tema de estudos de Adolfo Varnhagen e tantos outros brasileiros de boa vontade, sonho profético de Dom Bosco, proposta constitucional dos constituintes republicanos e aspiração de toda uma nacionalidade, Brasília tornou-se realidade pela força de vontade e espírito público do presidente Juscelino Kubistchek de Oliveira. [...] Litoral e interior uniam-se no coração do território brasileiro, onde nascem os grandes rios e com Brasília, os grandes estrados. O Brasil começou a caminhar a passos largos, para viver os grandes destinos que o futuro lhe reserva. (VASCONCELOS, 1976, p.349). O autor deixa claro que diante das circunstâncias vividas no país, e da obra realista da construção, Brasília pareceu mesmo um sonho que significa revolução política e econômica. E permitiu aos homens de Estado, uma visão mais ampla do país como um todo e a antevir certos recursos para uma maior viabilização e intercâmbio entre os demais Estados do Brasil. E com isto traçaram o perfil da cidade no Planalto Central, no Plano Piloto de Lucio Costa, executado nas regiões interioranas de Goiás. Seguindo os fatores apresentado, ficou nítido que construção da nova capital seria o ponto de partida para um ambicioso projeto de empreendimentos industriais e de tráfegos rodoviários e aéreos. Por causa do grande número de migrantes que rumaram para a nova cidade, uns em busca de empregos, outros a procura de desenvolvimento, Brasília tornou-se fascinante para os que esperavam pelo resgate progressista ser representado no futuro. Antes do grande movimento, o sertão goiano onde seria edificada a nova capital era considerado um paraíso sem civilização e despovoado, o historiador Silva comenta que, o Brasil central era um paraíso à espera de civilização. “Ansiosos por colocar no mapa, atualizá-lo, entendiam que isso só era possível pelo „progresso‟. Aquilo que desprezavam no Rio de Janeiro era exatamente o que queriam para o sertão” (SILVA, 1997, p. 45). As palavras desta citação levam-nos a perceber que a conclusão da obras em Brasília, propunha uma mudança radical para a vida dos goianos acostumados ao sertão. Assim, a edificação de Brasília em pouco tempo ganhou vida e o Brasil inteiro contemplava o progresso e a civilização, embora temessem uma frustração. Mas nem tão pouco o medo da modernidade fez com que atrapalhassem a vida tranqüila que os goianos estavam acostumados em levar. Portando essa idéia de transferir Brasília foi aceita e esperada pela população goiana. Segundo Silva (1997) o apoio dos goianos foi fundamental para dar inicio a construção de Brasília, porque esse marco era especial de afirmação e construção da 16 identidade goiana. Pois o verdadeiro goiano estava presente durante todo o período de construção querendo melhoras nas estradas, pistas de aeroportos, eletrificação, telecomunicação, em busca de privilégios, pois, “o progresso fascinava e atraía toda a população” Silva (1997, p. 47). 1.2 O cenário político que antecedeu a transferência da Capital Federal A Revolução de 30 inseriu uma nova elite progressista na política brasileira, formada por militares, diplomatas e políticos idealizada como um modelo de ordem e eficácia civilizada, como uma sugestão de história atualizada e dinâmica, que deveria ser uma amostra de convívio harmoniosa e unificada entre todas as classes. Segundo Vasconcelos (1978, p.116) cenário socioeconômico e político trouxe para a região a promoção de industrialização de forma intensiva. E na percepção de que a interiorização da capital garantia um lugar privilegiado de atuação, localizada, sobretudo num palco onde desenvolveria recursos e elementos avantajados a favor da expansão geral do país. Getulio Vargas, então presidente do Brasil via no planalto central goiano “o miradouro do Brasil”, como Vasconcelos relata: Apesar do indiferentismo do seu Governo por um problema que ao longo dos tempos, vinha preocupando renomados valores da vida nacional – Tiradentes, José Bonifacio, Hipólito da costa, Adolfo de Varnhagem, Floriano Peixoto - e outros Getulio vê no Planalto “o miradouro do Brasil” e até sugeria ser “imperioso localizar no centro geográfico do País poderosas forças capazes de irradiar e garantir a nossa expansão futura”. (VASCONCELOS, 1978, p.286). Assim, com essa citação, percebemos que a transferência da capital vinha sendo um problema preocupante e, por conseguinte, um dos principais ímpetos na transformação da história do Brasil, com a mudança da capital federal se deu por motivações evidentemente de ordem econômica, financeira, geografia e demografia, onde se buscava atender às modernas exigências urbanistas que a nova conjuntura exigia. Segundo Berman (2007) ao que se refere a política o Estado queria uma poder centralizado, então teria que ser no centro oeste, onde teria esse poder político mais forte, geograficamente era uma estratégia levar a capital para o centro oeste por ser um local de difícil acesso, o que ajudaria no caso de um ataque ou revolta, pois ficariam difícil os manifestantes chegar até lá, já economicamente a cidade se localizando no planalto central tornaria mais fácil o transporte das mercadorias, que iria ser transportada pelas BR que iriam 17 fazer, pois o centro oeste fica localizado no centro do país então as estradas ficariam mais curtas e facilitaria muito o transporte no país inteiro. Além disso, a mudança da capital para o interior proporcionaria um maior desenvolvimento da parte do país de menor expressão social, e ainda fazer que desencadeasse o desenvolvimento do interior. O plano político de Vargas foi caracterizado pela aproximação com os Estados Unidos, alinhando-se com o capitalismo. O governo Vargas tinha fortes motivos para intervir nos assuntos ligados ao trabalho: conter o avanço do movimento dos trabalhadores e, paralelamente, criar mercado para alguns setores da indústria nacional, por isso, passou a cuidar com enorme interesse da chamada questão social. Sua principal atitude foi a criação de uma legislação trabalhista e previdenciária. Na Constituição foi outorgada em 1937. (ORDONEZ & QUEVEDO, 2008, p. 408). Os autores ainda seguem comentando que a formação do Estado Novo, regime político centrado de autoridade instituído em 1937, pelo presidente Getúlio Vargas, o plano econômico desse período foi marcado pela criação da Companhia Siderúrgica Nacional e pelo início das pesquisas do petróleo, no Estado da Bahia. Na política, porém os rumos da Segunda Guerra Mundial a partir de 1942 começaram a dar nova direção, e favorecia uma luta interna pela democratização. Também começaram a comprometer as relações do governo com as Forças Armadas. “Diante das pressões internas e externas, cada vez maiores, o governo de Vargas obrigava-se a fazer recuos táticos e a articular novas manobras. Prometeu eleições gerais, diminuiu a censura da imprensa e permitiu a volta dos partidos políticos.” (ORDONEZ & QUEVEDO, 2008, p. 408). E dentro desse contexto podemos perceber as mudanças de presidentes no Brasil até a eleição de Juscelino Kubitschek, foi quando o governo de Getulio foi marcado segundo os interesses da classe burguesa. Para Bernardo (2009) foi mais de uma década de coronelismo e autoritarismo, em que o Brasil agrupou as categorias institucionais e sociais mínimas para uma experiência política democrática. Até que no final de 1945 o povo protestava pelo abandono do governo Vargas, com o apoio um movimento militar chefiado por generais ele foi afastado do comando presidencial. “Com a queda de Getulio Vargas em 29 de outubro de 1945, marcaram-se eleições para a presidência da Republica e para o Congresso Nacional, a se realizarem em 02 de dezembro de 1945.” (BERNARDO, 2009, p.121). Usando como base os mesmos autor, num desencadear de política liberal, a República Brasileira experimenta a sua primeira experiência de democracia. No período de 1945 e 1964 o movimento do populismo concedeu princípio ao voto masculino e feminino com direito a 18 organização de partidos políticos. É eleito o General Gaspar Dutra, que antecede e é sucedido pelo por Getulio. Depois destes o Brasil é governado por Café Filho, Vice de Getúlio; Carlos Luz, Presidente da Câmara e Nereu Ramos, Presidente do Senado. Até chegar a Juscelino Kubitschek de Oliveira, fundador de Brasília. Dos governadores citados pouco se influenciaram na transferência da capital, isso porque muitas coisas vinham acontecendo com o fim da Segunda Guerra. Após o período dos governos dos substitutos de Vargas, foram realizadas novas eleições presidenciais em 1955. Sendo vitoriosos Juscelino Kubitschek de Oliveira, presidente e como vice João Goulart. Juscelino Kubitschek é empossado no início de 1956 e tinha no seu plano governamental o programa de metas conhecido como “Cinquenta anos em cinco”, organizado com a ajuda de técnicos e representou uma inovação: Na oportunidade, o presidente JK reuniu pela primeira vez seu ministério para apresentar o Plano de Metas e instituir o Conselho Nacional de Desenvolvimento, os dois instrumentos que lhe permitiriam acelerar o crescimento brasileiro e fazer o país acontecer como se tivesse progredido cinqüenta anos em cinco. Composto de 30 propostas para mudar as feições do país. (DOCUMENTO VERDADE ESPECIAL, 1976, p. 20). Conforme relata a citação Juscelino ansiava uma política de planejamento e, segundo o autor o Programa de Metas, referido acima e que Juscelino elaborou, constituía-se de uma série de códigos setoriais e investimentos que tinham a finalidade de orientar a execução de obras e implantar indústrias e serviços indispensáveis ao desenvolvimento do Brasil. O Plano previa grandes investimentos no setor de transporte, energia, agricultura, pecuária e educação. Pautado como primeiro candidato que se propunha a um programa de obras decididas, JK deu prosseguimento à sua promessa. Diante do que esta sendo exposto, podemos percebe que o presidente Juscelino Kubitschek alcançou méritos positivos, mas até que seu projeto fosse colocado em prática custaria um grande investimento financeiro, o que levou JK a recorrer a empréstimos aos Estados Unidos da América para realizar as metas e expandir o mercado do de trabalho, com isso o presidente enfrentou críticas repercutidas por causa da maneira em que distribuiu as verbas, vejamos: Diante das críticas sobre as distribuições das verbas, o presidente alegava que seu objetivo era expandir o mercado de trabalho nacional; esse fato repercutiria positivamente nos setores diretamente relacionados com as necessidades das camadas pobres. (BERTOLLI, 2000. p. 38). 