UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA Estudo da eficácia do tensoativo sorbitano Tween 80 veiculado em nanoemulsão contendo óleo de soja, como inibidor de corrosão Ciro José Ferreira Rodrigues _______________________________________ Dissertação de Mestrado Natal/RN, agosto de 2012 Ciro José Ferreira Rodrigues ESTUDO DA EFICÁCIA DO TENSOATIVO SORBITANO TWEEN 80 VEICULADO EM NANOEMULSÃO CONTENDO ÓLEO DE SOJA, COMO INIBIDOR DE CORROSÃO. Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências para obtenção do título de Mestre em Química. Orientadora: Profª. Drª. Maria Aparecida Medeiros Maciel Co-orientador: Prof. Dr. Kássio Michel Gomes de Lima Natal-RN 2012 Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Instituto de Química Rodrigues, Ciro José Ferreira Estudo da eficácia do tensoativo sorbitano Tween 80 veiculado em nanoemulsão contendo óleo de soja, como inibidor de corrosão / Ciro Natal / RN, 2012. 107 f. Orientadora: Maria Aparecida Medeiros Maciel Co-Orientador: Kássio Michell Gomes de Lima Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química. 1. Nanoemulsão - Dissertação. 2. Tween 80 - Dissertação. 3. Óleo de Soja Dissertação. 4. Corrosão – Dissertação. 5. Espectroscopia de Impedância.Dissertação. 6. Análise de Componentes Principais – Dissertação. I. Maciel, Maria Aparecida Medeiros. II. Lima, Kássio Michell Gomes. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título. RN/UFRN/BSE- IQuímica CDU 620.19 (043) AGRADECIMENTOS Agradeço, em primeiro de tudo, aos meus pais Judite (mainha) e Acaci (paizão), ao meu irmão Caio (irmãozão) que conviveram comigo durante este percurso de amadurecimento desta minha vã vida, e juntamente toda minha família. Agradeço à Prof. Dra. Maria Aparecida Medeiros Maciel pela orientação acadêmica e incentivos, pelos ensinamentos e oportunidades que foram criados para meu grande amadurecimento e confiança durante esta fase da vida. Agradeço ao Prof. Dr. Kássio Michel Gomes de Lima pelas orientações no trabalho, pela oportunidade oferecida de aprender e aplicar novos conhecimentos científicos. Agradeço ao Professor Dr. Josealdo Tonholo (UFAL) pelo apoio em todas as dimensões para execução deste trabalho, e no aprendizado da área de eletroquímica. À Ruza Gabriela Medeiros de Araújo Macedo pela paciência para concretização deste projeto. Agradeço à Profa. Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas (UFRN) pela disponibilização do Laboratório de Tecnologia de Tensoativos para realização parcial deste trabalho. Agradeço sem ordem de prioridade a Verônica, Gineide, Cássia, Bia, Luan, Denise, Rosemiro (Miro), Breno Soares, Fabrício, Gilberlândio, para o Todo e o Tudo, os seres que me guiaram até aqui, aos demais que contribuíram com este trabalho, por todos incentivos e orientações. Ao CNPq pelo financiamento. RESUMO Atualmente, a utilização de produtos químicos que atendam satisfatoriamente as necessidades de diferentes setores da indústria química encontra-se vinculada ao consumo de materiais biodegradáveis. Neste contexto, o presente trabalho foi desenvolvido contemplando aspectos biotecnológicos com o objetivo de se desenvolver um inibidor de corrosão menos agressivo ao meio ambiente. Para tanto, uma nanoemulsão (denominada de NE-OS) foi obtida com Tween 80 (polioxietileno (20) monooleato), óleo de soja (OS) e água bidestilada. A modificação dos percentuais deste tensoativo sorbitano (entre 9 e 85 ppm) foi avaliada em diagramas de fases em que se manteve constante o percentual da fase óleo, possibilitando a formação do sistema NE-OS em diferentes concentrações. Desta forma, nanoemulsões (NE-OS1, S2, S3, S4 e S5) polares (do tipo O/A) foram caracterizadas (análise de dispersão de luz, condutividade e pH) e submetidas a estudos eletroquímicos. O comportamento interfacial destes sistemas nanoemulsionados como inibidores de corrosão na presença de aço-carbono AISI 1020, em meio salino (NaCl 3,5%) foi avaliado pela determinação do Potencial de Circuito Aberto (OCP), Curvas de Polarização (obtidas pela extrapolação das curvas de Tafel) e Espectroscopia de Impedância Eletroquímica (EIE). De acordo com os resultados obtidos pelas análises das Curvas de Polarização, foi possível caracterizar o sistema NE-OS (e suas variações) como inibidores mistos com eficiências máximas de inibições quantitativas (98,6% - 99,7%) para NE-OS1 e NE-OS2 (9 - 85 ppm do tensoativo). No entanto, de acordo com a técnica EIE, as eficiências máximas de inibições quantitativas foram observadas para várias amostras deste sistema NE-OS. Como ferramentas adicionais aos estudos eletroquímicos foram realizados quimiométricos de Análise de Variância (ANOVA) e Análise de Componentes Principais (PCA), utilizadas, respectivamente, para caracterização das nanoemulsões e estudo de isotermas de adsorção, que confirmaram os resultados observados nas investigações experimentais em que se utilizaram as nanoemulsões diluídas com o tensoativo concentrações reduzidas (0,5 – 1,75 ppm). Palavras-Chaves: nanoemulsão, Tween 80, óleo de soja, corrosão, espectroscopia de impedância, Análise de Componentes Principais. em ABSTRACT Nowadays, the use of chemicals that satisfactorily meet the needs of different sectors of the chemical industry is linked to the consumption of biodegradable biotechnological materials. In aspects with this the context, this objective of work contemplated developing a more environmentally-friendly corrosion inhibitor. In order to achieve this goal, nanoemulsion-type systems (NE) were obtained by varying the amount of Tween 80 (9 to 85 ppm) a sortitan surfactant named polyoxyethylene (20) monooleate. This NE-system was analyzed using phase diagrams in which the percentage of the oil phase (commercial soybean oil, codenamed as OS) was kept constant. By changing the amount of Tween 80, several polar NE-OS derived systems (O/W-type nanoemulsion) were obtained and characterized through light scattering, conductivity and pH, and further subjected to electrochemical studies. The interfacial behavior of these NE-OS derived systems (codenamed NE-OS1, S2, S3, S4 and S5) as corrosion inhibitors on carbon steel AISI 1020 in saline media (NaCl 3.5%) were evaluated by measurement of Open Circuit Potential (OCP), Polarization Curves (Tafel extrapolation method) and Electrochemical Impedance Spectroscopy (EIS). The analyzed NE-OS1 and NE-OS2 systems were found to be mixed inhibitors with quantitative efficacy (98.6% - 99.7%) for concentrations of Tween 80 ranging between 9 and 85 ppm. According to the EIS technique, maximum corrosion efficiency was observed for some tested NE-OS samples. Additionaly to the electrochemical studies, Analysis of Variance (ANOVA) and Principal Component Analysis (PCA) were used, characterization of the nanoemulsion tested systems and adsorption studies, respectively, which confirmed the results observed in the experimental analyses using diluted NE-OS samples in lower concentrations of Tween 80 (0.5 – 1.75 ppm). Key words: nanoemulsion system, Tween 80, soybean oil, corrosion, impedance spectroscopy, Principal Component Analysis. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Representação esquemática de uma molécula de tensoativo....... 23 Figura 2 Estruturas básicas de tensoativos sorbitanos da classe Tween.... Figura 3 Representação esquemática do equilíbrio de sorção 25 de tensoativos na interface gás-líquido (a) e na interface líquidolíquido (b)....................................................................................... 26 Figura 4 Escala métrica da faixa macro para nano...................................... 28 Figura 5 Estrutura de micelas, (a) direta e (b) inversa................................. 29 Figura 6 Representação dos sistemas Winsor............................................. 30 Figura 7 Representação de diagramas de fases. (a) diagrama ternário, (b) diagrama quaternário e (c) diagrama pseudoternário.................... 30 Figura 8 Representação esquemática de sistema consistindo de dois componentes, ambos em processos de sorção............................. 31 Figura 9 Representação esquemática dos processos de troca de energia na produção de metal..................................................................... 36 Figura 10 Estrutura esquemática apresentando características e composição de uma superfície corroída em meio aquoso neutro.. 38 Figura 11 Variação da energia livre interfacial em metal polarizado anodicamente................................................................................. 41 Figura 12 Representação da curva de polarização em função do potencial aplicado e do logaritmo da corrente............................................... 43 Figura 13 Representação do gráfico de Nyquist............................................ 46 Figura 14 Diagrama de Bode......................................................................... 47 Figura 15 Representação de uma Componente Principal (CP) de duas variáveis: (a) os loadings são os ângulos do vetor direção; (b) os escores são as projeções das amostras 1 e 2 na direção da CP, sendo os dados centrados na média............................................. 48 Figura 16 Representação matricial da somatória de produtos dos vetores escores e loading........................................................................... 49 Figura 17 Fluxograma da metodologia experimental..................................... 51 Figura 18 Sistemas em Winsor IV , NE-OS1 (a) e NE-OS2 (b) na ausência do meio corrosivo........................................................................... 52 Figura 19 Eletrodo de trabalho com área superficial de 0, 302 cm2............... 53 Figura 20 Potenciostato/galvanostato PGSTAT 302 versão 4.9 conectado a célula de 5 mL............................................................................. 55 Figura 21 Estrutura molecular do polioxietileno (20) monooleato (Tween 80), onde w+x+y+z = 20 e R é derivado do ácido oleico............... 57 Figura 22 Diagrama ternário Tween 80, óleo de soja refinado (comercial) e água bidestilada............................................................................. 59 Figura 23 Composição dos cinco nanoemulsionados.................................... 59 Figura 24 Representação dos agregados micelares no aumento da concentração do meio salino, sendo íons Na+ (+) e Cl- (-)............. 64 Figura 25 Comportamento do Potencial do Circuito Aberto (OCP) das nanoemulsões NE-OS1 até NE-OS5c utilizando aço-carbono AISI 1020 em meio corrosivo, sob agitação de 300 rpm................ 66 Figura 26 Gráfico dos scores correspondente a 12 amostras analisadas por OCP......................................................................................... Figura 27 68 Gráfico de loading das amostras NE-OS ...................................... 70 Figura 28 Isoterma de adsorção de Langmuir (a) e Frumkin (b).................... 71 Figura 29 Diagrama de impedância com valores experimentais e simulados dos circuitos equivalentes (Fit) obtidos para as nanoemulsões NE-OS1, S2, S3, S4 e S5. (a) Nyquist, (b) e (c) Bode............................................................................................... 73 Figura 30 Circuitos elétricos equivalentes obtidos para amostras NaCl 3,5%, NE-OS1(a) e NE-OS2, S3, S4 e S5 (b)............................... 76 Figura 31 Curvas de polarização potenciodinâmica das nanoemulsões NEOS1, S2, S3, S4 e S5 em meio corrosivo...................................... 80 Figura 32 Curvas de polarização potenciodinâmica das NE diluídas de S2 em meio corrosivo utilizando aço-carbono AISI 1020.................... 83 Figura 33 Curvas de polarização potenciodinâmica das NE diluídas de S5 em meio corrosivo utilizando aço-carbono AISI 1020.................... 84 Figura 34 Curvas de polarização potenciodinâmica de NE-OS1 (a) e NEOS2 (b), na solução corrosiva........................................................ 87 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Dados de eficiências de inibição de sorbitanos............................. 19 Tabela 2 Técnicas eletroquímicas utilizadas para avaliar a eficácia de inibição.......................................................................................... 20 Tabela 3 Isotermas de adsorção para tensoativos sorbitanos...................... 22 Tabela 4 Isotermas de adsorção................................................................... 34 Tabela 5 Representação dos elementos de circuito equivalentes e suas equações de impedância............................................................... 45 Tabela 6 Concentrações de inibidor na nanoemulsão NE-OS em meio corrosivo (NaCl 3,5 %)................................................................... 54 Tabela 7 Composição química do óleo de soja refinado.............................. 57 Tabela 8 Tamanho da partícula com índice de polidispersão e distorção do diâmetro dos sistemas nanoemulsionados, na presença e ausência do meio corrosivo (NaCl 3,5%)....................................... 61 Tabela 9 Valores de condutividade elétrica e pH das nanoemulsões em meio corrosivo (NaCl 3,5%)........................................................... 63 Tabela 10 Dados da Análise de Variância das propriedades obtidas dos NE-OS na presença e ausência do meio corrosivo....................... 65 Tabela 11 Parâmetros físico-químicos encontrados para as isotermas estudadas....................................................................................... 72 Tabela 12 Parâmetros da análise do circuito elétrico equivalente com respectivos erros de ajustes........................................................... 77 Tabela 13 Dados eletroquímicos da extrapolação das curvas de Tafel na ausência e presença de inibidores utilizando aço-carbono AISI1020................................................................................................ 81 Tabela 14 Dados eletroquímicos das curvas potenciodinâmicas para NaCl e NE-OS, utilizando aço-carbono AISI-1020.................................. Tabela 15 Dados eletroquímicos das curvas potenciodinâmicas 85 das amostras NaCl, NE-OS1 e NE-OS2, utilizando aço-carbono AISI 1020................................................................................................ 88 LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS A - Constante de interação lateral de Frumkin ACP - Análise de Componentes Principais c - Concentração CP - Componentes Principais CPE - Capacitância da dupla camada elétrica Ei - Potencial de equilíbrio ou OCP EIE - Espectroscopia de impedância eletroquímica F - Constante de Faraday g - Grau de recobrimento superficial i0- Densidade de corrente inicial ia- Densidade de corrente anódica ic- Densidade de corrente catódica icorr- Densidade de corrente de corrosão Kads- Constante de adsorção OCP - Potencial de Circuito Aberto R - Constante universal dos gases Rp- Resistência a polarização Rs- Resistência da solução Rtc- Resistência à transferência de carga T - Temperatura em Kelvin tca - Tempo de circuito aberto Ws - Elemento de impedância de Wanburg z- Carga elétrica Símbolos θ - Ângulo de fase α - Coeficiente de transferência de carga η - Sobre-potencial βa - Coeficiente de Tafel anódico ηa - Sobre-potencial anódico ∆adsG - Variação da energia livre de Gibbs de adsorção βc - Coeficiente de Tafel catódico ηc - Sobrepotencial catódico ∆E - Variação do potencial aplicado ∆G - Variação da energia livre de Gibbs SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................... 13 2 ESTADO DA ARTE E ASPECTOS TEÓRICOS....................... 15 2.1 APLICAÇÃO DE MICROEMULSÃO COMO INIBIDORES DE CORROSÃO.............................................................................. APLICAÇÃO DE TENSOATIVOS SORBITANOS COMO INIBIDORES DE CORROSÃO................................................... 2.1 TENSOATIVOS......................................................................... 2.2 15 18 23 Processo de formação de agregados micelares................ 26 2.2 NANOEMULSÃO....................................................................... 27 2.3 INTERFACE E SORÇÃO........................................................... 31 2.4 ISOTERMAS DE ADSORÇÃO.................................................. 32 2.1.1 VARIÁVEIS QUE INTERFEREM NOS MECANISMOS DE INTERAÇÃO NA INTERFACE................................................... 2.6 CORROSÃO POR ÍONS CLORETO 2.5 34 36 2.7 TÉCNICAS ELETROQUÍMICAS................................................ 39 2.8 ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS (ACP)................ 47 3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL........................................... 50 3.1 Obtenção do diagrama de fases................................................ 51 3.2 Diâmetro de gotícula com índice de polidispersão.................... 52 3.3 Análise de pH............................................................................. 52 3.4 Análise condutivimétrica............................................................ 52 3.5 Preparação do eletrodo de trabalho........................................... 53 3.6 Preparação das amostras para os ensaios eletroquímicos....... 53 3.7 Parâmetros utilizados nos ensaios eletroquímicos.................... 54 3.8 Análise estatística dos dados..................................................... 55 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................ 56 4.1 Obtenção do diagrama de fases................................................ 58 4.1.1 Diâmetro de partícula, Condutividade elétrica e pH dos agregados micelares de NE-OS e suas variações................ 4.1.2 ANOVA das propriedades dos sistemas nanoemulsionados................................................................... 