ESCOLA DE COMANDO DO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO
ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO
Maj Inf ROGÉRIO GOMES MARQUES
O emprego do 1º Batalhão de Defesa Química,
Biológica, Radiológica e Nuclear nos Grandes
Eventos
Rio de Janeiro
2014
Maj Inf ROGÉRIO GOMES MARQUES
O emprego do 1º Batalhão de Defesa Química, Biológica,
Radiológica e Nuclear nos Grandes Eventos
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Escola de Comando e
Estado-Maior
do
Exército,
como
requisito parcial para obtenção do título
de Especialista em Ciências Militares.
Orientador: Ten Cel Art Mario Eduardo Moura Sassone
Rio de Janeiro
2014
M357e Rogério, Gomes Marques.
O emprego do 1º Batalhão de Defesa Química, Biológica,
Radiológica e Nuclear nos Grandes Eventos / Rogério, Gomes Marques
– 2014.
72 f; 30 cm.
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – Escola
de Comando e Estado Maior, Rio de Janeiro, 2014.
Bibliografia: f. 71-72.
1. 1º Batalhão de Defesa Química, Biológica, Radiológica e
Nuclear. 2. Terrorismo. 3. Grandes Eventos. I. Título.
CDD 355.6
Maj Inf ROGÉRIO GOMES MARQUES
O emprego do 1º Batalhão de Defesa Química, Biológica,
Radiológica e Nuclear nos Grandes Eventos
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército, como requisito
parcial para a obtenção do título de
Especialista em Ciências Militares.
.
Aprovado em ___ de ____________ de 2014.
COMISSÃO AVALIADORA
_____________________________________________
Ten Cel Mario Eduardo Moura Sassone – Presidente
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
______________________________
Ten Cel Renato Vaz – Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
________________________________________
Ten Cel Temístocles da Rocha Torres – Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
À minha esposa e filhas.
Uma homenagem como gratidão pelo
incentivo e ajuda prestada durante a
execução deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
Desejo expressar meus agradecimentos ao Ten Cel Art Mario Eduardo Moura
Sassone pela importante colaboração e orientação prestada na confecção deste
trabalho.
A minha querida esposa Gisele Vargas Lourenço Marques pelo incentivo e
orientação dispensada na execução deste trabalho.
À minha família, meu afeto e minha eterna gratidão.
As pessoas que abrem mão daquilo que acreditam para
alcançar um determinado objetivo terminam frustradas
com suas realizações. (David Niven).
RESUMO
Este trabalho visa oferecer um estudo sobre o emprego do 1º Batalhão de
Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear na sua atuação da defesa
química, biológica, radiológica e nuclear nos Grandes Eventos que o Brasil tem sido
sede nos últimos anos. O 1º Batalhão de Defesa Química, Biológica, Radiológica e
Nuclear possui características que o credenciam para o seu emprego na Defesa
Química, Biológica, Radiológica e Nuclear em Grandes Eventos de repercussão
internacional. Esta Unidade é a única deste valor na America Latina e possui
equipamentos e pessoal especializado para atuação em caso de incidentes que
envolvam agentes nocivos de natureza química, biológica ou radiológica. A
possibilidade de ataques terroristas tem sido a grande preocupação em eventos
dessa natureza. A utilização de dispositivos explosivos improvisados aliados a
agentes químicos, biológicos e radiológicos ou o emprego de dispositivos de
dispersão radiológica tem sido considerado como o “pior cenário” possível em
Grandes Eventos. A história mostra que esta preocupação é válida, tendo em vista a
ocorrência de atos terroristas em eventos passados. O Brasil tem sido sede nos
últimos anos de eventos de cunho esportivo, religioso e político com grande
visibilidade mundial. A capacidade de auxílio na prevenção e de reação contra
ataques terroristas envolvendo agentes químicos, biológicos, radiológicos e
nucleares tem tornado o Batalhão em um valioso instrumento na segurança nesses
eventos de grande monta ocorridos no Brasil. A Unidade foi empregada com
sucesso em eventos como os Jogos Panamericanos, os 5º Jogos Mundiais Militares,
a Conferência Rio + 20, a Copa das Confederações, a Jornada mundial da
Juventude e a Copa do Mundo. O sucesso da atividade esteve diretamente ligado ao
treinamento do pessoal e ao trabalho conjunto com outras instituições.
Palavras-chave: 1º Batalhão de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear.
Grandes Eventos. Terrorismo. Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear.
ABSTRACT
This work aims to provide a study on the employment of the 1st Battalion
Chemical, Biological, Radiological and Nuclear Defense operations performing the
chemical, biological, radiological and nuclear defense in Major Events that Brazil has
hosted in recent years. The 1st Battalion Chemical, Biological, Radiological and
Nuclear Defense has some characteristics that qualify for its job in the Chemical,
Biological, Radiological and Nuclear Defense Events in Large international
repercussions. This unit is the only one of value in Latin America and has equipment
and trained personnel to operate in the event of incidents involving harmful chemical
agents, biological or radiological nature. The possibility of terrorist attacks has been a
major concern in such events. The use of improvised explosive devices allies from
chemical, biological and radiological agents or the use of a radiological dispersal
devices has been considered the "worst" possible in Major Events. History shows
that this concern is valid, given the occurrence of terrorist acts in past events. Brazil
has been established in the last years of sporting events, religious and political
nature with great worldwide exposure. The ability to aid in the prevention and
reaction to terrorist attacks involving nuclear chemical, biological, radiological and
has become the Battalion a valuable tool in these security events of major
consequence happened in Brazil. The Unit has been successfully employed in
events such as the Pan American Games, the 5th Military World Games in Rio + 20,
the Confederations Cup, the World Youth Day and the World Cup. The success of
the activity was directly linked to staff training and joint work with other institutions.
Keywords: 1st Battalion Chemical, Biological, Radiological and Nuclear Defense.
Major Events. Terrorism. Biological, Radiological and Nuclear Defense.
LISTA DE FIGURAS
1
Primórdios da Instrução de Guerra Química no Brasil...............................
23
2
Integrantes da Cia Es GQ na cidade de Goiânia por ocasião do acidente 24
envolvendo o Césio-137............................................................................
3
Posto de Descontaminação montado no Colégio Naval para o Exercício 24
Angra (2013)..............................................................................................
4
Descontaminação de equipamentos oriundos da Missão de Paz do Timor 25
Leste realizada no Rio de Janeiro (2001).....................................................
5
Equipe de monitoramento realizando varredura química e radiológica por 26
ocasião dos Jogos Panamericanos (2007)...................................................
6
Varredura QBRN realizada no Rio Centro na cidade do Rio de Janeiro 26
durante a Rio + 20 (2012).............................................................................
7
Simulação de ataque QBRN realizada na Arena Pernambuco em Recife 27
(2013)...........................................................................................................
8
Organograma do 1º Btl DQBRN..................................................................
29
9
Organograma Cia DQBRN/1º Btl DQBRN...................................................
29
10
Organograma do Pel Descon da Cia DQBRN/1º Btl DQBRN.....................
32
11
Posto de Descontaminação montado no Exercício Agulhas Negras 33
(2013)...........................................................................................................
12
Organograma do Pelotão de Reconhecimento e Identificação da Cia 34
DQBRN..........................................................................................................
13
Integrantes do Pel Rec Idt realizando a demarcação e o isolamento de 35
área contaminada..........................................................................................
14
Laboratório móvel QBRN pertencente ao Centro Tecnológico do Exército 36
(CTEx)...........................................................................................................
15
Organograma Cia Ap Log DQBRN...............................................................
16
Varredura QBRN em comboio de autoridade (2012).................................... 59
17
Varredura QBRN no estádio do Maracanã (2013).......................................
18
Varredura QBRN na arquibancada do estádio do Maracanã (2013)............ 64
19
Reunião de coordenação DQBRN no Palácio Duque de Caxias (2013)......
38
63
66
LISTA DE QUADROS
1
Alguns dos principais atentados terroristas ocorridos no Brasil...............
48
LISTA DE ABREVIATURAS
AD
1º Batalhão de Defesa Química, Biológica, Radiológica e
Nuclear
Artilharia Divisionária
Btl
Batalhão
1º Btl DQBRN
Bda Op Esp
Brigada de Operações Especiais
CAvEx
Comando de Aviação do Exercito
CCTI
Centro de Coordenação Tático integrado
Cia Ap Log
Companhia de Apoio Logístico
Cia Es G Q
Companhia Escola de Guerra Química
Cia Def QBN
Companhia de Defesa Química, Biológica e Nuclear
CCOp
Centro de Coordenação de Operações
CIOC
Centro Integrado de Operações Conjuntas
Cmdo Op Esp
CMRJ
Cmt
Comando de Operações Especiais
Colégio Militar do Rio de Janeiro
Comandante
Cmt Ex
Comandante do Exército
CNEN
Comissão Nacional de Energia Nuclear
COMAR
CTEx
Comando da Aeronáutica
Centro Tecnológico do Exército
DEI
Dispositivo Explosivo Improvisado
Dst
Destacamento
ECEME
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
ECD
Em condições de
EsAO
Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
EB
EUA
FA
FAB
FIOCRUZ
Exército Brasileiro
Estados Unidos da America
Forças Armadas
Forca Aérea Brasileira
Fundação Oswaldo Cruz
IBEx
Instituto de Biologia do Exército
IRD
Instituto de Radioproteção e Dosimetria
JMJ
Jornada Mundial da Juventude
OM
Organização Militar
ONU
Organização das Nações Unidas
OSP
Órgão de Segurança Pública
QBRN
P Descon Tot
Químico, Biológico, Radiológico e Nuclear
Posto de Descontaminação Total
Pel Rec Idt
Pelotão de Reconhecimento e Identificação
SIPRON
Sistema de Proteção ao Programa Nuclear
Vtr
Viaturas
VIP
Very important person
VVIP
Very very importante person
Ton
Toneladas
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO.............................................................................................
14
2
METODOLOGIA..........................................................................................
19
3
O 1º Btl DQBRN..........................................................................................
22
3.1
GENERALIDADES.......................................................................................
22
3.2
HISTÓRICO DO 1º Btl DQBRN...................................................................
22
3.3
A MISSÃO DO 1º Btl DQBRN....................................................................
28
3.4
A ESTRUTURA DO 1º Btl DQBRN............................................................
29
3.5
POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES DO 1º Btl DQBRN.............................
29
3.6
FORMAS DE EMPREGO DO 1º Btl DQBRN.............................................
30
3.7
PELOTÃO DE DESCONTAMINAÇÃO........................................................
31
3.8
PELOTÃO DE RECONHECIMENTO E IDENTIFICAÇÃO...........................
34
3.9
A COMPANHIA LOGÍSTICA DQBRN..........................................................
37
4
GRANDES EVENTOS.................................................................................
39
4.1
GENERALIDADES.......................................................................................
39
4.2
OS GRANDES EVENTOS QUE O BRASIL SEDIOU E SEDIARÁ ATÉ 39
2016..............................................................................................................
4.3
A SEGURANÇA NOS GRANDES EVENTOS.............................................. 41
4.4
A PARTICIPAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO.......................................
42
5
TERRORISMO.............................................................................................
45
5.1
GENERALIDADES.......................................................................................
45
5.2
TERRORISMO EM GRANDES EVENTOS ESPORTIVOS.........................
45
5.3
HISTÓRICO DE TERRORISMO NO BRASIL..............................................
48
5.4
A TRÍPLICE FRONTEIRA............................................................................
49
5.5
POSSIBILIDADE DE O BRASIL VOLTAR A SER PALCO DE 52
TERRORISMO ............................................................................................
6
O EMPREGO DO 1º Btl DQBRN EM GRANDES EVENTOS.....................
56
6.1
GENERALIDADES.......................................................................................
56
6.2
5º JOGOS MUNDIAIS MILITARES..............................................................
56
6.3
CONFERÊNCIA RIO + 20............................................................................
58
6.4
COPA DAS CONFEDERAÇÕES.................................................................
60
6.5
JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE....................................................... 64
6.6
COPA DO MUNDO......................................................................................
7
66
CONCLUSÃO............................................................................................... 69
REFERÊNCIAS............................................................................................
71
14
1 INTRODUÇÃO
A humanidade vem assistindo a uma evolução tecnológica cada vez mais
efetiva e a uma velocidade surpreendente. Este processo teve início na Revolução
Industrial, ocorrida na Inglaterra nos meados do século XVIII. Esta revolução causou
profundo impacto nos processos produtivos, nas relações de trabalho e na busca de
modernos processos de manufatura.
