FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS
CURSO DE ENFERMAGEM
ARTIGO ORIGINAL
Samylla Maira Costa Siqueira1
Deise Rocha de A. Blós2
O PAPEL DA ENFERMAGEM NO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO DO
ATENDIMENTO AO CLIENTE A PARTIR DE PRINCÍPIOS ÉTICOS
RESUMO
A problemática acerca da humanização no atendimento tem sido cada vez mais discutida e
tem-se tentado implementar essa proposta em todos os âmbitos do atendimento ao usuário
por se acreditar na sua eficácia na evolução do quadro do cliente. A prática da
humanização é realizada em tarefas mínimas do dia-a-dia, mas que fazem toda a diferença
no prognóstico do paciente, na satisfação da equipe e na reputação da instituição
hospitalar. Devido ao fato de a Enfermagem ser a equipe presente nas 24 horas para o
usuário e, consequentemente, os profissionais que têm maior contato com o cliente, o
processo de humanização deve partir prioritariamente desta, visando o progresso no quadro
do paciente e o estabelecimento de laços humanitários e não apenas profissionais, para que
assim a nossa assistência seja melhorada e possamos, de fato, ser verdadeiros cuidadores.
Infere-se contudo que a inserção da humanização no atendimento só é possível mediante o
respeito de princípios éticos, sendo portanto importante a ética no processo de
humanização. Objetivo: Compreender os benefícios provenientes de uma assistência ética
desempenhada pela equipe de Enfermagem no processo da assistência humanitária.
Metodologia: O estudo apresenta uma abordagem de cunho qualitativo onde foram
analisadas diferentes literaturas que tratam do tema proposto e obedecidas as normas
técnicas de Vancouver. Resultados: A utilização de princípios éticos como o sigilo,
respeito e o cuidado individualizado, ajuda a promover uma assistência humanizada e é
possível mediante ações simples, mas que demonstram grandes benefícios. Conclusão: O
presente estudo aponta que uma assistência humanizada baseada em princípios éticos tem
resultados positivos no quadro do cliente, no trabalho do hospital e a equipe acaba por
atingir suas metas, demonstrando haver um boa articulação da Enfermagem frente aos seus
objetivos.
Palavras-chave: humanização; usuário; Enfermagem.
1
2
Acadêmica do curso de Enfermagem. E-mail: [email protected]. Fone: (73) 8849-1467
Enfermeira emergencista e docente do curso de Enfermagem
2
INTRODUÇÃO
Humanização é o ato de humanizar. Humanizar é tornar humano.
Trazendo para o nosso conceito, tornar-nos mais humanos e assegurarmos mais
humanidade no tratamento ao outro. Segundo a Política Nacional de Humanização
do Ministério da Saúde1, a humanização é:
A valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção
de saúde e enfatiza a autonomia e o protagonismo desses sujeitos, a coresponsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a
participação coletiva no processo de gestão.
Mas, por que humanizar? Humanizar porque enquanto humanos é nosso
dever ser dotados de humanidade e ética; porque a humanização está relacionada à
evolução do quadro do paciente, cujo alvo do nosso trabalho é a satisfação do
mesmo e, principalmente, porque a Enfermagem é a arte do cuidar e humanização e
cuidado são indissociáveis. Este só é possível mediante princípios humanitários tais
como: carinho, ética, respeito, valorização do próximo e estabelecimento de vínculos
afetivos com o paciente, o protagonista do nosso cuidado.
Humanizar a assistência de Enfermagem é assegurar ao cliente uma
assistência individualizada e similar à que gostaríamos de receber, associando o
conhecimento científico à prática do respeito, da solidariedade, da empatia. É
prestar um atendimento igualitário e holístico ao indivíduo, livre de juízos de valor,
com vistas unicamente à sua condição de pessoa humana necessitada de
intervenções. Nossas intervenções. Afinal, Enfermagem não é apenas ciência, mas
também é arte. A arte do cuidar.
O presente artigo trata de um estudo acerca do processo de humanização
da assitência prestada por enfermeiros a pacientes hospitalizados utilizando-se de
princípios éticos com o objetivo de compreender a relevância do papel da
humanização na melhoria do prognóstico do paciente. Para isso foi realizado um
estudo de cunho qualitativo, obedecendo as normas técnicas de Vancouver no que
diz respeito ao tratamento de referências, a partir de literaturas que tratam do tema
abordado, sendo analisados materias de diferentes épocas.
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DESENVOLVIMENTO
De todos os profissionais que lidam com o paciente, a equipe de
Enfermagem é a que assiste o cliente nas 24 horas, conhece o quadro, a evolução e
as queixas do usuário. Por estar em tempo integral com o paciente, o enfermeiro
deve desenvolver suas ações assistenciais voltada para a humanização. A lei nº.
