199 PRINCIPAIS IMPACTOS DO TRABALHO EM TURNOS: ESTUDO DE CASO DE UMA SONDA DE PERFURAÇÃO MARÍTIMA (*) VALDO FERREIRA RODRIGUES RESUMO Este artigo inicialmente explora a literatura sobre os problemas de desempenho, produtividade, segurança, saúde e distúrbios na vida familiar e social associados ao trabalho em turnos. Enfatiza-se o turno da noite, face à forte defasagem entre o biorítmo natural humano e as demandas do trabalho noturno. Apresenta-se o regime de trabalho confinado em plataformas marítimas de perfuração de poços de petróleo no Brasil. Finalmente, apresenta-se um breve estudo de caso de uma plataforma marítima de perfuração de poços de petróleo, o qual constatou que o índice de acidentes no turno da noite, embora baixo, é relativamente maior do que o diurno; não houve diferença significativa quanto a anormalidades operacionais entre os turnos diurno e noturno; os trabalhadores optam ou submetem-se ao trabalho embarcado principalmente pelas folgas adicionais em relação ao trabalho em escritório em terra; 60% dos trabalhadores consideram o turno da noite mais penoso do que o turno do dia; 80% dormem menos quando trabalhando à noite; para 80% as dificuldades do trabalho em turno têm aumentado com a idade e as entrevistas indicaram sintomas de sofrimento no trabalho. DESCRITORES: Cronobiologia, sono, trabalho em turnos, SUMMARY MAIN SHIFTWORK IMPACTS : AN OFFSHORE DRILLING RIG CASE STUDY This paper initially explores the literature on the performance, productivity, safety, health and social problems related to shiftwork. The night shift is emphasized due to the contradictions between natural human biorhythms and the night shift demands. The characteristics of the confined environment of an offshore drilling rig are presented. Finally, a brief case study of a Brazilian offshore drilling rig is presented which main conclusions are: there are, relatively, more personal accidents during night shifts; the occurrence of operational abnormalities is the same for both shifts, night and day; the extra days off are the main reason for employees choosing shiftwork in the offshore drilling rig; 60% of the workers perceive the night shift as more difficult than day shift; 80% sleep less when working at night; 80% perceive that it is becoming more difficult to cope with shiftwork with age and the interviews revealed symptoms of suffering during work. KEY WORDS: Chronobiology, shiftwork, sleep 1. INTRODUÇÃO Durante milênios o Homos sapiens desenvolveu-se no planeta Terra totalmente dependente dos ciclos de luz solar diurna e de escuridão noturna. Por volta de 7000 AC, o homem aprendeu a técnica de acender e controlar o fogo, passando a se alimentar com comidas quentes e a ter uma iluminação precária à noite. Já na antiga Roma era intenso o trabalho noturno de entregadores de mercadorias visando minimizar o tráfego de pessoas pelas movimentadas ruas da cidade durante o dia (Scherrer,1981 citado por Monk e Folkard, 1992). A revolução industrial, com a introdução das máquinas e a concentração de pessoas em grandes centros urbanos, constituiu novo passo marcante na extensão das atividades laborativas para a noite. Em 1879, Thomas Edison inventou a lâmpada incandescente e em 1882 foi instalada a primeira usina elétrica, concretizando-se a maior evolução singular da história do trabalho em turnos. Durante a primeira guerra mundial houve grande êxodo do campo para a cidade a fim de atender às operações durante 24 horas por dia nas fábricas de munição. A busca incessante de conforto material levou à criação da sociedade 24 horas. O conforto e lucratividade trazidos pelo progresso tecnológico da sociedade 24 horas têm contrapartidas negativas sobre os trabalhadores. A vida natural, praticada por milênios, desenvolveu nas pessoas ciclos biorítmicos naturais, um dos quais é o ciclo cardiano. O trabalho em turnos, como será visto, contraria este ciclo gerando algumas conseqüências negativas. Tudo isto é muito agravado nos regimes de confinamento. Dentro da vastidão do tema qualidade de vida no trabalho este texto focaliza o trabalho em turnos, em ambiente confinado, em uma sonda de perfuração marítima, face aos impactos adicionais deste regime de trabalho em termos de desempenho, segurança, saúde e vida familiar e social dos trabalhadores. O trabalho em turnos é de estudo complexo por lidar com variáveis de difícil mensuração, abranger muitas variáveis que atuam fora do local de trabalho e tratar de assuntos subjetivos e de caráter multidisciplinar. O mesmo tem sido estudado através (*) Engo Civil, Engo de Petróleo e Mestrando em Administração na UNIFENAS. C.P. 23 CEP 37130-000 Alfenas-MG R. Un. Alfenas, Alfenas, 4:199-207, 1998 200 V. F. RODRIGUES 2. REVISÃO DE LITERATURA turnos de 12 h perfazendo 24 h por dia. Nas plataformas marítimas de petróleo, face às longas distância dos locais de trabalho aos centros urbanos, trabalha-se geralmente 14 dias seguidos, 12 horas por