transporte.qxp 2/2/2007 9:49 AM Page 64 Divulgação Klabin TRANSPORTE Klabin adota software de otimização de carga que permitiu, entre outros benefícios, aumentar significativamente o volume de embalagens transportadas por veículo e diminuir o índice de frete morto. A ferramenta, que trouxe ganhos a toda cadeia logística das nove fábricas de embalagens de papelão ondulado, será implementada também nas duas unidades fabris de sacos industriais L íder brasileira no setor de embalagens de papelão ondulado (PO), com nove unidades de conversão instaladas em oito estados, até 2004 a Klabin enfrentava o desafio de distribuir com eficiência cerca de 40 mil toneladas de embalagens ao mês. As características do produto dão a dimensão desse desafio: cargas de baixa densidade, consolidadas em mais de três dezenas de paletes, muitos dos quais de grandes proporções. Combinadas ao modelo de distribuição da companhia – entregas conjugadas dos pedidos para clientes instalados em diferentes localidades –, as duas va64 - Revista Tecnologística - Dezembro/2006 riáveis acentuavam a complexidade do processo de embarque das mercadorias, executado de forma descentralizada, a partir das fábricas. Segundo Sergio Joveleviths, gerente de TI da unidade de negócios de embalagens da Klabin, em função desse perfil, a carga acabava demandando um esforço logístico considerável, tanto do ponto de vista gerencial quanto operacional. “As caixas são relativamente leves, mas ocupam muito espaço”, observa Joveleviths, acrescentando que a dificuldade na otimização exigia um maior número de veículos para transportar os pedidos, o que, conseqüentemente, aumentava o custo da operação. “Não havia como maximizar a ocupação da carroceria. Muitas vezes, ela já estava lotada e parte dos paletes de um pedido ficava fora. Então, uma mesma entrega, de um mesmo pedido, podia ser dividida em mais de um caminhão, o que causava certo desconforto ao nosso cliente.” Mas não era só isso. De modo geral, a questão atingia toda a distribuição, desencadeando uma série de problemas ao longo do processo. “Sem uma solução específica para o despacho, também não dispúnhamos de indica- transporte.qxp 2/2/2007 9:49 AM Page 65 Carga planejada dores de desempenho que nos permitissem gerenciar com eficácia nossos parceiros de transporte, nem rastrear o processo de embarque e a entrega dos produtos, por exemplo”, aponta o gerente, informando que, até então, o único sistema que apoiava a distribuição era o software roteirizador da norte-americana i2 Technologies. “Não estávamos satisfeitos, porque, apesar de poderoso e reconhecido internacionalmente, o sistema não se adaptava às características da nossa operação. Daí a decisão de buscar uma solução mais aderente ao nosso modelo.” A oportunidade para a criação de uma ferramenta de otimização da distribuição, conta Joveleviths, surgiu a partir de uma parceria com a Neolog, que em 2002 começava a despontar como provedora de sistemas voltados à logística e à cadeia de suprimentos. Em princípio, a empresa criaria módulos para o i2, resolvendo os problemas de programação e arranjo tridimensional da carga no caminhão, seu rastreamento e retirada dos indicadores de performance dos transportadores. “No entanto, a Klabin propôs o desenvolvimento de uma ferramenta nova. E foi o que fizemos, em parceria com a equipe de TI da companhia, ao longo de um ano”, conta Danilo Campos, diretor da Neolog, acrescentando que o processo de implantação do novo sistema, batizado Cockpit Logístico, teve início em dezembro de 2004. Na medida exata Sergio Joveleviths conta que a ferramenta foi sendo construída a partir das demandas logísticas da Klabin nas áreas de gestão, operação e sistemas, contempladas em três grandes módulos, que vêm sendo implementados progressivamente. O software executa planos de carga que maximizam o aproveitamento da frota, beneficiando a distribuição como um todo. “Na verdade, ele oferece oportunidades de ganhos em todas as etapas do processo”, acentua o gerente. O primeiro módulo adotado foi o de otimização de cargas, voltado para as operações de embarque. Baseado em modelagem matemática, utiliza quatro grandes variáveis para conjugar as cargas de diferentes clientes num mesmo veículo e, simultaneamente, definir