UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA "JULIO DE MESQUITA FILHO" FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS CÂMPUS DE ARARAQUARA FELIPE DE OLIVEIRA SOUZA Atividade citotóxica, pró-apoptótica, genotóxica e mutagênica de nitensidina B em células tumorais cervicais humanas Araraquara, SP 2013 FELIPE DE OLIVEIRA SOUZA Atividade citotóxica, pró-apoptótica, genotóxica e mutagênica de nitensidina B em células tumorais cervicais humanas Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biociências e Biotecnologia Aplicadas à Farmácia, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara, Universidade Estadual Paulista – UNESP, como arte dos requisitos para obtenção do título de mestre em Biociências e Biotecnologia Aplicadas à Farmácia. Área de Concentração: Citologia Clínica e Biologia Celular. Orientadora: Profa. Dra. Christiane Pienna Soares ARARAQUARA-SP 2013 Ficha Catalográfica Elaborada Pelo Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação Faculdade de Ciências Farmacêuticas UNESP – Campus de Araraquara Souza, Felipe de Oliveira Atividade citotóxica, pró-apoptótica, genotóxica e mutagênica de S829a nitensidina B em células tumorais cervicais humanas / Felipe de Oliveira Souza . – Araraquara, 2013 80 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista. “Júlio de Mesquita Filho”. Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Programa de Pós Graduação em Biociências e Biotecnologia aplicadas à Farmácia Orientador: Christiane Pienna Soares . 1. Câncer cervical. 2. Nitensidina B. 3. HPV. 4.Apoptose. I. Soares, Christiane Pienna, orient. II. Título. CAPES: 40300005 Dedico este trabalho à minha estimada Mãe, ao meu pai, a todos meus amigos, por toda força e apoio que sempre me deram em momentos importantes da minha vida. AGRADECIMENTOS À minha estimada mãe Maria Cristina, que mesmo tendo ficado pouco tempo comigo, ficou tempo suficiente para me passar ótimos princípios, ser meu maior exemplo de força e caráter. Ao, meu pai José Carlos que contribuiu com toda minha trajetória acadêmica e de vida. À minha irmã Raíssa por ser companheira de todas as horas À toda minha famíla, em especial, minhas tias Celina, Tera, Tia Darci, por todo apoio e carinho Ao meu amigo Antônio, só tenho que agradecer por ter você como meu amigo, ou melhor irmão, vou levar sempre comigo todos os bons momentos que passamos e que ainda passaremos. À todos os meus amigos, de Araraquara, em especial a Márcia, Thaís e ao Mário Moretti e de Lençóis Paulist ,Isabella, Michel, Renan, Luís, Alan, Wagnão, Bicudo, e mais alguns ainda por fazerem parte da minha vida e de contribuirem para a formação do meu caráter e de me aturarem. À republica federativa dos inocente, e todos que passaram por essa maravilhosa família, Guilherme, Rudy, Mário, Danilo, Joaquim, Rodrigo, por tornarem este apartamento como o meu ponto de apoio, pela alegria e companhia durante todo o tempo. À professora Christiane Pienna Soares por ter me incentivado a seguir esta trilha, pela paciência, confiança e por ser um grande exemplo de persistência e superação. À Juliana, grande pessoa que conheci e que mudou minha vida completamente, tenho você como uma pessoa muito especial e que sempre levarei comigo. Ao pessoal do laboratório de Citologia Clínica e Biologia celular, em especial ao Flávio e Jamile por contribuir diretamente com os resultados, a Bel, grande amiga, Rodolfo, Luís, Mauro, Marcão e Valéria por estarem sempre dispostos a ajudar. Ao Luís Otávio pela colaboração e contribuição com nosso laboratório e aos laboratórios vizinhos, Micologia Clínica, Bioquímica Clínica e Imunologia, por compartilharem várias vezes parte de sua estrutura para que este projeto fosse realizado. Aos funcionários da FcFar-UNESP que colaboraram com seu excelente trabalho direta ou indiretamente para este trabalho. À FcFar-UNESP pelo acolhimento e estrutura proporcionada. “Não confunda derrotas com fracasso, nem vitórias com sucesso. Na vida de um campeão sempre haverá algumas derrotas, assim como na vida de um perdedor sempre haverá vitórias. A diferença é que, enquanto os campeões crescem nas derrotas, os perdedores se acomodam nas vitórias.” Roberto Shinyashiki RESUMO Atualmente, o câncer cervical é considerado a segunda causa mais comum entre as mulheres e encontra-se associado ao Papilomavírus Humano (HPV), que infecta células epiteliais escamosas, dando origem a grandes lesões. Em face da necessidade de se encontrar novos fármacos com atividade antineoplásica, têm-se procurado identificar substâncias isoladas de plantas brasileiras capazes de impedir a proliferação de células neoplásicas infectadas por HPV. A nitensidina B é um alcalóide guanidínico isolado de Pterogyne nitens Tul. (Fabaceae), que possui atividade citotóxica e antifúngica. O presente estudo teve por objetivo, verificar a atividade citotóxica, pró-apoptótica, genotóxica e mutagênica de nitensidina B, por meio de experimentos in vitro, utilizando células de carcinoma cervical infectadas por HPV-16 (SiHa) e não infectadas pelo vírus (C-33A). Para avaliar a citotoxicidade da nitensidina B o teste MTT foi realizado, sendo possível observar um efeito concentração-resposta nas duas linhagens testadas SiHa e C-33A, CI50 = 28,95 µM e 25,78 µM, respectivamente por 24 horas de tratamento e SiHa e C-33A, CI50 = 20,77 µM e 20,96 µM, respectivamente por 48 horas de exposição a nitensidina B. Com o intuito de avaliar a ação pró-apoptótica, foi realizado o ensaio de anexina V por citometria de fluxo e o ensaio do Hoechst-Iodeto de propídio, na qual pode-se verificar que a nitensidina B apresentou morte celular por apoptose tardia na linhagem de células infectadas por HPV-16 (SiHa) e baixa porcentagem de células apoptóticas nas células não infectadas pelo HPV-16 (C-33A), tanto por apoptose precoce, quanto na apoptose tardia/necrose, em todas as concentrações. Para o ensaio de genotoxicidade foi realizado o ensaio do cometa, onde observou-se alta porcentagem de DNA na cauda das células SiHa e C-33A. Na linhagem celular SiHa, observou-se genotoxicidade significante em todas as concentrações testadas no tratamento por 6 horas e concentração de DNA na cauda em 5,00 µM e 16,0 µM na exposição das células por 24 horas. Para a linhagem C-33A observou-se os mesmos perfis de genotoxicidade da linhagem celular SiHa nos dois tempos de tratamento. Não houve indução de mutagenicidade nas células de estudo nas condições testadas. Sendo assim pode-se sugerir que a nitensidina B como um candidato a agente citotóxico contra células SiHa e C-33A. Palavras Chave: câncer cervical, HPV, nitensidina B, citotoxicidade, apoptose. ABSTRACT Nowadays, cervical cancer is considered the second most common among women, and have been associated with human papillomavirus (HPV), which infects squamous epithelial cells resulting in major injuries. Given the need to find new drugs with antineoplastic activity, have sought to identify compounds antineoplastic from plants, wich are capable of preventing the proliferation of neoplastic cells infected by HPV. Nitensidine B is a guanidine alkaloid isolated from Pterogyne nitens Tul. (Fabaceae), which has cytotoxic and antifungical activies. This study aimed verify by cytotoxic, proapoptotic, genotoxic and mutagenic of nitensidine B through in vitro experiments, using cervical carcinoma cells infected by HPV-16 (SiHa) and not infected (C -33A). To evaluate the cytotoxicity of nitensidine B, by MTT assay, it being possible to observe an effect concentration response in both strains tested SiHa and C-33A, IC50 = 28.95 µM and 25.78 µM, respectively, by 24 hours of treatment and SiHa and C-33A, IC50 = 20.77 µM and 20.96 µM, respectively, by 48 hours. In order, to investigate pro-apoptotic activity, it was carried out annexin V flow cytometric and Hoechst-propidium iodide assay, which it could be seen that the nitensidine B showed apoptotic cell death late in the lineage of cells infected by HPV-16 (SiHa) and lower percentages of apoptotic cells in the cells not infected by HPV-16 (C-33A), both early apoptotic, late apoptotic and in necrosis at all concentrations used. For the genotoxicity assay was performed comet assay, where there was a high percentage of DNA in the tail of the cells studied. In SiHa cell line was observed significant genotoxicity at all concentrations tested in treatment for 6 hours and the concentration of DNA in the tail at 5.00 µM to 16.0 µM on exposing cells for 24 hours with nitensidine B. For the line C-33A was observed genotoxicity profiles of the same cell line SiHa in both treatment times tested. There was no induction in cells mutagenicity at conditions tested. Thus it could be suggested that the nitensidine B as a candidate to cytotoxic agent against SiHa cells and C-33A cells. Keywords: cervical cancer, HPV, nitensidine B, cytotoxicity, apoptosis. Lista de Figuras Figura 1 Distribuição proporcional dos dez tipos de câncer mais incidentes estimados para 2012 por sexo. Figura 2. Lesão cervical e sua evolução. Figura 3. Representação esquemática do capsídeo e do genoma viral do HPV-16. Figura 4. Ciclo viral do Papilomavírus Humano (HPV). Figura 5. Planta Pterogyne nitens em seu habitat. Figura 6. Estrutura Molecular Nitensidina B. Figura 7. Características morfológicas de apoptose e necrose. Figura 8. Ilustração da externalização da camada de fosfatidilserina da membrana celular e ligação com a anexina V. Figura 9. Níveis de dano no DNA após exposição por peróxido de hidrogênio através do ensaio do cometa. Figura 10. Micronúcleo. Figura 11. Ensaio de citotoxicidade (MTT). Nitensidina B na linhagem celular SiHa nas concentrações de 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM, 16,0 µM e 47,0 µM em dois tempos de tratamento (24 e 48 horas). Figura 12. Ensaio de citotoxicidade (MTT). Nitensidina B na linhagem celular C-33A nas concentrações de 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM, 16,0 µM e 47,0 µM em dois tempos de tratamento (24 e 48 horas). Figura 13. Ensaio de apoptose por citometria de fluxo utilizando anexina V conjugada com FITC e iodeto de propídio. Linhagem SiHa tratada com de 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM, 16,0 µM e 47,0 µM de nitensidina. Relação entre apoptose precoce e apoptose tardia em células tratadas com nitensidina B por 24 horas. Figura 14. Ensaio de apoptose por citometria de fluxo utilizando anexina V conjugada com FITC e iodeto de propídio. Linhagem C-33A tratada com de 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM, 16,0 µM e 47,0 µM de nitensidina B. Relação entre apoptose precoce e apoptose tardia em células tratadas com nitensidina B por 24 horas. Figura 15. Taxas de apoptose e necrose por coloração Hoechst / IP em células SiHa. Resultados são expressos como a média de três experimentos independentes e analisados por one-way ANOVA com pós-teste de Tukey (tratados vs CV). A) Relação entre apoptose total e necrose em células tratadas com nitensidina B por 24 horas; B) Relação entre apoptose precoce e apoptose tardia em células tratadas com nitensidina B por 24 horas Figura 16. Taxas de apoptose e necrose por coloração Hoechst / IP em células C-33A. Resultados são expressos como a média de três experimentos independentes e analisados por one-way ANOVA com pós-teste de Tukey (tratados vs CV). A) Relação entre apoptose total e necrose em células tratadas com nitensidina B por 24h; B) Relação entre apoptose precoce e apoptose tardia em células tratadas com nitensidina B por 24 horas Figura 17. Genotoxicidade da nitensidina B representada pela % de DNA na cauda em linhagem celular SiHa tratadas com 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM e 16,0 µM por 6 horas. Figura 18 .Genotoxicidade da nitensidina B representada pela % de DNA na cauda em linhagem celular SiHa tratadas com 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM e 16,0 µM por 24 horas. Figura 19. Genotoxicidade da nitensidina B representada pela % de DNA na cauda em linhagem celular C-33A tratadas com 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM e 16,0 µM por 6 horas. Figura 20. Genotoxicidade da nitensidina B representada pela % de DNA in tail em linhagem celular C-33A tratadas com 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM e 16,0 µM por 24 horas. Figura 21. Mutagenidade da nitensidina B representada pela % de micronúcleos linhagem celular SiHa tratadas com 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM, 16,0 µM e 47 µM por 24 h. Resultados são expressos como a porcentagem de micronúcleos em 1000 células analisadas por concentração e controles, resultados analisados pelo Kruskal-Wallis teste com pós-teste de Dunn’s (tratados vs CV). CP: 50 µg/ml de doxorrubicina, CV: controle de veículo DMSO 1%, * p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001 ****p < 0,0001. Figura 22. Mutagenidade da nitensidina B representada pela % de micronúcleos linhagem celular C-33A tratadas com 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM, 16,0 µM e 47 µM por 24 h. Resultados são expressos como a porcentagem de micronúcleos em 1000 células analisadas por concentração e controles, resultados analisados pelo KruskalWallis teste com pós-teste de Dunn’s (tratados vs CV). CP: 50 µg/ml de doxorrubicina, CV: controle de veículo DMSO 1%, * p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001 ****p < 0,0001. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANOVA – análise de variância ATCC- American Type Culture Collection ATV – associação de tripsina e versene CN – controle negativo CP – controle positivo CV- controle de veículo CI50 – concentração capaz de reduzir em 50% a viabilidade celular C-33A- células de carcinoma cervical humano não imortalizadas pelo HPV-16 DAF – diacetato de fluoresceína DMEM – Dulbecco’s modification of Eagle´s medium E- early EDTA- Ácido Etilenodiaminatetracético EP - erro padrão E2F- fator epitelial 2 FITC - isotiocianato de fluoresceína FN - fragmentos do nucleóide Gy/min- gray por minuto HO – Hoechst HO / IP – Hoechst Iodeto de Propídio HUVEC- células endoteliais da veia umbilical humana HPF- high power field HPV – Human Papilomavirus IP – iodeto de propidio IPC - Instituto de Patologia Clínica L – late LCR – long control region MF- fator mitótico MTT – 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5- brometo de difeniltetrazólio NuBBE- Núcleo de Bioensaios, Biossíntese e Ecofisiologia de Produtos Naturais OECD - Organization for Economic Co-Operation & Economic Development PB – pares de base PBS – solução salina tamponada com fosfato pRb- proteína do retinoblastoma PS – fosfatidilserina p53- proteína p53 q.s.p.- quantidade suficiente para RT-PCR- transcrição reversa reação em cadeia de polimerase SiHa- linhagem de carcinoma cervical humano imortalizadas pelo HPV-16 SFB – soro fetal bovino TM – tail moment URR – upstream regulatory region Vero – linhagem celular de rim de macaco verde africano WB- Western Blot 3T3-L1 – fibroblasto de camundongo SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO................................................................................... 17 1.1- Câncer de Colo Uterino e Papilomavírus Humano (HPV) .......... 18 1.1.1- HPV – Biologia e Ciclo de Vida ................................................... 22 1.2- Pterogyne nitens ................................................................................ 26 1.2.1- Nitensidina B ................................................................................. 27 1.3- Morte Celular – Apoptose e Necrose ............................................. 28 1.4- Genotoxicidade ................................................................................. 31 2.1- Objetivo Geral .................................................................................. 36 2.2- Objetivos Específicos ....................................................................... 36 3.1- Procedimentos fitoquimicos: Obtenção de nitensidina B ............ 38 3.2- Cultura de células – SiHa e C-33A ................................................. 39 3.3- Tratamento das linhagens celulares ............................................... 39 3.4- Citotoxicidade com MTT ................................................................ 40 3.5- Ensaios de Apoptose ........................................................................ 40 3.5.1- Anexina V ...................................................................................... 40 3.5.2- Hoechst e Iodeto de propídio ....................................................... 41 3.6- Ensaio de Genotoxicidade –Ensaio do Cometa ............................ 42 3.7- Ensaio de Mutagenicidade - Teste do Micronúcleo ...................... 43 3.8- Análises Estatísticas ......................................................................... 44 4.1- Ensaio de citotoxicidade- MTT ...................................................... 46 4.2- Ensaios de apoptose: Anexina V..................................................... 48 4.3- Ensaio de apoptose Hoescht-Iodeto de propídio ........................... 51 4.4- Avaliação da genotoxicidade - Ensaio do cometa ......................... 55 4.5- Avaliação da mutagenicidade - Ensaio do micronúcleo............... 59 5- DISCUSSÃO........................................................................................ 61 6- CONCLUSÕES ................................................................................... 62 7- REFERÊNCIAS .................................................................................. 66 1.INTRODUÇÃO 18 1.1 - CÂNCER DE COLO UTERINO E PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) O câncer é a designação dada ao conjunto de manifestações patológicas que se caracterizam pela perda de controle da proliferação, ganho de capacidade de invadir tecidos adjacentes ou de sofrer metástases para tecidos distantes. Esta perda de controle é consequência direta de danos hereditários e irreversíveis causados aos mecanismos de regulação do ciclo celular bem como, aos genes que nele atuam. Sendo assim, a malignidade de uma célula é resultado de mutações no material genético, que podem ser hereditárias (quando a predisposição a uma determinada neoplasia pode ser diretamente ligada aos genes alterados e estes são transmitidos ou quando os distúrbios que levem a doença são levados como um efeito secundário) ou adquiridas somaticamente pela exposição a uma variedade de fatores ambientais (MONTESANO & HALL, 2001). Por outro lado, um tumor benigno significa uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida (INCA, 2010). As causas de câncer são variadas, podendo ser classificadas como externas e internas, estando ambas inter-relacionadas. As causas externas relacionam-se ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente social e cultural. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Esses fatores causais podem interagir de várias formas, aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células normais. De maneira que esses fatores atuem de maneira conjunta aumentando o risco de desenvolvimento da doença (GREENWALD et al. 1995). Como cerca de 70% a 80% dos casos de câncer são de origem externa, podemos considerá-los, portanto, passíveis de prevenção (GREENWALD et al. 1995; ALBERTS et al., 1999; PEZZUTO et al., 2005). Estimativas mostram que, no Brasil, o câncer do colo do útero é a segunda neoplasia mais comum na população feminina, de acordo com dados absolutos sobre a incidência e mortalidade por câncer divulgada pelo Instituto Nacional de Câncer em 2012, como demonstra a figura 1. 19 Localização primária casos novos percentual Localização casos primária novos percentual Próstata 60.180 30,8% Mama 52.680 Feminina 27,9% Traqueia, Brônquio e Pulmão 17.210 8,8% Colo do Útero 17.540 9,3% Cólon e Reto 14.180 7,3% Cólon e Reto 15.960 8,4% Estômago 12.670 6,5% Glândula Tireoide 10.590 5,6% Cavidade Oral 9.990 5,1% Traqueia, Brônquio 10.110 e Pulmão 5,3% Esôfago 7.770 4,0% Estômago 7.420 3,9% Bexiga 6.210 3,2% Ovário 6.190 3,3% Laringe 6.110 3,1% Corpo do 4.520 Útero 2,4% Linfoma não Hodgkin 5.190 2,7% Sistema Nervoso Central 4.450 2,4% 2,5% Linfoma não Hodgkin 4.450 2,4% Sistema Nervoso Central 4.820 Figura 1 -Distribuição proporcional dos dez tipos de câncer mais incidentes estimados para 2012 por sexo. Fonte: ( INCA, 2012 ) Os tipos mais incidentes, à exceção do câncer de pele do tipo não melanoma, serão os cânceres de próstata e de pulmão no sexo masculino e os cânceres de mama e de colo do útero no sexo feminino, acompanhando o mesmo perfil da magnitude observada no mundo (INCA, 2012). A principal maneira utilizada para detecção precoce das lesões que podem levar ao câncer de colo uterino é a realização do exame popularmente conhecido como Papanicolaou. Este exame consiste na coleta do material citológico da parte externa (ectocervice) e também da parte interna (endocervice) do colo uterino, por meio da introdução de um espéculo vaginal e coleta, realizado com uma espátula de madeira e com uma escova endocervical, mediante os movimentos de 360º. Esse rastreamento que é realizado entre as mulheres permite a detecção precoce das lesões do colo uterino, reduzindo significativamente o aparecimento do câncer cervical. Em relação à 20 morfologia celular o mais comum é a coilocitose nos estágios iniciais e a consequente perda de morfologia conforme a lesão se maligniza, até o ponto da irreversibilidade apresentado na figura 2. Figura 2- Lesão cervical e sua evolução. Fonte: www.gisttumo-r.com, 2011. Acessado em 14/11/2012. O câncer de colo uterino é uma doença causada por fatores ambientais, genéticos e também infecciosos, onde o HPV relaciona-se com 90% dos casos entre a população mundial, o Papilomavirus Humano se destaca como uma das doenças sexualmente transmissíveis (DST) mais comuns no mundo. A única forma visível da doença provocada por esse vírus são verrugas, também conhecidas como “crista de galo”, que aparecem nas regiões genitais de homens e mulheres. No entanto, só os tipos mais benignos do HPV desenvolvem tais sintomas (PSYRRI & DIMAIO, 2008). Mais de 200 tipos de HPV foram isolados, não havendo dúvidas de que existem outros tipos que ainda não foram identificados. Eles são vírus que infectam as células 21 epiteliais escamosas e possivelmente podem dar origem a grandes lesões epiteliais, principalmente hiperplasia benigna (por exemplo, verrugas ou papilomas), com baixo potencial maligno. Uma pequena fração de pessoas infectadas com HPV de alto risco irá desenvolver câncer, que geralmente surgem muitos anos após a infecção inicial (PSYRRI & DIMAIO, 2008). HPVs da mucosa e genital são compostos por cerca de 30 tipos, sendo divididos em papilomavírus humano de baixo risco (tipos 6, 11, 42, 43 e 44) e HPVs de alto risco que estão associados com lesões pré-cancerígenas (tipos 16, 18, 31, 33, 35, 45, 51, 52 e 56), de acordo com a sua presença em lesões malignas do colo do útero (NAIR & PILLAI, 2005) O Brasil é um dos líderes mundiais em incidência de HPV, que é considerado como um problema de saúde pública que afeta principalmente os países em desenvolvimento, as vítimas preferenciais são mulheres entre 15 e 25 anos, embora a doença também acometa os homens. Especialistas acreditam que o número menor de registros entre pessoas do sexo masculino tenha como origem a baixa procura dos homens por serviços de urologia, por fatores como o preconceito ou a falta de informação (Ministério da Saúde, 2011). A infecção por subtipos de alto risco oncogênico do HPV é o maior fator de risco para o desenvolvimento de lesões malignas no colo uterino. Embora a infecção pelo o HPV possa ser o fator desencadeante do câncer cervical estudos recentes mostram a correlação com fatores genéticos e funções imunes intimamente relacionados com a prospecção da carcinogênese cervical e a infecção pelos principais subtipos de alto risco (ZUR HAUSEN, 2009). O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece exames gratuitos à população para detecção do vírus. Para evitar que a contaminação pelo HPV se transforme em câncer, é fundamental que as mulheres se submetam ao exame Papanicolaou regularmente. O Ministério da Saúde recomenda visitas frequentes a ginecologistas, para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e à reprodução. Alguns fatores aumentam a probabilidade de desenvolvimento desse câncer em mulheres infectadas pelo HPV. Entre eles, estão o número elevado de gestações, o uso de contraceptivos orais, tabagismo e infecção pelo HIV e outras DST (Ministério da Saúde, 2011). O uso de preservativos durante a relação sexual é também uma prevenção primária do câncer do colo do útero, uma das formas de evitar o contágio pelo HPV, sendo que este é transmitido pelo contato genital com a pessoa infectada (incluindo sexo oral). Pode ser transmitido também por via sanguínea, de mãe para filho na hora do parto. Na maioria 22 das vezes, a infecção é transitória e desaparece sem deixar vestígios. Por isso, quando se realiza o diagnóstico, não se consegue saber se a infecção é recente ou antiga. A doença viral pode permanecer sem se manifestar no corpo da pessoa. A explicação para tantos casos pode ter como causa o fato de a infecção do HPV se desenvolver de forma silenciosa no corpo humano. A maioria das pessoas não apresentam nenhum sintoma ao contrair a doença e, por isso, não procura tratamento. Esse comportamento é o grande responsável pela disseminação do vírus (Ministério da Saúde, 2011). 