dia, e a seguir folga-se 14, 21 ou 28 dias, dependendo do país (EUA, Brasil e Noruega, respectivamente); d) Turno único pela tarde ou pela noite: garçons e garçonetes, por exemplo, trabalham apenas no turno vespertino. Alguns vigias trabalham apenas no turno da noite ( overnight ou graveyard) (Rosa e Colligan, 1997); e) Turnos de fins de semana e feriados (bridging shift): algumas empresas usam equipes específicas para os fins de semana, aliviando as equipes do revezamento normal do sacrifício familiar e social do trabalho nos fins de semana. Uma escala praticada na Europa e apreciada em particular pelas mulheres mães e trabalhadoras é a de 12 h no sábado, 12 h no domingo e 8 h em outro dia da semana perfazendo 30 h semanais (Wedderburn, 1998); f) Turnos intermediários (split shift): usados em indústrias com picos de trabalho diários como catering e transporte de passageiros; g) Turnos de sobreaviso (on call shift): os trabalhadores permanecem à disposição da empresa aguardando solicitações eventuais; h) Outros: para atender a tendência nos EUA e Europa de menor carga horária de trabalho e maior flexibilidade dos turnos há uma variedade de turnos diferenciados, com freqüência cumpridos por trabalhadores autônomos ou de tempo parcial. 2.1. DEFINIÇÃO DE TRABALHO EM TURNOS E TIPOS DE TURNOS 2.2. RAZÕES PARA A EXISTÊNCIA DE TRABALHO EM TURNOS Definição de trabalho em turnos (shiftwork): há uma grande variedade de definições de trabalho em turno. Considera-se neste artigo como horário normal de trabalho o que ocorre á luz do dia, geralmente iniciando de 06 às 08 horas da manhã e terminando de 16 às 18 h, com tempo de trabalho diário de 8 horas, de segunda feira a sexta feira . Assim, todo trabalho contínuo fora deste período é considerado como trabalho em turno. Os turnos caracterizam-se pelo número e duração diária de cada jornada, pela velocidade de rotação (número de dias seguidos em cada turno) e pela direção da rotação. Na rotação para a frente os trabalhadores mudam da manhã para a tarde e daí para a noite. Na rotação para trás sucede o oposto. Os turnos podem ser constituídos por trabalhadores de tempo integral ou por empregados contratados por tempo parcial. Existe uma grande variedade de turnos no mundo, como: a) sistema tradicional de três turnos de 8 horas cada por dia; b) Dois turnos perfazendo 16 h quando não se trabalha no turno da noite; c) Dois A moderna tecnologia viabilizou a realização de muitas atividades produtivas durante todo o dia, criando assim a chamada sociedade 24 horas (Rosa e Colligan, 1997). Tal sociedade demanda, durante todo o dia, serviços críticos como segurança pública policia e bombeiros- saúde, transporte, comunicação, eletricidade, água canalizada, combustíveis, comunicação, etc. Muitas indústrias por razões de custos ou por características de processos devem operar em jornadas estendidas ou 24 horas por dia para sobreviverem . As redes de trabalho e a técnica de produção just in time são novidades que forçam o prolongamento das jornadas em manufaturas como auto-peças e serviços como transporte. Para garantir o estoque zero da empresa líder o fornecedor cria turnos extras e coloca caminhões nas rodovias a qualquer hora do dia e da noite. Os serviços e indústrias que são “obrigados” a trabalhar em turnos forçam a expansão de horário de outras atividades como fornecimento de alimentação, postos de gasolina, etc. A mera conveniência de uma população cada vez mais distante da vida natural sustenta turnos em lojas de de estudos de campo, pesquisas de opinião e sentimento (survey) e experimentos em laboratório. Os estudos de campo, que fornecem resultados de grande importância por obter medidas em situações muito próximas às da realidade do trabalho em turnos, são raros, caros e de realização politicamente difícil. Alguns exemplos são os trabalhos de Akerstedt (1988 – Suécia), Knauth e Rutenfranz (1976 – Alemanha Ocidental), Tilley et al (1982 – Reino Unido) e Reinberg et al (1984 – França), citado Monk e Folkard (1992). Tais estudos tiveram como objeto a medição de variáveis do ciclo cardiano, sono, desempenho e humor. As pesquisas do tipo survey, que geralmente fazem uso de questionários, entrevistas, dados de saúde, absenteísmo e produção, são de obtenção menos difícil e geralmente aplicadas antes e após uma intervenção. Um exemplo é o trabalho de Czeisler et al em uma mina de potássio, em 1982, antes e após algumas mudanças introduzidas na escala de trabalho (Monk e Folkard, 1992). Os estudos em laboratórios isolados do ambiente externo ou em cavernas aparelhadas para os registros necessários, apresentam a vantagem de obtenção de registros claros e completos de sono, ciclo cardiano, desempenho e humor. Como desvantagem ignoram os fatores familiares e sociais (Monk e Folkard, 1992). R. Un. Alfenas, Alfenas, 4:199-207, 1998 PRINCIPAIS IMPACTOS DO TRABALHO EM TURNOS: ESTUDO DE CASO DE UMA... 201 conveniências, shopping