R. Periodontia - Setembro 2008 - Volume 18 - Número 03 PRINCIPAIS MEDIADORES INFLAMATÓRIOS ENVOLVIDOS NA FISIOPATOLOGIA DA PERIODONTITE – PAPEL DE MODULADORES FARMACOLÓGICOS Main inflammatory mediators involved in the physiopathology of periodontitis – role of pharmacological modulators Vilma Lima1, Mirna Marques Bezerra2, Renata Ferreira de Carvalho Leitão3, Gerly Anne de Castro Brito4, Francisco Airton Castro da Rocha5, Ronaldo de Albuquerque Ribeiro6 RESUMO A periodontite é uma doença inflamatória caracterizada por infiltrado leucocitário, perda de tecidos de sustentação, reabsorção do osso alveolar e formação de bolsas periodontais. A gravidade da doença está associada com os mecanismos de resposta do hospedeiro a fatores microbianos uma vez que componentes dessas bactérias são capazes de ativar as células de defesa do hospedeiro determinando a liberação de mediadores que estimulam o dano tecidual. Esses mediadores incluem uma variedade de moléculas tais como citocinas, especialmente IL-1β e TNF-α; prostaglandinas, como PGE2; enzimas hidrolíticas, como as metaloproteinase de matriz (MMP) e o óxido nítrico (NO), um mediador importante que determina eventos de sinalização extra e intracelular, produzindo dentre outros efeitos biológicos, relaxamento da musculatura lisa, com a conseqüente vasodilatação e broncodilatação. Além disso, o NO atua em eventos inflamatórios afetando o metabolismo ósseo. Em conjunto, esses mediadores são responsáveis pela extensão e gravidade da doença. O objetivo dessa revisão foi discutir os principais mediadores inflamatórios envolvidos na patogênese da doença periodontal e o papel de moduladores farmacológicos nesse processo, na perspectiva de contribuir para a compreensão dos fenômenos associados com a lise óssea e a busca de tratamentos que possam alterar o curso evolutivo da doença periodontal. UNITERMOS: periodontite, citocinas, prostaglandinas, metaloproteinases, óxido nítrico. R Periodontia 2008; 18:07-19. Recebimento: 31/10/07 - Correção: 04/03/08 - Aceite: 31/05/08 INTRODUÇÃO Fisiopatologia da Periodontite A periodontite é uma doença inflamatória crônica caracterizada por infiltração de leucócitos, perda de tecido conjuntivo, reabsorção de osso alveolar e formação de bolsa periodontal. Neste processo, o papel da bactéria e a resposta do hospedeiro na periodontite foram reconhecidos há muito tempo. Juntos, estes dois fatores conduzem à liberação de mediadores inflamatórios e, finalmente, perda de osso alveolar (ASSUMA et al., 1998). Os processos inflamatórios e imunológicos se instalam nos tecidos orais para protegê-los contra a presença, invasão e disseminação de microrganismos e seus produtos. Em alguns casos, essas reações de defesa do hospedeiro podem ser prejudiciais por serem, também, passíveis de danificar as células e estruturas vizinhas do tecido conjuntivo. Ademais, as reações imunoinflamatórias, cuja extensão alcança os níveis mais profundos do tecido conjuntivo, indo além da base do sulco gengival, poderão envolver o osso alveolar nesse processo destrutivo. Dessa forma, tais processos “defensivos” podem, paradoxalmente, responder pela maior parte da lesão tecidual obser vada na gengivite e na periodontite (MADIANOS et al., 2005). 7 R. Periodontia - 18(3):7-19 Uma vez instalada a doença, diversos fatores podem, eventualmente, interferir na progressão da inflamação, agravando-a. A extensão e a gravidade da lesão estão relacionadas com o nível de resistência do hospedeiro aos fatores microbianos, pois bactérias e seus produtos são capazes de iniciar respostas locais do hospedeiro. Estas respostas envolvem geração de alguns mediadores inflamatórios como citocinas e prostaglandinas; fatores de crescimento; elaboração de enzimas líticas; além do recrutamento de células inflamatórias e ativação de osteoclastos, as quais formam a base da destruição periodontal (WAHL et al., 1993; ALEXANDER et al., 1996; ASSUMA et al., 1998). Metabolismo ósseo O osso é um tecido que contém células vitais que produzem e respondem a vários estímulos externos e internos. Assim como outros tecidos conjuntivos, depois de formado, é continuamente destruído e renovado por atividade celular, em resposta a diversos fatores sistêmicos e locais e estresse mecânico. Esse processo de remodelagem ocorre através de ações coordenadas dos osteoclastos e dos osteoblastos que agem em porções discretas do tecido. Os fatores que regulam estes efeitos são gerados sistemicamente ou produzidos no local, tais como os metabólitos do ácido araquidônico, os fatores de crescimento e as citocinas (MUNDY, 1991; DIZIAK, 1993). Num estado fisiológico normal existe um acoplamento entre reabsorção e formação relacionadas com a remodelagem óssea. Entretanto, em várias doenças metabólicas que podem acometer os ossos ocorrem anormalidades nesta coordenação. Isso é comumente causado pelo desequilíbrio entre os processos de reabsorção e neoformação óssea (MUNDY, 1991). Como por exemplo, nas osteoporoses há um relativo excesso de destruição óssea, comparada com sua respectiva formação. Nesse caso, o osso é gradativamente perdido durante o avanço da idade ou após o período da menopausa. Em algumas fases da doença, tal alteração pode ser devida a um aumento absoluto na reabsorção e, em outras fases, a um decréscimo absoluto na formação óssea (WACTAWSKI-WENDE et al., 1996). Os mecanismos que afetam o balanço entre reabsorção e formação não são completamente compreendidos. No entanto, há crescente evidência de que uma cascata complexa de eventos relacionando fatores autócrinos