energia
Capa
Menos é
mais
Reduzir a conta de energia em até 50% é possível,
desejável e mais fácil — e barato — do que parece
[ Por Natalie Catuogno
[email protected]
A
]
conta de energia elétrica é considerada o segundo ou
terceiro principal custo operacional em um supermercado. Pesa bastante, portanto, considerando-se que o
lucro do segmento, depois de deduzidos todos os gastos,
chega a 3% no caso de uma operação muito eficiente.
Embora o segmento não esteja liderando as inovações e os
investimentos em eficiência energética (que nada mais é do
que obter o mesmo resultado gastando menos energia), essa
redução interessa a muitos varejistas e, aos poucos, tem se
tornado uma preocupação cada vez mais comum no setor,
assim como os relatos de medidas que visam economizar
energia. “Mesmo medidas pontuais podem levar a consideráveis níveis de economia na conta de energia elétrica. E, ao
mesmo tempo, ao investir em ações e reformas para economizar uma commoditie como essa, o supermercadista pode
capitalizar em imagem de loja ‘verde’, o que tem importância
crescente também no Brasil”, analisa o professor do Provar
— Programa de Varejo da FIA (Fundação Instituto de Administração) —, Nuno Fouto.
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SuperVarejo março 2013
Não à toa, há hoje 600 prédios na fila para o recebimento de
uma certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design — Liderança em Design Energético e Ambiental, em tradução livre), concedida pelo Green Building Council
(GBC), instituição que fomenta as construções sustentáveis.
Grupo Pão de Açúcar e Walmart estão entre eles.
O LEED é um entre vários selos ou certificações que definem protocolos de economia de recursos, entre eles a energia
elétrica, e está em franco crescimento no Brasil e no mundo.
Mas não é o único. Em 2011, a ISO (International Organization
for Standardization) criou o protocolo 50.001, definindo padronizações de gestão da energia para as empresas alcançarem
níveis de eficiência energética.
thinkstock
março 2013 SuperVarejo
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Capa energia
Divulgação
Relativamente recente, a ISO 50.001 já tem certificadores no
Brasil (como a Fundação Vanzolini) e é mais uma demonstração de como a questão do uso racional dos recursos naturais
vem encorajando debates e algumas medidas mundo afora. “A
gestão de energia para eficiência energética proposta pela ISO
nada mais é do que procurar gastar menos sem colocar em risco
a segurança alimentar, o conforto térmico e a iluminação. A
pergunta é: o que eu faço para ter um nível adequado de iluminação na loja e, ainda assim, gastar menos energia?”, explica
o diretor de desenvolvimento da Otec, empresa especializada
em assessoria para construção civil, David Douek.
Segundo avaliação de especialistas, o supermercadista tem
basicamente dois caminhos distintos, mas complementares,
para melhorar a eficiência energética de sua loja: criar um sistema próprio de gestão de energia (SGE), conforme os protocolos internacionais citados, ou investir em ações pontuais de
redução de gastos, como troca de lâmpadas e de equipamentos
por similares que consumam menos.
A recomendação praticamente unânime foi favorável a que
o empresário invista no primeiro caso. “Toda ação voltada à
INFANGER: loja planejada para garantir
o máximo de iluminação natural
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SuperVarejo março 2013
eficiência energética deveria passar por um estudo de engenharia antes de gerar uma substituição de equipamentos. Isso
porque existem muitas — mas muitas mesmo — oportunidades de tornar mais eficientes os processos dos mais variados
tipos por meio de uma reengenharia propriamente dita tanto
da parte estrutural quanto da processual”, defende o sócio da
Gestal, empresa especializada em gerenciamento de energia
elétrica, Maurício Suppa.
Foi exatamente o que fez a rede São Vicente, com 18 lojas no
interior de São Paulo. Uma empresa de assessoria ambiental
já prestava serviço para a varejista e, desde 2012, a companhia
ficou também responsável por fazer levantamentos minuciosos
sobre a situação energética da rede.
“Queríamos uma radiografia para poder agir preventivamente e evitar gastos desnecessários”, conta o diretor do São
Vicente, Maurício Cavicchiolli.
