BOLETIM DO LEITE
Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP
Ano 13 - Nº152 - Março de 2007
VOLUME DE LEITE CAI
E PREÇOS SOBEM
Para março (produção de fevereiro),
59% dos compradores
consultados pelo Cepea
acreditam em novas altas
Derivados & exportação
O leite em pó voltou a ser o produto
mais representativo na pauta
de exportações em janeiro; no mercado
interno, foi o derivado com a maior alta.
Pág. 5
Qualidade do leite
Insumos
Qual é o tempo correto para a
homogenização da amostra?
Veja estudo da Clínica do Leite
comparando resultados
obtidos com 5 e 2 minutos.
Pág. 4
Mesmo com produções recordes
de milho e soja está difícil dar boas
notícias para quem precisa
comprar esses insumos.
As cotações seguem acima da
média histórica, e a expectativa
geral é que permaneçam elevadas
no médio prazo.
Pág. 6 e 7
Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada - ESALQ/USP
www.cepea.esalq.usp.br
2
Mercado de leite
Ao Produtor Fevereiro/07
Volume de leite cai e preços sobem
O Índice de Captação de Leite (ICAP-L)
do Cepea mostra que o volume de leite
captado pelos laticínios de sete estados
em janeiro diminuiu 2,88% quando comparado a dezembro passado. Com isso, o
preço médio pago ao produtor de leite –
pagamento de fevereiro referente à produ-
Preços pagos ao produtor em
fevereiro/07 referentes ao
leite entregue em janeiro/07
R$/litro tipo C
Mesorregiões de
Minas Gerais - MG
PREÇO
LÍQUIDO
2
MÉDIO MÉDIO
1
PREÇO BRUTO
REGIÃO
MÁXIMO MÍNIMO
Triângulo Mineiro/
0,5490
Alto Paranaíba
0,4591
0,5103
0,4009
Sul/Sudoeste
de Minas
0,6085
0,4866
0,5471
0,5054
Vale do Rio
Doce
0,5871
0,5015
0,5355
0,4868
Média
Estadual - MG
0,5713
0,4726
0,5218
0,4610
ção de janeiro – aumentou 2,32% frente ao
valor de janeiro – este relativo à produção
de dezembro/06. Esse percentual também se refere à média ponderada de sete
estados – RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA.
A queda no volume de leite captado pelos
laticínios em janeiro não é incomum. De
acordo com o ICAP-L/Cepea, iniciado em
junho de 2004, o mês de janeiro sempre
teve um volume de leite menor que dezembro, com a redução oscilando entre
1,74% e 3,78%.
O que aconteceu neste ano, em especial,
foi que muitas estradas estavam ruins pelo
grande volume de chuvas que caiu em diversas regiões produtoras de leite. Outro
fato é que o excesso de chuva também
prejudica a produção das vacas, uma vez
que o excesso de barro causa desconforto aos animais, diminuindo a ingestão de
alimentos e, conseqüentemente, o leite.
No período de 2005 a 2007, o preço pago
em fevereiro também esteve maior que o
pagamento anterior (de janeiro). Os aumentos dos valores recebidos, porém, não
ocorrem na mesma proporção que as quedas nos volumes, limitando-se ao intervalo de 0,5% a 3%. Vale destacar que, caso a
análise seja estendida para período mais
Mesorregiões de
Santa Catarina - SC
PREÇO
LÍQUIDO
2
MÉDIO MÉDIO
1
MÁXIMO MÍNIMO
As más condições
das estradas devido ao
grande volume
de chuvas prejudicaram
a captação. Em janeiro o
(ICAP-L) caiu 2,88%.
ticínios), distribuídos em sete estados,
acreditam em novos acréscimos para o
próximo pagamento. Essa opinião significa, para o produtor, perspectivas ainda
melhores que as do mês anterior, quando
apenas 21% declararam apostar em reajustes dos preços pagos em fevereiro.
Os agentes que acham que os preços do
leite podem recuar representam somente
2,2% da amostra, sendo que os 38,7% restantes reportam estabilidade para o pró-
Mesorregiões de
Goiás - GO
PREÇO BRUTO
REGIÃO
longo, o preço do leite em fevereiro nem
sempre foi maior que o de janeiro.