e parácrinos do hospedeiro estejam envolvidos na regulação desse metabolismo (MUNDY, 1991). O primeiro evento celular da seqüência de remodelagem óssea consiste na formação e ativação dos osteoclastos. Os osteoblastos, entretanto, exercem um papel regulatório em 8 apoio a essa atividade. O tecido que é removido é, subseqüentemente, reposto pela ação das células osteoblásticas, o que leva à formação de elementos da matriz orgânica e sua eventual mineralização (DIZIAK, 1993). Os eventos relacionados com a formação óssea incluem atração dos precursores de osteoblastos para o sítio do defeito ósseo, a partir de um processo de quimiotaxia, e estimulação da proliferação e maturação destes precursores, os quais são capazes de sintetizar as proteínas ósseas, ou seja, colágeno tipo I, osteocalcina, osteopontina, fosfatase alcalina, proteoglicanos e outros componentes estruturais. Além disso, ocorre também a síntese de fatores regulatórios de crescimento, os quais são estocados dentro da matriz óssea por curto período de tempo, quando então, acontece a mineralização dessa estrutura (MUNDY, 1991). Quanto à destruição óssea, está claro que os osteoclastos podem tornar-se ativados por mudanças na superfície mineral do osso. São formados a partir de precursores hematopoiéticos da medula, os quais interagem com os elementos formados do sangue, como linfócitos, monócitos e granulócitos. Após a maturação dos progenitores, a fase de reabsorção óssea osteoclástica ocorre por um período de dez dias (MUNDY, 1991). Nos últimos anos tem existido um aumento marcante na compreensão sobre o papel das citocinas geradas no ambiente ósseo. Estas citocinas podem ser geradas por células imunes, tais como os linfócitos e monócitos na cavidade medular ou por outras células ósseas, particularmente as células da linhagem osteoblástica. Elas incluem as IL-1α e β, o TNF (TNF-α), a linfotoxina (TNF-β), a IL-6, o Fator de Indução de Diferenciação, também chamado de Fator Inibitório de leucemia, a 1,25 dihidroxivitamina D, o IFN-γ, o TGF-β e, ainda, o antagonista de receptor de IL-1, IL-1ra (MUNDY, 1991). A PGE2 é o principal metabólito do ácido araquidônico e pode ser produzida pela maioria das células. Possui efeito significante sobre o metabolismo ósseo e seu possível papel na reabsorção óssea estimulada por IL-1 tem sido extensivamente estudado com resultados conflitantes (TATAKIS, 1993). Alguns estudos in vitro têm mostrado que a inibição da síntese de PG não tem efeito sobre a atividade de reabsorção óssea mediada por IL-1 (THOMSON et al., 1986). Outros achados in vitro sugerem que, embora as PGs contribuam para o processo de reabsorção através do aumento do efeito da IL-1, esta não requer PGs para seu efeito de reabsorção (TATAKIS, 1993). As PGs estão envolvidas no recrutamento de osteoclastos estimulados por IL-1, podendo afetar as células progenitoras dos mesmos, além de promover sua diferenciação. De modo R. Periodontia - 18(3):7-19 geral, as evidências sugerem que a IL-1 tem efeitos sobre a reabsorção dependentes e independentes de PGs (TATAKIS, 1993). REVISÃO DA LITERATURA Citocinas e periodontite Diversos estudos apontam as citocinas como importantes mediadores associados à patogênese da periodontite. Produtos bacterianos induzem a síntese de citocinas pró-inflamatórias, como interleucina-1 beta (IL-1β), interleucina-6 (IL-6), interleucina-8 (IL-8) e fator de necrose tumoral (TNF) principalmente por macrófagos (GARRINSON et al. 1988, LINDEMANN et al. 1988, AGARWAL et al., 1995). Dentre as várias citocinas, destacam-se o TNF e a IL-1, mediadores que podem potencialmente participar nesse processo. Tais citocinas estimulam a reabsorção óssea diretamente por induzir a proliferação de progenitores de osteoclastos, e indiretamente por estimular a atividade de reabsorção dos osteoclastos maduros (ASSUMA et al., 1998), e por aumentar a síntese de colagenases (McGEE et al., 1998). Tem sido demonstrado que o bloqueio de TNF-α ou de IL-1 contribui sobremaneira para a inibição de aproximadamente 80% do recrutamento de células inflamatórias e redução de 60% da perda óssea que ocorre na periodontite. A magnitude dessa inibição deveria ser inesperada devido ao papel primário atribuído às prostaglandinas nesse processo durante muitos anos (ASSUMA et al., 1998). Contudo, sabese que o papel das citocinas é de suma importância para o desencadeamento e perpetuação das periodontites. Além das citocinas IL-1 e TNF, um papel relevante para IL-6 tem sido sugerido na regulação da reabsorção mediada por citocinas, visto que IL-6 aumenta a reabsorção óssea estimulada por IL-1 e por TNF (MUNDY, 1991). Kurihara et al., (1990) demonstraram que IL-6 é capaz de estimular a formação de osteoclastos a longo prazo em culturas de medula humana, além da diferenciação de precursores osteoclásticos em osteoclastos maduros, não apresentando, porém, efeitos diretos em osteoclastos maduros (DZIAK, 1993). Da mesma forma, IL-1, TNF-α e TNF-β apresentam efeitos similares a IL-6 na estimulação da formação de células osteoclásticas (PFEILSCHIFTER et al., 1989). Isso implica dizer que a IL-6 pode ser um importante alvo na modulação da resposta osteoclástica observada na periodontite. Adicionalmente, atenção especial vem sendo dada a IL10, uma citocina antiinflamatória, também conhecida por suas propriedades imunossupressoras no controle da perda óssea periodontal. A IL-10 pode ser produzida por linfócitos T e B, monócitos e macrófagos ativados e tem sido implicada na supressão da destruição tecidual (GOUTOUDI et al., 