FABIO DA SILVA DE AZEVEDO FORTES JUNÇÕES COMUNICANTES E RECEPTORES P2X7 EM MACRÓFAGOS Tese submetida à Universidade do Brasil – UFRJ visando à obtenção do grau de Doutor em Ciências Biológicas (Fisiologia) Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho Centro de Ciências da Saúde Universidade do Brasil – UFRJ Maio / 2007 FABIO DA SILVA DE AZEVEDO FORTES JUNÇÕES COMUNICANTES E RECEPTORES P2X7 EM MACRÓFAGOS Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Fisiologia), Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Ciências biológicas (Fisiologia). Orientadores: Prof Regina Coeli dos Santos Goldenberg Prof Antônio Carlos Campos de Carvalho Rio de Janeiro Maio / 2007 FABIO DA SILVA DE AZEVEDO FORTES JUNÇÕES COMUNICANTES E RECEPTORES P2X7 EM MACRÓFAGOS Rio de Janeiro, 29 de Maio de 2007. ______________________________________________________________ (Prof Regina Coeli dos Santos Goldenberg, Doutor, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho - UFRJ) ______________________________________________________________ (Prof Antônio Carlos Campos de Carvalho, Doutor, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho - UFRJ) ______________________________________________________________ (Prof Márcia Alves Marques Capella, Doutor, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho - UFRJ) ______________________________________________________________ (Prof Wamberto Antônio Varanda, Doutor, Universidade de São Paulo - USP) ______________________________________________________________ (Prof Wilson Savino, Doutor, Fundação e Instituto Oswaldo Cruz – FIOCRUZ)) ______________________________________________________________ (Prof Robson Coutinho Silva, Doutor, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho - UFRJ) FORTES, Fabio da Silva de Azevedo JUNÇÕES COMUNICANTES EM MACRÓFAGOS: POSSÍVEIS CORRELAÇÕES COM RECEPTORES P2 xii, 1 155 fls. Tese: Doutorado em Ciências Biológicas (Fisiologia) 1. Junções comunicantes. 2. Macrófagos I. Universidade do Brasil - UFRJ Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho II. Título 3. Conexina43 4. Receptor P2X7 Este trabalho foi realizado no Laboratório de CARDIOLOGIA CELULAR e MOLECULAR do INSTITUTO de BIOFÍSICA CARLOS CHAGAS FILHO da UNIVERSIDADE do BRASIL – UFRJ sob orientação dos Profs Regina Coeli dos Santos Goldenberg e Antônio Carlos Campos de Carvalho, contando com o apoio financeiro das entidades: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB), PRONEX e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). RESUMO As Junções Comunicantes (JC) desempenham um importante papel na comunicação entre células nos diferentes sistemas do corpo humano. No sistema imune, particularmente em Macrófagos, a presença e a funcionalidade das JC, e a sua interação com Receptores P2X 7 (R-P2X7), estrutura responsável pelo fenômeno de permeabilização, ainda é uma questão controversa. Em função disto, resolvemos estudar estas questões. Para tanto, foram utilizados Macrófagos Peritoneais de camundongos selvagens e “knockout” para o receptor P2X7 (Mφ e Mφ-P2X7), e Células da linhagem macrofágica J774-G8 (G8 e G8 ATP-resistentes [ATPr]) e J774-A1 (A1). A fim de avaliar a funcionalidade das JC nestas células realizamos injeções de corante com Lucifer yellow (457.2 Da). Os dados demonstraram que 70% dos Mφ estavam acoplados, enquanto que apenas 5% das células A1 estavam acopladas, diferentemente das células G8, que estavam acopladas a 84% das células injetadas. No entanto, as células ATPr (que não sofrem permeabilização) apresentavam apenas 9% das células acopladas, o que foi confirmado ao utilizarmos os Mφ-P2X7. Devido as diferenças funcionais, foram feitos ensaios de RT-PCR, que demonstraram a mensagem para conexina43 (Cx43) em Mφ, células G8 e células ATPr. Ensaios de imunoeletrotransferência foram feitos para verificar uma possível modificação na expressão da Cx43 e do R-P2X7. Os Mφ e as células G8 expressaram a Cx43 e o receptor P2X 7, enquanto que as células ATPr expressaram a Cx43, mas não o R-P2X 7. Para verificar a localização da Cx43 nas células G8 e ATPr, que apesar de não estarem acopladas expressavam quantidades de Cx43 similares as das células G8, foram realizados experimentos de imunofluorescência. A imunoreatividade para Cx43 nas G8 se encontrava essencialmente na membrana plasmática. Entretanto, nas ATPr a imunoreatividade estava presente majoritariamente no citoplasma da célula, justificando os dados funcionais obtidos, e sugerindo uma possível interação entre a Cx43 e o R-P2X7, haja visto que esta célula não expressa o R-P2X7, e não apresenta acoplamento. Para verifcar esta suposição, foram feitos ensaios de microscopia confocal e coimunoprecipitação, que demonstraram, respectivamente, a presença da Cx43 e do R-P2X7 no mesmo volume confocal em Mφ e em células G8, e interação bioquímica das 2 proteínas nestas células, o que não foi observado nos MφP2X7, através da microscopia confocal. No entanto, ao fazer os mesmos experimentos para as células A1, observamos as duas proteínas presentes, mas sem a interação ótica ou bioquímica. Com base neste resultado, as células G8 e A1 foram utilizadas em Microarranjos de DNA, a fim de estudar as interações moleculares demonstradas anteriormente. Os resultados demonstraram que dos 1193 genes alterados nas células A1, 44% estavam regulados negativamente, e deste total, 30% dos genes estão envolvidos com proteínas que regulam a inserção ou funções das Cxs e dos R-P2. Portanto, concluímos que as JC estão presentes e funcionais em Mφ e células G8, e estão interagindo com R-P2X7, o que pode estar sendo regulado por proteínas que interagem com a Cx43 e R-P2X7 ao mesmo tempo, como observado nos ensaios moleculares. ABSTRACT Gap junctions (GJ) play an important role in communication between cells in different systems. In immune system, specifically in macrophages, the presence and functionality of the GJ, and your interaction with P2X7 Receptors (P2X7-R), structure responsible for permeabilization phenomenon, is still a controversial issue. Thus, we did decide to investigate this issue. We utilized wildtype and knockout Peritoneal Macrophages for P2X7-R (Mφ and Mφ-P2X7), and the macrophage cell line J774-G8 (G8 and ATP-resistant [ATPr]) and J774A1 (A1). In order to evaluate the functionality of the GJ in these cells we assayed dye injections with Lucifer yellow (457.2 Da). The results demonstrated that 70% of Mφ were coupled, while only 5% of the A1 cells was dye coupled, differently of G8 cells, that were coupled to 84% injected cells. However, the ATPr cells, which not shows presence of permeabilization phenomenon, were coupled only 9% of the cells, confirmed in experiments using Mφ-P2X7. Due to the functional differences we performed RT-PCR assays, which demonstrate molecular expression of Cx43 in Mφ, G8 and ATPr cells. Western blot assays were performed to verify a possible modification in the expression of connexin43 (Cx43) and P2X7-R proteins. The Mφ and G8 cells expressed Cx43 and P2X7-R, whereas that ATP-r expressed Cx43 but did not express P2X 7-R. To verify the cellular localization of Cx43 in G8 and ATPr that although not coupled, expressed similar quantities of the Cx43 in comparation with G8 cells we performed immunofluorescence experiments. The immunoreactivity for Cx43 in G8 cells was present essentiality in the surface membrane. However, in ATPr cells, the immunoreactivity was present in the citoplasm of the cell, justifying functional data, and suggesting a possible interaction between Cx43 and P2X7-R, because this cell not expresses P2X7-R, and not coupled. For to verify this suppose, we did confocal microscopy and co-immunoprecipitation assays that demonstrated, respectively, the presence of the Cx43 and P2X7-R in same confocal volume of the Mφ and G8 cells, and biochemistry interaction of these 2 proteins in these cells (we not observe in Mφ-P2X7 using confocal microscopy). However, using A1 cells we observe that this two proteins were present, but without optic and biochemistry interaction. For to study this molecular interactions demonstrated, we did Microarray experiments using G8 and A1 cells. The results demonstrated that 1193 were altered in A1 cells, and 44% these genes was downregulated. This total, 30% of these genes were involved with proteins that regulate insertion and functions of the Cx43 and P2R. Thus, we conclude that GJ are present and functional in Mφ and G8 cells, and were interacting with P2X7-R. This interaction may be regulated by proteins that interact with Cx43 and P2X7-R in same time, demonstrated in molecular assays. Aos meus pais, Luiz Pedro e Diva, e ao meu irmão Felipe, pelo amor, apoio, carinho e compreensão que sempre me deram. À minha tia Cezira, por ter me ajudado, junto com meus pais, a chegar no nível em que cheguei. À Giselle, minha namorada, amiga e companheira de muitas felicidades e tristezas, que soube mudar e esperar por mudanças ao longo de sua vida e da minha também. À minha amiga Regina Goldenberg, que sempre esteve presente em cada pedacinho da minha vida, de alguns anos atrás até os dias de hoje. Este trabalho é seu também!!!!! E repeti esta mesma frase, pois o empenho não mudou!!!!!!! AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer a Deus e a Jesus Cristo por terem me dado a oportunidade de viver com saúde e paz, que se transformaram em força para vencer as dificuldades. As Forças que sempre estiveram presentes em minha vida, e me guiaram para um caminho de paz e tranquilidade. Aos meus pais, por sempre terem lutado para me dar um futuro próspero e digno. Ao meu irmão Felipe que sempre me ajudou quando mais precisei. À minha tia Cezira, que ajudou a mim e aos meus pais nos momentos de dificuldades. À Giselle, minha querida, que ao meu lado caminhou e enfrentou obstáculos. Esteve direta e indiretamente comigo em inúmeros momentos, com o seu amor e afeto incondicionais que até hoje alimentam o nosso amor. À Profa Regina Goldenberg, que não foi apenas minha orientadora, mas foi um exemplo de perseverança, garra, seriedade e honestidade em um mundo tão complicado como o nosso: o da Pesquisa, e me ensinou o lado docente de minha vida. Ao Prof Antônio Carlos, por ter sempre mantido as portas abertas para que eu pudesse pesquisar e aprender, além de ter me orientado com tamanha sabedoria, me ensinando o que é ser um pesquisador de verdade. À tia Daisy, que me ensinou grande parte de tudo que sei, por ter me dado segurança e as palavras certas nas horas certas. Valeu !!!!!!!!!! Aos membros do laboratório de Imunobiofísica, e particularmente aos Profs Robson e Pedro, que sempre me aconselharam de forma científica, de um ponto de vista que aprendi a enxergar. À Profa Elaine, que com um “olho clínico” enxergou que eu poderia ser feliz fazendo ciência. À toda galera do Laboratório de Cardiologia Celular e Molecular. Não vou citar os nomes, pois posso esquecer de alguém, mas saibam que vocês são D+!!!!! Aos Profs José Hamilton e Masako Masuda, e a todos os membros do Laboratório de Eletrofisiologia Cardíaca. Vocês também são o máximo !!!!!!!! À Sandrinha e ao Diogo, que sempre estavam prontos a me prestar o auxílio em qualquer momento. Não sei o que seria da minha vida e de todos estes alunos de pós-graduação sem vocês dois. Aos membros do CEGIB, que sempre foram solícitos aos nossos pedidos e problemas. Muito Obrigado!!!!! Aos membros do IBCCF, que sempre se fizeram presentes nos momentos em que mais precisei: professores, alunos e funcionários. Às pessoas que me ajudaram em momentos de imensa dificuldade e contribuiram para o meu crescimento: Carlos Valvano, Camila e Viviane. Aos amigos que conquistei: Rodrigo Bouier, Leonardo, Lilian e vários outros que saberão que estão nesta frase ao lê-la. Aos amigos Lucas e Cátia: não tenho palavras para agradecer o que vocês vêm fazendo por mim neste momento. Pela confiança, honestidade, ensinamento, competência em fazer e saber fazer, e companheirismo. Muito obrigado e estamos juntos para o que der e vier. Ao Rafael, Cláudio, Carlinhos, Luciana, Sérgio, Jorge, Caiado, Ronaldo, Nuno e todos os outros amigos que fazem parte de uma família que vem crescendo e que me acolheu de bom coração. À Dalva, Jorge Bezerra e a Paula Ribeiro, que ultimamente também têm se demonstrado grandes e verdadeiros amigos. À Fabíola, Viviane, Prof Luiz Augusto, Lívia, Armando, Daniela Barbosa, Jocimara, Éricka, Danizinha, Fernanda, Igor, Carla, Ana Costa, Mariana, Amanda, Flávio, Rafael Canela, Wilton, André e a todos os outros amigos que vêm contribuindo para o meu crescimento como pessoa e profissional. À Prof Deyse Santoro e a Prof Maria Antonieta Rubio Tyrrel, por terem aberto as portas da Escola de Enfermagem Anna Nery da UFRJ para que eu possa aplicar o que aprendi durante estes anos: CIÊNCIA. O meu sincero MUITO OBRIGADO!!!!! Aos Profs David Spray e Eliana Scemes, e a todos os membros dos seus laboratórios pelos ensinamentos, pelo carinho e pelo afeto que me prestaram no tempo em que estive no Albert Einstein College of Medicine em Nova Iorque. E neste tempo em que estive lá, não poderia esquecer da Cristiane: você é 100000.... minha irmã. À todos aqueles que contribuiram de uma forma direta ou indireta para que este trabalho fosse realizado: Muito Obrigado!!!!!!! ÍNDICE I - INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------- 01 1- JUNÇÕES COMUNICANTES -------------------------------------------------------- 02 1.1- CONEXINAS --------------------------------------------------------------------------- 04 1.2- ESTRUTURA DAS JUNÇÕES COMUNICANTES --------------------------- 08 1.3- FORMAÇÃO DAS JUNÇÕES COMUNICANTES ---------------------------- 10 1.4- FUNÇÕES DAS JUNÇÕES COMUNICANTES ------------------------------- 12 1.5- PROPRIEDADES DAS JUNÇÕES COMUNICANTES ---------------------- 14 2- MACRÓFAGOS -------------------------------------------------------------------------- 18 2.1- FUNÇÕES & INTERAÇÃO CELULAR ------------------------------------------- 19 2.2- MACRÓFAGOS: RECEPTOR P2X7 E ATP ------------------------------------ 23 3- MACRÓFAGOS X JUNÇÕES COMUNICANTES ------------------------------- 25 4- JUNÇÕES COMUNICANTES X PORO INDUZIDO POR ATP: Uma possível correlação em Macrófagos? ---------------------------------------------- 29 II- OBJETIVOS ------------------------------------------------------------------------------ 33 III- MATERIAIS & MÉTODOS------------------------------------------------------------ 35 1- CULTURA DE CÉLULAS -------------------------------------------------------------- 36 1.1- CÉLULAS DA LINHAGEM J774 -------------------------------------------------- 36 1.2- CÉLULAS DA LINHAGEM J774 ATP-RESISTENTES ---------------------- 36 1.3- MACRÓFAGOS PERITONEAIS -------------------------------------------------- 37 2- PCR (Polimerase Chain Reaction) -------------------------------------------------- 38 3- MICROARRANJO DE DNA ----------------------------------------------------------- 39 4- DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE PROTEÍNA ------------------- 42 5- IMUNOELETROTRANSFERÊNCIA------------------------------------------------- 42 6- CO-IMUNOPRECIPITAÇÃO ---------------------------------------------------------- 44 7- IMUNOFLUORESCÊNCIA ------------------------------------------------------------ 46 8- INJEÇÃO DE CORANTE -------------------------------------------------------------- 48 IV- RESULTADOS -------------------------------------------------------------------------- 49 1- INJEÇÃO DE CORANTES ------------------------------------------------------------ 50 2- PCR (Polimerase Chain Reaction) ------------------------------------------------ 54 3- IMUNOELETROTRANSFERÊNCIA------------------------------------------------- 55 4- IMUNOFLUORESCÊNCIA ----------------------------------------------------------- 56 5- IMUNOPRECIPITAÇÃO --------------------------------------------------------------- 59 6- MICROARRANJO DE DNA ----------------------------------------------------------- 60 FIGURAS ------------------------------------------------------------------------------ 63--104 V- DISCUSSÃO ---------------------------------------------------------------------------- 105 VI- CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------------------- 135 VII- BIBLIOGRAFIA--------------------------------------------------------------------- 138 ÍNDICE DE FIGURAS INTRODUÇÃO Figura 1 ------------------------------------------------------------------------------------------ 03 Figura 2 ------------------------------------------------------------------------------------------ 04 Figura 3 ------------------------------------------------------------------------------------------ 06 Figura 4 ------------------------------------------------------------------------------------------ 09 Figura 5 ------------------------------------------------------------------------------------------ 09 Figura 6 ------------------------------------------------------------------------------------------ 11 Figura 7 ------------------------------------------------------------------------------------------ 19 MATERIAIS & MÉTODOS Figura 8 ------------------------------------------------------------------------------------------ 43 RESULTADOS Figura 9 ------------------------------------------------------------------------------------------ 65 Figura 10 ---------------------------------------------------------------------------------------- 67 Figura 11 ---------------------------------------------------------------------------------------- 69 Figura 12 ---------------------------------------------------------------------------------------- 71 Figura 13 ---------------------------------------------------------------------------------------- 73 Figura 14 ---------------------------------------------------------------------------------------- 75 Figura 15 ---------------------------------------------------------------------------------------- 77 Figura 16 ---------------------------------------------------------------------------------------- 79 Figura 17 ---------------------------------------------------------------------------------------- 81 Figura 18 ---------------------------------------------------------------------------------------- 83 Figura 19 ---------------------------------------------------------------------------------------- 85 Figura 20 ---------------------------------------------------------------------------------------- 87 Figura 21 ---------------------------------------------------------------------------------------- 89 Figura 22 ---------------------------------------------------------------------------------------- 91 Figura 23 ---------------------------------------------------------------------------------------- 93 Figura 24 ---------------------------------------------------------------------------------------- 95 Figura 25 --------------------------------------------------------------------------------------- 97 Figura 26 ---------------------------------------------------------------------------------------- 99 Figura 27 -------------------------------------------------------------------------------------- 101 Figura28 -------------------------------------------------------------------------------------- 103 Figura29 -------------------------------------------------------------------------------------- 105 DISCUSSÃO Figura30 -------------------------------------------------------------------------------------- 125 Figura 31 -------------------------------------------------------------------------------------- 127 Figura 32 -------------------------------------------------------------------------------------- 131 I- INTRODUÇÃO 1- JUNÇÕES COMUNICANTES O estudo da comunicação intercelular, ao longo dos anos, vem se tornando alvo de pesquisas e descobertas importantes para um melhor entendimento tanto de funções orgânicas imprescindíveis à sobrevivência, quanto para compreensão de doenças que possam vir a interromper a homeostase em que o organismo humano se encontra. Diante das várias formas de comunicação intercelular merece destaque a que ocorre através da Junção Comunicante ou “Gap Junction”, caracterizada por canais transmembrana que permitem a comunicação direta nos tecidos (Dhein, 1998). No final da década de 50 os primeiros indícios de comunicação intercelular começavam a se tornar evidentes, com os dados de Furshpan & Potter (1959) que demonstraram o acoplamento elétrico em neurônios de lagostim. No início da década de 60 outros trabalhos vieram a demonstrar o acoplamento elétrico anteriormente descrito, inclusive em outros tipos celulares, porém sem conseguir evidenciar que estrutura seria responsável por tais fenômenos. No final dos anos 60, experimentos de microscopia eletrônica de transmissão em amostras tratadas previamente com nitrato de lantânio permitiram a visualização de estruturas heptalaminares, apresentando um padrão hexagonal de subunidades de 7 a 8nm de diâmetro, e com espaços de aproximadamente 2nm entre as membranas das células adjacentes (Revel & Karnovsky, 1967). Utilizando técnicas de difração de raios X, a estrutura juncional conseguiu ser melhor elucidada. As observações demonstraram que o canal era formado por seis monômeros que formam um poro de diâmetro de 1.5nm, permitindo que através do alinhamento dos hemicanais na membrana se tenha a comunicação entre as membranas das células adjacentes, como proposto na Figura 1 (Makovski et al., 1977) e observado através da micrografia eletrônica na Figura 2 (Hertzberg & Gilula, 1979). Os hemicanais alinhados adquirem um formato tubular atingindo um comprimento total de 100 – 150 Å, estando as membranas das células a uma distância de aproximadamente 20 Å (Dhein, 1998). Após os achados morfológicos, a correlação das junções com o acoplamento elétrico se tornou mais evidente (Gilula et al., 1972). Além de representar uma via de baixa resistência de propagação de impulsos elétricos em mamíferos, o canal juncional permite o tráfego de moléculas com peso de até 1kDa (Flagg et al., 1979), possibilitando o intercâmbio de íons e várias substâncias orgânicas extremamente importantes, como aminoácidos, nucleotídeos, AMPc e Inositol (Saez & Spray, 1991; Dhein, 1998; Hervé, 2004). Figura 1- Esquema da organização dos canais juncionais na membrana plasmática (Makovski et al., 1977 adaptado por Alberts et al., 1994). Figura 2- Micrografia eletrônica de uma perspectiva tangencial de membranas plasmáticas justapostas que estão ligadas por junções comunicantes (Hertzberg & Gilula, 1979). 