Com o crescimento dos parques industriais, aliado a constante busca de
novas tecnologias que beneficiassem a sociedade, formas inovadoras de produção
foram sendo aperfeiçoadas. Neste contexto, a indústria química surgiu em diversos
ramos da produção (farmacêutico, petroquímico, militar, entre outras). A partir do
século XX, a manipulação de elementos radioativos possibilitou a produção de
energia, a irradiação de alimentos, os estudos para a melhoria da saúde e de
diversas outras atividades (VASCONCELOS, 2012).
Contudo, juntamente com o progresso industrial, o mundo sofreu com os
problemas da utilização dos ramos químico e nuclear. Pode ser citada a degradação
do meio ambiente, os efeitos da radiação nuclear sobre o organismo humano e os
impactos diretos sobre a saúde do ser humano relativos à intoxicação química e
nuclear. Destaca-se ainda que os fatos citados também estão sendo observados no
Brasil (VASCONCELOS, 2012).
Outro aspecto que vem causando preocupação é o surgimento, cada vez
com maior frequência, de novas doenças e epidemias em diversas partes dos
continentes. Algumas destas estão relacionadas a atividades humanas de risco,
manuseio de elementos perigosos e a degradação ambiental (VASCONCELOS,
2012).
Em um mundo de incertezas, pode-se observar ainda, que a ameaça de
emprego de agentes Químicos, Biológicos, Radiológicos e Nucleares em atos
terroristas causa grande preocupação para as Nações, sinalizando de forma simples
que o assunto é de grande relevância.
O Brasil tem se destacado no cenário mundial pela sua estabilidade
econômica e política.
Esses fatores favoreceram a sua escolha como sede de
eventos de vulto e de cunho internacional, tais como: a Copa do Mundo 2014 e os
Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Esses grandes eventos internacionais,
15
ocorrendo em um curto espaço de tempo e reunindo milhares de pessoas de todas
as partes do mundo, tornam o país vulnerável à possíveis ataques terroristas
(ERNESTO, 2013).
Os grandes eventos internacionais oferecem oportunidades para que grupos
radicais realizem atentados terroristas pela grande repercussão na mídia mundial.
Como exemplos históricos citam-se os ataques durante os Jogos Olímpicos de
Munique em 1972 e Atlanta em 1996 (ERNESTO, 2013).
E ainda, pode-se citar os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001
realizados contra os Estados Unidos da América coordenados pela organização
fundamentalista islâmica Al-Qaeda, no qual, terroristas sequestraram quatro aviões
comerciais de passageiros, tendo dois aviões colidido intencionalmente contra as
Torres Gêmeas do complexo empresarial do World Trade Center, na cidade de Nova
Iorque, matando todos a bordo e muitas pessoas que trabalhavam nos edifícios e
causando vários danos. O terceiro avião de passageiros caiu junto ao Pentágono,
sede do Departamento de Defesa dos EUA. O quarto avião caiu em um campo
próximo de Shanksville, na Pensilvânia. Não houve sobreviventes nos quatro
ataques (ERNESTO, 2013).
Neste contexto, o Exército Brasileiro possui um Batalhão de Defesa
Química, Biológica, Radiológica e Nuclear, Organização Militar de emprego voltada
para os assuntos relacionados a área QBRN. Esta OM está sediada na cidade do
Rio de Janeiro - RJ e encontra-se subordinada a 1ª Divisão de Exército. Ressalta-se
que esta é a única Unidade desta especialidade e com este valor em toda a América
do Sul.
Entretanto, a legislação doutrinária militar existente sobre os assuntos
DQBRN apresenta-se precária, sendo necessária a observação da doutrina de
emprego de outras Nações que possuam capacidades no combate da ameaça
QBRN.
Diante do exposto, faz-se necessária a pesquisa em relatórios de outros
grandes eventos, tais como edições de Jogos Olímpicos e de Copas do Mundo,
visando observar as melhores práticas relacionadas ao assunto.
Desta forma, faz-se necessário o estudo do emprego de especialistas
capazes de contribuir com a sociedade para impedir ou minimizar os efeitos
causados por agentes QBRN. De uma correta preparação de recursos humanos
16
capazes, bem como a utilização de equipamentos eficazes, vidas humanas serão
preservadas e o meio ambiente não será degradado.
1.1 O PROBLEMA
É no contexto acima descrito, pois, que emerge a problemática da pesquisa
que ora se delineia. De que maneira a atuação do 1º Btl DQBRN pode ser relevante
na segurança de grandes eventos no Brasil?
Sob esse prisma, a pesquisa apresenta relevância, uma vez que existem
poucos estudos sobre a variável interveniente presente no tema, qual seja, o
preparo do 1º Btl DQBRN para atuação em grandes eventos, pois no final do ano de
2012 a Unidade foi transformada de Companhia para Batalhão e ainda não possui
programa-padrão de adestramento adequado à nova estrutura da Unidade,
versando sobre o assunto. Quanto à variável dependente – a ameaça QBRN em
grandes eventos no Brasil – existem estudos já realizados que podem contribuir com
este trabalho.
E ainda, sobre a outra variável, a independente, que diz respeito ao emprego
do 1º Btl DQBRN, não existe manual de emprego que verse sobre a utilização de
tropas DQBRN em eventos de grande monta.
Foram efetuadas consultas junto aos bancos de dados da Plataforma Lattes, do
Portal da CAPES, do sistema integrado de bibliotecas PERGAMUM, das bibliotecas
virtuais SciELO, Google Acadêmico, além de pesquisa junto às bibliotecas físicas da
ECEME e da EsAO.
Outrossim, a relação custo/benefício da pesquisa aponta para a importância e
aplicabilidade do projeto, posto que, partindo dos estudos sobre a importância do
emprego do 1º Btl DQBRN em grandes eventos no Brasil, pode-se apurar a real
necessidade de emprego desta tropa peculiar do Exército Brasileiro na prevenção e
diminuição dos efeitos causados por agentes QBRN, adequando o preparo e o
emprego da Unidade para ações que permitam a adoção de medidas eficazes e
pontuais quando da sua atuação em prol da segurança de tais eventos.
Assim, o presente projeto tem por finalidade apresentar, por meio de pesquisa
qualitativa (ALVES-MAZZOTII & GEWANDSZNAJDER, 2001), aspectos que
caracterizam a importância do emprego do 1º Btl DQBRN na segurança de grandes
eventos no Brasil, bem como colher reflexões e novas ideias para que se ofereçam
17
melhores condições para o preparo dos especialistas e das frações do Batalhão
neste tipo de atividade.
Ressalta-se que este projeto de pesquisa não tem a pretensão de esgotar o
assunto, mas, sim, servir der instrumento inicial para sua discussão.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
- apresentar aspectos que revelem a relevância do emprego do 1º Btl DQBRN
na segurança de grandes eventos no Brasil.
1.2.2 Objetivos Específicos
- apresentar a missão, a estrutura, as possibilidades e as limitações do 1º Btl
DQBRN;
- apresentar a participação do 1º Btl DQBRN em grandes eventos já ocorridos
no Brasil;
- apresentar os principais aspectos que envolvam a segurança QBRN contra
ataques terroristas em grandes eventos no Brasil; e
- apresentar reflexões acerca da importância do emprego do 1º Btl DQBRN
para a segurança dos grandes eventos;
1.3 HIPÓTESE
- “O emprego do 1º Btl DQBRN na segurança de grandes eventos no Brasil é
fundamental para a prevenção e para a minimização dos efeitos da ameaça QBRN.”
1.4 VARIÁVEIS
Considerando o tema “A ameaça QBRN em grandes eventos no Brasil,
delimitando-o para os impactos da atuação do 1º Btl DQBRN sobre essa ameaça,
levando em conta o preparo da tropa para este tipo de atividade”, as circunstâncias
passíveis de medição e que poderão influenciar a pesquisa serão as seguintes:
18
- Variável dependente – ameaça QBRN em grandes eventos no Brasil.
- Variável independente – o emprego do 1º Btl DQBRN.
- Variável interveniente – o preparo do 1º Btl DQBRN para atuação em
grandes eventos.
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Esta pesquisa destinou-se, em um primeiro momento, a estudar o modo de
emprego do 1º Btl DQBRN na segurança de grandes eventos no Brasil, explorando
autores nacionais que já se dedicaram ao assunto.
Em seguida, foram levantadas as características que emergem desse
referencial teórico e que favoreceram a posição de relevância do 1º Btl DQBRN para
fazer face a ameaça QBRN em eventos de vulto no Brasil. Para esse enfoque, o
autor se valeu da experiência de ter comandado o 1º Btl DQBRN no ano de 2013,
quando teve a oportunidade de coordenar o emprego da Unidade em três cidadessede na Copa das Confederações FIFA e na Jornada Mundial da Juventude, o que
pode auxiliar na caracterização da importância do emprego da tropa DQBRN para a
segurança de eventos dessa natureza.
Em uma terceira fase, as características levantadas durante o estudo
serviram para apresentar algumas reflexões para nortear o preparo e o emprego do
1º Btl DQBRN na segurança em grandes eventos no Brasil.
1.6 RELEVÂNCIA DO ESTUDO
A pesquisa se justifica na medida em que se pode extrair o embasamento
conceitual teórico por meio de autores que já se dedicaram ao estudo do emprego
de tropas do Exército Brasileiro na segurança de grandes eventos, levantar-se as
características que emergem desse arcabouço, favoráveis aos aspectos de
relevância do emprego do 1º Btl DQBRN contra a ameaça QBRN em grandes
eventos no Brasil.
Ademais, a pesquisa é importante porque permite que os estudos supracitados
acerca do emprego do 1º Btl DQBRN em grandes eventos no Brasil, com enfoque
nas ameaças QBRN, possam despertar o interesse pela formulação de doutrina
19
específica e ainda, proporcionar condições para se elevar o nível de preparo da
tropa QBRN para este tipo de atividade.
Desse modo, enfatiza-se que o problema levantado poderá trazer benefícios
para a Força Terrestre, uma vez que apresentará reflexões e novas ideias com
vistas ao incremento e formulação de doutrina de emprego de tropa DQBRN em
ações contra ameaça QBRN em grandes eventos internacionais.
2 METODOLOGIA
2.1 TIPO DE PESQUISA
Tendo por base o conceitual teórico de Alda Judith Alves Mazzotti e de
Fernando Gewandsznajder (2001) explicitado em sua obra “O método nas ciências
naturais e sociais”, o trabalho foi desenvolvido com base em pesquisa bibliográfica e
documental, compreendendo as seguintes técnicas:
- foi realizado um estudo exploratório do 1º Btl DQBRN, com as finalidades de
conhecer sua missão, estrutura, capacidades e limitações, saber como a OM tem se
preparado para atuar nos grandes eventos, se possui material adequado e se a atual
estrutura da Unidade atende às necessidades das missões impostas nos grandes
eventos;
- o tipo de pesquisa empregada foi a qualitativa, que tem escopo exploratório,
a fim de despertar hipóteses a serem ratificadas.
- a análise de dados foi desenvolvida durante toda a investigação, em
processo interativo com a coleta de dados.
Os passos, conforme o Manual Escolar de Trabalhos Acadêmicos na ECEME
(BRASIL, 2004, p. 23-24), foram:
- levantamento da bibliografia e de documentos pertinentes;
- seleção da bibliografia e dos documentos;
- leitura da bibliografia e dos documentos selecionados, dando ênfase aos
trabalhos e artigos sobre o emprego de tropas na atuação em grandes eventos,
especialmente, daquelas mais diretamente relacionadas às questões da ameaça
química, biológica, radiológica e nuclear;
- montagem de arquivos: ocasião em que foram elaboradas as fichas
bibliográficas de citações, resumos e análises;
20
- análise crítica, tabulação das informações obtidas e consolidação das
questões de estudo;
É importante ressaltar que, precedendo esse projeto de pesquisa, este
pesquisador já realizou as seguintes ações:
- exame prévio da bibliografia sobre o tema. Para que se fosse possível
adquirir
conhecimento
tácito
sobre
o
mesmo
(ALVES-MAZZOTTI
&
GEWNDSZNAJDER, 2001, p. 151);
- realização de observação participante não-estruturada (antropológica) – por
meio da qual “os comportamentos a serem observados não são predeterminados,
eles são observados e relatados da forma como ocorrem, visando descrever e
compreender o que está ocorrendo numa dada situação” – quando comandava o 1º
Btl DQBRN, durante o ano de 2013, e participou da segurança da Copa das
Confederações FIFA e da Jornada Mundial da Juventude, dois eventos de
repercussão internacional. Os participantes desconheciam a pesquisa, ou seja, a
presença do observador não interferiu na observação realizada e todos os relatos
foram registrados sob a forma de relatórios.
2.2 COLETA DE DADOS
A coleta de material foi realizada por meio de consultas às bibliotecas da
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, da Escola de Aperfeiçoamento de
Oficiais, de ordens e relatórios do 1º Btl DQBRN, da 1ª Divisão de Exército e do
Comando de Operações Especiais; foram também consultados manuais do Exército
Brasileiro e da rede mundial de computadores.