19 Ao analisarmos a citação acima podemos perceber que JK vinha sendo criticado pelas suas ações, ele afirmava que seu interesse era trazer um avanço no desenvolvimento e social do país, para garantir uma maior oportunidade de trabalho para a classe menos favorecida. O autor Piletti comenta sobre a inevitável recorrência a recursos tecnológicos e ao capital estrangeiro que JK teve que buscar, e: Foi nessa época que se instalaram no Brasil diversas fábricas de veículos: Ford, General Motors. [...] as multinacionais receberam muitos incentivos para entrar no país: isenção – durante um período de carência – de impostos para importação de maquinas e o fornecimento de créditos do governo federal, facilidades de infraestrutura e outras vantagens. [...] apesar do grande industrial do país, alguns setores não foram atendidos. Houve aumento da inflação, com a desvalorização da moeda e o aumento do custo de vida. (PILETTI, 2005, p. 105). Diante dos dados da citação, percebe-se que Juscelino não esperava tamanho desenvolvimento e em ritmo tão acelerado. Na verdade Juscelino Kubitschek realizou um grande número de obras, porém à custa de empréstimos. Os gastos com as obras públicas ajudaram a elevar a inflação, prejudicando os empregados, que buscavam aumentos salariais. 1.3 O processo de transferência da Capital Federal: ideologia e ações políticas. Com base na ideia de avanço e do desenvolvimento econômico, os argumentos dos defensores na transferência da Capital Federal, apresentavam propostas que denominavam a localização da nova capital como um elemento estratégico em que aliava a segurança nacional e a melhoria no conforto do país no processo de transição para a industrialização. Diante disso, podemos pensar Brasília não apenas como algo simples, a transferência envolvia maiores intenções que camuflava os problemas de ordem política e econômica. Assim como compreender que um povoamento requer uma relação condicionada ao agrupamento de famílias e de uma comunidade. A cidade sugere a necessidade de administração, de policiamento, de impostos, enfim de uma organização comum de política em geral. Bem como, a concentração da população, dos instrumentos de produção. Uma ideologia não possui um poder absoluto que não possa ser quebrado e destruído. Quando uma classe social compreende sua própria realidade, pode organizar-se para quebrar uma ideologia e transformar a sociedade. [...] o termo ideologia elabora sobre as faculdades sensíveis, responsáveis pela formação de todas as nossas ideias: querer (vontade), julgar (razão), sentir (percepção) e recordar (memória). (CHAUÍ, 2008, p. 24,27). Ao analisarmos a citação acima entendemos que a idealização da construção de uma cidade para instalar a nova Capital Federal se deu não por um acaso, mas, com a intenção de 20 transformar a sociedade. Por causa do desenvolvimento das forças capitalistas, a burguesia acaba por tornar-se subjugando o campo à cidade num processo de intensa urbanização e modernização. Como o próprio Karl Marx apud Naves pensava: “Além de concentrar a população, a burguesia também concentrou a propriedade e centralizou os meios de produção, o que veio acarretar, em conseqüência, a centralização política.” (NAVES, 2000, p. 49). Num momento eufórico de progresso, os líderes políticos do Brasil acreditavam o avanço rumo ao Oeste seria importante para a economia brasileira. Onde podia originar a mistura de sertanejos, de indivíduos que levavam uma legítima vida natural aos homens letrados, que vinham da cidade. No final da década de 40 a ampliação capitalista e urbana acrescia a importância das classes sociais mais novas. A classe média centralizava-se cada vez mais no Sudeste do país e conservava-se dependente dos favores do estado. O interesse de povoar o oeste do Brasil abrangia a política de incentivo à migração, construção de rodovias, instigação à produção agropecuária e principalmente a criação de colônias agrícolas. A mudança da capital do país para o Planalto Central pertencia a um dos mais antigos ideários nacionais, esboçando-se já na Inconfidência Mineira e anotando-se no bojo de duas Constituições, as de 1891 e de 1946. Na década de 1950 vai viabilizar-se pela junção da então antiga ideologia da Marcha para o Oeste com a conjuntura econômica nova, decorrente da abertura do mercado brasileiro às indústrias multinacionais. (BERTRAN, 1988, p. 131). Com essa citação podemos entender o sentido da história em que no inicio do século XX, é marcada pelo crescimento das cidades e essas serão pensadas como espaço de tecnologias. O grande centro urbano dava visibilidade à sociedade. Assim, a liderança política da época, consegue unir seus argumentos desgrenhando caminhos que dão possibilidade de perceber a necessidade de arquitetar uma cidade que substitua a antiga Capital do país por uma nova capital em moldes modernos e avançados. Segundo as idéias de Berman (2007), como o sistema econômico brasileiro assegurava a automação e modernização da agropecuária, havia uma estabilidade de forma que não eram capitalistas, concentradas nas mãos de poucos fazendeiros. Mesmo em meio a pesquisas e levantamentos do local escolhido, vários governos iam idealizando formas de transferir à capital. E mais além ainda a escritor Silva assegura: A natureza do Planalto Central parecia ideal para a criação desse deslumbrante espaço físico e social. O clima temperado pela altitude, a fertilidade das terras (mato grosso goiano e Planalto Central são apresentados sem distinção) as facilidades de transportes (o encontro das três bacias) e as riquezas minerais eram provas de que a 21 região era a mais apropriada para nela instalar-se a nova capital (SILVA, 1997, p. 44). Assim, diante dessa citação entende-se que a ideologia de transferimento da capital para o interior, não fora apenas do presidente Juscelino Kubitschek, fundador de Brasília, mas de muito antes. Um processo de várias comissões técnicas, estendido por anos com intuito de escolher o planalto central, local geograficamente centralizado onde seria o futuro Distrito Federal. A escolha da localidade onde seria “plantada” a nova capital certamente foi feita com o objetivo de consertar alguma deformidade natural, a inexistência de rotas geográficas rumo ao oeste brasileiro. Como assegura a filosofa Chauí: A idéia de se mudar a capital do Brasil para o interior apareceu, pela primeira vez , em 1789, em conexão com o movimento da Inconfidência mineira. A ideia transformou-se em artigo da Constituição Brasileira em 1890 e foi mantida nas constituições subseqüentes até a de 1946. Decisões concretas para a construção da cidade, entretanto, efetivaram em 1957, quando o plano de Lucio Costa foi escolhido como projeto vencedor dentre os vinte e seis concorrentes. (CHAUÍ, 1997, p. 74). Ou seja, a citação nos aponta que esse processo de mudança de localidade da cidade mais importante do país seria um passo sério, que proporcionaria a ideia de símbolo popular para o futuro da nação. Como sendo na realidade um plano ambicioso e dinamizador para o povo brasileiro e ao mundo. Segundo A Revista Veja (2009) anúncio oficial que concretizou a construção de Brasília aconteceu em Jataí cidade interiorana do Estado goiano, onde JK iniciava sua campanha presidencial. A história conta que Juscelino Kubitschek se encontrava num palanque improvisado feito numa carroceria de caminhão. Lá prometia positivo que iria cumprir a Constituição e a respeito de construção de Brasília e, diante dos eleitores dizia em seu discurso: “Acabo de prometer que sim. Se eleito for, construirei a nova capital e farei a mudança da sede do governo.” (DOCUMENTO VERDADE ESPECIAL, 1976, p.39). O povo do Estado de Goiás e de Mato Grosso se unira para apoiar o candidato que prometia a mudança da Capital da Republica para o planalto Central. Contando com esse apoio JK incluiu em seu plano de governo mais esse item. Como diz Silva: Evidentemente a afirmação do comício em Jataí tinha um sentido político. Juscelino enfrentava um problema. Ele já tinha estabelecido o seu plano de metas em trinta itens. Foi obrigado a acrescentar mais um, o da construção da capital. (SILVA, 2004, p. 90). 