4.2 ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS (ACP) E ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DO POTENCIAL DE CIRCUITO ABERTO (OCP) DE TODAS AS AMOSTRAS......... 4.2.1 Isotermas de adsorção............................................................ 60 64 66 70 4.3 ESPECTROSCOPIA DE IMPEDÂNCIA ELETROQUÍMICA..... 73 4.4 CURVAS DE POLARIZAÇÃO................................................... 79 4.4.1 Estudo das curvas de polarização NE-OS em função da variação das suas concentrações.......................................... 4.4.2 Estudo das curvas de polarização dos sistemas NE-OS1 e NE-OS2 em concentrações mais elevadas............................ 5 CONCLUSÕES.......................................................................... 89 6 PERSPECTIVAS....................................................................... 91 7 REFERÊNCIAS......................................................................... 92 82 86 13 1 INTRODUÇÃO Diversos segmentos do setor industrial encontram-se sujeitos a processos corrosivos. Como exemplos, podem ser citados a indústria naval e de petróleo (dutos de transporte de fluidos em salmoura), bem como construções metálicas como pontes e prédios. A corrosão proveniente de meio salino gera inúmeros prejuízos financeiros. A formação deste processo natural é combatida pelo setor industrial porque promove perdas residuais de material e intensifica os gastos energéticos, além de gerar impactos ambientais (JAVAHERDASHTI, 2000). O custo-benefício da manutenção de materiais em geral e a prevenção da deterioração metálica pode ocorrer das seguintes formas: incorporação de elementos de liga que promovem maior resistência à corrosão, inclusão nas armações metálicas de metal de sacrifício criando proteção anódica ou catódica, utilização de películas impermeáveis como tintas, ou aplicação de inibidores (MALIK et al, 2011). Um inibidor de corrosão é considerado uma substância que, em baixas concentrações, interfere nos mecanismos de corrosão. Neste contexto, o uso de tensoativos como inibidores de corrosão se destaca por apresentarem bons desempenhos de eficiência de inibição, tornando-os como objetos de inúmeros estudos acadêmicos. Como exemplo, os tensoativos não-ionicos, do tipo sorbitano da classe Tween, estão incluídos nestas pesquisas (OSMAN; SHALABY, 1997). Neste trabalho, o estudo do tensoativo Tween 80 é vinculado aos avanços científicos em que se utiliza biotecnologia em química verde, aplicada em processos corrosivos. Para tanto, utilizou-se o tensoativo polioxietileno (20) monooleato (Tween 80), água bidestilada, e óleo de soja, tendo sido obtido um nanossistema denominado de NE-OS (nanoemulsão de Tween 80 contendo óleo de soja). Para caracterização físico-química deste sistema e suas variações (NE-OS1, S2, S3, S4 e S5 foram trabalhados com variações de concentrações do tensoativo Tween 80), realizaram-se estudos por análise de variância (ANOVA) considerando-se as seguintes propriedades: tamanho da partícula, índice de polidispersão, pH e condutividade elétrica, resistência à transferência de carga (Rtc) e resistência da solução (Rs). A partir destas avaliações foi possível evidenciar a escala nano ou micrométrica dos agregados moleculares obtidos. Ciro José Ferreira Rodrigues 14 No estudo interfacial com o inibidor NE-OS (e suas variações), utilizou-se eletrodo de trabalho de aço-carbono AISI 1020 e meio corrosivo salino (NaCl 3,5%) com utilização de três técnicas potenciométricas. Objetivando identificar o comportamento dos inibidores, avaliou-se qualitativamente a interface soluçãoeletrodo, a partir do conjunto de dados do Potencial de Circuito Aberto (OCP) pelo método quimiométrico Análise de Componentes Principais (ACP). A partir dos resultados obtidos foram aplicadas as Isotermas de Adsorção, e, pelo modelo de circuito elétrico equivalente obtido por simulação dos dados da Espectroscopia de Impedância Eletroquímica (EIE), bem como pelo método da Extrapolação das Curvas de Polarização de Tafel, obteve-se o comportamento do inibidor NE-OS (e suas variações NE-OS1 até NE-OS2) em corrosão forçada pela variação do sobrepotencial, com maior concentração de tensoativo. O presente trabalho encontra-se descrito em cinco partes. Inicialmente apresentam-se a problemática e a justificativa vinculadas aos objetivos desta pesquisa científica e na sequência, encontram-se descritos: aspectos teóricos e o estado da arte (parte 2), metodologia experimental (parte 3), os resultados e discussão (parte 4), a conclusão geral dos resultados e discussões, seguido das perspectivas para ampliação do trabalho e as referências bibliográficas (parte 5). Com relação à inclusão de figuras, todas as que foram utilizadas sem que nenhuma referência tenha sido citada, correspondem as figuras originais, que foram produzidas no decorrer desta pesquisa, portanto, são de nossa autoria. As figuras que foram adaptadas de outros autores, bem como as que foram copiadas na íntegra, constam de citações bibliográficas, que por sua vez, são especificadas em cada figura. Ciro José Ferreira Rodrigues 15 2 ESTADO DA ARTE E ASPECTOS TEÓRICOS A ciência atual apresenta avanços em diversas áreas do conhecimento, divulgando trabalhos com produtos provenientes de pesquisas científicas denominadas de nanotecnológicas, por terem sido desenvolvidas na escala submicro (menor que 1 µm). Na perspectiva de desenvolver trabalhos promissores na escala micro (acima de 1 µm), sistemas microemulsionados avaliados como inibidores de corrosão vêm sendo estudados. A seguir, no item 2.1, discutem-se trabalhos em que a eficiência de inibição de sistemas microemulsionados a partir de diferentes constituintes, na ausência e presença de compostos orgânicos, foram investigados. No segundo item (2.2), apresenta-se uma breve revisão para trabalhos que mostram resultados de tensoativos utilizados como inibidores de corrosão. 2.1 APLICAÇÃO DE MICROEMULSÃO COMO INIBIDORES DE CORROSÃO Microemulsões são constituídas de tensoativos, água e óleo, e se necessário utiliza-se cotensoativo. Estes componentes aplicados no controle da corrosão, atuam na interface entre o meio corrosivo e a superfície metálica, modificando e/ou interferindo nos processos reacionais eletroquímicos que desencadeiam a corrosão. Moura (2009) estudou a eficiência de inibição a corrosão utilizando sistemas microemulsionados (ME) do tipo O/A (óleo em água) obtidos com óleo de coco saponificado (OCS), butan-1-ol (cotensoativo), querosene (fase óleo) e água, nas seguintes proporções: 40% de razão C/T (Cotensoativo/Tensoativo), 5% de fase óleo e 55% de fase aquosa, denominados de ME_OCS. No referido trabalho tiossemicarbazonas [4-N-cinamoil-tiossemicarbazona (CSTSC), 4-N-(2’- metoxicinamoil)-tiossemicarbazona (MCTSC) e 4-N-(4’-hidroxi-3’-metoxibenzoil)tiossemicarbazona (HMBTSC)] foram solubilizadas no sistema microemulsionado ME_OS resultando em CSTSC_ME_OCS, MCTSC_ME_OCS, HMBTSC_ME_OCS, que foram avaliados como inibidores de corrosão em aço-carbono AISI 1020, em meio salino (NaCl 0,5%). O método galvanostático foi utilizado e comprovou-se que estas microemulsões apresentaram elevadas eficiências de inibição (87,5% para CSTSC_ME_OCS, 84,0% para MCTSC_ME_OCS e 83,3% para HMBTSC-MEOCS) em baixas concentrações de tiossemicarbazonas (0,19% para CSTSC, 0,07% para MCTSC e 0,26% para HMBTSC), comparativamente ao tensoativo OCS e Ciro José Ferreira Rodrigues 16 sistema ME-OCS [71% de inibição máxima para OCS (com concentração variando entre 0,20 e 0,25%) e 74% de inibição observada para o sistema ME-OCS (concentração de 0,5%)]. As melhores eficiências foram para as tiossemicarbazonas solubilizadas no sistema ME-OCS. Rossi (2007a) avaliou a eficiência de inibição de sistemas microemulsionados (ME) utilizando os tensoativos óleo de coco solubilizado (OCS) e dodecilbenzeno sulfonato de sódio (SDS). Os tensoativos livres e em ME (OCS-ME e DBS-ME) do tipo O/A (rico em água) foram avaliados utilizando métodos eletroquímicos, utilizando aço-carbono AISI 1020. Para o OCS, o ME obtido apresenta a seguinte composição: 15% de OCS, 15% de butan-1-ol, (30% de Cotensoativo-Tensoativo – C/T), 10% de fase orgânica (querosene) e 60% de fase aquosa, tendo sido solubilizados substâncias nitrogenadas difenilcarbazida (DC), 2,4-dinitro-feniltiossemicarbazida (TSC) e o heterociclo do tipo mesoiônico 1,3,4-triazólio-2-tiolato (M1), disponibilizado para avaliação dos seus efeitos anticorrosivos. Os estudos comparativos da eficiência de inibição entre os tensoativos OCS e DBS, bem como os sistemas OCS-ME e DBS-ME, mostraram que em meio salino (0,5%) o tensoativo OCS apresentou resultados semelhantes (63% para OCS e 74% para OCS-ME); o tensoativo DBS foi o mais eficaz (72% para DBS e 77% na formulação DBS-ME). Em meio ácido (0,5%), demonstrou-se que o DBS apresenta melhores resultados de inibição (89% para DBS e 93% para DBS-ME). No entanto, as substâncias nitrogenadas (TSC e DC) solubilizadas no sistema OCS-ME são significantemente mais eficazes na inibição a corrosão [DC-ME-OCS 92%, TSC-ME-OCS 93%, M1ME-OCS 94%]. Souza (2010) utilizou os mesmos constituintes do sistema microemulsionado citado anteriomente ME-OCS, tendo denominado de SME-OCS, em que foram obtidos dois pontos diferenciados SME-OCS1 [20% de OCS, 20% butan-1-ol, 5% querosene e 55% de água] e SME-OCS2 [12,5% de OCS, 12,5% de butan-1-ol, 5% de querosene e 70% de água] com o objetivo de solubilizar o heterociclo isatina (IST), para posterior investigação do efeito de inibição à corrosão em aço. Os sistemas microemulsionados contendo IST (SME-OCS1-IST e SME-OCS2-IST) foram caracterizados pela tensão superficial em interface gás-líquido, e a quantificação de IST microemulsionada foi determinada por espectroscopia na região de ultravioleta, confirmando a eficácia destes sistemas na solubilização de Ciro José Ferreira Rodrigues 17 substâncias de difícil solubilidade em meio aquoso. Os resultados obtidos da análise da tensão superficial demonstraram um decréscimo na CMC na presença do eletrólito Cl-, indicando ocorrência de processo de micelização espontânea, de acordo com os valores da energia livre de micelização. Em meio corrosivo (NaCl 0,5%), os sistemas SME-OCS2, SME-OCS1-IST e SME-OCS2-IST em aço-carbono 1020 foram avaliados utilizando-se voltametria de varredura linear. Estes sistemas microemulsionados apresentaram as eficiências máximas de inibição 73,2% para SME-OCS2, 88,2% para SME-OCS2-IST e 97,6% para SME-OCS1-IST. Os valores da energia livre de adsorção para estes sistemas microemulsionados avaliados (na presença e ausência do heterociclo isatina) indicaram a espontaneidade do processo de adsorção. Roberto (2010) trabalhou com micelas e sistemas microemulsionados utilizando os tensoativos dodecilbenzeno sulfonato de sódio (SDS), brometo de cetiltrimetilamônio (CTAB) e álcool laurílico com 9 EO (UNITOL L90) em sistemas micelares e microemulsionados como inibidores de corrosão em aço API5LX Gr X42. Os sistemas microemulsionados SME-SDS, SME-CTAB e SME-UNITOL L90 foram avaliados contendo 2% de tensoativo, 4% de cotensoativo, 1,5% de fase óleo e 92,5% de fase aquosa, utilizando butan-1-ol como cotensoativo e querosene como fase óleo, em solução aquosa contendo NaCl 0,5 M com variação de pH (2, 4 e 7). Do estudo de tensão superficial, os valores de concentração micelar crítica (c.m.c) foram praticamente constantes para os tensoativos SDS e UNITOL L90, e aumentaram para o CTAB em função do pH. Para o estudo de micelização, o valor de c.m.c para SDS diminuiu e o CTAB aumentou quando o pH se elevou; no entanto, com UNITOL L90, os valores de c.m.c. foram constantes, até para valores de pH acima de 4. A energia livre de micelização mostrou que a formação de SMESDS e SME-CTAB são menos espontâneos comparados ao sistema micelar, enquanto o UNITOL L90 apresentou valores constantes, tanto para a microemulsão SME quanto para UNITOL L90 micelar. Dos experimentos utilizando espalhamento de raios-X a baixo ângulo (SAXS), os agregados micelares apresentaram geometrias de forma esféricas, halteres e micelas achatadas. As eficiências de inibição em meio corrosivo mantendo-se constante a concentração salina com variação do (NaCl 0,5 M e pH 2, 4 e 7) foram determinadas através da extrapolação de Tafel. As eficiências destes inibidores de corrosão em baixas concentrações Ciro José Ferreira Rodrigues 18 foram significativas, no modelo da isoterma de Freundlich, com proposta de adsorção dos tensoativos formando multicamadas. 2.2 APLICAÇÃO DE TENSOATIVOS SORBITANOS COMO INIBIDORES DE CORROSÃO De acordo com o levantamento bibliográfico realizado neste trabalho, verificouse que a primeira divulgação de estudos de tensoativos do tipo sorbitano, como agentes inibidores de corrosão foi publicada no final do século XX por Osman e Shalaby (1997). Observou-se que foram desenvolvidos trabalhos utilizando-se várias técnicas eletroquímicas, com variações de concentrações de inibidor, temperatura, acidez do meio e estrutura química do tensoativo, além da avaliação da influência da concentração micelar crítica (c.m.c.) e da correlação da variação dos volumes das partes hidrofóbica e hidrofílica com a eficiência de inibição (EI%). De acordo com a Tabela 1, observam-se distinções de ambientes corrosivos em função de condições físicas e modificações da natureza química de tensoativos não iônicos do tipo sorbitano que interagem em diferentes superfícies metálicas. Ciro José Ferreira Rodrigues 19 Tabela 1 - Dados de eficiências de inibição de sorbitanos. Tensoativo Agente Agente corrosivo inibidor 1,0 M HCl 100 ppm 20°C 0,5 M HCl 500 ppm 0,1 M HCl Metal ou liga EI% Ref*. Aço laminado 94,00% [a] 25°C Alumínio 80,27% [b] 46 ppm 25°C Aço-carbono 67,50% [c]** 1,0 M H2SO4 600 ppm 25°C Níquel 89,85% [d] 1,0 M H2SO4 100 ppm 30°C Aço laminado 86,00% [e] 3,0 M KOH 1000 ppm 25°C Zinco 72,50 % [f] 1,0 M HCl 160 ppm 20°C Aço-carbono 92,50% [g] 0,1 M HCl 46 ppm 25°C Aço-carbono 71,50% [c]** 1,0 M H2SO4 600 ppm 25°C Níquel 92,37% [d] 1,0 M H2SO4 100 ppm 50°C Aço-carbono 91,00% [h] 1,0 M H2SO4 600 ppm 25°C Níquel 95,06% [d] 0,5 M H2SO4 50 ppm 35°C Aço laminado 84,80% [i] 70 ppm 25°C Aço laminado 99,00% [i] 0,1 M HCl 46 ppm 25°C Aço-carbono 74,00% [c]** 1,0 M H2SO4 600 ppm 25°C Níquel 98,68% [d] 1,0 M H2SO4 100 ppm 30°C Aço laminado 89,80% [j] 1,0 M H2SO4 151 ppm 31°C Aço-carbono 74,30% [k]** 0,5 M H2SO4 131 ppm 22°C Cobre 93,40% [l]** 0,1 M HCl 46 ppm 25°C Aço-carbono 77,50% [c]** 0,1 M HCl 46 ppm 30°C Aço médio 70,00 % [m]** 0,2 M NaCl 250 ppm 25°C Bronze 64,50% [n] H2O 150 ppm 25°C 50,00% [o] Tween 81 0,5 M HCl 2000 ppm 25°C Alumínio 81,33% [b] Tween 85 1,0 M HCl 40°C Aço laminado 92,00% [p] Tween 20 Tween 40 Tween 60 0,5 M H2SO4 +0,1 MNaCl Tween 80 a Temperatura 100 ppm b c metálica Aço inoxidável d *Referências: LI et al, 2008; BRANZOI et al, 2002; OSMAN; SHALABY, 1997; ABDALLAH; EL-ETRE, 2003; e f g h i j k MU; LI, 2005; LIANG et al, 2011; LI et al, 2009a; LI; MU, 2005; MU et al, 2005; LI et al, 2009b; GOPI et al, l m n o p 2000; MA et al, 2003; SHALABY; OSMAN, 2001; RAMJI et al, 2008; GOPI; RAJESWARI, 2002; LI et al, 2009c. **As unidades de concentração destas referências foram publicadas em outra unidade tendo sido convertidas em ppm para facilitar a comparação entre as outras concentrações. Ciro José Ferreira Rodrigues 20 Para obtenção de informações sobre o comportamento dos inibidores, técnicas eletroquímicas foram utilizadas como ferramentas de elucidação. Dentre elas, destacam-se: a técnica da perda de massa (gravimétrica), curva de polarização, voltametria cíclica e espectroscopia de impedância. A Tabela 2 correlaciona trabalhos que foram desenvolvidos com sorbitanos, tendo sido observado que a técnica menos utilizada foi a voltametria cíclica, e ainda, que a utilização de várias técnicas eletroquímicas possibilita esclarecimentos de mecanismos envolvidos nos processos corrosivos. Estudos que avaliaram a correlação entre a região hidrofóbica e a eficiência de inibição dos Tweens 20, 40, 60 e 80 revelaram que o comportamento de eficiência de inibição sofreu influência da natureza química do tensoativo, do meio corrosivo e do tipo de metal. Tabela 2 - Técnicas eletroquímicas utilizadas para avaliar a eficácia de inibição. Técnicas eletroquímicas Curva de Polarização Taxa de Perda de Massa Voltametria Cíclica Espectroscopia de Impedância a b Tensoativos Referências Tween 20 [a, d, e, f] Tween 40 [d, g, h] Tween 60 [d, i] Tween 80 [e, j, p, o r] Tween 81 [b] Tween 85 [q] Tween 20 [a, e, d, f, n] Tween 40 [d, g, h, n] Tween 60 [d, i, n] Tween 80 [d, j, m, n] Tween 85 [q] Tween 20, 40, 60, 80 [d] Tween 20 [f] Tween 80 [l, o, r] c Referências: LI et al, 2008; BRANZOI et al, 2002; OSMAN; SHALABY, 1997; d e f g ABDALLAH; EL-ETRE, 2003; MU; Li, 2005; LIANG et al, 2011; LI et al, 2009a; h i j k l LI; MU, 2005; MU et al, 2005; LI et al, 2009b; GOPI et al., 2000; MA et al, 2003; m n o p SHALABY; OSMAN, 2001; RAMJI et al, 2008; GOPI; RAJESWARI, 2002, 2000; LI q et al, 2009c; GOPI et al, 2007. Ciro José Ferreira Rodrigues 21 Quando o tensoativo interage com a superfície metálica, a parte hidrofóbica dos tensoativos modifica a tensão interfacial e seu comportamento de adsorção modifica as propriedades superficiais, em função da concentração dos tensoativos no meio corrosivo (OSMAN; SHALABY, 1997). Como exemplo, destaca-se o estudo da ação da eficiência de inibição de uma mistura de tensoativos da classe sorbitano com outras substâncias que encontra-se bem documentado na literatura (GOPI; RAJESWARI, 2000; LIANG et al, 2011; MU et al, 2005; RAMJI et al, 2008; SHALABY; OSMAN, 2001). No trabalho reportado por Gopi et al (2007), que