centers, restaurantes, postos de gasolina, chaveiros, etc. Já os trabalhadores, geralmente optam ou submetem-se ao trabalho em turnos por razões financeiras e razões pessoais como disponibilidade durante o dia para cuidar dos filhos, estudar ou dedicar-se a esportes ou “hobbies” à luz do dia 2.3. BIORÍTMOS NATURAIS X TRABALHO EM TURNOS Durante milhares de anos a vida natural desenvolveu nas pessoas processos fisiológicos e psicológicos que seguem um relógio biológico, ou ciclos biorítmicos. Por ter período de um dia, o ciclo cardiano é o mais importante destes ciclos para os trabalhadores em turno. Cientistas descobriram que em sintonia com este relógio biológico o cérebro envia sinais para vários centros de controle do organismo humano, afetando a temperatura corporal, a liberação de hormônios, as habilidades cognitivas e a predisposição para dormir ou se manter em vigília. O ciclo cardiano apresenta três características principais: é endógeno, resiste a mudanças bruscas e pode se adaptar lentamente. Pesquisas conduzidas em cavernas e em laboratórios isolados do ambiente externo, onde as pessoas em observação não tinham noção do tempo, demonstraram que o ciclo cardiano da temperatura corporal não se alterou, não importando a hora em que as pessoas dormiam ou se mantinham em vigília (Monk e Folkard, 1992). Por outro lado, como o ciclo cardiano, endógeno, é de aproximadamente 25 horas e a duração do dia é 24 horas, ocorre um ajuste diário pelas variáveis exógenas do meio ambiente, das quais a luz é a mais importante. A possibilidade de adaptação lenta foi demonstrada em experiências, como as de Rutenfranz, onde apenas após 14 dias de mudança de turno do dia para a noite houve adaptação quase total à nova rotina (Monk e Folkard, 1992). Cumpre ressaltar, que quando uma pessoa é submetida a uma nova rotina de atividades e descanso, muitas das funções afetadas como batimentos cardíacos, pressão arterial, nível de excreção de noradrenalina (hormônio de alerta) e outras sofrem um ajuste relativamente fácil, enquanto outras funções como a temperatura corporal e as excreções de cortisol e melatomina sofrem um ajuste lento e difícil. Este fenômeno é conhecido como dessincronização interna, sendo, ao lado da privação de sono, um dos grandes males do trabalho em turno. 2.4. AS CONSEQÜÊNCIAS NEGATIVAS DO TRABALHO EM TURNO: As três fontes principais de dificuldades advindas do trabalho em turnos são: 1) a adaptação dos rítmos biológicos às inversões dos períodos de atividade e repouso, 2) as perturbações do sono, 3) os fatores domésticos e sociais (Monk, 1988, citado por Fisher, 1990) .Vários autores, a partir da análise de dados empíricos, propuseram modelos teóricos que explicam as interações entre as variáveis dependentes e independentes que atuam nos processos de trabalho em turnos e que podem resultar em doenças. Dentre estes modelos reproduzimos aqui o de Knutsson, Figura 1 ( Knutsson,1989, citado por Fisher, 1990): TRABALH O EM TU RNOS D es a ju ste d o s R itim o s B io ló g ic o s P e rtu b açõ e s d o C ic lo S o n o -V ig ília A u m en to n a S u s c etib ilid ad e M o d ific aç õ e s d o C o m p o rta m en to E x : D ieta, F u m o D es sin cro n iza çã o In tern a DOENÇAS Figura 1. Modelo de KNUTSSON R. Un. Alfenas, Alfenas, 4:199-207, 1998 202 V. F. RODRIGUES Análise Sucinta das Principais Conseqüências Negativas do Trabalho em Turnos: a) Acidentes pessoais e industriais: acidentes de grandes proporções como Three Mile Island (trabalhadores cansados no meio do turno da noite teriam permitindo a ocorrência do acidente nesta usina nuclear) e maior taxa de acidentes no turno da noite são indicadores de conseqüências negativas do trabalho em turnos (De Vries Gneiver et al., 1978, citado por Monk e Folkard, 1992). b) Desempenho e produtividade: mesmo a realização de tarefas rotineiras é mais difícil à noite, pois o tempo de reação diminui e a capacidade de julgamento é reduzida. O turno da noite é o crítico, tendo vários trabalhos demonstrado seus piores índices: menor velocidade na resposta a painéis de controle maior freqüência de erro de leitura de medidas, maior freqüência de cochilos ao dirigir, menor velocidade ao enroscar peças, maior freqüência de não percepção de sinais de avisos por maquinistas de trem, maior freqüência de pequenos acidentes hospitalares (Folkard et al., 1978). c) Custos: maiores absenteísmo e rotatividade e processos judiciais movidos por trabalhadores em turnos ou decorrentes de falhas destes são fontes de grande dispêndio para as empresas (vide o caso da Exxon com o acidente do Navio Exxon Valdez e o da Union Carbide com uma subsidiária sua no caso de Bhopal). d) Distúrbios psicossomáticos: os trabalhadores em turnos apresentam maior incidência de sintomas psicossomáticos, que tendem a se intensificar com a idade (Koller, 1970 citado por Fisher, 1990) e maior consumo de medicamentos como aspirinas e anti-ácidos (Gersten e Tepas, 1987, citado