2.3 TRATAMENTO DOS DADOS
O trabalho teve prosseguimento com a elaboração do texto, em que
constaram as questões – objeto de estudo – enfatizando a situação-problema em
torno da relevância do emprego do 1º Btl DQBRN em grandes eventos, bem como
as conclusões e sugestões pertinentes ao tema. Nessa fase, buscou-se o máximo
de clareza na comunicação do conhecimento produzido, a fim de se evitar
ambigüidades.
21
Por fim, foram apresentadas sugestões para o incremento do preparo da
tropa DQBRN para atuação em grandes eventos, além de reflexões que poderão
despertar o interesse no aperfeiçoamento da doutrina de emprego do 1º Btl DQBRN,
com base na experiência vivida em grandes eventos já ocorridos no Brasil e do
levantamento bibliográfico e documental acerca do tema em questão.
2.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO
A primeira limitação do método está na sua abordagem estruturalista, o que
contrasta com outras linhas de construção do conhecimento.
Quanto à observação pretendida na pesquisa, o emprego do 1º Btl DQBRN
em grandes eventos foi o limite do estudo, em que pese o Sistema de Defesa
Química, Biológica, Radiológica e Nuclear do Exército Brasileiro ser muito mais
abrangente e envolver outras OM, Órgão de Direção do EB e até mesmo Instituições
Civis.
Outro fator que poderia influenciar no tratamento dos dados é a própria
condição deste pesquisador, que comandou o 1º Btl DQBRN no ano de 2013,
mesmo sabendo da necessidade de se manter certo distanciamento nas
interpretações dos dados coletados.
Essa seção apresentou a metodologia que foi utilizada, evidenciando, de forma
objetiva e clara, os seus tipos, universo, formas de coleta e tratamento de dados e,
por fim, as limitações dos métodos elencados.
Mesmo com limitações, acredita-se que a metodologia escolhida foi acertada e
possibilitou alcançar com sucesso o objetivo final desta pesquisa.
22
3 O 1º BATALHÃO DE DEFESA QUÍMICA, BIOLÓGICA, RADIOLÓGICA E
NUCLEAR
3.1 GENERALIDADES
Neste capítulo serão abordados os aspectos relacionados ao emprego do 1º
Btl DQBRN para apoio às operações em que ocorra a presença de agentes QBRN.
Cabe destacar que não existe, até o presente, manual, instrução provisória ou
caderno de instrução que regule a forma de emprego da OM.
Desta feita, o presente capítulo baseia-se na forma em que o autor, como Cmt
OM, observou o trabalho desenvolvido em suas frações de emprego, além de
pesquisa realizada no histórico existente. Os fatos descritos neste capítulo retratam,
em muitas vezes, experimentações realizadas ao longo da história do Btl que foram
adequadas a sua realidade de atuação em um ambiente QBRN.
O 1º Btl DQBRN constitui-se em uma tropa com características singulares de
emprego no âmbito do Exército Brasileiro. Trata-se da única OM, valor Unidade, que
tem como objetivo principal de seu treinamento e adestramento os assuntos
relacionados ao desempenho de suas atividades em ambiente contaminado por
agentes químicos, biológicos, radiológicos ou nucleares. Sua organização,
equipamentos e instrução permitem-lhe atuar em proveito de uma Força Terrestre
Componente, apoiando operações em que seja detectada a presença de agentes
QBRN.
3.2 HISTÓRICO DO 1º Btl DQBRN
A origem do 1º Btl DQBRN remonta ao ano de 1953, oportunidade em que foi
criada a Companhia Escola de Guerra Química, aquartelada nas dependências da
Escola de Instrução Especializada, na cidade do Rio de Janeiro - RJ. Inicialmente, a
Companhia ficou subordinada ao Grupamento de Unidades-Escola.
No contexto do pós-II Guerra Mundial e da Guerra Fria, a primeira OM desta
natureza do Exército Brasileiro surgiu pela necessidade de se ter uma tropa
especializada que pudesse atuar em ambientes hostis e contaminados, realizando
reconhecimento e identificação de agentes nocivos e a descontaminação
especializada, proporcionando proteção e mobilidade às tropas.
23
Figura 1 – Primórdios da Instrução de Guerra Química no Brasil
Fonte: 1º Btl DQBRN
A atuação mais marcante da Cia Es G Q ocorreu no período de setembro
a dezembro de 1987, quando a OM deslocou-se para a cidade de Goiânia
(GO) para atuar no acidente ocorrido com o radioisótopo Césio 137,
considerado o maior acidente radiológico da história, que teve como resultado
quatro pessoas mortas e mais de cem gravemente contaminadas pela
exposição à radiação.
Neste episódio histórico, sessenta militares da Unidade, juntamente com
técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear, realizaram a monitoração
radiológica de centenas de pessoas e auxiliaram na retirada e no tratamento
de toneladas de rejeitos radioativos, contribuindo decisivamente para
amenizar o sofrimento daquela população.
Fruto
do
acidente
ocorrido
em
Goiânia,
o
Exército
Brasileiro
compreendeu a necessidade de renovação e modernização de equipamentos,
da doutrina e da capacitação de pessoal DQBRN. Então, em 31 de dezembro
de 1987, a Companhia Escola de Guerra Química foi extinta e foi criada a
Companhia de Defesa Química, Biológica e Nuclear, tornando-se uma OM
independente, com maior efetivo e melhor preparo de seus quadros,
adequando-se à realidade vivida à época.
24
Figura 2 – Integrantes da Cia Es GQ na cidade de Goiânia por ocasião do acidente envolvendo o
Césio-137 (1987)
Fonte: 1º Btl DQBRN
Desde 1989, o Btl participa do Exercício Geral do Plano de Emergência das
Usinas Nucleares de Angra I e II, em coordenação com o Plano de Emergência
Complementar do Comando Militar do Leste e com o Sistema de Proteção ao
Programa Nuclear Brasileiro, se constituindo em peça fundamental no Plano de
Emergência.
Em caso de acidente naquela estratégica instalação, tem como missões
a realização de atividades de monitoração radiológica de pessoas e do meio
ambiente, a descontaminação de pessoas e ainda, o apoio à evacuação dos
moradores do Município de Angra dos Reis e arredores, o que ressalta a
grande responsabilidade e importância desta OM para a segurança da
população daquela região e para a defesa dessa infraestrutura crítica do país.
Figura 3 – Posto de Descontaminação montado no Colégio Naval para o Exe Angra (2013)
Fonte: 1º Btl DQBRN
Desde o ano de 2001, o Btl vem realizando o monitoramento e a
25
descontaminação preventiva do material das tropas que cumprem missão de paz
fora do território nacional. Este trabalho foi realizado em contingentes que
participaram de missões de paz no Timor Leste e no Haiti. As figuras abaixo
retratam o emprego de integrantes do Btl nos trabalhos relativos à descontaminação
dos equipamentos e Vtr utilizados em missões de paz.
Figura 4 – Descontaminação de equipamentos oriundos da Missão de Paz do Timor Leste realizada
no Rio de Janeiro (2001)
Fonte: 1º Btl DQBRN
No mês de julho de 2007, atuando na segurança contra atentados terroristas
envolvendo substâncias químicas e radiológicas, a então Cia Def QBN foi
empregada na segurança dos presidentes dos EUA e do Brasil e na proteção de
Vossa Santidade o Papa Bento XVI. No mesmo ano, realizou varreduras QBN nas
instalações do Complexo Deodoro na Vila Militar, durante as competições
desportivas dos Jogos Panamericanos, nas modalidades de hipismo, hóquei sobre
Grama, pentatlo moderno e tiro. As figuras abaixo evidenciam o emprego de frações
da OM realizando ações de monitoramento em grandes eventos de repercussão
internacional.
26
Figura 5 – Equipe de monitoramento realizando varredura química e radiológica por ocasião dos
Jogos Panamericanos (2007)
Fonte: 1º Btl DQBRN
Evidenciando ainda, sua vocação para emprego na segurança de grandes
eventos internacionais, o Btl realizou varreduras QBRN em locais de eventos,
comboios, aeroportos e hotéis durante os V Jogos Mundiais Militares em 2011 e na
Conferência de Sustentabilidade Rio + 20 no ano de 2012, como mostram as figuras
abaixo.
Figura 6 – Varredura QBRN realizada no Rio Centro na cidade do Rio de Janeiro durante a Rio + 20
(2012)
Fonte: 1º Btl DQBRN
O Exército Brasileiro atento à ameaça QBRN, procurou acompanhar o
ritmo acelerado da evolução doutrinária e tecnológica e manter suas tropas
especializadas em um nível condizente com a estatura do país no cenário
internacional. Com isso, em dezembro de 2012, transformou a Cia Def QBN
em 1º Btl DQBRN, ato que se encontra em sintonia com o período vivido pela
27
Força Terrestre, no qual grandes mudanças estão se delineando para fazer
face a uma nova realidade nacional e internacional.
No ano de 2013, o Btl participou da segurança QBRN da Copa das
Confederações FIFA em três cidades-sede: Rio de Janeiro, Belo Horizonte e
Recife, das seis cidades onde ocorreram os jogos, conforme mostram as
figuras abaixo.
Figura 7 – Simulação de ataque QBRN realizada na Arena Pernambuco em Recife (2013)
Fonte: 1º Btl DQBRN
Ainda em 2013, o Btl foi empregado durante a visita do Papa Francisco na
Jornada Mundial da Juventude ocorrida na cidade do Rio de Janeiro. Na
oportunidade, a Unidade realizou vistoria QBRN em todas as instalações que foram
utilizadas para a realização de eventos com a presença de Sua Santidade, além de
realizar o monitoramento químico e radiológico dos eventos da JMJ ocorridos na
Praia de Copacabana.
Cabe ressaltar ainda, que o emprego do Btl na Copa das Confederações
FIFA e na Jornada Mundial da Juventude serão abordados com maior
profundidade no capítulo 6. Emprego do 1º Btl DQBRN nos Grandes Eventos,
e servirão de caso esquemático para o estudo proposto.
Nos últimos anos, o 1º Btl DQBRN tem sido peça fundamental do
Sistema de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear do Exército
Brasileiro, sendo empregado na segurança de todos os Grandes Eventos
ocorridos no país, desde os Jogos Panamericanos em 2007, passando pelos
Jogos Mundiais Militares em 2011 e a Conferência Rio + 20 em 2012, e
28
recentemente, atuando na segurança QBRN na Copa das Confederações e
na Jornada Mundial da Juventude, minimizando a ameaça QBRN desses
eventos, que atualmente se constitui em uma das principais possibilidades de
ataque em ações terroristas com o uso de bombas "sujas" e o emprego de
agentes químicos, biológicos, radiológicos e nucleares.
Cabe ressaltar que essa Organização Militar tradicional e de emprego
peculiar, é a única deste valor na América do Sul, constituindo-se em grande
fator dissuasor na região, e faz parte da Força Atuação Estratégica do
Exército Brasileiro, devido à sua grande importância para a Força Terrestre,
devendo estar sempre ECD atuar em qualquer parte do território nacional, e
até mesmo fora dele.
O 1º Btl DQBRN tem acompanhado o ritmo acelerado da evolução
doutrinária e tecnológica na área DQBRN. Isto se faz necessário, para que a
Unidade se mantenha sempre em um nível elevado de preparo, condizente
com as possíveis situações de emprego exigidas.
3.3 A MISSÃO DO 1º Btl DQBRN
O 1º Btl DQBRN tem por missão estabelecida:
Assessorar e apoiar o escalão superior nos assuntos relativos às operações
QBRN e atender a emergências de natureza química, biológica, radiológica
e nuclear em apoio à Força Terrestre, às demais Forças Singulares e (ou)
Auxiliares e à Defesa Civil (Disponível em: http://www.ciadqbn.ensino.eb.br/
Acesso em: 15 Fev 2014).
Na missão da OM observa-se claramente a sua vocação para o seu emprego
em ambiente QBRN, bem como o foco de sua instrução e adestramento que deve
estar vocacionado ao apoio da Força Terrestre e também à Defesa Civil.
29
3.4 A ESTRUTURA DO 1º Btl DQBRN
Figura 8 – Organograma do 1º Btl DQBRN
Fonte: o autor
O 1º Btl DQBRN foi estruturado, por meio de Diretriz de Implantação,
publicada no Boletim do Exército Nr 32 de 09 de agosto de 2013, com um Comando,
um Estado-Maior, uma Companhia de Defesa QBRN e uma Companhia de Apoio
Logístico DQBRN. Cabe ressaltar, que a citada diretriz prevê a instalação,
futuramente, de mais duas Cia DQBRN no Btl.