estudaram a eficácia de Tween 80, em aço inoxidável 304 SS, com variação do meio aquoso acidificado na presença de cátions (Zn2+), observou-se eficácia máxima quantitativa [97,4% de inibição para Tween 80, ácido 3-fosfonopropiônico (3-PPA) e íons Zn2+ na razão (1,5:0,5:1,5)]. Esta inibição foi otimizada para 99,0% na presença do ácido aminotrimetilideno fosfônico (ATMP) na seguinte razão: 1,5:0,3:0,5 (Tween 80: ácido ATMP: íons Zn2+). No trabalho realizado por Liang et al (2011), a técnica gravimétrica foi utilizada para avaliar a eficácia de inibição do Tween 20 com polietileno glicol (PEG) em ambiente simulado de pilhas comerciais, ou seja, zinco em meio alcalino (3 M KOH). Com Tween 20 (1000 ppm), obteve-se 72,5% de eficiência de inibição (EI%). Com adição de PEG (600 ppm) intensificou-se a ação de inibição para 89,7%. Desta forma, para os tensoativos Tween em mistura com outras substâncias químicas, observou-se que o efeito sinérgico predomina. Com relação ao recurso Isoterma de Adsorção que propõe argumentos teóricos para o comportamento do inibidor na interface, pode-se afirmar que a correlação teórica entre inibidor e isoterma encontra-se descrita com maior precisão, pelas Isotermas de Langmuir. Na Tabela 3 encontram-se correlacionados o tipo de sorbitano e as isotermas de adsorção que melhor se ajustaram aos experimentos referenciados. Ciro José Ferreira Rodrigues 22 Tabela 3 - Isotermas de adsorção para tensoativos sorbitanos. Tensoativos Isotermas de Referências adsorção Tween 20 Langmuir [a, b, c, d, e] Tween 40 Langmuir [a,d,f,g] Tween 80 Langmuir [h, i, j, l] Tween 81 Frumkin [c] Tween 85 Langmuir [m] a b c Referências: OSMAN; SHALABY, 1997; LI et al, 2008; BRANZOI et al, 2002; d e f g h ABDALLAH; EL-ETRE, 2003; MU et al, 2005; LI et al, 2009b; MU; Li., 2005; LI i j l et al, 2009c; GOPI et al; 2000; SHALABY; OSMAN, 2001; RAMJI et al, 2008; m LIet al, 2009a. Brazoi et al (2002) avaliaram a influência das modificações estruturais dos tensoativos Tween 20 e 81, em alumínio. Neste trabalho, após obtenção dos resultados do grau de cobertura dos sistemas, observou-se que a interação se ajustou à isoterma de Frumkin, sugerindo a ocorrência da formação de multicamadas. Em adição, observou-se que a organização dos tensoativos na superfície metálica sofre influência do arranjo geométrico estrutural e de forças eletrostáticas. Estes resultados reforçam a sugestão de que as interações na interface metálica resultariam da competição entre os íons do sistema e moléculas de tensoativo que podem estar na forma de monômeros ou multicamadas. Mu et al (2005) avaliaram a eficácia de Tween 60 e a influência dos íons cloreto (NaCl 0,1 M) em meio ácido, tendo sido concluído que na ausência de íons cloreto, a isoterma de Langmuir foi a que melhor apresentou correlação. Em outro trabalho (OSMAN; SHALABY, 1997) evidenciou-se que os tensoativos Tween 20 e 40 apresentaram eficácias máximas de inibição com base de cálculo na isoterma de Langmuir. No entanto, os sorbitanos Tween 60 e 80 não se ajustaram a esta isoterma, sugerindo-se a formação de multicamadas. A partir dos dados apresentados nas Tabelas 1 e 3 sugere-se que o modelo teórico da isoterma é função das estruturas químicas que promovem interações entre si e espécies químicas presentes nas soluções corrosivas, bem como das condições externas que afetam a termodinâmica dos processos interfaciais. Ciro José Ferreira Rodrigues 23 2.1 TENSOATIVOS Tensoativo (surfactante, que é originado do inglês surface-active agents) referese a uma classe de compostos anfifílicos que apresentam estruturas moleculares com duas regiões distintas: região hidrofóbica e hidrofílica, como mostrado na Figura 1 (MYERS, 1999). Figura 1 - Representação esquemática de uma molécula de tensoativo. Região hidrofóbica Região hidrofílica A região hidrofóbica é formada geralmente de uma cadeia carbônica alifática ou cíclica, e a região hidrofílica é todo grupo molecular com caráter iônico ou não iônico polar (MANIASSO, 2001). Dentre as propriedades físico-químicas dos tensoativos, destacam-se a capacidade de diminuir a intensidade da tensão interfacial entre duas fases imiscíveis, de solubilizar espécies de baixa solubilidade, de promover novas rotas reacionais e maior capacidade de adsorção. Estas propriedades poderão estar vinculadas à modificação da energia livre da tensão superficial, por unidade de área (GOMES, 2010; MOURA, 2009; ROBERTO, 2010; ROSSI, 2007; WANDERLEY NETO, 2009). Recentemente, ROSSI (2007a), ROSSI et al (2006 e 2007b), MOURA (2009), WANDERLEY NETO (2009), GOMES (2010) e ROBERTO (2010) reportaram uma vasta revisão sobre o Estado da Arte de Tensoativos com aplicabilidade em corrosão. Ciro José Ferreira Rodrigues 24 Os tensoativos se distinguem pela natureza dos grupos hidrofílicos em sua estrutura. Como exemplos, têm-se os tensoativos do tipo catiônico, aniônico, anfótero e tensoativos não-iônicos (FAINERMAN et al, 2001). Tensoativos catiônicos em solução aquosa dissociam-se formando íons com deficiência de elétrons, com estabilização da carga elétrica na presença de contraíons, em que a carga positiva da parte polar pode ser produzida por átomos de N, P, S, As, Te, Sb, Bi, e os contra-íons podem ser halogênios (MANIASSO, 2001). Tensoativos aniônicos dissociados em solução aquosa formam íons com excesso de elétrons nas suas regiões polares. Podem se alcoóis, ácidos carboxílicos (ácidos graxos) saponificados com contra-íons catiônicos dos metais alcalinos ou metais alcalino-terrosos (MANIASSO, 2001; ROSSI, 2007a). Tensoativos anfóteros e Zwitteriônicos caracterizam-se por serem bipolares, ou seja, as formas catiônicas e aniônicas compartilham da mesma cadeia hidrofóbica. Quando o caráter do tensoativo for dependente da concentração de íons H+, são caracterizados como anfóteros; caso contrário, de tensoativos zwitteriônicos. Para os anfóteros, baixos valores de pH induzem o caráter catiônico; a elevados valores de pH prevalece o caráter aniônico (FAINERMAN et al, 2001). Os tensoativos não-iônicos não formam íons em solução, ou seja, não sofrem dissociação. A região hidrofílica da molécula, em geral, é constituída de grupos repetidos de éteres. São derivados do polioxietileno, polioxipropileno, ou polialcoóis, amidas de alcoóis graxos, ésteres de carboidratos e óxidos de amidas graxas, muito utilizados por não sofrerem influência do pH. Como exemplo de tensoativo não iônico, têm-se estruturas moleculares básicas de sorbitanos da classe Tween mostradas na Figura 2 (a; b; c) (FAINERMAN et al, 2001; MANIASSO, 2001). Ciro José Ferreira Rodrigues 25 Figura 2 - Estruturas básicas de tensoativos sorbitanos da classe Tween. O R O w O O OH O O OH HO x O HO z OH OH O y OH (a) Sorbitol z OH O x R O O R O HO OH O O O O O n O w OH HO (b) OH (c) Fonte própria adaptada de LI et al (2008), LI et al (2009), MU et al (2005). De acordo com as estruturas moleculares mostradas na Figura 2, percebe-se que a classe dos Tweens consiste em uma mistura isomérica de derivados do sorbitol com região hidrofóbica derivada de um ácido graxo, em que a correspondência do ácido graxo (R) e a soma das variações x, y, z e w dos agrupamentos etoxilados indicam o tipo de sorbitano. Ciro José Ferreira Rodrigues 26 2.1.1 Processo de formação de agregados micelares Em um sistema bifásico de fases imiscíveis, quando os tensoativos estão presentes no meio, ocorre direcionamento das regiões hidrofílicas e hidrofóbicas por afinidade de caráter polar ou apolar. Localizados na zona de fronteira entre as fases, atuam aumentando a área de contato entre as fases,contribuindo para o equilíbrio de forças de interação de cada constituinte na zona de fronteira (MITTAL; SHAH, 2003). Desta forma, a característica marcante de um tensoativo consiste na capacidade de modificar a tensão interfacial. Exemplificando, a adição de tensoativo em meio aquoso resulta na tendência de ocupar todo o espaço que os graus de liberdades das interações de mesma polaridade promovem entre as fases do sistema, de modo que a região polar do tensoativo se direciona para a água. Quando a concentração do tensoativo satura a interface gás-líquido, ocorre transferência de moléculas para o interior da solução em um processo semelhante à dessorção molecular (Figura 3a). Figura 3 - Representação esquemática do equilíbrio de sorção de tensoativos na interface gás-líquido (a) e na interface líquido-líquido (b) [Fonte adaptada de MITTAL; SHAH (2003)]. (a) K1 (b) K2 Ciro José Ferreira Rodrigues 27 O tensoativo disperso em forma de monômero, quando imerso na solução, promove aumento da energia livre total. O desequilíbrio dinâmico de suas interações de atração e repulsão (das suas regiões polares com o meio), pela anisotropia de todos os constituintes da solução líquida, promove a formação de agregados micelares, por compensação de forças interfaciais e polarizabilidade [Figura 3b]. Os agregados micelares surgem a partir da concentração micelar crítica (c.m.c.); no entanto, a formação de agregados micelares depende de vários fatores tais como: estrutura molecular do tensoativo, presença de cotensoativo, concentração dos agentes tensoativos, propriedades físico-químicas da fase, temperatura, entre outros (JAFELICCI; VARANDA, 1999; PARIA; KHILAR, 2007). A determinação da c.m.c. pode ser obtida pela variação brusca da mudança do componente que descreve as propriedades físico-químicas, e informará sobre a concentração correspondente à desagregação micelar, e/ou a formação dos agregados. O estado da arte sobre este tema contempla apenas uma parte da revisão sobre tensoativos da classe sorbitano, processo de micelização e formação de agregados miscelares, reportados anteriormente por GOMES, 2010; ROBERTO; 2010; ROSSI, 2007; MOURA, 2009; WANDERLEY NETO, 2009. 2.2 NANOEMULSÃO As nanoemulsões (NE) são definidas como dispersões homogêneas e isotrópicas de uma mistura constituída de fase aquosa e fase oleosa estabilizada por um tensoativo (e se necessário, utiliza-se cotensoativo). Suas principais propriedades físico-químicas são a estabilidade termodinâmica, translucidez e poder de solubilização (GRAMPUROHIT et al, 2011; JOE et al, 2012). De acordo com a literatura, as nanoemulsões são constituídas por agregados micelares, apresentam-se na escala submicron e podem ser descritas como sistemas micelares com tamanhos menores que 1000 nm (KLANG et al, 2012). No entanto, não existe um consenso na literatura que determine a escala métrica das nanoemulsões, frequentemente apresentando na faixa entre 5 e 600 nm (ADITYAWARMAN et al, 2005; KAKUMANU et al, 2011; KLANG et al, 2012; SALVIA-TRUJILLO et al, 2013; SINGH; VINGKAR, 2008). Na Figura 4, encontra-se uma escala métrica entre a faixa macro e nano. Ciro José Ferreira Rodrigues 28 Figura 4 – Escala métrica da faixa macro para nano. MACRO 0,1 mm MICRO 0,1 µm NANO 0,1 nm Neste contexto, segundo a literatura, as nanopartículas estão compreendidas em uma faixa mais expandida, em média entre 1 e 600 nm. Aparentemente, uma diferença não muito significativa, se não levar em considerações as propriedades da matéria na escala nano, em relação à faixa métrica atribuída às nanoemulsões (BOYD et al, 2011; GAN; WANG, 2007; GREENHALGH; TUROS, 2009; HAN et al, 2011; JOE et al, 2012; YU; ANDRIOLA, 2010; ZANG et al, 2012). No presente trabalho, levando-se em consideração estas observações sobre escala métrica e os demais dados da literatura (citados acima), bem como em função dos resultados observados para as micelas obtidas com o tensoativo Tween 80, a terminologia nanoemulsão (NE) foi escolhida para denominar os sistemas micelares NE-OS avaliados na inibição à corrosão. Em linhas gerais, dependendo da quantidade da fase dispersante, os sistemas podem ser classificados como sendo do tipo O/A (quando a fase aquosa detém maior percentual) e A/O (quando a fase oleosa for predominante) (Figura 5). Outra denominação está correlacionada com a fase dispersa, denominam-se micelas diretas quando for do tipo O/A em que a fase dispersa é oleosa; quando a fase dispersa é a água (tipo A/O) tem-se as micelas inversas (CUNHA et al, 2003). Para aquisição de informações a respeito de suas propriedades físico-químicas, utilizamse diferentes maneiras de caracterizações, tais como: índice de refração, difusão da luz, birrefringência, viscosidade, condutividade elétrica, pH, dentre outros (ROSSI, 2007a; ROBERTO, 2010; MOURA, 2009; WANDERLEY NETO, 2009). Ciro José Ferreira Rodrigues 29 Figura 5 - Estrutura de micelas, (a) direta e (b) inversa. A mistura em diferentes proporções dos constituintes de uma determinada nanoemulsão promove comportamentos distintos dos sistemas. Dependendo das propriedades físico-químicas dos constituintes, podem-se formar agregados variados. A classificação de Winsor foi proposta para caracterizar o estado de interações entre todos os constituintes (Figura 6). O diagrama de fases corresponde a um gráfico de três a quatro vértices, respectivamente bi e tridimensional (Figura 7), que apresenta as regiões descritas em função dos valores percentuais de cada componente. Para distinção entre as regiões, se utiliza a classificação de Winsor em que os gráficos descrevem as transições de comportamento da mistura dos constituintes e os diagramas são classificados como ternário, quaternário e pseudoternário (GOMES, 2010; MOURA, 2009; ROBERTO, 2010; ROSSI, 2007a; ROSSI et al, 2007c; WANDERLEY NETO, 2009; WINSOR, 1948). Ciro José Ferreira Rodrigues 30 Figura 6 - Representação dos sistemas Winsor. Winsor I: quando uma fase oleosa encontra-se em equilíbrio com um agregado micelar [aqui representado, aleatoriamente, por NE (nanoemulsão)] do tipo O/A. O/A Winsor II: quando uma a fase aquosa em excesso está em equilíbrio com um agregado micelar do tipo A/O . tão em equilíbrio com um Winsor III: quando uma fase oleosa e uma fase aquosa estão agregado micelar bicontínuo. bicontínu Winsor IV:: quando não existem camadas de fase, todos os três constituintes estão mutuamente solubilizados em um agregado micelar do tipo microemulsão (ME) ou nanoemulsão (NE). Figura 7 – Representação dos diagramas de fases. (a) diagrama ternário, (b) diagrama quaternário e (c) diagrama pseudoternário [Fonte Fonte adaptada de ROSSI (2007a)]. (2007 (a) (b) (c) Ciro José Ferreira Rodrigues 31 2.3 INTERFACE E SORÇÃO Quando duas fases isotrópicas e imiscíveis estão presentes no mesmo sistema, forma-se uma região de contato denominada de interface. O deslocamento favorável e preferencial de uma das fases denomina-se sorção. A adsorção corresponde a adesão dos componentes químicos desta fase na superfície e seu desprendimento, de dessorção. Caracteristicamente, a adsorção do adsorbato no adsorvente ocorre em várias interfaces, tais como: gás-líquido, líquido-líquido, sólido-líquido (FILHO et al, 1980; KELLER et al, 2005). Considerando um sistema de interface sólido-líquido (Figura 8), a adsorção corresponde ao deslocamento e aderência de moléculas da fase líquida na superfície da fase sólida. Geralmente, este processo é exotérmico; ao contrário do processo de dessorção que é endotérmico, em que as moléculas perdem força de interação e se deslocam para a região interna da solução. Figura 8 - Representação esquemática de sistema consistindo de dois componentes em processos de sorção [Fonte adaptada de KELLER et al (2005)]. Ciro José Ferreira Rodrigues 32 O estudo da interação do adsorbato na superfície do adsorvente, sob temperatura constante, é denominado de isoterma de adsorção (FILHO et al, 1980; KRISTER et al, 2005). Neste contexto, considerando-se as forças de interações intermoleculares entre todos os constituintes do sistema, a adsorção pode ocorrer sob dois processos distintos, denominados de fisissorção e quimissorção (FILHO et al, 1980; KRISTER et al, 2005). No processo físico de adsorção ocorrem interações moleculares de baixa intensidade. Para sistemas de fase do tipo sólido-líquido existem pelo menos duas interações mais atuantes: as forças de van der Waals (atração ou repulsão por formação de dipolo) e forças eletrostáticas (atração ou repulsão por formação de cargas elétricas). Neste contexto, a fisissorção se caracteriza por ser um processo reversível de cinética rápida (ATKINS, 1999; NOOR et al, 2008; KARGE; WEITKAMP, 2008). Na quimissorção ocorre formação de ligações químicas, transferência de elétrons, podendo formar ligações coordenadas de caráter covalente. Desta forma, a maior densidade eletrônica dos grupos funcionais do adsorbato e a polarização da superfície sólida, promovem a formação de ligações fortes com características irreversíveis, em função de uma lenta cinética de formação (ATKINS, 1999; NOOR et al, 2008; KARGE; WEITKAMP, 2008). 