Fase de análise
Um bom programa de SGE compreende desde a avaliação da
demanda de energia e do tipo de fornecedor (concessionárias
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no chamado “mercado cativo” ou geradores e comercializadores
independentes via “mercado livre”) até mudanças de processos e substituição de equipamentos, passando por reparos e
adequações na infraestrutura operacional energética da loja
quando necessário.
Avaliar quanto pode investir e em quanto tempo esse investimento se paga é o ponto crucial, dizem analistas ouvidos pela
reportagem. Em geral, a conta acaba sendo favorável a medidas
de gestão, porque a fatura da energia elétrica chega a baixar
pela metade com a implantação de um sistema articulado de
eficiência energética.
E mesmo os pequenos conseguem implementar essas
medidas, pois o investimento é proporcional ao porte do
negócio. “Uma empresa menor pode não ter como investir
em um software de controle de consumo energético muito
sofisticado, mas com certeza pode comprar equipamentos
elétricos com medidores instalados ou solicitar um medidor
em tempo real na própria concessionária de energia, por
exemplo”, avalia o associado da consultoria IBM Brasil para
o mercado de energia, Marcos Martim.
Ele se refere a duas tecnologias que estão à disposição no
mercado, sendo a primeira delas relativa a alguns equipamentos (como ar condicionado, por exemplo) que já vêm de fábrica
equipados com sensores que registram em tempo real o consumo energético. “Em alguns anos, poderemos oferecer no Brasil
um tipo de garantia vitalícia que está crescendo lá fora. Com
as informações coletadas por esses medidores, que incluem o
consumo, mas não se limitam a ele, a fabricante poderá avisar o cliente quando tiver de fazer manutenções preventivas,
garantindo eficiência e funcionamento por toda a vida útil do
aparelho”, explica o vice-presidente de eficiência energética da
Ligado nos termos
Eficiência energética: manter os mesmos níveis de
segurança alimentar, conforto térmico e iluminação
consumindo menos energia.
Mercado livre de energia: companhias com demanda
prevista acima de 500 kWatts por mês podem comprar
energia diretamente de comercializadores, sem precisar
se ater à concessionária de energia local.
Mercado cativo de energia: mercado restrito às
concessionárias apenas.
Demanda contratada: previsão de demanda máxima de
energia a ser consumida durante determinado período.
Chega-se a ela avaliando-se quanto cada aparelho
consumiria se todos fossem ligados simultaneamente.
Consumo: o que foi efetivamente consumido em
determinado período.
Baixa tensão (classe convencional): consumidores
residenciais e empresas de pequeno porte (em geral, pelo
porte, essa classe exclui supermercados e mesmo muitas
lojas de varejo alimentar).
Média tensão: consumidores com gasto médio mensal
de energia; em geral, empresas de médio porte.
Alta tensão: grandes consumidores de energia.
Período de ponta: para consumidores a partir da média
tensão, o valor da tarifa varia de acordo com o período do
dia, chegando a custar, nos períodos em que é mais caro
(ponta), até cinco vezes mais do que nos demais períodos.
FOUTO, DO PROVAR/FIA: supermercado pode capitalizar investimentos na
economia em imagem de loja verde, o que tem grande importância no Brasil
Bitola: calibre do fio utilizado para distribuir a energia
dentro das lojas, casas, empresas, prédios etc.
Fontes: especialistas ouvidos pela reportagem
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Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), Manoel Gameiro, especialista
em condicionadores de ar.
A segunda tecnologia é mais simples e acessível ainda: trata-se do medidor que as concessionárias instalam na empresa do
cliente. Há modelos atualmente capazes de medir o consumo
praticamente em tempo real, de cinco em cinco minutos, explica Martim, da IBM. As concessionárias costumam instalar esse
medidor, conhecido como “inteligente”, em clientes de média
tensão sem custo adicional.
A CPFL, que opera no interior de São Paulo, por exemplo,
explica que os clientes comerciais têm medidores eletrônicos
que serão paulatinamente substituídos pelos do tipo “smart”.
Até março, a companhia tinha trocado mil medidores e projetava substituir 27 mil.