A Companhia de Apoio Logístico DQBRN é composta por Pelotão de
Suprimento e um Pelotão Logístico. A Companhia DQBRN é composta por dois
Pelotões de Descontaminação e um Pelotão de Reconhecimento e Identificação,
conforme mostra a figura abaixo.
Figura 9 – Organograma Cia DQBRN/1º Btl DQBRN
Fonte: o autor
30
3.5 POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES DO 1º Btl DQBRN
O Btl tem a capacidade de realizar reconhecimento e identificação de
agentes QBRN, assim como de realizar operações de descontaminação que
envolvam pessoal, material e equipamentos especializados. Também pode realizar o
balizamento de áreas contaminadas para a proteção de tropa ou da população.
Além das possibilidades acima, a OM pode se deslocar com rapidez, quando
apoiada, em face de poder ser motorizada, helitransportada ou aerotransportada.
Pode atuar com suas frações, descentralizada ou não, e integrar o Sistema de Alerta
QBRN quando necessário. E ainda, pode reforçar em pessoal seus pelotões,
aumentando a capacidade de operação.
Entretanto, o 1º Btl DQBRN apresenta algumas limitações que podem
dificultar suas atividades diante a ameaça QBRN: a OM possui dificuldade para
realizar a defesa aproximada de suas instalações; necessita de grande quantidade
de água para realizar as atividades de descontaminação; e possui elevado consumo
de combustível, principalmente óleo diesel, para operar suas estações de
descontaminação.
A Unidade possui equipamentos de detecção muito sensíveis, que por
vezes, não suportam condições climáticas severas, como chuvas intensas, e se
tornam indisponíveis para uso em tais condições.
Tem ainda como limitações a mobilidade restrita às condições de
trafegabilidade do terreno, a dependência da existência de cursos de água para
instalação e operação de um Posto de Descontaminação Total (P Descon Tot) e a
necessidade de dados meteorológicos atualizados para suas operações.
3.6 FORMAS DE EMPREGO DO 1º Btl DQBRN
O 1º Btl DQBRN pode ser empregado nas formas de apoio ao conjunto,
apoio por área, apoio direto ou reforço QBRN. Cada uma delas guarda
peculiaridades que dimensionam o planejamento e suas atividades em proveito de
uma tropa ou de um efetivo populacional.
No apoio ao conjunto, a OM será empregada em proveito da força
considerada como um todo. O comando da Companhia permanece centralizado no
Btl, que exerce total controle sobre suas atividades.
31
O apoio por área constitui-se na forma de emprego em que os elementos
localizados em uma
determinada
área geográfica, independentemente
de
subordinação ao Grande Comando considerado, serão beneficiados pelas atividades
da Cia DQBRN. Contudo, o comando da subunidade continua centralizado no Btl.
Já no apoio direto, a OM presta o apoio especializado a um elemento de
manobra, atuando em seu proveito por intermédio da Cia DQBRN, mantendo o
comando centralizado.
Quando o Btl DQBRN não puder exercer o controle conveniente sobre sua
Companhia operativa, esta será, temporariamente, subordinada a uma Grande
Unidade, unidade ou elemento de constituição definida, a fim de prestar-lhe o apoio
QBRN necessário. A esta situação de comando recebe a denominação de reforço
QBRN.
A situação de reforço implicará em um apoio logístico de material
especializado, que não consta da cadeia normal de suprimentos do elemento
apoiado, o que acarretará um aumento dos encargos administrativos.
A Cia DQBRN atua com seus pelotões descentralizados, mas mantendo, na
maioria das vezes, o comando centralizado. As características e peculiaridades
técnicas dos pelotões da Cia DQBRN serão abordadas a seguir.
3.7 PELOTÃO DE DESCONTAMINAÇÃO
Compreende-se como descontaminação todas as ações realizadas com a
finalidade de tornar inofensivos, dentro do possível, os agentes QBRN que se
tenham acumulado sobre o pessoal, material, equipamentos, viaturas e até mesmo
áreas reduzidas. Esta atividade tem por finalidade permitir que as tropas, ou civis,
possam continuar a cumprir suas tarefas, sem que sofram os efeitos nocivos dos
referidos contaminantes.
O Pelotão de Descontaminação é a fração apta a realizar operações de
descontaminação, que por sua complexidade e necessidade de material e pessoal,
requer coordenação e controle pormenorizados. Neste aspecto, aumenta de
importância o comando e controle, o apoio logístico e a segurança que deve existir
para apoiar as ações de descontaminação.
32
Figura 10 – Organograma do Pel Descon da Cia DQBRN/1º Btl DQBRN
Fonte: o autor
3.7.1 Possibilidades e limitações do Pelotão de Descontaminação
O Pelotão de Descontaminação tem a capacidade de instalar e operar um
Posto
de
Descontaminação
Reconhecimento
e
Total;
Identificação
reforçar,
com
eventualmente,
pessoal
e
o
equipamento,
Pelotão
e
de
ainda,
descontaminar, sem necessidade de reforço, até três elementos de manobra valor
unidade.
Contudo, apresenta algumas limitações oriundas de sua estrutura de
emprego. Depende de recompletamento pronto e adequado de substâncias
descontaminantes, acarretando sobrecarga no fluxo logístico desse item de material,
durante a operação de descontaminação. Necessita estar próximo de um curso de
água, em virtude do elevado consumo dessa classe de suprimento ou deve receber
suprimento constante de água para o desenvolvimento de suas atividades. Não
possui a capacidade de prover sua segurança aproximada enquanto estiver
operando o Posto de Descontaminação Total.
O Posto de Descontaminação Total constitui a instalação de campanha
montada pelo Pelotão de Descontaminação que realiza a descontaminação de
pessoal, material, equipamentos e viaturas. Sua pronta e eficiente atuação
proporciona a continuidade das atividades previstas, sem que os indivíduos sofram
os efeitos dos agentes QBRN. A localização do posto obedece a critérios técnicos e
33
táticos, adequando-se, na medida do possível às injunções da situação vigente no
quadro de situação.
O posto é dividido, basicamente em duas zonas, zona quente e zona fria. Na
primeira, estão localizadas as diversas seções de descontaminação. É considerada
área contaminada, até o fim da operação. Na segunda, considera-se o local a partir
do qual as tropas são consideradas como descontaminadas.
Essas duas zonas devem ser, nitidamente, separadas no terreno, possuindo
postos controladores de trânsito. O movimento de pessoal e viaturas só pode ser
permitido no sentido da zona quente para a fria, a fim de evitar uma contaminação
acidental.
Figura 11 – Posto de Descontaminação montado no Exercício Agulhas Negras (2013)
Fonte: o autor
O funcionamento do posto obedece a uma sequência de ações a realizar
durante a descontaminação, sendo encarregadas de tal trabalho as diversas turmas
da seção de descontaminação do Pel Descon.
A tropa a ser descontaminada estabelece, orientada por elementos
especializados da Cia DQBRN, uma zona de reunião nas proximidades do P Descon
Tot, a fim de aguardar sua entrada na instalação e ser instruída quanto aos
procedimentos a adotar durante e após a operação. Nesse local as viaturas são
descarregadas e o material de uso coletivo separado, de acordo com as classes de
suprimento, de tal forma que esteja organizado e embarcado quando da entrada no
posto. O pessoal deverá portar todo equipamento e armamento individual.
34
Na entrada do P Descon Tot ocorre a separação entre pessoal e viaturas,
sendo enviados para os setores correspondentes. Há de ressaltar que as viaturas
são conduzidas por motoristas do posto para o setor de descontaminação,
permanecendo embarcado todo o material coletivo da unidade.
3.8 PELOTÃO DE RECONHECIMENTO E IDENTIFICAÇÃO
A travessia de áreas contaminadas por agentes QBRN pode vir a ocasionar
baixas desnecessárias em efetivos militares ou civis. A ocorrência de tal evento
exigirá a realização de um estudo de situação detalhado, para que se verifiquem as
linhas de ação possíveis de execução. As informações sobre a força oponente,
principalmente no que diz respeito às características de sua possibilidade de
empregar agentes QBRN, serão de vital importância para o processo decisório.
Cabe destacar ainda que, em caso de calamidade, a identificação da
presença de substância nociva poderá poupar baixas por intoxicação ou interdição
de áreas críticas. Este procedimento de identificação pode levar a um melhor
planejamento para as ações a serem desenvolvidas em apoio à população.
Figura 12 – Organograma do Pelotão de Reconhecimento e Identificação da Cia DQBRN
Fonte: o autor
A alternativa de desbordar as referidas zonas resultará da análise dos riscos
envolvidos, levando-se em consideração o tempo estipulado para o cumprimento da
missão em curso.
O Pel Rec Idt tem como responsabilidade a busca de informes, localização,
limites, intensidade e natureza dos agentes contaminantes no caso de indícios de
35
sua presença. A consolidação desses dados fornecerá, aos comandos diretamente
envolvidos, os elementos imprescindíveis à tomada da decisão mais acertada.
3.8.1 O Reconhecimento QBRN
O reconhecimento QBRN tem por finalidade assinalar os pontos, áreas ou
itinerários que possam interferir na operacionalidade das tropas, durante o
cumprimento de suas tarefas essenciais. As atividades visam, particularmente,
identificar as regiões do terreno que não foram afetadas ou aquelas que apresentam
índices pouco significativos de contaminação.
Os prazos necessários à realização da tarefa em questão estarão
subordinados a diversos fatores. A avaliação do tempo considerado para o
cumprimento da missão tática, e a duração da proteção eficiente proporcionada
pelas roupas QBRN interferem diretamente nos prazos de monitoramento. Ao longo
do trabalho o Cmt do Pel Rec Idt deve estar atento às baixas causadas pela
exaustão térmica, além do potencial de contaminação das substâncias tóxicas.
Figura 13 – Integrantes do Pel Rec Idt realizando a demarcação e o isolamento de área contaminada
Fonte: o autor
A identificação e detecção de agentes QBRN devem ser desencadeadas tão
logo haja a suspeita de contaminação. A pronta e eficiente resposta permitirá que as
medidas de proteção, primeiros socorros e descontaminação sejam adotadas, com o
objetivo de neutralizar ou de reduzir os efeitos do agente em presença.
Os agentes químicos podem ser identificados por processos subjetivos.
Estes são preciosos auxiliares para uma maior rapidez na identificação e detecção
de agentes químicos, entretanto, exigem adestramento especial e necessitam de
36
confirmação mais especifica por outro método. Valem-se, primordialmente, da
capacidade dos sentidos humanos em interpretar os indícios de presença dos
agentes químicos.
Já nos processos objetivos de identificação de agentes químicos, são
empregados materiais e equipamentos especiais, o que acarreta certa morosidade
na obtenção dos dados; demora essa que é amplamente recompensada pela
precisão das medidas. Poderão ser implementadas a rapidez e confiabilidade das
aferições, se houver um adestramento mais acurado na utilização das técnicas
apropriadas. Utilizam-se, basicamente o papel detector, o estojo de detecção e
identificação, o estojo coletor de amostras, o estojo para testes em água e alimentos
e os detectores automáticos, conforme detalha BRASIL (1987).
Para identificação de agentes biológicos, os sentidos humanos não são
capazes de identificar sua presença, embora possam ser verificados os sintomas
provenientes de sua utilização. Aplica-se para esse tipo de agente o processo
subjetivo de caracterizar os efeitos fisiológicos acarretados ao homem, o que
implicará em uma minuciosa instrução da tropa.
Figura 14 – Laboratório móvel QBRN pertencente ao Centro Tecnológico do Exército (CTEx)
Fonte: o autor
Em atividades de campo a coleta de amostras é o único processo viável,
haja vista que a identificação de microrganismos exige equipamentos e laboratórios
especializados. O desdobramento de laboratórios QBN, dotados de instalações para
análise, poderá viabilizar a constatação da presença de alguns agentes causadores
das baixas; todavia, a possibilidade de introduzir modificações, manipulando-se
37
células, por meio da engenharia genética, exigirá a utilização de técnicas e materiais
sofisticados.
O corpo humano não tem a capacidade detectar a presença dos diversos
tipos de radiação nuclear. Cabe nessa situação a rápida identificação dos primeiros
efeitos da síndrome da irradiação, para que o tratamento seja iniciado em tempo
hábil.
O monitoramento radiológico é o processo objetivo empregado para a
detecção de agentes nocivos. A operação em tela é realizada por intermédio de
equipamentos especiais, denominados de detectores de radiação, que medem as
alterações provocadas pelas radiações em um determinado meio sólido, liquido ou
gasoso.