2.4 ISOTERMAS DE ADSORÇÃO Quando o equilíbrio de sorção se estabelece assume-se que toda a superfície esteja coberta. Na interface, ocorre a competição dinâmica de interações das espécies químicas contidas na fase dispersante. O estudo da quantidade de adsorbato na superfície do adsorvente (sob temperatura constante) denomina-se isoterma de adsorção. A eficiência de inibição à corrosão (EI%), neste caso, pode ser calculada a partir do grau de recobrimento superficial (g), Equação 1, que por sua vez é calculada pela resistência à transferência de carga ou resistência a polarização, Equação 2 (BOUKLAH et al, 2006; FILHO et al, 1980; SOUZA; SPINELLI, 2009): Ciro José Ferreira Rodrigues 33 ܫܧ% = ݃ ∗ 100 ݃ = ܴ() − ܴ() ܴ() (1) (2) Em que g corresponde aoo grau de recobrimento superficial, R é a resistência de transferência de carga ou resistência a polarização, na presença (R(o)) ou ausência (R(i)) do adsorbato e EI% é a eficiência de inibição. A proposta mais antiga para o comportamento de adsorbatos e adsorventes em temperatura constante foi dada pela isoterma de Henry denominada isoterma de Henry, que sugere que os adsorbatos não interagem entre si ou não interagem entre si, acomodam-se homogeneamente nos sítios ativos presentes na superfície metálica (FILHO et al, 1980; KARGE; WEITKAMP, 2008). De acordo com os avanços científicos, surge a isoterma de Langmuir com as seguintes proposições: os sítios ativos podem interagir com apenas uma molécula de adsorbato; não possuem diferença de energia de ativação da interação entre o sítio e o adsorbato; as moléculas de adsorbato não interagem entre si; o equilíbrio entre os processos de adsorção e dessorção dos adsorbatos é dinâmico. Com relação as considerações feitas para a isoterma de Frumkin, pode-se dizer que se trata de uma ampliação da isoterma de Langmuir. De acordo com esta isoterma, considera-se à contribuição das interações entre as moléculas do adsorbato adsorvidos na superfície (A), incorporando-se uma nova variável na equação. Na Tabela 4, apresentam-se as isotermas utilizadas neste trabalho, o parâmetro de interação lateral (A) adquire valor positivo, indicação da ocorrência de atração lateral; caso tenha valor negativo, ocorre repulsão entre as moléculas adsorvidas na superfície, g é o grau de recobrimento, Kads é a constante de adsorção, c corresponde à concentração do adsorbato no sistema. Ciro José Ferreira Rodrigues 34 Tabela 4 - Isotermas de adsorção. Isotermas Isoterma de Langmuir Isoterma de Frumkin Equações g = K ௗ௦ ܿ g−1 g = K ௗ௦ ܿ݁ g−1 Cada isoterma possui sua respectiva equação. Aquela que melhor apresentar correlação linear com os dados experimentais (r ≥ 0,90) caracteriza o modelo como descritor do processo de adsorção. A constante de equilíbrio de adsorção (Kads) é o variável presente em todas as equações de isotermas. Pela de equação Arrhenius, obtém-se o valor da energia livre de adsorção (∆adsG), pela Equação 3 (OBOT et al, 2010). K ୟୢୱ = 1 ష∆ౚ౩ ృ ݁ ೃ 55,5 (3) Na equação acima, o valor 55,5 refere-se à concentração da água pura em mol/L (CARDOSO, 2005). O valor da energia livre de adsorção (∆adsG) indicará o tipo de adsorção (fisissorção ou quimissorção) que pode estar ocorrendo em maior intensidade na interface. 2.5 VARIÁVEIS QUE INTERFEREM NOS MECANISMOS DE INTERAÇÃO DE INTERFACE A interface existe quando pelo menos uma das fases em contato está condensada. Neste contexto, na região de fronteira entre uma fase líquida e sólida, por exemplo, ocorrem mecanismos eletroquímicos e de transporte de massa, que são fenômenos interfaciais intrínsecos. Os mecanismos de interação entre o adsorbato e o adsorvente são funções tanto de fatores químicos quanto físicos, tais como: efeito do eletrólito, natureza do adsorbato, natureza do adsorvente e efeito de pH (ANIA et al, 2002; ROSSI, 2007a; ROBERTO, 2009; SALAME et al, 2003). Ciro José Ferreira Rodrigues 35 Os eletrólitos possuem cargas elétricas extremamente polarizadas em sua estrutura molecular. Na presença de uma superfície metálica em uma mistura aquosa com outras espécies químicas, haverá competição por interações eletrostáticas e dipolares na interface. No balanço de cargas, o sistema tenderá a neutralidade elétrica atraindo as espécies de cargas contrárias (BELLMAN et al, 2007; PARIA; KHILAR, 2004). O adsorbato muda o caráter da superfície do adsorvente adquirindo propriedades inerentes à sua natureza molecular. Portanto, a atividade da superfície adsorvente poderá ser função dos seguintes fatores: presença de elétrons π, mesomeria, momentos dipolares ou quadrupolares e formas conformacionais (KHADOM et al, 2009; MAHMOUND; AHMED, 2006; PARIA; KHILAR, 2004;QURAISHI et al, 2002; TANG et al, 2010). Para uma determinada fase sólida, sua afinidade com os constituintes de uma determinada fase líquida depende dos seguintes fatores: caráter hidrofílico, hidrofóbico ou polarização dos componentes químicos desta fase líquida. A interação e acomodação destes constituintes podem ser atribuídas às propriedades matriciais da superfície e a sua homogeneidade (ou heterogeneidade), que é função da densidade eletrônica resultante, dentre outros aspectos, do tipo dos retículos cristalinos e da composição das fases (PARIA; KHILAR, 2004). Com relação às variações de pH, a existência de sítios básico ou ácido no adsorbato modifica suas propriedades pelo excesso de íons H+ ou OH-, com redução da atividade da superfície de adsorção, ou seja, os íons em excesso reagem com seus sítios ativos, interferindo significativamente nos processos de adsorção. O sítio ativo de adsorbatos de caráter básico é desativado pelo efeito de neutralização causado por íons H+; este conceito também é aplicado para adsorbatos ácidos em meio básico (PARIA; KHILAR, 2004). Ciro José Ferreira Rodrigues 36 2.6 CORROSÃO POR ÍONS CLORETO A corrosão consiste em um processo de ocorrência natural em que o metal na sua forma pura, ou em liga, volta ao seu estado original. O fenômeno de deterioração (ou decomposição) metálica pode ocorrer via processos físicos e químicos. O ferro é o principal elemento químico presente na composição química dos aços. As reações eletroquímicas ocorrem na área superficial heterogênea exposta ao meio, promovendo formação de regiões com densidades eletrônicas distintas e localizadas, favorecendo a ocorrência de reações de oxi-redução. Neste contexto, mudanças no estado energético de superfícies metálicas (ou ligas) sofrem influência de condições externas que agem como um catalisador (Figura 9) (MERÇON et al, 2004; PANNONI, 2004; SCHVARTZMAN et al, 2010). Figura 9 - Representação esquemática dos processos de troca de energia na produção de metal. Minério Energia Energia Metal O ferro em solução aquosa neutra se oxida segundo uma reação anódica (Equação 4). Na dissociação metálica, o íon Fe+2 é solvatado em meio aquoso e os elétrons fluem pelo interior do metal em direção às regiões catódicas. Fe → Fe+2 + 2e- (4) O ciclo do fluxo da corrente elétrica iniciado pode se completar com redução do oxigênio em uma reação catódica (Equação 5). O ferro metálico reage com o oxigênio e água produzindo hidroxilas próximas à interface, aumentando o pH nas Ciro José Ferreira Rodrigues 37 regiões catódicas (Equação 6). Não ocorre a combinação química do metal e o oxigênio numa escala molecular; no entanto, sua ocorrência é proveniente de processos parciais separados (Equações de 5 a 10) O2 + 2 H2O + 4 e- → 4 OH- (5) 2 Fe + O2 + 2 H2O → 2 Fe(OH)2 (6) 4 Fe2+ + 8 OH- + O2 → 4 FeOOH + 2 H2O (7) 8 FeOOH + Fe2+ + 2 e- → 3 Fe3O4 + 4 H2O (8) 3 Fe + 4 H2O → Fe3O4 + 8 H+ + 8 e- (9) (10) 4 Fe(OH)2 + O2 → 2 H2O + 2 Fe2O3.H2O As reações (4) a (5) são geradas em meio neutro e descrevem, basicamente, a ocorrência de semi-reações anódicas (na interface metal-óxido) e catódicas (na interface gás-óxido). A ferrugem consiste em uma mistura complexa de várias fases cristalinas e amorfas de óxidos e hidróxidos de ferro, com estequiometria variada [Fe(OH)nn-2, Fe(OH)nn-3, Fe(H2O)x2+ , Fe(H2O)x3+ com n ≤ 3 e x ≤ 6]. Os três principais componentes da ferrugem são a hematita (Fe2O3) de estrutura cúbica, a lepidocrocita (γ-FeOOH) e a goethita (α-FeOOH) ambas com estruturas romboédrica. Sob influência de intemperismo as camadas de compósitos são formadas em composições diferentes. As proporções dos compósitos (Figura 10) são dependentes tanto de fatores físico-químicos quanto de substâncias contidas na solução (KWON et al, 2005; NOUBACTEP, 2008; PANNONNI, 2004). Ciro José Ferreira Rodrigues 38 Figura 10 - Estrutura esquemática apresentando características e composição de uma superfície corroída em meio aquoso neutro [Fonte adaptada de SARIN et al (2004)]. Camada superficial Camada densa Fe(OH)2; γ-Fe2O3 OOH; CaCO ;Silicatos, Fe3O4; α-FeOOH; γ-Fe2O3 Fe (III) Fase: α-FeOOH; γ- Fe2O3 Camada porosa Fe (II e III) Fase: Fe3O4;crostas verdes Fe (II) Fase: Fe(OH)2; FeCO3 Superfície corroída A corrosão de ligas metálicas contendo íons cloreto (Cl-) como eletrólito catalisador da dissociação metálica encontra-se bem reportada na literatura. A maioria dos trabalhos estão correlacionados com avaliações da interferência corrosiva do meio no tempo de vida do concreto (BISSA, 2008; CÁCERES et al, 2007; DOTTO, 2006; POLITO, 2006; SILVA, 2006). Em meio aquoso contendo cloreto de sódio (NaCl), os íons cloreto (Cl-) participam nos processos de formação e precipitação dos compósitos das reações anódicas, com as seguintes propostas de mecanismos de reação (Equações 11 a 17): NaCl → Na+ + Cl- (11) Fe + Cl- ↔ (FeCl-)ads (12) (FeCl-)ads ↔ (FeCl)ads + e- (13) (FeCl)ads → (FeCl+) + e- (14) (FeCl+2)ads + e- ↔ Fe2+ + Cl- (15) Fe2+ + 2 Cl- → FeCl2 (16) FeCl2 + 2 OH- → 2 Cl- + Fe(OH)2 (17) Ciro José Ferreira Rodrigues 39 Na superfície metálica o oxigênio dissolvido favorece a formação (e desenvolvimento) de camadas passivas de óxido (geralmente heterogêneas) com produção de pites, que podem ser entendidos como pequenas imperfeições denominadas de sementes. As sementes resultam das reações anódicas que ocorrem em certos pontos da superfície do metal. O acúmulo de cátions Fe+2 da semi-reação gera o aumento da intensidade do campo elétrico. Por processo de migração, os íons cloreto (Cl-) se deslocam para o interior dos pites, os íons adsorvidos na superfície competem com oxigênio (O2) da solução e com os íons hidroxila (OH-) da camada de óxido passiva, havendo a regeneração dos íons cloreto (Cl-) e o começo de um novo ciclo (BERPOUR et al 2008; CÁCERES et al, 2009; GENTIL, 2011; GILBERG; SEELEY, 1981; SARIN et al, 2004). A solução se torna mais eletrolítica à medida que se aumenta a concentração de NaCl, com consequente diminuição da solubilidade do oxigênio. Os íons cloreto (Cl-) reagem nas áreas catódicas, despolarizando a superfície com favorecimento da cinética da corrosão. Entretanto, a deterioração da superfície de interface de óxido e metal é função da concentração do agente oxidante, no caso, da concentração de oxigênio na solução (GENTIL, 2011). 2.7 TÉCNICAS ELETROQUÍMICAS Os mecanismos eletroquímicos de oxi-redução que ocorrem na interface líquidosólido, podem ser avaliados por diferentes técnicas, dentre elas destacam-se as curvas de polarização e espectroscopia de impedância eletroquímica (EIE). Na investigação utilizam de dois eletrodos (eletrodo de referência e o de trabalho), sendo necessário ou não o uso do contra-eletrodo. A caracterização das regiões interfaciais também pode ser obtida por espectroscopia de impedância eletroquímica (EIE). Nesta técnica, a interface de pelo menos dois eletrodos contribui como uma ferramenta investigativa oferecendo dados das regiões interna e externa de uma determinada interface. Neste contexto, a seguir, se encontram algumas considerações voltadas para aspectos teóricos destas técnicas que foram utilizadas neste trabalho para avaliação do potencial de inibição de NE-OS em aço-carbono. A técnica que gera as curvas de polarização tem como princípio básico a aplicação de um sobrepotencial em regiões positivas e negativas, a partir da Ciro José Ferreira Rodrigues 40 determinação do Potencial de Circuito Aberto (OCP, Open Circuit Potential), que correspondente ao acúmulo e acomodação de cargas na interface sólido-líquido em função do tempo. As curvas de polarização correspondem à resposta do sistema em corrente elétrica do sobrepotencial (η) aplicado (Equação 18) (BARD; FAULKNER, 2001; TICIANELLI; GONZALEZ, 2005; WOLYNEC, 2000). η = ∆E = E – Ei (18) Na Equação 18, η é o sobrepotencial, ∆E corresponde à variação de potencial aplicado, E corresponde ao potencial aplicado e Ei ao potencial de equilíbrio (OCP) (TICIANELLI; GONZALEZ, 2005; WOLYNEC, 2000). Os valores positivos e negativos de η nas regiões de potencial anódicas e catódicas em torno do potencial de equilíbrio indicam as condições de potencial impostas. Portanto, para η > 0 caracteriza-se polarização anódica e para η < 0 polarização catódica. Com base no modelo da dupla camada elétrica de Helmholtz e assumindo a ocorrência de oxidação metálica com um elétron reacional, quando é estabelecido a dupla camada elétrica é possível que, a partir dos dados de OCP ou potencial de equilíbrio, aplique-se a extrapolação de curvas conhecida como Extrapolação das Curvas de Tafel. Neste contexto, uma sobretensão de caráter anódico é aplicada ao potencial de equilíbrio, promovendo mudança na energia livre interfacial, criando-se desta forma, uma curva de polarização extrapolada. A metodologia de extrapolação de curvas gera mudança de energia livre na interface de metais polarizados anodicamente, como esquematizado na Figura 11. Ciro José Ferreira Rodrigues 41 Figura 11 - Variação da energia livre interfacial em metal polarizado anodicamente [Fonte adaptada de WOLYNEC (2000)]. Nesta figura representativa (Figura 11) ∆Ge corresponde à variação da energia livre no equilíbrio, Gel é a energia livre eletroquímica, zFηa é o nível da energia livre eletroquímica na superfície do metal que sofre polarização anódica, ∆G*c é a energia de ativação catódica, ∆G*e G*e é a energia de ativação de equilíbrio, M é o metal no seu estado neutro, e M+ é o metal que sofreu dissociação. O parâmetro α corresponde ao coeficiente de transferência (ou da simetria) e informa sobre a relação entre as distâncias AB do pico da barreira à superfície do metal, bem como sobre a distância AC dos íons presentes na vizinhança interna da dupla camada à superfície do metal. Especificamente, a distância AC representa os planos de Helmonltz, em que AB indica ind o plano interno na interface da dupla camada elétrica, e AC é o plano externo. Da correlação das barreiras de energia eletroquímicas (Gel), em função dos planos internoss de Helmonltz (AB e BC) deduziram-se deduziram se as a equações do sobrepotencial anódico ηa, Equação 19, e do sobrepotencial catódico ηc, Equação 20. Ciro José Ferreira Rodrigues 42 η = β log η = β log ݅, ݅ ݅, ݅ (19) (20) As Equações 19 e 20 descrevem as sobretensões anódicas (ηa) e catódicas (ηc) como funções da densidade de corrente de corrosão (icorr) e densidade de corrente inicial (io). Nessas equações, a obtenção dos coeficientes de Tafel anódico (βa), Equação 21, e catódico (βc), Equação 22, é função da dupla camada elétrica. β = − β = 2,303RT (1 − α)ܨݖ 2,303RT (α)ܨݖ (21) (22) As equações das densidades de corrente catódica e anódica (23 e 24) são obtidas assumindo-se que ηa = ∆E = (E - Ecorr) > 0 e ηb = (E - Ecorr) < 0. ݅ = ݅ ݁ ି ݅ = ݅ ݁ మ,యబయ(ుషుౙ౨౨ ) βౙ మ,యబయ(ుషుౙ౨౨ ) βα (23) (24) O potencial de corrosão (Ecorr) e a corrente de corrosão (icorr) são determinados pela extrapolação das curvas de Tafel em um gráfico que correlaciona E versus log |i|. A intersecção dos declives (coeficientes anódicos (βa) e catódicos (βc)) fornece os valores de Ecorr e de icorr; o valor do declive corresponde aos potenciais anódico (βa) e catódico (βc), Figura 12 (TICIANELLI; GONZALEZ, 2005; WOLYNEC, 2000). Ciro José Ferreira Rodrigues 43 Figura 12 - Representação da curva de polarização em função do potencial aplicado e do logaritmo da corrente. Para uma reação de oxi-redução a corrente resultante do processo é obtida admitindo-se que a densidade de corrente seja dada por i = ia - |ic|. Desta forma, obtém-se a expressão de Butler-Volmer da densidade de corrente, como mostrado na Equação 25 (WOLYNEC, 2000). Derivando a Equação 25 pela variação de potencial (dE), obtém-se a relação diferencial da densidade de corrosão pelo potencial, Equação 26 (WOLYNEC, 2000). A inversão dos coeficientes resulta na resistência à polarização (Rp), Equação 27. ݅ = ݅ ቈe ି మ,యబయ(ుషుౙ౨౨ ) βα ݀݅ ݁ ൬ ൰ = 2,303݅ ݀ܧ ܴ = ି −e ି మ,యబయ(ుషుౙ౨౨ ) βౙ మ,యబయ(ుషుౙ౨౨ ) βα βα ݀ ܧη = ݀݅ ݀݅ Ciro José Ferreira Rodrigues − ݁ ି (25) మ,యబయ(ుషుౙ౨౨ ) βౙ βୡ (26) (27) 44 Como a densidade de corrente de corrosão depende de parâmetros cinéticos, no caso icorr = f (β, Rp), a densidade de corrente de corrosão (icorr) é definida como uma relação linear inversamente proporcional à resistência a polarização (Rp) (PEREZ, 2004), Equação 28. ݅ = β ܴ (28) O valor de β é função dos coeficientes anódicos (βa) e catódicos (βc) (Equação 29) (WOLYNEC, 2000). β= βα β 2,303 (βα + β ) (29) No entanto, quando ocorre processo difusional, o coeficiente catódico possui inclinação infinita (βc = -∞), a resistência a polarização (Rp) é calculada como mostrado na Equação 30 (WOLYNEC, 2000). ݅ = βα 2,303 ܴ (30) A espectroscopia de impedância eletroquímica (EIE) é uma técnica muito utilizada para caracterização das regiões interfaciais. A interface de pelo menos dois eletrodos contribui como uma ferramenta investigativa oferecendo dados das regiões interna e externa de uma determinada interface. A interface sólido-líquido, por exemplo, consiste na aplicação de um potencial senoidal de pequena amplitude no eletrodo imerso em uma solução. A resistência ou impedância à passagem da corrente alternada (AC), para uma determinada faixa de frequência, é registrada continuamente formando o espectro de impedância. Para interpretação do espectro, considera-se que o processo interfacial assume comportamento equivalente a um circuito eletrônico teórico (AC), construído em combinação, em série e/ou paralelo, considerando-se os seguintes parâmetros: Ciro José Ferreira Rodrigues 45 resistência, capacitância e impedância de Warburg (Tabela 5) (FREIRE, 2005; JOUKOSKI, 2003; LOPES, 2006). Tabela 5 - Representação dos elementos de circuito equivalentes e suas equações de impedância. Elemento Símbolo Resistor Capacitor Impedância de Warburg O circuito equivalente deve ser construído de forma lógica, satisfazendo a determinados critérios, tais como: o circuito elétrico equivalente deve se apresentar como uma propriedade física que explique a passagem da corrente elétrica, o modelo de circuito elétrico equivalente deve correlacionar com