Quanto à tendência de preços ao produtor, pesquisas do Cepea revelam que
59% dos seus colaboradores que atuam
na compra de leite (profissionais de la-
Mesorregiões da
Bahia - BA
PREÇO
LÍQUIDO
2
MÉDIO MÉDIO
1
PREÇO BRUTO
REGIÃO
MÁXIMO MÍNIMO
PREÇO
LÍQUIDO
2
MÉDIO MÉDIO
1
PREÇO BRUTO
REGIÃO
MÁXIMO MÍNIMO
Oeste Catarinese 0,4849
0,3798
0,4465
0,3882
Centro Goiano
0,5374
0,4554
0,4991
0,4709
Centro Sul Baiano
0,4651
0,3992
0,4372
0,3817
Vale do Itajaí
0,3900
0,4600
0,4210
Sul Goiano
0,5420
0,4426
0,4912
0,4428
Sul Baiano
0,4616
0,3801
0,4519
0,4336
0,3974
Média
Estadual - GO
0,5402
0,4476
0,4943
0,4537
Média
Estadual - BA
0,4647
0,3959
0,4435
0,4115
Média
Estadual - SC
0,5200
0,4926
0,3838
0,4497
Mesorregiões do
Paraná - PR
Mesorregiões de
São Paulo - SP
PREÇO
LÍQUIDO
2
MÉDIO MÉDIO
1
REGIÃO
PREÇO BRUTO
MÁXIMO MÍNIMO
Centro Oriental
0,5411
Paranaense
0,4441
0,5164
0,4767
Oeste
Paranaense
0,3743
0,4276
0,4047
0,4938
Norte Central
Paranaense
0,5159
0,3145
0,4673
Média
Estadual - PR
0,5130
0,3908
0,4704
Mesorregiões do
Rio Grande do Sul - RS
São José
do Rio Preto
Macro
Metropolitana
Paulista
PREÇO BRUTO
MÁXIMO MÍNIMO
0,5609
0,4191
0,5200
0,4800
0,5907
0,5068
0,5540
0,5041
0,4370
Vale do
0,5881
Paraíba Paulista
0,4758
0,5516
0,5244
0,4349
Média
Estadual - SP
0,4535
0,5186
0,4790
0,5609
PREÇO
LÍQUIDO
2
MÉDIO MÉDIO
1
PREÇO
LÍQUIDO
2
MÉDIO MÉDIO
1
REGIÃO
REGIÃO
1
PREÇO BRUTO
MÁXIMO MÍNIMO
Noroeste
0,5466
0,3251
0,4873
0,4215
Metropolitana
Porto Alegre
0,5154
0,3410
0,4597
0,4273
Média
Estadual - RS
0,5326
0,3396
0,4756
0,4190
Valor Bruto; Inclusos frete e INSS
2
Valor Líquido; Livre de frete e INSS
3
Por Gustavo Beduschi
Equipe Leite Cepea - Esalq/USP
E-mail: [email protected]
Minas Gerais e
Goiás, que são os maiores
produtores do País, foram
destaques com reajustes
superando os 3%
entre janeiro e fevereiro.
ferencial entre maio e dezembro também
foi alto: 17,26%.
Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística) corroboram as
constatações do ICAP-L/Cepea. Nos últimos nove anos, a variação média entre os
meses de menor e maior produções esteve
em 19,28% - na maioria dos anos, maio foi
o mês de menor produção.
As mudanças no comportamento dos preços do leite, porém, vêm fazendo com que
a maioria das empresas não pratique mais
o famoso “extra-cota”. Isso se dá mais em
função de outros fatores do que propriamente da variação entre o volume disponível entre a safra e a entressafra.
140
130
128,13
123,21
Patamar de dez de 2005
120
124,38
124,44
118,33
110
100
90
ICAP-L/CEPEA-Esalq/USP
IBGE - PTL
Fonte: CEPEA - Esalq/USP
Equipe Leite:
Gustavo Beduschi - Pesquisador do projeto Leite;
Viviane P. Paulenas, Lucas Detoni Rizzollo, Juliana
Haddad Tognon, Jéssica Chaves Rivas e
Marcelo Bahia Gama.
Editores Científicos:
Geraldo Sant´Ana
de Camargo Barros e
Sergio De Zen
Equipe Macroeconômica:
Humberto Francisco Silva Spolador, Fabiana C.