1.1- CONEXINAS As junções comunicantes são formadas por uma família multigênica de proteínas transmembranares denominadas Conexinas. Tais proteínas podem ser divididas em nove domínios estruturais: 4 domínios transmembrana, apresentando uma estrutura em α-hélice (TM1, TM2, TM3 e TM4); uma porção C-terminal; uma porção N-terminal; 2 alças extracelulares (E1 e E2); 1 alça intracelular ou citoplasmática entre as regiões transmembrana 2 e 3, caracterizada por representar a região de menor similaridade e menor conservação entre as conexinas (AC) (Figura 3) (Kumar & Gilula, 1996; Hervé et al, 2004). Os domínios transmembranares e as alças extracelulares são as regiões que apresentam maior conservação filogenética entre os integrantes da família das conexinas, enquanto que o domínio carboxi-terminal e os demais apresentam pouca conservação filogenética (Bennett et al., 1991; Dhein, 1998). Por ser a região mais anfipática, supõe-se que o domínio transmembrana 3 constitua a região central do canal juncional, aquele que forma as paredes do canal. As pesquisas sobre a multigenicidade da família das conexinas tiveram início com a comparação de sequências de aminoácidos de diferentes proteínas (Gros et al., 1983). Um grande impulso aos estudos foi dado com a clonagem das conexinas, sendo a conexina 32 a primeira delas a ser clonada (Paul, 1986). Para diferenciar os componentes da família das conexinas, foi utilizado como um dos parâmetros os pesos moleculares, em kDa, advindos das sequências de cDNA, onde o total do número de conexinas está dividido em dois ramos filogenéticos: Grupo I, formado por conexinas com um peso molecular menor que 32 kDa; Grupo II, constituído por conexinas com peso molecular igual ou maior que 32 kDa (Bennett et al. 1995; Dhein, 1998; Sosinsky and Nicholson, 2005). As conexinas também podem ser classificadas nos subgrupos α e β de acordo com a similaridade entre determinadas regiões da sequência protéica primária da conexina (Gimlich et al., 1990; Willecke et al, 2002; Segretain & Falk, 2004). Meio Extracelular Meio Intracelular Figura 3- Organização topológica da proteína juncional (conexina) na membrana plasmática (Kumar & Gilula, 1996). Atualmente fazem parte da família destas proteínas 21 conexinas em humanos e 20 conexinas em roedores (Tabela 1.1) (Sohl & Willecke, 2003; Hérve, 2005). TABELA 1.1 – Família Multigênica das Conexinas (Sohl & Willecke, 2003) Homem Conexina Peso Molecular hCx25 hCx26 hCx30 hCx30.2 hCx30.3 hCx31 hCx31.1 hCx31.3 hCx31.9 hCx32 hCx36 hCx37 hCx40 hCx40.1 hCx43 hCx45 hCx46 hCx47 hCx50 hCx59 hCx62 (kDa) 25,892 26,200 30,096 30,213 30,419 30,817 31,088 31,347 31,933 32,024 36,248 37,413 40,140 40,438 43,008 45,482 46,655 47,427 48,173 58,842 61,871 Camundongo Conexina Peso Molecular mCx23 mCx26 mCx29 mCx30 mCx30.2 mCx30.3 mCx31 mCx31.1 mCx32 mCx33 mCx36 mCx37 mCx39 mCx40 mCx43 mCx45 mCx46 mCx47 mCx50 mCx57 (kDa) 23,013 26,411 28,981 30,366 30,219 30,388 30,901 31,194 32,003 32,860 36,085 37,696 39,996 40,413 43,003 45,665 46,302 46,603 49,597 57,114 1.2- ESTRUTURA DAS JUNÇÕES COMUNICANTES As conexinas estão organizadas na membrana plasmática sob forma de hexâmeros, constituindo o hemicanal juncional, comumente chamado de conexon. Cada conexon é constituído por seis proteínas, arranjadas em forma hexagonal, e possuindo uma organização topológica de membrana característica e semelhante para todas as conexinas (Makovski et al., 1977; Dermietzel & Spray, 1993; Kumar & Gilula, 1996; White et al., 1999; Unger et al., 1999; Segretain & Falk, 2004). Quando interagindo de forma não covalente com o conexon da célula adjacente, forma-se um canal juncional completo (Bennett et al., 1991). Ao se formarem, os conexons podem ser constituídos de conexinas iguais, por exemplo, todas formadas pela conexina 43 (Cx43), sendo chamados de hemicanais homoméricos, ou caso sejam formados por conexinas diferentes são chamados de hemicanais heteroméricos (Wang & Peracchia, 1998). Em relação ao canal juncional completo, podemos classificá-lo das seguintes formas: (1) homomérico – homotípico, onde o canal é formado por dois hemicanais idênticos e formados pela mesma conexina; (2) homomérico – heterotípico, o canal é formado por dois conexons diferentes, sendo que os conexons em si são formados pela mesma conexina, por exemplo um conexon é formado pela conexina 43 e o outro é constituído pela conexina 37; (3) heteromérico – homotípico, onde o canal é formado por dois conexons iguais, sendo que estes são formados por conexinas diferentes, estando as conexinas de um conexon alinhadas com conexinas de mesmo tipo no outro conexon, por exemplo Cx43 com Cx43, Cx37 com Cx37; (4) heteromérico – heterotípico ou biheteromérico, onde o canal é formado por dois conexons diferentes, e estes também são formados por conexinas diferentes, estando as conexinas de um conexon alinhadas com conexinas diferentes no outro conexon (Figura 4) (Kumar & Gilula, 1996); (5) monoheteromérico, onde apenas um dos conexons é heteromérico (Figura 5) (Sosinsky in Peracchia, 2000). ou biheteromérico Figura 4- Tipos de conexons e canais juncionais formados por associação de conexinas iguais ou diferentes (Kumar & Gilula, 1996). Canal Monoheteromérico Figura 5- Tipo de canal juncional formado pela associação das conexinas em esquema proposto por Sosinsky in Peracchia, 2000. 1.3- FORMAÇÃO DAS JUNÇÕES COMUNICANTES As conexinas são sintetizadas pelos ribossomos no retículo endoplasmático, sendo co-traduzidas integralmente na membrana do retículo endoplasmático rugoso (Loewenstein, 1981; Segretain & Falk, 2004). Após esta etapa a conexina é fosforilada, podendo ser oligomerizada sob forma de conexons ainda no retículo endoplasmático rugoso e transportada para o complexo de Golgi (Cx26 e Cx32), ou primeiramente transportada e só depois oligomerizada no complexo de Golgi (Cx43) (Das Sarma et al, 2001; Segretain & Falk, 2004). Após a oligomerização, o conexon (dentro de vesículas exocíticas) é transportado do complexo de Golgi até a membrana plasmática da célula, através de microtúbulos (Figura 6) (Musil & Goodenough, 1993; Dhein, 1998, Gaietta et al., 2002; Segretain & Falk, 2004). Através de ensaios com a proteína recombinante Cx43, utilizando técnicas de microscopia confocal e microscopia eletrônica de transmissão (Imunoeletromicroscopia), Gaietta et al. (2002) observaram que as proteínas pré-formadas são inseridas nas bordas das placas de junções comunicantes localizadas na membrana plasmática. Enquanto a placa é repovoada com conexinas novas, as conexinas antigas centralizam-se, até deixarem a placa dentro de vesículas endocíticas (Gaietta et al. 2002). Ao longo deste processo acredita-se que a integridade da conexina e do estado oligomerizado do conexon sejam mantidos por pontes não covalentes, sugerindo-se a existência de pontes dissulfeto intramoleculares e não intermoleculares (John & Revel, 1991). Estudos vêm demonstrando que a estrutura multimérica do conexon que se encontra na membrana plasmática, parece já existir nesta conformação desde o retículo endoplasmático rugoso (Yeager et al., 1998). = Cx26 Membrana Plasmática Lisossomo = Cx32 = Cx43 = Conexon = Junção Comunicante Proteossomo Envelope Nuclear 1= Sintese da conexina 2= Oligomerização 3= Passagem RE-Golgi 4= Armazenamento Intracelular 5= Tráfego através de microtúbulos Núcleo Microtúbulos 6= Inserção na membrana plasmática 7= Difusão lateral na membrana citoplasmática 8= Formação da placa de junções comunicantes Retículo Endoplasmático Cis Trans Complexo de Golgi 9= Estabilização dos microtúbulos 10= Liberação das junções comunicantes da membrana 11= Degradação final Figura 6- Esquema demonstrando a síntese, montagem e degradação das junções comunicantes dentro da célula (adaptado de Segretain & Falk, 2004). RE = Retículo Endoplasmático. O tempo para início de formação da junção varia de 3 à 30 minutos, com uma velocidade de formação de 1.3 canais por minuto (Dhein, 1998). O canal juncional forma-se através da interação das alças extracelulares E1 e E2, sendo este processo facilitado por proteínas de adesão, como as caderinas, pois estas mantém as células em contato (Musil & Goodenough, 1993). Após o tempo de permanência da conexina na membrana plasmática, o dodecâmero é internalizado e eliminado por vias que envolvem vesículas endocíticas, que irão se fundir com lisossomos e proteossomos (Yeager et al., 1998; Gaietta et al. 2002; Segretain & Falk, 2004). 1.4- FUNÇÕES DAS JUNÇÕES COMUNICANTES Como comentado anteriormente, as junções comunicantes possuem como característica e função principal permitir que citoplasmas de células adjacentes, troquem metabólitos e informações necessárias para a manutenção dos tecidos e de suas respectivas funções (Flagg-Newton et al., 1979; Hervé et al, 2004) . Em alguns tipos celulares, como por exemplo em miócitos cardíacos, músculo liso ou neurônios, tal forma de comunicação intercelular possui um papel funcional bem descrito e evidente (Severs et al., 2004). No tecido cardíaco esta estrutura é de extrema importância, pois representa uma via de baixa resistência elétrica, facilitando a propagação do impulso elétrico e permitindo o sincronismo de contração cardíaca essencial para o bombeamento de sangue (Weidmann, 1972). Alterações na quantidade e na distribuição das junções comunicantes podem estar associadas a patologias cardíacas graves. Evidências experimentais demonstraram que na fibrilação atrial crônica, a conexina40 está presente em quantidades maiores e com distribuição diferente do normal, tanto em ratos quanto em humanos (Polontchouk et al., 2001). Dados de Green & Severs (1993) demonstraram alterações na distribuição da proteína Cx43 em corações de pacientes que desenvolveram o quadro de doença cardíaca isquêmica após o infarto do miocárdio. Com base nestes estudos, a conexina43 estava em maior quantidade na borda lateral dos cardiomiócitos e não nos discos intercalares, como encontrado em corações normais. Ao longo do estudo das conexinas, descobertas relacionadas a mutações destas proteínas vêm sendo de extrema importância para o entendimento de várias patologias. Mutações na conexina 43 podem levar ao surgimento de malformações cardíacas que levam a diminuição da sobrevida do animal, como vem sendo demonstrado em camundongos “Knockout” para Cx43 (Severs et al., 2004). Em humanos, os portadores de mutações na Cx43 desenvolvem defeitos, como por exemplo o da síndrome de heterotaxia visceroatrial caracterizada pela lateralidade e transposição de grandes artérias (Britz-Cunninghan et al., 1995; Casey et al., 1995; Bruzzone et al., 1996-a). Outra doença, como a de Charcot-Marie-Tooth (CMTX), afeta nervos periféricos por demielinização e por conseguinte as funções de nervos sensoriais e motores. Segundo Bergoffen et al (1993), esta doença está associada à mutações no gene codificante da conexina 32, formadora do canal juncional que permite a comunicação citoplasmática da célula de Schwann e nas incisuras de Schmidt-Lanterman (White & Paul, 1999). No cristalino a expressão adequada das conexinas é essencial, pois por ser um tecido pouco vascularizado, ele precisa realizar trocas metabólicas com o humor aquoso mantendo o sincício celular nutrido, funcionante e principalmente sem opacicidade. Neste tecido estão presentes as conexinas 46 e 50, responsáveis pelas trocas metabólicas e pela comunicação entre as células, e que ao apresentarem mutações levam ao desenvolvimento da catarata, respectivamente congênita e senil (Goodenough, 1992; Gong et al., 1997; White & Paul, 1999; White & Bruzzone, 2000; Evans & Martin, 2002). 1.5- PROPRIEDADES DAS JUNÇÕES COMUNICANTES Os canais juncionais, como todos os canais iônicos, alternam entre dois estados: aberto e fechado (Unwin & Zampighi, 1980). Para um maior entendimento dos fenômenos de abertura e fechamento do canal, começaram a ser empregadas técnicas de eletrofisiologia, mais precisamente ensaios de “patch clamp”, fazendo uso da configuração de “double whole cell”, onde pares de células são analisados (White et al.,1985). De acordo com o protocolo de realização do experimento, uma das células tem seu potencial de membrana mantido em um valor fixo que se chama potencial de “holding” (V1), que por exemplo pode estar em -40mV, enquanto a outra célula do par tem seu potencial modificado ao longo do experimento, variando de -90mV a +10mV (V2). Ao variar a voltagem de uma das células do par mede-se o fluxo de corrente da célula de voltagem modificada para a célula de voltagem fixa através do amplificador de “patch clamp”, que injeta corrente suficiente para que não haja variação de voltagem na célula que tem seu potencial mantido fixo. Esta corrente medida é igual e contrária a que passa através das junções comunicantes, chamada de corrente juncional ou Ij (Dhein, 1998). Através do “double whole cell patch clamp” em células pouco acopladas ou desacopladas transientemente por tratamento farmacológico, pode se caracterizar a condutância unitária dos canais juncionais, dada por G j = Ij / V, e que varia em torno de 30 à 300 pS dependendo da conexina que forma o canal. Gj representa a condutância, Ij representa a intensidade de corrente que passa pelo canal juncional e Vj a voltagem transjuncional (Veenstra, 2000). Vários fatores podem influenciar a condutância (Gj) das junções comunicantes. Um destes fatores seria a dependência de voltagem transjuncional, onde variações podem ser responsáveis pela abertura ou pelo fechamento do canal. Em canais homotípicos esta dependência de voltagem é simétrica, sendo a condutância juncional modificada quando se altera a voltagem em qualquer uma das 2 células que estão sendo analisadas (Spray et al., 1991). Já em canais heterotípicos a mudança da condutância juncional depende de qual das duas células do par analisado terá a voltagem alterada (Werner et al.,1989). A dependência de voltagem das junções comunicantes varia de acordo com a conexina que forma o canal juncional. Por exemplo, as conexinas 40 e 45 são mais sensíveis a variações de voltagem transjuncional do que outras conexinas como a Cx43 (Jongsma et al., 1993; Dhein, 1998). Além dos fatores biofísicos, vários fatores bioquímicos podem modular a condutância juncional, dependendo em que conexina ou tecido estão atuando. Vias relacionadas a proteína quinase C (PKC), proteína quinase A (PKA), proteína quinase G (PKG), MAP-quinase e tirosina quinases estão intimamente ligadas a regulação das junções comunicantes (Dhein,1998). Em miócitos cardíacos, estudos utilizando um ativador da via da PKC, denominado TPA (ester de 12-tetradecanoilforbol-13-acetato), demonstraram que o acoplamento elétrico entre as células aumentou, mas a passagem de corante para as células adjacentes utilizando a técnica de injeção de corantes sofreu decréscimo (Spray & Burt, 1990). Tal resultado foi explicado por Kwak et al. (1995), demonstrando que ao ser ativada a via da PKC, a frequência de ocorrência das condutâncias de canal unitário de 90 pS era diminuída, mas aumentava muito a frequência de condutâncias menores, por conseguinte aumentando o acoplamento elétrico, mas com estreitamento da luz do canal, diminuindo a passagem de moléculas maiores. Ainda em cardiomiócitos, foram utilizados o cGMP e seus análogos afim de estudar qual a influência da via da PKG na Gj. Através de técnicas eletrofisiológicas foram observadas a diminuição do acoplamento elétrico e modificações na frequência de distribuição das condutâncias de canais unitários nas células (Peracchia, 2004). Com relação a via da PKA, muitos estudos têm observado que a estimulação desta via pode aumentar o acoplamento de junções comunicantes formadas por conexina43 em cardiomiócitos (Burt & Spray, 1988). Já em células HeLa transfectadas com a conexina45, ao se utilizar 8bromo-cAMP, ocorreu uma sensível diminuição do acoplamento elétrico e por corante (van Veen et al., 2000). Outros fatores podem influenciar a condutância das junções comunicantes além destes já citados, como por exemplo alguns íons : Ca2+, Mg2+e H+. Concentrações elevadas de Ca2+ em cardiomiócitos proporcionam a diminuição do acoplamento elétrico celular (Loewenstein, 1966), mas se o pH intracelular for mantido constante tal resposta não é encontrada, acreditandose em uma ação sinérgica entre H+ e o Ca2+ (Noma & Tsuboi, 1987). O aumento das concentrações intracelulares de Mg2+,em torno de 0,5 mM, também leva ao desacoplamento celular, sendo que as concentrações para que isto ocorra são bem maiores do que os níveis fisiologicamente toleráveis (Noma & Tsuboi, 1987; Peracchia, 2004). Outro fator importante, descrito na regulação das junções comunicantes, é o pH, que interfere na condutância juncional (diminuição) através da acidificação intracelular. Ao realizar técnicas de eletrofisiologia, analisando canais formados pela conexina43, Delmar et al. (2000) demonstraram que a interação da porção carboxi-terminal com uma região em separado da conexina é responsável pela sensibilidade do canal juncional à diminuição do pH celular. Ratificando os dados anteriores, neste mesmo trabalho, foi utilizada uma proteína Cx43 com a ausência da região carboxi-terminal, o que resultou na formação de canais juncionais funcionais em microambientes com baixo pH, demonstrando a diminuição da sensibilidade da conexina à diminuição do pH. Associadas à formas ainda desconhecidas de atuação nas junções comunicantes, algumas drogas podem regular o acoplamento celular, diminuindo o grau de acoplamento, ou seja a comunicação entre as células. Estudos in vitro, utilizando por exemplo: octanol, heptanol, ácido aracdônico, carbenoxolone e ácido 18 glicirretínico entre outras drogas lipofílicas (Dhein, 1998; Xia & Nawy, 2003), demonstraram que o acoplamento via junções comunicantes era reduzido drasticamente. Ao serem utilizados, o heptanol e o octanol incorporam-se a bicamada lipídica celular, diminuindo a fluidez dos domínios ricos em colesterol da membrana plasmática em que a junção comunicante está inserida e a probabilidade de abertura do canal (Dhein, 1998), reduzindo assim o grau de acoplamento e a comunicação celular. 