7.498, de 25 de junho de 1986, lei do exercício profissional2, define o papel do
enfermeiro assim dizendo:
O enfermeiro presta assistência de Enfermagem ao indivíduo, à família e à
comunidade em situações que requerem medidas relacionadas com a
promoção, proteção e recuperação da saúde, prevenção de doenças,
recuperação de incapacitados, alívio do sofrimento e promoção de
ambiente terapêutico, levando em consideração os diagnósticos e planos
de tratamento médico e de Enfermagem.
Embora a Enfermagem deva estar voltada para a humanização e a sua
assistência deva ser prestada com base na ética, esse papel deve ser desenvolvido
por toda a equipe envolvida no processo, a instituição e os profissionais de saúde.
Os profissionais são a alma da instituição e esta o corpo daqueles, portanto mudar
um sem mudar o outro é ilusão. O hospital deve se posicionar mediante os clientes,
promovendo a humanização por meio da redução de filas, do conforto nos leitos e
garantindo a existência de recursos (físico, material e pessoal) para o atendimento
adequado. Ademais, é dever do hospital providenciar um local decente para a
recepção das visitas.
À equipe cabe melhorar o atendimento dando o melhor de si, sempre se
lembrando que a satisfação e o bem-estar do paciente é o alvo do nosso trabalho,
caso contrário, todos os nossos esforços serão vãos. Vale salientar que isso engloba
não somente a equipe de Enfermagem, mas o envolvimento de todos os
profissionais de saúde. Pensemos nos pacientes admitidos no hospital como clientes
para
os
quais
vendemos
nossos
serviços.
Do
mesmo
modo
que
em
estabelecimentos comerciais como farmácias, lojas e restaurantes o objetivo é a
satisfação do cliente, no hospital devemos prezar pelo seu contentamento, pois isso
denota que os nossos objetivos foram alcançados.
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Quando se fala em humanização hospitalar é impossível não se remeter
ao aspecto ético do sigilo profissional, posto que o exercício da humanização está
intimamente ligado ao dever do sigilo. Segundo o Código de Ética dos Profissionais
de Enfermagem3, Capítulo II, Artigo 82:
É dever do enfermeiro manter segredo sobre fato sigiloso de que tenha
conhecimento em razão de sua atividade profissional, exceto em casos
previstos em lei, ordem judicial, ou com o consentimento escrito da pessoa
envolvida ou de seu representante legal.
Portanto, é direito do paciente a privacidade de suas informações mesmo
que estas sejam de grande impacto, pois a omissão das suas revelações protege a
sua intimidade, autonomia, privacidade e é o indivíduo quem deve decidir o destino
das suas confidências.
O dever ético do sigilo não se limita apenas ao cliente em vida e
consciente, como também ao paciente comatoso e aquele já falecido, como
assegura o parágrafo primeiro do Artigo 823 que diz: “Permanece o dever mesmo
quando o fato seja de conhecimento público e em caso de falecimento da pessoa
envolvida”. Tendo em vista que isso é lei e está relacionado à ética da profissão,
deve-se omitir aquilo que lhe foi confidenciado quando o paciente era vivo.
Um outro ponto de extrema importância e sem o qual não há humanização
e ética é o princípio do respeito. O respeito deve existir em todas as relações
humanas, e isso não é diferente na relação enfermeiro-paciente. Devemos respeitar
os pontos de vista e decisões do paciente mesmo que não concordemos que seja o
melhor para ele. Podemos até discordar, mas faz parte de nossas obrigações
aceitar. O usuário não é simplesmente um indivíduo passivo sujeito às decisões da
equipe de Enfermagem. Ele é um ser humano e, como tal, tem liberdade e
autonomia e as coisas que ele preza devem ser respeitadas.
Isso nos remete a um trecho do texto narrativo “De cabeça pensada” de
Marina Colasanti4 que diz:
Tinha 30 anos quando resolveu: a partir de hoje, nunca mais lavarei a
cabeça. Passou o pente devagar nos cabelos, pela última vez molhados, e
começou a construir sua maturidade. Tinha 50 anos, e o marido já não
pedia, os filhos já haviam deixado de suplicar. Asseada, limpa, perfumada,
só a cabeça preservada, intacta com seus humores, seus humanos óleos.
Nem jamais se deixou tentar por penteados novos ou anúncios de xampu.
