CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Nome: COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS Número: 1.372/99 Data: 02/12/99 DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REVISÃO DE COMISSÕES TEXTO COM REDAÇÃO FINAL COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS EVENTO : Audiência pública Nº: 1372/99 DATA: 02/12/99 DURAÇÃO: 38min PÁGINAS : 12 QUARTOS: 8 REVISORES: ODILON DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO MAURO JOSÉ MIRANDA GANDRA - Presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias. ANTÔNIO PACHECO DA SILVA - Diretor do Sindicato Nacional dos Aeroviários. GRAZIELA BAGGIO - Presidenta do Sindicato Nacional dos Aeronautas. SUMÁRIO: Discussão acerca da implementação da Proposta de Fiscalização e Controle nº 60, de 1997. OBSERVAÇÕES Comandante Jenker(?) - págs. 4 e 7. Mark Wives(?) - pág. 5. Não foi possível checar a grafia correnta dos nomes acima citados. CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Nome: COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS Número: 1.372/99 Data: 02/12/99 O SR. PRESIDENTE (Deputado Flávio Derzi) - Declaro aberta a presente reunião de audiência pública para implementação da Proposta de Fiscalização e Controle nº 60, 1997, de autoria do Deputado Celso Russomanno, que "propõe a esta Comissão que fiscalize o Ministério da Aeronáutica em sua atuação de controle nos procedimentos de manutenção de aeronaves, de segurança, de proteção ao vôo e à política de tarifas aéreas aplicadas pelas empresas nacionais. Ressaltamos, conforme disposição regimental, que o Deputado Regis Cavalcante, na qualidade de Relator dessa PFC, é o responsável pela sua implementação". A reunião que ora se inicia é a primeira de uma série de eventos com o objetivo precípuo de implementar o plano de execução e metodologia previsto no relatório prévio do Deputado Regis Cavalcante. Gostaria de dizer também que o objetivo básico da PFC é a informação ao Sr. Relator, aqui presente, que deverá posteriormente, ao concluir seu processo investigativo, apresentar ao Plenário da Comissão as suas opiniões, recomendações e processos que deverão ser implementados, desde decreto legislativo até ações do Tribunal de Contas ou ações do Ministério Público, que assim se façam necessários. Convido para tomar assento à mesa para suas exposições e posteriormente serem questionados pelos Sr. Relator e demais Deputados que assim o desejarem o Presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias, Brigadeiro Mauro José Miranda Gandra, a Sra. Presidenta do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino. Convido, também, a Sra. Presidenta do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio. (Pausa.) A Sra. Selma Balbino, por problemas de transporte aéreo que atrasou o seu avião, será representada pelo Dr. Antônio Pacheco da Silva. Esclareço aos presentes que os expositores terão o tempo de até dez minutos para suas exposições iniciais, prorrogáveis a critério do Plenário, só admitido apartes durante a prorrogação. Encerradas as exposições, passarei a palavra ao nobre Relator da PFC, Deputado Regis Cavalcante, e ao autor da PFC, se assim o desejar, Deputado Celso Russomanno, e em seguida aos Parlamentares previamente inscritos, que terão o prazo de três minutos completos. Concedo a palavra, inicialmente, ao Brigadeiro, Presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias, Dr. Mauro José Miranda Gandra. O SR. MAURO JOSÉ MIRANDA GANDRA - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, vou procurar ser breve. 1 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Nome: COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS Número: 1.372/99 Data: 02/12/99 Infelizmente, tínhamos umas transparências que dariam apoio a essa pequena exposição, mas estamos sem o retroprojetor. Temos aqui alguns exemplares com os quadros que dariam esse apoio que seriam apresentados, naturalmente, em transparências. Estamos tratando da Proposta de Fiscalização e Controle nº 60, de 1997. Vamos fazer uma exposição breve, como disse, começando, por assim dizer, com a justificação da proposta do Exmo. Sr. Deputado Celso Russomanno, que finaliza com as seguintes considerações: Estamos oferecendo à apreciação desta Comissão a presente proposta de fiscalização e controle, com vista a sindicar os procedimentos administrativos e omissões por parte do Ministério da Aeronáutica no que diz respeito a sua atribuição de supervisionar, por intermédio dos órgãos que lhe são subordinados, as