2- MACRÓFAGOS O sistema imune tem como uma de suas características marcantes possuir um sistema de células responsáveis pela fagocitose e pela apresentação de antígenos que irão dar origem a resposta orgânica a vários tipos de situações de invasão sistêmica por microorganismos (Jawetz et al.,1995). O conjunto de células fagocitárias do sistema imune é originado na medúla óssea, na qual as “stem cells” ou células tronco se diferenciam em monoblastos, que dão origem aos monócitos, que já presentes na circulação sanguínea diferenciam-se em macrófagos (Jawetz et al.,1995; Abbas, 2001). Estruturalmente os macrófagos estão organizados da seguinte maneira: (1) o núcleo detém um aspecto ovóide ou em forma de rim, apresentando sua cromatina condensada; (2) membrana plasmática pregueada, formando reentrâncias e saliências, conferindo um aspecto superficial irregular; (3) lisossomas primários que derramam o seu conteúdo dentro de vacúolos que contém o material englobado pela célula, formando agora o que se chama de lisossomas secundários ou fagossomas, nos quais se processa a digestão (Figura 7) (Junqueira & Carneiro, 1998). Ao longo do seu desenvolvimento o macrófago pode assumir diferentes morfologias, dependendo da sua necessidade de atuação. Quando estimulados, sendo agora denominados macrófagos ativados, os macrófagos passam a ter uma maior capacidade de secretar diversas substâncias que participam do processo de defesa, o que faz com que o número de vacúolos, de lisossomas e de outras estruturas internas aumente, modificando sua morfologia, ou até mesmo se fusionem com outros macrófagos formando as denominadas células gigantes multinucleadas (Jawetz et al., 1995; Junqueira & Carneiro, 1998). Figura 7- Micrografia eletrônica de um macrófago, apresentando a membrana pregueda e núcleo ovóide. L= Lisossomas, N= Núcleo, Nu= Nucléolo, = Vacúolo fagocítico (Junqueira & Carneiro, 1998). 2.1- FUNÇÕES & INTERAÇÃO CELULAR Os macrófagos, ou células acessórias, detém como funções principais: (1) a capacidade de eliminar microorganismos através de fagocitose; (2) apresentar ao sistema imune os antígenos que devem ser combatidos, portanto caracterizadas como células apresentadoras de antígenos (APCs), utilizando o complexo de histocompatibilidade principal (MHC) e ativar os outros tipos celulares envolvidos com a resposta imune celular. Os macrófagos no sistema imune estão envolvidos com as respostas imune inata e adaptativa (Abbas, 2001). Na resposta imune inata estão presentes os mecanismos de defesa primários do organismo, ou seja, a primeira linha de defesa, constituída de mecanismos de eliminação imediata de microorganismos. Neste tipo de resposta os macrófagos têm como principais funções fagocitar os microorganismos presentes na invasão do organismo e ativar mecanismos de resposta a estes microorganismos (Abbas, 2001). A fagocitose tem início com o reconhecimento dos microorganismos pelos macrófagos ou pela interação com o interferon- (IFN-), produzido por células “natural killer”, ocorrendo pelo estímulo de receptores presentes na membrana desta célula, desencadeando reações intracelulares. Dentre os receptores de membrana presentes nos macrófagos estão: (1) os receptores com sete domínios transmembrana em -hélice (Aderem & Underhill, 1999); (2) os receptores de manose; (3) a proteína ligante de LPS (LBP), presente no plasma e que conduz o LPS (lipolissacarídeo), até o receptor de membrana CD14 presente no macrófago (Abbas, 2001). Após esta fase é iniciada a eliminação do microorganismo, com a junção do fagossoma e dos lisossomas presentes no citoplasma contendo enzimas proteolíticas que irão digerir as bactérias presentes neste fagolisossoma. Outro mecanismo de eliminação microbiana está ligado a conversão catalítica do oxigênio molecular, onde os fagolisossomas contendo microorganismos englobados associam-se a intermediários reativos do oxigênio (ROIs) e óxido nítrico, fazendo com que o pH dentro deste local se torne ácido, eliminando o microorganismo capturado (MacMicking et al., 1997). Na resposta imune adaptativa estão presentes os mecanismos de defesa secundários, ou seja, existe uma resposta direcionada e intensa para a infecção presente no organismo através da atividade celular ou humoral, devido a existência de um contato prévio do sistema imune com a infecção em andamento (Abbas, 2001). Após o reconhecimento dos antígenos pelos linfócitos-T, e a migração destas células para sítios de inflamação, é produzido pelos linfócitos-T CD4 + o interferon- (IFN-), que interagindo com os macrófagos faz com que estes produzam a interleucina-12 (IL-12). Além da ativação pela produção de IFN-, a ligação da molécula CD-40L, presente na membrana dos linfócitos-T CD4 +, em moléculas CD-40 na membrana dos macrófagos também aumenta a produção de IL-12 (Boehm et al., 1997). Em resposta à ativação dos macrófagos por estes fatores, várias funções passam a se tornar constantes no sistema imune infectado. Através da ativação, os macrófagos aumentam sensivelmente sua capacidade de eliminação de microorganismos através da fagocitose, onde consequentemente os fagolisossomas associados a enzimas ou a reações com intermediários reativos do oxigênio (ROIs) e óxido nítrico também estarão aumentados destruindo os microorganismos com maior avidez (Abbas, 2001). Paralelamente aos eventos que envolvem a fagocitose, a produção de citocinas ou coestimuladores do tipo B7, que irão desencadear respostas celulares imediatas, também se encontra aumentada, e substâncias como o TNF- e interleucinas-1 e 12, irão estimular a proliferação e diferenciação de linfócitos-T, amplificando a resposta imune (Schaible et al.,1999). Em ambos os casos de resposta imune, os macrófagos além de produzirem citocinas ou fagocitar microorganismos, eliminando-os do sistema, possuem mais uma função importantíssima no sistema imune: a de ser uma célula apresentadora de antígenos (APC). Para que o macrófago possa apresentar ao sistema imune os antígenos responsáveis pela infecção, este deverá expressar o que se chama de complexo de histocompatibilidade principal ou MHC caracterizado por moléculas protéicas que se associam a peptídeos antigênicos advindos da fagocitose de microorganismos e que serão demonstrados à células de defesa. As moléculas de MHC estão divididas em 2 classes, as de classe I e as de classe II, onde as últimas estão presentes nas células apresentadoras de antígenos, entre elas nos macrófagos (Abbas, 2001). Inicialmente macrófagos, os sendo antígenos expostos extracelulares à enzimas são fagocitados presentes nas pelos vesículas endo/lisossomais intracelulares, denominadas catepsinas. Ao mesmo tempo, no retículo endoplasmático as moléculas de MHC II (porções e , e cadeia invariante) são sintetizadas, passando ao complexo de Golgi onde serão empacotadas. As vesículas originadas no Golgi fundem-se com os endo/lisossomas, onde ocorre a degradação proteolítica da cadeia invariante (proteína que está ligada ao MHC, e que impede que esta se ligue a outros sítios diferentes dos peptídeos advindos dos microorganismos fagocitados), liberando um sítio para ligação do peptídeo antigênico. Após o acoplamento do peptídeo, o MHCII completo é transportado e expresso na membrana plasmática do macrófago, entrando em contato com o receptor da célula de defesa (linfócito-T CD4+), apresentando o antígeno (Abbas,2001). 2.2- MACRÓFAGOS: RECEPTOR P2X7 e ATP Os receptores P2, anteriormente denominados receptores purinérgicos (Fredholm et al., 1997), são divididos em 2 grandes grupos: receptores P2Y, associados à proteína G, e receptores P2X, sendo estes canais iônicos (Burnstock, 1998). Os receptores P2X são compostos por 2 domínios transmembrana, uma porção carboxi-terminal e uma porção amino-terminal intracelulares e uma alça extracelular central com 280 aminoácidos (Chiozzi et al., 1997; Erb et al., 2006; Abbrancchio et al., 2006). Vale ressaltar que os receptores P2X 7 diferem dos integrantes da família de receptores P2X, por apresentarem uma porção carboxi-terminal alongada, que é extremamente importante para a atividade de formação do poro (Surprenant et al., 1996). A ativação dos receptores P2X, P2Y e P1, estes últimos associados à adenosina, está ligada a cascata purinérgica onde: (1) o ATP liberado no espaço extracelular sofre a ação de enzimas chamadas ecto-nucleotidases, dando origem a moléculas de ADP, AMP e adenosina; (2) as moléculas de ATP agem nos receptores P2X, P2Y e a adenosina age nos receptores P1;(3) depois de ativados, os receptores P1 agem através de um feedback negativo nas células que liberam ATP, diminuindo sua concentração extracelular; (4) com a diminuição do ATP, consequentemente ocorrerá a diminuição da ativação dos receptores P2X e P2Y (Williams & Jarvis, 2000). Os receptores purinérgicos encontram-se presentes em vários tipos celulares, de diversos sistemas, a exemplo dos sistemas gastrointestinal, nervoso, cardiovascular e células musculares. Eles são encontrados particularmente em neurônios e células musculares atuando na mediação da neurotransmissão em sinapses neuro-musculares (Illes & Norenberg, 1993-47; Burnstock, 1999; Burnstock and Knight, 2004). Com relação ao sistema imune, linfócitos, mastócitos e macrófagos expressam o receptor P2X, que age como um poro não seletivo para íons (Dubyak & El Moatassim, 1993; ). Em especial pode se dar destaque para a expressão dos receptores P2X7 em macrófagos, que sofrem o fenômeno de permeabilização da membrana plasmática à moléculas de até 900Da quando expostos à concentrações maiores que 100M de ATP extracelular (Steinberg et al.,1987-1, Alves et al., 1996, Persechini et al., 1998). Recentemente, Pelegrin e Surprenant (2006) demonstraram que os poros relacionados com o receptor P2X7, envolvidos com o fenômeno de permeabilização, são constituídos por proteínas denominadas Panexinas. Além do fenômeno da permeabilização e da indução de correntes iônicas pelo ATP, efeitos biológicos em macrófagos também são observados quando estes são expostos ao ATP, onde: (1) através da ação do ATP nos poros, ocorre o aumento na liberação e maturação da interleucina-1 (Perregaux & Gabel, 1998; Burnstock & Williams, 2000); (2) macrófagos infectados com micobactérias sofrem citólise, via P2X7, quando são tratados com ATP-extracelular (Lammas et al., 1997; Coutinho-Silva et al., 2007). Além disso, IFN- e LPS através da regulação positiva da expressão do P2X7, estimulam a formação de células gigantes multinucleadas, sensíveis à ação do ATP extracelular (Humphreys & Dubyak, 1996). 3- MACRÓFAGOS X JUNÇÕES COMUNICANTES Os estudos acerca da presença de junções comunicantes em macrófagos tiveram início na década de 70, quando macrófagos advindos de explantes de timo, rim e fígado foram avaliados experimentalmente por ensaios de fagocitose e apresentação de antígenos, eletrofisiologia, microscopia eletrônica de transmissão e de varredura. Na microscopia eletrônica de transmissão foi observada uma orientação em cadeia linear dos macrófagos, onde haviam regiões de grande contato entre as células, sendo denominadas “close junctions”. Com relação aos dados eletrofisiológicos, foi registrado o acoplamento elétrico entre os macrófagos que estavam orientados de forma linear (Levy et al., 1976). No final da década de 70, estudos utilizando microscopia eletrônica de transmissão em células progenitoras de macrófagos, advindas da medula óssea de cães, permitiram a análise e a identificação de regiões com a presença de junções comunicantes (Porvaznisk & MacVittie, 1979). Entretanto, no início da década de 80, questionamentos acerca da existência de junções comunicantes em macrófagos começaram a surgir. Estudos utilizando ensaios de cooperação metabólica em macrófagos peritoneais ativados, tanto in vitro quanto in vivo, não observaram a transferência de partículas marcadas radioativamente de uma célula para outra, tanto entre macrófagos como entre macrófagos e outros tipos celulares (Kane & Bols, 1980). Contudo, mesmo com tais resultados, não foi descartada a presença de comunicação através de macrófagos. Corroborando estes resultados, Dean et al., em 1988, demonstraram através de injeções do corante Lucifer yellow a ausência de acoplamento entre macrófagos peritoneais elicitados de camundongos ou entre co-culturas de fibroblastos com macrófagos. Neste mesmo trabalho foi observada a passagem de corante FITC-dextran entre células adjacentes, e que segundo argumento dos autores se deve a formação de vacúolos exocíticos e endocíticos nas membranas dos macrófagos. Em 1991 e em 1993, Beyer & Steinberg demonstraram que macrófagos elicitados de camundongo e células da linhagem macrofágica J774 possuíam mensagem e expressão para conexina43, utilizando respectivamente técnicas de “Northen blot” e “Western blot” (transferência eletroforética de ácidos nucléicos e de proteínas, respectivamente). Ainda em 1993 Polacek et al. demonstraram através de ensaios de “Northern blot” a expressão da conexina43 em células endoteliais, mas não em macrófagos peritoneais de camundongos e macrófagos humanos periféricos. O acoplamento entre as células foi avaliado através de injeções de corante, resultando em não acoplamento entre células endoteliais e macrófagos em cocultura, vindo a ocorrer apenas entre células endoteliais adjacentes. Contudo, macrófagos espumosos advindos de lesões arterioescleróticas humanas apresentavam mRNA para conexina43 em experimentos de hibridização in situ (Polacek et al.,1993). Em 1996, Alves et al. estudaram a presença e a funcionalidade deste tipo de comunicação celular em macrófagos peritoneais de camundongos e células de linhagem macrofágica J774-A1. De acordo com os dados obtidos tanto os macrófagos quanto as células J774-A1 expressavam conexina43, porém ao serem realizados experimentos de injeção de corantes não foi observada a passagem de corante para as células adjacentes. Com o uso de técnicas de eletrofisiologia também não foi detectada a passagem de corrente entre as células. Este trabalho concluiu que a proteína do complexo juncional estava presente, mas caso estivesse formando um canal, este não seria funcional. Entretanto, em 1998 dados divergentes surgiram quando Martin et al. demonstraram que linhagens macrofágicas P388D1 e J774-A1, quando cocultivadas com células epiteliais intestinais, se apresentavam acopladas entre si ou com as próprias células epiteliais, sugerindo que alguns fatores desta cocultura poderiam determinar a formação de junções comunicantes funcionais. Em concordância com os dados acima mencionados, Saéz et al. (2000), utilizando a linhagem macrofágica J774-A1 observaram o acoplamento celular através de injeção de corantes. No entanto, este efeito só foi observado após um tratamento prévio com um meio de cultura condicionado, sugerindo que este meio, obtido da cultura de células endoteliais da microcirculação de cérebro de rato, deveria conter fatores que modulariam a comunicação juncional em macrófagos. No ano seguinte, Eugenín et al (2001), através das técnicas de western blot, imunofluorescência e injeção intracelular de corantes, demonstraram que culturas de microglia advinda de cérebros de ratos apresentavam junções comunicantes funcionais, apenas quando estas culturas eram incubadas com interferon- + TNF- (Fator de Necrose Tumoral - ) e interferon- + lipopolissacarídeo (LPS). Recentemente, Fortes (2002) demonstrou através de ensaios de RTPCR, western blot, imunofluorescência e injeção de corantes, que células da linhagem macrofágica J774-G8 e macrófagos peritoneais advindos de camundongos suíços expressam junções comunicantes funcionais formadas pela proteína conexina43, sem a necessidade de qualquer tratamento com citocinas. No entanto, Eugenín et al. (2003) observaram que monócitos/macrófagos oriundos do sangue de humano, apresentam junções comunicantes funcionais após 24 horas de incubações com interferon- + TNF- e interferon- + lipopolissacarídeo (LPS), igualmente aos dados encontrados por este mesmo grupo em experimentos semelhantes com microglia, em 2001. Entretanto, podemos inferir que estes dados conflitantes demonstrados até o presente momento podem estar relacionados ao fato dos macrófagos utilizados nos experimentos de diferentes grupos de pesquisa terem sido obtidos de fontes diferentes (peritôneo, sangue, cérebro). 4- JUNÇÕES COMUNICANTES X PORO INDUZIDO POR ATP: Uma possível correlação em Macrófagos? O ATP extracelular induz alterações fisiológicas em diversos tecidos, levando a despolarização e ao aumento da permeabilidade da membrana plasmática em diferentes tipos celulares incluindo mastócitos, hepatócitos, células mono e polinucleares e linhagens celulares transformadas (Dahlquist & Diamant, 1974; Gomperts, 1985; Charest et al., 1985; Becker & Henson, 1974; Weisman et al., 1984; Dubyak & De Young, 1985). Os mecanismos moleculares pelos quais o ATP extracelular causa esta alteração na permeabilidade estão associados a receptores para purinas P2 (Fredholm et al., 1997), ligados à canais iônicos (Burnstock, 1998), como observado anteriormente. No final da década de 80, Steinberg et al. (1987-a) realizaram ensaios de permeabilização em macrófagos de camundongos e células de linhagem macrofágica J774. Quando as células foram expostas a concentrações maiores que 100M de ATP4-, se observou que a membrana plasmática das mesmas se tornava permeável a moléculas de até 900 Daltons. No entanto, algumas células não eram responsivas ao tratamento com ATP o que permitiu o estabelecimento de uma linhagem J774 variante, ATP-resistente (Steinberg et al. 1987-a). No início dos anos 90, com objetivo de elucidar que estrutura poderia vir a ser este poro induzido por ATP e quais seriam suas funções, alguns grupos começaram a traçar correlações entre estes poros e as conexinas, que além de formar as junções comunicantes podem formar hemicanais na membrana plasmática (Jiang & Gu, 2005). Em 1991, Beyer & Steinberg, que haviam demonstrado a expressão de mRNA e a presença da proteína Cx43 tanto na linhagem celular macrofágica selvagem (J774), quanto em macrófagos de camundongos, não detectaram Cx43 na linhagem macrofágica variante (ATPR clone B2) caracterizada pela resistência a exposição prolongada ao ATP. Baseados nestes dados, e nas semelhanças de propriedades seletivas de ambos os canais (ambos permitem a passsagem de moléculas de 900Da), esses autores concluíram que a Cx43 seria a proteína que forma os poros na membrana plasmática em resposta ao ATP extracelular, e que além disso, poderia funcionar como um receptor suicida em macrófagos e células J774, fato este também demonstrado por três grupos independentes que mostraram evidências de que o ATP pode agir como mediador da morte celular programada (Zanovello et al., 1990; Filippini et al., 1990; Zheing et al., 1991). Com o objetivo de aprofundar estes resultados, em 1993, este mesmo grupo demonstrou a ausência de Cx43 por “Northen blot” nos clones B2, D5 e G6 da linhagem ATPR sob as mesmas condições, e a presença de RNA para Cx43 na linhagem J774 selvagem. Por “Western blot”, utilizando ensaios com fosfatase alcalina, foi sugerido que os macrófagos apresentavam uma forma não fosforilada da Cx43 e por isto não funcional (Musil et al., 1990). Entretanto camundongos Alves et “knockout” al. para (1996), ao conexina43 utilizarem em macrófagos experimentos de de permeabilização, observaram que o corante do meio extracelular entrava nas células quando estas eram expostas ao ATP, afastando a hipótese de que o hemicanal formado pela Cx43 seria um poro sensível ao ATP. No ano seguinte, tendo como meta principal investigar a função do receptor P2X7, Chiozzi et al.