Fontana e Simone F. Silva - Pesquisadores do projeto
Macroeconomia.
Editor Executivo:
Eng. Ag. Gustavo Beduschi
Equipe Grãos:
Mauro Osaki e Lucilio Alves - Pesquisadores do projeto
Grãos; Luciano van den Broek, Ana Amélia Zinsly,
Flavia Gutierrez, Gustavo Silva Oukawa,
Vanessa Cristina Granello e Matheus Rizato.
O comportamento dos preços nas regiões pesquisadas pelo Cepea foi de
elevação de janeiro para fevereiro, com
destaque para Minas Gerais e Goiás,
onde os reajustes superaram os 3%. Em
Minas, o aumento foi de R$ 0,0182/litro e em Goiás, de R$ 0,0150/litro.
Os volumes de leite recebidos pelas processadoras nos dois estados – que são os
maiores produtores do País – diminuíram. O volume de leite captado em Minas
recuou 7,56% e em Goiás, de 1,70%.
Gráfico 1: ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite
(Junho de 2004 = 100) - JANEIRO/07.
80
abaixo da média histórica em 2006. Contudo, se olharmos para 2005, quando os
preços ao produtor no primeiro semestre
foram muito bons, constatamos que o di-
FEVEREIRO
jun-04
jul-04
ago-04
set-04
out-04
nov-04
dez-04
jan-05
fev-05
mar-05
abr-05
mai-05
jun-05
jul-05
ago-05
set-05
out-05
nov-05
dez-05
jan-06
fev-06
mar-06
abr-06
mai-06
jun-06
jul-06
ago-06
set-06
out-06
nov-06
dez-06
jan-07
ximo pagamento.
A diminuição do volume de leite, de
acordo com o histórico, perdura até meados do ano. Essa sazonalidade reflete,
em parte, o pagamento do “extra-cota”,
que ocorria em larga escala até recentemente e ainda é marcante na memória
do produtor e de várias empresas. Normalmente na época da seca, as empresas
fazem a chamada “formação de cota”,
ou seja, a média do volume de leite entregue por um produtor no período da
seca determina o volume a que ele terá
direito a entregar ao laticínio na época
da safra. O que exceder a esta média é
chamado de “extra-cota” e sofre deságio.
Em 2006, por exemplo, o diferencial entre o mês de menor produção, maio, e o de
maior produção, dezembro, foi de 19,75%,
de acordo com os dados do ICAP-L/Cepea. Muitos poderão alegar que essa distância foi agravada pelos preços muito
Jornalista Responsável:
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O Boletim do Leite pertence ao Cepea - Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada - USP/
Esalq. A reprodução de conteúdos publicados por este
imformativo é permitida desde que citados os nomes dos
autores, a fonte Boletim do Leite/Cepea e a devida data
de publicação.
4
Trabalhando
para o Setor
Laerte D Cassoli
Carlos Alexandre Zago
Viviane Maia
Paulo F. Machado
Clínica do Leite ESALQ/USP
www.clinicadoleite.com.br
Amostragem e Pagamento por qualidade:
Qual o tempo de homogeneização do leite para coleta da amostra?
Existem vários pontos críticos que podem
afetar a representatividade da amostra,
como o protocolo de coleta da amostra,
além, é claro, da conservação e da própria
análise do leite.
Especificamente em relação ao protocolo
de coleta, sem dúvida, a homogeneização
do leite é o principal fator que afeta a representatividade da amostra. Em função de
diferenças na densidade dos componentes
do leite, ocorre separação quando o produto fica em repouso. A gordura, juntamente
com as células somáticas e bactérias, migram para a superfície.
Em caso de tanque de expansão é necessário, portanto, acionar a pá de agitação
para que ocorra a homogeneização do leite
antes de se efetuar a coleta. Consultando a
literatura internacional, em geral sugere-se
a coleta da amostra após 5 minutos de homogeneização. Esta é a recomendação dos
laboratórios que integram a RBQL do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), como é o caso da Clínica
do Leite, da ESALQ/USP.
À primeira vista, parece ser um tempo reduzido, mas ao se contabilizar todos os
produtores de uma indústria, percebe-se
que o tempo total gasto é alto o que implica em aumento de custos para a indústria.