o roteiro: características dos veículos utilizados; geografia (trajeto que o caminhão percorrerá); geometria dos volumes em três dimensões (altura, comprimento e largura); e restrições do cliente. O módulo é utilizado pelos programadores de embarque das nove fábricas de embalagem PO – Goiana (PE), Feira de Santana (BA), Betim (MG), Del Castilho (RJ), Itajaí (SC), São Leopoldo (RS), Jundiaí (duas plantas) e Piracicaba (SP) –, responsáveis pelo despacho das mercadorias. O processo é desencadeado por uma carteira de pedidos, informada, via sistema, pela área de produção ou comercial. Uma vez fechado o pedido, o software indica, com base nas quatro variáveis, o melhor arranjo da carga na carroceria. “Portanto, já nos informa qual é o modelo de caminhão – truck, carreta ou sider, por exemplo – mais adequado para aquela carga e quantos veículos serão necessários para fazer a entrega daquela carteira”, explica Joveleviths, ressaltando que o padrão de utilização dos lotes continua exatamente como antes da adoção da ferramenta. “A diferença, agora, é que sabemos que tipo de caminhão deve ser usado para entregar determinado palete.” Nas docas, os operadores trabalham com o plano de carregamento definido pelo módulo. Assim, a entrada da carga na carroceria obedece à ordem de entrega, ou seja, a mercadoria do primeiro cliente será a última a entrar Dezembro/2006 - Revista Tecnologística - 65 transporte.qxp 2/2/2007 9:49 AM Page 66 no veículo. O gerente acentua que, neste plano, são consideradas as restrições de localidade, transporte, tempo e de recebimento do cliente. “Esta última é importantíssima. O sistema sabe, por exemplo, que um cliente daquela carteira só pode receber a mercadoria entre 6 e 10 horas da manhã ou apenas cargas até determinada altura. Portanto, ao indicar o plano, o módulo de otimização traz, invariavelmente, o melhor aproveitamento ao menor custo, sem afetar o nível de serviço.” O Cockpit Logístico está interligado aos sistemas de gestão (SAP R/3) e comercial (um software proprietário desenvolvido pela área de TI) da Klabin. Por isso, tem acesso a informações como cadastro de clientes e de 66 - Revista Tecnologística - Dezembro/2006 Divulgação Neolog TRANSPORTE Danilo Campos: maior flexibilidade e autonomia para o programador fornecedores e programação de produção, desencadeada mediante pedido (make to order). No caso do módulo de otimização de cargas, a visibilidade daquilo que será produzido e posteriormente entregue é de até uma semana, mas o plano é efetivamente montado 24 horas antes do despacho. Dada a ordem de despacho do pedido, tem início a programação de embarque. Nesta etapa, o programador da Klabin utiliza o módulo de otimização para acomodar a carga dentro da carroceria. Todas as funcionalidades do software são gráficas. “Assim, a pessoa que está trabalhando na expedição enxerga a carga dentro do caminhão, na tela do computador, onde um desenho em 3D, com diferentes cores, identifica a composição e indica como deve ser feita a colocação dentro da carroceria”, explica Campos, da Neolog. Depois que a carga é conjugada virtualmente, o programador faz a oferta do frete aos transportadores. “O procedimento é automático, pois o sistema passa e-mails informando o tipo de veículo e o horário do embarque planejado. Se o primeiro transportador contatado não tiver disponibilidade, buscamos outro fornecedor”, detalha o gerente da Klabin. Só após a definição da empresa transportadora o plano é enviado, via sistema, para os operadores das docas que consolidam os pedidos nos caminhões. “Se o programador quiser, pode também imprimir e enviar o desenho junto com a ordem da operação”, completa Campos. Desta forma, acentua Joveleviths, a Klabin eliminou as filas de caminhões que aguardavam nas portas das fábricas para carregar. “Agora, o transportador chega no horário programado, quando o pessoal da expedição já recebeu o plano de carga e sabe exatamente como executá-lo.” transporte.qxp 2/2/2007 9:50 AM Page 67 TRANSPORTE A roteirização com arranjo em 3D permite a otimização simultânea das rotas e a configuração das cargas Flexibilidade e ganhos Como a operação de despacho é descentralizada, o principal usuário do módulo de otimização é o programador de cargas. “Ele