2004). Sabe-se que agentes como as metilxantinas, a exemplo da pentoxifilina, apresentam além de suas propriedades inibidoras de citocinas pró-inflamatórias, capacidade de aumentar a síntese de IL-10. Vale salientar, que os níveis dessa citocina podem ser críticos na regulação imune, controlando o balanço entre as respostas inflamatórias inatas e as respostas humorais adquiridas (YAMAZAKI et al., 2001). Dessa forma, as citocinas podem participar da fisiopatologia das periodontites desencadeamento e perpetuação de mediadores imunoinflamatórios. Apesar da extensa literatura a esse respeito, falta ainda uma definição exata do papel da imunoinflamação na periodontite em respostas aos agentes patogênicos, especialmente por que a periodontite é mais facilmente estudada retrospectivamente no homem e, ainda, marcadores clínicos confiáveis, utilizados para detectar a atividade da doença, não são avaliáveis na prática clínica (GRIFFITHS et al., 1988). Nesse sentido, o uso de um modelo animal, no qual determinados parâmetros locais e sistêmicos possam ser estudados prospectivamente são bastante interessantes (KLAUSEN, 1991). Existem várias maneiras de se induzir doença periodontal em ratos, como, por exemplo, introduzindo experimentalmente bactérias específicas ou seus próprios produtos no sulco gengival (BAB et al., 1979; IJUHIN, 1988). Outro modo de se induzir a periodontite nestes animais é através da inserção de fio de sutura, em torno do colo de um dos dentes molares (LIMA et al., 2000; Bezerra et al., 2000). Assim, seja como corpo estranho ou como fator retentivo à microbiota oral, a presença do fio incita uma resposta local que muito se assemelha à periodontite humana (BEZERRA et al., 2000). Nos últimos anos, foram realizados diversos estudos utilizando um modelo animal onde a periodontite pode ser induzida, reproduzida e facilmente mensurável. Assim, utilizando fio de náilon em torno dos molares superiores de ratos Wistar, a perda óssea alveolar é induzida de forma significante com pico entre sete e onze dias (BEZERRA et al., 2000; LIMA et al., 2000). Vale salientar que, sendo o náilon um material que menos contribui para acúmulo microbiano, o fio utilizado especialmente em monofilamento deve atuar, sobretudo, como um corpo estranho estimulando a resposta local. Nesse aspecto, demonstrou-se também o quão interessante tem sido o uso de agentes farmacológicos enquanto moduladores da resposta inflamatória. Diante do fato que a periodontite pode tanto contribuir para alterações sistêmicas importantes, favorecendo o aumento do risco de doença cardiovascular (VETTORE, 2003), 9 R. Periodontia - 18(3):7-19 diabetes (PUCHER & STEWART, 2004) ou nascimento de bebês prematuros (OFFENBACHER, 1996), como também pode sofrer influências de condições sistêmicas, parece interessante verificar o efeito de determinados medicamentos utilizados na prática clínica com objetivos terapêuticos diversos à abordagem periodontal. Prostaglandinas e Periodontite As prostaglandinas (PG) exercem várias funções nas reações inflamatórias, contribuindo principalmente nos fenômenos de aumento de permeabilidade vascular e vasodilatação na microcirculação (MONCADA et al., 1973). A formação das PG está sob o controle das isoenzimas cicloxogenases 1 e 2 (COX-1 e COX-2). COX-1 é expressa constitutivamente no estômago, rins, musculatura lisa vascular e plaquetas, levando à formação de pequenas quantidades de PG necessárias para a homeostase (SMITH et al., 1994). Por outro lado, a expressão de COX-2 pode ser induzida em diferentes células (neutrófilos, monócitos, macrófagos, células endoteliais) por estímulos inflamatórios (IL-1, TNF, LPS) contribuindo para produção de grandes quantidades de PGs nos sítios inflamatórios (VANE & BOTING, 1995). Recentemente, foi descrita uma terceira isoenzima ciclooxigenase (COX-3) que compartilha características catalíticas e estruturais tanto da COX-1 como da COX-2 (CHANDRASEKHARAN et al., 2002). Entretanto, mais estudos ainda são necessários para esclarecer o papel de COX-3, caracterizando o padrão específico da expressão da COX-3 em condições fisiológicas e patológicas. Com base nessas observações foi sugerido que COX-2 é o alvo relevante para os efeitos terapêuticos de fármacos antiinflamatórios não esteroidais (AINES), enquanto a inibição de COX-1 seria responsável pelos efeitos colaterais comuns dos AINES (ulcerações e hemorragia da mucosa gástrica, redução do fluxo sanguíneo renal e alterações na coagulação sanguínea (VANE & BOTING, 1996). Embora a relação entre COX-1/COX-2 e efeitos colaterais e terapêuticos dos AINES pareça elucidada é interessante avaliar esses achados sob a luz de estudos animais que revelaram um papel protetor da COX-2 no estômago, rim, coração, vasos e sistema reprodutor (CORUZZI et al., 2004). De fato, recentemente foi demonstrada a associação entre agentes seletivos para COX-2 (rofecoxib) e distúrbios cardiovasculares graves (DAVIES & JAMALI, 2004). Com base nesses achados, é válido considerar que cada uma das isoformas da COX parece exercer papéis importantes na fisiologia celular, sendo também provável que ambas isoformas participem do processo inflamatório, cada uma sob circunstâncias particulares. 