(1997) produziram linhagens de células macrofágicas J774 que expressavam altos ou baixos níveis deste receptor. Através de experimentos de permeabilização, utilizando concentrações de 3 mM de ATP, e de “Western blot” o grupo demonstrou que vários clones para os tipos celulares desejados foram obtidos com sucesso. Interessantemente as células que apresentavam altos níveis do receptor realizavam contatos espontâneos de membrana plasmática, fusionando-se e em seguida formando células gigantes multinucleadas (MGCs), enquanto as células que apresentavam baixos níveis do receptor P2X7 não se fusionavam e estabeleciam poucos contatos de membrana. Ao utilizar a técnica de microscopia eletrônica de transmissão foram observados sítios com interações celulares entre as células com altos níveis de receptor P2X7, levando-os a concluir que estes receptores poderiam estar envolvidos com a comunicação intercelular, estabelecendo estruturas com formatos similares ao de junções comunicantes (Chiozzi et al.1997; Lemaire et al., 2006). Recentemente, alguns estudos vem demonstrando que a propagação de ondas de cálcio intercelular envolve interações entre as conexinas e os receptores P2 em vários tipos celulares. Particularmente em astrócitos, Scemes et al (2000) observaram que a modulação da comunicação juncional através do uso de citocinas ou modificações genéticas, altera a expressão de receptores do tipo P2. Outros trabalhos, utilizando células epiteliais de vias aéreas e células de Hensen também tem demonstrado a correlação entre estas duas estruturas (Homolya et al., 2000; Lagostena et al., 2001) Corroborando estes achados, Fortes (2002) observaram que células da linhagem macrofágica J774-G8 sem a expressão do receptor P2X7 (células denominadas J774 ATP-resistentes), não apresentavam junções comunicantes funcionais, devido a retenção citoplasmática da proteína Cx43, ausente na membrana plasmática destas células. II- OBJETIVOS OBJETIVOS Em função: (1) dos dados controversos na literatura a respeito da presença e da funcionalidade de junções comunicantes em macrófagos e células de linhagem macrofágica; (2) de uma possível correlação entre as conexinas e os receptores P2X7; e (3) da importância deste tipo celular na resposta imune, resolvemos investigar estas questões traçando como objetivos: 1) Aprofundar os estudos acerca da presença de junções comunicantes em macrófagos peritoneais e células de linhagem macrofágica J774-G8 (células controle e células ATP-resistentes). 2) Avaliar uma possível interação entre as junções comunicantes e os receptores P2. 3) Compreender as diferenças no acoplamento juncional entre as células de linhagem macrofágica J774-A1 e J774-G8. III- MATERIAIS & MÉTODOS 1- CULTURA DE CÉLULAS 1.1- CÉLULAS DA LINHAGEM J774 A linhagem de células macrofágicas J774-G8 controle (Unkeless et al, 1979), derivada da linhagem americana original J774-A1 obtida de camundongo (American Type Culture Collection - ATCC, Rockville, MD), foi cedida pelo Laboratório de Imunobiofísica (IBCCF – UFRJ). As células macrofágicas J774-A1 foram cedidas pelo Dr David C. Spray (Albert Einstein College of Medicine, Yeshiva University, NY, USA). As células foram plaqueadas, com uma densidade inicial de 1x106 células/ml, em garrafas de plástico de 25 cm2 (CORNING / USA), em lamínulas de vidro número 1 (Fisherbrand / Fisher Scientific) ou em placas de cultura de plástico de 35mm de diâmetro. As culturas foram crescidas em meio DMEM, suplementado com 10% de Soro Fetal Bovino (V/V) (GIBCO), penicilina 1000UI/ml e estreptomicina 100UI/ml e bicarbonato de sódio (2 g/L) (MERCK). As células foram mantidas à 370C em atmosfera úmida à 5% de CO2. 1.2- CÉLULAS DA LINHAGEM J774-G8 ATP RESISTENTES: A linhagem variante ATP-resistente de células J774 foi cedida pelo laboratório de Imunobiofísica (IBCCF-UFRJ). Para obtenção das células ATPresistentes foram utilizadas as células J774-G8 confluentes seguindo-se o seguinte protocolo: (1) as culturas de células J774-G8 foram expostas à ATP extracelular (SIGMA) (1mM) por 10 minutos, e em seguida lavadas e colocadas em um meio de cultura recém preparado (a lavagem e a troca de meio de cultura ocorreram em todos os experimentos seguintes); (2) 72 horas após, as células sobreviventes foram incubadas com 2mM de ATP por 10 minutos; (3) após 72 horas, as células sobreviventes foram incubadas com 4mM de ATP por 10 minutos; (4) após 72 horas, repetia-se a dose de 4mM de ATP agora durante 20 minutos; (5) passadas 72 horas foi repetida a dose de 4mM de ATP durante 30 minutos; (6) mais 72 horas eram aguardadas, e eram repetidas as incubações com 4mM sendo que agora dobrando o tempo de exposição (1hora de incubação). Depois destes passos as etapas 3, 4, 5 e 6 foram repetidas utilizando concentrações de 5mM e 10mM de ATP extracelular. A cultura foi mantida em 10mM de ATP. Os intervalos de 72 horas foram escolhidos para repetição das doses de ATP, pois são o limite de tempo para que esta célula comece a reverter o fenômeno de resistência, se mostrando susceptível a ação do ATP extracelular através do método de fluorescência com brometo de etídeo (SIGMA) (Permeabilização). O período necessário para obtenção das células com este fenótipo foi de 6 meses. Após este período foi obtida a linhagem macrofágica variante ATP-resistente, que não é permeabilizada e não morre em exposições à concentrações elevadas de ATP extracelular. A manutenção e o plaqueamento das células foi idêntico ao das células J774-G8 controle, sendo que o meio de cultura das células resistentes possuia 10mM de ATP. 1.3- MACRÓFAGOS PERITONEAIS As culturas foram preparadas a partir de macrófagos peritoneais de camundongos C57/Bl6 com aproximadamente 4 semanas de idade e tratados com injeções intraperitoneais de tioglicolato (28,8g/L) 72 horas antes do experimento. Após 72 horas, os camundongos foram anestesiados (éter), sacrificados por deslocamento cervical, e de seus peritôneos retirados os macrófagos em meio RPMI (SIGMA), sendo centrifugados à 450 g por 10 minutos. As células eram contadas em câmara de Neubauer (Hausser Scientific, Honshem, Pa. 19044), e plaqueadas com uma densidade inicial de 1x106 células/ml, em garrafas plástico de 25 cm2 (CORNING / USA), em lamínulas de vidro número 1 (Fisherbrand Fisher Scientific), ou em placas de cultura de plástico de 35mm de diâmetro. Passados 30 minutos de plaqueamento, as culturas eram lavadas e era colocado o meio de cultura RPMI suplementado com 10% de soro fetal bovino. Além dos animais selvagens, utilizamos animais “knockout” para o receptor purinérgico P2X7, e que foram cedidos pelo Laboratório de Imunobiofísica (IBCCF – UFRJ), que obtiveram estes animais dos laboratórios Pfizer (PFIZER / USA). Os métodos de obtenção e cultivo dos macrófagos peritoneais provenientes do animal “knockout” foram idênticos aos procedimentos utilizados acima com o animal normal (selvagem). 2- REAÇÃO EM CADEIA DE POLIMERASE (PCR) O mRNA total das células J774-G8, controle e ATP-resistentes, e dos macrófagos peritoneais, na concentração de 106 células/ml, foi extraído utilizando TRIZOL (GIBCO), seguindo o protocolo do fabricante. 5µg de RNA total foram utilizados para a síntese do cDNA. Aos 5µg de RNA total foi adicionado 1µl de Oligo dT primer e a mistura foi aquecida à 65°C por 10 minutos. Posteriormente, foram adicionados 1µl de dNTPs, 1µl de DTT, 1µl de água, 4µl de tampão e 1µl de Super Script e a mistura mantida à 37°C por uma hora. Após completar uma hora, foram adicionados 80µl de água fria. O PCR foi realizado colocando-se 2,5µl do cDNA , 2,5µl de tampão (MgCl2 15 mM), 2,5µl de primer (2µM), 16,5µl de água, 0,5µl de dNTPs, 1µl de Taq Polimerase (0,5 U/µl). A amplificação foi feita através de 40 ciclos, onde cada ciclo foi constituído das seguintes etapas: a mistura foi aquecida à 94°C por 30 segundos, 58°C por 60 segundos e 72°C por 90 segundos durante cada ciclo, sendo que o ciclo final foi de 7 min à 72°C. Nas reações de PCR foram utilizados “primers” específicos para conexina 43 (sense: 5’-ATCCAGTGGTACATCTATGG-3’; antisense: 5’-CTGCTGGCTCTGCTGGAAGG-3’), e para o controle positivo GAPDH (sense, 5’-CTTGTCATCAATGGGAAG-3’; antisense, 5’-GTCATGGATGACCTTGGCCG-3’). Os controles negativos, utilizando as amostras e água nas reações, não apresentaram amplificação. Os produtos de PCR foram separados por eletroforese em gel de agarose (2%), revelados com brometo de etídeo e observados em um transiluminador (PHARMACIA). 3- MICROARRANJO DE DNA (MICROARRAY) Amostras de RNA extraídas de células da linhagem macrofágica J774A1 e J774-G8 foram comparadas e analisadas por hibridização com lâminas contendo 26.000 pontos (poços), detentores cada um de sequências de cDNA de camundongo. As lâminas ou “chips”, como também são chamadas, foram produzidas pelo Centro de “Microarrays” do Albert Einstein College of Medicine (para mais informações técnicas: http://129.98.70.229). O RNA das células foi extraído como descrito acima. Foram utilizados 4 grupos de cada tipo celular, sendo as células J774-A1 nomeadas em: A1, A2, A3 e A4; e as células J774-G8 nomeadas em: C1, C2, C3 e C4, para que se assegurasse a relevância estatística. Para cada grupo de células J774-A1 ou J774-G8, 60µg de RNA foram transcritos reversamente em cDNA, utilizando dUTPs fluorescentes (Cy3-dUTP (vermelho; r “red”) or Cy5-dUTP(verde; g “green”) ). Foram hibridizadas 4 lâminas de “microarray” utilizando a seguinte combinação: A1(r)C1(g), A2(r)C2(g), A3(r)C3(g), A4(r)C4(g) (desenho experimental no formato “referência simples”). Os cDNAs marcados foram hibridizados por 12 horas à 50°C. Após a hibridização, as lâminas foram lavadas à temperatura ambiente com soluções contendo 0,1% de SDS (Sodium Dodecyl Sulfate) e 1% de SSC (3M de Cloreto de Sódio + 0,3M de Citrato de Sódio), para remover os cDNAs que não foram hibridizados. Após esta etapa, as lâminas foram escaneadas utilizando as mesmas voltagens em aceleração em dois canais distintos: 760V (r) e 670V (g). As images foram adquiridas e analisadas inicialmente pelo programa GenePix Pro 4.1. Os resultados foram normalizados com o desenvolvimento de algorítimos. Sinais advindos de imperfeições nos poços com os cDNAs, de saturação de luz ou de ruídos, foram eliminados da análise sendo utilizados poços que apresentavam sinais perfeitos apenas nos dois canais de vermelho ou verde para que pudesse ser mantido um nível uniforme de significância. A normalização entre as lâminas foi determinada pela razão entre a intensidade de fluorescência corrigida de cada poço válido e a média entre da intensidade de fluorescência de todos os poços válidos das células J774-A1 (A1, A2, A3 e A4) e das células J774-G8 (C1, C2, C3 e C4). A expressão da razão de um gene de uma célula J774-G8 comparado com um gene presente na célula J774-A1 foi computada através da média geométrica da razão da fluorescência normalizada detectada por cada canal de todos os poços marcados com o mesmo gene. O valor de P das razões de intensidade de fluorescência nas comparações entre amostras das células J774-G8 e das células J774-A1 foi obtido através do test-t Student, utilizando as médias das duas distribuições. A instrigência máxima para análise considerada estatisticamente significante foi de P < 0.05. Figura 8 - Micrografia de um lote de poços (pontos) de uma das lâminas, ou “chips”, utilizada no experimento de microarray (microarranjo) utilizando as células J774-G8 Controle e as células J774-A1. Os pontos coloridos indicam os poços com genes que hibridizaram com os cDNAs das células. 4- DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE PROTEÍNA A concentração de proteína foi determinada pelo método de Bradford (1976), que detecta concentrações da ordem de g/ml de proteína. Cinco mililitros de reagente de Bradford, composto por Comassie Brilliant Blue G-250 10% (P/V), etanol 5%, ácido fosfórico 10% e água, foram adicionados a amostra a ser dosada. As alíquotas foram homogeinizadas e comparadas a uma curva padrão obtida com albumina bovina sérica (1mg/ml). As leituras da densidade ótica foram realizadas em comprimento de onda () de 595nm em espectrofotômetro (INCIBRÁS UV –1201, São Paulo). 5- IMUNOELETROTRANSFERÊNCIA As células estudadas pela técnica de transferência imunoeletroforética ou “Western Blot” foram lavadas e raspadas em uma solução de bicarbonato de sódio, pH: 8.3, contendo PMSF (Phenyl Methyl Sulfonyl Fluoride) (SIGMA), na concentração de 1 mM, e armazenadas em um coquetel de inibidores de proteases (Inibidores de protease: PMSF – 50 mM em etanol; Leupeptina - 5 mg/ml; EDTA - 200 mM; Aprotinina – 10 mg/ml; E-64 – 1 mM; Pepstatina – 1 mg/ml; Antipaina – 10 mM; 0-fenantrolina – 200 mM). . Após a raspagem as células foram centrifugadas a 10000 g durante 10 minutos em uma centrífuga EPPENDORF (modelo 5415C, Netheler, Hinz Gmbh). Os sobrenadantes foram descartados e o material precipitado foi ressuspenso na mesma solução, sendo em seguida sonicado por 5 minutos (Branson Sonifier 450, BRANSON ULTRASONICS CORPORATION) e congelado à -20oC. A separação das proteínas presentes em macrófagos e células J774 (controle e ATP-resistentes) foi feita através da técnica de eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (SDS-PAGE) (Laemmli, 1970). Os géis foram preparados em duplicatas, em placas de 1.5mm de espessura. O gel de empacotamento (stacking gel) foi feito numa concentração à 4% e o gel de corrida (running gel) foi feito numa concentração à 10% em todos os tipos celulares estudados. As amostras foram solubilizadas em tampão de amostra (Tris-Cl, 125 mM; SDS, 4%; glicerol, 20%; β-mercaptoetanol, 10%; azul de bromofenol, 0,4%; pH 6,8) e mantida à temperatura ambiente por cerca de 60 minutos antes de sua aplicação no gel. A corrida eletroforética foi realizada à voltagem constante de 100 mV por 2 horas. Após a corrida um dos géis foi corado com Coomassie Blue R 0.3% (P/V), por 30 minutos, e descorado com metanol 40% (V/V). A duplicata do gel foi utilizada na transferência para a detecção da proteína de interesse por “imunoblot”. Após a corrida eletroforética o gel foi colocado em contato com um papel de nitrocelulose em solução tampão (Tris-OH, 25mM; glicina, 192mM; metanol, 20%; pH 8,3) e a transferência realizada sob uma corrente constante de 300 mA por 2 horas (sistema BIO-RAD). Após a transferência o gel foi corado para se avaliar o grau de transferência e a nitrocelulose foi incubada em tampão TBS (Tris Buffer Saline) contendo leite em pó desnatado MolicoR à 5%, e Tween 20 à 0.5% por 1 hora, seguindo-se de lavagens com TBS contendo Tween 20 à 0.5% (TBS-T) por 3 vezes durante 10 minutos por vez. Em seguida a nitrocelulose foi incubada por 2 horas com anticorpo policlonal produzido em coelho imunizado com peptídeo sintético correspondente a sequência de aminoácidos 346-360 da região carboxi-terminal da conexina43, cedido pelo Dr Elliot Hertzberg (Albert Einstein College of Medicine, New York, USA), diluído na proporção de 1:1000 em TBS contendo leite em pó desnatado Molico R à 3%. Após a incubação a nitrocelulose foi lavada com TBS-T como descrito anteriormente, sendo logo depois a nitrocelulose incubada com anticorpo secundário ligado à fosfatase alcalina (SIGMA), por 1 hora. Após nova lavagem com TBS-T, a nitrocelulose foi incubada com uma solução de revelação (solução alcalina, BCI-P e NBT) até que ocorresse a revelação, em torno de 20 minutos. Um papel de nitrocelulose contendo amostras idênticas as utilizadas no experimento anterior foi incubado em tampão TBS (Tris Buffer Saline) contendo leite em pó desnatado MolicoR à 5%, e Tween 20 à 0.5% por 1 hora, seguindose de lavagens com TBS contendo Tween 20 à 0.5% (TBS-T) por 3 vezes durante 10 minutos cada. Em seguida, a nitrocelulose foi incubada por 2 horas com anticorpo policlonal produzido em coelho contra a proteína P2X7 em diluição 1:300 (ALOMONE LABS, Jerusalém, Israel). Após esta etapa, o procedimento seguiu a metodologia descrita anteriormente. 6- CO-IMUNOPRECIPITAÇÃO Os macrófagos peritoneais, as células da linhagem macrofágica J774G8 e as células da linhagem macrofágica J774-A1 foram cultivadas como descrito anteriormente. Após o cultivo as células foram tripsinizadas, coletadas e centrífugadas à 1500 g por 5 minutos. Após está etapa, as células foram lavadas por 3 vezes com PBS, e lisadas com um coquetel contendo substâncias que provocam a lise celular (tampão de lise: NaCl – 150 mM; EDTA - 5 mM; NaF – 50 mM; Nonidet P40 – 1%; Tris-HCl – 50 mM; SDS – 0,1%) e a inibição de proteases celulares (Inibidores de protease: PMSF – 50 mM em etanol; Leupeptina - 5 mg/ml; EDTA - 200 mM; Aprotinina – 10 mg/ml; E-64 – 1 mM; Pepstatina – 1 mg/ml; Antipaina – 10 mM; 0-fenantrolina – 200 mM). As amostras foram armazenadas a -20oC para evitar a degradação. Após este passo, o extrato protéico foi dosado pelo método de Bradford, já descrito anteriormente. Paralelamente, 50µl da resina constituída de proteína G com agarose (SIGMA), utilizada na co-imunoprecipitação, foi pré-incubada com 5µg do anticorpo monoclonal anti-conexina 43 (CHEMICON INTERNATIONAL, USA) diluído em TBS-T durante à noite a -4 oC, sob agitação constante. Antes da incubação a proteína G foi lavada com TBS-T por 3 vezes. Após a incubação, o conteúdo dos tubos com proteína G e anticorpos foi centrifugado a 10.000 g por 10 segundos e o sobrenadante foi desprezado. O pellet contendo a resina e o anticorpo foi acrescido de 1 ml de tampão (TBS-T) e lavado por mais 3 vezes, em centrifugações com velocidade e tempo iguais aos anteriores. Após a última lavagem, incubamos 100µg da amostra contendo macrófagos peritoneais, células J774-G8 e células J774-A1 com a solução contendo a proteína G e o anticorpo monoclonal anti-Cx43 (Chemicon International, USA), por 4 horas a -4 oC agitando periodicamente. Após a incubação, a solução contendo a amostra celular, a proteína G e o anticorpo foi lavada por 3 vezes com TBS-T, utilizando centrifugações de10.000 g por 10 segundos. Após a última lavagem, o “pellet” contendo restante da última lavagem foi solubilizado em tampão de amostra 1x concentrado, e fervido por 5 minutos. Após a fervura, o conteúdo do tubo foi mais uma vez centrifugado a 10.000 g por 10 segundos, e o sobrenadante contendo apenas a proteína G foi desprezado, com o “pellet” sendo ressuspendido mais uma vez em tampão de amostra 1x concentrado. Após esta etapa, foi feita a transferência imunoeletroforética como descrito no tópico anterior, em que a nitrocelulose contendo as proteínas foi incubada por 2 horas com anticorpo policlonal produzido em coelho contra a proteína P2X7 em diluição 1:300 (ALOMONE LABS, Jerusalém, Israel). Após a incubação a nitrocelulose foi lavada com TBS-T como descrito anteriormente, sendo logo depois a nitrocelulose incubada com anticorpo secundário ligado à fosfatase alcalina (SIGMA), por 1 hora. Após nova lavagem com TBS-T, a nitrocelulose foi incubada com uma solução de revelação (solução alcalina, BCI-P e NBT) até que ocorresse a revelação, em torno de 20 minutos. 7- IMUNOFLUORESCÊNCIA As células foram fixadas com etanol à 70%, durante 20 minutos à -20oC. Após esta etapa, as células foram lavadas com PBS-TRITON X-100R em uma concentração de 0,3%, 3 vezes durante 30 minutos, e logo em seguida incubadas com albumina sérica bovina (BSA-Bovine Serum Albumin, SIGMA) isenta de imunoglobulinas, diluída em PBS à 2% por 30 minutos. Após o bloqueio as células foram incubadas com o anticorpo policlonal anti-Cx43 descrito na seção de transferência imunoeletroforética, em uma diluição de 1:1000. Após a incubação, as células foram lavadas com PBS, 3 vezes por 30 minutos, e incubadas com anticorpo secundário conjugado com isotiocianato de fluoresceína na diluição de 1:400 (SIGMA). Após a lavagem com PBS, como descrito anteriormente, as lâminulas foram montadas sobre lâminas que continham uma solução à 1% de PPD (p-Phenylene Diamine, SIGMA), em glicerol à 90% e PBS à 10%, para que não ocorresse o decaimento da fluorescência. Nos macrófagos peritoneais também foram utilizados anticorpos primários MAC-1 contra integrinas presentes nas membranas de macrófagos, buscando avaliar o enriquecimento das culturas primárias de macrófagos peritoneais, sendo as etapas de execução do experimento idênticas as anteriores, onde foi desnecessária a incubação com o anticorpo secundário, pois o anticorpo primário está conjugado com isotiocianato de fluoresceína. As marcações nas lâminas foram observadas em um microscópio de epifluorescência AXIOVERT 100 Carl ZEISS (Photo microscope), excitadas com iluminação por lâmpada de mercúrio de alta pressão, HBO 50W, ( = 490nm) sendo a emissão monitorada utilizando um conjunto de filtros de emissão para fluorescência de fluoresceína ( = 525nm). A especificidade da imunoreatividade foi avaliada na ausência do anticorpo primário. Em um outro conjunto de experimentos, os macrófagos peritoneais, as células J774-G8, células J774-A1 e os macrófagos peritoneais dos animais knockout para o P2X7 foram duplamente marcadas com o anticorpo monoclonal anti-Cx43 em uma diluição de 1:200 (Chemicon International, USA), e com o anticorpo policlonal anti-P2X7 em diluição 1:300 (ALOMONE LABS, Jerusalém, Israel). Um anticorpo secundário anti-camundongo conjugado com isotiocianato de fluoresceína em diluição de 1:400 (SIGMA) e um anticorpo secundário anticoelho conjugado com Cy3 diluído 1:800 (JACKSON LAB, West Grove, PA) formam utilizados para marcar respectivamente os anticorpos para Cx43 e P2X7. O núcleo das células foram marcados com TOPRO3 (1:1000; MOLECULAR PROBES, USA). Os experimentos foram submetidos à observação, e análise simples ou de secções no plano Z (reconstrução tridimensional) utilizando o microscópio confocal LSM 510 Meta (Carl ZEISS, Oberkochen, Germany). A especificidade das imunomarcações foram avaliadas utilizando o mesmo protocolo acima, substituindo os anticorpos primários nas incubações por soluções de PBS com albumina sérica bovina à 0,1%. Nenhuma marcação foi observada nestas condições. 