Recentemente, trabalhos publicados no
Canadá indicaram que 2 minutos seriam suficientes para a correta homogeneização do
leite. A recomendação de 5 minutos poderia, portanto, ser reduzida para 2 minutos?
Para responder a esta dúvida, a Clínica do
Leite, em parceria com uma cooperativa, realizou estudo em que foram avaliados mais
de 90 tanques, comparando-se os resultados de gordura obtidos com 5 e 2 minutos.
A tabela 1 mostra a distribuição destes tan-
ques em função da diferença absoluta entre
os resultados.
res (total despendido pelos compradores)
foi praticamente igual nos dois tempos.
Fica evidente que a redução do tempo implica em alteração do resultado de análise, da
Tabela 1. Diferença no teor de gordura entre
classificação e remuneração de mais de um
resultados obtidos com 5 e com 2 minutos
terço dos produtores avaliados no estudo.
Mas, e quanto aos resultados observados
Diferença
Nº de Tanques % Produtores por pesquisadores de outros paises em que
2 minutos foram suficientes?
Acima de 0,12%
9
9,7
Durante o levantamento realizado com
0,08 a 0,12%
3
3,2
estas 93 propriedades, foram coletados al0,04 a 0,08%
7
7,5
guns dados adicionais dos tanques que po-0,04 a 0,04%
51
54,8
dem influenciar no tempo, como formato
-0,04 a -0,08%
13
14,0
da pá de agitação e a sua rotação. A influên-0,08 a -0,12%
7
7,5
cia destes fatores está sendo avaliada e será
publicada em breve. Talvez o mau funcioInferior a -0,12%
3
3,2
namento deste componente possa explicar
Total
93
100
a diferença observada entre os tempos.
Fonte: Clínica do Leite
Leia-se: Em 9 tanques, a diferença dos resultados foi acima de
0,12%; em 3, ficou no intervalo de 0,08 a 0,12% e assim por diante.
Em 51 dos tanques, a diferença foi considerada normal.
Existe uma diferença que pode ser considerada “normal”, que é do próprio equipamento
que realiza a análise de gordura. Esta variação normal fica ao redor +/- 0,04%. Diferenças acima deste valor podem ser, portanto,
atribuídas ao tempo de homogeneização.
Os resultados mostram que, em 45,2% dos
tanques, a diferença entre os tempos foi acima
de 0,04%. É um numero muito significativo.
Outra simulação realizada foi a classificação destes produtores num programa de
pagamento com as seguintes classes:
Ao reduzir o tempo de 5 para 2 minutos,
34% dos produtores mudaram de classe e
consequentemente foram remunerados de
maneira diferente. Alguns subiram de classe, enquanto outros desceram. Com isso,
o preço médio do leite pago aos produto-
Classes
Teor de gordura do leite
cru
1
< 3,00
2
3,01 a 3,10
3
3,11 a 3,20
4
3,21 a 3,30
5
3,31 a 3,40
6
3,41 a 3,50
7
3,51 a 3,60
8
3,61 a 3,70
9
3,71 a 3,80
10
3,81 a 3,90
11
3,91 a 4,00
12
> 4,00
Fonte: Clínica do Leite
5
Derivados &
Exportação
Por Gustavo Beduschi
Equipe Leite Cepea - Esalq/USP
E-mail: [email protected]
Leite em pó volta a ser
o principal item nas exportações
MERCADO INTERNO
Dos sete derivados incluídos nas pesquisas contínuas do Cepea, três tiveram
recuo nos preços em janeiro, enquanto
os demais registraram alta no mercado
paulista.
A manteiga teve a maior desvalorização,
de 3,4%, passando de R$ 8,78/kg para R$
8,48/kg. A maior alta foi para o leite em
O leite em pó voltou a ser o produto mais
representativo na pauta de exportações.
Entre as importações de lácteos, mantevese como o principal item em janeiro deste
ano, quando o dispêndio chegou a US$ 16,95
milhões, equivalente a quase 70% do total.
De maio a dezembro do ano passado, o leite condensado foi o produto mais vendido pelas empresas brasileiras ao exterior,
chegando a representar 69,44% do total de
receitas com lácteos em julho de 2006. As
exportações do produto começaram a diminuir em dezembro, quando sua participação passou de 51,99% (novembro) para
37,17%. Em janeiro/07, se limitou a 23,82%.