10 As principais alterações inflamatórias obser vadas na periodontite incluindo eritema gengival, edema e reabsorção óssea podem ser, pelo menos em parte, mediadas por ações diretas das prostaglandinas, particularmente aquelas da série E (PGE2) (OFFENBACHER et al., 1993; CHOI et al., 2005). De fato, estudos sugerem que a concentração de PGE2 no fluido gengival pode ser utilizada como um marcador da periodontite (HEASMAN et al., 1998; CHOI et al., 2005). Foi demonstrado que pacientes com periodontite apresentam elevados níveis de PGE2 no fluido gengival (OFFENBACHER et al., 1986). As prostaglandinas possuem efeito significante sobre o metabolismo ósseo e seu potencial papel na reabsorção óssea através da atividade da IL-1 tem sido extensivamente estudado (TATAKIS, 1993, RUWANPURA et al., 2004). Alguns estudos in vitro têm demonstrado que a inibição da síntese de prostaglandinas não possui efeito sobre a atividade de reabsorção óssea mediada por IL-1 (THOMSON et al., 1986). Isto pode ser explicado por outros achados in vitro os quais sugerem que embora as prostaglandinas possam contribuir para o processo de reabsorção através do aumento do efeito da IL-1, ela não é essencial para a reabsorção via esta citocina. De modo geral, as evidências sugerem que a IL-1 tem efeitos sobre a reabsorção dependentes e independentes de prostaglandinas (TATAKIS, 1993). Vários estudos demonstram que a concentração de PGE2 no fluido gengival pode ser utilizada como um marcador clínico e subclínico da periodontite tendo em vista a elevação progressiva desse mediador a partir de gengivas saudáveis até formas mais graves da doença periodontal (OFFENBACHER et al. 1984, 1986,1989, 1993; HEASMAN et al., 1998). Uma das maneiras de se inibir a síntese de prostaglandinas é através da inibição da COX pelos AINES. Esses agentes são usados como adjuvantes na terapia periodontal e alguns autores sugerem que a capacidade dos AINES de reduzir a reabsorção óssea da periodontite se deve à inibição de PGE2. Foi demonstrado que indometacina, um clássico e potente antiinflamatório não esteroidal não-seletivo, reduz a magnitude da periodontite (DIONNE & BERTHOLD, 2001). De forma interessante, demonstrou-se que IL-1 induz a produção de PGE2 em fibroblastos e outras células do tecido conjuntivo, o que levaria à expressão e ativação de genes para metaloproteinases (MMP). Se a produção de PGE2 é inibida não haveria efeitos sobre a expressão dos genes das MMP. Este pode ser um mecanismo pelo qual os AINES retardariam a degradação de osso e colágeno (WANG et al., 2005). Embora a reabsorção óssea seja reduzida pelos AINES, R. Periodontia - 18(3):7-19 sua abolição completa nem sempre é obser vada (OFFENBACHER et al., 1992; PAQUETTE et al., 2000). Essa observação está de acordo com as evidências que implicam outros mediadores (IL-1, TNF-α) na periodontite e que tais mediadores são freqüentemente dependentes da presença de PGE2, o que sugere a atuação conjunta desses mediadores deve ser mais importante que a ação isolada de cada um desses (PAGE, 1991; RUWANPURA et al., 2004). O principal objetivo da terapia periodontal é controlar a lesão inflamatória de tal forma que a destruição progressiva do periodonto possa ser interrompida ou, pelo menos, retardada. O bloqueio da resposta do hospedeiro juntamente com o controle das bactérias periodontopatogênicas representa um conceito emergente no tratamento da periodontite. Tais estratégias terapêuticas têm sido empregadas a partir da observação de que mediadores inflamatórios (IL-1, PGE2) podem desempenhar importante papel na patogênese da periodontite (PAGE, 1991; AIRILA-MANSSON et al., 2006). Metaloproteinases e Periodontite A perda progressiva dos constituintes da matriz levando à perda óssea é uma etapa comum na patogênese de doenças ósseas inflamatórias como a periodontite (PRESHAW et al., 2004). Evidências crescentes sugerem que a ativação de enzimas proteolíticas, incluindo uma família de enzimas metal-dependentes chamadas metaloproteinases de matriz (MMP), é responsável pela destruição do colágeno durante doenças inflamatórias (SORSA et al., 2004). Provavelmente, um descompasso entre a ativação das MMP e a inibição de seus inibidores endógenos promove a destruição patológica dos componentes da matriz extracelular (PAGE, 1991; SORSA et al., 2004). A colagenase e outras MMP estão presentes nos tecidos e fluidos gengivais cronicamente inflamados, observando-se após tratamento periodontal redução significativa da atividade colagenolítica no fluido gengival (MANCINI et al., 1999; SORSA & GOLUB, 2005). As MMP são produzidas por macrófagos, fibroblastos residentes, queratinócitos e a enzima pré-formada está presente nos polimorfonucleares (PMNs) (MANCINI et al., 1999). Essas células desempenham importante papel na destruição tecidual periodontal. Progressos na elucidação da fisiopatologia de doenças inflamatórias crônicas têm levado a um novo conceito envolvendo a inibição das MMP como alternativa terapêutica para o tratamento da periodontite (SORSA et al., 2004; SORSA & GOLUB, 2005). A produção e liberação das MMP são reguladas por citocinas tais como TNF-α e IL-1β (NAITO & YOSHIKAWA, 2005). Estas citocinas liberam MMP por um mecanismo dependente de PGE2. Observou-se que baixos níveis de PGE2 são requeridos para uma liberação ótima de MMP. Entretanto, a liberação de IL1β e TNF-α, assim como a atividade dos genes das MMP são suprimidas por altos níveis de PGE2. A análise deste último mecanismo mostra que altos níveis de PGE2 parecem ter um papel inibitório, controlando a degradação da matriz extracelular que ocorre na periodontite. Essas respostas variadas das células à PGE2 sugerem que esse mediador desempenha ações supressoras e estimulatórias na progressão da periodontite (NAITO & YOSHIKAWA, 2005). As tetraciclinas têm sido largamente usadas como terapia adjuvante nas periodontites (GOLUB et