os dados experimentais. Para uma melhor descrição dos processos interfaciais, o modelo proposto de um determinado circuito elétrico deve satisfazer as condições citadas anteriormente. A interpretação dos resultados é feita pela correlação de cada elemento de circuito com os dados experimentais do modelo de circuito elétrico equivalente sugerido. Existem pelo menos dois gráficos mais usados que auxiliam na interpretação dos dados experimentais, o diagrama de Nyquist comumente chamado diagrama de impedância (ou espectro de impedância) e o diagrama de Bode (BONORA et al, 1996). O diagrama de Nyquist apresenta-se com uma série de pontos, em que, cada ponto corresponde à grandeza e direção vetorial da impedância, para cada frequência aplicada. Este diagrama é construído em um plano cartesiano complexo, no qual o eixo das abscissas contém termos resistivos imaginários, e o eixo das coordenadas contém a parte real que apresenta os termos resistivos reais. Os pares ordenados estão correlacionados à parte real e imaginária representativa dos termos Ciro José Ferreira Rodrigues 46 capacitivos (ou indutivos). Os dados de impedância são representados no plano cartesiano, em grandes faixas de frequências que variam em função do tipo da análise. Na Figura 13 encontra-se representado um diagrama de Nyquist típico (CARVALHO et al, 2006). Figura 13 - Representação do gráfico de Nyquist [Fonte adaptada de CARVALHO et al (2006) e GIROTTO; PAOLI (1998)]. Escolhido o circuito elétrico equivalente que melhor descreve a interface, é possível relacionar suas propriedades físico-químicas com os elementos do circuito e extrair valores quantitativos. Os dados são obtidos utilizando-se o método de mínimos quadrados não-lineares, com o auxílio de um software. O diagrama de Bode, por sua vez, consiste em eixos ortogonais, nos quais é analisada a impedância absoluta (|Z|) e o ângulo de fase (θ) nos eixos das abscissas, que afetam a frequência, representada no eixo das coordenadas. O diagrama de Bode apresenta uma série de vantagens em relação ao diagrama de Nyquist. No diagrama, a frequência aparece em um dos eixos, facilitando a relação de sua dependência com a impedância absoluta |Z| tanto quanto a mudança de fase (θ). No exemplo abaixo, onde um sistema eletroquímico apresenta comportamento capacitivo (Figura 14) pela abcissa esquerda se obtêm a resistência à transferência de carga (Rtc) e a resistência da solução (Rs), e na abscissa direita se tem o ângulo máximo fora de fase (θmáx) (BARSOUKOV; MACDONALD, 2005). Ciro José Ferreira Rodrigues 47 Figura 14 - Diagrama de Bode [Fonte adaptada de BARSOUKOV; MACDONALD (2005)]. C B A Na Figura 14, em relação ao eixo das coordenadas podem ser observadas regiões de frequências distintas, tais como: alta frequência (A), região de média frequência (B) e a região de baixa frequência (C). No eixo esquerdo das abscissas (Log |Z|), pode-se observar resistência da solução (Rs) em (A); na região B pode-se observar processos de passivação, filmes de adsorção, alteração da condutividade elétrica no filme, bem como revestimentos superficiais; em (C) é possível observar a cinética de reações eletroquímicas e interações interfaciais (BARSOUKOV; MACDONALD, 2005). 2.8 ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS (ACP) A aplicação eletroquímicos é de ferramentas bastante quimiométricas difundida na literatura, para análise sendo o de dados planejamento experimental, as técnicas de calibração multivariada e determinação de padrão as mais utilizadas (BADDINI et al, 2007; CARDOSO et al, 2006; ESTEBAN et al, 2006; LUCIANO et al, 2010). A análise de Componentes Principais (ACP) tem por objetivo reduzir a dimensão de um conjunto de dados em um subespaço dimensional, facilitando ainda, o exame e a interpretação de dados, transformando os dados originais em um novo conjunto de descritores, denominados de Componentes Principais (CP) (MATOS et al, 2003). Ciro José Ferreira Rodrigues 48 Pela ACP pode-se observar a disposição de amostras em forma de agrupamentos e geração de novas informações que descrevem o sistema, a partir do cálculo de suas variâncias. Existe um leque de aplicações para esta técnica estatística, oferecendo condições à exploração e aquisição de novos dados. Para tanto, avaliam-se os descritores relevantes por identificação de suas dependências lineares. As características encontradas podem ser determinadas por dois gráficos: gráfico dos loadings (ou de pesos) que apresenta as dependências lineares dentre as variáveis que compõem as componentes de autovalor nulo, indicando as variáveis relevantes do conjunto de variáveis utilizadas; e o gráfico de scores que apresenta as informações da amostras, deixando-as visíveis à similaridade, em agrupamentos e diferenças, com base nos descritores utilizados (Figura 15). O agrupamento ocorre em função de suas variâncias dentro da população, ou seja, seu comportamento é elucidado pelas características que os definem (MATOS et al, 2003; SENA et al, 2000). Figura 15 - Representação de uma Componente Principal (CP) de duas variáveis: (a) os loadings são os ângulos do vetor direção; (b) os scores são as projeções das amostras 1 e 2 na direção da CP, sendo os dados centrados na média [Fonte adaptada de SENA et al (2000)]. (a) (b) Para um conjunto de dados como uma matriz P, a ACP a decompõe em matrizes menores (rank h) de mesmo posto igual a 1, sendo a soma de h matrizes igual à matriz original, como pode ser visto na Equação 31. Estas novas matrizes de postos equivalentes correspondem aos autovalores e autovetores, denominados de Ciro José Ferreira Rodrigues 49 scores (sh), e loadings (lh), Equação 32. Podem-se se aplicar outros métodos matemáticos para a determinação de tais vetores (SENA et al, 2000). A Equação 33 pode ser representada resentada de maneira ma geral pelo produto das matrizes menores (Equação 32). P = P1 + P2 + P3 + P4 +...+ Ph (31) P = s1 l’1 + s2 l’2 + s3 l’3 + s4 l’4 +...+ sh l’h (32) P = S L’ (33) Em que, P é a matriz de dados, S corresponde ao componente scores e L’ ao loading. De maneira mais simples, simples a representação do conjunto de dados pode ser dada pela soma dos vetores em uma representação gráfica de matrizes de vetores (Figura 16). Figura 16 - Representação matricial da somatória de produtos dos vetores scores e loading CP CP1 CP2 CPh A Figura 16 mostra a matriz de dados P com n variáveis e m amostras resultante resulta da combinação linear do produto dos scores e loadings (matrizes matrizes menores). Além disto, o produto SL’ corresponde a novas componentes principais (CP), que explicam o conjunto de dados da matriz P.. As CP sempre serão ortogonais entre si, correspondendo à reflexão do conjunto de dados multivariado em uma nova dimensão, que torna possível observar tendências e relações entre as amostras. Ciro José Ferreira Rodrigues 50 As componentes principais possuem as seguintes propriedades: o autovalor é igual à variância do componente principal; a componente apresenta-se de forma decrescente em função do valor da variância; o somatório dos autovalores equivale ao total de variância das variáveis originais e dos componentes principais, e não são correlacionados. Armazenam o máximo de informação apresentados em um plano bidimensional, de forma que o conjunto de dados não correlacionados é distribuído em suas coordenadas originais, em eixos ortogonais (SENA et al, 2000). De acordo com a literatura, a utilização da ACP da matriz de dados proveniente do Potencial de Circuito Aberto (OCP) aplicando as isotermas de adsorção apresenta-se como uma nova estratégia para propor o comportamento de interação interfacial, utilizando um grande número de amostras. Para trabalhos utilizando nanoemulsões como inibidores de corrosão com eletrodo de trabalho (aço-carbono AISI 1020) em meio corrosivo (NaCl 3,5%), esta abordagem inovadora descreve qualitativamente o comportamento de interações interfaciais. 3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL Neste capitulo são apresentados os materiais e métodos que foram utilizados durante a execução deste trabalho. Com relação aos reagentes foram utilizados os seguintes componentes químicos: polioxietileno (20) monooleato (Tween 80) (PA) da Acros Organics; óleo de soja comercial (Marca Soya, Lote 0511a, validade: Fev. 2012); água bidestilada; solução de cloreto de sódio (NaCl 3,5% da Vetec). Resumidamente, os materiais empregados utilizados na pesquisa foram os seguintes: agitador magnético modelo 752 da FISATOM; balança analítica modelo 240 A, da PRECISA, com precisão de 0,0001 g; Potenciostato/Galvanostato modelo PGSTAT 302 versão 4.9; pHmetro Digimed modelo DM-20 padrão Digimed pH 4,0 e 7,0; aço-carbono AISI 1020, Condutivímetro Digimed, modelo DM-31. O fluxograma ilustrado na Figura 17 apresenta de forma resumida, a sequência operacional que foi utilizada na realização deste trabalho, tendo sido composta por procedimentos experimentais distribuídos em três etapas. Inicialmente, obteve-se o diagrama de fases e na sequência, foram escolhidos cinco pontos nanoemulsionados (NE-OS), e finalmente, as nanoemulsões obtidas na presença e ausência do meio corrosivo, foram caracterizadas via análises físico-químicas e Ciro José Ferreira Rodrigues 51 eletroquímicas. Para as técnicas de análises destacadas com asterisco na Figura 17, seus respectivos dados obtidos foram analisados pela ANOVA. Figura 17 – Fluxograma da metodologia experimental. Obtenção do diagrama de fases Sistemas NE-OS (S1, S2, S3, S4, S5) Caracterização físico-química pH* pHmetro Condutividade* Condutivímetro Tamanho de partícula* Potencial Zeta Caracterização eletroquímica Índice de polidispersão* Potencial Zeta OCP EIE* Curvas de polarização ACP Isotermas de adsorção 3.1 OBTENÇÃODO DIAGRAMA DE FASES A determinação da região de nanoemulsão, em diagrama ternário, com outras regiões de Winsor, baseia-se no método da determinação dos pontos de solubilidade. Para obtenção do diagrama foi feita a titulação mássica com fase aquosa em mistura já preparada de proporções fixas das fases tensoativo/oleosa. A identificação das regiões de nanoemulsão é verificada visualmente quando a mistura ternária (fase aquosa, oleosa e tensoativa) torna-se totalmente translúcida (Figura 18). Ciro José Ferreira Rodrigues 52 Figura 18 – Sistemas em Winsor IV , NE-OS1 (a) e NE-OS2 (b) na ausência do meio corrosivo. (b) (a) 3.2 DIÂMETRO DE GOTÍCULA, DISTORÇÃO DO DIÂMETRO COM ÍNDICE DE POLIDISPERSÃO As amostras foram analisadas aleatoriamente no aparelho ZetaPlus Particle Sizing (Software Version 3.95). Contidas em cubeta de quartzo (5 mL), foi incidida luz de comprimento 659 nm a ângulo de 90° a 25 °C. As varreduras foram feitas em 5 réplicas de 1 min, obtendo o diâmetro da gotícula e o índice de polidispersão dos pontos de NE-OS na presença e ausência de meio corrosivo. 3.3 ANÁLISE DE PH Amostras de NE-OS (15 mL) em meio corrosivo, foram analisadas aleatoriamente no pHmetro (Digimed modelo DM-20), previamente estabilizado e calibrado a 25 ± 2 °C. 3.4 ANÁLISE CONDUTIVIMÉTRICA Amostras aleatoriamente de no NE-OS (15 mL) Condutivímetro estabilizado e calibrado a 25 ± 2 °C. Ciro José Ferreira Rodrigues em meio (Digimed corrosivo, modelo foram DM-31), analisadas previamente 53 3.5 PREPARAÇÃO DO ELETRODO DE TRABALHO Do eletrodo de trabalho de aço-carbono AISI 1020, isolou-se a área superficial de 0,302 cm2 para estudos eletroquímicos, com tinta impermeável automotiva. Seguidamente, com cola epóxi Araldite® foi fixado um tubo de vidro para não haver possibilidade de infiltração pelas laterais do eletrodo. A área exposta foi polida com lixa d’água 400, 600 e 1200 mesh e α-alumina (Figura 18). Figura 19 – Eletrodo de trabalho com área superficial de 0,302 cm2. 3.6 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS PARA OS ENSAIOS ELETROQUÍMICOS Após análise do diagrama de fase com óleo de soja refinado como fase oleosa e sorbitano Tween 80 obteve-se o sistema NE-OS e suas variações S1 até S5 em diferentes percentuais do tensoativo Tween 80. A codificação genérica NE-OS significa nanoemulsão de óleo de soja obtida com o mesmo tensoativo (Tween 80) com variações de suas concentrações. Para tanto, foram preparadas soluções estoques em concentrações de inibidor variando entre 0,10% a 0,5% (m/v) em meio salino, NaCl 3,5% (m/v), Tabela 6. Quando, resumidamente são apresentadas as codificações S1, S2 e assim por diante, entenda-se que correspondem ao sistema NE-OS. Ciro José Ferreira Rodrigues 54 Tabela 6 - Concentrações do inibidor Tween 80 na nanoemulsão NE-OS e meio corrosivo (NaCl 3,5%). Concentração (m/v) 0,50% NE-OS S1 S2 S3 S4 S5 0,25% S2c S5c 0,17% S2b S5b 0,10% S2a S5a 3.7 PARÂMETROS UTILIZADOS NOS ENSAIOS ELETROQUÍMICOS Os ensaios foram realizados no potenciostato/galvanostato (PGSTAT 302 versão 4.9) a 25 ± 1 ºC, em célula de 5 mL, utilizando três eletrodos: eletrodo de referência (fio de prata), eletrodo auxiliar (fio de platina) e o eletrodo de trabalho com 0,302 cm² de área superficial exposta (Figura 20). Todos os experimentos foram feitos sob agitação de 300 rpm. A amostra NE-OS e suas variações sofreram condicionamento de corrente zero (i = 0) no Potencial de Circuito Aberto (OCP) durante o tempo de estabilização de 1000 s. Para Espectroscopia de Impedância Eletroquímica (EIE) e Curvas de Polarização utilizou período de 400 s e o mesmo condicionamento. Ciro José Ferreira Rodrigues 55 Figura 20 – Potenciostato/galvanostato PGSTAT 302 versão 4.9 conectado a célula de 5 mL. A partir da a EIE utilizou-se utiliz frequência na faixa de 100 kHz a 0,02 Hz com amplitude de 10 mV após obtenção do OCP. Para determinação das curvas de polarização, a velocidade de varredura aplicada aplicad foi de 0,4 mV/s para ± 200 mV do OCP. A obtenção das variáveis eletroquímicas (Ecorr, Icorr, βa e βc) foi realizada manualmente pelo programa Microsoft Excel 2007. Para obtenção dos circuitos circu elétricos foi utilizado o programa livre EIS ANALYSER. 3.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS O conjunto de dados experimentais das amostras (tamanho da partícula com índice de polidispersão, pH e condutividade elétrica, resistência da solução e resistência ência de transferência de carga) carga) foram analisados separadamente pela ferramenta estatística Análise de Variância (ANOVA). Os dados foram tratados utilizando-se o programa ORIGIN 6.0. A matriz de dados do Potencial de Circuito Aberto (OCP) foi tratada pela Análise de Componentes Principais (ACP) utilizandoutilizando se programa THE UNSCRAMBLER versão 9.7. Ciro José Ferreira Rodrigues 56 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste trabalho, o estudo do tensoativo Tween 80 encontra-se vinculado a um tipo de pesquisa biotecnológica com objetivo voltado para aplicação em processos corrosivos. Para tanto, obteve-se uma nanoemulsão denominada de NE-OS e suas variações (NE-OS1, S2, S3, S4 e S5) que foram trabalhadas em diferentes concentrações do tensoativo Tween 80 [polioxietileno (20) monooleato]. A determinação da região de nanoemulsão do sistema NE-OS baseou-se no método da determinação dos pontos de solubilidade pela análise de diagrama ternário. O critério de escolha do tensoativo encontra-se fundamentado nos seguintes aspectos: a) inibidores de corrosão são considerados substâncias que em baixas concentrações interfirem nos mecanismos de corrosão; b) considerou-se que os tensoativos não-iônicos, do tipo sorbitano da classe Tween, são alvos de pesquisas e se destacam por apresentarem bons desempenhos de eficiência de inibição; c) estudos voltados para aplicação em processos corrosivos com uso de agregados micelares destacam-se na literatura pela sua eficácia; c) o tensoativo polioxietileno (20) monooleato (Figura 21) é uma espécie química biodegradável com comprovada eficácia de inibição à corrosão em diversos tipos de metais e ligas metálicas, com fortes possibilidades de aplicações biotecnológicas (DAVANCO et al, 2007; GOPI et al, 2000;LI et al, 2009b; MA et al, 2003; OSMAN; SHALABY, 1997; RAMJI et al, 2008; SHALABY; OSMAN, 2001; ZHANG; ZHU, 2012); d) o tensoativo Tween 80, utilizado em agregados micelares, apresenta propriedade autoemulsificante (MURDAN et al, 1999a; 1999b); e) a escolha da fase óleo se justifica pelo fato de o material vegetal óleo de soja refinado (comercial) ser de fácil acesso, baixo custo e no contexto de se produzir biotecnologia, se enquadra no requisito da preservação ambiental [na Tabela 7 encontra-se apresentada a composição química do óleo de soja refinado (CAVALETT; ORTEGA, 2009; JOSHI et al, 2010)]. Ciro José Ferreira Rodrigues 57 Figura 21 – Estrutura molecular do polioxietileno (20) monooleato. O R O w O O O OH O x O HO z y OH Tween 80 (w+x+y+z = 20 e R = derivado do ácido oleico) Tabela 7 – Composição química do óleo de soja refinado (SETTE de ABRIL, 2012). Ácido graxo Óleo de soja refinado (% m/m) Ácido palmítico (C16:0) 11,0 Ácido linoleico (C18:2n-6) 55,3 Ácido α-linolênico (C18:3n-3) 4,1 Ácido oleico (C18:1n-9) 23,8 Ácido esteárico (C18:0) 3,8 Ácido láurico (C12:0) ND Ácido mirístico (C14:0) ND TOTAIS 98,0 Para caracterização físico-química do nanossistema NE-OS realizaram-se estudos por análise de variância (ANOVA) em que se consideraram as seguintes propriedades: tamanho da partícula com índice de polidispersão, pH e condutividade elétrica, resistência à transferência de carga (R) e resistência da solução (Rs). A partir destas avaliações foi possível evidenciar a escala nano ou micrométrica dos agregados moleculares obtidos. No estudo interfacial utilizou-se eletrodo de trabalho do aço-carbono AISI 1020 e meio corrosivo (NaCl 3,5%) com avaliações de três técnicas potenciométricas. A seguir encontram-se descritos os resultados e suas discussões, que possibilitaram avaliar o comportamento do inibidor NE-OS (e suas Ciro José Ferreira Rodrigues 58 variações NE-OS1 até NE-OS5) em corrosão forçada pela variação do sobrepotencial. 