Preso na nuca, o cabelo crescia quase intocado, sem que nada além do
volume do coque acusasse o constante brotar. Aos 80, a velhice a deixou
5
entregue a uma enfermeira. A qual, a bem da higiene, levou-a um dia para
debaixo do chuveiro, abrindo o jato sobre a cabeça branca. E tudo o que
ela mais havia temido aconteceu. Levadas pelas águas, escorrendo
liquefeitas ao longo dos fios para perderem-se no ralo sem que nada
pudesse retê-las. Lá se foram, uma a uma, as suas lembranças.
Faz parte das atribuições éticas da equipe respeitar as memórias,
sentimentos, dor, vontades, sexualidade, intimidade, o direito de querer ou não ser
atendido por determinado profissional.
Uma situação muito frequente nos serviços hospitalares é a recusa de
pacientes no atendimento pelos profissionais do sexo masculino. Esse é um desejo
da cliente que, indubitavelmente, deve ser acatado. Imagine uma mulher idosa, que
venha carregando consigo valores e conceitos de sua época e que, até então, tenha
se despido apenas para seu marido e que, de repente, no auge da sua senilidade,
tenha que se expor a um profissional jovem do sexo masculino sendo obrigada a
deixar para trás os valores trazidos consigo por tantos anos. Quando isso acontece,
o problema da cliente deixa de ser físico apenas e passa a comprometer o
psicológico, já que mexe acima de tudo com a moral da mesma.
Unir a prática das ações de Enfermagem com a da humanização e da
ética é uma garantia de sucesso. O desejo de humanizar dever emanar de cada um
individualmente. Entender a humanização como a garantia da boa assistência e
colocá-la em prática, faz parte da sensibilização das partes para que os resultados
benéficos reflitam-se no todo: equipe, instituição e clientela.
Para que se possa prestar um atendimento humanizado, devemos, antes
de qualquer coisa, nos despirmos de preconceitos e nos livrarmos de juízos de valor,
para que o foco da assistência seja simplesmente o paciente. Todos devem ser
tratados com respeito independente da raça, religião, cor ou classe social. A Carta
Brasileira dos Direitos do Paciente5 diz que: “Toda pessoa necessitada de cuidados
de saúde tem o direito ao atendimento sem qualquer restrição de ordem social,
econômica, cultural, religiosa e social”. A equipe de Enfermagem não pode
manifestar preconceitos ou preferências na assistência prestada a qualquer cliente.
Outro princípio ético é o respeito à religião. A fé e as crenças da pessoa
não devem ser subestimadas ou abaladas porque o enfermeiro não concorda que
seja a religião correta. É o que o paciente vive e isto deve ser intocável e livre de
críticas. Se o paciente, no seu leito de morte, quiser falar com o pastor, padre, pai de
santo, rabi, ou qualquer outro religioso, não nos compete criticar ou julgar. É a fé que
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ele exerce e neste momento o que nos cabe fazer, e que diz respeito à assistência
baseada na ética, é pedir aos familiares que tragam o seu sacerdote para que o
paciente tenha acesso a exercer a sua fé naquele instante, que para ele pode ser o
último. Muitas vezes, o impacto dessas ações é maior que a responsividade a uma
droga injetada ou inalada.
Quanto à família, o tratamento adequado é dever da equipe, já que esta é
parte do cliente. Geralmente, a família fica sem saber o que está acontecendo, pois
nenhum profissional tem a sensibilidade de comunicar. É direito da família saber
notícias sobre o seu ente querido e é dever ético da equipe revelar-lhe. Faz parte do
processo de humanização considerar o bem-estar dos familiares no processo de
atendimento ao cliente.
Para que a prestação de cuidados seja assentada na proposta da
humanização a partir de princípios éticos, o primeiro passo é nos colocarmos na
posição do outro e prestarmos uma assistência que gostaríamos de receber.
Quando o paciente é admitido no hospital, ele é obrigado a deixar para
trás muito do que até agora foram as bases de sua sustentação. Na admissão, ele
perde o direito de usar suas roupas para ter que se vestir com roupas da instituição,
que muitas vezes não são do seu agrado; toda a sua vida passa a ser resumida a
um prontuário; ele perde o aconchego e conforto do seu lar para se acomodar num
quarto de hospital que é dividido com pessoas estranhas, e a palavra privacidade
deixa de existir; ele é exposto a procedimentos relativamente constrangedores com
pessoas que ele sequer sabe o nome (já que muitos não fazem questão de se
identificar), sem que se saiba o que será feito e a sua finalidade, pois quase sempre
o profissional não julga ser necessário falar.