al., 2001; PRESHAW et al., 2004). Embora inicialmente atribuída a suas propriedades antimicrobianas, a eficácia clínica das tetraciclinas modificadas na periodontite parece se dever a sua atividade antiinflamatória intrínseca, uma vez que baixas doses (não antimicrobianas) de doxiciclina, uma tetraciclina semi-sintética reduz a perda de inserção e a atividade excessiva de colagenase no fluido gengival de pacientes com periodontite (THOMAS et al., 2000; CATON et al., 2000; PRESHAW et al., 2004). Desta forma, a inibição da atividade das MMP seria então responsável pelos efeitos protetores das tetraciclinas na periodontite. Ademais, estudos in vivo e in vitro mostraram que as tetraciclinas modificadas disponíveis comercialmente, como a doxiciclina, podem inibir a atividade de colagenases por um mecanismo independente de sua eficácia antimicrobiana (SORSA & GOLUB, 2005). Embora os mecanismos dessa inibição não sejam compreendidos, o bloqueio das MMP pelas tetraciclinas pode ser relacionado à capacidade de ligação dessas drogas a íons metálicos (Ca +2 , Zn +2 ), uma vez que essas enzimas (colagenase e gelatinase) requerem íons Zn+2 no seu sítio ativo e íons Ca +2 para estabilizar a sua conformação molecular. Além de suas propriedades anticolagenase, as tetraciclinas são também potentes inibidores da função osteoclástica e da reabsorção óssea (SORSA & GOLUB, 2005). Óxido Nítrico e Periodontite O óxido nítrico (NO) é um mensageiro molecular com múltiplas funções biológicas produzido por diversos tipos de células. Desempenha papel relevante em várias áreas, como na transmissão de estímulos nervosos, na fisiologia pulmonar, na coagulação sanguínea, na defesa e imunidade, incluindo a modulação de respostas inflamatórias (MONCADA et al., 1991). É formado a partir do aminoácido L-arginina por um grupo de enzimas denominadas NO sintetases (NOS). Três isoformas distintas de NOS foram identificadas: uma isoforma neuronal (NOSn), inicialmente isolada do cérebro (BREDT et al., 1991; SESSA et al., 1992), uma endotelial 11 R. Periodontia - 18(3):7-19 (NOSe), isolada do endotélio (LAMAS et al., 1992) e uma isoforma induzida (NOSi), isolada inicialmente de macrófagos. Ambas NOSe e NOSn são constitutivamente expressas em seus leitos de origem e, por essa razão, são referidas como enzimas NOS constitutivas (NOSc) (EVANS & RALSTON, 1996). A atividade das NOSc é dependente da concentração citosólica de cálcio (Ca2+) que aumenta em decorrência de vários estímulos fisiológicos, liberando NO em pequenas quantidades (concentrações picomolares) (MONCADA et al., 2001). A NOSi é regulada em nível transcripcional em resposta a estímulos inflamatórios, como citocinas pró-inflamatórias, endotoxinas, hipóxia e estresse oxidativo, ao passo que glicocorticóides, citocinas antiinflamatórias, como interleucina-4 (IL-4), interleucina-10 (IL-10) e o fator de transformação de crescimento (TGF-β) suprimem a produção de NO (MONCADA et al., 1991; BOGDAN et al., 1994). A ativação da NOSi, independe da concentração do cálcio intracelular, resulta na liberação de maior quantidade de NO (concentrações nanomolares) por períodos mais longos (NATHAN & XIE, 1994). O NO produzido em altas concentrações atua como uma molécula citotóxica contra fungos, bactérias, protozoários e células tumorais (MONCADA et al., 1991; WONG & BILLIAR, 1995). Por outro lado, essa liberação de NO produz outras conseqüências biológicas, as quais incluem vasodilatação e danos aos tecidos do hospedeiro, resultando em apoptose, lesão tecidual e dor (MONCADA et al., 1991; BOGDAN et al., 1994; SZABÓ, 1996). Os metabólitos ativos de NO, como nitrito, nitrato, nitrosaminas e, principalmente, peroxinitrito, ânion citotóxico formado pela reação do NO com o superóxido são responsáveis por muitos dos efeitos tóxicos de NO, como inibição da respiração mitocondrial e danos a proteínas e DNA. Como resultado, ocorrem alterações genéticas, perda da função protéica, necrose e apoptose (WINK et al., 1998; L AL A & CHAKRABORTY, 2001, BEZERRA et al., 2004). Os efeitos paradoxais do NO têm sido apontados em várias pesquisas que envolvem essa molécula, em tecidos e circunstâncias diversas, participando tanto das funções fisiológicas normais, como da injúria tecidual. No metabolismo ósseo, a produção constitutiva de pequenas quantidades de NO por osteoblastos desempenha um importante papel na regulação do crescimento dessas células, enquanto altas concentrações de NO, produzidas pela NOSi, via ativação de citocinas, estão associadas à redução da formação óssea, observada em algumas condições clínicas, como na osteopenia inflamatória (PFEILSHIFTER et al., 1987). Resultados semelhantes foram obtidos em estudos sobre a atividade osteoclástica. Esses estudos sugerem que uma produção 12 basal de NO por osteoclastos, via NOSc, exerce uma ação supressiva autócrina na atividade de reabsorção óssea dessas células (KASTEM et al., 1994), e que a inibição desses níveis basais pode ter um impacto dramático na perda óssea localizada e na integridade de todo o osso (SUNYER et al., 1996). Por outro lado, grandes quantidades de NO podem atuar como estimulador da reabsorção óssea, uma vez que inibidores da NOS suprimiram a atividade de osteoclastos isolados e inibiram a reabsorção óssea estimulada por IL-1 e TNF (RALSTON et al., 1995). Na cavidade oral, acredita-se que quantidades de NO presente nos tecidos periodontais e saliva façam parte dos mecanismos naturais não específicos de defesa contra bactérias patogênicas, enquanto maiores concentrações de NO contribuam