atividades de manutenção de aeronaves, de segurança de vôo, de proteção ao vôo. Embora não dispondo de procuração do Departamento de Aviação Civil — DAC para defendê-lo, até porque em termos de segurança de vôo as ações devem ser sinérgicas, sem que haja a busca de culpados e, conseqüentemente, necessidade de defesa, ação sinérgica essa que levou o SNEA, em março de 1998, portanto, há quase dois anos, a criar a Comissão de Segurança de Vôo, congregando os responsáveis pela segurança de vôo de todas as empresas aéreas regulares, associadas ao sindicato, assim como representantes do DAC, CENIPA, DEPV, INFRAERO, EMBRAER e até algumas empresas estrangeiras. Portanto, em função disso, gostaríamos de fazer algumas considerações. Quais são essas considerações? No que diz respeito à afirmativa de que com freqüência surgem notícias de acidentes aéreos invariavelmente com vítimas fatais, embora concordemos com a observação do índice da aviação geral brasileira, que estou fazendo, de todos os aviões que voam, ainda é alto, é necessário fazer-se uma análise apurada da série histórica. A série histórica trata do quadro nº 1, que deveria ser apresentado aqui em transparência. Este quadro nº 1 nos dá a seguinte situação. Há dez anos, no ano de 1989, o número de acidentes, em termos de aviação, toda ela geral, era de 242. Até o dia 29 de novembro de 1999, temos somente, graças a Deus, 43 acidentes. Isso considerando que em 1989 a frota era de 7.891 e que agora é de 11.719 aeronaves. Fazendo a conta, vemos o seguinte — é até um número que ficou quase redondo: naquela época, em 1989, tínhamos 0,3% de acidentes em relação à frota. 2 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Nome: COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS Número: 1.372/99 Data: 02/12/99 Hoje, temos 0,003% de acidentes em relação à frota. Estamos falando de uma diminuição proporcional de acidente cem vezes menor. V.Exas. vão ficar com esse documento e podem, depois, claro, fazer as contas que quiserem. Estamos falando de cem vezes menor o número de acidente no ano de 1989. Mas vamos falar, também, do ano de 1996, época que praticamente gerou o pedido de fiscalização e controle, porque foi em fevereiro de 1997. Naquela época eram 88 acidentes e hoje são 43. Na verdade, em termos de acidente aeronáutico, seja qual for o avião, interessa a todo o mundo, mas especificamente para as empresas comerciais maiores — e hoje mesmo as empresas regionais têm muitos aviões desse porte —, o que se verifica, em termos de aviação comercial no mundo, são aeronaves acima de 30 mil quilos de peso máximo de decolagem. Estamos falando praticamente do Foker 100, do 737 e daí para cima. Bom, nesses números, que seria o quadro nº 2, temos a seguinte figura: no ano de 1995, 0,85% acidentes por milhão de decolagem; em 1996, mesmo com o acidente da TAM — que foi uma tragédia —, 0,88%; em 1982, 0,82%; em 1998, 0%; e em 1999, 0%, até 29 de novembro de 1999. Aí V.Exas. vão dizer: ah! mas outro dia um avião da TAM saiu da pista, é um acidente. Mundialmente, hoje, isso é tratado como incidente grave. Não é mais tratado como acidente. Aqui está o Comandante Jenker(?) que também é tenente-coronel da Reserva da Aeronáutica, um homem que tem 29 anos de militância na área de segurança de vôo e é o nosso coordenador da Comissão de Segurança de Vôo e que, claro, na hora dos debates, seria até muito oportuno que pudesse fazer suas intervenções para dar esses esclarecimentos sobre o aspecto técnico da questão. Então, se virmos que temos esses três anos com 0,85%, 0,88% e 0,82%, se pegarmos os dois outros anos com 0%, embora a média seja de 0,63%, porque ainda não considera o ano de 1999, embora este ano esteja praticamente no fim, ao fazer essa divisão por cinco anos, já que estamos falando de onze meses do ano de 1999, iríamos para um índice de 0,51%. Que índice é esse de 0,51%? É o índice dos Estados Unidos e do Canadá: 0,5%. Qual é o índice da Europa? Índice de 0,8%. Qual é o índice da América do Sul, do Caribe e do México? Índice de 4,3%. África: 12,6%. China: 4,6%. Japão: 0,6%. Ásia e Pacífico: 2,7%. 