1.1.1- HPV – BIOLOGIA E CICLO DE VIDA O HPV é um vírus de DNA, da família Papovaviridae do gênero Papovavirus que foi identificado por Strauss em 1949, e vem sendo isolado em inúmeras espécies animais. As partículas virais completas não são envelopadas e possuem capsídeo protéico (composto por duas proteínas estruturais) de padrão icosaédrico, com 55 nm de diâmetro (FIGURA 3). Figura 3: Representação esquemática do capsídeo e do genoma viral do HPV-16 A figura 3A representa a partícula viral com capsídeo de padrão icosaédrico, sem envelope, composta por 72 capsômeros (SPPV, 2011). Na figura 3B está representado 23 esquematicamente o genoma do HPV-16, genes da região precoce (E), genes da região tardia (L) e a Long Control Region (LCR). Dentro do capsídeo, o genoma se apresenta circular de fita dupla de DNA, contendo aproximadamente 8.000 pares de base (pb) e peso molecular de 5,2 x 10 6 Da (DELIGEOROGLOU et al., 2009; ZUR HAUSEN, 2009; HORVATH et al., 2010). O genoma viral é dividido em três regiões gênicas, diferenciadas de acordo com os genes que são codificados em cada região. A região precoce (E, de early), com 7 a 8 genes funcionais, a região tardia (L, de late) que codifica as duas proteínas estruturais do capsídeo e uma região regulatória, não-codificadora, conhecida como long control region (LCR) ou upstream regulatory region (URR ) (SPPV, 2011). O tamanho relativamente pequeno do genoma do HPV permite uma análise de cada gene e a interação das proteínas virais com a célula hospedeira. Os genes precoces formam 60% do genoma viral, são responsáveis pela replicação do DNA (gene E1), controle de transcrição (gene E2), maturação do vírus e alteração da matriz e citoesqueleto celular (gene E4), e no estímulo da proliferação e manutenção da transformação celular (genes E5, E6 e E7). Os genes da região tardia, L1 e L2, formam 40% do genoma viral e constituem sequências altamente conservadas em todos os papilomavírus. Esses genes codificam proteínas do capsídeo viral que são responsáveis por sua antigenicidade, sendo a proteína L1, de 54 kDa como principal, e L2, de 52 kDa como secundária. As proteínas virais E6 e E7 apresentam função de estimular a progressão do ciclo celular ao se associarem com proteínas reguladoras do ciclo celular hospedeiro. A proteína E7 associa-se com a proteína do retinoblastoma (pRb), um regulador negativo do ciclo celular que normalmente previne a progressão da fase G1 para a fase S por se associar ao fator de transcrição E2F. Ao se ligar a E7, pRb é degrada liberando E2F, a qual estimulará a transcrição de genes alvos associados a replicação do DNA, resultando na proliferação celular desordenada (MOTOYAMA et al., 2004; ZUR HAUSEN, 2002). A proteína viral E6 completa o papel de E7, prevenindo a apoptose em resposta à entrada não programada na fase S induzida por E7 (DOORBAR & CUBIE, 2005). A associação da proteína E6 dos tipos de HPV de alto risco, com a proteína p53 da célula hospedeira resulta na degradação da p53, comprometendo a interrupção do crescimento celular e a ativação da apoptose induzida por erros no DNA genômico. A perda do 24 controle do ciclo celular mediado por p53 favorece a instabilidade cromossômica e acúmulo de mutações na célula infectada (DOORBAR & CUBIE, 2005). O HPV tem afinidade por células epiteliais da pele e mucosas. Dependendo do tipo de vírus, pode causar proliferação benigna ou maligna. Os diferentes tipos de HPV são definidos como tendo mais de 10 % de diferença em regiões específicas do seu genoma. Portanto, determinados tipos virais com diferentes formas de interação determinam, em conjunto, o potencial oncogênico do vírus. A infecção de pele e mucosas pelo HPV ocorre por meio de microlesões existentes na camada basal do tecido (ZUR HAUSEN, 2002). A infecção pelo papilomavírus exige a disponibilidade de células epiteliais da epiderme ou da mucosa que são capazes de proliferação, onde o ciclo de vida produtivo do vírus ocorre juntamente ao ciclo de diferenciação das células do hospedeiro infectado. A infecção inicial pelo HPV ocorre em células basais, uma única camada de células proliferativas indiferenciadas (STANLEY, 2008). As células escamosas epiteliais normais se dividem como células tronco e formam o epitélio estratificado. Após a divisão uma das células-filhas migra para a superfície do epitélio e começa a sofrer diferenciação terminal enquanto a outra permanece na camada basal desempenhando um lento ciclo para manter a renovação da população celular (WATT, 1998; DOORBAR, 2006; NARISAWA-SAITO & KIYONO, 2007). A figura 4 ilustra o acesso às células basais que acontece por meio de microlesões causadas por diversas formas de trauma físico e pela interação com integrinas como α6β1 e α6β4 integrina (YOON et al., 2001; PSYRRI & DIMAIO, 2008). Nas células infectadas da camada basal são sintetizados baixos níveis de DNA viral, formando aproximadamente 50 a 100 cópias epissomais do genoma viral por célula (PETT & COLEMAN, 2007). A infecção das células basais pelo HPV leva à ativação de uma cascata de expressão de genes virais que resulta na replicação de seu genoma, no entanto, a expressão destes genes é amplamente reprimida, existindo apenas uma limitada expressão de genes virais específicos da região precoce. Os primeiros genes virais a serem expressos são os fatores de replicação, E1 e E2, que formam um complexo que se liga à origem de replicação e atua no sentido de recrutamento de polimerases celulares e proteínas acessórias que mediam a replicação de DNA (CONGER et al., 1999; STANLEY, 2008). 25 Figura 4: Ciclo viral do Papilomavírus Humano ( modificado de DOORBAR, 2006) Por meio de microlesões, o HPV é capaz de infectar células da camada basal do epitélio. Ao migrar para as camadas suprabasais os genes virais são ativados, o DNA do vírus é replicado e as proteínas do capsômero são sintetizadas. As partículas virais formadas são liberadas na superfície da mucosa onde podem infectar outras células (DOORBAR, 2006). A replicação viral ocorre exclusivamente no núcleo da célula hospedeira e o genoma viral pode interagir com o DNA celular de forma epissomal (vegetativa) ou integrada (KANODIA et al., 2007). Assim, há dois modos de replicação do HPV: o primeiro ocorre nas células da camada basal do epitélio, onde o genoma viral é distribuído às células filhas, principalmente quando o DNA pró-viral encontra-se integrado ao genoma da célula hospedeira. O segundo modo de interação é chamado epissomal ou vegetativo, e a replicação do HPV ocorre nas camadas mais diferenciadas do epitélio, não havendo integração do DNA viral ao genoma celular. Neste caso, são produzidas múltiplas cópias do DNA do HPV que serão envolvidas pelo capsídeo protéico formando assim as partículas virais maduras denominadas vírions (ZUR HAUSEN, 2002; DOORBAR, 2006). Nas lesões benignas (por exemplo, verrugas) o genoma do HPV está presente na sua forma epissomal, enquanto que em lesões malignas o genoma é tipicamente integrado. Sugere-se que a integração do DNA pode alterar a expressão gênica viral (MADKAN et al., 2007). 26 1.2- PTEROGYNE NITENS Pterogyne nitens (FIGURA 5) é a única espécie do gênero, e por esse motivo se encontra na lista de proteção florestal. Popularmente conhecida como “amendoim-docampo”, “amendoim-bravo”, “bálsamo”, “yvi-raró”, “cocal”, “tipa”, etc. Essa espécie arbórea pode alcançar a altura de 5 a 12 m e ocorre desde o Ceará até o Paraná, bem como em outros países latino-americanos tais como, Argentina, Bolívia e Paraguai (LORENZI, 2000a). A madeira do “amendoim-bravo” apresenta-se moderadamente densa e relativa resistência física, sendo amplamente empregada na construção civil (CARVALHO, 1994; COLETTI et al., 2010). Figura 5: Planta Pterogyne nitens em seu habitat. (A) Árvore completa. (B) Detalhe das folhas e flores (LORENZI, 2000). Além da utilização comercial, P. nitens também é recomendada para plantios mistos em áreas degradadas de preservação permanente devido à rusticidade e rápido crescimento de suas árvores (BOLZANI et al., 1999; LORENZI, 2000a). Contudo, esta espécie possui valor ornamental muito grande, não somente pela beleza e odor de suas flores, bem como de sua folhagem brilhante e frutificação, que apresenta tons variáveis à medida que amadurecem, sendo recomendada para arborização de vias urbanas e rodovias e, na reposição de mata ciliar em locais com inundações periódicas. Esta espécie habita os remanescentes do cerrado brasileiro e da mata atlântica e encontra-se sob risco de extinção, fazendo parte da lista das espécies nativas recomendadas para o programa de recomposição de florestas em áreas de preservação permanente do Estado de São Paulo (LORENZI, 2000b; TONIN et al., 2005, REGASINI et al., 2009). Mesmo 27 com sua importância econômica, são relatados poucos dados na literatura que permitam fornecer informações para sua conservação e uso sustentável (SALIS et al., 2006). Em trabalhos fitoquímicos anteriores, foram isolados cinco alcalóides guanidínicos das folhas e caules de P. nitens, os quais mostraram atividade citotóxica sobre linhagens mutantes de Saccharomyces cerevisiae e atividade antifúngica contra fungos oportunistas humanos, sugerindo uma potencial ação antitumoral dessas substâncias, bem como a presença de flavonas (BOLZANI et al., 1995). Frações obtidas do extrato etanólico de P. nitens apresentaram atividade antioxidante (VELLOSA, 2005; REGASINI, 2009) Estudos etnofarmacológicos em comunidades guaranis do nordeste da Argentina revelam o uso das cascas do caule no tratamento de infestações parasitárias, principalmente no combate ao “tacho”, nome popular de Ascaris lumbricoides (CRIVOS et al., 2007). Segundo Duarte et. al., (2010), alcaloides isolados de P. nytens possuem um amplo espectro de atividades biológicas, entre elas, relata que a pteroginina e a pteroginidina possuem atividade citotóxica e apoptótica em linhagem de células de câncer de mama (ZR-7531). Outro alcalóide isolado de Pterogyne nytens, análogo da nitensidina B, denominado nitensidina A, apresentou atividade biológica nas linhagens de células SiHa e C-33A (SORBO, 2010) 1.2.1- NITENSIDINA B Com o intuito de buscar agentes antineoplásicos a a partir de substâncias isoladas de fontes naturais, foram avaliados alguns alcalóides guanidínicos inovadores a partir de estruturas de Pterogyne nitens, denominados de nitensidinas. A análise da estrutura química desta substância permitiu a caracterização de variações destas substâncias, denominadas nitensidinas A-E. Esses alcalóides apresentam-se substituídos por unidades terpênicas, tais como isoprenilas e geranilas (REGASINI, 2008). No presente estudo foi utilizado o alcalóide denominado de nitensidina B (figura 6). 28 Figura 6: Estrutura da nitensidina B 1.3- MORTE CELULAR – APOPTOSE E NECROSE A apoptose é uma forma de morte celular rigorosamente controlada, de maneira que complementa a mitose e o crescimento celular. É desencadeada por excesso ou falta de estímulos de crescimento celular, proliferação e até mesmo dano celular. Portanto, a apoptose é de fundamental importância para o controle do crescimento de órgãos e tecidos e na manutenção da vida (BRAS et al., 2005). A perda no controle dos mecanismos de apoptose na célula é uma das causas do aparecimento do câncer (BOERSMA et al., 2005). Existem diversas classificações para o processo de morte celular programada. A maioria delas envolve observação da célula quanto ao fenótipo nuclear, organização do citoesqueleto e alteração de organelas (FIGURA 7). Em nível molecular, a liberação de citocromo c pela mitocôndria, que complexa com fatores de ativação de apoptose e procaspase 9, forma o apoptossomo, responsável pelo início da morte celular controlada (BRAS et al., 2005). A célula em apoptose caracteriza-se por uma diminuição no tamanho, fragmentação do DNA e condensação da cromatina, levando ao aparecimento de núcleo picnótico, formação de vacúolos autofágicos, dilatação de organelas citoplasmáticas como mitocôndria e complexo de Golgi. Isso demonstra que a mitocôndria está ligada em coordenar os sinais de morte celular. Por fim, ocorre uma desintegração controlada da membrana formando os corpos apoptóticos (BRAS et al., 2004). 29 Outro evento intracelular característico da apoptose é a ativação de enzimas conhecidas como caspases. Dentro desse contexto, a mitocôndria desempenha um papel fundamental na apoptose (GREEN et al., 2004). A ativação das enzimas efetoras, as caspases 3 e 7, são responsáveis pela perda de potencial de membrana da mitocôndria e liberação de fatores indutores de apoptose. Além disso, também amplificam o sinal de morte inicial, contribuindo para uma maior liberação de citocromo c (LAKHANI et al., 2006). Por outro lado, o processo causado por um estímulo intenso que resulta na perda de controle por parte da célula, rápida interrupção dos processos de manutenção da integridade celular, rompimento da membrana plasmática, destruição do citoplasma e, como consequencia, na morte celular, é chamado de necrose (BRAS et al., 2004) como demonstrado abaixo na figura 7. Corantes fluorescentes como a bisbenzidina Hoechst 33342 (HO) que possuem a característica de emitir fluorescência quando se ligam ao DNA, são usados para determinar a concentração de DNA e corar núcleos. O HO é permeável nas membranas celulares e se une a ligações adeninatimina, sendo utilizado na avaliação de ciclo celular, apoptose e quantificação de células viáveis. Este corante é usado após tratamento de células com substâncias indutoras de apoptose (KIECHLER et al., 2003). Ele é rapidamente absorvido pelas células durante as fases iniciais da apoptose, enquanto que a membrana citoplasmática íntegra permanece impermeável a outros corantes, como iodeto de propídio (IP). Fases tardias da apoptose apresentam corpos apoptóticos e são acompanhadas pelo aumento da permeabilidade da membrana celular, o que permite a entrada de IP nas células. Desta forma, a combinação do HO e IP é utilizadas para a diferenciação dos estágios de apoptose precoce, apoptose tardia e necrose, quando observados em microscopia de fluorescência (DUARTE, 2010). Também adiciona-se o corante diacetato de fluoresceína (DAF) que marca células com membrana celular intacta, revelando o citoplasma. Assim sendo, um ensaio de 3 espectros coloridos diferentes. As células são avaliadas de acordo com a coloração e morfologia em citoplasma verde e núcleo azul intacto (células viáveis), núcleo azul condensado e fragmentado (apoptose precoce), núcleo vermelho condensado e fragmentado (apoptose tardia) e núcleo intacto vermelho (necrose) (HASHIMOTO et al., 2003) . 