para a destruição tecidual, inclusive periodontal (UÐAR-CANKAL & OZMERIC, 2006). Sabe-se que a doença periodontal possui um caráter imunoinflamatório associado a bactérias gram-negativas, como Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia e Aggregatibacter actinomycetemcomitans (SOCRANSKY & HAFFAJEE, 1992). Demonstrou-se maior produção de NO por macrófagos de ratos, induzida por essas bactérias periodontopatogênicas (BLIX et al., 1998; FROLOV et al., 1998; SHAPIRA et al., 1998). O LPS dessas bactérias estaria induzindo diretamente células residentes ou células imigrantes a expressar NOSi ou desencadeando uma resposta imune com liberação de citocinas com, subseqüentemente, expressão de NOSi (PAGE, 1991; SEYMOUR et al., 1993). Dessa forma, as bactérias da cavidade oral e citocinas inflamatórias induzem maior síntese de NO nos tecidos periodontais. A conseqüência local da alta produção de NO não apenas está envolvida com os mecanismos de defesa do hospedeiro, mas também contribui para o dano tecidual, causando destruição dos tecidos de sustentação do dente (LOHINAI et al., 1998). É provável que componentes da parede de bactérias gram-negativas mortas por NO ou pelo peroxinitrito (ânion citotóxico formado pela reação do NO com o superóxido) exerçam um feedback positivo na produção de NO. Da mesma forma, a produção de citocinas e outros mediadores inflamatórios contribuem para uma amplificação local da resposta imune que é, em parte, responsável pela destruição do periodonto durante a progressão da doença periodontal (LOHINAI et al., 1998). Ainda demonstrouse a expressão e ativação de metaloproteinases (MMP) por NO, o que contribui para a destruição tecidual observada na doença periodontal (BRENNAN et al., 2003). Corroborando com os estudos citados, tem sido detectada maior expressão da NOSi em tecidos com doença periodontal em relação a tecidos sadios na periodontite em R. Periodontia - 18(3):7-19 humanos (LAPPIN et al., 2000; BATISTA et al.,2002; SKALERIC et al., 2006;) ou em modelos com roedores (LOHINAI & SZABÓ, 1998; RODINI et al., 2008), assim como níveis maiores de L-arginina e L-citrulina, precursor e co-produto da síntese de NO, respectivamente (MATEJKA et al., 1998). Uma vez que a L-citrulina está relacionada à formação de NO, quantidades elevadas de L-citrulina indicam aumento dos níveis de NO nos tecidos periodontais. De fato, um estudo recente sugeriu que a excreção de NO na saliva pode ser utilizado como um potencial marcador biológico no diagnóstico e monitoramento da doença periodontal crônica, uma vez que altos níveis de NO foram detectados na saliva de portadores dessa doença (REHER et al., 2007). Os efeitos do excesso de NO na mucosa gengival contribuem para o desenvolvimento dos sintomas mais freqüentes da periodontite em humanos. Nesse caso, o rubor gengival pode ser explicado pelo seu efeito vasodilatador; o inchaço gengival devido ao aumento da permeabilidade vascular. Ademais, o sangramento à sondagem pode ser atribuído ao efeito inibitório do NO na agregação plaquetária. Além disso, a reabsorção óssea pode ser resultado do efeito estimulatório de NO na atividade de osteoclastos (HUKKANEN et al., 1995; LOHINAI et al., 1998), visto o NO ter sido apontado como mediador adicional aos efeitos das citocinas no metabolismo ósseo e o fato das citocinas serem importantes reguladores da síntese de NO em vários tipos celulares (MAcINTYRE et al., 1991; LOWIK et al., 1994; RALSTON et al., 1996; EVANS & RALSTON, 1996). Nesse contexto, vários estudos demonstraram o envolvimento de NO como mediador da reabsorção óssea em condições associadas à ativação de citocinas, como na artrite reumatóide, osteoporose pós-menopausa (EVANS & RALSTON, 1996) e periodontite (LAPPIN et al., 2000; KATO et al., 2001; LOHINAI et al., 2001, LEITÃO et al., 2004, LEITÃO et al., 2005). Todas essas evidências sugerem a participação do NO na resposta inflamatória da periodontite, porém, o modo de ação desse radical livre ainda requer maiores investigações. DISCUSSÃO Mediadores inflamatórios, como citocinas, prostaglandinas e óxido nítrico, participam na fisiopatologia da periodontite, o que torna bastante razoável considerar sua relevância na amplificação e perpetuação do processo à luz de estudos que buscam avaliar a atividade desses mediadores inflamatórios no curso evolutivo da periodontite a partir de modulações farmacológicas relevantes na prática clínica, A clorpromazina, um fármaco clinicamente utilizado como um neuroléptico, tem demonstrado possuir também a capacidade de reduzir diversas citocinas, radicais livres e outros mediadores (KOMODA et al., 1985b). Um outro aspecto interessante desse fármaco consiste no seu potencial em alterar o metabolismo ósseo, seja aumentando a perda óssea (KOMODA et al., 1985b; KOMODA et al., 1988) ou inibindo a reabsorção óssea, de uma maneira concentraçãodependente, sem afetar a sobrevivência dos osteoclastos, nem a das células tipo osteoblastos (HALL et al., 1996). Considerando que muitos pacientes que fazem uso rotineiro dessa classe de medicamento mostram um quadro inconclusivo sobre as alterações no seu metabolismo ósseo, o estudo da clorpromazina na perda óssea periodontal foi bastante pertinente, uma vez que também exibe importantes atividades antiinflamatórias. De fato, quando se utilizou a clorpromazina no modelo de periodontite em ratos, observou-se redução significante da perda óssea alveolar induzida em molares superiores de ratos durante 11 dias (LIMA et al., 2000). Devido à relativa inespecificidade da clorpromazina