3 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Nome: COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS Número: 1.372/99 Data: 02/12/99 Isso não quer dizer que segurança de vôo não seja algo de grande preocupação de todos, desde o piloto, o presidente da empresa, os funcionários. A segurança de vôo tem de ser algo extremamente importante. Mas falamos sobre segurança de vôo, e o relatório falava também de manutenção de aeronaves. No que se refere à manutenção de aeronaves, a proposta, também, reporta o seguinte: "a cada acidente que acontece surgem reiteradas denúncias de falhas nos procedimentos de manutenção adotados pelas empresas". Somos obrigados, novamente, a valer-nos da estatística. É o quadro nº 4, que trata da figura dos fatores contribuintes, que têm, como fator operacional, por acidentes, 75%; para o fator humano 20%; e o fator material 5%. O somatório, por exemplo, dos fatores operacionais, os itens que contribuem para o aspecto operacional são maiores que 100%, porque é um fator que pode ser cumulativo. Então, a análise é a seguinte: no caso da manutenção temos 20% de manutenção deficiente de uns 75%, que é o fator operacional. Isso nos leva, então, a um índice de 11,5%. Esse índice de 11,5%, por exemplo, até 29 de novembro de 1999, leva-nos a um número de cinco acidentes da aviação geral — não estou falando de aviões grandes, até por que já dissemos que não tivemos acidentes na aviação de grande porte. São cinco acidentes em que tenha havido a figura de manutenção deficiente como fator contribuinte. É claro que pode ter havido outros fatores contribuintes também, mas uma parte foi manutenção. Finalmente: sistema de controle de tráfego aéreo brasileiro. Quando a questão é proteção ao vôo gostaria de nos valer da conclusão de um relatório recente de visita técnica levada a efeito pela Federal Aviation Administration — FAA. Durante cinco semanas o Sr. Mark Wives(?) e sua equipe visitaram doze unidades de controle de tráfego aéreo nas principais áreas de concentração de tráfego do Brasil, ou seja, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Recife. Qual foi a conclusão? Está aqui no quadro nº 5. A conclusão, embora esse relatório tenha várias laudas, é a seguinte: "O sistema de controle de tráfego aéreo brasileiro é seguro, estável e está baseado em regras e padrões que garantem a segurança das operações, incluindo ausência de risco e confiabilidade em todos os procedimentos". V.Exas. sabem que, pelos acordos bilaterais, é previsto que o FAA, organização de controle e fiscalização da aviação comercial e civil americana, possa fazer inspeções nos outros países com quem tem acordo. Há cerca de uns cinco anos o FAA condenou alguns 4 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Nome: COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS Número: 1.372/99 Data: 02/12/99 países da América do Sul, mais especificamente o Uruguai, o Paraguai e a Bolívia, a uma figura de, vamos dizer, categoria 2, portanto, mais ou menos como entrar num livro negro, proibindo que eles, inclusive, levassem seus aviões ao território americano. O Brasil fez um acordo com esses países. E no caso, por exemplo, da Bolívia e do Paraguai estamos dando o credenciamento do CHT através do nosso Departamento de Aviação Civil, para que esses pilotos voem. Além disso, V.Exas. sabem também que somos, por acordo, capazes de dar certificados de aeronavegabilidade a aeronaves no mesmo nível, por exemplo, do FAA e dos órgãos europeus de aviação. Então, para não me alongar, acreditamos ter contribuído para o debate do assunto, de alta relevância, mas gostaria de fazer uma referência interessante. Tenho a impressão de que foi em abril de 1998, quando fizemos a primeira reunião da Comissão de Segurança de Vôo, que imaginamos abrir isso de uma maneira não digo bombástica, mas muito importante. Convidamos seis presidentes das principais empresas para que fizessem trinta minutos de palestra para os encarregados da segurança de vôo das suas empresas. A audiência era formada de assessores de segurança de vôo de todas as grandes empresas e algumas até empresas regionais. E, naquela época, fazendo uma brincadeira, reportei-me a um artigo que tinha feito, há pelo menos dois anos, chamado "Segurança de Vôo e Futebol", em que comparava o fato de que no Brasil todos éramos técnicos de futebol e estávamos, também, convertendo-nos em técnicos de segurança de vôo. Então, resolvi fazer um mote, que foi o chamamento dessa reunião, do seguinte teor: o pênalti no futebol é tão importante que deveria ser batido pelo presidente do clube. Na aviação, por sua relevância, segurança de vôo deve ser assunto do presidente da empresa. Portanto, estou à disposição e, talvez, principalmente, o nosso assessor e coordenador da Comissão de Segurança de Vôo, Comandante Jenker(?), para, na época oportuna, responder às questões e participar dos debates. Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Deputado Flávio Derzi) - Agradecemos ao Brigadeiro Mauro José Miranda Gandra. Passo a palavra, agora, ao Diretor do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Dr. Antônio Pacheco da Silva. 5 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Nome: COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS Número: 1.372/99 Data: 02/12/99 O SR. ANTÔNIO PACHECO DA SILVA - Bom-dia a todos. Estou aqui representando o Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo e a Federação Nacional dos Trabalhadores de Transportes Aéreos do Rio de Janeiro, juntamente com o Sindicato Nacional dos Aeroviários do Rio de Janeiro. É um prazer estar fazendo parte da Mesa. O que me for questionado estarei aqui pronto para responder dentro do possível. O SR. PRESIDENTE (Deputado Flávio Derzi) - Muito obrigado. Concedo a palavra à Presidenta do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Sra. Graziela Baggio. A SRA. GRAZIELA BAGGIO - Bom-dia a todos. Primeiro, quero agradecer à Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias por esta iniciativa, no sentido de irmos buscar informações e questões relativas à aviação. Lamentavelmente, a discussão sobre aviação é tratada entre quatro paredes e dela a sociedade não participa. E, com relação a isso, acredito que a segurança de vôo é uma das questões fundamentais para que possamos não ter acidentes, Brigadeiro. Talvez o importante seja não termos esses índices. Posso até acreditar que com a evolução do transporte o número de acidentes tem caído, e isso faz parte até de matérias publicadas recentemente, em termos de Brasil, mas o importante seria não termos acidentes e evoluirmos, cada vez mais, na formação dos trabalhadores e nas condições abordadas para que pudéssemos evitar essas tragédias que, de uma certa maneira, foi o que originou a iniciativa do Deputado Celso Russomanno, há dois anos, na discussão da aviação. Nesse sentido, o Sindicato Nacional dos Aeronautas tem uma grande preocupação e vem defendendo já há alguns anos a possibilidade da criação de uma agência independente de investigação de acidente. Lamento, nobre Deputado, a ausência do Brigadeiro Oliveira, que me parece estava convidado para comparecer a esta Comissão, porque acredito que hoje seria a grande oportunidade de esclarecimentos com relação à atuação do Departamento de Aviação Civil, principalmente no que se refere à questão das fiscalizações, para que pudéssemos encontrar um resultado mais objetivo no que se refere à segurança de vôo e ao encaminhamento dessa discussão de aviação. A proposta de uma agência independente de investigação de acidente não é nenhuma criação e nada impossível, visto que nos países avançados já existe há algum tempo. As comissões têm por objetivo a prevenção do acidente. Lamentavelmente, hoje, no sistema que 6 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Nome: COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS Número: 1.372/99 Data: 02/12/99 estamos enfrentando, não temos a oportunidade de desfrutar de todas as avaliações das investigações de acidentes. E, lamentavelmente, também, os presidentes dessa comissão a que o Brigadeiro Mauro José Miranda Gandra se referiu, formada dentro do sindicato das empresas, para mim apontam uma certa deficiência no poder concedente e no que se refere à fiscalização, visto que as próprias empresas estão criando um ambiente para discutir segurança de vôo. Significa, no meu entender, que o órgão que até o presente momento é responsável pela fiscalização não a tenha feito competentemente. Essa é uma preocupação dos trabalhadores e do sindicato diante inclusive da sociedade, haja vista que quando acontece um acidente as suas proporções atingem todos. Os trabalhadores na aviação, de uma certa maneira, hoje possuem uma regulamentação profissional, tanto o aeroviário quanto o aeronauta, que é elogiada e serviu para estudos da NASA, o que significa dizer não que estejamos numa regulamentação ideal, mas algo próximo do ideal, sendo copiada inclusive por outros países da América do Norte e da Europa. Obviamente, para que tenhamos a segurança total das nossas aeronaves e dos nossos passageiros e, conseqüentemente, das nossas empresas é necessário discutirmos e chegarmos mais próximo do conveniente no que se refere à saúde do trabalhador, principalmente na questão de segurança de vôo. Lamentavelmente, com o crescimento da aviação, com essa flexibilização, essa concorrência acirrada das empresas, isso não tem sido observado. Temos feito diversas