30 Corpos apoptóticos Fagócito Digestão enzimática extravazamento do e Fagocitose das células células conteúdo apoptóticas e seus fragmentos- nuclear - NECROSE Figura 7- Características APOPTOSE morfológicas de apoptose e necrose. Fonte: http://creationwiki.org, acessado em 14/11/12) O ensaio de marcação com Hoechst e Iodeto de propídio (HO / IP) permite caracterizar com maior eficiência as diferenças entre apoptoses precoce, tardia e necrose. É um ensaio de fundamental importância para complementar os estudos realizados com anexina V. A apoptose é acompanhada de perda de simetria da membrana e exposição de fosfatidilserina (PS) da face intracelular para a superfície celular. A expressão de PS na superfície da célula tem um papel fundamental no sistema imunológico responsável pelo reconhecimento e remoção das células apoptóticas pelos macrófagos e sua apresentação pela célula coincide com a condensação da cromatina durante a apoptose (MUNOZ et al., 2007). As anexinas fazem parte de uma família de proteínas que possuem a habilidade de se ligarem a fosfolípideos de membrana na presença de Ca2+ . A anexina V é um ligante altamente específico a PS e de ocorrência natural (MUNOZ et al., 2007). Portanto, a presença de PS em células apoptóticas (FIGURA 8) pode ser medida in vitro 31 com anexina V conjugada com fluorocromos (VAN GENDEREN et al., 2008). A medição da anexina V deve ser feita em conjunto com um corante de exclusão, usado para marcar a integridade da membrana e permitir a diferenciação entre células em apoptose ou necrose. O ensaio de anexina V apresenta a vantagem de ser um teste sensível, de fácil execução e boa correlação clínica, além de oferecer a possibilidade de detectar as fases inicias da apoptose (VAN GENDEREN et al., 2008). Células vivas Células em apoptose Anexina V Apoptose tardia IP Membrana plasmática fosfatidilserina núcleo Figura 8- Ilustração da externalização da camada de fosfatidilserina da membrana celular e ligação com a anexina V. Fonte:www.imgenex.com/apop_kits_list.php?id=76, acessado em 12/11/2012 1.4- GENOTOXICIDADE Danos causados ao DNA por mutagênicos ambientais podem ser nocivos para diversos organismos, incluindo agentes humanos. O acúmulo de mutações está relacionado com o desenvolvimento da maioria dos tumores malignos e desordens degenerativas, o mesmo ocorre com o aumento da idade e com as anomalias genéticas (CUZZOCREA et al., 2001; MIGLIORE et al., 2002). A fim de prevenir o risco genotóxico, é pertinente tanto identificar os mutagênicos e diminuir a exposição a eles, bem como aumentar a exposição a substâncias antigenotóxicas (NOGUEIRA et al., 2006; JEONG et al., 2006). Desta maneira, ao avaliarmos extratos, frações e substâncias, cujo mecanismo de ação ainda é desconhecido, faz-se necessário avaliar o efeito genotóxico, buscando caracterizar tais mecanismos. Para elucidar esses mecanismos foi proposto para 32 avaliação da genotoxicidade da nitensidina B, o ensaio do cometa, que pertence à classe de testes indicadores, pois é capaz de detectar danos de DNA que podem futuramente originar mutações. Em relação aos outros ensaios de genotoxicidade, as vantagens deste teste incluem: sua aplicabilidade a vários tecidos e/ou tipos celulares; a grande sensibilidade em detectar pequenos níveis de danos no DNA; a necessidade de utilizar um pequeno número de células por amostra; sua fácil execução; o curto tempo necessário para completar um experimento e obter resultados; e o seu relativo baixo custo econômico (TICE et al., 2000). Em sua forma mais simples, o ensaio do cometa se baseia na adição de células a uma lâmina recoberta por agarose. Em contato com a agarose, ocorre lise das células e membranas nucleares, e o DNA agora exposto é submetido a uma eletroforese alcalina. Por fim, o DNA é observado por microscopia de fluorescência após a coloração das células (FIGURA 9). Resumidamente, o DNA migra porque contém quebras que podem sofrer arraste, e esses danos aumentam frente à exposição a agentes genotóxicos (MOLLER, 2005). ↑ dano DNA Nucleóide Cauda Figura 9- Níveis de dano no DNA após exposição por peróxido de hidrogênio em diversas concentrações, por meio do ensaio do cometa. www.libyanjournalofmedicine.net/index.php, acessado em 10/11/2012 Fonte: 33 Quando este ensaio é comparado a testes como o de micronúcleo ou de aberrações cromossômicas, o ensaio do cometa mostra-se capaz de detectar danos mais recentes e passíveis de serem reparados (BRENDLER-SCHWAAB et al., 2005; MOLLER, 2005). Ainda, pode ser utilizado para avaliar danos genéticos in vitro em cultura de linfócitos ou em células metabolicamente ativas (HepG2) ou adicionando frações microssomais às células não competentes para a metabolização (MERSCHSUDERMANN et al., 2004). Nos casos onde é relevante especular que determinado tratamento induz danos ao DNA em órgãos específicos (estômago, rins, bexiga, etc), o ensaio cometa é considerado o método mais confiável (BRENDLER-SCHWAAB et al., 2005). Para o presente estudo será utilizado o protocolo desenvolvido por Singh et al., 1988 para a avaliação da taxa da genotoxicidade induzida pela nitensidina B. Para avaliação da atividade mutagênica a técnica escolhida foi a quantificação de micronúcleos que segundo Heddle e colaboradores (1991) são originados de fragmentos acêntricos de cromossomos ou danos cromossômicos os quais são ocasionados por perda mitótica de fragmento acêntrico, ação mecânica ocasionando quebra cromossômica, ou ainda, danos cromossômicos ocasionados por atraso ou ruptura do filamento mitótico durante a anáfase (FIGURA 10). Micronúcleo FIGURA 10 – Micronúcleo. Fonte: www.crios.be/genotoxicitytests, acessado em 13/11/12 34 Devido a sua simplicidade, confiabilidade e sensibilidade, o teste de micronúcleo tem sido requisitado para a avaliação de mutagenicidade de substâncias, as quais podem exercer atividades clastogênicas (capacidade ou predisposição a quebra cromossômica), aneugênicas (capacidade ou predisposição de alterar o fuso mitótico resultando na perda de cromossomo), ou ambas (TOROUS et al., 1998). Enquanto a versão alcalina do ensaio cometa detecta um amplo espectro de lesões ao DNA, incluindo quebras únicas, sítios álcali-lábeis e ligações cruzadas (TICE, 2000) que são passíveis de serem reparadas, os micronúcleos são pequenas massas intracitoplasmáticas resultantes tanto de quebras cromossômicas durante a divisão celular, como de cromossomos com atrasos na anáfase, sendo estes danos cromossomais irreversíveis de serem reparados (KIRSCH-VOLDERS et al., 2000). 2.OBJETIVOS 36 2.1 - OBJETIVO GERAL O presente estudo tem por objetivo, avaliar a atividade citotóxica, apoptótica, genotóxica e mutagênica de nitensidina B, por meio de experimentos in vitro, utilizando células de carcinoma cervical infectadas por HPV-16 (SiHa) e não infectadas pelo vírus (C-33A). 2.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS Avaliar a citotoxicidade e determinar a concentração inibitória de 50 % das células (CI50), nas linhagens celulares de carcinoma cervical SiHa e C-33A; Avaliar quantitativamente a apoptose e necrose celular, utilizando o ensaio de anexina V por citometria de fluxo nas linhagens celulares de carcinoma cervical SiHa e C-33A; Avaliar qualitativamente e quantitativamente a apoptose e necrose celular, para diferenciação de apoptose precoce, tardia e necrose, utilizando os corantes de Hoechst e iodeto de propídio, nas linhagens celulares de carcinoma cervical SiHa e C-33A; Detectar danos precoces de DNA nas linhagens celulares de carcinoma cervical SiHa e C-33A, para avaliação de genotoxicidade por meio do teste do cometa; Detectar danos tardios no DNA nas linhagens celulares de carcinoma cervical SiHa e C-33A para avaliação da mutagenicidade por meio do ensaio do micronúcleo; 3. MATERIAIS E MÉTODOS 38 3.1- PROCEDIMENTOS FITOQUIMICOS: OBTENÇÃO DE NITENSIDINA B O processo de obtenção do alcalóide guanidínico, nitensidina B, foi realizado nas dependências do Núcleo de Bioensaios, Biossíntese e Ecofisiologia de Produtos Naturais (NuBBE), Departamento de Química Orgânica, Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) sob supervisão do Prof. Dr. Luis Octávio Regasini. As folhas foram coletadas no Instituto Botânico, São Paulo – SP, Brasil, entre os meses de abril e maio de 2003, pela Dra. Maria Cláudia Marx Young e identificado como Pterogyne nitens Tulasne (Fabaceae) pela Dra. Inês Cordeiro do mesmo instituto. Uma exsicata (SP204319) encontra-se depositada no herbário “Maria Eneida P. Kaufmann” do Instituto Botânico, São Paulo – SP, Brasil. O material botânico foi seco à temperatura ambiente e então submetido à moagem empregando moinho de facas. O pó obtido foi levado à maceração empregando hexanos e com posterior maceração em etanol. O extrato etanólico foi então dissolvido em mistura metanol: água (7:3) e seguido de extração líquido-líquido empregando-se acetato de etila e posteriormente n-butanol, obtendo-se três frações. A fração n-butanólica foi acidificada com CH3SO3H aquoso (25 %) e levada à partição líquido-líquido em CHCl3. A fração clorofórmica foi separada, e a fração aquosa tratada com NH4OH até pH 7 e novamente submetida à partição líquido-líquido em CHCl3. A fração clorofórmica foi então evaporada, obtendo-se a fração alcaloídica. A fração alcaloídica foi cromatografada por sucessivas colunas de gel de sílica, eluídas em CHCl3:MeOH (0-25% de MeOH), obtendo-se o metanossulfonato de nitensidina B, o qual teve sua estrutura molecular identificada por técnicas espectroscópicas, tais como: RMN de 1H e RMN de 13C (REGASINI, 2010). 39 3.2- CULTURA DE CÉLULAS – SIHA E C-33A O potencial efeito citotóxico, apoptótico, genotóxico e mutagênico da nitensidina B foi avaliado na linhagem de carcinoma cervical imortalizada pelo HPV-16 (SiHa-ATCC:HTB-35) e não imortalizada pelo HPV (C-33A-ATCC:HTB-31). As linhagens American Type Culture Collection (ATCC) foram cedidas pela Dra. Luiza Lina Villa, do Laboratório de Virologia, do Instituto Ludwig para Pesquisa do Câncer. As linhagens SiHa e C-33A foram cultivadas em uma mistura 1:1 (v/v) DMEM e Ham’s F10 (Sigma Co., St. Louis, USA) acrescido de 100 U/mL de penicilina, 100 µg/mL de estreptomicina, 0,25 µg/mL de anfotericina B, 0,1 mg/mL de kanamicina (Sigma) e 10 % de soro fetal bovino (Cultlab, Campinas, Brasil). As células foram cultivadas em frascos de cultura, mantidas a 5% de CO2 e a temperatura de 37 ºC até que a monocamada celular estivesse confluente. Posteriormente, as células foram lavadas com 5 mL de solução de Hanks (0,4 g de KCl, 0,06 g de KH2PO4, 0,04 g de Na2HPO4, 0,35 g de NaHCO3, 1 g de glicose, H2O q.s.p. 1000 mL) e tripsinizadas acrescentado-se 1 mL de ATV (Associação de Tripsina (0,2 %) e Versene (0,02 %) – Instituto Adolpho Lutz, São Paulo, Brasil). Após o desprendimento da monocamada de células, estas foram homogeneizadas com volumes variados do meio acrescido de 10 % de soro fetal bovino. A suspensão celular obtida em um frasco foi transferida para outros frascos, de modo a obter 105 células/frasco. Esse procedimento foi repetido até que houvesse quantidade de células suficientes para os experimentos. 3.3- TRATAMENTO DAS LINHAGENS CELULARES Para todos os experimentos as células foram tratadas por diferentes concentrações (0,67 µM; 2,00 µM; 5,00 µM; 16,0 µM; 47,0 µM) de nitensidina B. Como controle positivo, foram utilizados a doxorrubicina 50 µg/mL (exceto para o teste do MTT que foi utilizado 15 µg/mL) para o ensaio de citotoxicidade (MTT) , apoptose por Hoechst-iodeto de propídio e para o ensaio do micronúcleo, para os ensaios de apoptose por citometria de fluxo, foi utilizado a curcumina na concentração de 30 µM, para a avaliação da genotoxicidade, foi utilizado péroxido de hidrogênio na concentração de 1 mM, diluído em meio de cultura sem soro fetal bovino por 10 minutos, como controle de veículo, o meio de cultura sem soro fetal bovino contendo 40 até 1 % de DMSO (v/v). Todos os testes foram realizados com três experimentos independentes em três replicatas. 