22 Com essas palavras fica claro que o leque de ideias a respeito da transferência da Capital Federal se conclui no “discurso” do fundador oficial, Juscelino Kubitschek. Este conseguiu realizar a ideologia de patriarcas do passado. O local onde foi edificada a nova capital, na região central do Brasil era ponderável às rotas geográficas rumo ao oeste e a todo o território brasileiro, “a construção de Brasília pode ser vista como exemplo de uma aventura moderna na periferia capitalista” (SILVA, 1997, p. 88). Já para outro autor Kubitschek a via como “uma revolução política e revolução econômica” (VASCONCELOS, 1978, p. 355). De modo que a ideologia e ações políticas da transferência da capital federal trouxeram avanços políticos e econômicos para o país, como também ocasionou junto com estes, reflexos da dívida externa e de uma inflação infinita que aflige a sociedade brasileira até os dias de hoje. Devemos entender neste contexto que Brasília dera impulso, mas o progresso custava caro e a inflação se infiltrava sorrateiramente nas fundações da economia nacional. 1.4 A construção de Brasília – um grande impacto na integração do Centro-Oeste e do território brasileiro O Centro-Oeste do Brasil sofrera duas mudanças impetuosas que resultou num forte avanço para a região. A capital de Goiás passara a ser sediada em Goiânia e a capital do Brasil cedia-se em Brasília. O que se elevou ao fluxo de migrações abrangendo parte do território goiano. Assim, o Centro-Oeste que já apreendia uma quantia expressiva desse movimento, por fazer parte de região de fronteira. Depois da guerra, o Brasil já dava os primeiros passos em direção ao desenvolvimento. Ao longo do conflito, as mudanças acumularam trazendo significativas estruturas de produção. Seguida da necessidade de ampliar as atividades industriais e aprimorar os obstáculos conferidos ao intercâmbio do comércio ligado à importação. No final do segundo governo Vargas, já acrescia algumas transformações que falavam do seu modelo econômico, à ordem política e ao controle sindical. “A transformação das feições rurais do Brasil, a partir das décadas de 30 e 40, deu paulatinamente lugar a um país industrializado e urbanizado e a um fenômeno político de grande importância no continente latino-americano – o populismo.” (DOCUMENTO VERDADE ESPECIAL, 1976, p. 31). Como fora dito anteriormente o assunto da transferência da capital federal rendeu debates, muita polêmica e discussões até chegarem a um consenso discutido desde a 23 constituição de 1891, ratificado pelos constituintes de 1934 e consolidado no ano de 1946 que Distrito federal passaria a constituir do Estado da Guanabara para o Centro-Oeste. A enorme pista de terra estava localizada em um dos pontos indicados por Belcher para instalação de aeroportos. Foi nesse aeroporto que desembarcou pela primeira vez em Brasília, em 1956 (2 de outubro), o presidente Juscelino Kubistchek como, ainda, muitas outras comitivas que, em fins de 1956, vinham visitar o cerrado deserto, que um dia se transformaria na mais bela capital do mundo. (SILVA, 1970, p. 85). A citação enfatiza nitidamente o que certamente passava pela cabeça daqueles idealizadores que pousavam naquele aeroporto. Segundo Silva (1970) homens que teciam planos que custariam aos cofres públicos uma fortuna o que possivelmente esteve entre os motivos das crises financeiras dos anos seguintes da construção da capital. O princípio da construção de Brasília em 1957 aconteceu de forma acelerada, e consequentemente junto com a cidade tornou-se necessário a abertura de rodovias nacionais que a ligasse às outras capitais dos Estados brasileiros. Com isso desbloqueiam a região para o tráfego e ainda criam condições para o aumento do sistema capitalista que integra a região central do país. Com isso também ocorreu o desenvolvimento socioeconômico da região central do país, que passou a ser a sede do governo brasileiro. O governo de Juscelino Kubitschek de 1956 a 1961 foi marcado pelo desenvolvimento econômico. Nesse período, a produção industrial cresceu cerca de 80%. A grande obra do seu governo foi, sem dúvida alguma a transferência da capital federal para Brasília. Para realizá-la, Juscelino criou um organismo governamental, a Novacap, dirigida por Israel Pinheiro. O plano geral da cidade é de autoria de Lúcio Costa e foi executado por Oscar Niemeyer. A inauguração oficial da nova capital deu-se no final do mandato de Juscelino Kubistchek, a 21 de abril de 1960. (ORDONEZ & QUEVEDO, 2008, p. 414). Como percebemos, a construção de Brasília sinaliza o inicio a ascensão de Juscelino Kubitschek, que com sua posição diante do capital estrangeiro, cogitava a própria decisão da formação capitalista no Brasil. Conduziu o processo de industrialização em posição hegemônica, prensada como estava entre a participação do Estado e a do capital estrangeiro, representado pelas multinacionais. O governo de Kubitschek ficou marcado pela implantação de indústria de bens de consumo duráveis. Outra coisa que ocasionou um sucesso na época foi a construção de rodovias unindo o Brasil de Norte a sul e de Leste a Oeste. Sem contar as usinas hidrelétricas e refinarias que aumentaram a capacidade de geração de energia. Porém, segundo Ferreira: O símbolo do enorme surto industrial desse período foi a criação da indústria automobilística. As fábricas europeias estavam preocupadas coma concorrência dos carros americanos na Europa. Para manter o seu nível de vendas, decidiram criar 24 filiais no Brasil. Assim para cá vieram a Volkswagen, a Simca e a Vemag. Junto com a indústria automobilística, desenvolveu-se um forte setor de autopeças: pneus, vidros, lâmpadas, velas, baterias etc. (FERREIRA, 1997, p. 143). A citação nos demonstra que há no Brasil desse contexto, um momento de euforia que escondia as reais intenções. O autor acima diz que o governo de Juscelino foi um dos mais estável e democrático que o Brasil já teve. Os empresários investiram nas empresas, e assim tanto capitalistas do exterior como do Brasil alcançaram grandes lucros, usufruindo da prosperidade estabilizada da política do governo. Nesse impacto de obras realizadas, o Oeste como a região Sudeste “passou a ser visto pelos brasileiros excluídos economicamente como uma nova “terra prometida” (COTRIM, 2007, p. 549). Segundo Ferreira, dessa forma, a região central do Brasil também cresceu e com isso atraiu um grande número de migrantes nordestinos. Com o desenvolvimento região central do país seria esta também um centro das decisões políticas e não somente a região densamente povoada, como o Sudeste. A construção de Brasília chamou a atenção de grande parte do país, os operários surgiam de todos os lados à procura de emprego. Fazendo com que o entorno da cidade ganhasse inúmeros povoados na circunvizinhança. Sem sombra de dúvida, diante do que vemos a implantação da sede do governo em Brasília, mostra nitidamente a contribuição tanto para a povoação como para o desenvolvimento sócio-econômico da Região Centro-Oeste. Este processo acentuou o investimento na infra-estrutura e principalmente no que se refere a intermediação entre a cidade e os principais centros urbanos mais produtivos do país. Porém, de acordo com Marla Rodrigues, não houve apenas pontos positivos: O progresso econômico também gerou muitas dívidas. Apesar de o Produto Interno Bruto – PIB – ter crescido 7% ao ano e da taxa de renda per capita ter aumentado num ritmo quatro vezes maior do que o da América Latina, as exportações não atingiram o mesmo valor do endividamento e JK foi se enforcando com a própria corda. O capital estrangeiro que trazia riquezas ao Brasil era o mesmo que lhe cobrava montanhas de juros pelos empréstimos realizados pelos Estados Unidos. Nessa época a taxa de inflação crescia sem parar e a moeda brasileira estava cada vez mais desvalorizada. (MARLA RODRIGUES http://www.brasilescola.com/historiab/juscelino-kubitschek.htm, acessado em 22 de agosto 2011, às 09 h: 11min). Segundo Marla Rodrigues os juros eram altíssimos por causa do empréstimo estrangeiro, com isso o investimento na industrialização deixou de lado a zona rural, deixando os lavradores do campo e a produção agrícola em prejuízo. Sendo então que, a conseqüência ocorrida com a construção da nova capital foi a contração da tenebrosa dívida, adquirida para realização obra. 25 Devido as condições naturais as atividades agropecuárias que sempre foram as mais importantes ajudaram para que com os avanços advindos da nova capital brasileira, hoje se destaca no mercado interno e externo. Juntamente com suas atividades industriais viradas para práticas agropecuárias também se sobressai o cerrado, bem como a grande riqueza no complexo do pantanal mato-grossense. Não foi só o meio industrial que se acelerou com o impacto da transferência da capital, mas também o meio artístico, na ciência e na tecnologia. Após os anos 40, o Brasil envolveuse nas atividades de pesquisas e mão-de-obra caracterizada nas universidades. Com isso acresceu o desenvolvimento cultural, e com o aumento da população de maneira econômica, o teatro, o cinema e a musica tiveram um impulso bem considerável. No final dos anos 50, surgiu a bossa nova, com João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, entre outros. No teatro, Nelson Rodrigues escandalizava ao retratar a hipocrisia e os conflitos da classe média urbana típica, angustiada por problemas materiais e incertezas existenciais. Um fato muito significativo do cinema na época foi o surgimento do cinema novo, com o filme “Rio 40 Graus”, de 1953, dirigido por Nelson pereira dos Santos. O baiano Glauber Rocha, também um expoente do Cinema Novo, colocou nas telas os problemas do sertão no filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, realizado em 1964. (ALÔ ESCOLA, http://www2.tvcultura.com.br/aloescola/historia/guerrafria/guerra12/questaocultural nobrasil.htm, acessado em 23 de julho de 2011). Como a citação aponta, o período de euforia foi intenso, contudo a censura procurou debater uma