8- INJEÇÃO DE CORANTE A permeabilidade das junções comunicantes para moléculas de baixo peso molecular (até 1 KDa) foi avaliada quantitativa e qualitativamente através de microinjeção intracelular nas culturas de células com o corante Lucifer Yellow CH (PM: 457.2 Da, SIGMA) por meio de pulsos de corrente hiperpolarizante aplicados a microeletródios com resitência em torno de 5 MΩ, contendo solução à 5% (P/V) de Lucifer Yellow CH em 150 mM de LiCl (Cloreto de Lítio), e com o corante Rodamina Dextran (PM: 40 KDa, SIGMA), na concentração de 2,5% (P/V) em150 mM de LiCl (Cloreto de Lítio). Os dois corantes estavam presentes no mesmo microeletródio. Os campos injetados foram fotografados com uma máquina fotográfica digital Magnafire, em exposição automática para campo claro, e exposição de 20 segundos para os campos com fluorescência, 1 minuto e 30 segundos após a injeção intracelular de corante. Os experimentos eram feitos em placas de Petri de 35mm, sendo estas utilizadas por um tempo máximo de 60 minutos. As células foram observadas em um microscópio de epifluorescência AXIOVERT 100 Carl ZEISS (Photo microscope), excitadas com iluminação por lâmpada de mercúrio de alta pressão, HBO 50W, (λ = 490nm) sendo a emissão monitorada utilizando um conjunto de filtros de emissão para fluorescência de fluoresceína (λ = 525nm) e de rodamina (λ = 580nm). IV- RESULTADOS 1- INJEÇÃO DE CORANTES Afim de aprofundar os estudos sobre o acoplamento intercelular através de junções comunicantes em células macrofágicas, realizamos inicialmente experimentos de injeções de corante em culturas primárias de macrófagos obtidos de lavados peritoneais de camundongos elicitados com tioglicolato. Este ensaio permite testar a funcionalidade das junções comunicantes através de injeções intracelulares de moléculas fluorescentes de baixo peso molecular. Especificamente em nosso estudo injetamos o corante “Lucifer Yellow” (peso molecular: 457.2 Da) tanto em culturas de macrófagos peritoneais controle, quanto em culturas tratadas com octanol (concentração de 1mM/l), um bloqueador inespecífico de junções comunicantes. A figura 9 ilustra injeções de corante realizadas em macrófagos peritoneais controle e tratados com octanol. Os macrófagos controle, de acordo com a figura 9 A e B encontram-se acoplados (3 células acopladas à célula injetada), enquanto que as células tratadas com o bloqueador juncional apresentam uma diminuição drástica dos níveis de acoplamento como representado na figura 9 C e D (4 células desacopladas em um mesmo campo). A figura 9 E demonstra a análise quantitativa das injeções de corante através de histogramas de graus de acoplamento. Como podemos observar nestes gráficos, 70% dos macrófagos peritoneais estavam acoplados a um número de células vizinhas que variou de 1 à 7 macrófagos acoplados ao macrófago injetado. Visando confirmar o resultado de acoplamento nos macrófagos peritoneais através de junções comunicantes, a mesma cultura utilizada nos experimentos representados na figura 1 foi injetada com uma solução que continha tanto o corante Lucifer Yellow quanto o corante Rodamina Dextran. Este último não permea pelas junções comunicantes devido seu elevado peso molecular (40.000 Da). Nossos resultados da figura 10 A e B mostram que a Rodamina em vermelho ficou restrita ao citoplasma da célula injetada confirmando que o espalhamento de corante nos macrófagos peritoneais ocorreu via junções comunicantes. Para investigar mais detalhadamente os estudos sobre o acoplamento juncional em macrófagos, analisamos tais eventos em 2 linhagens macrofágicas estabelecidas. Em consonância com a literatura (Alves et al, 1996), nas células da linhagem macrofágica J774-A1 observamos o corante confinado às células injetadas, como demonstrado na figura 11 A e B. Em 11 C a análise quantitativa mostra que a maioria absoluta das células estavam desacopladas, enquanto que apenas 5% das células estavam acopladas à 1 célula vizinha. Apesar de ser uma linhagem macrofágica, tais células não possuem o comportamento de acoplamento observado nos macrófagos peritoneais. Entretanto, ao realizar estes experimentos funcionais em células da linhagem macrofágica J774-G8 (uma linhagem derivada das células J774-A1), observamos um alto grau de acoplamento celular como demonstrado pela figura 12 A e B (3 células acopladas à célula injetada). Os gráficos da figura 12 E reafirmaram as micrografias, onde 84% das células J774-G8 controle estavam acopladas às células vizinhas. Apesar de comportamentos de acoplamento juncional distintos, tanto os macrófagos peritoneais quanto as linhagens celulares J774-A1 e J774-G8 apresentam o fenômeno de permeabilização celular por ATP extracelular (Steinberg et al, 1987). Com base nestas características funcionais, avaliamos se a ausência da capacidade de permeabilização poderia influenciar o acoplamento juncional através de junções comunicantes. Para tanto selecionamos uma linhagem ATP-resistente a partir das células J774-G8, após a exposição prolongada desta linhagem G8 ao ATP extracelular. As células que resistiam a exposição elevada ao ATP (concentrações finais de 10mM de ATP) eram cultivadas e a comunicação juncional também era avaliada através da injeção intracelular do corante Lucifer Yellow. Os resultados funcionais nos demonstraram uma queda abrupta da comunicação celular através de junções comunicantes (figura 12 C e D) (6 células desacopladas em um mesmo campo). O histograma representado na figura 12 E demonstra este resultado, em que apenas 9% das células estavam acopladas à 1 única célula adjacente. Estes resultados demonstram que se por um lado as células que permeabilizam após a exposição ao ATP tem comunicação juncional funcional, por outro lado as células que sobreviveram à este tratamento não exibem comunicação juncional funcional sugerindo uma possível interação entre as proteínas envolvidas na formação do canal juncional (conexinas) e receptores que respondem ao ATP extracelular (receptores purinégicos). Portanto, diante destes resultados que sugeriram uma possível interação entre as conexinas e os receptores purinérgicos, aplicamos as mesmas técnicas de injeção intracelular de corantes em culturas primárias de macrófagos peritoneais obtidas de camundongos “knockout” para o receptor purinérgico P2X7. Vale ressaltar, que as células destes animais não sofreram o fenômeno de permeabilização ao serem expostas ao ATP extracelular. Reafirmando nossos achados e a hipótese da interação proteica entre conexinas e receptores purinégicos, observamos que o corante fluorescente injetado no macrófago peritoneal “knockout” permaneceu confinado no interior desta célula, não permeando para as células adjacentes como demonstrado anteriormente em macrófagos peritoneais de animais controle (figura 13 A e B). Quando comparamos numericamente estes dois grupos experimentais, observamos uma diferença abrupta no total de células injetadas que estavam funcionalmente acopladas às células adjacentes, o que é claramente demonstrado na figura 13 C, em que praticamente 100% das células estão desacopladas. As diferenças no grau de acoplamento entre os macrófagos peritoneais, células J774-A1, células J774-G8 controle, células J774-G8 ATP-resistentes e macrófagos peritoneais provenientes de camundongos “knockout” para o receptor P2X7 foram avaliadas utilizando o teste qui-quadrado (χ2). O acoplamento dos grupos de células J774-A1 e J774-G8 ATP-resistentes estavam significantemente reduzidos em relação aos grupos de macrófagos peritoneais e de células J774-G8 controle (p<0,01 pelo teste χ2). Para testar se o ATP poderia provocar alguma alteração funcional no acoplamento a curto prazo (15 minutos), as células J774-G8 controle foram incubadas com concentrações crescentes de ATP extracelular (10µM, 100µM e 500µM). As células não sofreram permeabilização neste tempo o que não afetou o acoplamento juncional. O gráfico da figura 14 demonstrou que não houve alteração significativa no grau de acoplamento em relação as células controle, onde em torno de 94% das células estão acopladas a um número que varia entre 1 e 7 células adjacentes. 2- PCR (Polimerase Chain Reaction) Para verificar se as células acopladas expressavam a proteína conexina, realizamos RT-PCRs utilizando primers para a conexina43. Além disso, analisamos a expressão desta mesma conexina na linhagem que não apresentava acoplamento juncional (células J774-G8 ATP resistentes). Observamos que tanto nos macrófagos peritoneais e nas células J774G8 controle, quanto nas células ATP-resistentes (figura 15 A), havia expressão para Cx43. Além disso, podemos constatar que o nível de mensagem era semelhante em todos os tipos celulares analisados neste experimento, ao observar o histograma representando a densitometria realizada através da análise das bandas de mensagem em todas as células (figura 15 B). Estes resultados demonstram que existe mensagem para Cx43 independentemente da presença (macrófagos peritoneais e células J774-G8 controle) ou ausência (células J774-G8 ATP resistentes) de acoplamento juncional. 3- TRANSFERÊNCIA IMUNOELETROFORÉTICA “WESTERN BLOT” Para verificar se a mensagem observada era traduzida em proteína analisamos a expressão da conexina43 nos tipos celulares estudados, visto que estes apresentavam diferenças funcionais, a despeito de expressarem mensagem para Cx43. Para tanto, foram feitos “imunoblottings de extratos celulares de macrófagos peritoneais, células J774-G8 controle e ATPresistentes. Em cada pista do gel de SDS-PAGE à 10% colocamos quantidades iguais (100µg) de proteína total dos extratos das células estudadas. Observamos que todos os tipos celulares estudados expressam a Cx43, como destacado na figura 16 A. Sendo assim, avaliamos a presença do receptor purinérgico P2X7 em macrófagos peritoneais e células J774-G8 controle e ATP-resistentes, já que este receptor é responsável pelo fenômeno de permeabilização por ATP e poderia estar envolvido na modulação do canal juncional. A figura 16 B monstra que as células que sofrem permeabilização (macrófagos peritoneais e em células J774-G8 controle) expressam a proteína P2X7, enquanto que as células que não são permeabilizadas pelo ATP extracelular (células ATP-resistentes) não expressam esta proteína. Todos os resultados obtidos nos levaram a formular a hipótese de que a ausência do receptor P2X7 poderia estar modulando negativamente a comunicação juncional. 4- IMUNOFLUORESCÊNCIA Inicialmente, visando demonstrar o grau de pureza das culturas primárias de macrófagos peritoneais utilizadas nos experimentos de “RT-PCR”, “Western blot”, injeção de corante e imunofluorescência, foram feitos ensaios de imunofluorescência utilizando marcadores específicos para uma integrina de macrófagos, o MAC-1 (CD11bCD18). Os resultados da figura 17, indicam que as culturas utilizadas para realizar os experimentos apresentavam uma grande quantidade de macrófagos, em torno de 95%, e uma reduzida quantidade de outros tipos celulares, garantindo controles confiáveis principalmente para os ensaios de injeções de corante, em que uma única célula é injetada por vez. Para melhor entender por que apesar de expressar a proteína Cx43 as células ATP-resistentes não estavam acopladas, fomos investigar a distribuição desta proteína nas células J774-G8, controle e ATP-resistentes, através de experimentos de imunofluorescência. Como ilustrado na figura 18, a localização da Cx43 nas células J774-G8 controle (B) encontra-se essencialmente na membrana citoplasmática, diferentemente das células J774-G8 ATP-resistentes, na qual a imunoreatividade está presente majoritariamente no citoplasma da célula (D). Estes resultados são compatíveis com a sensível diferença de grau de acoplamento entre as células controle e as células ATP-resistentes, atestada nos experimentos de injeção de corantes. A constatação de que a linhagem resistente ao ATP não possui o receptor P2X7 e apresenta uma redistribuição da Cx43 para compartimentos intracelulares quando comparada com a linhagem J774-G8 controle nos levou a investigar uma possível interação entre estas duas proteínas. Para tanto, foram analisadas lâminas com dupla marcação utilizando a técnica de microscopia confocal. Na figura 19 podemos observar que as duas proteínas encontram-se na região da membrana plasmática das células J774G8 controle (A e B). Na figura 19 C podemos observar os núcleos das células analisadas em A e B marcados pelo corante nuclear TOPRO-3. Ao reconstruir tridimensionalmente o mesmo campo observado anteriormente na figura 11, notamos que as duas proteínas ocupam o mesmo volume confocal apresentando a fluorescência amarela, resultado do somatório colorimétrico das cores verde da Cx43 e vermelha do receptor purinérgico (figura 20 A , B e C). Para verificar se este resultado estava relacionado apenas à linhagem celular J774-G8, foi realizado o mesmo experimento com macrófagos peritoneais. As figuras 21 e 22 ilustram o mesmo resultado encontrado na linhagem celular anteriormente descrita não só na análise em separado dos campos fotografados, em que as proteínas estão localizadas na membrana celular, como também na reconstrução tridimensional, em que estão colocalizadas. Na figura 21 C podemos observar os núcleos das células analisadas na figura 21 A e B marcados pelo corante nuclear TOPRO-3. Visando elucidar os resultados de injeção de corantes encontrados nas células J774-A1 descritos inicialmente, e que muito se assemelhavam com os resultados de acoplamento celular em células J774-G8 ATP-resistentes, submetemos as células J774-A1 à marcação com os anticorpos anti-Cx43 e anti- P2X7, e posterior análise através da microscopia confocal. De acordo com os resultados, as células J774-A1 apresentavam a marcação para o receptor P2X7 na membrana plasmática (figura 22 B), entretanto a marcação para Cx43 estava internalizada, retida na região perinuclear (figura 22 A). A figura 22 C ilustra os núcleos das células das figuras 22 A e B marcados pelo corante TOPRO-3. Na figura 23 (A, B e C), ao observarmos a reconstrução tridimensional da figura anterior, notamos não só a retenção da Cx43 no citossol, como também a ausência de co-localização das proteínas estudadas. Até o presente momento, as nossas evidências nas células J774-G8 ATP-resistentes nos indicavam uma possível regulação negativa no acoplamento juncional, quando o receptor P2X7 estava ausente da membrana. Por outro lado, os resultados obtidos com as células na linhagem de células J774-A1 não sustentavam esta hipótese já que o receptor P2X 7 estava na membrana plasmática, enquanto a Cx43 estava internalizada desta célula. No entanto, a linhagem celular estabelecida pode por vezes não refletir o comportamento funcional da cultura de células primária. Portanto, este entendimento nos levou a investigar a distribuição da Cx43 nos macrófagos peritoneais provenientes de camundongos “knockout” para o receptor P2X7, ainda utilizando a técnica de microscopia confocal. Com base nos resultados obtidos, observamos que a proteína Cx43 estava internalizada nos macrófagos peritoneais de camundongos “knockout” para o receptor P2X7 (figura 24 A), o que justifica os resultados funcionais encontrados anteriormente, que indicavam uma sensível diminuição do acoplamento juncional entre estas células. Além disso, reafirmamos a hipótese de interação proteica entre as duas proteínas em questão, tendo em vista que estas células não expressam o receptor P2X7, como podemos observar na figura 24 B. A figura 24 C representa os núcleos das células representadas nas figuras 24 A e B marcados com o corante nuclear TOPRO-3. Na figura 25 (A, B e C), ao observarmos a reconstrução tridimensional da figura anterior, notamos não só a retenção da Cx43 no citossol, como também a ausência do receptor P2X7 da membrana plasmática celular e do citossol celular. 5- IMUNOPRECIPITAÇÃO Para consolidar os resultados obtidos nos experimentos de microscopia confocal, em que as duas proteínas Cx43 e P2X7 estavam co-localizadas em células J774-G8 controle e macrófagos peritoneais, foram desenvolvidos experimentos de co-imunoprecipitação para avaliar se além de estarem em um mesmo volume confocal, tais proteínas poderiam estar interagindo de forma direta molecularmente. A figura 26 (A e B) demonstrou a interação das duas moléculas diretamente não só em células J774-G8 controle, como também em macrófagos peritoneais, uma vez que a banda em 67kDa demonstra uma imunoreatividade do complexo que possui uma porção da membrana com um fragmento da Cx43 com o anticorpo anti-P2X7. Mais uma vez confirmando os experimentos de microscopia confocal, o complexo lisado de células J774-A1 com a Cx43 não foi reconhecido pelo anticorpo anti-P2X 7, indicando que nesta linhagem a Cx43 e o P2X7 se encontram em compartimentos celulares distintos (figura 26 C). 6- MICROARRANJO DE DNA (MICROARRAY) Até este ponto demonstramos que: (1) os macrófagos peritoneais selvagens estão acoplados funcionalmente através de junções comunicantes, e possuem a Cx43 e o receptor P2X7 interagindo na membrana plasmática, como também observado em células J774-G8 controle; (2) as células J774-G8 ATPresistentes possuem a Cx43 internalizada sem a presença do receptor P2X 7, diferentemente das células J774-A1 que apresentam o mesmo comportamento para a proteína formadora das junções comunicantes, sendo que com a expressão do receptor P2X7 na membrana celular; e (3) os macrófagos peritoneais provenientes de camundongos “knockout” para o receptor P2X7 não estão acoplados e a proteína Cx43 está no citossol celular. Portanto, demonstradas todas estas diferenças entre as células J774-G8 e as células J774-A1 em ensaios funcionais, bioquímicos e de microscopia descritos acima, observamos que podíamos elucidar como as duas proteínas (Cx43 e P2X7) poderiam estar interagindo, haja visto que tinhamos 2 linhagens macrofágicas que expressavam as 2 proteínas de interesse, porém acoplamento funcional distinto. Para tanto, realizamos os experimentos de microarranjo de DNA (Microarray) nas duas linhagens celulares descritas anteriormente, visando descrever possíveis diferenças moleculares que pudessem esclarecer as diferenças funcionais e de interação demonstradas. Após a transcrição reversa dos RNAs das células J774-G8 e J774-A1 em cDNA, utilizando dNTPs fluorescentes, foi feita a hibridização do cDNA com os lâminas contendo os genes analisados. Dos 26.000 genes presentes na lâmina, foram hibridizados 9521 genes, dos quais 1193 genes (13%) estavam alterados nas células J774-A1 (figura 27 A) em comparação com as células J774-G8. Deste percentual de genes alterados, separamos os genes inicialmente em duas classes: genes regulados negativamente e genes regulados positivamente. Do total de genes alterados, 669 genes estavam regulados positivamente (56,3%), enquanto que 522 genes estavam regulados negativamente (43,7%) (figura 27 B). Em uma outra fase de análises, categorizamos os genes que estavam alterados de acordo com as proteínas codificadas, levando em consideração suas respectivas funções celulares (Iacobas et al, 2003). A figura 28 ilustra esta categorização gênica, em que no grupo de genes regulados negativamente (figura 28 A) e regulados positivamente (figura 28 B), chamamos a atenção para os grupos de genes envolvidos direta e indiretamente com a comunicação celular. São estes grupos: (1) JAE: junções celulares, adesão celular e proteínas de matriz extracelular; (2) CY: proteínas de citoesqueleto; e (3) CS: sinalização celular. No grupo de genes regulados negativamente, 30% dos genes alterados estavam envolvidos com as vias de comunicação celular (JAE: 9%, CS: 9%, CY: 12%) (figura 29 A), enquanto que os genes regulados positivamente associados com estas vias somavam 25% (JAE: 6%, CS: 9%, CY: 10%) (figura 29 B). Analisando estes grupos funcionais, destacamos alguns genes que expressam proteínas e se associam com vias que poderíam explicar não só as diferenças funcionais entre as células de linhagem J774 diferentes, como também a correlação proposta entre a Cx43 e o receptor P2X 7. As proteínas alteradas