3.4- CITOTOXICIDADE COM MTT O método de citotoxicidade empregado foi MTT, tendo como princípio a determinação da habilidade de células vivas em reduzirem 3-(4,5-dimetil-2-thiazolil)2,5-difenil-2H-brometo tetrazólio (MTT, Sigma®), formando cristais insolúveis de formazana de coloração violeta. Foi utilizada uma suspensão de 2,5 ×103 células/poço das linhagens SiHa e C-33A. As células foram cultivadas em placas de 96 poços, e após 24 h de cultivo, as células foram tratadas com nitensidina B. As células foram tratadas por 24 h 48 horas, procurando avaliar o efeito concentração-resposta citotóxica. Após o tratamento descrito no item 3.3, o meio de cultura foi removido e 5 mg/mL de MTT em PBS foram adicionados em cada poço, as células na microplaca foram incubadas a 37 ºC, ao abrigo da luz, até a observação da presença dos cristais violetas de formazana (3 h). Para a solubilização dos cristais de formazana, 100 L de álcool isopropílico absoluto foi adicionado a cada poço e a leitura espectrofotométrica da absorbância, em comprimento de onda de 540 nm, foi realizada em leitor de placas (Bio-Tek Powerwave X, BioTek Instruments, Inc.,USA). A porcentagem de células vivas foi calculada em relação ao controle negativo, representando a citotoxicidade de cada tratamento, segundo proposto por ZHANG et al. 2004: Células vivas (%) = Absorvância do teste - Controle Branco x100 Absorvância do controle veículo – Controle Branco 3.5- ENSAIOS DE APOPTOSE 3.5.1- ANEXINA V Para os ensaios de apoptose por citometria de fluxo com anexina V, cerca de 1×105 células/poço foram cultivadas em placas de 12 poços por 24 horas para a formação da monocamada confluente. 41 Após o tratamento de 24 horas , as células foram tripsinizadas, transferidas para microtubos estéreis e centrifugadas por 10 minutos. As células foram lavadas com meio de cultura e centrifugadas novamente. Para o ensaio da anexina V foi utilizado o kit de detecção de apoptose por anexina-V conjugada com FITC. A seguir, as células foram ressuspendidas com 500 L de tampão de ligação, 5 L de anexina V conjugada com FITC, e 5 L de IP. A reação foi incubada por 5 minutos, a temperatura ambiente, sob abrigo da luz. A intensidade de fluorescência (FITC e IP) foi avaliada utilizando o equipamento FACSCanto, nas dependências do laboratório de Imunologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-USP pela técnica Fabiana. 3.5.2- HOECHST E IODETO DE PROPÍDIO O ensaio citomorfológico para detecção de células apoptóticas, utilizando os corantes Hoechst 33342 e iodeto de propídio foi realizado nas linhagens celulares (SiHa e C-33A). Para este ensaio, complementar ao teste da anexina V, foram plaqueadas 105 células/poço em placas de 12 poços (1 mL/poço), as linhagens celulares SiHa e C-33A foram tratadas com nitensidina B conforme descrito no item 3.3. A avaliação de células apoptóticas e necróticas foi realizada pelo método de exclusão de fluorocromos, utilizando-se uma solução fluorescente, contendo DAF, IP, e Hoechst 33342 (Invitrogen®). Após o tratamento com nitensidina B, o meio de cultura foi recolhido (células mortas em suspensão), as células aderentes foram tripsinizadas, e ambas foram centrifugadas. Na suspensão celular de 100 μL foi acrescentada uma solução de fluorocromos, contendo 25 % da solução aquosa de IP (1 mg/mL), 50 % da solução de DAF em DMSO (1,5 mg/mL), 10 % da solução aquosa de Hoechst (1 mg/mL) e 15 % de PBS. A reação foi incubada por 5 minutos a 37 ºC e as células foram observadas em microscopia de fluorescência, em espectro de absorção em dois comprimentos de ondas de 360 nm e 538 nm. Em seguida, a apoptose foi avaliada qualitativa e quantitativa, estabelecendo-se a porcentagem de células em apoptose precoce, tardia e em necrose, levando-se em consideração a morfologia e coloração das células. As células foram classificadas como normais (núcleo azul esférico corado pelo HO, citoplasma verde, 360 nm), apoptóticas (núcleo azul com corpos apoptóticos corado pelo HO, citoplasma verde, 360 nm), e necróticas (núcleo vermelho esférico ou em vesículas corado pelo IP, citoplasma vermelho, 538 nm). Ainda, as células foram classificadas em apoptose precoce (núcleo 42 em azul e morfologia nuclear com corpos apoptóticos), apoptose tardia (núcleo corado em vermelho e com presença de corpos apoptóticos) e necrótica (núcleo preservado e com coloração em vermelho) segundo proposto por KOROSTOFF et. al. (1998) e HASHIMOTO et al. (2003). 3.6- ENSAIO DE GENOTOXICIDADE –ENSAIO DO COMETA O ensaio do cometa foi realizado segundo protocolo estabelecido por Singh e colaboradores (1988). Primeiramente torna-se necessária a quantificação do ensaio o plaqueamento das células da linhagem SiHa e C-33A em uma concentração de 2 x 105 células/ml em placas de 24 poços (105céls/poço), para a avaliação da atividade genotóxica foram selecionadas concentrações não citotóxicas que foram determinadas pelo ensaio do MTT, as células passaram por tratamentos de 6 e 24 horas nas concentrações de 0,67 µM; 2,00 µM; 5,00 µM e 16,0 µM de nitensidina B. Posteriormente as células foram tripsinizadas da placa e ressuspendidas com agarose de baixo ponto de fusão e colocadas em lâminas limpas de microscopia óptica contendo uma fina camada de agarose ponto de fusão normal. Em seguida as lâminas preparadas foram lisadas com sal e detergente (NaCl 2,5 mM, EDTA 100 mM, Tris 10 mM) no mínimo por 3 horas e máximo 24 horas para a formação de nucleóides ligados à matriz nuclear e posteriormente aplica-se uma eletroforese alcalina (pH 13) nas condições de 25 V, 280 mA por 20 minutos em uma solução de eletroforese que vai fornecer tal situação, esta solução é composta por Ácido Etilenodiaminatetracético (EDTA) e NaOH . Por fim, as lâminas são coradas com corante brometo de etídio na concentração de 0,8 mg/ml e são observadas ao microscópio de fluorescência para que sejam capturadas as imagens de 50 células por lâmina, totalizando 150 células por concentração, incluindo os controles positivo, negativo e veículo. Assim, as imagens foram mensuradas por meio do software TRiTek Comet Score™ v1.5, utilizando como parâmetro a medida da porcentagem de DNA na cauda, avaliando assim o grau de genotoxicidade da nitensidina B. 43 3.7- ENSAIO DE MUTAGENICIDADE - TESTE DO MICRONÚCLEO O ensaio do micronúcleo foi realizado segundo protocolo do IN Cell Analyzer 2000 (Analysis of in vitro micronucleus assay using the IN Cell analyser 2000 micronuclei formation analysis module), (GE, 2009). As células foram plaqueadas na concentração de 104 células/poço em placas de 96 poços, posteriormente fez-se o tratamento com nitensidina B nas concentrações de 0,67 µM; 2,00 µM; 5,00 µM; 16,0 µM e 47,0 µM. Como controle positivo, foi utilizado a doxorrubicina na concentração de 50 µg/ml e controle de veículo (dimetilsulfóxido 1%). Após o tratamento por 24 horas, fez-se o bloqueio da citocinese com 10 µl/poço de citocalasina B na concentração de 30 µM por 24 horas. Após o bloqueio da citocinese celular, a placa é lavada com PBS e as células são fixadas com 100 µl de etanol (PA) por poço por 30 minutos, em temperatura ambiente. Após a fixação das células, foi adicionado FITC diluído em PBS (marcador de citoplasma) na concentração de 10 µM por 30 minutos, lavou-se os poços por 3 vezes com PBS e adicionou-se o outro marcador, o Hoechst 33342 na concentração de 5 µM por 15 minutos, afim de marcar o núcleo e o citoplasma da célula. As imagens foram capturadas no aparelho IN cell Analyser modelo 2000, no laboratório de Micologia Clínica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UnespAraraquara pela técnica Cláudia. Foram capturadas no mínimo 1000 células por concentração e controles. Os dados foram analisadas pelo software IN Cell Analyser workstation, onde todos os parâmetros como, contagem de células, formação de células mononucleadas, binucleadas e formação de micronúcleos foram ajustados. Os resultados refletem e frequência de formação de micronúcleos em 1000 células analisadas por concentração testada e controles positivo (doxorrubicina 50 µg/ml) e veículo (DMSO 1%). Foram realizados 3 ensaios independentes e a variância foi calculada pelo Kruskall-Wallis teste com pós teste de Dunns (Tratados vs CV). 44 3.8 ANÁLISES ESTATÍSTICAS Para os resultados de citotoxicidade, no caso o MTT, a determinação da CI50 foram feitas linhas de tendências lineares e por meio das equações das retas obtidas, os valores foram definidos. Para comparação dos resultados foi aplicado o teste de análise de variância oneway (ANOVA) com pós teste de Tukey. Para o ensaio de Anexina-V foi utilizado a mesma metodologia estatística que foi a aplicada ao ensaio de citotoxicidade. No ensaio do Hoechst/IP, pelo tratamento com nitensidina B nas diferentes concentrações, foram aplicados o teste de análise de variância oneway (ANOVA) com pós-teste de Tukey. Para o ensaio do Cometa e o micronúcleo foi utilizada a comparação entre as concentrações por meio do teste não paramétrico de Kruskal Wallis com pós teste de Dunn’s. As análises foram realizadas com software GraphPad Prism® Version 5.01 (GraphPad Software Inc., La Jolla, CA, EUA). Para todos os testes estatísticos foi considerado o nível de p<0,05 (*p<0,05 **p<0,01 ***p<0,001). 4. RESULTADOS 46 4.1- ENSAIO DE CITOTOXICIDADE- MTT A citotoxicidade da nitensidina B foi avaliada nas concentrações de 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM, 16,0 µM e 47,0 µM, solubilizadas em meio de cultura nas duas linhagens celulares (SiHa e C-33A), em dois tempos de tratamento (24 e 48 h) para a determinação da CI50, concentração capaz de reduzir em 50 % a viabilidade celular. Foi possível observar um aumento da citotoxicidade proporcionalmente ao aumento da concentração de nitensidina B nos dois tempos de tratamento e nas duas linhagens celulares estudadas (Figuras 11 e 12), na qual a exposição das células SiHa e C-33A por 48 h a nitensidina B ocorreu aumento na citotoxicidade, já nas concentrações menores as porcentagens de morte celular foram baixas não havendo variação significante entre elas. A análise estatística foi realizada com o teste oneway ANOVA com pós-teste de Tukey (Tratados vs CV). Para a linhagem de células SiHa a concentração inibitória de 50 % das células foi 28,95 µM por 24 h e 20,96 µM por 48 h. Para a linhagem de células C-33A a CI50 foi 25,78 µM por 24 h e 20,77µM no tempo de 48 h de tratamento. 47 Figura 11- Ensaio de citotoxicidade (MTT). Nitensidina B em linhagem celular Siha nas concentrações de 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM, 16,0 µM e 47,0 µM em dois tempos de tratamento (24 e 48 horas). Os dados referem-se às médias de três experimentos independentes e erro padrão (M ± EP). CP (controle positivo, doxorrubicina 8,15 µM) e CV (controle de veículo – DMSO 1%). CI50 nitensidina B - 24 horas: 28,95 µM; IC50 nitensidina B - 48 horas: 20,96 µM. Oneway ANOVA com pós-teste de Tukey (Tratados vs CV). %; * p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001. 48 Figura 12 - Ensaio de citotoxicidade (MTT). Nitensidina B na linhagem celular C-33A nas concentrações de 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM, 16,0 µM e 47,0 µM em dois tempos de tratamento (24 e 48 horas). Os dados referem-se às médias de três experimentos independentes e erro padrão (M ± EP). CP (controle positivo, doxorrubicina 8,15 µM) e CV (controle de veículo – DMSO 1%). CI50 nitensidina B - 24 horas: 25,78 µM; CI50 nitensidina B - 48 horas: 20,96 µM. Oneway ANOVA com pós-teste de bonferroni (Tratados vs CV). * p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001. 4.2- ENSAIOS DE APOPTOSE: ANEXINA V Com o intuito de avaliar a atividade apoptótica, foi realizado o ensaio de anexina V por citometria de fluxo nas linhagens SiHa e C-33A tratadas com 0,67; 2,00; 5,00; 16,0 e 47,0 μM de nitensidina B. Para a realização do experimento, as células foram tratadas por 24 horas. Todos os dados do ensaio de anexina V por citometria de fluxo referem-se às médias de três experimentos independentes (média ± erro padrão). CN (controle negativo), CP (controle positivo, curcumina (30 µM), CV (controle de veículo-DMSO 1%). As análises estatísticas foram feitas pelo teste one Way ANOVA com pós-teste de Tukey 49 (Tratados vs CV). Sendo a significância representada por * p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001. Na linhagem SiHa tratada com nitensidina B observou-se uma elevada indução de morte celular por apoptose na concentração de 47,0 µM (Figura 13), sendo esta morte, na maior concentração testada, por apoptose tardia/necrose. Na linhagem C-33A (Figura 14) foi possível notar uma abrupta diminuição da taxa de células apoptóticas, tanto por apoptose precoce, quanto na apoptose tardia/necrose, em todas as concentrações testadas. Figura 13- Ensaio de apoptose por citometria de fluxo utilizando anexina V conjugada com FITC e iodeto de propídio. Linhagem SiHa tratada com de 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM, 16,0 µM e 47,0 µM de nitensidina B. Relação entre apoptose precoce e apoptose tardia em células tratadas com nitensidina B por 24 h .Os dados referem-se às médias de três experimentos independentes (Média ± Erro Padrão). CN (controle negativo), CP (controle positivo, curcumina 30 µM), CV (controle de veículo- DMSO1%). one Way ANOVA com pós-teste de Dunnet (Tratados vs CV). %; * p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001. 