Para quem decidir pela gestão de energia, a análise — que
deve ser ampla, regular e periódica — pode começar pela própria conta de energia elétrica, sugere a responsável pela área
de novos negócios da Daimon, Cristiane Mancini. Conhecer e
controlar a fatura serve, basicamente, para:
1) estabelecer parâmetros de quanto se gasta. O ideal — e
isso vale para empresas de qualquer porte — é que esses dados
sejam armazenados em softwares de controle;
2) comparar gastos mensais, anuais, por períodos e, dessa forma, efetivamente compreender e controlar o consumo de energia;
3) verificar, a partir disso, oscilações na fatura, pois “um
Água também é
ponto crítico
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Eficiência na operação também inclui gestão de outros
recursos, não apenas da energia. É o caso, por exemplo,
da água, recurso que, a exemplo da energia, é bastante
utilizado e, em geral, desperdiçado.
Especialistas ouvidos pela SuperVarejo dão dicas para o
supermercadista que deseja utilizar com mais eficiência
esse insumo também:
1) Manter canos e sistemas hídricos em ordem para evitar
vazamentos
2) Substituir torneiras gotejantes
3) Substituir torneiras tradicionais por aquelas com
acionamento automático e limite de fluxo
4) Substituir os chuveiros tradicionais pelos de menor
vazão de água
5) Substituir vasos sanitários pelos modelos à vácuo
(similares aos de avião). “Enquanto uma bacia tradicional
gasta 6 litros de água por descarga, essas variam de 0,8
a 2,4 litros. São mais caras, mas a economia compensa”,
avalia o diretor técnico e educacional do Green Building
Council Brasil, Marcos Casado
6) Implantar sistemas de captação e difusão de água da
chuva para fins não potáveis
CASADO, DO GREEN BUILDING COUNCIL BRASIL: parâmetro de perda de
energia tem que ser bem rígido; teto aceitável deve ficar entre 2 e 4%
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SuperVarejo março 2013
“Algumas varejistas de fora do Brasil começam a
fazer tratamento para reutilização não potável da água
‘cinza’ [dos lavatórios] e ‘negra’ [dos vasos sanitários].
Com o tratamento correto, também é um investimento
interessante”, diz Casado
Fontes: especialistas ouvidos pela reportagem
aumento repentino pode indicar que está havendo fuga de energia, que um aparelho pode estar consumindo mais do que o
necessário, por exemplo”, lembra Mancini;
4) avaliar se a demanda contratada e o tipo de compra de
energia estão de acordo com as necessidades da companhia e
são, portanto, as opções mais eficientes: “Muitos empresários
pagam multas sistemáticas por consumirem mais do que a demanda contratada, mas não reavaliam nunca essa demanda
junto à concessionária”, explica o gerente de Autoprodução da
CPFL Serviços, Geraldo Vajda.
O empresário que contrata, com a concessionária de energia
elétrica, no mínimo o regime de média tensão precisa informar
a demanda projetada, ou seja, o máximo que ele acha que vai
consumir. Essa demanda definirá, por exemplo, até o calibre
dos fios com os quais a concessionária fará a ligação de energia
no imóvel. Quando o cliente consome mais do que avaliou que
consumiria, leva uma multa.
O ideal seria avaliar a demanda periodicamente e informar
mudanças significativas para a concessionária. E o que pode
fazer o serviço contratado aumentar? A introdução de novos
equipamentos, por exemplo, uma vez que a demanda é dimensionada somando-se todo o potencial consumo de todos os aparelhos e equipamentos elétricos de uma loja ou rede. “Esse
acompanhamento, por si só, pode garantir economias, já que
minimiza as chances de multas”, recomenda Vajda.
Demanda projetada e consumo de fato são informações essenciais também para o empresário avaliar se sua opção de
compra de energia é a mais economicamente interessante para sua realidade. Consumidores empresariais cujo consumo
chegue a (ou passe de) 500 kWatts por mês podem começar
a operar — com algumas limitações — no chamado “mercado
livre de energia”.
Isso significa que uma empresa com esse perfil mínimo de
consumo (somadas todas as lojas, não necessariamente por
unidade) não é mais obrigada a comprar energia da concessionária da sua região e pode, portanto, escolher outro fornecedor,
seja ele um gerador de energia ou apenas um comercializador.
Qual a vantagem disso? “O empresário pode negociar tarifa
e preço da energia, condições de pagamento, prazos, indexadores. Assim como em qualquer compra, vai valer mais a pena
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conforme o supermercadista comprar em maior quantidade”,
explica Mancini, da Daimon.