nos grupos de genes regulados negativamente e positivamente, e que podem influenciar as proteínas estudadas de forma direta (interação física), ou de forma indireta, regulando vias moleculares e bioquímicas associadas com as funções destas proteínas sofrerão destaque na discussão deste trabalho. FIGURA 9 Micrografias de constraste de fase à esquerda (A & C) e fluorescência à direita (B & D) de cultura primária de macrófagos peritoneais de camundongos injetadas com o corante “Lucifer Yellow”. Em (B) 3 células apresentam-se acopladas a célula injetada. O painel (D) ilustra o desacoplamento na mesma cultura tratada com octanol. Os histogramas em (E) ilustram o grau de acoplamento dos macrófagos. O grau de acoplamento foi quantificado em cinco classes: (0) nenhuma célula acoplada a célula injetada; (1) 1 célula acoplada à célula injetada com o corante; (2---3) de 2 à 3 células acopladas à célula injetada; (4---7) 4 à 7 células acopladas à célula injetada; (>7) mais de 7 células acopladas à célula injetada. Um total de 120 células foram injetadas. Do total, 70% das células injetadas estavam acopladas em um intervalo de 1---7 células adjacentes. * / denotam as células injetadas. Barra de Calibração: 50 µm. A B C D Macrófago Células injetadas 40 30 20 10 0 0 1 2---3 4---7 Grau de Acoplamento >7 FIGURA 10 Micrografias de constraste de fase em (A) e fluorescência em (B) de Macrófagos Peritoneais injetados com os corantes “Lucifer Yellow” (verde) e Rodamina Dextran (vermelho). Podemos observar 1 célula acoplada a célula injetada, estando a Rodamina Dextran confinada a célula injetada. O inserto à direita representa a célula injetada apenas com Rodamina Dextran. * / denotam as células injetadas. Barra de Calibração: 20µm. A B FIGURA 11 Micrografias de constraste de fase à esquerda (A) e fluorescência à direita (B) de uma cultura da linhagem celular macrofágica J774-A1 injetadas com o corante “Lucifer Yellow”. Podemos observar que as células J774-A1 apresentam-se desacopladas. Em C podemos observar o histograma ilustrando o grau de acoplamento das células J774-A1. As culturas foram injetadas com o corante fluorescente “Lucifer yellow”. O grau de acoplamento foi quantificado em cinco classes: (0) nenhuma célula acoplada a célula injetada; (1) 1 célula acoplada à célula injetada com o corante; (2---3) de 2 à 3 células acopladas à célula injetada; (4---7) 4 à 7 células acopladas à célula injetada; (>7) mais de 7 células acopladas à célula injetada. Um total de 90 células J774-A1 foi injetado, entretanto apenas 7% das células estavam acopladas à apenas 1 célula. Vale ressaltar que o acoplamento desta linhagem celular estava significantemente reduzido em relação as células J774-G8 Controle (p<0,01 by X2). * / denotam a célula injetada. Barra de Calibração: 50µm. Total de experimentos: 4 C- Células J774.A1 Células injetadas 100 80 60 40 20 0 0 1 2---3 4---7 Grau de Acoplamento >7 FIGURA 12 Micrografias de constraste de fase à esquerda (A & C) e fluorescência à direita (B & D) de Cultura da Linhagem Celular Macrofágica J774-G8 injetadas com o corante “Lucifer Yellow”. Nas células J774-G8 Controle (B), podemos observar que 3 células apresentam-se acopladas a célula injetada, enquanto que as células J774-G8 ATP-resistentes (D) apresentam-se desacopladas. Os histogramas em (E) ilustram o grau de acoplamento entre as células J774-G8 controle (ATPS) e ATP-resistente (ATPR). O grau de acoplamento foi quantificado em cinco classes: (0) nenhuma célula acoplada a célula injetada; (1) 1 célula acoplada à célula injetada com o corante; (2---3) de 2 à 3 células acopladas à célula injetada; (4---7) 4 à 7 células acopladas à célula injetada; (>7) mais de 7 células acopladas à célula injetada. Um total de 260 células J774-G8 foi injetado (130 Controle e 130 ATP-resistentes). Das células Controle, 84% das células injetadas estavam acopladas em um intervalo de 1--7 células, enquanto que das células ATP-resistentes apenas 9% das células estavam acopladas à apenas 1 célula. O acoplamento deste último grupo estava significantemente reduzido em relação ao grupo Controle (p<0,01 by X2). * / denotam as células injetadas. Barra de Calibração: 50µm. A B C D E- Células J774-G8 controle X J774-G8 ATP-resistente 140 Células injetadas 120 J774-G8 controle 100 J774-G8 ATP-resistente 80 60 40 20 0 0 1 2---3 4---7 Grau de Acoplamento >7 FIGURA 13 Micrografias de constraste de fase à esquerda (A) e fluorescência à direita (B) de uma cultura macrófagos peritoneais provenientes de camundongos “knockout” para o receptor purinérgico P2X7 injetadas com o corante “Lucifer Yellow”. Podemos observar que os macrófagos de camundongos “knockout” apresentam-se desacoplados, quando comparados com macrófagos peritoneais de animais normais. Em C podemos observar o histograma ilustrando o grau de acoplamento dos macrófagos. As culturas foram injetadas com o corante fluorescente “Lucifer yellow”. O grau de acoplamento foi quantificado em cinco classes: (0) nenhuma célula acoplada a célula injetada; (1) 1 célula acoplada à célula injetada com o corante; (2---3) de 2 à 3 células acopladas à célula injetada; (4---7) 4 à 7 células acopladas à célula injetada; (>7) mais de 7 células acopladas à célula injetada. Um total de 120 macrófagos peritoneais “knockout” foi injetado, entretanto menos de 1% das células estavam acopladas à apenas 1 célula. Vale ressaltar que o acoplamento destas células estava significantemente reduzido em relação aos macrófagos peritoneais normais (p<0,01 by X2). * / denotam a célula injetada. Barra de Calibração: 50µm. Total de experimentos: 4 A B * Macrófago KO P2X7 80 Células Injetadas Macrófago 60 Macrófago P2X7 Knockout 40 20 0 0 1 2---3 4---7 >7 Grau de Acoplamento FIGURA 14 Histogramas ilustrando o grau de acoplamento entre as Culturas de Linhagem Celular Macrofágica J774-G8 Controle quando tratadas com diferentes concentrações de ATP. As culturas foram injetadas com o corante fluorescente “Lucifer yellow”. O grau de acoplamento foi quantificado em cinco classes: (0) nenhuma célula acoplada a célula injetada; (1) 1 célula acoplada à célula injetada com o corante; (2---3) de 2 à 3 células acopladas à célula injetada; (4---7) 4 à 7 células acopladas à célula injetada; (>7) mais de 7 células acopladas à célula injetada. Um total de 270 células J774-G8 foram injetadas (90 células em 10µM de ATP, 90 células em 100µM de ATP e 90 células em 500µM de ATP). Em torno de 94% das células injetadas nos 3 grupos estavam acopladas em um intervalo de 1---7 células. Células J774-G8 + ATP extracelular 50 10µΜ Células injetadas 40 100µΜ 500µΜ 30 20 10 0 0 1 2---3 4---7 Grau de Acoplamento >7 FIGURA 15 Análise do RNA de macrófagos peritoneais, células J774-G8 controle e células J774-G8 ATP-resistentes através da técnica de RT-PCR (Polimerase Chain Reaction). As figuras demonstram os produtos de PCR, em gel de agarose à 2%. Os três tipos celulares expressaram a Cx43, além de apresentarem níveis de expressão semelhantes como podemos observar nos histogramas que representam os ensaios densitométricos (B). Total de experimentos: 3 re s co nt fa go J7 74 -G 8 J7 74 -G 8 M ac ró Valores densitométricos arbitrários A B 1,5 1 0,5 0 FIGURA 16 Em A e B, “Western blot” de culturas de linhagem celular macrofágica J774-G8 Controle, ATP-resistente e cultura primária de macrófagos peritoneais, utilizando os anticorpos policlonais específicos para os aminoácidos 346 - 360 da Conexina43 e para o Receptor P2X7, respectivamente. Quantidades iguais de proteína foram carregadas no gel SDS-PAGE à 10%. Em A, o anticorpo anti-Cx43 detectou a presença da proteína Cx43 nas células J774-G8 controle, nas J774-G8 ATP-resistentes, nos macrófagos e no cérebro (controle positivo para Cx43), estando ausente a marcação no fígado (controle negativo). A marcação em 68 kDa é resultado do reconhecimento da albumina pelo anticorpo, uma vez que o peptídeo imunogênico é conjugado à albumina antes da inoculação no coelho. Em B, o anticorpo anti-P2X7 detectou a presença da proteína P2X7 nas células J774-G8 controle e nos macrófagos, enquanto que nas células J774-G8 ATP-resistentes e nas K562 a marcação estava ausente.Total de experimentos: 5 B J7 74 -G 8 J7 AT 74 P-G re 8 si Co st M en ac nt te ró ro fa le go K5 62 A 69 KDa FIGURA 17 Imunofluorescência mostrando a marcação para MAC-1 em macrófagos peritoneais, onde em A está o contraste de fase e em B a fluorescência. As micrografias evidenciam o enriquecimento da cultura primária utilizada nos experimentos em macrófagos peritoneais. Barra de calibração: 50µm. Total de experimentos: 10 A B FIGURA 18 Imunofluorescência mostrando a marcação para conexina43 em células J774-G8 controle (micrografias superiores) e ATP-resistentes (micrografias inferiores), onde à esquerda está o constraste de fase (A & C) e à direita a fluorescência (B & D). A marcação específica para Cx43 na membrana das células controle (B) está visivelmente diminuída na membrana das células ATPresistentes (D). Barra de calibração: 20µm. Total de experimentos: 10 B A 20µ m C D FIGURA 19 Imunofluorescência observada em microscopia confocal, demonstrando a marcação para proteína conexina43 e para o receptor purinérgico P2X7 em células J774-G8 controle. A marcação específica para Cx43 e para o P2X7 está na membrana das células (A e B). Em C podemos observar o núcleo das células marcadas com o corante nuclear TOPRO3. Barra de calibração: 20µm. Total de experimentos: 10 FIGURA 20 Reconstrução tridimensional de 28 fatias óticas, de 0,8m de espessura cada, da imagem demonstrada na figura 11. A linha verde indica uma secção ortogonal da micrografia A, que está projetada lateralmente em B; a linha vermelha indica uma secção ortogonal da micrografia A, que está projetada lateralmente em C. A linha azul indica o nível da 15ª fatia ótica (B e C). A microscopia confocal demonstrou a co-localização das proteínas Cx43 e P2X7 (amarelo) na membrana das células J774-G8 controle (setas em A, B e C). Barra de calibração: 20m. Total de experimentos: 10 FIGURA 21 Imunofluorescência observada em microscopia confocal, demonstrando a marcação para proteína conexina43 e para o receptor purinérgico P2X7 em macrófagos obtidos de lavado peritoneal de camundongos suíços. A marcação específica para Cx43 e para o P2X7 está na membrana das células (A e B). Em C podemos observar o núcleo das células marcadas com o corante nuclear TOPRO3. Barra de calibração: 20µm. Total de experimentos: 10 FIGURA 22 Reconstrução tridimensional de 49 fatias óticas, de 0,8µm de espessura cada, da imagem demonstrada na figura 13. A linha verde indica uma secção ortogonal da micrografia A, que está projetada lateralmente em B; a linha vermelha indica uma secção ortogonal da micrografia A, que está projetada lateralmente em C. A linha azul indica o nível da 25ª fatia ótica (B e C). A microscopia confocal demonstrou a co-localização das proteínas Cx43 e P2X7 (amarelo) na membrana dos macrófagos peritoneais Barra de calibração: 20µm. Total de experimentos: 10 (setas em A, B e C). FIGURA 23 Imunofluorescência observada em microscopia confocal, demonstrando a marcação para proteína conexina43 e para o receptor purinérgico P2X7 em Células J774-A1. A marcação específica para o P2X7 está na membrana das células (B), entretanto a marcação para Cx43 está presente no citossol (A). Em C podemos observar o núcleo das células marcadas com o corante nuclear TOPRO3. Barra de calibração: 20µm. Total de experimentos: 4 FIGURA 24 Reconstrução tridimensional de 28 fatias óticas, de 0,8µm de espessura cada, da imagem demonstrada na figura 15. A linha verde indica uma secção ortogonal da micrografia A, que está projetada lateralmente em B; a linha vermelha indica uma secção ortogonal da micrografia A, que está projetada lateralmente em C. A linha azul indica o nível da 15ª fatia ótica (B e C). A microscopia confocal demonstrou as proteínas Cx43 e P2X7 não co-localizam na membrana plasmática das células J774-A1 (setas em A, B e C) como ocorre com as células J774-G8 controle ou com os macrófagos peritoneais. Barra de calibração: 20µm. Total de experimentos: 4. FIGURA 25 Imunofluorescência observada em microscopia confocal, demonstrando a marcação para proteína conexina43 e para o receptor purinérgico P2X7 em macrófagos peritoneais oriundos de camundongos “knockout” para o receptor P2X7. Podemos observar em A e B, respectivamente, que a marcação para Cx43 está presente no citossol da célula, enquanto que a marcação para o receptor P2X7 está ausente não só da membrana plasmática como também do citossol celular. Em C podemos observar o núcleo das células marcadas com o corante nuclear TOPRO3. Barra de calibração: 20µm. Total de experimentos: 4 A B 20µ m C FIGURA 26 Reconstrução tridimensional de 30 fatias óticas, de 0,8µm de espessura cada, da imagem demonstrada na figura 17. A linha verde indica uma secção ortogonal da micrografia A, que está projetada lateralmente em B; a linha vermelha indica uma secção ortogonal da micrografia A, que está projetada lateralmente em C. A linha azul indica o nível da 25ª fatia ótica (B e C). A microscopia confocal demonstrou que a proteína Cx43 esta presente no citossol celular (setas em A, B e C), e não co-localiza com o receptor P2X7, que está ausente da membrana plasmática e do citossol celular destes macrófagos, diferentemente do que ocorre com as células J774-G8 controle ou com os macrófagos peritoneais de animais normais. Barra de calibração: 20µm. Total de experimentos: 3. B C A FIGURA 27 Co-imunoprecipitações das proteínas Cx43 e P2X7 em macrófagos peritoneais, células J774-G8 controle e células J774-A1, respectivamente demonstradas em A, B e C. A linha 1 dos experimentos utilizando os macrófagos e as células J774-G8 apresenta uma banda com peso molecular de 69 kDa correspondente ao receptor P2X7, obtida após a imunoprecipitação dos lisados de membrana dos macrófagos e das células J774-G8 controle com o anticorpo anti-Cx43. Entretanto, a banda encontrada nos experimentos anteriores está ausente nos lisados obtidos de células J774-A1. Na linha 2 observamos o controle positivo do experimento, contendo apenas o lisado de membrana de macrófagos, células J774-G8 e células J774-A1, e que apresenta uma banda que foi revelada com o anticorpo anti- P2X7. Total de experimentos: 4 CIP: Cx43 Controle 69 kDa P2X7 1 2 FIGURA 28 Histogramas ilustrando a análise estatistica dos genes que foram avaliados no experimento de microarranjo de DNA das célula J774-G8 e J774A1. Em A podemos observar que 13% dos genes (1193 genes) estavam alterados nas células J774-A1. Do total de genes alterados, em torno de 56% dos genes tiveram sua expressão regulada positivamente, enquanto que 44% dos genes tinham sua regulação negativa (B). A Genes Não Alterados 8328 – 87% B 1193 – 13% Genes regulados positivamente Total Genes Down-Up Genes 669 - 56,3% Genes regulados negativamente 522 - 43,7% Down-regulated Up-regulated FIGURA 29 Histogramas ilustrando a categorização dos genes significativamente alterados nas células J774-A1 quando comparadas com as células J774-G8. Dividimos os genes em 10 categorias associadas às funções das proteínas produzidas pelos genes codificados: (1) JAE: Junções celulares, adesão celular e proteínas de matriz extracelular; (2) CY: proteínas de citoesqueleto; (3) T1: proteínas associadas ao transporte do meio extracelular para o intracelular; (4) T2: proteínas associadas ao transporte intracelular; (5) CS: sinalização celular; (6) CSD: proteínas associadas ao ciclo de diferenciação celular; (7) TR: transcrição; (8) EnMet: energia e metabolismo; (9) OG: genes de organelas ou genes mitocondriais; e (10) Unk: genes sem função descrita. Podemos chamar a atenção para uma significativa parcela de genes associados direta ou indiretamente com mecanismos de comunicação celular que estão alterados nas células J774-A1 não só no grupo de genes regulados negativamente (A), como também no grupo de genes regulados positivamente (B). Os genes regulados negativamente totalizam 30% (JAE: 9%, CS: 9%, CY: 12%), e os genes regulados positivamente somam 25% (JAE: 6%, CS: 9%, CY: 10%). 3% 4% JAE CS OG 1% CSD TI A- Genes regulados negativamente : 6% Unk TR 9% 9% 22% EnMet CY 12% 19% T2 15% JAE 6% OG 4% 7% TR Unk 22% TI 9 % TR CSD 4% BGenes EnMet T2 regulados CY CS positivamente: JAE CSD T1 OG Unknow n CS 9% T2 CY EnMet 18% 15% 10% TR EnMet T2 CY CS CSD T1 OG JAE Unknow V- DISCUSSÃO DISCUSSÃO As junções comunicantes são canais transmembrana que permitem o tráfego de íons, segundos mensageiros e outras moléculas com até 1kDa entre células adjacentes (Flagg-Newton et al., 1979). Fisiologicamente os canais juncionais desempenham um importante papel no desenvolvimento dos organismos multicelulares. Particularmente no sistema imune, MontecinoRodriguez et al. (2000) demonstraram que a expressão da conexina43 pode modular a formação de células linfóides, como as células B e T. A presença deste tipo de comunicação intercelular em macrófagos pode ter uma grande importância fisiológica, visto que estas células estão presentes em praticamente todos os tecidos, podendo mediar reações imuneinflamatórias através da transmissão e recepção de sinais, que podem envolver as junções comunicantes (Alves et al, 1996; Oviedo-Orta and Howard-Evans, 2004). Outra estrututra presente nas células do sistema imune, e particularmente em macrófagos, é o receptor/poro P2X7, responsável pelo fenômeno de permeabilização da membrana plasmática a moléculas de até 900Da (Steinberg et al.,1987), ou por outros eventos fisiológicos, como por exemplo o aumento na liberação e maturação de interleucina-1β, ou eventos relacionados à apoptose e a morte celular (Perregaux & Gabel, 1998; Burnstock & Williams, 2000; Adinolfi et al, 2005). Em 1993, considerando a ausência de Cx43 em células de linhagem J774 resistentes ao ATP extracelular, Beyer & Steinberg propuseram que os poros P2X7 fossem formados por hemicanais de Cx43. Embora esta hipótese não tenha sido comprovada, como demonstrado pela posterior clonagem e expressão do receptor P2X7 pelo grupo de Surprenant (Surprenant et al., 1996), a relação entre a ausência de Cx43 e a resistência ao ATP extracelular (indicando ausência do receptor P2X7) nas células J774 ATP-resistentes poderia indicar uma associação entre estas duas moléculas. Portanto, no presente trabalho, aprofundamos os estudos relacionados a comunicação juncional em macrófagos e células de linhagem macrofágica J774, e que tiveram início em estudos do nosso grupo em 2002 (Fortes, FSA), abordando a presença e a funcionalidade das junções comunicantes, e o seu possível envolvimento com os receptores P2X7. a) JUNÇÕES COMUNICANTES: PRESENTES, FUNCIONAIS E MODULADAS EM MACRÓFAGOS? Neste trabalho, aprofundamos os nossos estudos realizando experimentos de injeção intracelular de corante inicialmente em culturas de macrófagos obtidas de lavados peritoneais de camundongos elicitados com tioglicolato. Vale ressaltar que trabalhos relacionados à ensaios de cooperação metabólica, tanto in vitro quanto in vivo, não demonstraram a transferência de partículas entre culturas primárias de macrófagos peritoneais, e entre macrófagos e outros tipos celulares (Kane & Bols, 1980). No final dos anos 80 estes dados foram confirmados em experimentos de injeção intracelular do corante Lucifer Yellow, reforçando a ausência de acoplamento via junções comunicantes (Dean et al., 1988). Entretanto, nossos resultados demonstraram que culturas primárias de macrófagos peritoneais apresentavam junções comunicantes funcionais quando realizadas injeções de corante, uma vez que o corante de baixo peso molecular, Lucifer Yellow, é transferido para as células adjacentes (figuras 9B) (70% das células estão acopladas à célula adjacente – figura 9E). Tal resultado associa-se com achados de meados dos anos 70, em que Levy et al. (1976) demonstraram o acoplamento elétrico entre macrófagos orientados de forma linear, e Porvaznisk & MacVittie (1979) identificaram regiões com a presença de junções comunicantes em células progenitoras de macrófagos. Para certificar que a passagem do corante estaria sendo feita pelas junções comunicantes, foi utilizado o corante Rodamina Dextran (40KDa), que se manteve confinado a célula injetada nos macrófagos peritoneais (figuras 10B) afastando a existência de pontes citoplasmáticas entre as células como sugerido por Alves et al. (1996) ao realizar este mesmo experimento, ou a passagem de corante (FITC-dextran) por