4.1 OBTENÇÃO DO DIAGRAMA DE FASES DO NANOSSISTEMA NE-OS Para obtenção dos pontos de sistemas nanoemulsionados com óleo de soja refinado comercial (NE-OS), para posterior aplicação como inibidor de corrosão, obtiveram-se misturas de três componentes de fases no diagrama ternário: fase tensoativa (Ft), polioxietileno (20) monooleato; fase oleosa (Fo), óleo de soja refinado (comercial) e fase aquosa (Fa), água bidestilada. Nesta análise, determinaram-se os pontos de misturas com registro das regiões de emulsões via classificação de Winsor. Para as que apresentam propriedades de nanoparticuladas (sistemas nanoemulsionados) foram observados translucidez, homogeneidade e isotropismo. Levando-se em consideração a composição química da fase tensoativo (Tween 80) e fase óleo (óleo de soja refinado comercial), destacam-se os seguintes aspectos: na Ft o número de grupos etoxilados que caracterizam o sorbitano Tween 80 (Figura 20) possui w+x+y+z = 20 com R derivado do ácido oleico; para a fase Fo, considerou-se a mínima existência de ácidos graxos trans-saturados e as diferenciações dos ácidos graxos presentes nesta mistura química que caracteriza o óleo de soja. Desta forma, as possibilidades de diferentes tipos de interações nas interfaces devem ser consideradas nas análises da formação das camadas de adsorção do inibidor NE-OS. Na Figura 22 encontra-se o diagrama ternário obtido para a mistura Tween 80, óleo de soja e água bidestilada com destaque para a região de Winsor WIV que consiste em região de nanoemulsão. Na qual, foram escolhidos cinco pontos com variação da concentração do tensoativo para a formação das formulações derivadas de NE-OS (suas variações), como mostrado na Figura 23. De acordo com esta figura, a nanoemulsão NE-OS e suas variações são polares, portanto, são agregados micelares diretos, caracterizadas como O/A (sistemas ricos em água). Ciro José Ferreira Rodrigues 59 Figura 22 - Diagrama ternário obtido Tween 80, óleo de soja refinado (comercial) e água bidestilada. Figura 23 – Composição dos sistemas nanoemulsionados emulsionados NE-OS. 100% 89% 84% 80% 79% 69% 64% Ft 60% 40% 20% 10% 0% 15% 1% 1% NE NE-OS1 Ciro José Ferreira Rodrigues NE-OS2 30% 20% Fo 40% Fa 1% NE-OS3 1% NE-OS4 1% NE-OS5 60 4.1.1 Caracterização através de diâmetro de partícula, distorção do diâmetro, condutividade elétrica e pH dos agregados micelares de NE-OS e suas variações No estudo dos processos de adsorção na superfície metálica, a determinação do índice de polidispersão (tamanho da partícula) informa sobre os processos de formação dos agregados micelares e sua estabilidade no meio. Neste trabalho, os resultados obtidos para todos os pontos selecionados no nanossistema NE-OS encontram-se disponibilizados na Tabela 8, tendo sido analisados na presença e ausência de meio corrosivo. Para tanto, inicialmente, avaliaram-se os valores de diâmetros de partículas e suas polidispersões em função de variações da concentração do tensoativo na ausência do meio corrosivo (NE-OS1 até NE-OS5). NE-OS e suas diluições foram avaliados na presença do meio corrosivo (NaCl 3,5%) em concentração (m/v) que variou entre 0,10% e 0,50%, como mostrado na Tabela 8. De acordo com os resultados obtidos, analisando NE-OS1, S2, S3, S4 e S5 na ausência do meio corrosivo, observa-se o aumento da concentração do tensoativo Tween 80 (100 a 350 ppm) afetando significantemente o diâmetro de partícula, apresentando valores na faixa 9,40 a 15,8 nm, com consequente acrescimento do índice de polidispersão (0,170 a 0,311). Uma provável explicação para o aumento da heterogeneidade do diâmetro de partícula se deve ao excesso de monômeros dispersos na solução, que interferem no diâmetro dos processos de agregação. Além disso, é possível propor que o processo de formação dos agregados NE-OS ocorra em uma cinética muito dinâmica, de forma que o aparelho não identifique todos agregados (com diâmetros distintos), presentes no percurso óptico. Ciro José Ferreira Rodrigues 61 Tabela 8 - Tamanho da partícula com índice de polidispersão e distorção do diâmetro dos sistemas nanoemulsionados, na presença e ausência do meio corrosivo (NaCl 3,5%). Sistemas nanoemulsionados Diâmetro de 80 (ppm) partículas (nm) Distorção do Índice de diâmetro (nm) polidispersão NE-OS1 100 10,7 ± 0,1 4,4 ± 0,1 0,170 ± 0,004 NE -OS2 150 10,3 ± 0,1 4,7 ± 0,1 0,211 ± 0,005 NE -OS3 200 9,40 ± 0,0 4,4 ± 0,0 0,216 ± 0,002 NE -OS4 300 12,2 ± 0,1 6,5 ± 0,1 0,282 ± 0,003 NE -OS5 350 15,8 ± 1,3 8,7 ± 0,5 0,311 ± 0,021 0,50 27,3 ± 2,9 14,5 ± 1,5 0,285 ± 0,008 0,75 16,9 ± 0,5 8,5 ± 0,3 0,254 ± 0,005 1,00 17,6 ± 0,9 8,8 ± 0,4 0,251 ± 0,008 1,50 14,7 ± 0,4 7,3 ± 0,2 0,245 ± 0,001 1,75 14,7 ± 0,2 7,1 ± 0,1 0,237 ± 0,003 0,38 200,4 ± 33 124,5 ± 20,3 0,390 ± 0,010 0,26 311,8 ± 48 209,8 ± 44,2 0,433 ± 0,046 0,15 325,8 ± 48 200,2 ± 30,2 0,376 ± 0,011 0,88 157,2 ±13 97,2 ± 7,4 0,384 ± 0,012 0,61 388,4 ± 44 260,0 ± 27,4 0,453 ± 0,013 0,35 411,9 ± 54 254,0 ± 30,3 0,386 ± 0,013 NE-OS1 [0,50 % (m/v)] NE-OS2 [0,50 % (m/v)] NE-OS3 [0,50 % (m/v)] NE-OS4 [0,50 % (m/v)] NE-OS em meio corrosivo Tween NE-OS5 [0,50 % (m/v)] NE-OS2c [0,25 % (m/v)] NE-OS2b [0,17 % (m/v)] NE-OS2a [0,10 % (m/v)] NE-OS5c [0,25 % (m/v)] NE-OS5b [0,17 % (m/v)] NE-OS5a [0,10 % (m/v)] Ciro José Ferreira Rodrigues 62 A avaliação para NE-OS na presença do meio corrosivo 0,5% (m/v) (Tabela 8) mostrou que o diâmetro de partícula diminui de 27,3 para 14,7 nm em função da elevação da concentração do tensoativo, com baixa variação nos valores de índice de polidispersão (0,237 a 0,285). Partindo desta informação, propõe-se que os íons presentes diminuem a repulsão entre as regiões polares do tensoativo promovendo estabilidade na formação dos agregados micelares, em que os eletrólitos Na+ e Clinterferem no mecanismo de agregação micelar para a formação do nanossistema NE-OS2. Os dados obtidos para os índices de polidispersão sugerem que os diâmetros de partícula apresentam homogeneidade. Analisando especificamente os pontos S2 e S5 que sofreram maiores percentuais de diluição [0,50% a 0,10% (m/v)] correspondendo às amostras S2a, S2b, S2c, S5a, S5b e S5c observaram-se valores em escala crescente para diâmetros de partículas (157,2 a 411,9 nm) e índices de polidispersões (0,376 a 0,453). Neste contexto, o percentual de variação de Tween 80 para todas amostras está inserido em baixas concentrações (1,75 a 0,15 ppm). O fenômeno de coalescência dos agregados pode ser apontado como justificativa para os valores crescentes dos diâmetros de partículas e índices de polidispersão observados. Além disso, deve-se considerar, ainda, a concentração de íons e contra-íons resultantes do balanço massas/cargas, que disponibilizam as espécies carregadas (eletrólitos Na+ e Cl-) que se fixam em volta dos agregados micelares de NE-OS. Sabendo-se que a fase óleo é uma mistura de componentes químicos que se encontra solubilizada na presença do tensoativo Tween 80, a resultante química obtida na formação do nanossistema NE-OS poderia ser alterada pela ação no meio corrosivo (solução eletrolítica de NaCl 3,5%). De fato, os dados de condutividade elétrica e pH (Tabela 9) que foram observados apresentam informações adicionais que podem explicar a variação dos diâmetros de partículas dos sistemas NE-OS que sofrem diluições, bem como sugerir possíveis interferências no mecanismo das reações eletroquímicas que comprometem as interações dos agregados micelares com a superfície metálica. Ciro José Ferreira Rodrigues 63 Tabela 9 - Valores de condutividade elétrica e pH das nanoemulsões em meio corrosivo (NaCl 3,5%). Concentração NaCl 3,5% NE-OS1 [0,50% (m/v)] NE-OS2 [0,50% (m/v)] NE-OS3 [0,50% (m/v)] NE-OS4 [0,50% (m/v)] NE-OS5 [0,50% (m/v)] NE-OS2c [0,25% (m/v)] NE-OS2b [0,17% (m/v)] NE-OS2a [0,10% (m/v)] NE-OS5c [0,25% (m/v)] NE-OS5b [0,17% (m/v)] NE-OS5a [0,10% (m/v)] Tween 80 (ppm) 0,00 Condutividade elétrica (mS.cm-1) 4,65 ± 0,05 6,11 ± 0,17 0,50 4,26 ± 0,02 5,98 ± 0,01 0,75 4,50 ± 0,02 5,81 ± 0,05 1,00 4,52 ± 0,01 6,95 ± 0,01 1,50 4,52 ± 0,01 5,73 ± 0,03 1,75 4,44 ± 0,01 5,89 ± 0,13 0,38 4,74 ± 0,01 6,23 ± 0,01 0,26 4,63 ± 0,02 6,13 ± 0,02 0,15 4,54 ± 0,01 5,84 ± 0,07 0,88 4,42 ± 0,02 6,13 ± 0,02 0,61 4,37 ± 0,01 5,88 ± 0,01 0,35 4,35 ± 0,01 5,58 ± 0,06 pH Observando os valores da condutividade (Tabela 9), não há uma variação significativa (mínimo de 4,35 mS/cm-1 e máximo de 4,74 mS/cm-1). Desta forma, a explicação para os valores de condutividade observados reforçam a justificativa pelas distorções dos diâmetros e heterogeneidade das nanoemulsões (Tabela 8). Desta forma, sugere-se que os agregados micelares de NE-OS envolvidos pela nuvem eletronica, estejam agindo como partículas carregadas (Figura 24), podendo ser explicado pela presença dos ácidos graxos (constituintes da fase óleo), bem como pela presença das hidroxilas do tensoativo não-iônico Tween 80. De acordo com os dados resultantes da análise de pH (Tabela 9), não se observou variação linear em relação à concentração de Tween 80, apresentando caráter ácido. Com base nestes dados, a acidez observada pode ser explicada pelas reações de ionização dos ácidos graxos (presentes na fase óleo) e hidroxilas dos Ciro José Ferreira Rodrigues 64 tensoativos, contidos nas estruturas moleculares da fase oleosa e tensoativa causado pelas distorções dos diâmetros dos agregados. Figura 24 - Representação dos agregados micelares no aumento da concentração do meio salino, sendo íons Na+ (+) e Cl- (-). A Figura 24 mostra o aumento do diâmetro de partículas dos agregados micelares de NE-OS em função da diminuição da concentração do tensoativo Tween 80 nas soluções corrosivas (NaCl 3,5%). As reações de ionização liberam íons H+ ao redor das micelas. O contra-balanço de carga e massa na solução saturada de íons Na+ (+) e Cl- (-) promove diferentes concentrações de íons e contra-íons ao redor dos agregados. A proposta para variação da condutividade elétrica e pH são justificadas pelos valores apresentados da distorção do diâmetros de partículas e índices de polidispersão. 4.1.2 ANOVA das propriedades dos sistemas nanoemulsionados A ferramenta estatística ANOVA avalia os resultados das medidas considerando a interação de todos os efeitos que estejam ocorrendo, identificando quais seriam os mais significativos. Este método divide a variabilidade total em variabilidade Entre Grupos e variabilidade Dentro de Grupos, e compara as duas pelo cálculo dos Quadrados Médios. O valor obtido, para cada efeito, determina o valor de f. Este parâmetro estatístico é utilizado em análise de variância e determina a veracidade da hipótese nula. Utilizando uma confiança de 95%, compara-se o valor de f calculado com p experimental (MILLER e MILLER, 2005). Na hipótese nula, se o valor de f calculado for superior ao valor de p experimental, há significância do efeito, ou seja, existe variância entre as amostras. Neste trabalho foi considerado Ciro José Ferreira Rodrigues 65 como efeito o tempo de coleta de dados para as variáveis distorção do diâmetro, tamanho da partícula, índice de polidispersão, pH e condutividade elétrica. Este procedimento foi utilizado para avaliar um método alternativo que pudesse confirmar os dados experimentais observados para tamanho da partícula, distorção do diâmetro, índice de polidispersão, condutividade elétrica e pH da nanoemulsão NEOS e suas variações, na presença e ausência do meio corrosivo. Os dados de cada sistema inibidor-meio corrosivo foram obtidos de forma aleatória, de forma que, pressupondo que houvesse algum fator de correlação no conjunto matricial de dados, realizou-se a análise de variância. De acordo com os dados apresentados na Tabela 10, observa-se que a matriz de dados do tamanho da partícula, distorção do diâmetro e índice de polidispersão é maior em relação ao conjunto de dados obtido para condutividade elétrica e pH. Da análise da ANOVA foi possível observar que não há diferença estatística significativa, já que os dados experimentais analisados das caracterizações dos NEOS apresentam valores de f inferiores aos valores de p, estando de acordo com a proposta da referida metodologia, não apresentando evidência de erros sistemáticos (MILLER e MILLER, 2005). Tabela 10 - Dados da Análise de Variância das propriedades obtidas dos NE-OS na presença e ausência do meio corrosivo. nº de amostras nº de replicatas nº de dados valor de f valor dep Tamanho da partícula 16 5 80 0,43207 0,78503 Distorção do diâmetro 16 5 80 0,10026 0,98204 Índice de polidispersão 16 5 80 0,0637 0,99238 Condutividade elétrica 12 3 36 0,01248 0,9876 pH 12 3 36 0,21167 0,81032 Ciro José Ferreira Rodrigues 66 4.2 ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS (ACP) E ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DO POTENCIAL DE CIRCUITO ABERTO (OCP) DE TODAS AS AMOSTRAS A análise de componentes principais surge como uma alternativa para se estudar uma grande quantidade e variedade de dados, minimizando a dimensão do conjunto de dados originais. A Figura 25 mostra o comportamento do Potencial de Circuito Aberto (OCP), potencial entre eletrodo de trabalho (aço-carbono AISI 1020) e de referência (fio de prata) para as amostras avaliadas no meio corrosivo. O eletrodo de trabalho foi produzido em aço-carbono AISI 1020. Este aço foi selecionado por oferecer características semelhantes aos materiais usados em dutos de petróleo. Observa-se no registro do potencial o ruído provocado pelas interações heterogêneas e dinâmicas promovidas pela agitação da solução (300 rpm). Figura 25 - Comportamento do Potencial do Circuito Aberto (OCP) das nanoemulsões NE-OS1 até NE-OS5c utilizando aço-carbono AISI 1020 em meio corrosivo, sob agitação de 300 rpm. Ciro José Ferreira Rodrigues 67 Analisando o voltamograma resultante (Figura 25) fica evidente a dificuldade de se encontrar um padrão quantitativamente satisfatório neste conjunto de dados, já que há a ocorrência de intersecção de potenciais. Os registros iniciam em potenciais positivos e decaem até estabilização, não seguindo uma correlação linear em função das variações das concentrações do inibidor NE-OS. No entanto, este decaimento pode ser justificado pelo equilíbrio de sorção dos agregados micelares de NE-OS (e suas variações) na superfície metálica, que interfere na diferença de potencial entre o eletrodo de trabalho (aço-carbono AISI 1020) e o eletrodo de referência (fio de prata). A disposição dos sinais de potencial das amostras avaliadas (NE-OS e suas variações) impossibilita a total caracterização do sistema NE-OS; portanto, não contribui de forma relevante com as análises do mecanismo interfacial. Por este motivo, foi aplicada a Análise de Componente Principal (ACP) nos resultados obtidos do potencial de circuito aberto, que se apresentam mais precisos em relação à descrição e apresentação de mais informações sobre uma matriz de dados. Desta forma, uma matriz de informações foi organizada com N linhas, que são correspondentes à concentração do tensoativo Tween 80 nas amostras avaliadas, e M colunas, correspondentes ao tempo de análise de OCP, ou dimensões do sistema. A vantagem de se utilizar ACP no tratamento estatístico de OCP é justificada por apresentar as informações em uma nova dimensão de forma prática e dinâmica, ficando fácil observar as correlações entre as amostras. Isto não poderia ser visualizado no voltamograma (Figura 25). A transcrição da matriz de dados do voltamograma em um novo plano dimensional conteve 99% de informação descritiva das amostras, sendo necessários apenas dois componentes principais para descrever todo o conjunto de dados de OCP. O gráfico dos scores corresponde à análise de 12 amostras de NE-OS por OCP, em que os descritores de S5a e S5c estão sobrepostos no quadrante (II) (Figura 26). Ciro José Ferreira Rodrigues 68 Figura 26 - Gráfico dos scores correspondente a 12 amostras analisadas por OCP. . (I) (IV) (II) (III) No plano cartesiano, o CP1 (93%) é responsável pela diferenciação de potencial, e o CP2 (6%) explica a distinção por concentração do tensoativo Tween 80. Na primeira CP (93%) as amostras NaCl 3,5%, S1, S2 , S2b, S2c em valores negativos apresentam potenciais anódicos, contrastando com as amostras NE-OS5, S4, S5a, S5c, e S2a de valores positivos, apresentando potenciais catódicos. As amostras NE-OS3 e NE-OS5b apresentaram valores intermediários. Na CP2 (6%) as soluções de menores concentrações (NE-OS2b, S2c, S5a, S5b, S5c) apresentam valores positivos, para maiores concentrações de Tween 80 (NE-OS1, S2, S3, S4 e S5) as amostras apresentam valores negativos; nas soluções contendo somente o meio corrosivo, observou-se que a amostra referência NaCl 3,5% e a amostra de menor concentração de inibidor NE-OS2a (0,10% (m/v) com 0,15% de Tween 80) apresentaram valores intermediários. Da ACP foram identificadas e classificadas todas as amostras pelas suas distribuições espaciais nos componentes principais (CP). Fazendo uma correlação entre concentração de tensoativo nas amostras de NE-OS e Potencial de Circuito Aberto nos quadrantes (I, II, III, IV), com NaCl 3,5%, para NE-OS2a, S3 e S5b Ciro José Ferreira Rodrigues 69 observam-se valores intermediários, com insignificante interferência nos potenciais observados. Para as amostras NE-OS1 e NE-OS2 (quadrante IV) e suas variações S2b e S2c (quadrante I), S5b e S5c (quadrante II), S4 e S5 (quadrante III), observou-se que se apresentam de forma “espelhada” independente dos teores de Tween 80. Portanto, as amostras NE-OS1, S2 e S5 (e suas variações) interferiram de forma equivalente nos potenciais. De fato, os descritores de NE-OS5a e NE-OS5c no quadrante II estão sobrepostos, indicando que, independente da diferença de concentração de Tween 80, estas amostras de NE-OS apresentam o mesmo comportamento de OCP. No entanto, os descritores intermediários, que apresentam valores próximos a zero, possuem características antagonistas entre si em relação aos seus respectivos eixos. Analisando o eixo CP1 (93%), os descritores S3 (1,0 ppm Tween 80) e S5b (0,61 ppm Tween 80) apresentam mesmos OCP apesar da considerável diferença de concentração. Pelo eixo CP2 (6%), a amostra NaCl 3,5% (0,0 ppm Tween 80) e NE-OS2a (0,15 ppm Tween 80) apresentam OCP em regiões distintas em relação a todo o conjunto de amostras. As amostras NE-OS1, S2, S3, S4 e S5 são as que contêm maiores concentrações de Tween 80 dentre os quadrantes IV e III, apresentando-se em uma sequência linear, de modo que o potencial fica mais catódico quanto maior a concentração de tensoativo. Este fenômeno não é observado para os demais descritores a baixa concentração, no qual, as amostras NE-OS2a e NE-OS5a não se enquadram. Estas amostras deveriam estar localizadas em valores mais negativos de CP1. Para a construção do gráfico de scores foram utilizadas 1000 dimensões na variável tempo (s). Na Figura 27, apresenta-se o gráfico de loading ou de pesos das variáveis que representa a influência que cada variável da dimensão exercer para descrever todas as amostras na ACP. Ciro José Ferreira Rodrigues 70 Figura 27- Gráfico de loading das amostras NE-OS. De acordo com a Figura 26, observa-se que as variáveis na faixa 0 e 400 s possuem maior peso. O resultado do gráfico de loading mostra o menor período de tempo que possibilita a distinção das amostras no decorrer do registro potencial (OCP). As demais variáveis (401 a 1000 s) indicam a ocorrência do potencial de equilíbrio, adsorção parcial ou total do nanossistema NE-OS e suas variações sobre a superfície dos eletrodos: o de referência (fio de prata) e o eletrodo de trabalho (aço-carbono AISI 1020). 