No entanto, alertam os especialistas, não é uma boa saída para qualquer negócio. Primeiro porque o preço fica interessante
mesmo para as empresas com consumo acima de 3 megaWatts
por mês, e segundo porque é só quem tem um consumo dessa monta que tem condições de escala para comprar energia
proporcionalmente mais barata no mercado livre. “Em valores,
para se ter uma ideia mais exata, esses parâmetros mínimos
para atuar no mercado livre significam contas de R$ 90 a
R$ 100 mil mensais. Mas empresas como a rede Comper, por
exemplo, que é nossa cliente, conseguem economizar de 20 a
25% no mercado livre em comparação com o que gastariam
no ‘mercado cativo’”, explica o diretor da Trade Energy, uma
comercializadora de energia, Luis Gameiro.
Uma vez superada a etapa da revisão do modelo de compra
de energia e feitos os ajustes de projeção de demanda (seja com
concessionária no modelo cativo ou com empresas do mercado
livre), especialistas explicam que o próximo passo é avaliar a
infraestrutura de distribuição de energia dentro das lojas, especialmente em prédios mais antigos. Nos novos, é importante
erguer com estrutura já adequada.
Especialistas contratados para essa finalidade costumam avaliar, principalmente, o estado de conservação e a qualidade dos
fios e se eles têm bitola adequada à quantidade de energia exigida.
Um fio desencapado, por exemplo, perde energia. O mesmo acontece quando o calibre é menor do que a carga elétrica
transportada: há aquecimento do fio e isso, na prática, também
é fuga de energia (além de ser muito arriscado). “Nesses casos,
os parâmetros de perda de energia precisam ser bem rígidos.
Aceita-se normalmente uma perda entre 4 e 7%, mas, para o
GBC, por exemplo, o teto aceitável deve ficar entre 2 e 4%”,
pontua Casado, do GBC Brasil.
Para manter a perda de energia na distribuição nesses patamares mais enxutos, é preciso, portanto, investir um pouco
mais na bitola adequada da fiação e em sua manutenção. A boa
notícia é que a fiação tem uma vida útil superior a 10 ou 15 anos,
dependendo da qualidade e da relação bitola x circulação de
tensão. Não é preciso, portanto, revisar esse tipo de instalação
com tanta frequência.
Outro ponto importante a se verificar e melhorar na infraestrutura, avaliam os especialistas, são os circuitos de distribuição. Em linguagem de leigo, a quantidade e os tipos de
aparelhos ligados a um circuito elétrico.
O ideal é que departamentos diferentes tenham circuitos
diferentes, com disjuntores e medidores de gasto energético
diferentes. E mesmo em alguns desses departamentos (como
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SuperVarejo março 2013
Divulgação
Capa energia
GAMEIRO, DA TRADE ENERGY: empresas chegam a economizar 25% no
mercado livre em comparação com o que gastariam no mercado cativo
a loja, por exemplo), o ideal é ter um circuito para iluminação,
outro para refrigeradores, outro para fornos e similares, e ainda
um quarto para ar condicionado. “Quanto mais detalhada e
individualizada a medição, melhor. Só se gerencia aquilo que
se conhece. Não é preciso ter um medidor por geladeira, por
exemplo, mas um por grupo de geladeiras é interessante e possível”, avalia Douek, da Otec.
Há softwares que ajudam nessa medição, compilam os dados e
os lançam nos sistemas de retaguarda da empresa, conta Suppa,
da Gestal. Mas implantar uma solução dessas depende, entre
outras coisas, do faturamento da empresa, do volume de itens e
circuitos a serem medidos, se vale a pena o investimento, pois a
medição em si pode ser feita sem o programa e, posteriormente,
os dados podem ser lançados num software de retaguarda ou de
business analitics que o varejista já tenha, lembra Martim, da IBM.
Uma medição bem feita e realizada em tempo real ajuda
também a identificar equipamentos gastando mais do que
O que fazer para ser mais eficiente?