3.8.2 Possibilidade e limitaçōes do Pelotão de Reconhecimento e Identificação
O Pel Rec Idt possui a capacidade de reconhecer, identificar e demarcar
áreas contaminadas por agentes químicos e nucleares. Pode ainda apoiar o Pel
Descon na operação do P Descon Tot realizando as detecções de controle. Em caso
de necessidades emergenciais pode realizar reconhecimentos aéreos de áreas
contaminadas por agentes radiológicos. Para uma posterior identificação do agente,
o Pel Rec Idt recolhe amostras de materiais suspeitos de contaminação por agentes
biológicos, encaminhando-as para a análise em laboratórios especializados.
Contudo, apresenta como limitações a dependência de trafegabilidade do
terreno e da rede de estradas da área de operações. O tempo de permanência nas
regiões contaminadas fica restrito à eficácia das roupas protetoras que os
integrantes do pelotão estejam utilizando. A duração de reconhecimentos
radiológicos terrestres é subordinada aos níveis de radiação da fonte emissora. O
Pel Rec Idt necessita de análises especializadas para identificação de agentes
biológicos.
3.9 COMPANHIA DE APOIO LOGÍSTICO DQBRN
A Companhia de Apoio Logístico DQBRN tem por missão prover o suporte
logístico para as atividades operacionais do Btl, dentre eles o apoio de transporte, de
comunicações, suprimento, de saúde e de manutenção sumária dos equipamentos
QBRN. Para isso, a Cia Ap Log DQBRN conta com duas frações, o Pelotão
Logístico e o Pelotão de Suprimento, conforma apresentado na figura a seguir.
38
Figura 15 – Organograma Cia Ap Log DQBRN
Fonte: o autor
Cabe ainda à Cia Ap Log DQBRN realizar a sondagem meteorológica
durante as operações. Esta atividade tem papel importante, pois dependendo da
direção do vendo, umidade relativa do ar e da temperatura ambiente, entre outros
aspectos, ocorrerá o aumento ou diminuição de uma contaminação em determinado
local. Este trabalho é realizado utilizando equipamentos portáteis ou por meio de Vtr
especializada de sondagem meteorológica.
39
4 GRANDES EVENTOS
4.1 GENERALIDADES
A Doutrina Militar Terrestre trata das Operações em Grandes Eventos
(nacionais ou internacionais) como Operações de Não Guerra. Nessas, as FA,
embora fazendo uso do Poder Militar, são empregadas em tarefas que não
envolvam o combate propriamente dito, exceto em circunstâncias especiais, em que
esse poder é usado de forma limitada.
Mas o que se pode entender como grandes eventos? Os grandes eventos
nacionais ou internacionais são reuniões de governantes ou de seus representantes
para tratar de assuntos políticos, religiosos, desportivos ou foro de interesse geral,
assim como de delegações desportivas para competições internacionais de grande
envergadura no Brasil.
Nessas ocasiões, o Brasil programa vários segmentos políticos, ministeriais e
sociais para organizar da melhor forma o evento, principalmente no seu aparato do
Ministério da Defesa, em nome da segurança, buscando minimizar as chances de
alguma ocorrência de ações contrária a sua realização.
Assim, afirma-se parcialmente que, dentro do escopo da organização do
evento dessa magnitude, as forças de segurança devem operar em um quadro de
interoperabilidade em operação de não guerra, que apresentam como principais
características: o aumento do tráfego aéreo, a grande concentração de dignitários
e/ou autoridades estrangeiras, o grande número de turistas e espectadores e a larga
presença de imprensa local e internacional.
Todas essas características de um evento de grande magnitude deverão
interagir com as ações militares desencadeadas, normalmente, em áreas urbanas,
com muitas restrições legais às operações, ocasionando o possível grande impacto
psicológico das operações.
4.2 OS GRANDES EVENTOS QUE O BRASIL SEDIOU E SEDIARÁ ATÉ 2016
O Brasil é um país com cerca de 200 milhões de habitantes, o quinto mais
populoso do mundo e o quinto maior fisicamente, com 8,5 milhões de quilômetros
quadrados.
De acordo com Almeida (2007), o País entrou no século XXI como um
importante ator global, despontando atualmente como forte liderança na agenda
40
multilateral. Além disso, tem exercido expressiva influência regional perante os
países da América do Sul, bem como atuado proeminentemente nos mais diversos
fóruns econômicos multilaterais.
Dentro desse cenário de evidência e projeção internacional, o Brasil foi
escolhido para sediar uma série de importantes eventos mundiais, os quais são de
grande apelo midiático e com capacidade de gerar recursos para os setores direta e
indiretamente envolvidos em suas realizações, podendo projetar ou manchar a
imagem do país anfitrião conforme o sucesso ou fracasso dos mesmos.
No dia 05 de junho de 2012, o Brasil sediou o Dia Mundial do Meio Ambiente,
evento que faz parte de programa das Nações Unidas. Três semanas após, o Brasil
sediou
a
Rio+20,
reedição
da
Conferência
das
Nações
Unidas
sobre
Desenvolvimento Sustentável ocorrida no país em 1992, que contou com a presença
de 80 chefes de Estado ou de Governo, sete vice-presidentes, nove vice-primeirosministros, quatro membros de Casas Reais e 487 ministros de Estado, além de
representantes de 85 organismos internacionais, de agências especializadas da
ONU e com milhares de participantes dos mais variados setores da sociedade civil
(SOUSA FILHO, 2013).
A Copa das Confederações de 2013 foi a nona edição da competição que é
realizada a cada quatro anos pela Federação Internacional de Futebol. Foi realizada
no Brasil entre 15 e 30 de junho e serviu como teste para a realização da Copa do
Mundo de 2014, tendo a participação de oito equipes.
A XXVIII Jornada Mundial da Juventude foi realizada de 23 a 28 de julho de
2013, na cidade do Rio de Janeiro. Este evento se realiza anualmente nas dioceses
de todo o mundo e prevê, a cada 2 ou 3 anos, um encontro internacional dos jovens
com o Papa, que dura aproximadamente uma semana.
A Copa do Mundo de futebol ocorreu no Brasil de 11 de junho a 12 de julho de
2014. Sediar um evento desta natureza foi uma oportunidade para o País de dar um
salto de modernização e apresentar não só capacidade de organização, como
também força econômica para captar investimentos e mostrar ao mundo os muitos
atrativos que podem transformá-lo o país em um dos mais importantes destinos
turísticos do mundo.
Em 2016, o maior evento esportivo do planeta terá lugar na América do Sul
pela primeira vez na história. A cidade do Rio de Janeiro sediará os Jogos Olímpicos
41
e Paralímpicos. A escolha do Brasil como sede de mais este evento foi a coroação
maior de uma sequência de conquistas do país.
4.3 A SEGURANÇA NOS GRANDES EVENTOS
Para Mandarino (2009), a definição mais usual de estrutura estratégica é
aquela que, uma vez prejudicada por fenômenos ou causas naturais, como
terremotos ou inundações, ou por ações intencionais de sabotagem ou terrorismo,
traz grandes reflexos negativos para toda uma nação e sua sociedade. São
exemplos clássicos de estruturas estratégicas: as redes de telefonia, os sistemas de
captação, distribuição de água, bem como suas fontes geradoras e as redes de
distribuição de energia.
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, no âmbito
de suas atribuições, define como estruturas estratégicas as instalações, serviços,
bens e sistemas que, se forem interrompidos ou destruídos, provocarão sério
impacto social, econômico, político, internacional ou à segurança do Estado e da
sociedade.
Para a proteção dessas estruturas e como forma de preparação para os
grandes eventos, em agosto de 2011, foi criada, por meio do Decreto 7.538, a
Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, responsável por
planejar, definir, coordenar, implementar, acompanhar e avaliar as ações de
segurança para esse tipo de evento, promovendo a integração entre os órgãos de
segurança pública federais, estaduais, distrital e municipais envolvidos com a
questão.
Conforme o artigo RIO+20, OS INIMIGOS AGORA SÃO OUTROS, publicado
na internet em 08 de abril de 2012, o delegado Victor Cesar Santos, da Polícia
Federal, que também participou da segurança daquele evento, disse: não temos
históricos de ações terroristas no país, mas, quando assumimos o compromisso de
sediar um evento dessa magnitude, importamos preocupações. Por isso, dentre
outras ações, foram mobilizados 300 especialistas das unidades antiterror do
Exército e da Marinha.
A
portaria
também
autoriza
o
Ministério
da
Defesa
a
empregar,
temporariamente, as Forças Armadas para atuar na segurança e defesa cibernética,
defesa contra terrorismo, fiscalização de explosivos, contingência e defesa contra
agentes químicos, biológicos, radiológicos ou nucleares; e em outras atribuições
42
constitucionais das Forças Armadas, em todas as cidades-sede, durante a Copa e
as Olimpíadas.
Pode-se inferir parcialmente que o Brasil entrou no século XXI como um
importante ator global, despontando como liderança na agenda multilateral, e foi
escolhido para sediar uma série de importantes eventos mundiais, os quais são de
grande apelo midiático. Dessa forma, mesmo não tendo histórico de ações
terroristas, o país, assumindo o compromisso de sediar eventos dessa magnitude,
importou preocupações, principalmente quanto a suas estruturas estratégicas que,
uma vez atingidas, podem trazer grandes reflexos negativos para toda uma nação e
sua sociedade.
4.4 A PARTICIPAÇÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO
Tomando-se por base sua missão constitucional e o planejamento inicial do
Comando Militar do Leste para apoio aos 5º Jogos Mundiais Militares, pode-se inferir
que representam responsabilidades do Exército na organização e na condução da
segurança de grandes eventos desportivos sediados no País, dentre outras, as
seguintes missões:
1) prover a segurança dos Chefes de Estado, Chefes de governo, seus
legítimos representantes e respectivas comitivas em visita oficial ao Brasil;
2) prover a segurança das delegações, áreas e vilas olímpicas, hotéis e
instalações utilizados pelos delegados, técnicos, atletas, árbitros e autoridades
diversas, bem como dos deslocamentos oficiais destes, nas cidades envolvidas;
3) planejar o emprego dos meios adjudicados das outras Forças Singulares, e
Órgãos encarregados da Segurança Pública para emprego na segurança dos jogos,
realizando a segurança dos eventos desportivos, competições e treinamentos e
locais de hospedagem;
4) coordenar a execução da segurança nas ações contraterrorismo e
antissequestros. Empregando para isso, o Destacamento Contra-Terror da Bda Op
Esp, elementos especializados da Marinha do Brasil, da Força Aérea Brasileira, da
Polícia Federal e das Polícias Militar e Civil dos Estados, e compondo o Comando
de Operações Táticas dos eventos;
5) intensificar as atividades de Inteligência, como o objetivo de obter e manter a
capacidade de antecipar-se a qualquer ameaça, contando com o apoio das
43
Unidades e Subunidades de Inteligência dos Comandos Militares de Área e do
Centro de Inteligência do Exército;
6) prover a segurança nas atividades de lazer das delegações, considerando
os levantamentos das ameaças existentes feitas pela área de Inteligência e
coordenando com a Marinha do Brasil o emprego de meios navais, para a
segurança das vilas olímpicas e das competições, e com a Força Aérea Brasileira o
emprego dos meios aéreos necessários, a segurança dos aeroportos, das vilas e
dos locais de competições pertinentes;
7) coordenar a varredura QBRN e eletrônica nos locais de competição, durante
as atividades e treinamentos, antes do início de cada competição desportiva. Serão
também desencadeadas a varredura eletrônica nos centros integrados e a varredura
de artefatos explosivos nos locais de competição, atividades e alojamentos, antes do
início de cada evento coletivo;
8) planejar e coordenar a segurança dos deslocamentos que partem das vilas
olímpicas e o apoio às atividades de segurança com helicópteros, contando para
isso com os meios do CAvEx, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Órgãos
de Segurança Pública dos Estados;
9) realizar o apoio no desembaraço alfandegário do armamento e munição a
serem utilizados nas competições, em coordenação com a Receita Federal e com a
Polícia Federal; e
10) realizar a segurança de diplomatas, de visitantes oficiais estrangeiros,
conforme relação de dignitários selecionados pelo Ministério das Relações
Exteriores, participantes dos eventos, nos locais de competição, nos deslocamentos
e nos meios de hospedagem, prevenindo contra a ocorrência de atentados e
acidentes ou incidentes que possam causar danos físicos ou morais.
Trata-se de um significativo contingente a ser empregado para o cumprimento
das atribuições acima reveladas, integralmente constituído por militares profissionais
selecionados e dotados de prioridade de adestramento, instalações e dotação de
material e equipamento. Apesar das restrições econômico-financeiras conjunturais, o
EB vem mantendo elevados padrões de eficiência operacional, ratificados no
cumprimento de diversificadas missões nos grandes eventos já ocorridos.