50 Figura 14- Ensaio de apoptose por citometria de fluxo utilizando anexina V conjugada com FITC e iodeto de propídio. Linhagem C-33A tratada com 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM, 16,0 µM e 47,0 µM de nitensidina B. Relação entre apoptose precoce e apoptose tardia em células tratadas com nitensidina B por 24 h .Os dados referem-se às médias de três experimentos independentes (Média ± Erro Padrão). CN (controle negativo), CP (controle positivo, curcumina 50 µM), CV (controle de veículo- DMSO 1%). One Way ANOVA com pós-teste de Dunnet (Tratados vs CV). %; * p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001. 51 4.3- ENSAIO DE APOPTOSE HOESCHT-IODETO DE PROPÍDIO O ensaio do Hoechst / iodeto de propídio foi utilizado como ensaio complementar ao ensaio da anexina V, diferenciando assim, a apoptose precoce, a apoptose tardia e a necrose, nas linhagens SiHa e C-33A tratadas nas mesmas condições do ensaio de anexina V. Todos os dados do ensaio o Hoechst-iodeto de propídio referem-se às médias de três experimentos independentes (Média ± Erro Padrão). CN (controle negativo), CP (controle positivo- doxorrubicina 8,15 µM), CV (controle de veículo-DMSO 1%). As análises estatísticas de variância foram feitas pelo teste One Way ANOVA com pósteste de Tukey (Tratados vs CV). Sendo a significância representada por * p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001. Houve uma diferença na concentração do controle positivo relacionado ao ensaio de citotoxicidade devido ao baixo índice de morte celular. Para o controle positivo, no ensaio do Hoechst / Iodeto de Propídio, a concentração adotada foi de 50 μg/mL. Os gráficos demonstraram a apoptose por coloração Hoechst / IP em células SiHa, no tratamento realizado por 24 horas com nitensidina B (Figura 15-A), foi possível observar um efeito concentração-resposta de aumento de apoptose quando comparada com a morte por necrose. A partir da análise da diferença entre apoptose precoce e apoptose tardia (Figura 15-B), observou-se uma maior morte celular por apoptose tardia nas concentrações testadas. 52 Figura 15: Taxas de apoptose e necrose por coloração Hoechst / IP em células SiHa. Resultados são expressos como a média de três experimentos independentes e analisados por one-way ANOVA com pós-teste de Tukey (tratados vs CV). A) Relação entre apoptose total e necrose em células tratadas com nitensidina B por 24 h; B) Relação entre apoptose precoce e apoptose tardia em células tratadas com nitensidina B 53 por 24 h %; CP: doxorrubicina 50 µg/mL, CN: células não tratadas, CV: controle de veículo DMSO 1%. * p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001. A apoptose avaliada pelo ensaio de Hoechst / IP em células C-33A foram demonstradas na Figuras 16A e 16B. Ao avaliar o tratamento com nitensidina B na linhagem C-33A (Figura 16-A), não foi possível observar uma diferença entres os tipos de morte celular (apoptose total e necrose), exceto na maior concentração utilizada (47,0 μM), no tempo de tratamento de 24 horas, apresentando assim, um número pequeno de morte celular. Quando foi avaliada a morte celular por apoptose precoce e apoptose tardia (Figura 16-B), não houve morte celular e, portanto ausência de diferença significativa em todas as concentrações, com exceção da concentração de 47,0 μM. 54 Figura 16: Taxas de apoptose e necrose por coloração Hoechst / IP em células C-33A. Resultados foram expressos como a média de três experimentos independentes e analisados por one-way ANOVA com pós-teste de Tukey (tratados vs CV). A) Relação entre apoptose total e necrose em células tratadas com nitensidina B por 24 h; B) Relação entre apoptose precoce e apoptose tardia em células tratadas com nitensidina B por 24 h. CP: doxorrubicina 50 µg/mL, CN: células não tratadas, CV: controle de veículo DMSO 1% * p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001. 55 4.4- AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE - ENSAIO DO COMETA Os resultados do ensaio do Cometa para avaliação de genotoxicidade, por meio da medida de fragmentação do DNA na cauda distante do nucleóide estão demonstrados nas Figuras 17, 18, 19 e 20. Foram utilizadas as linhagens celulares SiHa e C-33A tratadas com 0,67; 2,00; 5,00 e 16,0 μM de nitensidina B. Para a realização do experimento, as células foram tratadas por 6 e 24 horas. Os resultados estão apresentados como média ± erro padrão (M±EP) da porcentagem de DNA na cauda. As análises estatísticas de variância foram feitas pelo teste Kruskal Wallis com pós-teste de Dunns (Tratados vs CV). Sendo o significância representada por * p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001 **** p < 0,0001. Para o tratamento por 6 horas (SiHa) todas as concentrações do alcalóide testadas apresentaram significância em relação ao controle de veículo, sendo que nas maiores concentrações (2,00 μM 5,00 μM, 16,0 μM da nitensidina B) esta significância apresentou-se maior. (Figura 17). Na análise de genotoxicidade da nitensidina B na linhagem celular SiHa e tratamento por 24 h apresentou efeito concentração-resposta nas concentrações testadas, quando comparadas ao controle de veículo, que demonstrou significância em relação ao controle de DMSO 1% nas concentrações de 5,00 e 16,0 μM (Figura 18). 56 % DNA na cauda 50 40 30 *** *** 20 *** *** * 10 µM µM µM 16 .0 5. 00 0. 67 2. 00 µM V C C P 0 Figura 17: Genotoxicidade da nitensidina B representada pela % de DNA na cauda em linhagem celular SiHa tratadas com 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM e 16,0 µM por 6 h. Resultados são expressos como a média da % de DNA na cauda de 150 células por concentração e controles analisados por Kruskal-Wallis test com pós-teste de Dunn’s (tratados vs CV). CP: 1mM de peróxido de hidrogênio por 10 minutos, CV: controle de veículo- DMSO 1%.* p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001**** p < 0,0001. % DNA na cauda 50 *** 40 *** 30 20 ** 10 µM 16 .0 µM 5. 00 µM 2. 00 µM V 0. 67 C C P 0 Figura 18 : Genotoxicidade da nitensidina B representada pela % de DNA na cauda em linhagem celular SiHa tratadas com 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM e 16,0 µM por 24 h. Resultados são expressos como a média da % de DNA na cauda de 150 células por concentração e controles e analisados por Kruskal-Wallis test com pós-teste de Dunn’s (tratados vs CV). CP: 1mM de peróxido de hidrogênio por 10 minutos, CV: controle de veículo- DMSO 1%.* p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001**** p < 0,0001. 57 Para a avaliação da genotoxicidade no tempo de tratamento por 6 h (C-33A) todas as concentrações testadas da nitensidina B apresentaram significância em relação ao controle de veículo. (Figura 19). Na análise de genotoxicidade na linhagem celular C-33A e tratamento por 24 h, observou-se efeito concentração-resposta nas concentrações testadas, quando comparadas ao controle de veículo, e genotoxicidade maior com 5 e 16 μM de nitensidina B nesta condição (Figura 20). % DNA na cauda 50 40 30 *** 20 *** *** *** *** 10 µM 16 .0 µM 5. 00 µM 2. 00 µM V 0. 67 C C P 0 Figura 19: Genotoxicidade da nitensidina B representada pela % de DNA na cauda em linhagem celular C-33A tratadas com 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM e 16,0 µM por 6 h. Resultados são expressos como a média da % de DNA na cauda de 150 células por concentração e controles e analisados por Kruskal-Wallis test com pós-teste de Dunn’s (tratados vs CV). CP: 1mM de peróxido de hidrogênio por 10 minutos, CV: controle de veículo DMSO 1%, * p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001 ****p < 0,0001. 58 % DNA na cauda 50 40 *** 30 20 *** *** 10 µM 16 .0 µM 5. 00 µM 2. 00 µM V 0. 67 C C P 0 Figura 20: Genotoxicidade da nitensidina B representada pela % de DNA na cauda em linhagem celular C-33A tratadas com 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM e 16,0 µM por 24 h. Resultados são expressos como a média da % de DNA na cauda de 150 células por concentração e controles e analisados por Kruskal-Wallis test com pós-teste de Dunn’s (tratados vs CV). CP: 1mM de peróxido de hidrogênio por 10 minutos, CV: controle de veículo DMSO 1%, * p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001 ****p < 0,0001. 59 4.5- AVALIAÇÃO DA MUTAGENICIDADE - ENSAIO DO MICRONÚCLEO A análise dos resultados do ensaio do micronúcleo (figuras 21 e 22) em linhagem de carcinoma cervical infectada pelo HPV-16 (SiHa) e não infectada pelo vírus (C-33A), demonstra que não houve diferença significativa entre as concentrações testadas e o controle de veículo. Esses resultados demonstram que nitensidina B não induz mutagenicidade nas condições testadas. % micronúcleos 40 * 30 20 10 µM µM 47 .0 16 .0 µM µM 5. 00 µM 2. 00 V C 0. 67 C P 0 Figura 21: Mutagenidade da nitensidina B representada pela % de micronúcleos linhagem celular SiHa tratadas com 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM, 16,0 µM e 47 µM por 24 h. Resultados são expressos como a porcentagem de micronúcleos em 1000 células analisadas por concentração e controles, resultados analisados pelo Kruskal-Wallis teste com pós-teste de Dunn’s (tratados vs CV). CP: 27 µM de doxorrubicina, CV: controle de veículo DMSO 1%, * p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001 ****p < 0,0001. 60 % micronúcleos 40 ** 30 20 10 µM µM 47 .0 16 .0 µM µM 5. 00 µM 2. 00 V C 0. 67 C P 0 Figura 22: Mutagenidade da nitensidina B representada pela % de micronúcleos linhagem celular C-33A tratadas com 0,67 µM, 2,00 µM, 5,00 µM, 16,0 µM e 47 µM por 24 h. Resultados são expressos como a média da porcentagem de micronúcleos em 1000 células analisadas por concentração e controles, resultados analisados pelo Kruskal-Wallis teste com pós-teste de Dunn’s (tratados vs CV). CP: 27 µM de doxorrubicina, CV: controle de veículo DMSO 1%, * p < 0,05 ** p < 0,01 *** p < 0,001 ****p < 0,0001. 5- DISCUSSÃO 62 O papilomavírus humano (HPV-16) encontra-se relacionado ao câncer cervical e por estar integrado ao genoma dessas células, contribui para a instabilidade genômica e conseqüente desenvolvimento de tumores. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil apresenta uma das maiores incidências de HPV e esse fato torna a carcinogênese associado ao vírus um grave problema de saúde pública (Ministério da Saúde, 2011; ZUR HAUSEN, 2002). O alto índice de disseminação dessa doença pode estar relacionado ao fato do HPV se desenvolver de uma forma silenciosa no corpo humano, relacionando-se também com fatores ambientais e genéticos (MACIAS et al., 2000; LIN et al., 2001; BOSCH, 2003; STANLEY, 2003; ZUR HAUSEN, 2009; D’ANDRILLI et al., 2010). Trabalhos demonstram que alcalóides guanidínicos de Pterogyne nytens possuem um amplo espectro de atividades biológicas, Duarte (2010), relata que dois alcalóides isolados da planta, pteroginina e pteroginidina, possuem atividade citotóxica e apoptótica em linhagem de células de câncer de mama (ZR-7531), ainda outro alcalóide isolado de Pterogyne nytens, análogo da nitensidina B, denominado nitensidina A, apresentou citotoxicidade nas linhagens de células SiHa e C-33A, além de morte ocasionada por apoptose e danos genotóxicos nas linhagens celulares estudadas, ainda em experimentos in vivo realizados com nude BALB/c, com implante xenográfico de tumor com células infectadas por HPV-16 (SiHa) (SORBO, 2010). Dos resultados de citotoxicidade pode-se observar que a nitensidina B induziu citotoxicidade proporcionalmente ao aumento da concentração nos dois tempos de tratamento, 24 e 48 horas, e nas duas linhagens celulares estudadas, sendo esta maior no tratamento por 48 horas. Cao et. al., 2009 observou citotoxicidade de um isolado polissacarídeo derivado de Angelica sinenses em células de carcinoma cervical humano, outros estudos realizados berberina e ácido ganodérico T, demonstraram citotoxicidade as células de carcinoma cervical humano (HeLa), ( LU, 2010, LIU, 2011). No presente estudo foram realizados experimentos para a avaliação de morte celular por apoptose ou necrose, nas linhagens de carcinoma cervical SiHa e C-33A, o que se pode verificar, pelo ensaio de anexina V por citometria de fluxo e pelo método de exclusão de fluorocromos, é que na linhagem de células infectadas pelo HPV-16 (SiHa) na maior concentração testada, houve morte das células por apoptose tardia, entretanto para a linhagem não infectada pelo vírus (C-33A), pelos métodos usados, não 63 houve apoptose, sugerindo possível seletividade da nitendidina B frente as linhagens infectadas por HPV. A inibição da proliferação celular apresenta-se claramente associada com a indução de apoptose, em estudos realizados utilizando substância witaferina A de Withania somnifera, onde se observou por meio do teste de anexina V, na linhagem CasKi (HPV positiva) que houve morte celular por apoptose em 24 horas. Neste estudo, onde quatro linhagens de câncer cervical foram testadas (CasKi, HeLa, SiHa e C-33A), a witaferina A inibiu a proliferação celular, deixando claro que a seletividade da lactona esteroidal sobre as oncoproteínas E6 e E7 do HPV exercem profundo efeito na supressão das proteínas do tumor, acelerando a degradação da ubiquitinização (MUNAGALA, et al 2011). No estudo de Munagala et al. (2011) houve um diminuição da expressão da proteína E6 em todas as linhagens HPVs positivas e subseqüente aumento nos níveis de p53 e P21cip1/waf1, de forma concentração dependente determinada pelo Western Blot, sendo que na linhagem celular C-33A os níveis de p53 mutante permaneceram constantes e a expressão de P21cip1/waf1 aumentou. Portanto, esses dados sugerem que a witaferina A reprimiu a oncoproteína E6 e favoreceu a modulação da p53 que é efetor da molécula P21cip1/waf1 sugerindo a apoptose nessas células (MUNAGALA, et al 2011). Estudos com jasmonato de metila demonstraram, por meio de testes como o ensaio de anexina V e a verificação dos níveis protéicos por Western Blot, a indução de apoptose precoce em maior quantidade na linhagem SiHa, quando comparada com outras linhagens tumorais (C33A, Caski, HeLa), sem apresentar diferença entre os tempos de tratamento, alternados entre 24 e 48 h. Essa substância afetou diretamente a expressão de p53 nos diferentes alvos, sendo que na linhagem CasKi o nível foi aumentado, em HeLa e SiHa houve diminuição e em C33A não houve alteração (KNIAZHANSKI et al, 2008). No estudo de Kniazhanski e colaboradores, a diminuição observada nos níveis de expressão de p21 poderiam explicar a indução de apoptose em SiHa e HeLa, e os baixos níveis de p21 em C-33A poderiam ser responsáveis pela indução nessas células, sugerindo que o jasmonato de metila foi eficaz contra linhagens de câncer cervical, sendo capaz de induzir mortes celulares características de apoptose e necrose independentemente do status do HPV e da p53. Com a finalidade de avaliar a genotoxicidade da nitensidina B, estudos indicam que diferentes metabólitos secundários, tais como flavonóides e alcalóides, podem ser potencialmente genotóxicos (SCHMITTA et al., 2003). 