4.2.1 Isotermas de Adsorção No estudo da interface adsorvida pelos inibidores em temperatura constante, foram aplicados modelos matemáticos que descrevem o comportamento dos agregados micelares sobre a superfície metálica. Na Figura 28 está apresentada a influência da concentração do tensoativo Tween 80 em relação o grau de cobertura das isotermas de Langmuir e de Frumkin. Ciro José Ferreira Rodrigues 71 Os dados adquiridos para o estudo da isoterma foram originados da média dos valores do potencial de equilíbrio de OCP no intervalo entre 401 a 1000 s, com exclusão das amostras NE-OS2a e NE-OS5a por apresentarem comportamentos anômalos por comparação com as demais amostras. Figura 28 – Isoterma de adsorção de Langmuir (a) e Frumkin (b). R² = 0,95 R² = 0,98 Ciro José Ferreira Rodrigues (a) (b) 72 Na análise da Figura 28 (a) (isoterma de Langmuir), observou-se que a correlação entre os valores do grau de cobertura (θ) e das concentrações do tensoativo nos agregados micelares não é significativa. Na Figura 28 (b), referente à isoterma de Frumkin, a partir dos dados obtidos no intervalo 401 a 1000 s para as amostras NE-OS e suas variações, observou-se que o parâmetro lateral (A) contribui para explicar o fenômeno de adsorção dos agregados micelares na interface sólidolíquido. Os resultados dos parâmetros físico-químicos (OCP) dos dois modelos encontram-se descritos na Tabela 11. De acordo com esta tabela, a isoterma de Frumkin foi a que melhor se ajustou ao fenômeno de adsorção dos agregados micelares NE-OS avaliados na superfície metálica. No entanto, os melhores parâmetros de interação foram evidenciados para a isoterma de Langmuir. Tabela 11 - Parâmetros físico-químicos encontrados para as isotermas estudadas. Isotermas R² A Kads (kJ/mol) ∆adsG (kJ/mol) Frumkin 0,98 15,7 4,20.10-3 3,55 Langmuir 0,95 1,11.101 -15,6 -- Com base nos dados da constante de adsorção (Kads), sugere-se a possibilidade de competição na formação das camadas de adsorção sobre a superfície do eletrodo. Apesar da isoterma de Frumkin apresentar R2 maior que a de Langmuir, o fenômeno de adsorção (1,11.101 kJ/mol) observado comparativamente, indicou a formação de monocamada apresentando valor maior do que a dessorção de multicamadas (4,20.10-3 kJ/mol). A área superficial exposta do aço-carbono AISI 1020 ao meio corrosivo sob agitação possui heterogeneidade de densidade eletrônica. A adsorção dos agregados micelares de NE-OS entram em competição por interação eletrostática contribuindo para os prováveis mecanismos com a superfície metálica. Analisando os parâmetros físico-químicos de ambas as isotermas, a formação de monocamada com base no modelo de Langmuir é energeticamente mais favorável por apresentar ∆adsG negativo, em relação a possíveis formações de multicamadas do modelo de Frumkin, por apresentar ∆adsG positivo. Outro fator determinante para que o fenômeno de dessorção ocorra na formação de Ciro José Ferreira Rodrigues 73 multicamadas que está vinculado ao valor positivo de A (15,7) indicando interações laterais repulsivas entre os agregados micelares, que pode ser explicado pelo índice de polidispersão. A agitação da solução promove uma competição por interação com a superfície metálica, que é função do índice de polidispersão e distorção do tamanho dos diâmetros dos agregados. As micelas que interagirem primeiro com a superfície formará a primeira camada, e seguidamente de forma não espontânea, a segunda camada de proteção. 4.3 ESPECTROSCOPIA DE IMPEDÂNCIA ELETROQUÍMICA No estudo eletroquímico da zona de fronteira dentre as espécies químicas adsorvidas na superfície do eletrodo de trabalho, foi aplicada uma perturbação senoidal da corrente elétrica com potencial constante. Os resultados experimentais da impedância que correspondem à passagem de corrente elétrica, observados para as amostras avaliadas na presença e ausência de meio corrosivo, encontram-se apresentados nos diagramas de Nyquist e de Bode (Figura 29). Figura 29 - Diagramas de impedância com valores experimentais e simulados dos circuitos equivalentes (Fit) obtidos para as nanoemulsões NE-OS1, S2, S3, S4 e S5. (a) Nyquist, (b) e (c) Bode. (a) Ciro José Ferreira Rodrigues 74 (b) (c) Ciro José Ferreira Rodrigues 75 No diagrama de Nyquist, Figura 29 (a), observa-se o aumento do diâmetro dos arcos capacitivos de acordo com o aumento da concentração do tensoativo Tween 80 em cada amostra avaliada. O tamanho do arco informa sobre a resistência à passagem da corrente como função da espessura do filme adsorvido. Neste contexto, NE-OS5 (1,75 ppm de Tween 80) em meio corrosivo apresentou maior efeito acumulador de cargas elétricas na interface. No entanto, observa-se que o sistema NE-OS1 (0,5 ppm de Tween 80) em meio corrosivo apresenta comportamento mais agressivo do que o efeito observado na análise do meio salino, já que apresentou arco de menor curvatura (diâmetro). Neste caso, é provável que não tenha ocorrido a formação de um filme eficiente, possibilitando que os íons cloreto (Cl-) sejam regenerados e voltem a solubilizar a formação de óxido que compete com a qualidade da homogeneidade do filme de adsorção. O filme heterogêneo de NE-OS1 amplia a diferença de potencial entre a solução eletrolítica e a superfície do eletrodo, acelerando a migração dos íons e diminuído o efeito capacitivo do filme. No diagrama de Bode, Figura 29 (b), na região de altas frequências, as constantes de tempo (máximos de θ) são referentes ao filme de adsorção. A diminuição do valor do ângulo de fase na faixa de baixas frequências também mostra a qualidade protetora do filme formado. Para um filme de adsorção com uma única constante de tempo, abrangendo uma larga faixa de frequência, assume-se que há formação de um nível excelente de proteção. Com relação à Figura 30 (c), o ângulo de fase aumenta simultaneamente ao módulo da impedância em altas frequências, provocando maiores resistências a transferência de carga do filme de adsorção. Para todos os ensaios foram realizados simulações de circuitos elétricos equivalentes, com o objetivo de determinar os parâmetros físico-químicos da interface. Todos os valores calculados para os circuitos a e b (Figura 30), bem como para os diagramas de Nyquist e Bode, correspondem aos ensaios realizados com amostras do inibidor NE-OS, bem como com NaCl 3,5%. Na maioria dos casos, o valor da resistência à transferência de carga do filme ficou próximo do valor experimental de impedância. As simulações com os circuitos apresentaram valores de capacitância, confirmando o comportamento próximo de um capacitor ideal, bem como a ocorrência de efeitos difusionais na interface. Na Figura 30 estão Ciro José Ferreira Rodrigues 76 sistematicamente representados os modelos de circuitos elétricos equivalentes que tiveram melhor ajuste com os dados experimentais. Figura 30- Circuitos elétricos equivalentes obtidos para amostras NaCl 3,5%, NEOS1(a) e NE-OS2, S3, S4 e S5 (b). Rs Ws CPE (a) Rtc Rs CPE (b) Rtc Fonte própria. Na Figura 30 (a) apenas o meio corrosivo e o sistema NE-OS1 (na presença ou ausência deste meio) forneceu melhores ajustes com o circuito elétrico nos resultados avaliados. Neste circuito equivalente, o elemento de impedância de Wanburg (Ws) está em série com a dupla camada elétrica (CPE), em paralelo com a resistência à transferência de carga (R) da interface. A justificativa do ajuste observado sugere que existem processos difusionais que antecedem a formação da dupla camada elétrica e sofrem influência do fluxo contínuo dos íons Cl- na formação de pite. A dupla camada elétrica (CPE) observada no meio salino justifica a formação dos filmes de óxidos ou hidróxidos que aumentam a resistência elétrica. Para NE-OS1 a CPE observada é resultado da sua adsorção, como formação dos óxidos metálicos sobre a superfície. Na Figura 30 (b), o circuito elétrico equivalente correlaciona-se com as amostras mais concentradas de tensoativo, estando á dupla camada elétrica em paralelo com R. Estes dados sugerem que quantidade agregados presentes na solução salina formam filmes mais uniformes, havendo, ainda, a possibilidade da contribuição de monômeros nesta solução. Os parâmetros físico-químicos da interface encontram-se apresentados na Tabela 12. Ciro José Ferreira Rodrigues 77 Tabela 12 - Parâmetros da análise do circuito elétrico equivalente com respectivos erros de ajustes. Concentração Tween 80 NaCl 3,5% --- Erro NE-OS1 [0,50% (m/v)] 0,50 ppm Erro NE-OS2 [0,50% (m/v)] 0,75 ppm Erro NE-OS3 [0,50% (m/v)] 1,00 ppm Erro NE-OS4 [0,50% (m/v)] 1,50 ppm Erro NE-OS5 [0,50% (m/v)] 1,75 ppm Erro Rs R (Ohm.cm-2) (Ohm.cm-2) N 8,25 779,65 0,81 1,57% 3.63% 0,55% 11,16 457,07 0,96 1,94% 2,15% 1,30% 9,22 990,49 0,72 1,33% 1,39% 0,34% 10,13 880,29 0,74 2,07% 5,76% 2,23% 10,13 881,1 0,74 2,06% 5,67% 2,25% 8,95 1933,6 0,86 4,18% 12,8% 2,06% CPE θ EI% 4,68.10-4 55,7º --- 5,15.10-4 47,3º -41,37% 3,61.10-4 53,0º 21,29% 6,97.10-4 56,3º 12,91% 5,85.10-4 56,4º 13,01% 7,50.10-4 68,0º 148,0% (F.cm-2. s (n-1)) Da correlação entre os valores do modelo de circuito equivalente com os dados experimentais, observa-se um valor de erro de correlação acima de 10%, e para as demais correlações os erros foram inferiores a 10%. Foi aplicado ANOVA para os valores de Rs e R, do modelo em relação ao experimental obtidos do diagrama de Bode, Figura 29 (c). Esta análise estatística foi realizada com o objetivo de se observar possíveis diferenças significativas entre os dados. Dos resultados obtidos, para Rs, o valor apresentado de f é 0,05811, menor que p, de valor 0,81438; e para R, o valor de f é 0,00501 e o valor de p é 0,94497. Conclusivamente, os valores de Rs e R obtidos dos modelos de circuito aberto não são significamente diferentes dos dados observados experimentalmente. Desta forma, propõe-se a validação da utilização dos modelos de circuito aberto equivalentes na descrição da interface. Ciro José Ferreira Rodrigues 78 Outro ponto descritivo da interface pelos dados obtidos dos circuitos elétricos equivalentes está vinculado à tendência crescente de R, em função da concentração de Tween 80 (com exceção da amostra NE-OS1) no meio corrosivo com 58,62%. Isso pode ser explicado levando-se em consideração os dois circuitos elétricos da Figura 30 (a) e (b). Pode-se afirmar que os processos difusionais (Ws) anteriores à dupla camada elétrica (CPE) diminuem a resistência à transferência de carga (R). Como exemplo deste fenômeno, pode-se observar o valor de R do meio corrosivo que apresenta resistência de 779,65 Ohm.cm-2, em relação ao valor da amostra NEOS5, de 1933,6 Ohm.cm-2. O processo difusional (Ws) acarreta uma diferença de resistência de aproximadamente 2,5 vezes. Este fenômeno pode ser explicado pelo fluxo de carga e massa na interface, que facilita o deslocamento de espécies oxidantes ultrapassando a CPE e chegando na superfície metálica. O acúmulo de carga na dupla camada elétrica é determinado pela sua capacitância, função da constante de fase e rugosidade da superfície (n), observando-se uma tendência crescente na ordem de 10-4 em função da concentração de Tween 80 nas amostras de NE-OS. A formação do filme de adsorção é observada pela rugosidade da superfície (n) e seu comportamento capacitivo, em que as amostras NaCl 3,5%, NE-OS2, S3, S4 e S5 apresentam valor de n entre 0,7 e 0,9, provocando diferenças de distribuição de cargas elétricas na superfície, por outro lado, a amostra NE-OS1 possui valor de n próximo a 1, caracterizando-a como uma amostra que provoca formação de superfície porosa ou heterogênea (OLIVEIRA, 2006). A variação da constante de fase (θ) é crescente, indicando o quanto a impedância elétrica criada pelo filme muda a fase do sinal aplicado. Analisando os resultados de eficiência da resistência a transferência de carga (R). Observa-se que o sistema NE-OS1 apresentou eficiência negativa de 41,37%, efeito sinérgico com o sal. Seguidamente, ocorreu o aumento da eficiência a resistência a transferência de cargas sem haver uma correspondência direta com a concentração de tensoativo, adquirindo uma máxima de 148,0%. Respectivamente, o sistema NE-OS1 apresenta capacitância de 5,15.10-4 F.cm2.s(n-1), superior ao meio corrosivo (NaCl 3,5%) de 4,68.10-4 F.cm2.s(n-1). Este dado comprova que houve interação dos agregados micelares com a superfície, com Ciro José Ferreira Rodrigues 79 elevados valores de rugosidade (n ≅ 1). Portanto, uma superfície metálica heterogênea de polaridade se forma, gerando uma distribuição maior de diferença de potencial entre o metal e a solução eletrolítica na superfície, catalisada pelos íons cloreto Cl-, justificando o valor negativo de eficiência de inibição. Para o sistema NE-OS5, de maior concentração de Tween 80 (1,75 ppm), a capacitância apresentou valor de 7,50.10-4 F.cm2.s(n-1). Ou seja, as amostras avaliadas apresentaram maior valor de capacitância, promovendo maior acúmulo de cargas elétricas em relação ao meio corrosivo (4,68.10-4 F.cm2.s(n-1)). O aumento da CPE pode ser explicado pela presença de processos difusionais, em função da agitação da solução. Como apresentado nos circuitos elétricos equivalentes, a interação de monômeros sobre a superfície é favorecida contribuindo na resistência à transferência de cargas. 4.4 CURVAS DE POLARIZAÇÃO Para realização do estudo das curvas de polarização em função da variação da concentração do tensoativo Tween 80 no sistema nanoemulsionado NE-OS e suas variações, foi aplicado um sobrepotencial catódico e anódico em torno do potencial de circuito aberto (OCP), variando-se a concentração do referido tensoativo da seguinte forma: 0,50 ppm de Tween 80 para NE-OS1, 0,75 ppm para NE-OS2, 1,00 ppm para NE-OS3, 1,50 ppm para NE-OS4 e 1,75 ppm para S5, na mesma concentração (0,5% m/v) de meio corrosivo. As densidades de correntes (curvas catódicas e anódicas) foram plotadas de acordo com os voltamogramas apresentados na Figura 31, em que se observa que a polarização destas curvas varia em função da concentração do tensoativo. Ciro José Ferreira Rodrigues 80 Figura 31 - Curvas de polarização potenciodinâmica das amostras NE-OS1, S2, S3, S4 e S5, em meio corrosivo. No entanto, os resultados da extrapolação das curvas de Tafel (Tabela 13) mostraram que o deslocamento do potencial de corrosão (Ecorr) para região catódica ocorre em função da diminuição da concentração de tensoativo. A justificativa pode ser dada pelo perfil retilíneo observado para as curvas de densidades de corrente catódicas. Este comportamento sugere que a oxidação metálica deriva de processos difusionais das reações de redução do agente oxidante do meio [O2 (g)] que se encontra solubilizado no meio salino. Portanto, pode-se afirmar que a variação da densidade de corrente de corrosão (icorr) é função da polarização em função da presença de oxigênio na solução. Ciro José Ferreira Rodrigues 81 Tabela 13 - Dados eletroquímicos da extrapolação das curvas de Tafel, para NaCl3,5 % e NE-OS, utilizando aço-carbono AISI-1020. Concentração Tween 80 Ecorr icorr das amostras (ppm) (V vs. Ag/Cl-) (A.cm-2) NaCl 3,5% 0,00 -0,440 5,25.10-5 0,126 1,04.103 0,50 -0,362 1,00.10-4 0,024 9,84.101 0,75 -0,375 8,91.10-5 0,037 1,80.102 1,00 -0,390 5,62.10-5 0,032 2,47.102 1,50 -0,420 5,62.10-5 0,039 3,01.102 1,75 -0,413 5,31.10-5 0,036 2,48.102 NE-OS1 [0,50% (m/v)] NE-OS2 [0,50% (m/v)] NE-OS3 [0,50% (m/v)] NE-OS4 [0,50% (m/v)] NE-O S5 [0,50% m/v)] βa Rp -2 (V vs. Ag/Cl-) (Ohm.cm ) De acordo com os dados apresentados na Tabela 13, o potencial de corrosão Ecorr sofre deslocamento para regiões anódicas e a corrente de inibição icorr diminui com o aumento da concentração do tensoativo, até atingir valores próximos ao valor observado para o meio corrosivo. Portanto, sugere-se que, quando ocorre a polarização da superfície metálica, os agregados micelares ficam sujeitos a regiões distintas de densidade de cargas sobre a superfície metálica, e sua eficiência de inibição fica relacionada a ocorrências provocadas pelas reações de oxi-redução. Como não ocorreu variação considerável entre os perfis das curvas de polarização das amostras avaliadas na presença e ausência do meio corrosivo, sugere-se que o inibidor NE-OS esteja agindo como inibidor misto. O comportamento das curvas de polarização observado neste trabalho pode ser explicado em função do diâmetro de partícula e condutividade elétrica das amostras de NE-OS. No caso, quanto menor o diâmetro dos agregados micelares, menor será o contra-balanço de cargas ao redor das micelas. Em função dos processos de migração e difusão na interface polarizada e solução sob agitação, não ocorre uma Ciro José Ferreira Rodrigues 82 adsorção efetiva com a superfície metálica, apresentando altos valores de densidade de corrente elétrica. O aumento da densidade eletrônica catódica pode ser justificado pela interação com troca de elétrons com os constituintes o inibidor NE-OS, criando um filme insolúvel mais efetivo sobre a superfície metálica, impedindo a reação de dissolução metálica e promovendo o deslocamento para potenciais mais catódicos do potencial de corrosão (Ecorr). Desta forma, sugere-se que, quanto maior o diâmetro de partícula dos agregados micelares, maior será a densidade iônica. Ou seja, os agregados micelares formados pela agitação da solução também promovem o transporte dos íons Na+ e Cl- até a superfície metálica polarizada. Quanto maior a concentração de Tween 80 dos agregados, mais próximo do comportamento do meio corrosivo se aproxima o sistema. O aumento dos valores da resistência à polarização (Rp) em função do aumento da concentração de Tween 80 reforça esta sugestão. De acordo com os valores dos coeficientes anódicos de Tafel βa, observou-se que os agregados interferem de forma global nas reações anódicas. Enquanto o meio corrosivo apresenta valor de βa igual a 126 mV versus Ag/Cl-, as amostras de NE-OS afetaram as reações anódicas, apresentando valor de 24 mV versus Ag/Cl- para βa, correspondente a NE-OS1 (0,5 ppm Tween 80), e decrescendo para 36mV versus Ag/Cl- de βa, apresentado pelo sistema NE-OS5 (1,75 ppm Tween 80). 