por Fisher, 1990), e) Obesidade: Dieta inadequada má alimentação, ingestão excessiva de cafeína e de massas e gordura - e ansiedade acabam contribuindo para a obesidade; f) Riscos à saúde. Coração: uma pesquisa realizada com trabalhadores de uma fábrica de papel na Suécia revelou o dobro de incidência de doenças do coração para os trabalhadores em turnos, em relação aos trabalhadores diurnos (Knutsson et al., 1986, citado por Monk e Folkard, 1992). Outros estudos reforçam a preocupação com o trabalho em turnos para pessoas com propensão a doenças cardíacas (Monk e Folkard, 1992). Mente: embora não tenha sido provado com clareza que disfunções no ciclo cardiano possam levar a doenças mentais, os trabalhos com passageiros imediatamente após viagens aéreas indicam que pessoas mais vulneráveis ao trabalho em turnos podem sofrer conseqüências mentais. Dois trabalhos afirmam não haver dúvida de que o trabalho em turnos aumenta os sintomas neuróticos e decresce o bem estar geral (Meers et al, 1978 e Bohle e Tilley, 1989, citado por Monk e R. Un. Alfenas, Alfenas, 4:199-207, 1998 Folkard, 1992). Aparelho gastro-intestinal: não há dúvida de que o trabalho em turnos acarreta problemas de apetite, redução ou excesso, constipação, diarréia, indigestão e em casos extremos úlcera péptica. (Monk e Folkard, 1992). Slogan: O trabalho em turnos é provavelmente ruim para o coração, quase certamente ruim para a cabeça e definitivamente ruim para o estômago e intestinos (Monk e Folkard, 1992). g) Longevidade: a questão fundamental se os desconfortos do trabalho em turnos têm impactos apenas temporários ou se afetam a saúde a longo prazo e a longevidade permanece pendente . h) Abuso de drogas: há indicações de aumento do consumo de álcool e tranqüilizantes (Gordon et al., 1986, citado por Monk e Folkard, 1992). i) Problemas de sono: distúrbios no sono, irritabilidade e mau humor ocorrem com maior freqüência em trabalhadores em turnos. j) Vida Familiar: o marido que trabalha em turnos tem maior potencial de comprometer seus papéis de companheiro social e parceiro sexual junto a mulher, de mentor na educação dos filhos e de provedor familiar no cuidado de tarefas como manutenção da casa e do carro. Problemas semelhantes ocorrem com a mulher que trabalha em turnos. k) Vida Social e Lazer: boa parte do tempo de folga dos trabalhadores em turno é pouco útil, sendo bastante valorizados os dias de folga que correspondem a fins de semana e feriados. Há indicações de maiores índices de problemas familiares, incluindo divórcio, uso de álcool e outras drogas e suicídios entre os trabalhadores de turnos, o que estaria associado às dificuldades familiares e sociais. 2.5. AS VANTAGENS DO TRABALHO EM TURNOS No trabalho em turnos nem tudo são espinhos. Dentre as vantagens podem ser citadas os adicionais salariais, a possibilidade de se obter agenda mais favorável para cuidar da família ou de projetos pessoais como estudar, o trabalho com menor supervisão, o uso de trajes mais confortáveis e menos formais, a possibilidade de freqüentar estabelecimentos comerciais, esportivos, artísticos, etc, em horários de menor movimento e o espírito de grupo que desenvolvese em certos casos. Muitos trabalhadores preferem o turno da noite pela maior liberdade em termos de atitudes e rítmo de trabalho, sendo que alguns tornamse mais produtivos e criativos neste turno. 2.6. ESTUDO DO SONO A privação do sono é apontada como o impacto direto mais negativo do trabalho em turnos que inclui o turno da noite, pois 60% a 70% dos trabalhadores em turnos reclamam de distúrbios no PRINCIPAIS IMPACTOS DO TRABALHO EM TURNOS: ESTUDO DE CASO DE UMA... 203 sono (Rutenfranz et al., 1982). A duração insuficiente ou qualidade pobre do sono compromete a capacidade física e cognitiva e a motivação do trabalhador, podendo decorrer daí riscos à segurança e ao meio ambiente e redução de produtividade e de qualidade dos produtos e serviços no ambiente de trabalho e degradação das relações nos ambientes familiar e social. Definição de Sono. Cientificamente, o sono tem sido definido através de parâmetros fisiológicos que se correlacionam com este, os quais permitem inclusive identificar tipos e estágios diferentes de sono. Três registros têm sido usados para definir o sono: o eletroencefalograma (EEG), o eletrooculograma (EOG) e o eletromiograma (EMG). O eletroencefalograma registra diferenças de potencial elétrico (diferenças de voltagem) entre eletrodos colocados no couro cabeludo, as quais são originadas de emissões elétricas, possivelmente emanadas das membranas das células nervosas (Sleep Syllabus, Part A, 1998). O eletrooculograma registra o movimento dos olhos. Uma vez que o globo ocular funciona como uma bateria, onde a retina é negativa em relação à córnea, o movimento do olho pode ser detectado através de eletrodo colocado na pele próximo a este. O eletromiograma registra a atividade elétrica associada à atividade muscular, a