Supermercado pequeno
Supermercado Médio
Supermercado Grande
1. Acompanhar com atenção a fatura de energia elétrica e pesquisar a origem de possíveis
oscilações no valor cobrado de um mês para
outro ou de um período para outro
1. Todos os itens indicados para os iniciantes
1. Todos os itens dos grupos anteriores
2. Revisar frequentemente a demanda contratada com a concessionária, especialmente
se estiver pagando multas por excedê-la ou
se houver comprado equipamentos elétricos
desde a última análise
2. Avaliar se vale a pena operar pelo mercado
livre de energia
2. Comprar energia diretamente do mercado livre
3. Manter fios e instalações em bom estado
de conservação e garantir que a fiação tenha
bitola compatível com a tensão transportada
3. Analisar a pertinência e a necessidade de
um gerador para atender a demanda nos horários de ponta
3. Implantar um sistema mais sofisticado
de gestão de energia, contando com assessorias em diversas áreas (como iluminação, arquitetura “verde”, frio alimentar e
ar condicionado)
4. Trocar as lâmpadas convencionais pelas fluorescentes ou pelas de LED (que são mais caras, mas consomem apenas 9 watts contra 28
da fluorescente TL5, o modelo mais eficiente)
4. Contratar a assessoria de empresas especializadas para um diagnóstico da situação
energética na companhia
4. Investir em softwares de controle de
consumo
5. Não exceder a capacidade de armazenamento dos refrigeradores e balcões refrigerados
5. Se for o caso, investir em reformas e adequações da infraestrutura de distribuição de
energia (como divisão do sistema de fiação
em vários circuitos separados) e na própria
loja (abertura de claraboias para iluminação
natural, troca de equipamentos, análise arquitetônica para facilitar ventilação natural,
pinturas térmicas etc.)
5. Buscar certificações internacionais de
construção “verde”
6. Procurar expor e estocar produtos com
temperaturas de resfriamento similares em
um mesmo refrigerador
6. Investir em controles melhores e mais
sofisticados — máquinas mais “inteligentes”,
por exemplo, ou medidores próprios de consumo de energia
6. Investir na construção de lojas novas
“verdes”
7. Cobrir com lona, plástico ou acrílico os
expositores refrigerados sem porta durante
a noite. Isso evita perda de frio e, portanto,
economiza energia
8. Manter equipamentos com a manutenção em
dia e treinar funcionários para ações simples,
como apagar as luzes de ambientes vazios
Fontes: especialistas ouvidos pela reportagem
deveriam ou precisam em manutenção. Em geral, máquinas
sem manutenção adequada gastam mais energia e, por isso,
os sistemas de gestão de energia criam protocolos de manutenção para os equipamentos elétricos, outra boa medida em
eficiência energética.
Fase de ação
Os especialistas ouvidos pela SuperVarejo sustentam que é
somente depois de fazer esses levantamentos e instaurar uma
rotina de acompanhamento de consumo e manutenção de equipamentos que o supermercadista deve avaliar a necessidade de
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Fotos: Thiago Pietrobon
intervenções físicas — como reformas, adaptações e trocas de
equipamentos — que de fato venham a garantir a diminuição
do consumo. “Retrofit para ampliar a iluminação natural pode
valer a pena, desde que o supermercadista saiba o impacto
que a conta de energia elétrica em iluminação artificial está
gerando. E, para isso, são importantes todos esses controles e
medidas”, garante Douek, da Otec.
Segundo Casado, do GBC Brasil, por exemplo, cerca de 3% de
abertura no teto de uma loja já é suficiente para garantir níveis
adequados de iluminação natural e uma economia suficiente
para pagar o investimento em apenas um ano.
A segunda loja do supermercado Infanger foi planejada para
garantir o máximo de iluminação natural. O diretor administrativo da rede, Geraldo Francisco Hümmel, conta que foram
instalados 38 claraboias na área de vendas, que tem pouco mais
de 1.600 metros quadrados.
Dotadas de lentes duplas prismáticas, as aberturas filtram o
calor e os raios UV, deixando passar apenas a claridade, o que
contribui também para manter o conforto térmico e não exigir
esforços extras no resfriamento do ambiente.
Para amplificar ainda mais a iluminação e usar o mínimo
possível as lâmpadas artificiais, a empresa contratada para o
projeto fez um estudo minucioso nas luminárias: revestimento
interno altamente reflexivo (mais de 95%) e com curvatura
ajustável de acordo com o pé-direito do ambiente. “Usamos
lâmpadas fluorescentes TL5, versão eco. Só acionamos a iluminação artificial depois das 17h. Com todos esses esforços,
a economia em energia pagou o investimento todo em apenas
18 meses”, comemora Hümmel.