Uma das explicações pode estar no preço
do pó que registrou aumento nos últimos
meses. De novembro passado para janeiro
deste ano, o preço do leite em pó teve alta
de 18,5% em dólar, passando de US$ 2,00/
kg para US$ 2,37/kg. Já o preço médio do
quilo do leite condensado permaneceu
praticamente estável em US$ 1,22.
As exportações de leite em pó em janeiro
somaram US$ 6,53 milhões, representando 52,62% do total embarcado em lácteos
pelo País (US$ 12,42 milhões).
Apesar de o setor lácteo brasileiro estar
aumentando suas vendas externas, a balança comercial inicia o ano com o saldo
negativo de US$ 4,53 milhões, valor semelhante ao observado em janeiro de 2006.
De acordo com o Índice de Preços de
Exportação de Lácteos (IPE-L) calculado pelo Cepea, o preço médio de exportação, em janeiro, foi de US$ 2,04/kg ou
R$ 4,36/kg, o que representa uma valorização média em dólares de 11,78% e,
em reais, de 11,15%.
pó (sachê 400g), de 2,8%, com a média
passando de R$ 7,40/kg em dezembro/06
para R$ 7,61/kg em janeiro/07.
Apesar da queda nos preços da manteiga,
o valor negociado em janeiro deste ano foi
1,56% maior que o do início do ano passado – sem considerar inflação do período.
O leite em pó teve alta de 14,2% no mesmo período.
Gráfico 1: Índice de preços exportados de leite e derivados (IPE-L/CEPEA)
5,50
R$/kg
5,00
Janeiro 2006
4,50
R$ 4,36
4,00
3,50
3,00
U$ 2,04
2,00
1,50
0,50
jan/04
fev/04
mar/04
abr/04
mai/04
jun/04
jul/04
ago/04
set/04
out/04
nov/04
dez/04
jan/05
fev/05
mar/05
abr/05
mai/05
jun/05
jul/05
ago/05
set/05
out/05
nov/05
dez/05
jan/06
fev/06
mar/06
abr/06
mai/06
jun/06
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
1,00
IPE-Lácteo R$/kg
IPE-Lácteo US$/kg
jan/07
dez/06
nov/06
out/06
set/06
Manteiga (200 g)
Leite UHT
Queijo Prato
Leite em Pó Manteiga (200 g)
integral (sachê 400 g)
Queijo
Mussarela
Unidade
R$/L
Var%
R$/L
Var%
R$/kg
Var%
R$/kg
Var%
R$/kg
Var%
R$/kg
Var%
GO
0,919
0,26%
1,204
0,7%
6,64
-1,8%
9,04
3,7%
7,55
-1,1%
5,54
1,9%
MG
0,892
-3,03%
1,193
0,9%
7,71
0,6%
9,34
2,0%
7,73
-1,3%
6,57
0,0%
PR
0,863
-1,86%
1,068
-1,6%
7,67
1,1%
6,70
-6,0%
7,90
-7,2%
6,27
-8,7%
RS
0,799
-1,22%
1,044
-4,4%
7,79
7,8%
6,73
-20,9%
7,53
-5,2%
7,75
4,2%
SP
0,912
-0,50%
1,114
0,6%
7,73
2,1%
7,50
1,6%
8,50
-3,4%
6,00
-2,6%
Fonte: Cepea/Esalq-USP
Fonte: Cepea/Esalq-USP
Leite em Pó (sachê 400 g)
ago/06
jul/06
jun/06
mai/06
abr/06
mar/06
fev/06
jan/06
dez/05
9,25
9,00
8,75
8,50
8,25
8,00
7,75
7,50
7,25
7,00
6,75
6,50
nov/05
R$/kg
Gráfico 2: Preços do leite em pó e manteiga para o estado de São Paulo
PREÇOS MÉDIOS DOS DERIVADOS PRATICADOS EM DEZEMBRO E AS VARIAÇÕES EM RELAÇÃO AO MÊS ANTERIOR
Leite
Pasteurizado
Fonte: Cepea/Esalq-USP
US$/kg
2,50
6
Mercados de
Milho e Soja
Por Mauro Osaki e Luciano van den Broek
Equipe Grãos Cepea - Esalq/USP
E-mail: [email protected]
e Viviane P. Paulenas,
Equipe Leite Cepea - Esalq/USP
E-mail: [email protected]
Fevereiro/07
MILHO
Mesmo com área de safrinha aumentando, preços devem se manter firmes
Produtores brasileiros devem plantar 3,9 milhões de hectares na atual safrinha, aumento
de 17,1% sobre a área de inverno do ano passado, segundo relatório da Conab divulgado
em 6 de março. Apesar deste aumento, que se
junta à produção de 9,5 milhões de hectares
da safra de verão que estão sendo colhidos,
não há sinalizações de que o preço do milho
irá cair neste ano. Essa perspectiva nada boa
para quem precisa comprar o grão continua
vindo da forte demanda dos Estados Unidos
para a produção de etanol.