vacúolos exocíticos e endocíticos nas membranas dos macrófagos como proposto por Dean et al. (1988). Ainda utilizando macrófagos peritoneais, bloqueadores usuais de junções comunicantes (octanol) impediram que o corante Lucifer yellow se difundisse para as células adjacentes, o que mais uma vez comprova a presença de junções comunicantes funcionais e não de pontes citoplasmáticas nestas células (figura 9D). Para investigar com mais detalhes os acontecimentos funcionais envolvidos na comunicação celular em macrófagos, utilizamos as linhagens celulares macrofágicas J774-A1 e J774-G8. Nas células da linhagem macrofágica J774-A1 observamos o corante confinado às células injetadas, como demonstrado na figura 11B, o que foi confirmado na análise quantitativa representada na figura 11C onde maioria absoluta das células estava desacoplada. A ausência do acoplamento juncional encontrado em nossos estudos também foi observada por Alves et al (1996), ao realizarem experimentos de injeção de corantes nestas células obtidas da ATCC (American Type of Cell Collection). Este acoplamento juncional encontrado em nossos estudos também foi observado por Saez et al. (2000) através de injeções de corante, cabendo ressaltar que suas culturas de células J774 eram do tipo A1 e foram tratadas previamente com meio condicionado, proveniente de células endoteliais de cérebro de rato, e por Eugenin et al. (2001), que utilizando células de microglia (macrófagos do Sistema Nervoso Central) procedentes de lesões, demonstraram que as junções comunicantes estavam presentes e funcionais, porém somente quando as culturas eram incubadas com interferon-γ + TNF-α (Tumor Necrose Factor-α) e interferon-γ + lipopolissacarídeo (LPS). Entretanto, utilizando as células da linhagem J774-G8 (uma linhagem obtida das células J774-A1 – Unkeless et al, 1979), observamos que o seu perfil funcional era o mesmo apresentado pelos macrófagos peritoneais, como podemos observar na figura 12B, e analisar quantitativamente pelo histograma apresentado na figura 12E, em que 84% das células estavam acopladas à célula injetada com o corante Lucifer Yellow. Todavia, não podemos descartar a hipótese de que alguns fatores imune-inflamatórios possam modular o acoplamento, visto que existem várias situações em que os macrófagos são ativados por várias substâncias endógenas e em concentrações variáveis. Com base nisto e nos trabalhos que fazem este tipo de tratamento (Saez et al, 2000), realizamos experimentos em culturas de células J774-G8 tratadas com fatores pró-imune inflamatórios combinados, ou seja interferon-γ + TNF-α e interferon-γ + lipopolissacarídeo (LPS), e observamos que o acoplamento celular foi regulado positivamente (dados não demonstrados). Além das questões que envolvem a funcionalidade das junções comunicantes em macrófagos peritoneais e células da linhagem macrofágica J774, um estudo vinculou a existência das conexinas nestes tipos celulares à um canal sensível à concentrações maiores que 100µM de ATP extracelular e permeável a moléculas de até 900Da (Beyer & Steinberg, 1991). Além disso, neste mesmo trabalho os autores descreveram células J774 que não respondiam a altas concentrações de ATP extracelular, ou seja não sofriam o fenômeno de permeabilização. Além disso, Beyer & Steinberg (1991) demonstraram que estas células resistentes também não expressavam a conexina43, tanto em “Northen blot” quanto em “Western blot”, concluindo que as conexinas formariam o canal ativado por ATP, visto que estas proteínas além de formar junções comunicantes podem formar hemicanais. No entanto, Alves et al. (1996) demonstraram que macrófagos de camundongos “knockout” para Cx43 sofriam o fenômeno de permeabilização por ATP. Com base nestes estudos, e tendo em vista que os tipos celulares utilizados em nosso estudo sofrem o fenômeno de permeabilização da membrana plasmática por ATP extracelular (Steinberg et al, 1987; Adinolfi et al, 2005), desenvolvemos uma linhagem celular ATP-resistente a partir das células J774-G8, esta última funcionalmente acoplada. Como realizado nos macrófagos peritoneais, e nas células J774-A1 e J774-G8 controle, as células J774-G8 ATP-resistentes foram injetadas com o corante Lucifer yellow. Porém, diferentemente dos macrófagos peritoneais e das células macrofágicas, esta linhagem resistente não estava acoplada (figura 12D). Com o objetivo de reafirmar estes resultados, haja visto que utilizavamos uma linhagem celular macrofágica, e que pode ter um comportamento fisiológico diferente de células advindas do animal, foram feitos estes mesmos experimentos funcionais em culturas de macrófagos peritoneais oriundos de camundongos “knockout” para o receptor P2X7. Diante desta comparação, os resultados foram idênticos aos obtidos com as células J774-G8 ATPresistentes, estando o corante retido apenas ao macrófago peritoneal injetado (figura 13B), o que confirmamos através da análise estatistica demonstrada na figura 13C. Além das células ATP-resistentes, foram injetadas células J774-G8 controle tratadas com concentrações crescentes de ATP extracelular, o que não modificou o perfil de acoplamento deste grupo de células em relação as células controle sem tratamento, afastando a hipótese de que a modulação do acoplamento estaria ligada a exposição aguda ao ATP extracelular (figura 14). Além dos estudos funcionais, estudos da expressão da Cx43 davam margem a conflitos acerca da presença de junções comunicantes em macrófagos. Beyer & Steinberg (1991; 1993) demonstraram que macrófagos e células J774 apresentavam mensagem e expressão protéica para Cx43, respectivamente através de “Northen blot” e “Western blot”. Contudo, Polacek et al. (1993), também utilizando “Northen blot”, não conseguiram reproduzir os dados do grupo anterior afirmando que os macrófagos não expressavam Cx43, a menos que sofressem algum estímulo, a exemplo de sítios de arterioesclerose, que ativariam a transcrição do gene da Cx43. Diante destas discrepâncias, realizamos ensaios de reação em cadeia de polimerase (RTPCR), onde encontramos mensagem para Cx43 tanto em macrófagos peritoneais, quanto em células J774-G8 controle (figura 15A), em consonância com os dados demonstrados por Alves et al. (1996) através de “Northen blot”, o que depois foi ratificado nas análises densitométricas realizadas com os resultados (figura 15B). No entanto, ao realizarmos os experimentos de RTPCR, observamos que as células ATP-resistentes (funcionalmente desacopladas) possuem mensagem para Cx43 (figura 15A), nos mesmos níveis que macrófagos e células J774-G8 (figura 15B). Complementando nossos dados experimentais, uma vez que a presença de mensagem não atesta a presença da proteína na célula, realizamos experimentos de “Western blot”, no qual observamos a expressão da proteína Cx43 tanto em macrófagos quanto em células J774 controle (figura 16A), como encontrado por Alves et al. (1996), que afirmam que a proteína está presente, porém em sua forma não-fosforilada. Neste contexto é interessante notar que Musil et al. (1990) propuseram que a forma não-fosforilada da Cx43 seria incapaz de formar junções comunicantes. No entanto, Spray et al. (1994) demonstraram que a forma truncada da Cx43, em que todos os sítios de fosforilação da porção carboxi-terminal de moléculas estão ausentes, forma canais juncionais quando expressa em células com a comunicação deficiente. Ao realizarmos os experimentos de “Western blot” nas células J774-G8 ATP resistentes, observamos que estas células expressam a proteína Cx43 (figura 16A), porém não expressam a proteína P2X7, descrita como formadora do poro sensível ao ATP. Em contraste, as células J774-G8 controle expressam ambas proteínas (figura 16B). Nossos resultados, como os de Alves et al. (1996), demonstram que as conexinas não formam os poros sensíveis ao ATP. Porém, a expressão do poro P2X7 poderia influênciar o acoplamento das células e a funcionalidade das junções comunicantes, visto que as células ATP-resistentes: (1) expressam a Cx43; (2) não expressam o poro P2X7; (3) possuem a comunicação intercelular sensívelmente reduzida. Portanto, diante dos três pontos citados anteriormente, realizamos experimentos de imunofluorescência que demonstraram a presença de imunoreatividade para Cx43 na membrana plasmática das células J774-G8 controle (com expressão do poro P2X7), diferentemente das células ATPresistentes (sem expressão do poro P2X7), nas quais a marcação para Cx43 se concentrou no citoplasma, como se a proteína estivesse localizada dentro de vacúolos (figuras 18B e 18D), justificando a sensível redução do acoplamento intercelular. Vale ressaltar que em nossos estudos foram utilizadas células resistentes obtidas a partir da linhagem J774-G8 (Unkeless et al, 1979), o que pode ter sido um dos fatores de discrepância em relação aos trabalhos de Beyer & Steinberg (1991; 1993). Estes autores trabalharam com células J774, mas sem citar qual tipo haviam utilizado. Visto que existe uma outra linhagem de células macrofágicas J774: as células J774-A1 (ATCC), e que se comportam funcionalmente diferente das células J774-G8, produzindo óxido nítrico e não apresentando comunicação juncional, poder-se-ia imaginar que estas células não expressam Cx43 quando adquirem o caráter de resistência ao ATP-extracelular. Como citado anteriormente, os macrófagos são essenciais na resposta imune, inata ou adaptativa, na qual interagem com os próprios macrófagos ou com outras células migratórias do sistema imune, fazendo com que a partir daí os microorganismos (bactérias entre outros) sejam eliminados do sistema (Abbas, 2001). Desta forma, a expressão das junções comunicantes em macrófagos poderia ser importante na modulação da resposta imune, por permitir a passagem de moléculas importantes para a ativação destas células em processos de infecção. Atualmente alguns trabalhos utilizando monócitos ativados demonstraram que as proteínas do tipo MHC I (Fator de Histocompatibilidade Maior I) podem ser transferidas dos citoplasmas de células adjacentes utilizando as junções comunicantes (Neijssen et al, 2005). Diante dos vários resultados apresentados até esta parte de nosso trabalho, podemos afirmar que a comunicação juncional está presente e funcional em macrófagos peritoneais e células da linhagem macrofágica J774G8 e pode ser modulada através de possíveis interações proteicas. Com base nos resultados descritos e discutidos até o presente momento, podemos resumir parte destes achados na tabela abaixo (tabela 1): Tabela1: Resultados parciais obtidos com parte dos tipos celulares analisados MØ Células J774-G8 Controle Células J774-G8 ATP-resistentes Cx43 + + + P2X7 + + - Funcionalidade Acoplada Acoplada Desacopladas Células J774-A1 (ATCC) Desacopladas M (P2X7 “K Desac b) CONEXINA43 & P2X7: EVIDÊNCIAS DE UMA POSSÍVEL INTERAÇÃO A funcionalidade das junções comunicantes foi constatada e aprofundada em nossos estudos, entretanto também observamos a modulação deste fenômeno através de alterações na expressão da junção comunicante na membrana plasmática, como foi demonstrado nas células ATP-resistentes. Uma hipótese capaz de explicar esta modulação da expressão do canal juncional na membrana plasmática das células ATP-resistentes pela ausência do poro P2X7 poderia estar relacionada com as respostas fisiológicas associadas à resposta imune, advindas da ativação do poro pelo ATP extracelular, como a liberação e maturação da interleucina-1β (Perregaux & Gabel, 1998; Burnstock & Williams, 2000). Esta interleucina pode estar diretamente relacionada à comunicação intercelular nos macrófagos, haja visto que as junções comunicantes são sensíveis a ação de citocinas (interleucinas 1 α, 2 e 6), hormônios e neurotransmissores (Alves et al., 2000). Além de interações bioquímicas, interações físicas podem estar associadas as duas proteínas destacadas em nosso estudo. Recentemente, Kim et al (2001) demonstraram através de experimentos de imunoprecipitação que os poros P2X7 estavam relacionados com proteínas de citoesqueleto e proteínas de membrana, particularmente com a família de proteínas chamadas de Guanilato Quinases Associadas a Membrana (MAGuK), sendo estas constituídas por: domínios PDZ; domínios SH3 e regiões homólogas à Guanilato Quinase (GK). Acredita-se que a região rica em prolinas do poro P2X7, dependendo de sua ativação ou não pelo ATP, se ligue ao domínio SH3 das MAGuKs. Neste mesmo trabalho, foi demonstrado que outras proteínas, formadoras de matrix extracelular como: laminina α3 e integrina β2, ou intracelulares: α-actinina 4 e β-actina, poderiam estar envolvidas com os poros P2X7, modificando a morfologia celular e muitas das vezes a expressão e a localização de algumas proteínas nas células. Da mesma forma que os poros P2X7, as junções comunicantes formadas pela Cx43 também interagem com outras proteínas, como demonstrado por Giepmans & Moolenar (1998), que através de experimentos de imunoprecipitação e imunofluorescência, demonstraram que a região carboxiterminal da conexina43 pode interagir com o 2o domínio PDZ da proteína ZO1 (Zona Ocludens 1), uma proteína associada à junções do tipo Tight (Tight Junction), e que segundo estes estudos estariam envolvidas com o ancoramento das conexinas na membrana plasmática. Além disso, também foi demonstrado neste mesmo estudo que as regiões ricas em prolina da Cx43 interagem com o domínio SH3 da ZO-1. A associação da Cx43 com a ZO-1 também foi demonstrada por dados do nosso laboratório, em que miócitos cardíacos infectados com Trypanosoma cruzi apresentam a diminuição da imunoreatividade para Cx43 e ZO-1 na membrana plasmática (Goldenberg et al., 2001). Além desta associação com as proteínas ZO-1, Matsushita et al. (1999) demonstraram que a Cx43 também pode estar relacionada com outras proteínas celulares, como por exemplo: (1) integrina β1; (2) desmoplaquinas (proteínas formadoras de desmossomos); (3) caderinas (proteínas formadoras de junções de aderência) e (4) laminina. Com base nestes dados, podemos especular que as proteínas Cx43 e P2X7 poderiam estar associadas, visto que ambas interagem com várias proteínas intracelulares. Assim, na ausência dos poros P2X7, esta interação e possivelmente o ancoramento da junção comunicante na membrana ficariam prejudicados, como foi demonstrado nas células ATP-resistentes (figura 18D), que expressam grande parte da Cx43 no citoplasma. Para elucidar tais especulações, foram feitos ensaios de microscopia confocal utilizando primeiramente as células J774-G8 controle. As figuras 19 A e B demonstraram claramente as duas proteínas presentes na membrana plasmática das células, e que estão em um mesmo volume confocal quando observamos a reconstrução tridimensional ilustrada na figura 20, não só em um único plano (figura 20A), como também nas respectivas projeções (figuras 20B e 20C), que levam em consideração a profundidade dos cortes ópticos. Confirmando os achados nas células J774-G8 controle, os mesmos experimentos foram feitos em culturas primárias de macrófagos peritoneais, que demonstraram o mesmo perfil de marcação não só nas imagens separadas (figuras 21A e 21B), como também na reconstrução tridimensional que demonstra as duas proteínas no mesmo volume confocal (figuras 22A, 22B e 22C). Bioquimicamente, estas especulações se tornaram mais consistentes quando experimentos de co-imunoprecipitação revelaram que as duas proteínas estavam associadas molecularmente em macrófagos peritoneais e células J774-G8 controle (figuras 27 A e B). Entretanto, ao utilizar as células da linhagem macrofágica J774-A1 em experimentos de microscopia confocal observamos que as duas proteínas, Cx43 e P2X7, estão presentes na célula (figura 23). No entanto, a Cx43 se apresentou internalizada enquanto o receptor P2X7 se encontrou na membrana plasmática (figuras 23A e 23B), e ao observarmos a sobreposição das imagens e a reconstrução tridimensional do campo, constatamos que não houve colocalização em nenhum momento (figura 24). Confirmando estes achados, os ensaios bioquímicos nos revelaram que as duas proteínas não estavam coimunoprecipitadas nestas células como observamos nos outros tipos celulares utilizados anteriormente (figura 27C). No entanto, tomando por base que estavamos obtendo um resultado proveniente de linhagens celulares, e que em alguns momentos não reproduzem fidedignamente o comportamento molecular e fisiológico de células de animais ou de humanos, fizemos a análise da distribuição proteica da Cx43 nos macrófagos peritoneais de camundongos “knockout” para o receptor P2X7 através de ensaios de microscopia confocal. Na figura 25 observamos, respectivamente em A e B, a conexina43 internalizada e a ausência do receptor P2X7 da célula, como detectado anteriormente nas células J774-G8 ATP-resistentes através de microscopia (figura 18D), e “western blot” (figura 16B). Esta mesma constatação pôde ser feita na reconstrução tridimensional destacada na figura 26 (A, B e C), em que a Cx43 esta ocupando a região perinuclear da célula. Desta forma, tal resultado justifica a ausência de acoplamento que observamos nos ensaios de injeção de corante demonstrados na figura 13B, fortalece os resultados obtidos com as células ATP-resistentes e indiretamente contraria a hipótese de Beyer & Steinberg (1991), de que o poro responsável pelo fenômeno de permeabilização é formado por um hemicanal juncional. Diante dos nossos resultados, então, podemos constatar que este receptor pode ser importante para a inserção da conexina na membrana. A tabela abaixo (tabela 2) representa todos os resultados discutidos e associados as células analisadas até o presente momento em nosso estudo. Tabela 2: Resultados obtidos com os tipos celulares analisados MØ Células J774-G8 Controle Células J774-G8 ATP-resistentes Células J774-A1 (ATCC) MØ (P2X7 “Knockout”) Cx43 + + + + + P2X7 + + - + - Funcionalidade Acoplada Acoplada Desacopladas Desacopladas Desacopladas Microscopia Confocal (co-localização) + + - - Imunoprecipitação + + - c) INTERAÇÃO CONEXINA43 X RECEPTOR P2X7: UMA POSSÍVEL EXPLICAÇÃO MOLECULAR A associação física destas duas proteínas não foi observada apenas por nosso grupo (Fortes et al, 2004), no qual abordamos esta interação em células migratórias do sistema imune, como também foi demonstrada no tecido cardíaco por outros grupos. Jiang et al (2005) mostraram que a proteína Cx43 co-localiza com o receptor purinégico P2X1 no ventrículo esquerdo do coração de humanos. Funcionalmente a associação de receptores P2X e conexinas também vem sendo observada, como demonstrado por Guthrie et al. (1999), que descreveu uma possível modulação das ondas de cálcio (fenômeno de comunicação intercelular mediado por junções comunicantes), por ATP extracelular e utilização de bloqueadores de receptores purinérgicos. Entretanto, analisando os resultados associados às linhagens celulares descritos anteriormente, nos deparamos com uma grande dúvida acerca de uma possível interação entre as conexinas e os receptores P2: será necessária a presença do receptor P2X7 na membrana plasmática para que a Cx esteja presente na membrana de forma funcional, como observamos nas células ATPresistentes e nos macrófagos peritoneais “knockout” para o receptor P2X7? Poderíamos responder que não em um primeiro momento, mas de acordo com vários trabalhos (Hérve et al, 2004), as conexinas podem estar interagindo com várias proteínas de forma indireta e não de forma direta, através de moléculas que façam “pontes”, estabelecendo contatos entre proteínas. E o mesmo pode estar acontecendo em nosso modelo, em que a ausência do receptor P2X7 na membrana das células J774-G8 ATP-resistentes, ou de macrófagos peritoneais de animais “knockout” para o receptor P2X 7, pode de alguma forma alterar a expressão de proteínas que possam interligar a Cx43 com o receptor P2X7. Portanto, agora se utilizando de um modelo celular em que: (1) a Cx43 está presente de forma internalizada, mesmo com a presença do receptor purinégico na membrana plasmática como ocorre em células J774-G8 controle; (2) e que não está acoplada funcionalmente, como ocorre nas células J774-G8 ATP-resistentes, buscamos respostas para uma possível interação em experimentos de microarranjo de DNA (Microarray). Nestes experimentos esperavamos observar alterações gênicas que de alguma forma pudessem explicar a interação proteica sugerida por nosso trabalho anterior, além de elucidar as diferenças funcionais entre as células J774-G8 e J774-A1. Os resultados obtidos através destes