Transmissão de Sinais Prof. Marcelo Sant’Anna Sala A-310 (LaCAM) e-mail: [email protected] Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 1 Transmissão de Sinais Quero transmitir o sinal do ponto A ao ponto B e preservar a informação no sinal Desejo este comportamento ideal para sinal de qualquer freqüência. Isto é possível ??? Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 2 Cabos coaxiais Cabo condutor interno (D) e malha condutora externa (B) separados por camada de dielétrico (C) A malha externa, além de sergir com terra, blinda o sinal de campos EM externos Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 3 Cabos coaxiais Dada sua configuração geométrica os cabos coaxiais necessariamente tem capacitância e auto-indutância. Para cabos suficientemente longos L b ln 2 a [H/m] 2 b ln a [F/m] C onde a e b são os raios do cilindros interno e externo, respectivamente, e são a permeabilidade magnética e permissividade elétrica, respectivamente. Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 4 Cabos coaxiais Os sinais são transmitidos pelo cabo coaxial como uma onda. Ele é um guia de ondas. os sinais são transmitidos no modo TEM É interessante também representar um cabo coaxial como um elemento de circuito e considerar a tensão e a corrente no cabo em vez dos campos elétricos e magnéticos. Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 5 Cabos coaxiais: modelagem em V e I Circuito equivalente de uma unidade de linha de transmissão L, C, R, e G quantidades/unidade de comprimento R é a resistência do cabo real / unidade de comprimento G é a condutância do dietétrico / unidade de comprimento L e C já discutidos Considere uma pequena unidade de comprimento infinitesimal do cabo, Z. Vamos então calcular as diferenças V e I através desta pequena distância Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 6 Cabos coaxiais: modelagem em V e I I ( z, t ) V ( z, t ) Rz I ( z, t ) Lz t V ( z, t ) V ( z, t ) I ( z, t ) Cz 1 t Gz No limite z → 0 V I RI L z t I V GV C z t 2V 2V V LC ( LG RC ) RGV 2 2 z t t 2I 2 z Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 2I 2 t I t 7 Cabos coaxiais: o cabo ideal sem perdas 2V 2V LC 2 2 z t R=0 e G=0 Suponha que um sinal senoidal no tempo (ou seja, uma componente Fourier) V=V(z) exp(it) é aplicado no cabo temos: d 2V 2 2 LCV k V 2 dz onde k2 = 2LC. A solução espacial é então da forma A solução espacial tem, portanto, a forma V ( z) V1eikz V2eikz Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 8 Cabos coaxiais: o cabo ideal sem perdas A solução geral tem a forma: V ( z) V1ei (t kz) V2ei (t kz) Superposição de ondas propagantes para a direita e para a esquerda (ondas refletidas !) Velocidade de propagação 1 v LC 1 2 lnb / a 2 lnb / a Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 1 c 9 Cabos coaxiais: o cabo ideal sem perdas Impedância característica (Z0): V I L z t V L Z0 I C I V C z t V ( z) V1ei (t kz) V2ei (t kz) Z0 é independente do comprimento do cabo ! L 1 2 Z0 lnb / a 2 lnb / a 2 C lnb / a Valores de b/a razoáveis → Z0 ~ 50-200 W Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 10 Algumas observações: A velocidade de propagação do sinal é freqüentemente expressa em termos de seu inverso, o tempo de propagação por unidade de comprimento T= v-1 = (LC)1/2. Esta quantidade é conhecida como o atraso (delay) do cabo e é tipicamente da ordem de 5 ns/m para um cabo padrão de 50 W. Então, num cabo de comprimento l , o tempo de trânsito de pulso, ou seja, o tempo que o pulso leva para propagar de um extremo a outro do cabo é Ttr = l T . Um pulso será considerado rápido se o seu rise time for menor do que Ttr e será lento de o rise time for maior do que Ttr. Mas por quê 50 W ? A impedância ótima (teórica) para atenuação é 77 W, enquanto que a melhor impedância para lidar com o máximo de potência é 30 W. A média é 53,5 W ~ 50 W. Cabos de 75 W também são muito utilizados porque são próximos a impedância para minimizar a atenuação. Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 11 Reflexões … V = f(x-vt)+ g(x+vt) → interferência, distorção, ecos Reflexões ocorrem sempre que uma onda propagante encontra um novo meio no qual a velocidade é diferente. Em meios óticos → mudança do índice de refração. Em linhas de transmissão → mudança abrupta na impedância característica de uma linha Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 12 Reflexões “Terminando” um cabo Cabo de impedância característica Z terminado por uma resistência R (a impedância de entrada de algum aparelho eletrônico, por exemplo ) Conforme o sinal atravessa o cabo, a razão V/I deve ser sempre igual a Z por definição. Quando chega à interface, reflexões são formadas de modo a ajustar V/I para a nova impedância característica. Vo Z Io Vr Z Ir Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 13 Reflexões na interface (z = 0) Em geral V ( z, t ) Voe i wt kz Vr e i wt kz V (0, t ) R i(0, t ) Vo e i wt Vr e i wt Vo Vr R Vo e i wt Vr e i wt Z R Vo Vr Vt RI t Z Onde V(t) e I(t) são a tensão e a corrente transmitidos. V I RZ r r A partir destas equações encontramos Vo Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ Io RZ T Vt 2R Vo R Z 14 Casamento de impedâncias Vr I RZ r Vo Io R Z → Casador de impedâncias (usualmente 50 W) Terminação em paralelo Terminação em paralelo Terminação em série R R entrada saida Terminação em série R R Exemplo: um sinal é enviado de um cabo coaxial de impedância Z1 para outro cabo de impedância Z2. Que tipo de terminação deve ser usado de modo a evitar reflexões? Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 15 Terminação em paralelo com a carga (shunt termination) Se Z1 < Z2 Aqui a impedância que o cabo 1 vê deve ser reduzida. Isto implica que devemos adicionar uma resistência R em paralelo ao cabo A combinação deve ser igual à Z1 Z1 = RZ2/(R+Z2) R = (Z1 Z2)/(Z2- Z1) Z2 Z1 R Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 16 Terminação em série com a carga Se Z1 > Z2 A impedância vista pelo cabo 1 deve aumentar. Então somamos uma resistência R em série. Então Z2 + R = Z1 R = Z1 – Z 2 Z2 Z1 R Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 17 Perdas em cabos coaxiais Perdas de sinal são devidas à resistência (R) no fio condutor e perda através do dielétrico (G). Um terceiro fator, embora desprezível, é devido a perda por radiação eletromagnética. A blindagem dos cabos coaxiais minimiza bastante este efeito O efeito de R e G sobre a propagação do sinal pode ser visto retornando à zV LC tV (LG RC) Vt RGV e aplicando o sinal senoidal V=V(z) exp(it) ao cabo, o que leva a 2 2 2 2 2 d V ( R iL)(G iC )V 2V 2 dz Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 18 Perdas em cabos coaxiais Em d 2V ( R iL)(G iC )V 2V 2 dz o número complexo, , i (R iL)(G iC) é conhecido como a constante de propagação. A solução geral é então V ( z, t ) V1e z e i (t z ) z V2e e i (t z ) é geralmente pequeno, de modo que a perda começa a ser um problema para cabos com algumas dezenas de metros. Há dependência de e da velocidade de fase v = d/d com com a freqüência . Isto implica uma atenuação diferente nas componentes de freqüência que leva à dispersão do pacote de pulsos. há ainda uma dependência implícita devido ao fato que R e G também dependem de Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 19 Perdas em cabos coaxiais Para sinais com f = (/2) 100 kHz, a velocidade é aproximadamente independente da freqüência (veja exercicio 7 da primeira lista), que por sorte é a região de interesse para pulsos rápidos (Fig. 7). Por outro lado, na região de altas freqüências, R começa a variar com através do skin effect. De fato, com o aumento de , a corrente começa a se localizar cada vez mais numa camada próxima à superfície do condutor. A área efetiva do condutor é então reduzida, aumentando a resistência. Para um cabo coaxial, resulta em uma resistência por unidade de comprimento que varia aproximadamente com a raiz quadrada da freqüência e inversamente com os raios internos e externos R( ) 1 2 1 1 ( ) 2 a b W/comprimento onde é a condutividade, a permeabilidade, a e b os raios interno e externo do cabo. Laboratório de Física Corpuscular - aula expositiva 9 - 2008.1 - IF - UFRJ 20