denúncias tanto no âmbito de DAC como no do Ministério do Trabalho, mas não temos tido grande retorno. Gostaria que pudéssemos ver uma parte de um vídeo onde o Sindicato Nacional dos Aeronautas, no ano passado, proporcionou dois workshops para discutir questão de segurança e de aviação. Há um depoimento do DAC dizendo que não há condições de fiscalizar as empresas, de buscar as denúncias de irregularidade. Seria bom que passássemos o vídeo aos presentes para que possam ter noção dessa afirmação do Departamento de Aviação Civil. É lamentável, mas o nosso objetivo e, acredito, o desta Comissão e desta audiência pública veio ao encontro da discussão da segurança de vôo. E, na continuidade dessa situação que está aí, tanto para os trabalhadores, empresários e passageiros, é lamentável que não tenhamos 100% de segurança nos nossos vôos, principalmente após essa declaração, o que causou muita preocupação ao Sindicato Nacional 7 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Nome: COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS Número: 1.372/99 Data: 02/12/99 dos Aeronautas, que gostaríamos de dividir com os Srs. Deputados no sentido de construir e podermos melhorar esse sistema que temos hoje. (Exibição de vídeo.) Este vídeo tem a duração de uma hora e meia. Há algumas coisas interessantes. Essa pessoa que estava falando é a Dra. Maria Aparecida, representante do Departamento de Aviação Civil, que veio participar do nosso workshop e tentou explicar a falta de condição de fiscalização nas empresas. Há depoimentos de outras personalidades do DAC que também estão na fita. Coloco à disposição da Comissão a fita para que possa servir de embasamento a essa discussão. A aviação hoje no Brasil está passando por uma fase muito difícil, por uma crise muito grande. Nesse sentido, acho que estamos unindo forças com o objetivo de ter um transporte aéreo nacional seguro e com condições de competir em âmbito internacional. É necessário termos isso em mente, a fim de proporcionarmos todas as condições possíveis no que se refere à segurança, tarifas, etc. Deixo aqui registrada a intenção do Sindicato Nacional dos Aeronautas de colaborar com esta Comissão e com o Deputado em tudo que for necessário. Obrigada. O SR. PRESIDENTE (Deputado Flávio Derzi) - Passo a palavra ao Relator, Deputado Regis Cavalcante. O SR. DEPUTADO REGIS CAVALCANTE - Sr. Presidente, primeiro quero agradecer ao Brigadeiro Mauro Gandra, à Sra. Graziela Baggio, Presidenta do Sindicato Nacional dos Aeronautas, e ao Sr. Antônio Pacheco, representando o Sindicato Nacional dos Aeroviários, a forma como compareceram a esta Comissão. Quero também lamentar a ausência do Brigadeiro Marcos Antônio Oliveira, representando o DAC, ou de qualquer representante daquele órgão, até porque esta foi a segunda convocação feita por esta Relatoria, no sentido de analisar a proposta de fiscalização e controle do Deputado Celso Russomanno. Ao mesmo tempo em que lamentamos essa ausência, queremos registrar o art. 61, §§ 2º e 3º do nosso Regimento Interno, que diz: Art.61.................................................................................. ............................................................................................ 8 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Nome: COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS Número: 1.372/99 Data: 02/12/99 § 2º Serão assinalados prazos não inferiores a dez dias para cumprimento das convocações, prestação de informações, atendimento às requisições de documentos públicos e para a realização de diligências e perícias. § 3º O descumprimento do disposto no parágrafo anterior ensejará a apuração da responsabilidade do infrator, na forma da lei. Estamos dispostos, Sr. Presidente, a ir até esse recurso, caso não mudemos o eixo desta discussão nesta Relatoria que desejamos fazer pelo não-comparecimento e pela não-informação de dados que consideramos importantes para este debate. Por isso, registro com muito bom grado e parabenizo a boa vontade dos representantes que aqui estão, porque é o atendimento aos interesses da sociedade brasileira. A nossa determinação agora, já combinada com o Deputado Celso Russomanno, é convocar a esta Casa o Sr. Ministro da Defesa ou um seu representante, por intermédio do DAC, para que S.Exa. assuma a responsabilidade de ensejar este debate e esclarecer todas as dúvidas não só na questão de segurança, mas também no sentido da propositura do Deputado Celso Russomanno. Portanto, nossa preocupação inicial