64 Os mecanismos envolvidos que explicam a clastogenecidade e/ou interação com o DNA não estão totalmente elucidados, o dano ao DNA, tanto por agentes químicos como físicos, pode ser avaliado em vários tipos celulares por meio de análises citogenéticas (aberrações cromossômicas, troca entre cromátides irmãs, formação de micronúcleo) e bioquímicas (teste do cometa). Para a avaliação dos níveis de dano no DNA, existem algumas técnicas disponíveis. A eletroforese de células isoladas (ensaio do cometa), por exemplo, de células epiteliais humanas, nos permite avaliar o índice de danos no DNA. É uma técnica simples, rápida e não requer altos investimentos com equipamentos analíticos. Os cometas podem ser classificados por imagem computacional em diversas categorias, com base no comprimento de migração e na proporção relativa de DNA na cauda, atribuindo-se características a cada classe de migração (COSTA et al., 2001). O dano ao DNA, no ensaio do cometa pode ser induzido por fármacos, radiações e substâncias inorgânicas. A exposição do DNA ao estresse oxidativo leva a mais de 20 diferentes tipos de danos, produzindo bases nitrogenadas oxidadas (COSTA et al., 2001). O dano mais comum às purinas é a formação do produto oxidado 8-oxo-dG, o qual é usado para avaliação de ensaios ao DNA (BARZILAI & YAMAMOTO 2004). Dessa maneira faz-se necessária a utilização dos testes do cometa e do micronúcleo, para avaliar a atividade genotóxica e mutagênica, respectivamente, da nitensidina B, pois no presente estudo, por meio do ensaio do cometa, a substância demonstrou ser um agente genotóxico. Para os dois tempos de tratamento propostos, houve genotoxicidade nas duas linhagens de carcinoma cervical, na exposição de nitensidina B por 6 horas observou-se taxas significantes de dano no DNA, representada pela porcentagem de DNA na cauda da célula com 2,00 μM, 5,00 μM e 16,0 μM da nitensidina B em ambas linhagens celulares de carcinoma cervical. Para o tratamento com 24 horas essa genotoxicidade apresentou-se menor, com destaque para as concentrações de 5,00 μM e 16,0 μM. Um estudo com o alcalóide sanguinarina relata que este, possui propriedades antimicrobianas e possivelmente antineoplásicas, mas não é elucidado até que ponto essas atividades envolvem danos no DNA, assim foi medida a capacidade da sanguinarina de promover quebras no DNA em células de câncer de colo de útero com a proteína p53 normal e outra linhagem de câncer de colo de útero com a p53 mutada, notou-se que não houve seletividade na taxa de genotoxicidade entre as linhagens, o 65 que se considera, é que o possível mecanismo de morte destas células é independente de p53 (MATKAR, 2008). Os resultados do presente estudo permitem inferir que nitensidina B exibe atividade citotóxica e genotóxica concentração-dependente nas duas linhagens de células estudadas e atividade apoptótica em linhagem de células infectadas por HPV-16 (SiHa), porém a nitensidina B não exibiu atividade mutagênica, esta não aumentou a frequência de micronúcleos nas linhagens de células testadas em relação a frequência de micronúcleos do controle de veículo (Figuras 21 e 22). Esses resultados não corroboram com os apresentados por Ferreira et al (2009), na qual demonstra que fração butanólica e hidroalcoólica de P. nitens apresentaram ação mutagênica. No estudo realizado por Sorbo (2011), foi constatado que a nitensidina A, análogo similar da nitensidina B, apresentou citotoxicidade nas linhagens de células SiHa e C-33A, além de morte ocasionada por apoptose nas linhagens celulares estudadas, ainda em experimentos in vivo realizados com nude BALB/c, com implante xenográfico de tumor com células infectadas por HPV-16 (SiHa), foi observado que a nitensidina A foi genotóxica (sangue caudal dos camundongos), mas não foi mutagênico (células da medula óssea dos camundongos), corroborando assim com os dados do presente estudo (SORBO, 2011). 6- CONCLUSÕES 67 O alcalóide guanidínico nitensidina B, extraído de Pterogyne nitens, apresentou citotoxicidade concentração-resposta nas linhagens de carcinoma cervical imortalizadas pelo HPV-16 (SiHa) e não imortalizadas (C-33A). A morte celular na linhagem de células SiHa demonstrou ser por apoptose tardia o que não se verificou para a linhagem não imortalizada pelo vírus (C-33A), nas condições testadas. A avaliação de genotoxicidade pelo ensaio do Cometa, demonstrou que o tratamento com nitensidina B ocasionou danos genotóxicos nas linhagens de carcinoma cervical imortalizadas pelo HPV-16 (SiHa) e não imortalizadas (C-33A), nos tempos de 6 e 24 horas de tratamento. Por fim, a nitensidina B não induziu mutagenicidade (ensaio do micronúcleo) em nenhuma das linhagens de carcinoma cervical humano estudadas, nas condições testadas. 7- REFERÊNCIAS 69 ALBERTS, D. S.; COLVIN, G. M.; CONNEY, A. H. Prevention of cancer in the next millennium: Report of the Chemoprevention Working Group to the American Association for Cancer Research.Cancer Research, v. 59, n. 19, p. 4743-4758, 1999. BARZILAI, A.; YAMAMOTO, K. I. Review: DNA damage responses to oxidative stress. DNA Repair, v.3(8-9), p.1109-1115, 2004. BERNARDI, A.; BRAGANHOL, E.; JÄGER, E.; FIGUEIRÓ, F.; EDELWEISS, M. I.; POHLMANN, A. R.; GUTERRES, S. S.; BATTASTINI, A. M. O. Indomethacinloaded nanocapsules treatment reduces in vivo glioblastoma growth in a rat glioma model. Cancer Letters, v.281, p.53–63, 2009. BOERSMA, H. H.; KIETSELAER, B. L. J. H.; STOLK, L. M. L.; et al. Past, present, and future of annexin A5: from protein discovery to clinical applications. Journal of Nuclear Medicine: Official Publication, Society of Nuclear Medicine, v. 46, n. 12, p. 2035-2050, 2005. BOLZANI, V. S.; GUNATILAKA, A. A. ; KINGSTON, D. G. I. Bioactive guanidine alkaloids from Pterogyne nitens Journal of Natural Products, v. 11, p. 1683-1688, 1995. BOSCH, X. F.; SANJOSÉ, S. Human papillomavirus and cervical cancer-burden and assessment of causality. Journal of the National Cancer Institute Monographs, v.31, p.3-13, 2003. BRAS, M.; QUEENAN, B.; SUSIN, S. A. Programmed cell death via mitochondria: different modes of dying. Biochemistry (Moscow), v. 70, p. 231-239, 2005. BRENDLER-SCWAAB, S.; HARTMANN, A.; PFUHLER, S.; SPEIT, G. The in vivo comet assay: use and status in genotoxicity testing. Mutagenesis, v. 20, p. 245-254, 2005. 70 CAO W., LI X.-Q., WANG X., T.FAN H., ZHANG X.N, HOU Y., LIU S.B, MEI Q.B. A novel polysaccharide isolated from Angelica sinensis (Oliv.) Dielsinduces the apoptosis of cervical cancer HeLa cells through an intrinsic apoptotic pathway. Phytomedicine, v. 17, 9.598-605, 2010. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DE APOPTOSE E NECROSE. Disponível em http://creationwiki.org, acessado em 14/11/12 CARVALHO, P.E.R., Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e uso da madeira. EMBRAPA-CNPF: Colombo, 1994. COLETTI, J.; BONDUELLE, G. M.; IWAKIRI, S. Avaliação de defeitos no processo de fabricação de lamelas para pisos de madeira engenheirados com uso de ferramentas de controle de qualidade. Acta Amazonica, v. 40, p. 135-140, 2010. COLLINS, R. A.; OSCOZ, A. A.; BRUNBORG, G.; GAIVÃO, I.; GIOVANNELLI, L.; KRUSZEWSKI. M.; SMITH, C. C.; STETINA, R. The comet assay: topical issues. Advance Access Publication, v. 23, p. 143-151, 2008 CONGER, K.L.; LIU, J.S.; KUO, S.R.; CHOW, L.T.; WANG, T.S. Human papillomavirus DNA replication. Interactions between the viral E1 protein and two subunits of human DNA polymerase alpha/primase. Journal of Biological Chemistry, v. 274, p. 2696- 2705, 1999. COSTA, R.M.A.; LIMA, W.C.; VOGEL, C.I.G.; BERRA C.M.; LUCHE, D.D.; MEDINA-SILVA, R.; GALHARDO, R.S.; MENCK, C.F.M.; OLIVEIRA, V.R. DNA repair-related genes in sugarcane expressed sequence tags (ESTs). Genetics and Molecular Biology, v.24, p.131-140, 2001. CUZZOCREA, S.; RILEY, P.D.; CAPUTI, P.A.; SALVEMINI, D. Antioxidant therapy: a new pharmacological approach in shock, in xammation, ischemia/reperfusion injury. Pharmacological Reviews, v. 53, p. 135–159, 2001. and 71 D’ANDRILLI, G.; BOVICELLI, A.; GIORDANO, A. HPV Vaccines: Stages of the Art. Journal Cellular Physiology, v.224, p.601-604, 2010. DELIGEOROGLOU, E.; CHRISTOPOULOS, P.; ARAVANTINOS, L.; PAPADIAS K. Human papilloma virus molecular profile and mechanisms of cancerogenesis: a review. European Journal of Gynaecological Oncology, v.30, n. 2, p.128-132, 2009. DOORBAR, J. Molecular biology of human papilomavirus infection and cervical cancer. Clinical Science, v.110, p.525-541, 2006. DOORBAR, J.; CUBIE, H. Molecular Basis for Advances in Cervical Screening. The Journal of Molecular Diagnostics, v.9, n.3, p.129-142, 2005. DUARTE, R.O.; MELLO, R.M.; ARAKI, C.; BOLZANI, V. S.; SILVA, D.H.S.; REGASINI, L.O.; SILVA, T.G.A.; MORAIS, C.C.M.; XIMENES, V.C.; SOARES, C.P. Alkaloids extracted from Pterogyne nitens induce apoptosis in malignant breast cell line. Tumor Biology, v. 31, p. 513-522, 2010. GENERAL ELETRIC HEALTHCARE. Micronuclei formation analysis module for IN cell analyser 2000. GE Healthcare, v.28, p. 14-60, 2009. GREEN, D. R.; KROEMER, G. The pathophysiology of mitochondrial cell death. Science (New York, N.Y.), v. 305, n. 5684, p. 626-629, 2004. GREENWALD, P.; KELLOFF, G.; BURCH-WHITMAN, C.; KRAMER, B. S. Chemoprevention. Cancer Journal for Clinicians, v. 45, n. 1, p. 31-49, 1995. HANAHAN, D., WEINBERG, R. A. Modelling the molecular circutry of cancer. Nature, v. 2, p. 231-341, 2000. 72 HASHIMOTO, Y.; SHIMADA, Y.; ITAMI, A.; ITO, T.; KAWAMURA, J.; KAWABE, A.; KAGANOI, J.; MAEDA, M.; WATANABE, G.; IMAMURA, M. Growth inhibition through activation of peroxisome proliferator-activated receptor gamma in human oesophageal squamous cell carcinoma. European Journal of Cancer, v.39, p.2239-2246, 2003. HEDDLE, J.A.; CIMINO, M.C.; HAYASHI, M.; ROMAGNA, F.; SHEELBY, M.D.; TUCKER, J.D.; VANPARYS, P.H.; MACCGREGOR, J.T. Micronuclei as an index of cytogenic damage: Past, Present, and Future. Environmental and Molecular Mutagenesis, v. 18, p. 277-291, 1991. ILUSTRAÇÃO DA EXTERNALIZAÇÃO DA CAMADA DE FOSFATIDILSERINA DA MEMBRANA CELULAR E LIGAÇÃO COM A ANEXINA V. Disponível em :www.imgenex.com/apop_kits_list.php?id=76, acessado em 12/11/2012 INCA, INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Estimativas e incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa. Acesso em: 10/11/2012. JEONG, T.J.; MOON, J.-H.; PARK, K.H.; SHIN, S.CH. Isolation and characterization of a new compound from Prunus mume fruit that inhibits cancer cells. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 54, p. 2123–2128, 2006. KANODIA, S.; FAHEY, L.M.; KAST, W.M. Mechanisms used by human papillomaviruses to escape the host immune response. Current Cancer Drug Targets, v. 7, p. 79-89, 2007. KAUFMANN, A. M.; NIELAND, J.; SCHINZ, M.; NONN, M.; GABELSBERGER, J.; MEISSNER, H.; MULLER, R.T.; JOCHMUS, I.; GISSMANN, L.; SCHNEIDER, A.; DURST, M. HPV 16 L1e7 Chimeric Virus-Like Particles Induce Specific HLARestricted T Cells In Humans After In Vitro Vaccination. International Journal of Cancer, v. 92, p. 285-293, 2001. 