Desta
forma,
a
participação
do
EB
tem
sido
decisiva
e
permeia
significativamente todas as esferas da segurança dos eventos, recaindo sobre a
Força a maior parcela de responsabilidade no sucesso das ações. A par disso,
44
pode-se inferir que o sucesso da realização destes eventos no País depende do
grau de engajamento da Força Terrestre, desde as fases iniciais de planejamento
até a execução das mais complexas missões a serem desencadeadas (SOUSA
FILHO, 2013).
45
5 TERRORISMO
5.1 GENERALIDADES
Muitas aç es do combate assim trico não são consideradas como terrorismo
pela Organização das Naç es Unidas, já que tem o intuito de preservar o direito de
autodeterminação dos povos nas lutas para libertação de países algozes ou de
tiranos permanentes.
De todo modo, o senso comum e o sistema jurídico da maioria dos países
englobam como terrorismo as situaç es típicas, encontradas na literatura e na mídia,
de ataques deliberados contra civis por meio de instrumentos causadores de
grandes baixas, infundindo pânico, medo e terror na população, tudo isso com
finalidade política
Nos Estados Unidos, terrorismo dom stico
definido como um conjunto de
atos que envolvem atividades perigosas que se constituem em violação das leis
criminais do país ou de algum outro Estado parece ser intencionado a intimidar ou
coagir a população civil, influenciar a política de um governo pela destruição em
massa, assassinatos ou sequestros. O terrorismo inclui o uso ilegal de força e
violência contra pessoas ou propriedades para intimidar ou coagir um governo, a
população civil ou qualquer outro segmento em apoio a objetivos políticos ou sociais
(EL-AMME, 2010).
5.2 TERRORISMO EM GRANDES EVENTOS ESPORTIVOS
Dentre os principais atentados terroristas durante grandes eventos esportivos
noticiados, destacam-se os que tiveram maior repercussão na mídia
Olímpicos de Munique, em 1
futebol em Madri, em
Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1
.2.
ogos
Ataque
Partida de
Campeonato Mundial de Críquete no Paquistão, em
2002; Maratona no Sri Lanka, em
Lanka, em
Jogos
Ataque
delegação de críquete do Sri
seleção de futebol do Togo, em 2010 (ALESSIO, 2012).
l mpicos de
unique
No dia 05 de Setembro de 1972, oito membros da organização terrorista
Setembro Negro entraram na Vila Olímpica vestindo abrigos esportivos e se
deslocaram para os apartamentos da delegação israelense. Ao invadirem o primeiro
apartamento, o árbitro de luta-livre israelense Yossef Gutfreund tentou impedi-los,
46
por m foi ferido, assim como o treinador Weinberg que foi baleado no rosto Após
invadirem o outro apartamento, um halterofilista Romano foi assassinado ao tentar
render um membro do Setembro Negro.
Os terroristas, de posse de nove ref ns, partiram para a exigência de libertação
de 234 prisioneiros da Organização para Libertação da Palestina e de dois
terroristas alemães Baader e Meinhof
Na tarde deste dia, policiais alemães
organizaram uma ação de resgate, vestindo uniformes de atletas Contudo, os
terroristas estavam acompanhando, ao vivo, a movimentação policial pela televisão
e informaram que qualquer tentativa de invasão por parte da polícia resultaria na
morte dos ref ns Os terroristas fizeram a exigência de um avião para serem levados
para a capital do Egito, Cairo.
Após graves erros de planejamento e execução da ação de retomada de
ref ns, os terroristas atiraram e detonaram uma granada, matando todos os nove
ref ns Na ação, cinco terroristas e um policial foram mortos e três terroristas foram
presos O n mero total de vítimas foi de 1 mortos e
feridos
Certamente, o atentado durante os Jogos Olímpicos de Munique foi o que teve
maior repercussão na mídia internacional, sendo, inclusive, explorado pela ind stria
cinematográfica Estima-se que
milh es de pessoas assistiam, ao vivo, a ação
da organização terrorista Setembro Negro, na Vila Olímpica Nesse episódio,
destaca-se, ainda, o fato de que a primeira ação policial de resgate foi frustrada,
pelo fato de os terroristas estarem acompanhando a movimentação dos policiais, em
tempo real, pela televisão
.2.2 ogos
No dia
l mpicos de tlanta
de Julho de 1
, milhares de pessoas assistiam a um show no
Parque Centenário de Atlanta, o qual foi concebido para ser a "praça p blica dos
Jogos Olímpicos de 1
Eric Rudolph, um ex-especialista em explosivos do
Ex rcito dos EUA, detonou tr s bombas que estavam em uma mochila sob um
banco da praça. Houve uma morte e cento e dez feridos.
5.2.3 Partida de futebol na Espanha
Em 1º de maio de 2002, um carro-bomba preparado pela organização terrorista
Euskadita Askatasuna
ETA explodiu no estacionamento do Estádio Santiago
Bernab u – Madri, antes da partida de futebol entre Real Madri e Barcelona. O ETA
47
telefonou para um jornal local advertindo sobre a bomba e assumindo a
responsabilidade pelo atentado Menos de uma hora após a explosão, outro carrobomba foi explodido no sul da cidade Acredita-se que a segunda explosão foi uma
tentativa de destruir as provas do primeiro ataque. Houve 17 feridos.
5.2.4 Maratona no Sri Lanka
Em 06 de abril de 2008, em Colombo, um homem-bomba suicida detonou o
artefato no início da Maratona em comemoração ao ano novo no Sri Lanka. Entre os
mortos, estavam o ministro Jeyaraj Fernandopulle, o ex-maratonista olímpico Ka
Karunaratne e o treinador Lakshman de Alwis. A competição era transmitida ao vivo
pela televisão A ação foi assumida pelos Tigers of Tamil Eelam, e deixou 1 mortos
e 83 feridos.
5.2.
ampeonato de
r quete no Paquistão
Em 03 de marco de 2009, em Lahore, homens armados atacaram o ônibus que
transportava a delegação de cricket do Sri Lanka, próximo ao Estádio Gaddafi
localizado em Lahore, Paquistão O ataque matou os seis policiais que faziam a
escolta do ônibus, dois civis, ferindo, ainda, seis jogadores, dois membros da equipe
t cnica e um árbitro
5.2.6 Partida de Futebol em Angola
Em 08 de janeiro de 2010, o ônibus da seleção de futebol do Togo, em viagem
província angolana de Cabinda, foi atingido por vários projeteis disparados por
rebeldes separatistas cabindenses O assessor de imprensa, o assistente t cnico e
o motorista foram mortos, al m de sete pessoas terem ficado feridas, entre elas o
goleiro reserva, Kodjovi Obilale. O atentado foi executado pela Frente de Libertação
do Enclave de Cabinda-Posicão Militar e deixou um saldo de
mortos e
feridos
5.3 HISTÓRICO DE TERRORISMO NO BRASIL
O Brasil já foi palco de aç es terroristas, perpetradas por grupos de ideário
marxista, durante os primeiros anos dos governos militares, período de maior
atuação da luta armada na intenção de tomar o poder e implantar um governo de
perfil comunista no País (El AMME, 2010).
48
Um dos mais conhecidos guerrilheiros urbanos do mundo, o brasileiro Carlos
Marighela foi idealizador de in meras dessas aç es, chegando a escrever manuais
de guerrilha urbana usados at por grupos terroristas de esquerda da Europa, como
o Baader Meinhof, na Alemanha, e as Brigadas Vermelhas, na Itália, durante os
anos 70 e 80.
Alguns dos principais atentados terroristas ocorridos no Brasil nesse período
encontram-se no Quadro 1.
Quadro 1 - Principais atentados terroristas ocorridos no Brasil
Data
12/11/1964
25/07/1966
20/03/1968
21/06/1968
26/06/1968
01/07/1968
27/10/1968
15/05/1969
24/08/1969
04/09/1969
11/03/1970
04/04/1970
11/06/1970
07/12/1970
05/02/1972
Descrição
Atentado a bomba no cine Bruni, no Rio de Janeiro, provocando a
morte do vigia Paulo Macena.
Atentado a bomba no Aeroporto Guararapes, Recife, com dois mortos:
um almirante e um jornalista. Organização: Acão Popular AP
Atentado a bomba no consulado americano, em São Paulo, ferindo
gravemente o transeunte Orlando Lovecchio, que perdeu uma perna.
Organização Vanguarda Popular Revolucionária VPR
Atentado a tiros na Embaixada dos Estados Unidos, Rio de Janeiro
Organizacão Dissid ncia Comunista da Guanabara DI/GB.
Atentado a bomba ao QG do II Ex rcito Morte do soldado Mário Kozel
e ferimentos em cinco militares. Organização: VPR.
Assassinato do major alemão Edward Ernest Tito Otto Maximilian von
Westernhagen, que fazia curso de Estado-Maior no Brasil.
Organização: Comando de Libertação Nacional (COLINA).
Atenta bomba contra a loja Sears, no bairro de gua Branca, São
Paulo. Organização: VPR.
Atentado a bomba na empresa Allis-Chalmers, na Avenida gua
Branca. Organização: Acão Libertadora Nacional ALN
Atentado a bomba na loja Mappin, São Paulo Organização: ALN.
Seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, RJ.
Organizações: VPR e ALN.
Seqüestro do cônsul japonês Nobuo Okuchi, São Paulo Organizaç es
VPR, Resistência Democrática REDE e Movimento Revolucionário
Tiradentes (MRT).
Tentativa de seqüestro do cônsul americano Curtis Carly Cutter, Porto
Alegre.
Seqüestro do embaixador da Alemanha Ehrenfried von Hollenben, Rio
de Janeiro. Organizações: VPR e ALN.
Seq estro do embaixador suíço, Giovanni Enrico Bucher. Organização:
VPR.
Assassinato do marinheiro inglês David A. Cuthberg, de 19 anos.
Organizaç es VAR-Palmares, ALN e Partido Comunista Brasileiro
Revolucionário PCBR
49
Data
1/10/1973
Diversos
Descrição
Atentado a bomba nos escritórios da agencia de passagens da
empresa a rea LAN Chile, na Avenida Rio Branco, ferindo seis
populares e seis policiais. Organizações: ALN, PCBR e VARPalmares.
Pelo menos seq estros de avi es de passageiros desviados para
Cuba e um frustrado.
Fonte Portal A Verdade Sufocada Disponível em http www averdadesufocada com
5.4 A TRÍPLICE FRONTEIRA
Após os atentados de 11 de Setembro, a Tríplice Fronteira divisa entre o
Brasil, a Argentina e o Paraguai) ficou em evidencia por ser considerada pelos
relatórios americanos de Intelig ncia como um centro de suporte financeiro ao
terrorismo islamista e, ao mesmo tempo, um possível foco para o surgimento de
grupos terroristas (ALESSIO, 2012).
O Tenente Coronel Phillip K Abbott, do Ex rcito dos Estados Unidos, assim se
referiu a essa fronteira:
“
a área ideal para o surgimento de grupos terroristas Pode-se dizer
que a lei nessa área não
muito fiscalizada e as atividades ilícitas são
abundantes, gerando bilh es de dólares anualmente com lavagem de
dinheiro, venda de armas e tráfico de drogas, falsificação de dinheiro e
documentos e pirataria Oferece ainda aos terroristas um financiamento em
potencial, acesso ilegal a armas e tecnologias avançadas podem entrar e
sair e tamb m se esconder sem muitos problemas, contando ainda com
uma população compassiva de onde recrutam novos membros e
disseminam mensagens globais Embora essa área não seja atualmente o
centro de gravidade para a guerra total contra o terrorismo, ela tem um lugar
importante na estrat gia contra o mesmo”
A área da Tríplice Fronteira
o maior centro de contrabando da Am rica do Sul
e onde se encontra uma comunidade árabe e muçulmana grande e ativa A maioria
de muçulmanos xiitas e a minoria
sunita, havendo ainda uma pequena
população de cristãos emigrados do Líbano, da Síria, do Egito e dos territórios
palestinos, aproximadamente
anos atrás A maioria desses imigrantes árabes
vive do com rcio em Ciudad del Este, mas reside em Foz do Iguaçu, na margem
brasileira do Rio Paraná ALESSIO,
1 .
A economia predominante em Ciudad del Este consiste de atividades ilegais,
principalmente o contrabando, a pirataria de software e m sica e a lavagem de
dinheiro, oriundo da venda de drogas. Ciudad del Este tem aproximadamente 55
bancos e casas de cambio diferentes. Os Estados Unidos avaliam que
bilh es de
50
dólares, por ano, resultantes de fundos ilegais, são lavados ali, quantidade
equivalente a 50% do produto interno bruto do Paraguai.