em inibir diferentes mediadores, foram utilizadas, a seguir, a pentoxifilina, um inibidor de algumas citocinas pró-inflamatórias, como o TNF-α e a IL-1β, e a talidomida, como um inibidor seletivo do RNAm de TNF-α, nesse modelo de reabsorção óssea. A pentoxifilina, um agente hemorreológico importante, reduz o acúmulo de RNAm de TNF-α através da inibição da transcrição de seu gene (DOHERTY et al., 1991; SCHMIDTCHOUDHURY et al., 1996), além de inibir a fosfodiesterase, resultando em elevação dos níveis de AMPc (YANG et al., 1995). Tem sido mostrado que a pentoxifilina é capaz de prevenir a osteoporose induzida experimentalmente e aumentar a produção de AMPc e a recaptação de cálcio em culturas de osteoblastos (ROBIN & AMBRUS, 1984). A talidomida, adicionalmente aos seus efeitos hipnosedativo e imunossupressor, possui outras ações importantes. Inibe seletivamente a produção de TNF-α (SAMPAIO et al., 1991), através do aumento da degradação do RNAm desta citocina, sem afetar a produção de IL-1β, IL-6 ou GM-CSF (SAMPAIO et al., 1991). Assim, semelhante ao obser vado com a clorpromazina, ambas pentoxifilina e talidomida foram capazes de reduzir, de forma significante e dose-dependente, a perda óssea e o processo inflamatório subjacente a periodontite induzida, sugerindo fortemente a participação de citocinas nesse modelo animal (LIMA et al., 2004). Apesar de não haver até o presente momento nenhum estudo clínico prospectivo utilizando tais agentes em pacientes com periodontite, seus efeitos são, no mínimo, consideráveis, visto que estes agentes são utilizados em diversas 13 R. Periodontia - 18(3):7-19 patologias crônicas, como no tratamento de distúrbios psiquiátricos pela clorpromazina, nas alterações vasculares pela pentoxifiina, ou mesmo no tratamento do eritema nodoso da lepra pela talidomida. Dessa maneira, é lícito considerar que esses pacientes poderiam ser beneficiados indiretamente por tais agentes na prevenção da perda óssea periodontal, e não o contrário pensado, não prescindindo, obviamente, do controle local da doença. Com relação às prostaglandinas, demonstrou-se em modelo de periodontite em ratos que a administração de indometacina, um potente inibidor não seletivo das COXs, reduziu de forma dose-dependente a reabsorção óssea alveolar. Na análise histopatológica observou-se ainda redução significante do infiltrado celular e do número de osteoclastos, associada com preservação do processo alveolar e cemento (BEZERRA et al., 2000). Além disso, a indometacina reduziu a neutrofilia e a linfomonocitose observadas nos ratos não tratados (BEZERRA et al., 2000). Neste mesmo estudo, no intuito de investigar o efeito de uma inibição preferencial de COX-2, grupos de animais foram tratados com meloxicam, pertence à primeira geração de Coxibs, sendo considerado moderadamente seletivo para COX-2 (SPEKTOR & FUSTER, 2005). Observou-se que o meloxicam foi tão eficaz quanto indometacina na redução da perda óssea alveolar e dos demais parâmetros inflamatórios. Considerando que tem sido descrito que o meloxicam, quando utilizado em doses até 2,47 mg/kg em ratos, age principalmente via inibição de COX-2 (PAIRET et al., 1998), sugere-se que seus efeitos sobre a reabsorção óssea possivelmente ocorreram via inibição de COX-2 (BEZERRA et al., 2000). Nesse caso, a inibição da COX-2 seria a responsável não apenas pelos seus efeitos no controle da perda óssea, mas também na redução dos efeitos adversos gastrintestinais. Desse modo, quando da análise da mucosa gástrica, verificou-se que os animais tratados com meloxicam não apresentaram alterações macroscópicas significativas, exceto raras petéquias isoladas de mucosa no grupo que recebeu a maior dose (3 mg/kg), enquanto que nos grupos que receberam indometacina (1 ou 2 mg/kg) observaram-se lesões hemorrágicas graves (BEZERRA et al., 2000). Considerando que a produção e liberação das metaloproteinases de matriz (MMP) é regulada por citocinas tais como TNF-α e IL-1β (NAITO & YOSHIKAWA, 2005) e que estas estão implicadas na liberação das MMP por um mecanismo dependente de PGE2, buscou-se então esclarecer a participação dessas enzimas na fisiopatologia da periodontite. A obser vação de que tetraciclinas modificadas, como a doxiciclina, podem inibir a atividade de colagenases por um mecanismo independente de sua eficácia antimicrobiana, 14 tem justificado estudos desse agente na periodontite experimental, especialmente doxiciclina pois parece ser a mais potente anti-colagenase das tetraciclinas disponíveis comercialmente (BURNS et al., 1989). De fato, usando-se um modelo de periodontite em ratos, observou-se que o tratamento com doxiciclina, nas doses de 2,5, 5 ou 10 mg/kg/d durante 7 dias, reduziu, de forma significante, a perda óssea alveolar neste modelo. A redução na perda óssea foi acompanhada por redução no número de osteoclastos e preservação do cemento (BEZERRA et al., 2002). Essa redução pode ser devido a um efeito direto de doxiciclina sobre estas células, promovendo apoptose destas células, como descrito anteriormente (BETTANY et al., 2000). Outros dados da literatura sugerem que nessas doses, a doxiciclina não parece possuir atividade antimicrobiana, uma vez que em um modelo de periodontite infecciosa doxiciclina na dose de 5 mg/ kg/d reduziu a atividade de MMP gengival sem alterar a microbiota da cavidade oral (GOLUB et al., 1994). Clinicamente, administrações de 20 mg doxiciclina durante 6 meses, estão relacionadas com a redução da gravidade de danos aos tecidos periodontais (CROUT et al., 1996; CATON et al., 