forma de literatura que redefinisse valores, isto porque os textos começam a buscar outras aberturas de protestos. Por meio da literatura, muitas coisas que os artistas não podiam abertamente tratar ganharam força, por ser ficção eram então retratadas no cinema, nas letras das músicas e no teatro. O período governado por Juscelino Kubitschek foi associado a grandes obras sem sombra de dúvida, muitos atos e movimentos surgidos nessa época deixaram marcas que realçaram a cultura brasileira, além de influenciar bastante a sua história. Talvez por ser uma onda inovadora, a linguagem era mais moderna e como sempre engajada na política. Os artistas simpatizantes com o bolero e o samba eram os que predominavam. E essa onda alcançou também a literatura, grandes atores emergiram encenando grandes peças que romperam com a tradição. O autor Ferreira, porém deixa claro que: Na literatura, não aconteceram grandes movimentos como no cinema, na musica e no teatro. Entretanto, são dessa época Grande sertão: veredas e Corpo de baile, de Guimarães Rosa, que acrescentaram à literatura brasileira as inovações que vinham marcando a literatura mundial. Esse período assistiu ao lançamento de autores como Fernando Sabino e Mário Palmério e à consolidação de nomes como Clarice Lispector e Nélson Rodrigues. (FERREIRA, 1996, p. 146) 26 O escritor continua dizendo que essa época foi favorável também no esporte, quando o Brasil pela primeira vez se registra como campeão mundial: no boxe Éder Jofre, peso-galo, e no futebol, a Seleção alcança sua primeira estrela de campeã. Essas competições advêm com o aparecimento das populações. Esta por sua vez, o intercâmbio dos indivíduos entre si. E, por conseguinte o sucesso e o progresso condicionado pela produção. Todas essas mudanças ocorriam num pequeno espaço de tempo ao qual o presidente Juscelino Kubitschek soube bem explorar no sentido de gerar mais avanços em seus ideais, pode-se perceber como a transição de transferência da capital sugeriu mudanças: o monopólio comercial, por exemplo, foi um instrumento essencial para que fosse realizada a comercialização nacional e internacional, inclusive para pra que o Brasil se afundasse na dívida externa. Não obstante dos problemas e do endividamento que aprontou por acarretar aos cofres públicos, o grande sonho do presidente Juscelino Kubitschek e dos demais idealizadores agora se concretizara. E como narra em sua história, Brasília, a cidade, que foi imaginada para sediar o moderno e o desenvolvimento, como conseqüência ou não; sofreu e sofre com o endurecimento de certo tipo de governo. Talvez por causa das atitudes desenfreadas do seu primeiro presidente. 27 CAPÍTULO II A VERDADE POR DETRÁS DOS BASTIDORES DACONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA Nesse segundo capítulo trabalharemos o processo da vinda dos imigrantes e os seus sonhos e o que encontraram no período da construção de Brasília. Assim será possível entende a questão ideológica do projeto de construção da nova capital. Buscaremos perceber como se dava a mudança da capital e os indivíduos envolvidos nesse processo, isso com o intuito de entendermos Brasília com um lugar de sonho e decepções. 2.1 A Construção e Transferência de Brasília: sonhos e decepções. Nessa nova etapa buscamos fazer uma analise em relação às obras, e que para Jk o que lhe interessava era concretizar esse projeto claro não podemos deixar de citar a participação dos arquitetos Oscar Niemayer e Lucio Costa com suas obras arquitetônicas, mas o nosso foco principal nessa nova etapa não é a construção de Brasília em se, mais enxergar que a tal sonhada capital foi feita no intuito de excluir o povo brasileiro e não incluí-los ao projeto da capital, então vamos dar ênfases nos problemas que constitui os sonhos e decepções que foram causados nessa população trabalhadora. Como anteriormente dito, as obras de construção de Brasília deram inicio em 1956, onde seria a sede do governo federal. E o historiador Ferreira relata que era uma cidade de beleza arquitetônica e que o mundo inteiro tinha admiração por ela. Mesmo sendo uma cidade construída tão rapidamente, em uma região até então de difícil acesso, até aquele momento, Ferreira admirou a força de vontade não só dos administrativos com também a determinação dos operários em fazer cumprir todos aqueles ideais no prazo determinado. Uma cidade construída da noite para o dia, no meio do sertão goiano, demonstrava a grande energia e determinação do povo brasileiro. Tudo em Brasília era moderno e grandioso. Ela era a imagem que os governantes gostariam que o povo e o mundo tivessem do Brasil. (FERREIRA, 1996, p. 144). O autor ainda fala que a euforia estava estampada nos rostos daqueles sonhadores, afinal era a construção da capital federal, a população sentia o Brasil nas trilhas do progresso, os meios de comunicação transmitiam orgulho ao falar da modernidade implantada nos sertão, parecidas com a dos países desenvolvidos. O fruto da imaginação de pessoas ilustres que não conheceram metade do progresso erigido com Brasília. Essa fascinação pela cidade é um tema que vem sendo discutido desde muito tempo. A cidade desperta nos indivíduos a imaginação com uma característica de representar um 28 deslumbramento emotivo. O despertar de um imaginário, acrescido de progresso e mudança. Uma estrutura social e comunitária que busca equilíbrio urbano. Aqui no caso, para os goianos e para os lideres políticos da época. As cidades fascinam. Realidade muito antiga, alas se encontram na origem daquilo que estabelecemos como indícios do florescer de uma civilização: a agricultura, a roda, a escrita, os assentamentos urbanos. Nessa aurora do tempo, milênios de anos atrás, elas lá estavam, demarcando um traçado, em formato de quadrado ou circular; definindo um espaço construído e organizado, logo tornado icônico do urbano – torres, muralhas, edifícios públicos, praças, mercados, templos; a exibir sociabilidades complexas e inusitadas na aglomeração populacional que abrigavam (PESAVENTO, 2007, p. 11). Ao analisarmos a citação a cima e entrarmos em contato com a história da construção de Brasília percebe-se a realidade apresentada da citação, na qual mostra a fascinação e a euforia de se viver em comunidade desde os nossos primórdios. Assim, com o intuito de povoar o interior, Juscelino e seus antecessores planejaram e com o transladar da capital para o coração do sertão, foram contratados trabalhadores de todo o país, principalmente nordestinos. Sendo que estes começaram a povoá-la, chamando-se candangos, por virem como flagelados da seca do Nordeste. O pesquisador Helio Silva (1997) comenta que JK tinha mais pressa de terminar a construção do que mesmo de iniciá-la. Inclusive na mensagem que enviou a o congresso redefine: “A obra que tenho de cumprir é cheia de dificuldades e asperezas. Mas o Brasil exige que ela seja atacada com decisão.” (SILVA, 1997, p. 93). Brasília foi construída em pouco mais de três anos, o autor comenta que os construtores lançaram uma extrema velocidade no serviço. Eram setenta mil candangos, ou “Abelhas do Planalto” como Juscelino os chamava carinhosamente. Sob os desenhos e os projetos Lucio Costa e Oscar Niemeyer, em 1960, Brasília é inaugurada. Seus traços são semelhantes a um avião, baseados nos eixos onde estão os prédios do governo e os símbolos cívicos e o eixo rodoviário, neste se acham as residências e os comércios. O plano piloto em formato de avião arquitetado por Lucio Costa é composto por duas grandes vias, o Eixo Monumental (Leste e Oeste) e o Eixo Rodoviário (Norte e Sul), que se cruzam. No Monumental Leste estão os prédios-símbolos da cidade: a catedral, a Esplanada dos Ministérios, o Palácio do Itamaraty e o Ministério da Justiça (nesse caso, um de frente para o outro). Separando tudo, um enorme gramado; fechando tudo, o Palácio do Congresso Nacional. Atrás dele, a Praça dos Três Poderes, com o Planalto e o Supremo Tribunal Federal. (DORETTO, http://. folha. uol.com.br/folha/turismo/noticias, acessado em 27 de julho de 2011, às 21 h e 27 min). 29 A grande verdade é que a arquitetura de Brasília concede-lhe um toque de valorização pelas avenidas, parques, o lago artificial e as grandes edificações monumentais. Reafirmando o que foi dito antes, o distrito Federal é unido pelas asas sul e norte, formando um cruzeiro que corta parte da cidade. Inaugurada com a promessa de um amanhã melhor. Assim, parafraseando (FERREIRA, 1996, p. 96), em um ambiente análogo de um paraíso no deserto, Brasília é consagrada a mais bela de todo mundo. Um velho sino de bronze ressoou na vastidão do planalto, anunciando um novo dia. Era o mesmo sino que tangeu pela morte do alferes Xavier, o Tiradentes em um longínquo 21 de abril. Havia sido armado um altar para a celebração da primeira missa campal, na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio da Justiça. Sobre o altar, a mesma cruz diante da qual se celebrara a Primeira Missa no Brasil, havia quatro séculos, trazida da Diocese de Braga, em Portugal, onde é venerada como relíquia. (SILVA, 2004, p.111). Dessa forma, conclui-se. Brasília estava inaugurada. JK deflagrou o progresso com a transferência da capital federal introduzida na região campestre do país. Amparado nas ideologias das outras constituições e de outros idealizadores conseguiu tirar o Brasil do litoral, levando-o ao centro, para o sertão. Desde o fim do século XIX até a eleição de JK, todos os governos tangenciaram a mudança da capital para aquele ponto do país, nascera com José Bonifácio, o Patriarca da Independência, que