monta as cargas de acordo com a produção da sua unidade e com o perfil dos clientes da sua área de abrangência. Portanto, é o programador quem lida com o sistema”, diz o gerente de TI, ponderando que apenas a contratação e gestão das transportadoras são centralizadas na área de logística da Klabin. Extremamente amigável, o módulo foi rapidamente assimilado pela equipe. “As telas são de fácil compreensão e manuseio”, diz Joveleviths, ressaltando a flexibilidade da solução como outro fator importante para a adesão da equipe. Ele explica que o programador pode, quando a situação se justificar, alterar o plano traçado originalmente pelo sistema, que sempre vai indicar a melhor solução do ponto de vista logístico. “No entanto, um cliente daquela carteira de pedidos pode estar vivendo alguma emergência e pre- cisa com maior rapidez da embalagem. O nosso programador, com acesso a esta informação, tem autonomia para alterar o plano e atender a esta nova demanda.” As mudanças são feitas no próprio sistema e tantas vezes quantas o programador desejar. “Na tela, ele vai ‘arrastando’ os lotes, rearranjando parcial ou totalmente a configuração desenhada, podendo, inclusive, isolar e despachar um único pedido da carteira”, explica o gerente. A cada mudança, as diferenças de custo são indi- A Klabin e o negócio de embalagens de papelão ondulado A s nove unidades de conversão de embalagens de papelão ondulado da Klabin produzem, anualmente, 540 mil toneladas. O papel utilizado nas caixas é produzido pela própria companhia, o que garante continuidade de fornecimento, qualidade e controle de todo o processo produtivo, que obedece a rigorosas normas nacionais e internacionais. Ecologicamente corretas, as embalagens são 100% recicláveis e provenientes de florestas plantadas, ou seja, fontes renováveis de matéria-prima – a empresa cultiva florestas junto às suas unidades industriais em Santa Catarina, Paraná e São Paulo, incluindo 191 mil hectares de florestas plantadas e 130 mil hectares de matas nativas preservadas. Praticamente 100% das florestas da Klabin são certificadas pelo Forest Stewardship Council (FSC), a mais exigente certificadora mundial. A empresa é a maior recicladora de papéis da América do Sul. Os papéis da Klabin são exportados para mais de 50 países. Além das embalagens PO, lidera também a produção de papéis e cartões para embalagens e sacos industriais (155 mil toneladas em 2005). Fundada há 107 anos, possui 17 unidades industriais no Brasil e uma na Argentina, gerando 12.973 empregos diretos e indiretos. 67 - Revista Tecnologística - Dezembro/2006 transporte.qxp 2/2/2007 9:50 AM Page 68 cadas pelo sistema, para que o programador possa avaliar os impactos que ela trará à operação. Joveleviths informa, ainda, que o procedimento fica registrado no sistema, para monitoramento da área de logística da companhia. Certamente, qualquer alteração tornará o embarque mais caro, uma vez que a solução apresentada pelo sistema deve ser sempre a melhor. “Mas a decisão de mudar é do programador, porque ele conhece as necessidades do cliente. Isso agradou muito a equipe e, ao mesmo tempo, preservou o nível do serviço.” Além da melhoria no relacionamento com os clientes, o módulo trouxe benefícios significativos a toda cadeia de distribuição. “Conseguimos maior visibilidade das janelas de em- Desde a adoção do sistema, a área de PO transporta, em média, 20% mais cargas com a mesma frota, e ainda é possível melhorar barque, não apenas para o nosso público interno, mas também para os transportadores, e temos, hoje, sistemas de alerta para cargas que ainda não foram embarcadas e estão atrasadas”, aponta o gerente de TI. Porém, o melhor indicador dos ganhos obtidos com a otimização, segundo Joveleviths, é o aumento na quantidade de mercadoria transportada por veículo. Desde o primeiro semestre deste ano, a área de embalagens PO transporta, em média, 20% mais cargas com a mesma frota. “Embora estejamos bem próximos do ponto de estabilidade, imaginamos que ainda seja possível crescer mais neste indicador”, avalia. Houve também uma redução na estrutura de pessoal dedicado às programações de carga. “Hoje, gastamos menos tempo para racionalizar a carga e, com isso, alguns profissionais foram deslocados