partir de eletrodos colocados na pele em torno dos músculos. Nos seres humanos os eletrodos são colocados abaixo do queixo, pois ocorrem grandes variações de atividade muscular nesta área ao longo do sono. A análise do registro simultâneo de EEG, EOG e EMG permitiu distinguir dois tipos de sono: o sono típo REM (Rapid Eye Movement) e o sono tipo NREM (Non Rapid Eye Movement). O sono tipo NREM por sua vez é subdividido em 4 estágios em função das amplitudes e freqüências das ondas registradas no EEG. A descoberta do sono tipo REM, no qual ocorre rápidos movimentos dos olhos, alta atividade em algumas áreas do cérebro e paralisação dos músculos, provocou uma revolução no estudo do sono, a ponto de ocorrer a divisão do sono em dois tipos: o REM e o Não REM. A descoberta do sono tipo REM derrubou o conceito intuitivo de que o sono seria um estado de desligamento do cérebro para descanso. O sono é um processo deflagrado e mantido por mecanismos complexos. Falhas neste mecanismo constituem distúrbios ou doenças do sono. Sono Normal: o sono de um adulto jovem saudável inicia-se no 1o estágio do tipo NREM, passa pêlos estágios 2, 3 e 4 e retorna aos estágios 3 e 2, em um tempo de aproximadamente 80 minutos, daí passa ao tipo REM por 10 minutos, totalizando um ciclo de 90 minutos. A seguir este ciclo repete-se com pequena diminuição do tempo NREM e pequeno aumento do REM (Sleep Syllabus, Part C,1998). Observa-se que nos primeiros ciclos os estágios 3 e 4 são dominantes no sono NREM, tornando-se quase ausentes nos ciclos finais. Cumpre ressaltar, que estes estágios, caracterizados no EEG por ondas deltas de alta amplitude (> 75 mV) são os estágios mais resistentes aos estímulos desruptivos externos, ou seja são os estágios de sono mais profundo. Funções do Sono. Sabe-se que o sono é tão vital para os seres humanos que diante de sua privação, ao atingir certos limites as pessoas não conseguem mais se manter acordadas, ainda que dormir signifique a morte. As seguintes hipóteses têm sido aventadas como função do sono: restauração e recuperação do corpo e mente; conservação de energia; cobrevivência na relação presa-predador; consolidação da memória; crescimento cerebral; programação de comportamentos inatos; descarga de emoções; etc (Sleep Syllabus, 1998). Porém, nenhuma destas hipóteses se confirmou nas pesquisas, sendo a descoberta das funções do sono um dos grandes objetivos das pesquisas atuais. Variáveis que afetam o Sono. O sono é afetado pelas escalas irregulares do trabalho em turnos, por viagens meridionais onde os fusos horários são bastante diferentes, por disfunções do organismo e por fatores familiares e sociais. A idade é a variável independente que mais afeta o sono. Assim, ao longo dos anos o tempo diário de sono reduz-se de 16 a 18 h/d para os recém nascidos para 6 a 7 h/d para os idosos. O tempo de sono tipo REM que atinge 50% do tempo de sono nos recém nascidos, cai para 20 a 25% nos adultos e idosos. Como nos néo-natais o percentual de sono REM é superior a 50%, especula-se que este teria especial importância na maturação do córtex cerebral e do sistema oculomotor e que assistiria à programação dos circuitos neurológicos (Sleep Syllabus, Part C, 1998). No início da vida o sono é polifásico, vários episódios de sono por dia, tornandose monofásico nos adultos e voltando a ser polifásico na velhice. Os estágios 3 e 4 do NREM passam a ocorrer cada vez menos com a idade, o que explica a facilidade com que o sono dos idosos é interrompido por estímulos externos (sons, toques, etc). Acima dos 75 anos o estágio 4 pode não mais existir, sendo o sentido funcional deste desaparecimento atribuído a uma perda de plasticidade dos neurônios (Sleep Syllabus, 1998). Assim, o declínio dos estágios 3 e 4 do sono NREM seria um dos principais indicadores de envelhecimento do sistema nervoso central. Cumpre ressaltar que uma série de disfunções que acometem as pessoas idosas, como artrite, osteoporose e outras, também provocam distúrbios no sono dos idosos. Desordens do Sono. Pesadelos ou sonambulismo atingem de 3% a 5% das crianças em idade escolar, decrescendo na adolescência; R. Un. Alfenas, Alfenas, 4:199-207, 1998 204 V. F. RODRIGUES Narcolepsia, sonolência irresistível durante o dia, atinge um em cada 10000 indivíduos; Insônia é o distúrbio do sono mais comum, atingindo em torno de 25% dos adultos com 30 anos de idade e mais de 50% com 70 anos de idade; Apnéa, distúrbio respiratório durante o sono, atinge de 20 a 30% das pessoas com mais de 65 anos. A apnéa ocorre com mais freqüência nos extremos da vida, sendo uma das prováveis causas da Síndrome de Morte Súbita em crianças e de morte “natural” em muitos idosos (Sleep Syllabus, 1998). Várias outras doenças do sono foram descobertas nos últimos anos sendo a especialidade da medicina do sono uma clínica florescente nos países desenvolvidos. gerenciado pela SS, que pratica revezamento de turno, composto por uma média de 40 pessoas em cada embarque. Assim, não participaram dos questionários nem das entrevistas as áreas terceirizadas de hotelaria e radiotelefonia (18 pessoas) e a equipe de engenharia de poço, que varia de 10 a 30 pessoas, dependendo dos serviços em andamento e trabalha em regime de sobreaviso. Consideramos da maior importância ampliar a pesquisa, em futuro próximo, incluindo as equipes de serviços terceirizados e conduzir uma pesquisa específica para a equipe de engenharia de poço, cujo regime de trabalho, que alterna períodos de ociosidade com períodos de intensas e estressantes atividades, merece especial atenção. 