2001). Nessa dose, doxiciclina produziu níveis sanguíneos máximos de 0,2-0,3 µg/ml. Nesse esquema não se alterou a microbiota oral, nem se obser varam efeitos colaterais comumente observados com os antibióticos, como surgimento de microorganismos resistentes (CROUT et al., 1996), possivelmente pelo fato de que os níveis sanguíneos necessários para eficácia antibiótica de 1-3 µg/ml não foram alcançados com a dose estabelecida. Corroborando ainda esses achados, estudos clínicos sobre periodontite mostram que doxiciclina só apresenta plena eficácia antimicrobiana quando administrada na dose de 100 mg/kg por dia, durante um período não inferior a 13 dias (MANDELL et al., 1986). De fato, o uso de tetraciclinas quimicamente modificada, como a CMT-8, desprovida de atividade antimicrobiana, tem sido capaz de reduzir a perda óssea alveolar em modelo de periodontite por endotoxina (LLAVANERAS et al., 2001). Foi também demonstrado que doxiciclina aplicada localmente, onde se pode observar mínimos efeitos sistêmicos, apresentou efeitos benéficos sobre a osteogênese em cães submetidos à lesão óssea induzida mecanicamente (CHANG & YAMAD, 2000) e reduziu a produção de colagenase por osteoblastos e osteoclastos após cirurgia dental (GREVSTAD & BOE, 1995). Ratificando outros estudos, demonstrou-se que baixas doses de doxiciclina são capazes de reduzir a perda óssea inflamatória e que esse efeito não está relacionado a sua atividade antimicrobiana, evitando, desta forma, o risco do surgimento de resistência bacteriana e minimizando os efeitos colaterais gastrintestinais geralmente associados com R. Periodontia - 18(3):7-19 a administração prolongada de doxiciclina (BEZERRA et al., 2002). Um outro aspecto importante entre os mediadores envolvidos na fisopatogenia da peridodontite tem sido ainda a expressão e ativação de MMPs por óxido nítrico. Tais eventos contribuem para a destruição tecidual adicional observada na doença periodontal (BRENNAN et al., 2003). O NO tem sido apontado como mediador adicional aos efeitos das citocinas no metabolismo ósseo (MAcINTYRE et al., 1991; LOWIK et al., 1994; RALSTON et al., 1995; EVANS & RALSTON, 1996). Vários estudos demonstram o envolvimento de NO como mediador da reabsorção óssea em condições associadas à ativação de citocinas, como na artrite reumatóide, osteoporose pós-menopausa (EVANS & RALSTON, 1996) e periodontite (LAPPIN et al., 2000; KATO et al., 2001; LOHINAI et al., 2001, LEITÃO et al., 2004, LEITÃO et al., 2005). Em corroboração a esses estudos, foi demonstrado que o uso da aminoguanidina, assim como da mercaptoetilguanidina, inibidores seletivos da NOSi, reduziram significantemente a reabsorção óssea em modelo de periodontite em ratos (LOHINAI et al., 1998; LEITÃO et al.,2005). Essas observações em conjunto sugerem fortemente que citocinas, prostaglandinas e NO parecem desempenhar um importante papel na fisiopatologia da periodontite, portanto, passíveis de modulação farmacológica. Entretanto os eventos moleculares que formam as bases desse processo patológico destrutivo ainda carecem de maiores estudos. CONCLUSÃO A periodontite é uma doença relacionada com o nível de resistência do hospedeiro aos fatores locais. Estas respostas envolvem mediadores imunoinflamatórios como citocinas, especialmente IL-1β e TNF-α, prostaglandinas, fatores de crescimento, elaboração de enzimas líticas, recrutamento de células inflamatórias, ativação de osteoclastos e, mais recentemente, o óxido nítrico (NO), com repercussões no metabolismo ósseo e que, em conjunto, formam a base da destruição periodontal (Figura 1). Fármacos que modulem a resposta inflamatória podem, de forma racional, representar uma importante ferramenta no controle da reabsorção óssea alveolar. Figura 1: Desenho esquemático da reabsorção óssea alveolar alveolar.. Endotoxinas (LPS) são liberadas no periodonto e ativam macrófagos e linfócitos a sintetizarem mediadores químicos, como citocinas, prostaglandinas, metaloproteinases e óxido nítrico, dentre outros, os quais vão ativar osteoblastos e osteoclastos, cujo desbalanço resulta em reabsorção óssea. ABSTRACT Periodontitis is an inflammatory disease characterized by leukocyte infiltration, connective tissue loss, alveolar bone resorption and periodontal pocket formation. The disease severity is associated with host resistance to microbial factors since bacteria have the capacity to activate host defense cells, which in turn produce and release mediators that stimulate connective tissue breakdown. These mediators are a wide array of molecules including cytokines, especially IL-1β and TNF-α; prostaglandins, such as PGE2; hydrolytic enzymes, such matrix metalloproteinases (MMP) and nitric oxide (NO), a key mediator which elicits both extra and intracellular signaling events, producing among other effects relaxation of smooth musculature, causing vase and broncodilation as biological action. Furthermore, NO is considered to act during inflammatory process affecting bone metabolism. Together, those mediators determine the extent and duration of degradative activity. The objective of this review was to discuss the main inflammatory mediators involved in periodontitis pathogenesis and the role of pharmacological modulators in severity disease making an effort to understand the mechanism involved in bone destruction highlighting treatments that may change the periodontal disease severity. UNITERMS: periodontitis, cytokines, prostaglandins, metalloproteinases, nitric oxide. 15 R. 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