Em fevereiro, especificamente, com a in-
tensificação da colheita de milho no Brasil,
os preços do grão caíram 2,3% no mercado de balcão (preço ao produtor) e 6,36%
no de lotes (produto limpo e seco) na
média das regiões acompanhadas diariamente pelo Cepea. Na região de Campinas
(SP), que é a base do Indicador ESALQ/
BM&F, a queda em fevereiro chegou a
16,24% devido à maior oferta do produto.
Devido ao avanço da colheita, em algumas
praças, as cotações poderiam ter caído mais.,
foram contidas pelas altas na Bolsa de Chicago (CBOT), que ocorreram até a terceira
semana de fevereiro. Nessa bolsa que é referência para o mercado mundial de grãos, as
cotações para primeiro vencimento (Março/07) chegaram a ultrapassar os US$ 4,30/
bushel, maior preço desde julho de 1996.
Na última semana do mês, contudo, a estimativa de aumento da área plantada com milho
nos Estados Unidos somada aos movimentos do mercado internacional decorrentes da
economia chinesa refletiram em quedas na
CBOT. Apesar do recuo, os futuros continuam
acima da média histórica, e a expectativa geraléquepermaneçamelevadosnomédioprazo.
relação de troca - Estado de São Paulo
Quantos litros de leite são necessários para adquirir uma saca de milho?
54 litros de leite para adquirir uma saca de
60 kg - região de Campinas.
Para o próximo mês é de se esperar que a relação de troca fique ligeiramente mais favo-
rável ao produtor de leite, devido á pressão
que tem ocorrido sobre os valores do milho
neste período de colheita e também pela
perspectiva de valorização do leite.
Litros de leite necessários para adquirir uma saca de milho.
60
50
L/sc 60 kg
Os preços do milho tiveram aumentos
maiores que os do leite pago ao produtor,
comparando-se fevereiro de 2006 ao de
2007. O milho aumentou 53%, enquanto o
reajuste do leite foi de apenas 13%, tornado a relação menos favorável ao produtor.
Com essa evolução, no último mês foram
16,8% a mais de leite para a compra do mesmo insumo – ao invés de 35,7 litros foram
necessários 41,7 litros. Já se a comparação
for feita com janeiro deste ano, o resultado
é aumento do poder de compra de 13,4%,
sendo necessários 6,5 litros a menos para
a troca. O motivo principal é a redução do
preço da saca de milho em 12% - região de
Campinas.
Analisando-se os meses de fevereiro, nos últimos cinco anos, a melhor relação de troca
ao produtor foi verificada em fevereiro de
2005. A pior, ao contrário, foi em fevereiro
de 2003, quando foram necessários mais de
40
30
20
10
0
fev/03
fev/04
fev/05
fev/06
jan/07
fev/07
Milho - Campinas
Fonte: CEPEA - Esalq/USP
7
SOJA e FARELO de soja
Clima ajuda e produção é recorde
No início de março, relatório do Conab revisa para cima a produtividade da atual safra
de soja. A nova expectativa de 2.755 kg/ha
(46 sacas por hectare) para a média do País é
14,6% maior que a da safra anterior em função de boas condições climáticas. No total,
o Brasil deve produzir 56,7 milhões de toneladas do grão, crescimento de 6,2% - mesmo
com a área plantada reduzida em 7,4%. Esse
volume é recorde! Quanto ao ritmo de colheita, avança dentro da normalidade.