Como se todas essas privações não fossem suficientes, ele perde a sua
“identidade”. Em vez de ser chamado pelo seu nome, ele é identificado pelo número
do leito ou pelo nome da patologia que alberga. Assim alguns dizem: “O senhor do
23; a paciente do sarcoma”. Associado a tudo isso ainda está uma doença que o
assola, muitas vezes provocando dor, e que foi a causa que o levou a ser submetido
a toda essa situação. Quando ele é tirado do ambiente familiar ele é destituído da
convivência com os seus íntimos, cujas visitas têm tempo e hora determinados.
Os sentimentos negativos advindos de uma paciente sobre o processo de
hospitalização podem ser observados ao se analisar um trecho do texto “Parêmias
da Morte e da Dor” do livro “E a Psicologia Entrou no Hospital” 6 que diz assim:
7
Eu ontem morri...
Morri para os sonhos,
para a ilusão de uma vida
que contemplasse a dignidade na doença e na dor...
Morri para embandeirar a
luta por uma sociedade onde os
doentes não fossem simplesmente
atirados junto aos restos de detritos sociais...
Morri para o entorpecimento
do álcool para alívio da minha angústia...
E nasci para a descrença num novo mundo.
Nasci para morrer num pranto sem lugar para alegrias furtivas e isoladas...
Morri quando conheci a realidade hospitalar.
Quando percebi a minha inquietação
diante do quietismo de todos- pacientes e
profissionais envolvidos na saúde.
Atitudes que possam melhorar a assistência e torná-la humanitária são
simples e do cotidiano e não precisam ser aprendidas nos assentos das academias.
Procedimentos que melhorarão a atenção ao paciente e as respostas dele são
simples e desmistificadas. É importante bater à porta do quarto do paciente e
perguntar se pode entrar, pois ele pode estar num momento íntimo ou simplesmente
num momento de lamentação e faz parte dos direitos dele não querer receber
atendimento naquele instante e do nosso dever ético respeitar sua decisão.
Deve-se cumprimentá-lo e perguntar como ele se sente, pois isso
demonstra interesse. É importante chamá-lo pelo nome, pois isso denota respeito e
individualidade na assistência. Ele não é o “senhor tuberculose”; é o senhor João,
Pedro, Rogério... Enfim, é a razão do nosso cuidado e isso basta! Deve-se parar
para ouvi-lo. Muitas vezes, tudo o que o paciente precisa é de atenção, não de uma
injeção. A dor é algo imensurável e muito subjetivo. Portanto, o seu limiar de dor não
deve ser subestimado. Assim que o paciente chamar cabe ao enfermeiro estar
pronto para atender.
Devemos
dar
uma
assistência
individualizada,
com
vistas
às
peculiaridades de cada um. Nem sempre o que funciona com um paciente
funcionará com o outro. É direito do cliente o acesso ao seu prontuário. É dever da
Enfermagem comunicar-lhe o seu diagnóstico; isso inclui a informação aos
familiares. Não devemos diminuir a capacidade do paciente no processo do
autocuidado. Devemos estimulá-lo para que ele sinta-se capaz ajudando a si mesmo
e a nós também. O paciente deve ser visualizado na sua integralidade, não de forma
compartimentada. Devemos atendê-lo com vistas ao todo, não apenas à causa que
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o levou até ali. Uma manifestação física pode ser produto de um processo
psicológico.
O paciente comatoso também merece respeito. Ele é um indivíduo em
estado vegetativo, mas, mesmo assim, ainda é um indivíduo. O respeito ao paciente
deve ser manifesto também no processo do morrer e do pós-morte. A certeza da
não-recuperação do paciente não nos dá o direito de não concedermos a ele uma
morte decente. Até o fim, a assistência deve ser direcionada ao bem-estar dele. A
morte é uma etapa da vida pela qual todos passarão. Devemos garantir uma morte
digna, sem dor, sem desprezo, proporcionando a ele conforto e higiene sempre. O
Artigo 19, Capítulo primeiro do Código de Ética de Enfermagem aborda esse
aspecto quando diz: “Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade do ser humano,
em todo seu ciclo vital, inclusive nas situações de morte e pós-morte”.
Devemos pensar na humanização também como um alívio para os custos
hospitalares, pois a sua eficácia é comprovada na redução do tempo de
permanência do usuário na instituição. O processo de internação implica gastos,
gastos esses que são direcionalmente proporcionais ao período de internação, de
modo que, quanto maior a estadia no hospital, maiores as despesas com o cliente.
Ademais, uma internação prolongada, além dos custos, aumenta também os riscos
de o paciente adquirir um novo problema, como, por exemplo, uma infecção
cruzada. O que seria ainda mais danoso para o quadro do cliente gerando um
problema cíclico, pois ele teria que permanecer mais tempo na instituição,
ocasionando gastos adicionais e se expondo a novos riscos.