é restabelecer, por parte desta Relatoria, o desejo de continuar este debate, até porque fica prejudicado pelas informações que recebemos neste relato feito. A ausência do DAC compromete a possibilidade de se relatar amanhã aquilo que tanto o autor da proposição quanto a sociedade imaginam receber. Nossa posição inicial é de fazer esse pedido de convocação do Sr. Ministro, para que S.Exa. possa enviar um representante do DAC. Neste momento, reservo-me a essas considerações. O SR. PRESIDENTE (Deputado Flávio Derzi) - Sr. Deputado, V.Exa. é Relator de uma PFC que já teve o seu relatório de forma de execução aprovado por esta Comissão. Portanto, não cabe mais a aprovação da Comissão a pedidos de convocação. A solicitação de V.Exa. deve ser encaminhada de acordo com o previsto no Regimento Interno, já que a PFC utiliza, solidariamente, as ações de uma CPI para a sua execução, com exceção das ações de quebra de sigilo bancário e fiscal. V.Exa. pode implementar a aplicação da ação criminal para o convocado ou, se quiser tentar mais uma vez, uma convocação do representante do DAC, no prazo previsto de dez dias, V.Exa. pode propô-la à Mesa. 9 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Nome: COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS Número: 1.372/99 Data: 02/12/99 Como já está aprovado o relatório, V.Exa. pode solicitar a convocação do Ministro em data e hora marcada por V.Exa., com a possibilidade de uma transferência. A decisão está em suas mãos. O SR. DEPUTADO REGIS CAVALCANTE - É isso mesmo que vamos fazer, Sr. Presidente. Faremos a convocação do Sr. Ministro, deixando em aberto o prazo que determina a legislação, abrindo a possibilidade de S.Exa. enviar um representante do DAC. Vamos deixar isso bem claro em nosso requerimento. O SR. PRESIDENTE (Deputado Flávio Derzi) - Sem a presença do DAC hoje, V.Exa. não quer questionar os presentes. O SR. DEPUTADO REGIS CAVALCANTE - É claro. Considero prejudicado o encaminhamento desta Relatoria. Não vamos fazer questionamentos já feitos aqui, até na própria gravação, sem a presença do DAC. O SR. PRESIDENTE (Deputado Flávio Derzi) - Temos de levar em consideração, nobre Relator, a extrema boa vontade e a cooperação do Brigadeiro Mauro Gandra e dos demais presentes, que vêm, como S.Sa. disse, por obrigação, mas com prazer, atendendo à nossa convocação. Se V.Exa. acredita ser necessária nova reunião com a presença do DAC, ousamos solicitar novamente a presença dos demais membros. Na verdade, a PFC é um processo interessante, porque poderia estar sendo executada até por V.Exa., nesta Presidência. Sei que, como Relator, é muito mais adequado ter essa liberdade de executá-la com a tranqüilidade do plenário. Se os demais Deputados não quiserem fazer questionamentos, teremos de marcar nova data. O SR. DEPUTADO REGIS CAVALCANTE - Sr. Presidente, estamos trabalhando conjuntamente. Como Presidente, V.Exa. tem-se colocado, desde o primeiro momento, à nossa disposição. Para nós é uma honra a sua Presidência neste trabalho. Queremos também agradecer à Sra. Graziela Baggio, ao Brigadeiro Mauro Gandra e ao Sr. Antonio Pacheco, representante do Sindicato Nacional dos Aeroviários, pelas presenças. Queremos reafirmar nossa determinação de que essa convocação será feita para que possamos dar continuidade a este trabalho, até porque não se trata apenas da segurança dos vôos, mas também de passagens aéreas e todo um controle da aviação do País. Queremos que seja abrangente, assim como foi a vontade do autor, Deputado Celso Russomanno. 10 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Nome: COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS Número: 1.372/99 Data: 02/12/99 Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Flávio Derzi) - Algum outro Deputado gostaria de fazer um questionamento? (Pausa.) Então, não há muito o que fazer. Tomada a decisão do Sr. Relator, sei que não cabe aqui nenhum pedido de desculpas, somente um pedido de compreensão. Tenho de concordar com o Relator que sem a presença do DAC esta audiência, que na verdade não é uma audiência pública, mas um depoimento público, fica sem fundamento, porque não estaríamos aqui fazendo uma acareação — essa é uma palavra indevida —, mas uma confrontação de opiniões e de possibilidade de debates. Sem a presença do DAC não há o que ser feito. Se o Sr. Relator decide por esse caminho a Presidência o apóia integralmente. Considero encerrada a sessão. Faremos a convocação nos termos e prazos regimentais. Está encerrada a sessão. 11