Neste período de colheita, o dólar está mais
barato que na época de compra dos insumos,
mas as valorizações do mercado internacional aliada á maior produtividade têm devolvido o ânimo aos produtores de soja. Já para
quem precisa comprar o farelo, a notícia tem
efeito contrário.
A mesma demanda dos Estados Unidos
por milho que tem alavancado os preços
do milho geram também as valorizações
da soja – e conseqüentemente, do óleo e
farelo. Segundo relatório do USDA, que é
o “ministério” da Agricultura dos Estados
Unidos, a safra mundial 2006/07 da oleaginosa deve chegar a 228,4 milhões de to-
neladas, volume recorde. Outro fator que
ajuda a manter os preços firmes é a perspectiva de demanda mundial também recorde.
Em fevereiro, o preço do farelo de soja teve
média de R$ 518,38/tonelada na região de
Campinas (SP), cerca de 1,8% mais caro
que em janeiro e 8,3% acima do valor de
fevereiro do ano passado – sem considerar a inflação do período. Para o setor lácteo, a recuperação dos preços da soja e do
milho pode gerar diminuição da margem
de lucro, especialmente para produtores
mais tecnificados.
relação de troca - Estado de São Paulo
Quantos litros de leite são necessários para adquirir uma tonelada de farelo de soja?
a relação foi desfavorável porque os altos preços da tonelada do farelo de soja
coincidiram com os baixos preços do leite
recebido pelo produtor. Comparando-se
fevereiro deste ano àquele, a melhora do
poder de compra é de 41%.
Litros de leite necessários para adquirir uma tonelada de farelo de soja.
1800
1600
1400
L/ton
Em fevereiro de 2007, o produtor precisou
de quase 1000 litros de leite para adquirir
uma tonelada de farelo de soja, no estado
de São Paulo. Esse resultado é semelhante
ao de fevereiro do ano passado, quando a
troca se dava com 996,5 litros. Essa estabilidade deve-se pela simultânea elevação
de 14% dos preços da tonelada do farelo
de soja e do leite ao produtor.
Nos últimos cinco anos, comparando-se os
meses de fevereiro, a relação de troca mais
favorável ao produtor de leite ocorreu em
2005, quando 904 litros de leite eram suficientes para a compra de uma tonelada
de farelo de soja – em comparação a este
mês, o poder de compra do produtor esteve 10,5% menor em fevereiro/2007.
A pior relação, do período analisado, foi
verificada em 2004, quando o produtor
precisou de quase 1695 litros de leite para
cada tonelada do insumo. Naquele ano,
1200
1000
800
600
400
200
0
fev/03
fev/04
fev/05
fev/06
jan/07
fev/07
Farelo de Soja - Campinas
Fonte: CEPEA - Esalq/USP
8
O segmento de laticínios está articulando a
criação de uma entidade nacional que ficará responsável em promover o marketing institucional
dos produtos lácteos do País. Convencer produtor e
indústria sobre a importância das ações de promoção do leite é o que dará força ao novo órgão. Se as
14 maiores indústrias do setor contribuírem com a
taxa fixada pela entidade, que será de um quarto de
centavo por litro de leite, o orçamento anual será de
R$ 16,8 milhões. Para discutir a criação da entidade,
foi criado grupo de trabalho na Câmara Setorial da
Cadeia Produtiva de Leite e Derivados, que é ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa. (Diário do Comércio/MG)
O Brasil suspendeu a importação de carnes e laticínios da Bolívia. A decisão foi tomada em 29
de fevereiro, após o Ministério de Desenvolvimento Rural, Agropecuário e Meio Ambiente boliviano
ter informado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento brasileiro sobre a ocorrência
de um foco de febre aftosa, causada pelo vírus tipo
O, na região de Santa Cruz. Além da proibição das
importações, o Departamento de Saúde Animal do
Ministério da Agricultura, informa que a vigilância nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Rondônia e Acre - que fazem fronteira com
a Bolívia - foi reforçada para que nenhum animal
boliviano suscetível doença entre no Brasil e contamine o gado nacional. A vigilância nas fronteiras
é feita pelas agências estaduais de Defesa Sanitária