sugerira o nome de Petrópolis ou Brasília, ainda na constituinte de 1823, para a nova capital. (Revista Veja, 2009, p. 34) Brasília surgiu e transformou o sertão, oferecendo-lhe estradas e uma nova integração ao país. Hoje está estampada na história dos tempos, mesmo como a última acrescentada ao Plano de Metas, porém uma arquitetura de fantasia que valeu a pena. Contudo, vale ressaltar que essa beleza retratada na cidade, teve um custo que deixou reflexos de endividamento. O custo do desenvolvimento contraiu a subordinação com o exterior. Afinal não é barato construir tanto em tão pouco tempo, esse processo acelerado fez com que o governo brasileiro assumisse uma dívida muito grande ao pegar uma grande quantia em dinheiro com os Estados Unidos da América, que resultaria numa divida externas que permanece até os dias de hoje. 2.2 A construção de Brasília e os seus dilemas sociais e políticos. Neste tópico procuramos trabalhar com as idéias de Berman, no intuito de que a modernização trouxe conseqüências para o que era proposto com a transferência da capital federal, fizemos uma analise nos documentários, eles foram feito pelo centro de pesquisa no 30 qual utiliza o contexto histórico baseado na memória, onde os ex-operários revelam como era as condições de vidas nos acampamentos no período em que eles estavam trabalhando para construir Brasília a Capital Federal, e estamos analisando também a música Faroeste Caboclo de Renato Russo que faz uma critica através de sua letra. Segundo Berman (2007), se analisarmos todo o processo modernista de expansão, desenvolvimento e urbanização, se podem entender Brasília como um empreendimento pensado e objetivado em uma perspectiva de uma cidade bela e aconchegante, onde as pessoas se sentiam em casa. Se olharmos por esse prisma, a cidade acima mencionada, fora uma bela obra, apresenta uma “arquitetura” inovadora e moderna, ou seja, o projeto de construção e transferência teve sucesso. A obra e as perspectivas políticas conseguem alcançar os seus objetivos, contudo, questionamos outra coisa: com a cidade moderna o que há de mudança na vida das pessoas envolvidas nesse contexto? A cidade foi um projeto político com fins sociais ou apenas visava à neutralização de manifestações e reivindicações de ordem social? Ou seja, pensar Brasília é perceber que há uma enorme complexidade envolvida na sua construção e efetivação no que diz respeito a sua transferência. Assim, podemos notar que com o surgimento de Brasília, surgem também os problemas. Na concretização podemos ver que o homem planeja e organiza os seus ideais para conseguir concretizar as suas vontades. E para realizar o objetivo da transferência da capital federal, fora necessário recursos financeiros, organização e racionalização do processo como um todo. Além do apontado, também fora necessário a utilização da mão-de-obra. E essa força de trabalho foi dentro outros denominados de operários. Esses aqui chegaram a pleno centro oeste para vender sua força de trabalho, segundo Carvalho (2009) saíram de cidades vizinhas e principalmente do nordeste em busca de sobrevivência. Os imigrantes foram os que tornaram possível realizar essa obra e participaram da ideologia do novo, do moderno. Nesse processo em que os operários se juntam para realizar objetivo político e físico de Brasília, os termos com os primeiros a participarem ou sofreram os problemas. Podemos notar que há dois momentos: em um, os trabalhadores estão satisfeitos em concluir a obra; e outros não estão satisfeitos devido a descobrirem que não poderão usufruir da obra concretizada. Assim, os trabalhadores não estão inseridos no projeto da nova cidade, a Capital Federal, pois a cidade foi projetada apenas para instalar a sede do governo. Brasília sendo projetada sem ter o mínimo de intenção de se expandir, segundo as idéias Berman (2007), não tinha espaços para esses trabalhadores se instalarem, pois a única cidade que foi planejada para abrigar os políticos em questões foi à cidade denominada de Guará. 31 Com isso, temos o começo dos processos da modernização e urbanização no Brasil, não que eles sejam os culpados, mas sim quem faz a sua gerencia, administração. De acordo com Berman (2007) Brasília não foi projetada para resolver os problemas de ordem social, ela foi um espaço que tinha uma realidade física concreta e real, mas carregava uma ideologia que camuflava problemas de ordem política e econômica. Os vários problemas sociais no quais os trabalhadores ou operários. De acordo com Berman (2007, p. 13), Brasília foi projetada para manter a população ao certo grau de distância, pois estando localizada no centro oeste se tornaria difícil ter acesso a ela, essa distancia ajudaria a preservar contra qual quer tipo de protesto de reivindicações ou até mesmo uma ataque inesperado, acredita se que as manifestações não teriam força e nem organização para conseguir chegar a Brasília já que esta situada tão longe dos grandes aglomerados populacionais. “O projeto de Brasília talvez fizesse sentido para a capital de uma ditadura, comandadas por generais que quisessem manter a população a certa distancia, isoladas e controladas” (Berman 2007, p. 13). Assim, o autor Berman relata que: Será que deixamos para traz os dilemas que surgem quando “tudo que é sólido desmancha no ar”, o sonho de uma vida em “o livre desenvolvimento de cada um é a condição para o livre desenvolvimento de todos”. (BERMAN 2007, p. 17). Através dessa citação podemos notar que não é deixado para trás a questão de tudo que é sólido desmancha no ar, pois o Estado não estava preocupado com o desenvolvimento de todos, o estado estava preocupado apenas com o desenvolvimento das cidades enquanto sede do governo parlamentar, que acabou por se desmanchar, a partir das transformações que ocorreu com a criação da cidade nova, pois foi criado apenas para ser a sede do governo. Mas foi através dela que surgiu a ideologia de que com o desenvolvimento da cidade as pessoas que nela trabalhou teriam um grande desenvolvimento cultural e político fazendo parte de uma nova sociedade que estava em construção, onde cada um poderia controlar seu próprio futuro e garantir seu espaço na nova cidade moderna que acaba de surgir. Mas segundo Vladimir Carvalho: Brasília surgiu com esse povo vindo trabalhar na construção, pessoas mais ou menos caracterizadas, uma massa imensa de trabalhadores. O nordeste, na década de 1950, começou a dar mostra de que havia uma espécie de insatisfação ou angustia social, uma pobreza que fazia uma pressão muito grande e passou a preocupar o governo. O Problema é que essa tensão era como um rastilho de pólvora e poderia explodir a qualquer momento. Eu senti isso muito depois que vim para Brasília. Descobri que essa massa toda vinha esse êxodo, terminou por funcionar como uma válvula de escape dessa tensão. Brasília funcionou como uma espécie de eldorado, que eles viam com a possibilidade de sobrevivência, de escapar da fome, da miséria e da seca. Brasília chegou a 60 mil trabalhadores, com um contingente imenso de nordestinos. (CARVALHO, 2009, p. 29). 32 Como a citação nos demonstra, entendemos que Brasília não foi construída somente por pessoas que já habitavam a região do centro-oeste, e foram em busca de novas perspectivas novos sonhos que essa grande população deixou para traz sua terra natal e seus familiares, mas ao chegarem a Brasília em busca de trabalho se deparam com uma realidade totalmente diferenciada, mas por já estarem ali permanecem e trabalham. Dando continuidade as idéias de Carvalho (2009) e com tanto sofrimento vão adquire novas ideologias, que surge dos operários em conseguirem fica e se instalarem nessa nova cidade e que vai dar inicio as chamadas invasões, local onde essas pessoas constroem barracos um do lado do outro no intuito de conseguirem a legalização do terreno, e com isso os outros problemas vão surgindo como falta de água tratada, falta de esgoto, precariedade no requisito saúde e falta de educação para essa nova sociedade que estava surgindo. Logo, junto à perspectiva de modernização, temos o seu contraste, ou seja, de um lado a bela e planejada cidade, do outro os operários desfavorecidos que através de invasões buscam marcar seus territórios e manter viva a sua história. Segundo Geraldo Campo: Em 1960, quando houve a mudança da capital, veio os funcionalismo todo, a Câmara dos Deputados, o Senado e os tribunais. Os prédios de apartamentos que estavam prontos foram destinados a abrigar os funcionários que vieram. E nós que estávamos aqui, os 6 mil da Novacap e os outros, dissemos: “ Não temos direito a nada? Nós enfrentamos a lama a poeira e não temos nada?” Ai se formou a associação dês Servidores da Novacap, em 1960, no ano da mudança. Numa eleição muito disputada, eu fui eleito presidente. Fiquei no cargo de 1960 a 64, quando chegaram os militares. E ai tivemos que sair de Brasília. (CAMPOS, 2009, p.29). Tomando a citação com norte, não podemos deixar de notar que as únicas residências que foram feitas através de planejamentos e arquitetadas foram os apartamentos que foram destinados os funcionários que vieram para trabalhar na sede do governo. E é ai que através dessa indagação os operários começam a reivindicar seus direito de permanecer no local, pois foram eles quem sofreu e deram o sangue para que a cidade moderna fosse erguida e se encontrasse nessas condições. E foi através dessas reivindicações que Brasília passou a ser vista pelo mundo todo, e todos sabiam o que estava ocorrendo em tempo real na cidade planejada, ou seja, você tem uma