3. MATERIAL E MÉTODOS 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste trabalho apresenta-se uma breve pesquisa do tipo survey, de cunho exploratório, na qual foram usados questionário e entrevistas com os trabalhadores - operários, supervisores e gerentes- e analisados relatórios de anormalidades operacionais e de acidentes pessoais. O questionário, após caracterizar os pesquisados (idade, tempo de empresa, tempo de trabalho em turnos), apresentou questões visando identificar as razões pelas quais os empregados optam por este regime de revezamento de turnos em ambiente confinado, a percepção dos trabalhadores em termos de sono, cansaço e prontidão (alerta) nos turnos diurno e noturno e a percepção dos trabalhadores quanto à adaptação ou aumento da dificuldade do trabalho em turnos ao longo dos anos. As entrevistas abertas abriram espaço para que os trabalhadores se manifestassem em termos de prazer e sofrimento no trabalho. Os questionários foram respondidos por 24 trabalhadores, dos quais 12 participaram das entrevistas, em três grupos de quatro. O objeto desta pesquisa é uma Sonda Semisubmersível (SS) de Perfuração de Poços de Petróleo. Trata-se de uma SS que desloca-se de uma locação para outra com auxílio de rebocadores e mantém-se ancorada em cada locação através de 08 âncoras, em lâmina de água de até 700 m. A equipe da SS é constituída pela gerência em terra, composta por um gerente, dois engenheiros, três supridores e um auxiliar administrativo e pela equipe embarcada, composta de cinco turmas – duas trabalhando e três folgando. A população embarcada, média de 110 pessoas, é distribuída pelas áreas administrativa, almoxarifado, caldeiraria, elétrica, enfermaria, serviços gerais, hotelaria, lastro, mecânica, perfuração, radiotelefonia e segurança, lotados na SS, e por uma equipe de engenharia de poço, que executa operações especiais nos poços e representa os clientes, a bordo. Este estudo de caso focaliza o pessoal diretamente R. Un. Alfenas, Alfenas, 4:199-207, 1998 Trata-se de um regime de confinamento peculiar, com limitações e constrangimentos bem mais intensos do que os existentes em outros regimes de confinamento, onde existe a possibilidade do trabalhador deixar o sítio de trabalho e deslocar-se com seus recursos próprios (Choueri, 1991). Nas sondas de perfuração marítima, sem sequer a possibilidade de se avistar a costa, os trabalhadores estão confinados a um espaço exíguo (um prisma com base retangular de aproximadamente 70 m x 90 m), isolado por todos os lados pelo mar. Dentro deste prisma há muitas limitações à movimentação, constituídas por áreas de riscos onde só os trabalhadores daquela área devem circular. Nas horas de descanso a limitação torna-se mais presente, pois o trabalhador deve permanecer no casario ou caminhar pelo heliponto, quando as condições atmosféricas e a movimentação de aeronaves permitem. Outro aspecto relevante é a proximidade entre os locais de trabalho (plataforma de perfuração, oficinas, convés, etc) e o casario (camarotes, salas de TV, refeitório, etc). Isto dificulta o desligamento dos trabalhadores, quando em seus momentos de alimentação, repouso ou lazer, de suas atividades de trabalho. Ruídos, movimentos, vibrações, movimentações de barcos ou helicópteros, treinamentos de combate a incêndio e de abandono de plataforma, chamadas no sistema de alto-falantes, conversas em voz alta nos corredores e outras perturbações lembram aos trabalhadores, todo o tempo, que os mesmos estão ali para trabalhar e trabalhar. A grande distância entre a residência e o local de trabalho – a maior parte dos trabalhadores mora em outros estados – é uma variável que amplia os impactos do afastamento da família e amigos. Se, por um lado minimiza as solicitações de familiares e amigos no período de descanso, por outro lado cria a tensão advinda da impotência de auxiliar na resolução PRINCIPAIS IMPACTOS DO TRABALHO EM TURNOS: ESTUDO DE CASO DE UMA... 205 das dificuldades cotidianas. Durante o período em que o trabalhador está embarcado é sua companheira, na maioria das vezes, que administra os assuntos financeiros. Esta é uma fonte de conflitos que gera preocupação para muitos. A não participação do pai em eventos de grande efeito simbólico como festas de aniversário, de formatura, de casamento e