Carlos Altemberger, chefe da unidade antiterrorista do Paraguai, afirma que os
terroristas financiam suas operaç es, em parte, remetendo dólares dessa localidade
para
o
Oriente
M dio
O
embaixador
Philip Wilcox,
ex-coordenador
de
Contraterrorismo do Departamento de Defesa, testemunhou diante do Comit
de
Relações Internacionais da Câmara de Deputados dos EUA, que as atividades do
Hezbollah na Tríplice Fronteira já estiveram envolvidas com narcóticos, contrabando
e terrorismo.
Muitos acreditam que, na comunidade árabe e muçulmana da Tríplice
Fronteira, residem simpatizantes e terroristas atuantes, com ligações diretas com o
grupo terrorista xiita libanês pró-iraniano Hezbollah, com o grupo fundamentalista
palestino Hamas, com o grupo egípcio islâmico Jihad e at mesmo com a Al-Qaeda.
Entretanto, líderes árabes e muçulmanos na Tríplice Fronteira afirmam que seus
membros são pessoas com opini es políticas moderadas, que t m vivido em
harmonia com o resto da população por muitos anos e que têm rejeitado pontos de
vista extremos e o terrorismo.
A maioria dos
árabes e muçulmanos que vivem na área da Tríplice
Fronteira diz que seria impossível para os terroristas se esconderem entre eles e
negarem qualquer envio de dinheiro para o Hezbollah. Entretanto, uma minoria dos
árabes e muçulmanos não esconde sua simpatia e seu apoio financeiro ao
Hezbollah, o qual, segundo eles,
um partido político liban s legítimo
Autoridades argentinas acreditam que o Hezbollah
muito ativo nessa área
Elas atribuem aos extremistas do Hezbollah a explosão de um carro-bomba ocorrida
no dia 17 de marco de 1
, em Buenos Aires, na frente da Embaixada de Israel
Acreditam, ainda, que, com o auxílio do Irã, o Hezbollah foi o responsável pelo
ataque com um carro-bomba contra o principal pr dio do Centro da Comunidade
Judaica (AMIA), em Buenos Aires, no dia 18 de julho de 1994, matando 86 pessoas,
em protesto ao acordo de paz entre israelitas e jordanianos nesse ano (MASSEDER,
2011).
Em maio de 2003, promotores argentinos ligaram Ciudad del Este e Foz do
Iguaçu
explosão daquele centro e solicitaram um mandado de prisão contra dois
cidadãos libaneses residentes na cidade paraguaia. Um oficial de Inteligência
51
iraniano, que desertara para a Alemanha, disse aos promotores argentinos que Imad
Mugniyah era o principal suspeito das explos es em Buenos Aires.
Os administradores dos EUA consideram Mugniyah o arquiteto do atentado
contra a Embaixada dos EUA em Beirute, o que sugere que ele tem ligação direta
com o Hezbollah e o Irã Embora não se possa confirmar a crescente radicalização
das comunidades islâmicas na Tríplice Fronteira, deve-se considerar essa
possibilidade e acompanhar de perto a situação.
A mídia local e internacional chegou a insinuar que a Al-Qaeda e outros grupos
islâmicos terroristas estiveram preparando campos de adestramento na Tríplice
Fronteira e, at mesmo, organizaram reuni es de c pula na área, embora o pessoal
de Inteligência e grupos de segurança não tenham confirmado esses relatos Os
governos dos países que formam a Tríplice Fronteira concordam que o terrorismo
não
um problema na região e enfatizam que nunca detectaram atividades dessa
natureza ou c lulas terroristas ali (MASSEDER, 2011).
Em dezembro de 2002, Argentina, Brasil, Paraguai e EUA concordaram que
“não há informação tática, detalhada e concreta que apóie a teoria sobre a
existência de potenciais c lulas ou integrantes da Al- Qaeda na Tríplice Fronteira ”
Mesmo assim, os EUA e as autoridades regionais preocupam-se com a
possibilidade de as atividades ilegais e o com rcio na área financiarem grupos
terroristas, principalmente o Hezbollah e o Hamas.
O grupo Hezbollah depende, em grande parte, do dinheiro islâmico coletado
atrav s da prática da comunidade árabe de remeter verbas para os parentes no
Oriente M dio Al m disso, com a cumplicidade de autoridades locais corruptas, as
Forcas Armadas Revolucionárias da Col mbia pagaram com cocaína, aos grupos
criminosos organizados do Brasil e do Paraguai, a compra de armas e
equipamentos.
Depois do 11 de Setembro, a Tríplice Fronteira atraiu tanta atenção dos grupos
de segurança p blica, das ag ncias de Intelig ncia locais e da mídia internacional,
que muitos peritos regionais acreditam que os terroristas mudaram-se para
localidades menos vigiadas da Am rica Latina Contudo, isso não quer dizer que os
esforços de contraterrorismo de Argentina, Brasil e Paraguai tenham, de vez,
eliminado aquela possibilidade (MASSEDER, 2011).
52
5.5 POSSIBILIDADE DE O BRASIL VOLTAR A SER PALCO DE TERRORISMO
A opinião de especialistas e o senso geral indicam que o Brasil não está imune
ameaça terrorista
“Nada há que impeça que o Brasil venha a sofrer com atentados terroristas
Entretanto, um exame mais detido
necessário, de modo a orientar
decis es políticas a respeito de como a lidar com essa possibilidade
Naturalmente, a ponderação entre os riscos de o Brasil ser vítima de
ataques terroristas e os custos de eventuais reorientaç es políticas para
fazer face a essa possibilidade uma questão política, e cabe apenas aos
atores políticos pertinentes ” EUGENIO DINIZ,
Há relatos, especulativos ou não, de fontes de Inteligência sobre a presença de
integrantes da organização terrorista Al-Qaeda na chamada “Feira do Paraguai”, em
Brasília – centro do poder. Este pode ser um indício de presença antecipada da
organização em condiç es de atuar um dia, se houver “interesse”
As limitaç es do aparato de Intelig ncia e segurança, aliadas
grande
diversidade de laços transnacionais das comunidades culturais brasileiras tornam o
país um local propício ao surgimento de facilidades para atuação Como destaque,
cabe lembrar que
voz corrente que passaportes brasileiros são altamente
valorizados no subterrâneo internacional, desde organizaç es criminosas at
terroristas, exatamente em função dessa diversidade
Não se exclui a possibilidade de o Brasil vir a tornar-se palco, ou mesmo alvo,
de aç es terroristas, a despeito de não ter estado envolvido direta ou indiretamente
em controv rsias internacionais em que esteja presente o componente do terror, de
forma a converter cidadãos, instalaç es e interesses brasileiros, tanto em seu
próprio território como no exterior, em alvos imediatos ou prioritários do terrorismo
transnacional.
Pelo contrário, a tend ncia histórica pró-árabe do Brasil, manifestada em
diversas decis es importantes na ONU, e a recente iniciativa da política externa de
estreitar laços com o governo islâmico do Irã at colocam o Brasil numa situação de
bem-visto junto
civilização islâmica.
Diferentemente do que vem ocorrendo com outros países, como aqueles que
apoiaram diretamente a ação militar norte-americana no Iraque, não há pr disposição declarada ou ostensiva da parte de quaisquer grupos terroristas mais
atuantes internacionalmente em converter o Brasil ou seus nacionais em alvo
preferencial, como resposta a posiç es ou aç es que o país tenha assumido
externamente.
53
Os ataques terroristas ocorridos em Madri em 11 de marco de 2003, bem como
a onda de seqüestro de estrangeiros italianos e japoneses, em particular, no Iraque
desencadeada a partir de abril de
ilustram a maior suscetibilidade dos países
que se aliaram aos Estados Unidos na invasão do Iraque
No entanto, identificam-se três ordens de consideração que tornam o Brasil
suscetível e vulnerável a aç es terroristas, seja como palco ou como alvo a primeira
refere-se
natureza e ao alcance da própria ameaça terrorista no plano global; a
segunda, s formas de articulação do terrorismo com estruturas e atividades ilícitas
s posturas e limitaç es do próprio
domesticamente estabelecidas; e, a terceira,
país frente ao terror e
viol ncia como componentes da política internacional
contemporânea.
Assim, a preparação do país, nos planos político, jurídico e institucional, bem
como no tocante aos instrumentos a serem acionados no enfrentamento ao
terrorismo,
deve
considerar,
simultânea
e
integralmente,
tais
ordens
de
consideração
O recurso ao terror com vistas
indução de comportamentos combina, em
grande medida, elementos de seletividade, sobretudo no que se refere aos alvos, e
de relativa aleatoriedade, particularmente quanto
s vítimas potenciais. A
suscetibilidade do país a atentados terroristas deve ser considerada, portanto, em
ambas as dimens es Se considerada a aleatoriedade das vítimas potenciais, o
Brasil, já se encontra inscrito no rol dos países cujos cidadãos t m sido vitimados
por atos terroristas, ainda que perpetrados no exterior e direcionados a alvos que
não guardavam relação direta com o próprio país
A suscetibilidade do país ao terrorismo define-se, fundamentalmente, em
relação
possibilidade de que ativos materiais e instalaç es nacionais ou de
empresas e cidadãos brasileiros localizados em seu próprio território ou no exterior
convertam-se em alvos discriminados de atentados.
Em tal contexto, dois fatores realçam a possibilidade de o Brasil vir a ser palco
de aç es terroristas em primeiro lugar, a grande presença de instalaç es e de
pessoas ligadas a alvos tradicionais do terrorismo, como representaç es
diplomáticas, consulares e de organismos internacionais, empresas, escritórios de
representação comercial, templos, associaç es de representação de classe e
comunitárias etc em segundo, a visibilidade, objetivo implícito de atos terroristas,
que o ineditismo de um atentado no Brasil poderia propiciar.
54
A possibilidade de o Brasil converter-se em alvo de ataques terroristas
associar-se-ia tamb m ao eventual interesse da Al Qaeda, ainda não evidenciado,
em aprofundar a cisão entre o Ocidente e o Islã, induzindo, por meio da ameaça
terrorista, países que, a exemplo do Brasil, não se engajaram diretamente nas aç es
militares lideradas pelos Estados Unidos, após o 11 de Setembro
Portanto, a possibilidade de o Brasil vir a ser diretamente alcançado pelo
terrorismo vincula-se mais
exist ncia de condiç es que possam convert -lo em
palco de atentados, sendo mais remotas as perspectivas de que venha a ser alvo de
aç es, o que depende, nas presentes circunstâncias, do cálculo estrat gico de parte
das principais organizaç es terroristas, em particular, a Al Qaeda.
Portanto, os vínculos estabelecidos, a partir do Brasil, com o terrorismo
transnacional
relacionam-se,
primordialmente,
com
causas
e
movimentos
extrarregionais, mas que encontram, no território brasileiro, condiç es favoráveis a
atividades diversas como recrutamento, treinamento, ref gio, acesso a recursos
materiais e financeiros e demais facilidades para o planejamento de aç es
terroristas.
Ainda assim, as conex es entre organizaç es criminosas em território
brasileiro, de um lado, e, de outro, organizaç es cong neres, movimentos
guerrilheiros e grupos terroristas presentes em países vizinhos devem merecer
especial atenção por ensejar a possibilidade de aquelas virem a incorporar o
terrorismo em sua atuação no plano dom stico. Sob tal perspectiva, o país estará
confrontando o desafio de lidar com a simbiose entre as estruturas do crime
organizado e as táticas terroristas, sem que sejam evidentes, ou mesmo
necessários, eventuais vínculos com o terrorismo transnacional.
Pode-se supor que um ataque terrorista no Brasil teria uma repercussão sem
par devido ao ineditismo de ações do terrorismo transnacional no país Al m disso,
existem outros fatores que contribuem para a percepção do Brasil como um
potencial alvo, a exemplo do anseio do país por ingressar no clube das grandes
potencias Isso poderá ser entendido como o Brasil tendo que adotar posição mais
neutra ou contra o mundo árabe, fazendo despertar a ira de grupos islâmicos
violentos.
A favor do Brasil conta a existência de alguns fatores que contribuem para que
o país não seja considerado alvo de grupos terroristas
55
- a política externa tem sido voltada para a resolução de conflitos pela forma
diplomática e empregando as Naç es Unidas e outros organismos regionais como
principais árbitros das disputas entre países
- a tolerância do brasileiro a culturas externas certamente contribuiu para o
“carinho árabe” e islâmico pelo Brasil;
- o futebol brasileiro
muito apreciado por esses mesmos países, que v em o
Brasil como uma potencia acessível a eles nesse esporte e
- a miscigenação racial do Brasil permitiu a esses povos uma integração maior,
normalmente no sentido homem árabe x mulheres caucasianas brasileiras,
permitindo-lhes ter casamentos com mulheres fora de seu círculo sociocultural, fato
aceito pelos muçulmanos o oposto, não
56
6 O EMPREGO DO 1º Btl DQBRN EM GRANDES EVENTOS
6.1 GENERALIDADES
Um possível cenário esperado para a atuação do 1º Btl DQBRN nos grandes
eventos é a possibilidade de contaminação por agentes químicos, biológicos,
radiológicos e nucleares, combinados ou não com a detonação de artefatos
explosivos, o emprego sistemático de dispositivos explosivos improvisados e de
dispositivos de dispersão radiológica, que exijam a pronta detecção e a eficaz
proteção QBRN de todos os envolvidos no evento.