cidade mascarada, é um ponto que realmente tem que ser discutido para não desvirtua o plano e, não parar no tempo. Segundo Berman (2007), Brasília perdeu o requisito no que se diz respeito ao desenvolvimento mundial, pois até então o desenvolvimento era para o Estado e não para a população que trabalhou em sua construção. Para ela um problema crucial é a questão do 33 entorno que eu já havia citado acima, pois Brasília é hoje por sua vez estratificada. Onde se tem o Plano Piloto que é a maior renda perca pita do Brasil, onde esta considerado o melhor índice de desenvolvimento humano, que por sua vez, é considerado um dos melhores do mundo. E que podemos observar que com essas qualidades ainda possui uma má estrutura no qual possui cidades como Estrutural, Itapoá na qual está concentrada um grande percentual numérico de pessoas pobres dentro de um quadrilátero, desprovidos das assistências sociais. E podemos observar que esse entornou esta crescendo cada vez mais desordenadamente, e que sofrem sem uma política de desenvolvimento definida. Tomando como referencia Silva (1997), podemos entender que as pessoas que estão correndo para o entorno estão em busca de uma vida melhor para si e seus familiares, que por sua vez, encontra nesse entorno um aluguel mais barato, que facilita o acesso à moradia, mas pode se observar que a vida dessas pessoas ainda esta relacionada com a cidade de Brasília, pois o entorno não atende as suas necessidades básicas para sobreviver, esse entorno não lhe oferece emprego e nem instituição para tratar da saúde, então para suprir suas necessidades vão recorrer a esses requisitos em Brasília. Confuso Conseqüentemente essa locomoção faz surgir mais um problema, pois as maiorias das pessoas que trabalham em Brasília acabam votando lá, e isso faz com que os políticos do Estado do Goiás não invistam em recursos sociais para suprir as necessidades desses moradores porque não obtém resultados nenhum na política dos votos. Esse ponto é fundamental para ser observado e resolvido para o presente e o futuro de Brasília. Pois podemos observar que o entorno é um aro nos arredores de Brasília que depende dela mais não é vista por ela, e como pode ser considerada um Patrimônio Cultural da Humanidade se não enxerga seus filhos tão próximo dependente dela! Brasília foi transferida para existir uma sede de governo, esse como tal tem por obrigação buscar de todas as maneiras possíveis atenderem as necessidades não só da população que vive em seu entorno, mais de modo geral da população brasileira! (Memória do Distrito Federal, 2009, p. 98). 2.3 A Capital Federal: Brasília e a Modernidade. Um dos planos e metas de JK foi realizado que era a construção de Brasília e junto a este feito veio a modernização, que por sua vez fez com que o Brasil cresce em termos econômicos, mas, grande parte da população que antes desta modernização tinham o que 34 comer, agora já não tinham mais e a situação se agravava cada vez mais. E essa grande população trabalhadora sofreu para que este sonho de JK se realizasse e por fim acabaram se deparando com uma realidade diferente das quais sonharam, pois foram excluído ao invés de serem acolhidos por essa nova sociedade que estava nascendo. Podemos perceber que os acontecimentos que surgiram através da modernização, veio para melhorar e, no entanto acabou trazendo com ela uma serie de problemas sociais, onde os proletariados tentam sobreviver em uma sociedade tão mal dividida, na qual os governantes não se preocupam com o bem estar dessa massa no qual só servem para vender seu trabalho a um preço bem inferior ao que deveria ser pago, é evidentemente que essa má divisão só serviu para caracterizar que a massa não tivesse poder sobre as políticas de desenvolvimento, ou seja, não poderia participar das escolhas que seriam feitas para melhorar a política no âmbito social e que os territórios brasileiros sofressem uma nova divisão, fator este que se espelha até os dias atuais. Com a modernização do país as disparidades econômicas surgiram com mais clareza, visto que no período pós-planos de metas de JK houve uma desigualdade social grande, o poder ficou concentrado nas mãos de poucos, e esse pouco não aceitava a participação da população que estava em busca da igualdade social. É o que podemos perceber com Berman: O capital se encontra cada vez mais nas mãos de poucos. Camponeses e artesões independentes não podem competir com a produção de massa capitalista e são forçados a abandonar suas terras e fechar seus estabelecimentos. (BERMAN 2007, p.113). Dessa forma, se estabelecermos um dialogo com a citação, perceberemos que no contexto de criação e desenvolvimento de Brasília os operários não têm como competir em pé de igualdade com os capitalistas e acabaram saindo de Brasília para se instalarem nas cidades satélites e entorno onde passam a residir ou voltarem para sua terra natal. Com base no documentário História de Paranoá que é parte integrante da tese do professor Dr. Ulysses Telles Guariba Netto realizada do ano de 1996 à 1999, realizado pela USP de São Paulo com o apoio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e UNB Universidade de Brasília podemos notar que, Paranoá cidade satélite de Brasília foi fundada como intuito de abrigar os operários que vieram para o sertão trabalhar na construção da capital, as companhias fixavam os acampamentos onde eram dividido para os casais e os solteiros, as mulheres só vieram morar com seus maridos bem depois, as outras cidades que tiveram o mesmo intuito foram: Candangolandia, Núcleo Bandeirante, Taguatinga, Cruzeiro, Sobradinho, Gama, Guará. 35 Na cidade do Paranoá existiam armazéns que eram feito de maderite para atender as necessidades dessa população, e nesses armazéns eram feitas suas compras, e para poder comprar os trabalhadores recebiam um vale compra do Estado no qual ordenavam que pudesse ser gasto apenas 45% do seu salário, e os outros 55% deveria ser para suprir as outras necessidades. A vila Paranoá foi criada em janeiro de 1957, com a chegada dos primeiros trabalhadores para a construção das obras da Barragem do Paranoá. O nome Paranoá e uma variante de Paranaguá (paraná= rio caudaloso ou mar+ cuá= bacia, cavidade), que significa enseada do mar, baía fluvial. Após a inauguração de Brasília, os pioneiros permaneceram no local, devido à necessidade de conclusão das obras da usina hidrelétrica. Na época, o acampamento de operários abrigavam 3 mil moradores, em 800 barracos assentados na ombreira norte da barragem. (Memória do Distrito Federal, 2009, p.122). Os homens viviam só e trabalhavam por longas horas e devido a pressão dos operários estes conseguiram alguns benefícios como a vinda de suas famílias. Logo com a chegada das esposas e filhos desses operários na cidade do Paranoá o governo se ver encurralado e levanta uma escola para essas crianças estudarem, mas só teria o ensino até a quarta serie então, logo depois de concluir esse ensino os pais se viram obrigados a por os filhos para continuar seus estudos, mais o colégio mais próximo era o Bernado Saião algo impossível, pois os mesmos não tinham condição de ir por não terem meios de transporte. Segundo Berman (2007), esses operários começam a sentir na pele a queda dos seus sonhos que traziam com sigo de sua terra natal, pois veio buscar melhorias e acabaram encontrando sofrimento, pois suas expectativas são postas no chão ao chegar aqui e se depararam com uma realidade diferente do que imaginaram e seus sonhos virão desilusões, longe de casa tinham que trabalhar até vinte quatro horas por dia para dar conta de cumprir o prazo estabelecido e recebiam pouco e suas horas extras não recebiam, podemos notar que era um trabalho escravo em meio século XX. Para Arendt Hannah, dentro da visão de Marx o trabalho passou a ser instruído pelos meios de violência, isso está relacionado ao tradicionalismo sendo para Marx quase impossível de se perceber e algo difícil de ser aniquilado. Assim o governo passa a ser o mentor desta violência e o mais importante é que as pessoas não percebem, assim como não perceberam no período da construção e ainda não conseguem ver. Vejamos o que Arendt relata sobre a visão de Marx: Para Marx, pelo contrário, a violência, ou antes a posse de meios de violência, é o elemento constituinte de todas as formas de governo; o Estado é o instrumento da classe dominante por meio do qual ela oprime e explora, e toda a esfera da ação política é caracterizada pelo uso da violência. (ARENDT, 2007, p. 49). 