similares, reveillon, natal, etc, constitui fonte de frustração para os trabalhadores e seus entes queridos. Um aspecto psicológico interessante é o fato de que, por medida de segurança, o trabalhador deve estar sempre em um local conhecido, o que associado à exiguidade de espaço o impede de ter períodos de isolamento (Choueri, 1991). A compulsoriedade de relacionamentos é mais um aspecto de forte diferenciação em relação ao trabalho normal. O trabalhador em seus momentos de folga dificilmente pode escolher um grupo com maiores afinidades para se relacionar, sob pena de isolar-se (Choueri, 1991). O contingente de pessoas nas SS é constituído por uma grande maioria (95% a 100%) do sexo masculino. Portanto, são escassos os contatos diretos com mulheres, daí decorrendo várias carências, sendo uma dessas a sexual. Ora, uma vida sexual satisfatória é considerada essencial para uma vida equilibrada e feliz do ser humano. A abstinência forçada, aliada a uma grande expectativa compensatória para o período de folga, representa um grande desbalanceio, cujas conseqüências merecem estudo. O vício de assistir filmes pornográficos na sala de vídeo parece ser um sintoma preocupante de carência sexual. A preocupação dos trabalhadores com a fidelidade sexual de suas companheiras manifesta-se, simbolicamente, nas constantes brincadeiras sobre o tema e aparenta constituir fonte de sofrimento dissimulado. 5.CONCLUSÕES Nas conclusões não se apresenta valores de médias e desvios padrões, mas apenas a comparação dos mesmos entre os turnos do dia e da noite, a fim de melhor preservar a confidencialidade dos dados. O cálculo da média e desvio padrão das anormalidades operacionais de 1995 a 1998 demonstrou não haver maior incidência de anormalidades no turno da noite. Este item carece de maior aprofundamento uma vez que uma anormalidade ocorrida durante o dia pode ter tido sua origem em um descuido cometido à noite e vice-versa. O cálculo da média e desvio padrão de acidentes pessoais de 1995 a 1998, tanto com afastamento como sem afastamento do trabalhado, revelou menor número de acidentes no turno da noite. Porém, ao calcular as taxas de acidentes considerando o menor número de trabalhadores expostos, verificou- se que a taxa de acidentes no turno da noite é o dobro da taxa no turno diurno. Este resultado está de acordo com o apontado pelo referencial teórico. A análise do questionário revelou: a) As razões pelas quais os trabalhadores optam ou submetem-se ao revezamento de turnos confinados em alto mar por 14 dias apresentou média de 4,2 (escala de 0 a 5) para as folgas adquiridas; 3,4 para razões econômicas e 2,4 por sentir-se melhor, psicologicamente, neste tipo de regime. Logo, as folgas adquiridas no chamado regime 14 x 21 e os adicionais salariais são a moeda de troca que leva os trabalhadores a optar pelo trabalho em turno neste caso. b) Para 60% dos trabalhadores pesquisados o turno da noite é mais penoso, sendo indiferente para os demais 40%. Este resultado é idêntico ao da pesquisa de Choueri realizada em 1990 (Choueri, 1991). Os mesmos 60% declararam apresentar menor disposição física e menor capacidade de concentração à noite. Os demais 40% distribuíram-se em 30% que disseram ter a mesma disposição em ambos os turnos e 10% que disseram ter maior disposição no turno da noite. Estes resultados são muito próximos aos da pesquisa de Choueri (Choueri, 1991). c) Apenas 20% declararam dormir normalmente pelo dia, quando trabalhando à noite, enquanto 80% declararam dormir menos do que o normal, não havendo indiferentes. Neste item o percentual dos que apresentam dificuldade de dormir pelo dia (80%) foi bem maior do que o obtido na pesquisa de Choueri, o qual foi de 50%. Embora seja prematuro concluir que o aumento na dificuldade de dormir possa ter sido causado pelo avanço na idade e experiência, este é um dos pontos de grande interesse para aprofundamento. d) Como 80% dormem menos pelo dia e apenas 60% consideraram o turno da noite mais penoso, outro ponto de aprofundamento seria a verificação de prováveis medidas usadas pelos 20% que apesar de dormir menos se adaptaram bem ao trabalho noturno. e) Como 80% declararam dormir menos durante o dia, quando trabalhando pela noite, pode-se concluir que a adoção de medidas para melhoria do sono diurno pode trazer grandes melhorias para os trabalhadores. f) Para 80% dos trabalhadores o trabalho em turnos tem se tornado mais penoso com o passar do tempo, sendo que 20% declararam ter se adaptado melhor ao revezamento com o tempo. É interessante observar que não há um só caso de indiferença neste item. Este item é de especial interesse para aprofundamento visando identificar e implementar ações que minimizem as dificuldades no turno da noite deste grande número de trabalhadores experientes e de grande importância para a empresa. Nas entrevistas as questões relativas à comparação R. Un. Alfenas, Alfenas, 4:199-207, 1998 206 V. F. RODRIGUES entre os