para outras áreas, dedicando-se mais às atividades de gestão.” Outro benefício destacado pelo gerente diz respeito à diminuição do fre- Dezembro/2006 - Revista Tecnologística - 68 transporte.qxp 2/2/2007 9:50 AM Page 69 TRANSPORTE te morto, em torno de 5%. “Já que agora temos uma maximização da acomodação da carga na carroceria, estamos também pagando menos por espaços vazios”, ressalta Joveleviths, acrescentando que o índice de redução é bastante expressivo, em função da complexidade do frete morto. Ele não envolve apenas a questão da baixa densidade da carga, mas também as restrições impostas pelos clientes. “Por exemplo, se ele exige que a mercadoria chegue em certo tipo de palete, não temos muito o que fazer. A Klabin, evidentemente, não pode olhar só o melhor arranjo logístico.” Lote ideal e monitoramento Outros dois módulos do Cockpit Logístico, em fases distintas de implementação, deverão ampliar ainda mais os ganhos na distribuição. Um é o “lote ideal”, que envolve no processo logístico a área comercial. No momento da negociação com o cliente, o vendedor aciona o software e lança as informações sobre o pedido. “Como trabalhamos com encomendas e não com produtos de prateleira, a embalagem de cada cliente tem suas próprias características. Por isso, quando o vendedor lança o pedido, o sistema já sabe quais são as suas dimensões”, detalha Sergio Joveleviths. “Dadas as variáveis, o “lote ideal” orienta o vendedor a negociar, por exemplo, um lote com 17,5 mil caixas e não 18 mil ou 16 mil, o que certamente dificultaria a otimização da carga.” O gerente acredita que a adesão dos vendedores ao módulo – cuja implantação deve ser concluída nos próximos meses – será tranqüila e os primeiros resultados devem surgir rapidamente. Para ele, a ferramenta ajudará a área comercial a se conscientizar sobre a logística. “Muitas vezes, o vendedor acha que conseguiu uma 69 - Revista Tecnologística - Dezembro/2006 margem muito boa na negociação, mas nem imagina que a companhia pode estar perdendo tudo na operação de distribuição. Agora, ele terá uma visão compartilhada da logística”, avalia Joveleviths. O módulo de “monitoramento” – ainda no início da implantação – fechará o ciclo do Cockpit Logístico. Com ele, após a saída da carga, o sistema tratará todos os eventos relacionados ao transporte. Por enquanto restrito ao público interno, permitirá um controle rigoroso da mercadoria desde a saída das docas até a entrega ao cliente. Com a solução completa, ressalta o gerente, as oportunidades estão cada vez mais tangíveis. Além dos ganhos operacionais, em termos de gestão, há agora uma colaboração maior com as transportadoras e, principalmente, informações mais adequadas para gerenciar a eficiência e a eficácia do processo. “E, conseqüentemente, podemos gerenciar melhor os contratos com nossos fornecedores.” No que diz respeito aos sistemas, o software da Neolog contribuiu decisivamente para aperfeiçoar e sincronizar as interfaces entre as áreas de produção e logística, compartilhando, inclusive, informações de cargas disponíveis (produção concluída) com as transportadoras. Outro benefício apurado é o tratamento dos saldos e das sobras. “O cliente pedia dez mil caixas e, em função das características do processo produtivo, eram fabricadas 10,5 mil unidades. Esta sobra só era conhecida na programação da carga. Hoje, com a visibilidade que o sistema proporciona, podemos tratar com mais agilidade esta sobra e, previamente, prever seu embarque em um próximo pedido daquele cliente.” Finalmente, todas as informações geradas no Cockpit Logístico são lançadas no SAP BW (Business Information Warehouse). As informações provenientes da logística são disponibilizadas em forma de relatórios no sistema de informações gerenciais, acessados rapidamente pelas equipes de gestão da Klabin. “São dados macro importantes que, entre outras coisas, nos permitem saber que clientes geram um custo logístico maior ou mais frete morto, por exemplo. E isso subsidia a tomada de decisões”, acentua Joveleviths. Ele conclui dizendo que o sistema deverá, agora, ser adotado nas duas fábricas de sacos industriais, instaladas em Lages (SC) e em Pilar, na Argentina. Cláudia Malinverni Klabin: (11) 4588-7205 Neolog: (11) 3044-5435