36 Neste trecho vemos que o governo manipulam as pessoas através dos meios governamentais, podemos perceber isso diariamente com a política atual, pelos programas que o governo realiza para ajudar o pobre e por outro lado passa a cobrar impostos caros sobre os produtos que este mesmo povo compra com o dinheiro “ajuda” dada pelo governo. É como Marx diz é pura “utopia”. Seguindo o documentário sobre a História de Paranoá além de tanto trabalho eles não podiam se divertir em uma roda de amigos para contar casos e esquecer um pouco de sua solidão, pois eram abordados pelos militares, que batia nesses operários para garantir que não formaria nenhuma organização no qual poderia atrapalhar a construção ou incentivar os operários a reivindicar seus direito. É o que podemos perceber pela fala de Michel Foucault. [...] vigiado em todos os seus pontos, onde os indivíduos estão inseridos num lugar fixo, onde os menores movimentos são controlados, onde todos os acontecimentos são registrados, onde um trabalho ininterrupto de escrita liga o centro e a periferia, onde o poder é exercido sem divisão... (FOUCAULT, 1987, p. 163). Através da citação percebemos que o poder político inibe qualquer reação ou ação do homem dentro de uma sociedade, onde suas vontades não são respeitadas e quando estão estas autoridades são quebradas, todos são punidos. Assim percebemos que em Brasília os candangos que se instalaram nas cidades satélite viviam sempre temerosos com relação a repressão vindas do poder militar. De acordo com Berman (2007), podemos notar que trabalhadores e/ou operários se encontram em uma luta de classe que se define em burguesia e proletariado, essa classe de proletariado tiveram que abrir mão de sua vida no campo ou cidades vizinhas em busca de garantir sua sobrevivência, pois cada vez mais os mundos vêm se modernizando e o capitalismo aumentando, e forçando essas pessoas a acompanhar esse desenvolvimento global. Esses processos globais (modernizadores) de racionalização atuaram na vida econômica provocando a dissolução das formas de produção característica do feudalismo e a formação de uma mentalidade empresarial moderna baseada na previsão, no calculo e em técnicas racionas de contabilidade. (MACHADO 2002, p. 13) Desta forma vemos que a modernização serve para clarear e mudar as ideologias das pessoas, pois agora não trabalhavam só para sua sobrevivência, agora estavam em busca de aumentar seus bens matérias de forma que passassem a lucrar com isso e aumentar sua renda. E foi através desse novo pensamento que os fundadores da capital foram vendo seu sonho sendo destruído com o aumento de movimentos de invasões de áreas públicas, no qual essa 37 massa se viu com chance de adquiriram um bem material que é a tal sonhada casa própria, segundo Silva (1997, p. 90). Portanto podemos notar que o Distrito Federal tem um grande problema como qual quer outra cidade desenvolvida que são: os problemas de infra-estrutura, saneamento, educação, saúde, moradia que conseqüentemente geram as invasões irregulares de áreas públicas isso ocorre pelo fato de que a uma carência muito grande de imóveis urbanos para todos de maneira acessível. Essa é uma das carências que Berman relata a falta de hospedagem par seus habitantes, que vamos ver logo no subtopico abaixo onde vão encontrar empreguinado em nosso texto a relação da desilusão. 2.4 A Construção de Brasília: um sonho ou desilusões, o que ficou? Marshall Berman (2007) quando veio ao Brasil em agosto de 1987, fazer uma exposição sobre seu livro teve um choque muito intenso em relação ao modernismo, logo então ele relata que a cidade de Brasília avistada do auto é sem duvida fascinante, pois os arquitetos buscou até então montar uma estrutura o mais moderno possível, ao traçar a nova cidade em um formato de avião a jato, segundo Berman essa é a visão de todos que vem a Brasília do auto pela primeira vez. Mas a partir de Berman (2007) Brasília é uma cidade em que as pessoas moram e trabalham, mas não tem condições nenhuma de hospedar sua população, ele expõem que os indivíduos que habitam a cidade se sentem sozinho, como se fossem um homem na lua, esses homens se sentem rejeitados e sem o apoio do estado, é ai que a grande maioria da população que residem em Brasília passa por grandes frustrações. Partindo da premissa de que Brasília foi criada para encantar os que iam a passeio, podemos fazer uma analise sobre a música “Faroeste Caboclo”, pois a letra vem nos mostrar de maneira mais clara a visão das pessoas que ainda não conheciam e como estas após conhecerem e viverem nesta nova capital passou a perceber que lá não era lugar para os menos favorecidos, tudo pode isso relatado pode ser percebido pela história contada de um personagem. Esta música de autoria de Renato Russo e interpretado pelo grupo Legião Urbana, em 1979, mas só foi lançada oficialmente em 1987, tem características marxistas é um dos fatores que estivemos relatando em toda a discussão, pois está música demonstra a permanecia da 38 ascensão da burguesia fator responsável pela mais valia, onde o pobre entra com a mão de obra e o rico com a usurpação do poder. Na canção há um personagem principal como o nome de João de Santo Cristo, no qual teve sua vida a reclamar do sistema político seja ele, educacional, social, econômico e cultural, em todo momento podemos perceber que há uma critica ao sistema capitalista é o que podemos perceber com este trecho da música: Quando criança dó pensava em ser bandido. Ainda mais quando com um tiro de soldado seu pai morreu. Era o terror da sertania onde morava. E na escola até o professor com ele aprendeu. Ia pra igreja só pra roubar a dinheiro. Que as velhinhas depositavam na caixinha do altar. Sentia mesmo que era mesmo diferente. Sentia que aquilo ali não era o seu lugar. (RUSSO, Faroeste Caboclo 1979). A idéia com esta música é mostrar a questão dos sonhos e as desilusões, não de um só cidadão descontente mais sim usar este exemplo para mostrar a desilusão de vários outros que si instalaram em Brasília, e neste trecho representa bem esse desfecho, onde mostra a vida de uma pessoa ao sair de sua terra natal em busca dos seus sonhos, mas acaba se deparando com uma realidade muito diferente da que tinha em mente. Todas as características da música podem ser trazidas para os dias atuais nada do que é exposto difere ao que as pessoas pobres vivem, pois sempre vemos em telejornais que os povos de várias localidades não só do país, mas, do mundo que estão descontentes com o atual governo, percebe-se uma exclusão social por parte dos governantes. É o que podemos perceber nesta fala de Gonçaves reforçando o que Renato Russo expõe na música sobre as desilusões que o personagem tem com a então Brasília. Na sociedade brasileira atual, contudo, a grande maioria da população, especialmente os setores condenados à exclusão social, deixam sua terra e sua gente não por um ato livre, mas por motivos de vida ou morte. Está em jogo a própria sobrevivência. Daí nossa insistência em que ao direito de ir e vir corresponde o direito de “ficar”. (Gonçalves, 2001, p. 174) É visível em vários trechos da música que existia perspectiva de um futuro melhor, o mesmo retratado por vários autores que analisamos onde, todos os migrantes sentiam na pele a descriminação por causa de sua raça e sua cor, e o pouco caso que os políticos fazem para ajudar. O personagem João de Santo Cristo de tanto andar em vários lugares chegou a Salvador sempre buscando por melhores condições de vida, e lá, ele se deparou com os comentários de que em Brasília era o lugar lindo e bom de viver. Vemos o que Renato Russo mostra: E lá chegando foi tomar um cafezinho, e encontrou um boiadeiro com quem foi falar e o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder a viagem, mas João foi lhe salvar. Dizia ele “Estou indo pra Brasília neste país lugar melhor não há. Estou precisando 39 visitar a minha filha, eu fico aqui e você vai no meu lugar”. (RUSSO, Faroeste Caboclo, 1979). Como todos que chegavam em Brasília ele ficou encantado com tanta beleza. “Ele ficou bestificado com a cidade. Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal”. “Meu Deus, mas que cidade linda”. (RUSSO, Faroeste Caboclo, 1979). A beleza e a modernidade de Brasília atraiam e atrai centenas de pessoas o que fez em seu período pós-construção uma aglomeração de pessoas as quais não tinham perspectivas de trabalho, pois o custo de vida em Brasília era muito auto e o que ganhavam era pouco para o seu próprio sustento. Para Luiz Sérgio Duarte da Silva, Brasília era um lugar de pensar em fantasias de sonhos, onde este pensar era solitário, pois neste lugar não havia espaço para pensar coletivamente, o estrangeiro passou a ser um aventureiro, capaz de passar por várias privações para realizar seus ideais, o autor diz ainda: Brasília em construção era espaço do malandro, do sonhador, do aventureiro, do estrangeiro e do candango (na raiz quimbundo: „ruim, ordinário, vilão‟). As regiões de fronteira (indeterminadas e indefinidas) aparecem como eldorado para todos os desarraigados que podem estabelecer-se. Todos eles sós, individualizados, sem boas maneiras, “cada um por si”, “na rua”. Ao mesmo tempo, submetidos a uma organização moderna... (SILVA, 1997, p. 83). Quando vemos o relato de Silva percebemos que a música de Renato Russo expõe de certa forma que João de Cristo era um aventureiro como os vários que foram para Brasília e que pela falta de oportunidade caíram na malandragem, fazendo de sua solidão algo para justificar seu modo de viver. A grande maioria destas pessoas que vinham para Brasília se via em um lugar vazio, sem rumo se sentiam só, esta solidão era refletida tanto nos que ficavam em sua terra natal quanto os que partiam deixando muitas vezes uma história de vida para traz. A adaptação em Brasília não era bom, pois o que eles esperavam era uma situação que melhoria e não o que encontraram. De acordo com Gonçalves essa situação era amenizada com a ajuda dos colegas que já estavam ali algum tempo: Situação de solidão, de saudade e de anomia repetem-se com freqüência. Na saída, sofrem quem parte e quem fica, na chegada nem sempre é tranqüila a adaptação ao novo local. Nesse momento, não raro o desespero pode bater a porta. Daí a necessidade de criar e fortalecer grupos de acolhida, por meios dos quais os laços rompidos possam ser gradualmente reatados. (GONÇALVES, 2001, p.181). Como vimos no documentário sobre a História de Paranoá, as muitas pessoas que chegavam eram encaminhadas para as cidades satélite e a música menciona que o personagem João de Santo Cristo foi para uma destas