turnos diurno e noturno foram ofuscadas pela preocupação dos trabalhadores com: a) uma possível perda de folga com a extinção da quinta turma; b) a perda de liberdade e iniciativa decorrente do aumento da padronização de procedimentos. No que se refere ao aumento da padronização, fruto da introdução de normas internacionais e das facilidades da tecnologia de informação, acreditamos que esta caracteriza o confronto entre a tese da rotina (os princípios físicos e químicos e os processos estão perfeitamente sob controle) adotada pela administração em terra e a organização real do trabalho, onde são necessárias alterações dos procedimentos, ferramentas e equipamentos para viabilização da propalada tecnologia dominada (Dejours, 1994). Alguns sintomas de sofrimento no trabalho e de defesas contra o sofrimento são visíveis. Percebe-se uma forte tendência ao individualismo, à descrença e ao fatalismo, o que inviabiliza a transformação dos sofrimentos individuais em uma demanda social (Dejours, 1994). 5.1. SUGESTÕES RELATIVAS AO ESTUDO DE CASO: a) Como a taxa de acidentes pessoais, embora baixa quando comparada com padrões internacionais, é maior no turno da noite, recomendamos um aperfeiçoamento no programa de prevenção de acidentes para o turno da noite. b) Como 80% dos pesquisados consideraram que o trabalho em turnos tem se tornado mais penoso com o passar dos anos é oportuno implementar um Programa de Conscientização do Trabalho em Turnos, que abranja educação, saúde e estratégias dentro e fora do trabalho para melhor adaptação ao trabalho em turnos. Tal programa deve contemplar a especialização de médicos, psicólogos e assistentes sociais em trabalho em turnos. c) Sugerimos aos gerentes e à área de RH, com base nas evidências do aumento das dificuldades do revezamento de turnos com a idade e na valorização do capital intelectual praticada pelas empresas concorrentes da indústria de petróleo, que seja afastada a ameaça interna de redução de folgas dos trabalhadores embarcados. d) Face aos sinais de sofrimento no trabalho e da tendência ao individualismo, descrença e fatalismo, sugerimos aos trabalhadores, gerentes e sindicato recorrer à psicopatologia do trabalho (Dejours, 1994), cujo referencial teórico permitiria uma tomada de consciência das dificuldades contemporâneas porque passam estes agentes do trabalho, e cuja metodologia aplicada por especialistas capazes permitiria aos próprios agentes diagnosticar as causas do sofrimento R. Un. Alfenas, Alfenas, 4:199-207, 1998 e adotar medidas para erradicá-las. Como temas de pesquisa sugere-se a) Aprofundar a pesquisa incluindo as equipes terceirizadas, as equipes de engenharia de poço e os gerentes de terra. b) Levantar o número de empregados que desistiram do trabalho em turnos optando pelo trabalho em regime administrativo e as causas desta desistência. c) Levantar o número e tipo de queixas apresentadas nos exames médicos periódicos anuais e o número de afastamentos por motivo de doenças de trabalhadores em turnos e em regime administrativo. d) Efetuar levantamento de indicadores familiares e sócio-econômicos como incidência de separação de casais, dificuldades escolares dos filhos, qualidade de moradia, dificuldades financeiras e outros, entre trabalhadores em turnos e trabalhadores em regime administrativo. e) Obter a visão de aposentados e empregados que trabalharam em turnos por pelo menos cinco anos e que não mais trabalham neste regime, sobre os impactos do trabalho em turnos em produtividade, segurança, e particularmente sobre a saúde e os distúrbios familiares e sociais. f) Efetuar pesquisa que estime os benefícios do aumento do contingente feminino a bordo das plataformas de perfuração marítima; 6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS CHOUERI, N. Jr. Equipes de Perfuração Marítima – Uma Análise das Relações Sociais, das Condições de Trabalho e de Produtividade, Campinas, 1991 (Dissertação de Mestrado, UNICAMP).142 p. DEJOURS, C. et al, Psicodinâmica do Trabalho Contribuições da Escola Dejouriana à Análise da Relação Prazer, Sofrimento e Trabalho. São Paulo: Ed Atlas, 1994. 386 p. FISCHER, M.F. Condições de Trabalho e de Vida em Trabalhadores de Setor Petroquímico, São Paulo, 1990 (Tese de Livre Docência USP - Faculdade de Saúde Pública) 1990. 342 p. FOLKARD et al., A Cronobiologia e o trabalho em Turnos: artigos recentes e tendências, 1985, São Paulo. Atlas, 1985. LARSON, M. Quality on the Night Shift, Quality Magazine’s Home Page, June 1998. PRINCIPAIS IMPACTOS DO TRABALHO EM TURNOS: ESTUDO DE CASO DE UMA... 207 ROSA, R.R e COLLIGAN, M.J. Plain Language About Shiftwork, DHHS (NIOSH) , v. 97 p.145, 1997. RUTENFRANZ, J, Medidas de higiene do trabalho para os trabalhadores em turnos e Trabalhadores dos turnos noturnos, J.Human Ergon, 11, n.67 1982 - Tradução Carmen Penido Monteiro. SLEEP SYLLABUS, 1998, http://bisleep.med.ucla. edu/sleepsyllabus. R. Un. Alfenas, Alfenas, 4:199-207, 1998