73 KHAN, M., GIESSRIGL, B., VONACH, C., MADLENER, S., PRINZ, S., HERBACECK I., HÖLZLC., BAUER, S., VIOLA K., MIKULITS, W., ALEEM, R., SIEGFRIED, KNASMÜLLER Q., GRUSCH M., KRUPITZA G. Berberine and a Berberis lycium extract inactivate Cdc25A and induce tubulin acetylation that correlate with HL-60 cell cycle inhibition and apoptosis. Mutation Research, v. 683, p. 123-130, 2010. KIECHLER, F. L.; ZHANG, X. Apoptosis: biochemical aspects and clinical implications. Clinica Chimica Acta, v. 326, p. 27–45, 2003. KIRSCH-VOLDERS, M.; SOFUNI, T.; AARDEMA, M.; ALBERTINI, S.; EASTMOND, D.; FENECH, M.; ISHIDATE, M.; LORGE, E.; NORPPA, H.; SURRALLES, J.; VON DER HUDE, W.; WAKATA, A. Report from the in vitro micronucleus assay working group. Environmental and Molecular Mutagenesis, v. 35, p. 167-172, 2000. KITAJIMA, M; NAKAMURA, T; KOGURE, N; OGAWA, M; MITSUNO, Y; ONO, K;YANO, S; AIMI, N; TAKAYAMA, H. Isolation of gelsedine-type indole alkaloids from Gelsemium elegans and avaluation of the cytotoxic activity of gelsimium alkaloids for A431 epidermoid carcinoma cells. J. Nat. Prod. v. 69, n. 4, p. 715-718, 2006. KNIAZHANSKI, T.; JACKMAN, A.; HEYFETS, A.; GONEN, P.; FLESCHER, E.; SHERMAN, L. Methyl jasmonate induces cell death with mixed characteristics of apoptosis and necrosis in cervical cancer cells. Cancer Letters, v.271, p.34–46, 2008. KOROSTOFF, J.; WANG, J.F.; KIEBA, I.; MILLER, M.; SHENKER, B.J.; LALLY, E. T. Actnobacillus actinomycetemcomitans leucotoxin induces apoptosis in HL-60 cells. Infection and Immunity, v. 66, n. 9, p. 4474-4483, 1998. LAKHANI, S. A.; MASUD, A.; KUIDA, K.; et al. Caspases 3 and 7: key mediators of mitochondrial events of apoptosis. Science (New York, N.Y.), v. 311, n. 5762, p. 847851, 2006. 74 LIEBMAN, A. M.; ROCHE I. M.; WILLIAMS, R. B.; KIM, J.; PAGEAU, C. S.; SHARON, J. Antibody treatment of human tumor xenografts elicits active anti-tumor immunity in nude mice. Immunology Letters, v. 114, p. 16-22, 2007 LIN, P.; KOUTSKY, L. A.; CRITCHLOW, C. W. HLA Class II DR-DQ and Increased Risk of Cervical Cancer among Senegalese Women. Cancer Epidemiology Biomarkers & Prevention, v.10, p.1037-1045, 2001. LIU, R..; LI, Y.; ZHONG, J. Cytotoxic and pro-apoptotic effects of novel ganoderic acid derivatives on human cervical cancer cells in vitro. European Journal of Pharmacology, v. 681, p. 23-33, 2012. LORENZI, H. Plantas Daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 3 ed. Nova Odessa, São Paulo, Instituto Plantarum, p. 395, 2000. LU, B.; HU, M.; LIU K.; PENG J. Cytotoxicity of berberine on human cervical carcinoma HeLa cells through mitochondria, death receptor and MAPK pathways, and in-silico drug-target prediction Toxicology in Vitro, v.24, p. 1482-1490, 2010. MACIAS, P. C.; SCHLECHT, N. F.; SOUZA, P. S. A. Major Histocompatibility Complex Class II Polymorphisms and Risk of Cervical Cancer and Human Papillomavirus Infection in Brazilian Women. Cancer Epidemiology Biomarkers & Prevention, v.9, p.1183-1191, 2000. MADKAN, V.K.; COOK-NORRIS, R.H.; STEADMAN, M.C.; ARORA, A.; MENDOZA, N.; TYRING, S.K. The oncogenic potential of human papillomaviruses: a review on the role of host genetics and environmental cofactors. British Journal of Dermatology, v. 157, p. 228–241, 2007. MAISTRO, E. L.; CARVALHO, J. C. T., MANTOVANI M.S. Evaluation of the genotoxic potential of the Casearia sylvestris extract on HTC and V79 cells by the comet assay. Toxicology in Vitro, v. 18, p. 337–342, 2004. 75 MANSOUR, H.B.; BOUBAKER, J.; BOUHLEL, I.; MAHMOUD, A.; BERNILLON, S.; CHIBANI, J.B.; GHEDIRA, K.; CHEKIR-GHEDIRA, L. Antigenotoxic activities of crude extracts from Acacia salicina leaves. Environmental and Molecular Mutagenesis, v. 48, n.1, p. 58-66, 2007. MATKAR S.S.; WRISCHNIK L.A.; HELLMANN-BLUMBERG, U. Sanguinarine causes DNA damage and p53-independent cell death in human colon cancer cell lines. Chemico-Biological Interactions, v. 172, p. 63-71, 2008. MERSCH-SUNDERMANN, V.; KNASMÜLLER, S.; WU, X.-J.; DARROUDI, F.; KASSIE, F. Use of a human-derived liver cell line for the detection of cytoprotective, antigenotoxic and cogenotoxic agents. Toxicology, v. 198, n. 1-3, p. 329-340, 2004. MICRONÚCLEO. Disponível em: www.crios.be/genotoxicitytests, acessado em 13/11/12 MIGLIORE, L.; COPPEDÈ, F. Genetic and environmental factors in cancer and neurodegenerative diseases. Mutation Research, v. 512, p. 135–153, 2002. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Estimativas alertam sobre o HPV. Portal da Saude – SUS. Disponivel em: http://portal.saude.gov.br/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=22444. Acesso em: 20/06/2011. MOLLER, P. Genotoxicity of environmental agents assessed by the alkaline comet assay. Basic &Clinical Pharmacology & Toxicology, v. 96 Suppl 1, p. 1-42, 2005. MOTOYAMA, S.; LADINES-LLAVE, C. A.; VILLANUEVA, S. L.; MARUO, T. The Role of Human Papilloma Virus in Molecular Biology of Cervical Carcinogenesis. Kobe Journal of Medical Sciences, v. 50, n. 1, p. 9-19, 2004. MUNAGALA, R.; KAUSAR, H.; MUNJAL, C.; GUPTA, R.C. Withaferin A induces p53-dependent apoptosis by repression of HPV oncogenes and up-regulation of tumor suppressor proteins in human cervical cancer cells. Carcinogenesis Advance, 2011. 76 MUNOZ, L.E.; FREY, B.; PAUSCH, F.; BAUM, W.; MUELLER, R. B.; BRACHVOGEL, B.; POSCHL, E.; RÖDEL, F.; VON DER MARK, K.; HERRMANN, M.; GAIPL, U. S. The role of annexin A5 in the modulation of the immune response against dying and dead cells. Current Medicinal Chemistry, v.14, n.3, p.271-277, 2007. NARISAWA-SAITO, M.; KIYONO, T. Basic mechanisms of high-risk human papillomavirus induced carcinogenesis: Roles of E6 and E7 proteins. Cancer Science, v. 98, n. 10, p. 1505–1511, 2007. NASCIMENTO, W. M. O.; CRUZ, E. D.; MORAES, M. H. D.; MENTEN, J. O. M. Qualidade sanitária e germinação de sementes de Pterogyne nitens Tull. (LeguminosaeCaesalpinioideae). Revista Brasileira de Sementes, v. 28, p. 149-153, 2006. NEHEME C. J.; PEDRO L. R.; MORAES. B.; CAVALHEIRO, A. J. Intrapopulational NÍVEIS DE DANO NO DNA APÓS EXPOSIÇÃO POR PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO ATRAVÉS DO ENSAIO DO COMETA. Disponível em: www.libyanjournalofmedicine.net/index.php, acessado em 10/11/2012 NOGUEIRA, M. E. I.; PASSONI, M. H.; BISO, F. I.; et al. Investigation of genotoxic and antigenotoxic activities of Melampodium divaricatum in Salmonella typhimurium. Toxicology in Vitro: An International Journal Published in Association with BIBRA, v. 20, n. 3, p. 361-366, 2006. OLIVEIRA-JUNIOR, R. J. Análises citogenéticas e expressão da telomerase em sarcoma 180. 2008. Dissertação (Mestrado em Genética e Bioquímica) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, 2008. PETT, M.; COLEMAN, N. Integration of high-risk human papillomavirus: a key event in cervical carcinogenesis? Journal of Pathology, v. 212, p. 356–367, 2007. PEZZUTO, J. M.; KOSMEDER, J. W.; PARK, E. J. Chapter 1: Characterization of Natural Product Chemopreventive Agents. Cancer Chemoprevention, Volume 2: Strategies for Cancer Chemoprevention. v. 2, 2005. 77 PHILCHENKOV, A.; KAMINSKYY, V.; ZAVELEVICH, M.; STOIKA, R. Apoptogenic activity of two benzophenanthridine alkaloids from Chelidonium majus L. does not correlate with their DNA damaging effects. Toxicology in vitro, v. 22, p. 287295, 2008. POPIOLEK, D.; VENTURA, K.; MITTAL, K. Distinction of low-grade squamous intraepithelial lesions from high-grade squamous intraepithelial lesions based on quantitative analysis of proliferative activity. Oncology Reports, v.11(3), p.687-91, 2004. PSYRRI, A.; DIMAIO, D. Human papillomavirus in cervical and head-and-neck cancer. Nature Clinical Practice Oncology, v. 1, n. 5, p. 24-31, 2008. QI, L.; XU, Z. In vivo antitumor activity of chitosan nanoparticles. Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters, v. 16, p. 4243-4245, 2006. REGASINI, L. O. Estudo químico de Pterogyne nitens (Caesalpinioideae), síntese e potencial farmacológico de alcalóides guanidínicos e análogos. 2008. Tese (Doutorado em Química) – Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2008. REGASINI, L. O.; VELLOSA, J.C.R.; SILVA, D.H.S.; FURLAN, M.; OLIVEIRA, O.M.M.; KHALIL, N.M.; BRUNETTI, I.L.; YOUNG, M.C.M.; BARREIRO, E.J.; BOLZANI, V.S. Flavonols from Pterogyne nitens and their evaluation as myeloperoxidase inhibitors. Phytochemistry, v.69, p. 1739-1744, 2008b. REGASINI, L.O.; FERNANDES D.C.; CASTRO-GAMBOA I.; SILVA, D.H.S.; FURLAN, M., BOLZANI V.S., BARREIRO E.J.; CARDOSO-LOPES, E.M.; YOUNG, M.C.M.; TORRES L.B.; VELLOSA, J.C.R.; OLIVEIRA, O.M.M. Constituintes químicos das flores de Pterogyne nitens (Caesalpinioideae). Quimica Nova, n. 31, p. 802- 806, 2008. 78 REGASINI, L.O.; PIVATTO, M.; SCORZONI, L.; BENADUCCI T.; FUSCOALMEIDA, A.M.; GIANNINI, M.J.S.M..; BARREIRO E.J.; SILVA, D.H.S.S.; BOLZANI, V.S. Antimicrobial activity of Pterogyne nitens Tul., Fabaceae, against opportunistic fungi. Revista brasileira de farmacognosia, v. 20, p. 706-711, 2010. ROSA M.I.; MEDEIROS R.L.; SILVA F.R.; SILVA B.R.; Papilomavírus humano e neoplasia cervical. Caderno de Saúde Pública, v. 25, p.953-954, 2009. SALIS, S. M.; ASSIS, M. A.; CRISPIM, S. M. A.; CASAGRANDE, J. C. Distribuição e abundância de espécies arbóreas em cerradões no Pantanal, Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil.´Revista Brasileira de Botânica, v. 29, n. 3, p. 339-352, 2006. SCHMITTA, E. M. M.; JONASA, R.; DEKANTA, W.; STOPPER, H. Genotoxic activity of four metabolites of the soy isoflavone daidzein. Mutation Research Genetic Toxicology and Environmental Mutagenesis, v.542, p.43-48, 2003. SIMONART, T.; BOELAERT, J. R.; ANDREI, G.; CLERCQ, E.; SNOECKA, R.; Iron withdrawal strategies fail to prevent the growth of SiHa-induced tumors in mice. Gynecologic Oncology, v. 90, p.91–95, 2003. SINGH, N.P.; McCOY, M.T.; TICE, R.R.; SCHNEIDER, E.L. A simple technique for quantitation of low levels of DNA damage in individual cells. Experimental Cell Research, v. 175, p. 184-191, 1988. SIQUEIRA, A. C. M. F.; NOGUEIRA, J. C. B. Essências brasileiras e sua conservação genética no Instituto Florestal de São Paulo. Revista do Instituto Florestal, v. 4, p. 1187, 1992. SORBO, J. M. Efeito antitumoral, genotóxico e mutagênico de nitensidina A em camundongos nude BALB/c com implante tumoral xenográfico de células imortalizadas com HPV-16 (SiHa). Dissertação (Mestrado em citologia clínica no programa de pósgraduação de biociências e biotecnologia aplicadas à farmácia). Universidade Estadual Paulista, São Paulo, sp, 2011 79 SPPV, SOCIEDADE PORTUGUESA DE PAPILLOMAVÍRUS. Características gerais dos HPV´s. Disponível em: http://www.sppv.org/info_ciencia.html. Acesso em: 07/01/2011. STANLEY, M. Genital human papillomavirus infections-current and prospective therapies. Journal of National Cancer Institute Monographs. v.31, p.117-124, 2003. STANLEY, M. Immunobiology of HPV and HPV vaccines. Gynecologic Oncology, v. 109, S15-S21, 2008. TICE, R.R.; AGURELL, E.; ANDERSON, D.; BURLINSON, B.; HARTMANN, A.; KOBAYASHI, H.; MIYAMAE, Y.; ROJAS, E.; RYU, J.C.; SASAKI, Y.F. Single cell gel/comet assay: guidelines for in vitro and in vivo genetic toxicology testing. Environmental and Molecular Mutagenesis, v. 35, n. 3, p. 206-221, 2000. TONIN, G.A.; GATTI, A.B.; CARELLI, B.P.; PEREZ, S.C.J.G.A., Influência da temperatura de condicionamento osmótico na viabilidade e no vigor de sementes de Pterogyne nitens. Revista Brasileira de Sementes, v. 27, n.2, p. 35-43, 2005. TOROUS, D.K.; DERTINGER, S.D.; HALL, N.E.; TOMETSKO, C.R. An automated method for discriminating Aneugen vs. Clastogen- induced micronuclei. Environmental and Molecular Mutagenesis, v.31, p.340-344, 1998. TOTOWA, N.J.; USA: Human Press inc. phenolic compounds from Alchornea glandulosa. Fitoterapia, v. 75: p. 392–394, 2004. URREA-BULLA A.; SUAREZ M. M.; MORENO-MURILLO B. Biological activity of VAN GENDEREN, H. O.; KENIS, H.; HOFSTRA, L.; NARULA, J.; REUTELINGSPERGER, C. P. M. Extracellular annexin A5: Functions of phosphatidylserine-binding and two-dimensional crystallization. Biochimica et Biophysica Acta, v. 1783, p. 953–963, 2008. WATT, F.M. Epidermal stem cells: markers, patterning and the control of stem cell fate. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, v. 353, p. 831–837, 1998. 80 WOLSCHICK, N. M.; CONSOLARO M.E.L.; SUZUKI L.E.; BOAER C.G. Câncer do colo de útero: tecnologias emergentes no diagnóstico, tratamento e prevenção da doença. Revista Brasileira de Análises Clínicas, v. 39, p. 123-129, 2007. www.gisttumo-r.com, 2011. Acessado em 14/11/2012. YOON, C.S.; KIM, K.D.; PARK, S.N.; CHEONG, S.W. Alpha(6) integrin is the main receptor of human papillomavirus type 16 VLP. Biochemical and Biophysical Research Communications, v. 283, p. 668–673, 2001. YUE, W.; SUN, Q.; LANDRENEAU, R.; WU, C.; SIEGFRIED, J. M.; YU, J.; ZHANG, L. Fibulin-5 suppresses lung cancer invasion by inhibiting matrix metalloproteinase-7 expression. Cancer Research, v. 69, p. 6339-6346, 2009. ZHANG, Y.; WU, L.; TASHIRO, S.; ONODERA, S.; IKEJIMA, T. Evodiamine induces tumor cell death through different pathways: apoptosis and necrosis. Acta Pharmaceutica, v. 25, p. 83-89, 2004. ZHANG, Z.; KNOBLOCH, T.J.; SEAMON, L.G.; STONER, G.D.; COHN, D.E.; PASKETT, E.D.; FOWLER, J.M.; WEGHORST, C.M. A black raspberry extract inhibits proliferation and regulates apoptosis in cervical cancer cells. Gynecologic Oncology, v. 123, p. 401-406, 2011. ZUR HAUSEN, H. Papillomaviruses and cancer: from basic studies to clinical application. Nature Reviews Cancer, v. 2, p. 342-350, 2002. ZUR HAUSSEN, H. Papillomviruses in the causation of human cancers – a brief historical account. Virology, v. 384, p. 260-265, 2009.