cidades com o nome de Taguatinga trabalhar como carpinteiro e passou a ganhar uma mixaria que nem dava para se sustentar. Vejamos: “E o 40 Santo Cristo até a morte trabalhava, mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar. E ouvia às sete horas o noticiário que dizia que o seu ministro ia ajudar”. (RUSSO, Faroeste Caboclo, 1979). E sem sombra de duvida que estas desigualdade sociais fez com que a criminalidade aumentasse em Brasília e seu entorno. Na música esse fator fica claro que João e muitos outros assim como ele foram vitimas do sistema capitalista, que compra todos com a modernidade, porém não há sustenta em termos sociais, econômicos e culturais, pois isso não é do interesso deste sistema. É o que podemos confirmar com o fim da canção: “E João não conseguiu o que queria, quando veio pra Brasília, com o diabo ter, ele queria era falar com o presidente, pra ajudar toda essa gente que só faz...” Sofrer... (RUSSO, Faroeste Caboclo, 1979). Quando Renato Russo escreveu a música, ele falava da realidade daquela época, e que ainda hoje, essa música representa a realidade de muitas pessoas. E ainda existem pessoas que deixam suas cidades e vêem para Brasília, sonhando com uma realidade diferente da qual encontram, é necessário e que fique claro que na Capital Federal, várias pessoas se deram bem e ainda estão financeiramente bem, o que dizemos aqui é com relação aos que pra Brasília seguiram no período de construção, esses sim sofreram muito, porém não quer dizer que todos que sonham em viver em Brasília não deva ir. 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste trabalho monográfico foi mostrar e interpretar todas as ações que permearam a construção de Brasília e as expectativas tanto dos políticos que a idealizaram quanto a dos operários que a construiu, ambos tinha uma relação com a construção de Brasília, desde o inicio de sua transferência até a sua concretização, esses operários esperavam por uma melhoria de vida e viam em Brasília uma alavanca propulsora do progresso e desenvolvimento, no qual eles queriam fazer parte. Defendemos em nosso trabalho a idéia de que Brasília não representou tudo o que esses operários esperavam, pois esperavam fazer parte dessa nova sociedade que surgia, imaginava que através dessa transferência Brasília os acolhesse, e que fariam parte dessa nova sociedade, não só como fruto do trabalho, mas sim com filho dessa nova sociedade, mas, no entanto essa realidade foi bem diferente do que imaginaram, e foi onde as expectativas foram dando lugar às frustrações. Não estamos citando que o progresso não veio em momento algum, mas estamos relatando que esse progresso chegou de maneira desordenada, pois ele não veio de maneira igual e nem fez de seus benefícios em prol de todos. Esses operários largaram suas vida nas cidades onde moravam, deixaram para traz seus familiares em busca de sua própria sobrevivência, e ao chegar ao local onde seria erguida a fura capital do Brasil passaram por enumerara modificações, onde tiveram que se adaptar a uma nova realidade, e nessa nova realidade tiveram suas rotinas alteradas da noite para o dia. Suas culturas sofreram interferências de outras culturas que agora eles precisavam assimilar. O grande fluxo de pessoas que vieram para trabalhar na construção da nova capital federal fez com que a mentalidade desses operários fosse mudada e novas ideologias começavam afluir nas mentes desses trabalhadores, no entanto eles pensavam se temos o direito dei ir e vir trabalhar aqui, temos o direito de escolher se queremos voltar, então a partir dessa nova ideologia começam a cobrar que fossem aceitos e queriam ficar ali, pois eles tinham o direito de permanecer na cidade porque a cidade só existe porque eles, pois em prática tudo que estava só no projeto. No entanto podemos notar que eles não foram aceitos, mas conseguiram permanecer por motivo de força maior, pois eram um grande número de pessoas que lutavam pelos mesmos objetivos, conseguiram se instalarem, mas não de forma adequada, a estrutura da cidade os programas sociais não foram criados para satisfazer essa massa de operários e suas famílias, e onde podemos notar a falta de oportunidades que circunda as pessoas que habitam ainda hoje Brasília. A realidade ainda continua sendo a mesma as pessoas ainda se migram 42 para lá em busca de melhoria e ao chegar lá se deparam com uma realidade bem diferente, e acabam sofrendo mais do que se estivesse em sua terra, pois a cidade foi projetada para poucos sobreviverem ali, pois o custo de vida não sai barato, e a moradia e escassa para a grande maioria. Buscamos trabalhar os fatos aqui discutidos, juntamente com os teóricos de debatem sobre ideologias, modernidade, historiadores, para isso acontecer utilizamos documentários eletrônicos, livros e vídeo documentários, enfim dados necessários fundamentares para dar embasamentos às idéias discutidas. Entretanto girando o maior foco no sonho e decepções que os operários sentiram com a realização da construção de Brasília. Entretanto podemos perceber que as massas trabalhadoras daquele período tiveram expectativas durante as obras, que acabaram em sua grande maioria virando frustrações, e que os males que o desenvolvimento trouxe com a modernidade foram bem maiores, e que ainda estão visíveis na atualidade dessa grande sociedade, primordialmente nas regiões que circunda Brasília as chamadas de entorno que também são nomeadas de cidades satélites. 43 BIBLIOGRAFIAS ARENDT, Hannah. 1906-1975. Entre o passado e o futuro. 6° ed. São Paulo: Perspectiva, 2007. ALÔ ESCOLA. A Questão Cultural no Brasil. http:// tv cultura com. br/aloescola/ historia/guerrafria/guerra12/questaoculturalnobrasil.htm, acessado em 23 de julho de 2011, às 15 h). Artigo de Hélio de Andrade e silva acessado em 26 de setembro 2011 as 1:15http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/29839-29855-1-PB.pdf Artigo de Adriano Pinheiro, Direito a Moradia, acessado em 26 de setembro 2011 as 11:23 http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/9809-9808-1-PB.pdf Berman, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. Tradução Carlos Felipe Moises, Ana Maria L. Ioriantti. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. BERNARDO, João. Economia dos conflitos sociais. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2009. BERTOLLI, Cláudio Filho. Retrospectiva do século XX: de Getulio a Juscelino 19451961. Brasília: Ática, 2000. BERTRAN, Paulo. Uma introdução à história econômica do Centro-Oeste do Brasil Brasília: CODEPLAN, Goiás: UCG, 1998. BRASILIA. Distrito federal: Aspectos históricos http://biblioteca.ibge.gov.br. Acessado em 21 de julho de 2011, às 22h: 50 min. CHAUI, Marilena. Convite a Filosofia. 9. ed. São Paulo: Ática. 1997. COTRIM, Gilberto. História global: Brasil e geral. São Paulo: Saraiva 2007. DORETTO Juliana. Brasília: Niemeyer plantou curvas líricas no planalto Central http:// www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias, acessado em 27 de julho de 2011, às 21 h e 27 min. DOCUMENTO VERDADE ESPECIAL. JK: o Brasil que ele sonhou o Brasil que ele fez. São Paulo: Escala, 1976. FERREIRA, José Roberto Martins. História: mapas históricos, documentos, memória e história/ Martins. São Paulo: FTD, 1996. FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão: tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987. GONÇALVES, Alfredo José Gonçalves; Migração Interna, evoluções e desafios, estudos Avançados, 2001. 44 MACHADO, Maria Cristina Teixeira. Lima Barreto; um pensador social na Primeira República /Maria Cristina Teixeira Machado. - Goiânia: Ed. Da UFG: São Paulo: Edusp, 2002. MARX, Karl, 1818-1883: A ideologia alemã/ Karl Marx e Friedrich Engels; tradução Luis Cláudio de Castro e Costa. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. NAVES, Marcio Bilharinho, 1952- Max: ciência e revolução/ Marcio Bilharinho Naves. São Paulo: Moderna: Campinas, SP; Editora da Universidade de Campinas, 2000. NETTO. Ulysses Telles Guariba. Documentário História de Paranoá. USP de São Paulo com o apoio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e UNB Universidade de Brasília. Brasília: 1996 à 1999. ORDONEZ, Marlene. QUEVEDO, Júlio. História: Coleção Horizontes. São Paulo: IBEB, 2008. PESAVENTO, Sandra Jatahy. Cidades visíveis, cidades sensíveis, cidades imaginárias. In Revista Brasileira de História, nº 35. Vol. 27. ANPUH, 2007. PILETTI, Nelson & PILETTI Claudino. História e vida integrada. São Paulo: Ática, 2005. RODRIGUES, MARLA. Juscelino Kubistchek. http://www.brasilescola.com/historiab/juscelinokubitschek.htm, acessado em 22 de agosto 2011, às 09 h: 11min. RUSSO, Renato. Legião Urbana. Brasília: Acústico de MTV. Faroeste Caboclo. 9 min., 1979. http://vsites.unb.br/ics/sol/itinerancias/bsb/historico/c_satelites.pdf, acessado em 21 de outubro de 2011 as 14:34. SANTIAGO, Emerson. Marcha para o Oeste. http://www.infoescola.com/historia-dobrasil/marcha-para-o-oeste/. Acessado em 11 de julho de 2011. SILVA, Ernesto. História de Brasília: um sonho, uma esperança, uma realidade. Brasília: Printed in Brasil, 1997. SILVA, Hélio. Desenvolvimento e democracia: 1956-1960. São Paulo: Três, 2004. SILVA, Luiz Sergio Duarte da. A construção de Brasília: Modernidade e periferia. Goiânia: UFG, 1997. VALIN, Ana; Migrações: da perda de terra à exclusão social/ Ana Valin. São Paulo: atual. 1996. (espaço em debates). VASCONCELOS, José Adirson de. A mudança da capital. Brasília: S/A Correio Brasiliense, 1978. VEJA Revista. Brasília 50 anos. ano 42, nº 2138. Abril, novembro de 2009.