Animal e Vegetal. De acordo com o departamento,
a entrada dos produtos bolivianos pode causar pe-
O Senado aprovou o parecer favorável da senadora Kátia Abreu (PFL-TO) à Medida Provisória 326/06, que abre crédito extraordinário no
valor de R$ 1 bilhão para financiamento da safra
2006/2007 e garantia dos preços mínimos. De acordo com a MP, os recursos para esse crédito vêm do
superávit fiscal de 2005. A MP vai agora a promulgação. A relatora Kátia Abreu disse que esse crédito vai permitir minimizar os prejuízos dos agricultores na safras de 2003, 2004, 2005 e 2006. (Diário
da Manhã/GO)
Cresce o número de pessoas que levam em
conta a questão social e ambiental diante da
prateleira. Pesquisa realizada no final de 2006
pela TNS/InterScience para a revista Consumidor Moderno indicou que 51% dos consumidores
de empresas de comércio e serviços consideram
a responsabilidade socioambiental um fator importante na sua decisão de compra. Em relação
ao mesmo estudo de 2005, houve avanço de sete
pontos percentuais, o que, por si só, confirma a
tendência de maior valorização do tema na percepção do consumidor brasileiro. (Gazeta Mercantil)
Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil - entidade que representa a cadeia produtiva de leite que reúne produtores, cooperativas e laticínios
- diz que o aumento do produtor para a indústria
será de 20%. “Não acho que falta leite no mercado,
mesmo porque o Brasil produz 25 bilhões de litros
por ano. Esse aumento é um repasse dos gastos que
temos com insumos. Tudo que usamos para cuidar
da dieta da vaca subiu”. No entanto, Rubez ainda
não consegue prever se tudo será repassado para o
consumidor. “Como o leite longa vida é quem dita o
consumo de leite, vamos ter de esperar a reação do
consumidor. Se as caixas ficarem encalhadas porque
o litro está mais caro, toda a cadeia terá de se readequar a essa reação”, explica. (Gazeta do Povo/PR)
A cadeia produtiva do leite pretende criar um
fundo privado para promover o consumo interno do produto e as exportações do setor. A reunião
realizada na sede da FAEMG, em fevereiro, é resultado de um projeto que começou a ser discutido em
outubro de 2005, junto à Câmara Setorial de Lácteos. Na ocasião, representantes de várias entidades
se reuniram para analisar a viabilidade de se criar
um programa nacional de marketing de lácteos. A
carta de intenção, que foi assinada por 18 representantes do setor, definiu a contribuição de um
quarto de centavo por litro de leite, com a indústria pagando 75% desse valor, contra 25% por parte
do produtor, no primeiro ano. A partir do segundo
ano, a contribuição será meio a meio, sempre totalizandoum quarto de centavo. (Láctea Brasil)
C.Postal 132 - 13400-970 Piracicaba, SP
Nos bastidores do plano agrícola 2007/08, a
Confederação de Agricultura e Pecuária do
Brasil (CNA) discute a redução pela metade da
taxa de juros do custeio, atualmente em 8,75% ao
ano. A medida vem sendo tratada como executável
já para a próxima safra, não só pelo setor produtivo, mas também pelos membros da Comissão de
Agricultura da Câmara dos Deputados. De acordo
com o presidente da Comissão Nacional de Crédito Rural da CNA, Carlos Sperotto, a proposta é
que essa taxa fique entre 4% e 4,5% para aplicação
nos contratos da safra 2007/08. O principal argumento do setor é que os valores atuais foram definidos - entrou em vigor no plano safra 1998/99 - a
taxa básica de juros, Selic, estava em 23,5% ao ano
(maio 1999). (Gazeta Mercantil)
rigos saúde do gado brasileiro. (Agência Brasil)
IMPRESSO
A Câmara de Comércio Exterior (Camex) prorrogou por mais cinco anos a vigência de uma
sobretaxa para a importação brasileira de leite em
pó integral e desnatado da Nova Zelândia e União
Européia por prática de dumping. A decisão, em
vigor desde fevereiro de 2001, vale apenas para o
leite acondicionado em embalagens não destinadas
a consumo no varejo. (Agência Estado)
Lucas Detoni Rizzollo
Equipe Leite Cepea - Esalq/USP
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