De acordo com Casado, do GBC Brasil, esse tipo de lâmpada
consome apenas 28 watts (contra 40 das fluorescentes tipo
TL10). E a iluminação de uma loja chega a representar até 15%
dos gastos totais com energia elétrica.
No caso do ar condicionado, cujo consumo de energia chega a
30% do total, são muitas as alternativas para economizar e ter uma
relação mais eficiente. A manutenção é a palavra-chave nesse caso.
Os especialistas que falaram à SuperVarejo reforçam que
deixar de fazer a manutenção adequada é um dos principais
erros que o varejista comete em relação à eficiência energética
nesses casos. “Se os dutos de resfriamento estiverem sujos, o
aparelho esquentará. Tudo o que libera calor está, na verdade,
usando energia, nesse caso desnecessária”, alerta Gameiro,
da Abrava. Estima-se que aparelhos de ar sem manutenção
adequada consumam até 30% mais que o ideal.
NO SÃO VICENTE, iluminação natural, manta térmica abaixo do
forro para absorver o calor e sistema de escape de ar quente
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CAVICCHIOLLI, DO SÃO VICENTE: “radiografia”
serviu para prevenir e evitar gastos desnecessários
Há, no entanto, quem opte por abolir totalmente o ar condicionado e promover o conforto ambiental com ventilação
natural. Caso do Supermercado São Vicente, por exemplo.
Conforme conta Cavicchiolli, entre outras medidas, a rede
instalou uma manta térmica que absorve o calor abaixo do
forro. Também implementou um sistema de escape de ar
quente e tem paredes alveolares, que promovem bom isolamento térmico. “O pé-direito alto das lojas também ajuda
a ventilar”, diz ele.
No Infanger, também não há condicionamento artificial
de ar. A temperatura ideal é conquistada por um sistema de
ventilação natural e pelo uso dos balcões refrigerados, que,
posicionados de forma estratégica em pontos menos ventilados,
garantem o frescor ideal naquele corredor.
Respondendo por 35% do consumo energético, os refrigeradores são outro grupo de equipamentos em que a manutenção
faz toda a diferença, além, claro, do acompanhamento minucioso do gasto que dão.
Cavicchiolli monitora bem de perto esses equipamentos, por
exemplo, e conta que muitos deles saem atualmente de fábrica dotados de modernos sistemas de acompanhamento do uso energético. São um pouco mais caros, é fato, mas, por outro lado, permitem acompanhamento em tempo real das oscilações de consumo.
E mais: os softwares instalados também permitem um controle preventivo, ou seja, impedem consumo excessivo em horários de ponta, em que o custo da energia fica cerca de cinco
vezes mais caro.
Atentar para o uso correto desses equipamentos é outra dica
que advém de uma boa política de gestão energética. Por exem-
plo: se as pessoas sentem muito frio nos corredores refrigerados
é porque claramente as geladeiras estão supergeladas, não seria
necessário baixar tanto a temperatura.
Outra? Produtos com temperaturas de resfriamento diferentes devem ficar em refrigeradores diferentes, para evitar que
um refrigerador, por causa de alguns produtos apenas, opere
mais frio do que poderia.
Não exceder a capacidade máxima de produtos por aparelho
e separar as zonas mais e menos frias do depósito refrigerado
com portas sanfonadas também otimiza o trabalho dos refrigeradores, diminuindo consumo.
Manter um gerador em horários de ponta ainda é recomendado pelos especialistas. Mas só nos casos em que, fazendo
as contas, arcar com os custos do gerador e do combustível
for mais barato do que pagar a tarifa nos horários mais caros.
Hümmel, do Infanger, opta por essa solução, pois, com seu
gerador ligado, o custo do kilowatt produzido é metade da tarifa
que ele pagaria para a concessionária.
FONTES DESTA MATÉRIA
Abrava: (11) 3221-5366
AES Eletropaulo: www.aeseletropaulo.com.br
CPFL: www.cpfl.com.br
Daimon: (11) 3266-2929
FIA: (11) 3732-3500
GBC Brasil: (11) 4191-7805
Gestal: (11) 5084-8200
IBM Brasil: (11) 2132-3122
Infanger Supermercados: (19) 3826-7940
Otec: (11) 3846-0160
São Vicente Supermercados: (19) 3469-9350
Trade Energy: (41) 3091-8800
março 2013 SuperVarejo
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