4.4.1 Estudo das curvas de polarização NE-OS em função da variação das suas concentrações Nestes ensaios foram realizados estudos potenciométricos com objetivo de acompanhar o comportamento das amostras NE-OS nas reações de oxi-redução em função do sobrepotencial aplicado, em meio corrosivo, com diminuição das concentrações dos sistemas NE-OS2 e NE-OS5 [0,50% - 0,10% (m/v)]. As curvas de polarização obtidas encontram-se apresentadas na Figura 32[NE-OS2 0,5% (m/v), NE-OS2c 0,25% (m/v), NE-OS2b 0,17% (m/v), NE-OS2a 0,10% (m/v)]. Ciro José Ferreira Rodrigues 83 Figura 32- Curvas de polarização potenciodinâmica das NE diluídas de S2 em meio corrosivo utilizando aço-carbono AISI 1020. De acordo com os dados da Figura 32, os perfis das curvas de polarização da amostra S2 e suas diluições são similares aos resultados observados para as amostras NE-OS1, S2, S3, S4 e S5, nas mesmas condições de análise, com caracterização principal da densidade de corrente elétrica catódica na vertical. Nestes ensaios houve a diminuição da concentração do tensoativo e fase oleosa ao mesmo tempo. A densidade de corrente catódica para as amostras mostrou valores praticamente próximos, que são maiores do que a densidade de corrente do meio corrosivo. Neste contexto, os valores de potencial ficaram próximos para as amostras NE-OS2, S2c e S2b, diferente do que foi observado para NE-OS2a, que mostrou potencial de corrosão próximo ao meio corrosivo. Na Figura 33, encontramse os voltamogramas do sistema NE-OS5 e suas diluições [NE-OS5 0,5% (m/v), NEOS5c 0,25% (m/v), NE-OS5b 0,17% (m/v) e NE-OS5a 0,10% (m/v)], nas mesmas condições de análise. Ciro José Ferreira Rodrigues 84 Figura 33 - Curvas de polarização potenciodinâmica das NE diluídas de S5 em meio corrosivo utilizando aço-carbono AISI 1020. O comportamento das curvas de polarização das diluições para a amostra NEOS5 encontra-se diferente do que foi observado para as demais amostras NE-OS, que apresentaram relação de densidade de corrente catódica sobrepostos ao observado no meio corrosivo. Este resultado indica que NE-OS5 e suas diluições (NE-OS5a, S5b, S5c) não atuam nas reações catódicas. Intrínseco a este fato, observou-se ainda que os potencias de corrosão também não apresentam respostas em função da concentração do sistema NE-OS5 e suas diluições. Desta forma, o conjunto de dados apresentados na Figura 33 não é conclusivo, tendo sido necessário para uma maior compreensão o uso de dados eletroquímicos, mostrados na Tabela 14. Ciro José Ferreira Rodrigues 85 Tabela 14 - Dados eletroquímicos das curvas potenciodinâmicas para NaCl e NE-OS, utilizando aço-carbono AISI 1020 Concentração das Tween 80 Ecorr amostras (ppm) NaCl 3,5% NE-OS2a [0,10% (m/v)] NE-OS2b [0,17% (m/v)] NE-OS2c [0,25% (m/v)] NE-OS2 [0,50% (m/v)] NE-OS5a [0,10% (m/v)] NE-OS5b [0,17% (m/v)] NE-OS5c [0,25% (m/v)] NE-OS5 [0,50% (m/v)] icorr βa (V vs. Ag/Cl ) (A.cm-2) (V vs. Ag/Cl ) (Ohms.cm ) 0 -0,440 5,25.10-5 0,126 1,04.103 0,15 -0,432 7,08.10-5 0,063 3,86.102 0,26 -0,382 6,31.10-5 0,031 2,13.102 0,38 -0,377 7,08.10-5 0,023 1,41.102 0,75 -0,375 8,91.10-5 0,037 1,80.102 0,35 -0,452 5,62.10-5 0,053 4,09.102 0,61 -0,398 5,37.10-5 0,042 3,40.102 0,88 -0,368 5,62.10-5 0,036 2,78.102 1,75 -0,413 5,31.10-5 0,036 2,94.102 - Rp - -2 De acordo com os dados da Tabela 14, para o sistema NE-OS2 e suas diluições (NE-OS2c, S2b e S2a) todos os potenciais de corrosão Ecorr dos sistemas diluídos apresentaram potenciais catódicos menores que o NaCl 3,5%, com variação para região catódica vinculada ao aumento da concentração do tensoativo. As densidades de correntes catódicas apresentaram valores próximos e maiores que o observado para o meio corrosivo. Pela variação do Ecorr, este fenômeno pode ser explicado com base no diâmetro hidrodinâmico. Apesar de os diâmetros dos sistemas NE-OS2c, S2b, S2a serem maiores em relação ao sistema NE-OS2, as variações dos potenciais anódicos, próximo ao observado para o meio corrosivo, podem estar relacionadas às elevadas concentrações de íons em volta dos agregados, com comportamento de partícula Ciro José Ferreira Rodrigues 86 carregada, que, em função da sua baixa concentração, age efetivamente diminuindo a interação dos sistemas NE-OS avaliados com a superfície metálica. Em relação ao sistema NE-OS5 e suas diluições (NE-OS5c, S5b e S5a), não se observou correlação com a variação do diâmetro dos agregados, nem com a concentração do tensoativo nos sistemas. No caso da amostra NE-OS5c, observase Ecorr com caráter catódico em relação aos demais, e o sistema mais diluído NEOS5a apresenta uma maior cinética de corrosão, com Ecorr mais negativo. Em relação aos coeficientes anódicos de Tafel (βa), todas as amostras de NEOS avaliadas apresentaram interferência nas reações anódicas sem mudança no perfil das curvas. Desta forma, sugere-se que estejam interferindo nas reações sem atuar em seus mecanismos. Com relação aos dados de corrente de corrosão (icorr) o nanossistema NE-OS2 apresentou valores maiores, e o NE-OS5 apresentou valores próximos ao observado para o meio corrosivo. Para a resistência à polarização (Rp), todas as amostras apresentaram valores inferiores ao valor observado para meio corrosivo. Uma provável justificativa consiste no fato de as baixas concentrações utilizadas nos ensaios não terem sido suficientes para interagir efetivamente com as reações de corrosão. Partindo deste pressuposto, trabalhou-se em concentrações mais elevadas para as amostras NE-OS1 e NE-OS2, como SE encontra descrito a seguir. 4.4.2 Estudo das curvas de polarização dos sistemas NE-OS1 e NE-OS2 em concentrações mais elevadas O estudo das curvas de polarização das amostras NE-OS1 e NE-OS2 foi realizado para concentrações superiores à faixa de 0,5 a 1,75 ppm. Este critério de escolha está baseado nos resultados reportados para o inibidor Tween 80 (Tabela 1, página 19), em que máximas de inibições significativas foram observadas (faixa entre 70% e 98%) para concentrações na faixa 46 ppm - 600 ppm em meio ácido. Esta eficiência sofre redução nos meios salino (64,5%, 0,2M NaCl, 250 ppm de Tween 80) e aquoso (50,0%, 150 ppm) apresentando redução drástica de eficiência de inibição a corrosão (GOPI et al, 2000; LI et al, 2009b; MA et al, 2003; OSMAN; SHALABY, 1997; RAMJI et al, 2008; SHALABY; OSMAN, 2001). Ciro José Ferreira Rodrigues 87 As curvas de polarização obtidas para as amostras NE-OS1 e NE-OS2 avaliadas em concentrações que variam entre 10 ppm e 85 ppm encontram-se apresentadas na Figura 34, para NE-OS1(a) e NE-OS2 (b). Figura 34 - Curvas de polarização potenciodinâmica de NE-OS1 (a) e NE-OS2 (b) na solução corrosiva. (a) (b) Ciro José Ferreira Rodrigues 88 De acordo com os resultados observados (Figura 34) o inibidor NE-OS em concentrações mais elevadas provoca despolarizações significativas para as curvas catódicas e anódicas, com deslocamento para região catódica dos potenciais de corrosão Ecorr, em relação ao meio corrosivo (NaCl 3,5%). Os dados eletroquímicos das curvas de polarização das amostras NE-OS1 e NE-OS2 encontram-se apresentados na Tabela 15. Tabela 15 - Dados eletroquímicos das curvas potenciodinâmicas das amostras NaCl, NE-OS1 e NE-OS2, utilizando aço-carbono AISI 1020. % Tween 80 Ecorr icorr - βc Rp βa - - (ppm) (V vs. Ag/Cl ) (A/cm²) NaCl 3,5% --- -0,440 1,32.10-5 - 0,126 1,04.103 ---- 10 20 30 40 50 15 30 45 70 85 -0,536 -0,563 -0,556 -0,582 -0,571 -0,484 -0,475 -0,491 -0,528 -0,555 2,51.10-6 6,59.10-7 1,32.10-6 6,59.10-7 5,86.10-7 5,23.10-7 9,30.10-7 2,78.10-6 2,34.10-6 1,17.10-6 0,056 0,037 0,043 0,049 0,039 0,062 0,131 0,076 0,071 0,055 0,077 0,075 0,073 0,066 0,081 0,066 0,063 0,083 0,076 0,077 5,61.103 1,63.104 8,92.103 1,85.104 1,95.104 2,65.104 1,99.104 6,19.103 6,80.103 1,19.104 98,6% 99,6% 99,2% 99,6% 99,7% 99,7% 99,5% 98,4% 98,6% 99,3% S1 S2 (-V vs. Ag/Cl ) (V vs. Ag/Cl ) (Ohms./cm²) EI% Amostras Comparativamente, todas as análises de eficiência à inibição a corrosão realizadas anteriormente para as amostras NE-OS1 e NE-OS2 avaliadas em concentração significantemente baixas, não foram eficazes. Para Tween 80 nanoemulsionado em concentrações mais elevado (10 - 85 ppm), no meio corrosivo salino (NaCl 3,5%) observam-se eficiências de inibições quantitativas. Neste contexto, ocorreram modificações nos valores dos coeficientes catódico (βc) e anódico (βa) de Tafel. No entanto, observou-se diminuição mais efetiva nas densidades de correntes catódicas, sugerindo-se desta forma que os agregados micelares que se formaram na presença de Tween 80 com maiores percentuais de massa passaram a interferir nas reações de oxi-redução nas regiões catódicas e anódicas. Ciro José Ferreira Rodrigues 89 5 CONCLUSÕES Neste trabalho o estudo do tensoativo polioxietileno (20) monooleato Tween 80 foi vinculado aos avanços científicos em que se utilizou biotecnologia aplicada aos processos corrosivos. Objetivando maior eficiência de inibição à corrosão, o referido tensoativo foi avaliado em diagramas de fases em mistura com água bidestilada e óleo de soja comercial, produzindo o sistema nanoemulsificado NE-OS. • Para caracterização físico-química de NE-OS e suas variações (vinculadas aos percentuais do tensoativo Tween 80) realizaram-se estudos por análise de variância (ANOVA) utilizando-se as seguintes propriedades: tamanho da partícula, índice de polidispersão, pH e condutividade elétrica. A partir destas avaliações foi possível estabelecer a escala nanométrica dos agregados moleculares, bem como avaliar as características da interação da solução de inibidor com o meio. Neste contexto, a variação dos diâmetros hidrodinâmicos e índice de polidispersão foram explicados pela condutividade elétrica e pH. • A partir da obtenção do sistema NE-OS e escolha de cinco pontos de estudos no diagrama de fase de NE-OS, trabalhou-se com as amostras NE-OS1, S2, S3, S4 e S5 (e suas diluições). As amostras selecionadas apresentaram escala nanométrica entre 9,4 a 411,9 nm, em que se incluem as amostras diluídas. • No estudo interfacial do inibidor NE-OS e suas variações, utilizou-se açocarbono AISI-1020 em meio corrosivo salino (NaCl 3,5%) utilizando-se técnicas eletroquímicas. • O comportamento de interação do sistema nanoemulsionado NE-OS e suas variações na superfície metálica foi avaliado com auxílio da ferramenta estatística Análise de Componentes Principais (ACP). No entanto, a interface de adsorção da amostra NE-OS (e suas variações) foi avaliada previamente a partir do conjunto de dados do Potencial de Circuito Aberto (OCP) pelo método quimiométrico. • A vantagem de se utilizar ACP no tratamento estatístico de OCP foi justificada por apresentar as informações em uma nova dimensão de forma prática e dinâmica, facilitando a caracterização do comportamento intermolecular. • A partir da Análise de Componentes Principais (ACP) e dos resultados obtidos, foram aplicadas isotermas de adsorção, ou seja, no estudo da interface de Ciro José Ferreira Rodrigues 90 adsorção foram aplicados modelos matemáticos que procuram descrever o comportamento dos agregados micelares sobre a superfície metálica. • O Potencial de Circuito Aberto foi descrito utilizando dois Componentes Principais, CP1 (93%) e CP2 (6%), apresentando correlações com redução de 1% de informação entre as concentrações de tensoativo do NE-OS e variação de OCP. • Das correlações promovidas pela ACP aplicou-se o estudo de isotermas de adsorção complementando o entendimento da interface, promovendo uma nova abordagem alternativa para compreensão e determinação qualitativa do comportamento de substâncias adsorvidas na interface. • Pelo modelo de Circuito Elétrico Equivalente obtido por simulação dos dados da Espectroscopia de Impedância Eletroquímica (EIE), e pelo método da Extrapolação das Curvas de Polarização de Tafel, obteve-se o comportamento dos inibidores em corrosão forçada pela variação do sobrepotencial. As amostras apresentaram comportamento de capacitor não ideal, apresentando eficiência de resistência à transferência de carga de 148%. • Os inibidores adsorvidos na superfície metálica apresentaram correlação com isoterma de Frumkin de R2 igual 0,98; no entanto, do ponto de vista energético a isoterma de Langmuir com R2 de 0,95 foi utilizada para explicar a formação das duplas camadas elétricas formadas na interface do metal. • Pela análise da extrapolação das curvas de Tafel, a concentração dos inibidores na faixa entre 0,5 a 1,75 ppm não interferiu na cinética das reações de corrosão, apesar de suas presenças diminuírem a densidade de corrente de corrosão. • As curvas de polarização potenciodinâmica das amostras NE-OS1 e NE-OS2 em concentrações mais elevadas (9 - 85 ppm), em meio corrosivo salino, utilizandose aço-carbono AISI 1020, apresentaram excelentes resultados para este inibidor (98,6% - 99,7% de eficiência), corroborando os dados de EIE, em relação à eficiência de transferência de cargas elétricas. • Através dos dados disponibilizados na literatura e dos que foram obtidos na presente pesquisa, fica evidente que a utilização de uma nanoemulsão contendo Tween 80, utilizando-se aço-carbono (em meio salino NaCl 3,5%) eleva quantitativamente seu potencial de inibição à corrosão Ciro José Ferreira Rodrigues (98,6% - 99,7% de 91 eficiências máximas) em baixas concentrações (10 - 50 ppm) para NE-OS1, e 99,3% - 99,7% (15 - 85 ppm) para NE-OS2. • Finalmente, a nanoemulsão NE-OS, além de ser um inibidor eficaz, está vinculada a produtos biocompatíveis, já que todos os componentes presentes na sua composição são biodegradáveis. Desta forma, o presente trabalho contribui com os estudos de sistemas de agregados micelares aplicados como inibidores de corrosão. 6 PERSPECTIVAS A proposta de continuidade do trabalho seria a utilização da técnica de espalhamento de raio-X de baixo ângulo (SAXS) para determinar as formas geométricas dos agregados micelares nas soluções, facilitando a compreensão de interação destes na interface. Outro aspecto a ser considerado seria a utilização do planejamento experimental para apresentar melhores correlações entre as variáveis dos sistemas, e apresentar os prováveis fatores que interferem nas eficiências de inibição. A utilização de mais técnicas quimiométricas nos tratamentos de dados do OCP dos ensaios, determinando melhores descritores e propostas de modelos de comportamento de interação a aplicação de isotermas de adsorção, também é sugerida. Com relação aos estudos para obtenção das Curvas de Polarização Potenciodinâmica para as amostras NE-OS1 e NE-OS2, concentrações de Tween 80 na faixa entre 3 ppm e 7 ppm poderão comprovar as massas mínimas em que este tensoativo age como inibidor eficaz. Estes estudos complementares deverão ser realizados em meio corrosivo salino utilizando-se aço-carbono AISI 1020, com avaliação de dados eletroquímicos das curvas potenciodinâmicas, bem como da resistência à transferência de carga (R) da EIE. Ciro José Ferreira Rodrigues 92 7 REFERÊNCIAS ABDALLAH, M.; EL-ETRE, A.Y. Corrosion inhibition of nickel in sulfuric acid using tween surfactants.Portugaliae Electrochimica Acta, v. 21, p. 315 - 326, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/pea/v21n4/21n4a02.pdf>. Acesso em: 13 nov. 2012. ADITYAWARMANA, D.; VOIGT, A.; VEIT, P.; SUNDMACHER, K. Precipitation of BaSO4 nanoparticles in a non-ionicmicroemulsion: Identification of suitable control parameters. 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