experimentos nos revelaram que um significativo percentual de genes envolvidos com o fenômeno de comunicação celular estavam alterados nas células J774-A1, quando comparadas com as células J774-G8 controle. A figura 28A reflete parte destes achados, em que 30% dos genes regulados negativamente estão envolvidos com a expressão de proteínas que se relacionam com junções comunicantes ou receptores purinérgicos. Recentemente, Giepmans (2004) demonstrou um modelo de organização estrutural e molecular das junções celulares envolvidas com adesão e comunicação celular, esta última por intermédio de junções comunicantes formadas particularmente pela Cx43. Dentre as proteínas envolvidas neste esquema merecem destaque a α-catenina e α-actinina, estando estas envolvidas com a formação do citoesqueleto celular e inserção da conexina na membrana plasmática, como podemos observar na figura abaixo e que foi modificada da revisão de Giepmans (figura 30). De acordo com Giepmans (2004), a proteína α-catenina está presente no complexo de proteínas que estão associadas com a proteína de adesão E-caderina, que está co-localizada e co-imunoprecipitada com a Cx43. Segundo Fujimoto et al (1997), as α-cateninas estão co-localizadas com a Cx43 no inicio da formação da placa juncional na membrana plasmática celular, sendo essenciais para o endereçamento e inserção da conexina na membrana, como foi observado em ensaios de microscopia confocal. De acordo com as nossas análises, as proteínas α-catenina e α-actinina estão reguladas negativamente nas células J774-A1 quando comparadas com as células J774-G8, o que poderia explicar a ausência de comunicação celular entre as células J774-A1. A Cx43 neste caso estaria retida no citoplasma, pois as proteínas responsáveis por sua ancoragem e endereçamento não estariam presentes na constituíção celular, ou estariam em quantidades reduzidas na célula, o que dificultaria o encaminhamento e inserção da conexina na membrana. ZO-3 ZO-2 ZO-1 claudins occludin actin Rho ZO-1 ZO-2 α -catenin α -actinin Rho RPTPµ RPTPµ ZO-1 C-Src CK1 Figura 30- Esquema demonstrando as proteínas que possivelmente estão envolvidas com a inserção da Cx43 na membrana plasmática. Vale ressaltar que os diagramas em verde simbolizam os genes que estariam regulados negativamente nas células J774-A1. Consequentemente a expressão destas proteínas estaria prejudicada o que diminuiria a presença da conexina na membrana neste tipo celular. (adaptado de Giepmans, 2004). Além destas proteínas, foi inserida na figura uma família de proteínas citossólicas representadas por pequenas GTPases, sendo estas chamadas de familia de proteínas RHO. Esta famíla de proteínas é responsável por inúmeras funções intracelulares, dentre elas a depolimerização dos polímeros de actina que formam o citoesqueleto e os microtúbulos das células. Através da depolimerização, novas moléculas de actina ficam disponíveis para formação de novas cadeias de actina, o que dá origem a reorganização do citoesqueleto (Kaibuchi et al, 1999). A atividade das proteínas da família RHO é regulada por outras proteínas denominadas GAPs (GTPase-Activating Proteins) (Kaibuchi et al, 1999; Royal et al, 2000), e que nas células J774-A1 estão reguladas negativamente, o que consequentemente diminui a atividade das proteínas RHO, e assim a depolimerização do citoesqueleto, impedindo a formação de novos filamentos de actina. Com a redução de formação de novos filamentos, a inserção das conexinas na membrana celular ficaria prejudicada, levando ao confinamento da Cx43 no citossol (figuras 23A e 24). Além das moléculas discutidas anteriormente, está regulada negativamente a própria molécula de actina (que no macrófago é denominada F-actina), e que segundo Giepmans (2004), é importante para inserção da conexina na membrana, haja visto que as vesículas contendo a proteína conexina, ao sairem do complexo de Golgi, utilizam os microtúbulos como via de endereçamento proteico para membrana plasmática (Segretain & Falk, 2004). Outros genes associados à expressão de moléculas correlacionadas com a inserção da Cx43 na membrana plasmática estavam alteradas nas células J774-A1. A caseína kinase 1 (CK 1), por exemplo, também estava regulada negativamente nestas células. Esta proteína, quando expressa em níveis normais auxilia na produção e inserção da Cx43 na membrana celular, segundo Cooper & Lampe (2002), que através de ensaios de coimunoprecipitação observaram a associação das duas proteínas em um mesmo complexo. Além dos genes alterados relacionados a expressão de conexinas, foram encontrados genes que alteram a funcionalidade dos receptores P2X 7. A figura abaixo foi retirada e adaptada do trabalho de Kim et al (2001), e que foi comentado anteriormente (figura 31). Integrin β 2 P2X7 RPTPβ Laminin α 3 Pl4K Rho MAGuK Hsc71 Hsp70 α -actinin Supervillin Hsp90 β -actin Figura 31- Esquema demonstrando as proteínas que possivelmente estão envolvidas com a inserção e atividade do receptor P2X7 na membrana plasmática. Vale ressaltar que os diagramas em verde simbolizam os genes que estariam regulados negativamente nas células J774-A1, e os em vermelho que estariam regulados positivamente neste mesmo tipo celular. (adaptado de Kim et al, 2001). De acordo com a figura acima, poderíamos destacar inicialmente a proteína β-actina, que está regulada negativamente nas células J774-A1, e interage com a porção C-terminal da proteína α-actinina (Sampath et al, 1998). A expressão da proteína β-actina está relacionada com o arranjo do citoesqueleto e a inserção de diversas proteínas na membrana plasmática das células, dentre elas as proteínas que necessitam do citoesqueleto para serem ancoradas, tomando como exemplo as conexinas, ou segundo Kim et al (2001), os próprios receptores P2X7. Segundo os experimentos de co- imunoprecipitação deste grupo, as proteínas β-actina e α-actinina estariam associadas ao receptor P2X7. Associado à redução de expressão da proteína β-actina, podemos chamar a atenção para o gene da proteína α-actinina, relacionada à organização do citoesqueleto celular, e que está regulado negativamente nas células J774-A1. Além de interagir com a β-actina, a proteína α-actinina também interage com a proteína supervilina, que está intimamente associada à organização de feixes formados por F-actina, presentes em leucócitos e macrófagos (Pestonjamasp et al, 1997). Este desequilíbrio poderia desencadear uma severa alteração da organização do citoesqueleto celular, haja visto que a formação de feixes de F-actina estaria comprometida, impedindo a inserção de determinadas proteínas na membrana plasmática das células, como observamos nas células J774-A1 através de nossos experimentos de microscopia confocal (figura 24). Além desta alteração, poderiamos inferir que estas proteínas (β-actina e α-actinina) de alguma forma poderíam estar fazendo uma ponte de interação entre a Cx43 e o receptor P2X7, haja visto que elas interagem com as duas proteínas destacadas em nosso estudo. Com base nesta afirmativa, mesmo na presença do receptor P2X7, as células J774-A1 não expressariam a Cx43 na membrana. Dos genes que estavam regulados negativamente, também relacionamos o gene que regula a expressão da proteína β2-integrina, e que está inserida na membrana plasmática celular. Ao estar regulada negativamente, a β2-integrina pode não só alterar o ancoramento da Cx43 na membrana, como também pode alterar a inserção e a funcionalidade do receptor P2X7. Esta proposição pode ser especulada, haja visto que esta proteína (β2-integrina): (1) interage diretamente com a α-actinina (Sampath et al, 1998), que é responsável pelo endereçamento da conexina para membrana (Segretain & Falk, 2004); e (2) está associada com o receptor P2X7 diretamente, na região intracelular (Kim et al, 2001). Ainda analisando os genes regulados negativamente em nossos experimentos de microarranjo de DNA, podemos dar destaque para os genes associados as proteínas RHO, e que também estão possivelmente associadas com os receptores P2X7. Segundo Pfeiffer et al (2004), experimentos inibindo a ativação das vias associadas com a proteína RHO, impedem a reorganização do citoesqueleto celular de macrófagos murinos RAW 264.7 quando utilizado o agonista do receptor P2X7 denominado BzATP. Nas células controle (sem bloqueio da via), foi demonstrada pelos autores a reorganização do citoesqueleto e a formação de “blebs” de membrana após o tratamento com o agonista, demonstrando o envolvimento dos receptores P2X7 com a reorganização do citoesqueleto celular. Como discutimos anteriormente, as proteínas da família RHO estão associadas a depolimerização de cadeias de actina, para que haja a renovação do citoesqueleto celular. Portanto, através da ausência ou da baixa expressão das proteínas da via RHO, pode ser impedida a formação do citoesqueleto celular, o que prejudicaria a atividade das proteínas que estariam associadas a este evento, como por exemplo o controle da reorganização do citossol e da membrana plasmática de macrófagos pela ativação do receptor purinérgico. Indiretamente, a associação da Cx43 e do receptor P2X 7 ficaria alterada, já que o receptor purinérgico não conseguiria modular a formação do citoesqueleto celular, impedindo consequentemente o enderaçamento da proteína Cx43 para membrana plasmática. Entretanto, através das análises realizadas utilizando o microarranjo de DNA, observamos também alterações associadas a uma regulação positiva de alguns genes associados à proteínas estruturais. Dentre as proteínas estruturais observadas, podemos destacar a proteína α3 laminina que está associada diretamente à proteína β2-integrina em sua porção extracelular, e a sua inserção na membrana plasmática (Colognato & Yurchenco, 2000; Kim et al, 2001). Esta proteína pode estar regulada positivamente nas células J774A1, devido a redução da expressão de β2-integrina, o que seria uma eficiente alternativa de manter o ancoramento das poucas proteínas expressas (caso sejam expressas) na membrana plasmática das células. Portanto, utilizando as informações provenientes das várias alterações moleculares que observamos nas análises dos experimentos de microarranjo de DNA, e diante dos conhecimentos disponibilizados pela literatura, desenvolvemos um esquema que tem como objetivo elucidar e associar os eventos relacionados a todas as alterações demonstradas até o presente momento (figura 32). Laminina P2X7 Integrina Cx43 na Talina inculi V Pa xili na SH3 E- ca d - MAGUK er in a β -catenina SH3 - na + - + P2X7 sf o Citoesqueleto (actina) ril aç ão - RHOA + - - + ARHGEF1 ROCK1 Cx 43 + ARHGEF6 - + PAK1 + - SRC HSP90 + RAC1 + + + Fo + + ARHGAP29 α ac tini G-ACTINA GEF + + - α -catenina RAS GAP Organização dos feixes de Actina LIM KINASE - + - HSP90 RAF-1 - COFILINA - + - Depolimerização da Actina ERK 1, 2 + - + MEK 1, 2 - Figura 32- Esquema representativo das proteínas e vias protéicas que podem estar envolvidas com as alterações funcionais presentes nas células J774-A1, e com a possível correlação entre a proteína Cx43 e o receptor P2X7 em células de linhagem macrofágica e macrófagos peritoneais. As estruturas em verde representam as proteínas que estão reguladas negativamente, e as que estão representadas em vermelho as reguladas positivamente nas células J774-A1. As estruturas em cinza não sofreram nenhuma alteração, mas participam das vias que tem alguma proteína alterada. Os sinais de negativo (-) ou positivo (+) que estão em verde ou vermelho estão associados as vias que tem alguma proteína alterada, o que de alguma forma promove a alteração das atividades biológicas celulares. Estes mesmos sinais que não estão com sua cor alterada representam qual o efeito normal das proteínas nas vias. Através do esquema acima, conseguimos correlacionar todas as vias que discutimos até o momento, e assim elucidar como cada um dos genes (e as respectivas proteínas que expressam) alteram a funcionalidade e a interação da Cx43 e do receptor P2X7. Entretanto, algumas vias foram destacadas apenas neste esquema da figura 32. Dentre os genes e as suas respectivas vias, podemos chamar a atenção inicialmente para a proteína Cofilina que está regulada negativamente não só de forma direta, como observamos na análise do microarranjo de DNA, como também está regulada de forma indireta, pois a via de ativação desta proteína também está regulando-a de forma negativa. Com base nestas informações, podemos inferir que os processos de depolimerização e estabilização dos feixes de actina podem estar prejudicados, já que a cofilina está associada à estas duas funções (Nicholson-Dykstra et al, 2005). Consequentemente, a inserção e a regulação de proteínas que dependem da organização do citoesqueleto celular ficariam prejudicadas. Além dos genes regulados negativamente, podemos encontrar genes regulados positivamente nas células J774-A1, quando analisamos o microarranjo de DNA. Dentre os genes regulados positivamente, chamamos a atenção para a molécula de HSP 90 (Heat Shock Protein 90). Esta molécula é responsável pela manutenção de cascatas de sinalização, e regulação negativa da região com a presença de tirosina do receptor P2X7, o que diminui a atividade do receptor purinérgico, que está associada com efeitos proimunoinflamatórios, como a síntese e produção de citocinas que podem mediar respostas inflamatórias (Adinolfi et al, 2003; Verhoef et al, 2003; Erb et al, 2006). Através da alteração desta proteína (HSP 90), agora regulada positivamente, vias associadas com as ERK (Extracellular Signal-regulated Kinase) sofreram alterações que estão intimamente relacionadas com a fosforilação da Cx43 (Warn-Cramer & Lau, 2004). Apesar de destacarmos vários genes, associados à proteínas ou vias que são candidatas em potencial à uma possível interação molecular entre a Cx43 e o receptor P2X7, ainda estamos contabilizando outros genes que possam estar associados à estas especulações. Como demonstramos na figura 29, vários genes estavam alterados nas células J774-A1, e tiveram os seus percentuais distribuidos em grupos funcionais que não foram completamente esgotados até a sua úlima análise. Além disso, diante destes dados, vamos estudar quais seriam as vias e proteínas que estariam realmente modificadas, tomando por base as alterações genéticas que encontramos em nossas análises. Abaixo podemos observar as tabelas relacionadas com vias associadas a genes regulados negativamente (tabela 3) ou positivamente (tabela 4) nas células J774-A1. Tabela 3: Vias associadas a genes regulados negativamente IDENTIFICAÇÃO DOS GRUPOS GÊNICOS NOME DOS GRUPOS GÊNICOS 7606 Sensory perception of chemical stimulus 7608 Perception of smell 4872 Receptor activity 4984 Olfactory receptor activity 4930 G-protein coupled receptor activity 7186 G-protein coupled receptor protein signaling pathway 7017 Microtubule-based process 8202 Steroid metabolism 4221 Ubiquitin thiolesterase activity 1584 Rhodopsin-like receptor activity 4843 Ubiquitin-specific protease activity 4888 Transmembrane receptor activity 50819 Negative regulation of coagulation 50818 Regulation of coagulation 19894 Kinesin binding 16758 Transferase activity \ Transferring hexosyl groups 8194 UDP-glycosyltransferase activity 7600 Sensory perception 6511 Ubiquitin-dependent protein catabolism 19941 Modification-dependent protein catabolism 4871 Signal transducer activity 5515 Protein binding 19899 Enzyme binding 16757 Transferase activity \ Transferring glycosyl groups 42605 Peptide antigen binding 30199 Collagen fibril organization 6869 Lipid transport 16790 Thiolester hydrolase activity 4197 Cysteine-type endopeptidase activity 9581 Detection of external stimulus 3823 Antigen binding 5544 Calcium-dependent phospholipid binding 8203 Cholesterol metabolism 139 Golgi membrane 16125 Sterol metabolism 47499 Calcium-independent phospholipase A2 activity 4622 Lysophospholipase activity 4607 Phosphatidylcholine-sterol O-acyltransferase activity 4807 Triose-phosphate isomerase activity 8234 Cysteine-type peptidase activity 5915 Zonula adherens 226 Microtubule cytoskeleton organization and biogenesis 30414 Protease inhibitor activity 4866 Endopeptidase inhibitor activity 5776 Autophagic vacuole 45 Autophagic vacuole formation 16236 50509 Macroautophagy N-acetylglucosaminyl-proteoglycan 4-beta-glucuronosyltransferase activity 8378 Galactosyltransferase activity 30496 Midbody Tabela 4: Vias associadas a genes regulados positivamente IDENTIFICAÇÃO DOS GRUPOS GÊNICOS NOME DOS GRUPOS GÊNICOS 16070 RNA metabolism 6396 RNA processing 30529 Ribonucleoprotein complex 45095 Keratin filament 16478 Negative regulation of translation 375 377 RNA splicing \ Via transesterification reactions RNA splicing \ Via transesterification reactions with bulged adenosine as nucleophile 398 Nuclear mRNA splicing \ via spliceosome 16071 mRNA metabolism 5952 cAMP-dependent protein kinase complex 6364 rRNA processing 19867 Outer membrane 8380 RNA splicing 3723 RNA binding 43283 Biopolymer metabolism 43228 Non-membrane-bound organelle 43232 Intracellular non-membrane-bound organelle 46728 Viral capsid (sensu Retroviridae) 19013 Viral nucleocapsid 7046 Ribosome biogenesis 16072 rRNA metabolism 42254 Ribosome biogenesis and assembly 5882 Intermediate filament 45111 Intermediate filament cytoskeleton 5253 Anion channel activity 8369 Obsolete molecular function 4759 Serine esterase activity 16208 AMP binding 30552 3’\,5’-cAMP binding 8639 Small protein conjugating enzyme activity 4840 Ubiquitin conjugating enzyme activity 8603 cAMP-dependent protein kinase regulator activity 6397 mRNA processing 6596 Polyamine biosynthesis 16887 ATPase activity 43234 Protein complex 785 Chromatin 19538 Protein metabolism 7028 Cytoplasm organization and biogenesis 44267 Cellular protein metabolism 4091 Carboxylesterase activity 6821 Chloride transport 6325 Establishment and/or maintenance of chromatin architecture 6323 DNA packaging 6334 Nucleosome assembly 30551 Cyclic nucleotide binding 5198 Structural molecule activity 19028 Viral capsid 8283 Cell proliferation 19835 Cytolysis 6605 Protein targeting 9058 Biosynthesis A realização de experimentos de microscopia confocal e co- imunoprecipitação conseguirão demonstrar com mais clareza não só a associação das duas proteínas que estudamos em nosso trabalho, mas também como está a associação destas duas proteínas com as proteínas que estariam reguladas negativamente ou positivamente nas células J774-A1 em relação as células J774-G8, e que possuem o mesmo perfil funcional que as células provenientes de macrófagos peritoneais. A partir deste momento, com base nestes dados, temos a certeza de que de alguma forma conseguiremos não só esclarecer ainda mais a interação entre estas duas proteínas em células do sistema imune, como também conseguiremos extrapolar este conhecimento para outros sistemas, dada a importância destas duas estruturas nas respostas fisiológicas em vários tecidos e orgãos. VI- CONCLUSÕES CONCLUSÕES Diante dos resultados obtidos em nossos estudos, podemos concluir que: a) Os macrófagos peritoneais e as células de linhagem macrofágica J774-G8 Controle e ATP-resistentes apresentam níveis de mRNA para conexina43; b) Todos os tipos celulares estudados expressam a conexina43; c) As células J774-G8 ATP-resistentes expressam a conexina43, mas não expressam o receptor P2X7; d) As células controle expressam a proteína juncional na membrana plasmática, enquanto que as células ATP-resistentes apresentam a conexina43 majoritariamente no citoplasma; e) Os macrófagos peritoneais e as células da linhagem macrofágica J774-G8 controle estão acopladas, apresentando Junções Comunicantes FUNCIONAIS, enquanto as células J774-G8 ATP-resistentes, embora expressem conexinas, não estão acopladas; f) Os macrófagos peritoneais provenientes de animais “knockout”para o receptor P2X7 não estão acoplados funcionalmente; g) As proteínas Cx43 e P2X7 interagem não só em macrófagos peritoneais, como também nas linhagens macrofágicas J774-G8, o que não ocorre em macrófagos peritoneais provenientes de animais “knockout”para o receptor P2X7, ou células das linhagens macrofágicas J774-G8 ATP-resistentes e J774-A1; h) A interação proteica proposta em nosso estudo pode envolver diversos mecanismos de ancoramento ou atividade bioquimica de vias que estão intimamente associadas com a regulação da Cx43 e do receptor P2X 7, como foi demonstrado nos ensaios moleculares de microarranjo de DNA. 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