Caso a proposta da humanização não seja levada a sério, os danos serão
sofridos por todos, inclusive o paciente. Isso é expresso num processo de internação
prolongado e num agravante à saúde do usuário, o que acaba por gerar prejuízos
financeiros na instituição. Por fim, se a humanização é uma prioridade da assistência
isso se reflete melhor em todos os aspectos e a visão do cliente em relação à equipe
torna-se positiva e satisfatória. Isso pode ser comprovado pelo relato de um usuário
em que ele se refere à equipe de Enfermagem dizendo7:
Eu tive uma recuperação muito boa graças à atenção e ao carinho que eles
me deram de prontidão. Depois que eu cheguei ali minha vida estava em
total segurança, principalmente pela atenção e dedicação, porque se você
se mexer a enfermeirajá procura saber o que está sentinhdo, se está bem.
Eles têm um amor fora de sério. Tem que ter muita dedicação, amor pelo
que faz. ( A HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NA UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA NA VISÃO DOS USUÁRIOS)
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CONCLUSÃO
Diante de tudo o que foi exposto, fica claro que uma assistência
humanizada assentada em princípíos éticos da moral, respeito, sigilo, dentre outros,
é um dever e que isso reflete de forma positiva na melhora do quadro do cliente, no
trabalho do hospital e a equipe acaba por atingir suas metas.
Fica concluso que o ser humano é um ser bio-psico-social e, portanto,
precisa ser respeitado na sua integralidade, sendo esta, um dos princípios da
humanização e da ética.
A arte de humanizar deve contagiar a todos para que ela seja, de fato,
posta em prática. A verdadeira humanização só é exercida quando o tratamento que
prestamos é o reflexo do que gostaríamos de receber. Se a assistência humanizada
não é uma prioridade para os envolvidos no processo saúde-doença, o produto será
o prejuízo na saúde do cliente, a desarticulação das ações da equipe frente aos
seus objetivos e um maior número de leitos ocupados por pacientes crônicos nas
instituições hospitalares, o que acaba gerando impactos negativos ao setor
humanístico e financeiro dos hospitais, já que a internação implica gastos.
Do contrário, se a humanização for um alvo, o cliente apresentará
evolução no seu quadro, com uma menor necessidade de adesão ao tratamento
medicamentoso e a sua satisfação mediante a equipe e à instituição será de grande
valia. Conciliar humanização e ética na assistência prestada é preciso e, assim
como a Enfermagem, ambas são uma arte, arte esta que deve fazer parte do
cotidiano de todos.
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REFERÊNCIAS
1 Grupo de trabalho de humanização do Hospital São Paulo. Universidade Federal
de São Paulo. Humanização [online]. São Paulo, Brasil; 2005. [Capturado em 3 de
abril de 2010]. Disponível em: <www.unifesp.br/spdm/hsp/humaniza/humani.htm>
2 Sueli AC, Banqueri RAM. A atuação do enfermeiro frente a: imperícia, imprudência
e negligência. Batatais; 2006. Graduação [curso de Enfermagem]- Centro
Universitário Claretiano de Batatais.
3 Brasil. Lei nº 5.905/73, Resolução nº 240/2000, de Agosto de 2000. Estabelece o
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Diário Oficial [da República
Federativa do Brasil]. Brasília, DF, 08 fev. 2007. Seção I e IV.
4 Baraúna T. Humanizar a ação, para humanizar o ato de cuidar [online]. Bahia,
Brasil; 2005. [capturado 10 de fevereiro de 2010]. Disponível em:
<http://www.iacat.com/revista/recrearte/recrearte02/tania01.htm>
5 Carta Brasileira dos Direitos do Paciente. In: Legislação. (S/D) Acesso em abril de
2010. Disponível em:< http://www.crfrj.org.br/crf/legislacao/leis/legis_comp_carta_bdp.asp>
6 Angerami VA, Chiattone HBC, Sebastiane RW, Fongaro MLH, Santos CT.
Parêmias da Morte e da Dor. IN: E a Psicologia Entrou no Hospital. São Paulo:
Pioneira; 2003.
7 Pinto JMS, Silva SF, Sampaio AP, Magalhães MS. A humanização da assistência
na Unidade de Terapia Intensiva na visão dos usuários. Redalyc Sistema de
Información Científica: Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe,
España y Portugal [online]. 2008. Vol 21 [Capturado 20 de março de 2010]; p. 121127. Disponível em: http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/408/40811362007.pdf
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