Acredita-se que os incidentes QBRN associados às ações terroristas seriam
caracterizados como os “piores cenários”, contra os quais haveria pequenas
chances de defesa e cujas conseqüências seriam difíceis de gerenciar. Em um
atentado não declarado, as equipes de emergência deveriam estar atentas e
adestradas ao reconhecimento imediato das evidências do uso de agentes QBRN.
Apesar disso, os danos causados por um atentado QBRN poderiam ser difíceis
de quantificar e poderiam extrapolar as capacidades das tropas de DQBRN, sendo
necessário, nestes casos, o apoio de órgãos de defesa civil, órgãos de segurança
pública e integrantes da CNEN e do SIPRON.
6.2 5º JOGOS MUNDIAIS MILITARES
A missão do 1º Btl DQBRN, àquela época Cia Def QBN, nos 5º Jogos Mundiais
Militares foi prover, por meio das varreduras químicas, biológicas, radiológicas e
nucleares, a segurança das delegações, áreas e vilas esportivas, hoteis e
instalações que foram utilizadas pelos delegados, técnicos, atletas, árbitros e
autoridades diversas, bem como os deslocamentos oficiais destes, no período de 8 a
28 de julho de 2011, nas cidades do Rio de Janeiro, Resende, Seropédica e Paty do
Alferes e em conformidade com as prioridades e análises de riscos levantadas pelos
canais de inteligência.
O Comandante da Companhia de Defesa Química, Biológica e Nuclear foi o
Coordenador das varreduras dos 5º JMM, tendo como adjuntos no Centro de
Coordenação de Operações e eventuais substitutos, o Subcomandante da Cia
DQBN e o Oficial de Operações da Cia Def QBN.
Para o cumprimento desta missão a Cia Def QBN realizou as seguintes
atividades:
57
1. Compôs a Força Tarefa de Defesa Química, Biológica, Nuclear,
Radiológica e de Explosivos do EB;
2. Realizou, sob coordenação do CCOp as varreduras QBRN preliminares
nos locais de competição, atividades e alojamentos de atletas, priorizando suas
ações da seguinte forma:
- Prio 1: Vilas Olímpicas e Hotéis;
- Prio 2: Arenas Civis;
- Prio 3: CIOC, CCOp e CCTI; e
- Prio 4: Arenas Militares e outros locais.
3. Após as varreduras preliminares, manteve a seguinte distribuição de
equipes de varreduras com capacidade para detectar, identificar, isolar, amostrar e
descontaminar:
- 01 (uma) equipe de varredura no ginásio do Maracanãzinho para
atuar em demandas dos ginásios do CMRJ e do próprio Maracanãzinho;
- 01 (uma) equipe de varredura na Barra da Tijuca, em coordenação
com o IRD, para atuar em demandas na Arena HSBC e no Parque Aquático Maria
Lenk;
- 01 (uma) equipe de varredura no Estádio Olímpico João Havelange
para atuar em demandas deste estádio;
- 01 (uma) equipe de varredura no CCOp para atuar em demandas do
Centro de Gestão do Centro Integrado de Operações Conjuntas, do próprio Centro
de Coordenação de Operações e do Centro de Coordenação Tático Integrado;
- 01 (uma) equipe de varredura em prontidão e baseada na Cia Def
QBN para atuar em prol do Destacamento Contra Terror da Brigada de Operações
Especiais;
- 02 (duas) equipes de varredura da Cia Def QBN em prontidão durante
os jogos e baseadas na Cia Def QBN para atuarem em áreas não contempladas
com especialistas em Defesa QBRN, sendo que uma delas em condições de atuar
como equipe de coleta de amostras. Estas mesmas equipes ficaram ECD serem
embarcadas e transportadas por meios terrestres ou aéreos, para atuar tanto em
arenas situadas na cidade do Rio de Janeiro, como em arenas situadas em outras
cidades;
- O Pelotão de Descontaminação e o Pelotão de Operações da Cia
DQBN permaneceram de prontidão durante os jogos e baseados na Cia DQBN,
58
estando em condições de serem embarcados e transportados por meios terrestres
ou aéreos, para atuarem em conjunto, em arenas situadas na cidade do Rio de
Janeiro, ou em arenas situadas nas demais cidades.
Imediatamente após as varreduras preliminares das equipes QBRN, as
Organizações Militares com encargos de segurança das instalações dos 5º JMM
ficaram responsáveis por garantir a continuidade da nova condição de segurança
estabelecida, através dos controles de acesso.
No instante em que o controle de acesso assumia o controle das instalações,
logo após a varredura preliminar, todos os trabalhos de varreduras só foram
efetuados por demanda e mediante coordenação do CCOp.
Para os referidos controles de acesso, estas OM contaram com 02 (dois)
militares da Cia Def QBN atuando nos controles de acesso QBRN e 01 (um) militar
no controle de acesso contra explosivos, totalizando 03 (três) militares para cada
acesso principal.
6.2 CONFERÊNCIA RIO + 20
A missão do 1º Btl DQBRN, àquela época Cia Def QBN, durante a Conferência
para Sustentabilidade Rio + 20 foi cooperar com a defesa QBRN do evento
realizando varredura no Riocentro no dia 04 de junho de 2012 e ficou ECD realizar
as demais varreduras em hotéis, aeroportos, veículos oficiais e locais de eventos,
conforme as demandas a definidas pelo Coordenador da Equipe Técnica.
No dia 20 de junho de 2012 foi realizada uma varredura especial no HSBC
Arena em virtude do show oferecido aos chefes de estado. E ainda, a Cia Def QBN
ficou ECD de montar e operar um Posto de Descontaminação Total em local onde
ocorresse algum sinistro envolvendo agentes QBRN.
As atividades de varredura QBRN realizadas pela Cia Def QBN para o
evento da Conferência Rio + 20, ocorreram da seguinte maneira:
1. Varredura preventiva:
- nas cinco salas VIP da Base Aérea e dos dois terminais do Aeroporto
Internacional Antônio Carlos Jobim;
- nos carros dos comboios das autoridades na Base Aérea do Galeão e
no Aeroporto Internacional;
- no Riocentro, antes da entrega da área para a ONU em 04 de junho e
antes do início do evento com os Chefes de Estado em19 de junho;
59
- no HSBC Arena, no dia 20 de junho;
- nas motocicletas envolvidas na escolta dos comboios, no 1º Batalhão
de Guardas;
- nas demais instalações e carros de autoridades (Embaixadores),
conforme demanda, coordenada pelo Coordenador de Varredura do CCTI.
Após a varredura preventiva nas instalações do Riocentro, foi feito o
“fechamento” do local, por meio de rigoroso controle de acesso de entrada e saída
de pessoal e material.
Para realizar o monitoramento, em todos os pontos de
acesso foram posicionados monitores radiológicos em todas as entradas do local.
Figura 16 – Varredura QBRN em comboio de autoridade (2012)
Fonte: 1º Btl DQBRN
2. Durante a entrada do público no local da conferência (Riocentro)
- Militares e civis da Equipe Técnica portavam equipamentos de
detecção e identificação química e radiológica, além dos cães farejadores de
explosivos, da Policia Federal, nos diversos acessos aos locais de evento.
3. Durante o desenvolvimento do evento propriamente dito
- Técnicos do IRD permaneceram com mochilas detectoras e
identificadoras de material radioativo circulando nos locais de evento.
- 04 (quatro) equipes, do CTEx e IRD, permaneceram próximas aos
locais de acesso para auxiliar na identificação radiológica.
- 02 (duas) viaturas do IRD equipadas com monitores radiológicos de
área aturam em apoio ao monitoramento do evento.
Uma Viatura permaneceu
estacionada no portão de acesso de carga, atuando como portal radiológico e a
outra circulando nos arredores do Riocentro, conforme a demanda.
60
- 01 (uma) Viatura protótipo de Reconhecimento QBRN do CTEx, com
equipamentos de detecção radiológica e química de longo alcance ficou circulando
nos arredores do Riocentro.
- 01 (um) sistema de monitoramento de área com detectores químicos
e radiológicos foi instalado em local estratégico do Riocentro.
6.3 COPA DAS CONFEDERAÇÕES
A missão do 1º Btl DQBRN na Copa das Confederações FIFA 2013 foi a de
assessorar, apoiar e atuar de forma preventiva e reativa nos eventos que
ocorressem durante a competição, por meio das equipes de defesa QBRN, na
segurança das delegações, hotéis, estádios, locais de treinamento, aeroportos,
veículos e instalações que foram utilizadas pelas seleções e/ou autoridades
diversas, nas cidades sedes e em conformidade com as prioridades e análises de
riscos levantadas pelo Escalão Superior.
Esta missão imposta norteou as diversas atividades que o Btl realizou ou ficou
ECD realizar durante o evento, que dentre as quais se destacaram:
1. Planejar, coordenar e executar, mediante coordenação com o Centro de
Coordenação Tático Integrado das cidades-sede, as medidas preventivas de
varredura QBRN nas cidades do Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG) e Recife
(PE);
2. Planejar, coordenar e executar, mediante coordenação com o CCTI, as
medidas reativas de neutralização e ou desativação de Dispositivos de Dispersão
QBR;
3. Reconhecer, identificar e demarcar áreas contaminadas por agentes
QBRN, SFC;
4. Planejar e coordenar as medidas reativas de descontaminação
nas
cidades sob sua responsabilidade;
5. Realizar as ações reativas de emprego em caso de crise, determinadas
pelo Coordenador Geral DQBRN;
6. Ficar ECD coordenar com as demais FS, os OSP e a Defesa Civil as
medidas preventivas de varredura QBRN e as ações de detecção, redução de
efeitos, descontaminação e outras medidas ativas e passivas de proteção;
7. Ficar ECD operar nas demais cidades-sede, SFC;
8. Ficar ECD coordenar o emprego de meios DQBRN oriundos das demais
61
FS e dos OSOP em sua área de atuação;
9. Apoiar a capacitação e o adestramento dos recursos humanos a serem
empregados nas Forças DQBRN de Resposta Imediata;
O 1º Btl DQBRN compôs três grupamentos para atuação na Copa das
Confederações, sendo 01 (um) grupamento formado por 60 (sessenta) militares para
atuarem na cidade do Rio de Janeiro e outros 02 (dois) com o efetivo de 40
(quarenta) militares cada um para atuarem nas cidades de Belo Horizonte e Recife.
Cada grupamento foi formado em sistema de Força-Tarefa e contou com elementos
de reconhecimento e identificação QBRN, de descontaminação e de logística, com
capacidade de realização de tarefas nas áreas citadas.
Para a atividade de descontaminação, em caso de emergência QBRN durante
os jogos, foi planejado a montagem de Postos de Descontaminação de Pessoal da
seguinte forma:
1. Na cidade do Rio de Janeiro: nos dias de jogos no estádio do Maracanã,
o Posto de Descontaminação de Pessoal ficou embarcado em Viaturas 5 Ton, ECD
ser desdobrado em no máximo uma hora no campo de futebol do Estádio Célio de
Barros, no complexo do Maracanã, ou nas imediações do estádio;
2. Recife: ECD ser desdobrado nas proximidades da Arena Pernambuco a
pedido do CCTI local;
3. Belo Horizonte: ECD ser desdobrado nas proximidades do Estádio do
Mineirão a pedido do CCTI local;
Caso
houvesse
a
necessidade
de
montagem
dos
Postos
de
Descontaminação durante os eventos da Copa das Confederações, estes só teriam
capacidade de realizar a descontaminação de pessoas. Além disso, operariam com
um efetivo reduzido de cerca de doze militares, sem capacidade de revezamento, e
deveriam contar com o auxílio de instituições locais para o seu funcionamento, como
o caminhão cisterna do Corpo de Bombeiros para o abastecimento de água.
As possibilidades de emprego do 1º Btl DQBRN estiveram diretamente ligadas
às possibilidades de uso, deliberado ou acidental, de agentes QBRN combinados ou
não a artefatos explosivos. Além disso, o 1º Btl DQBRN foi empregado na realização
de varreduras QBRN (procedimento preventivo). As varreduras QBRN foram
realizadas mediante solicitação do Coordenador QBRN e em coordenação com
outras instituições que possuíam meios DQBRN.
62
Durante
o
trabalho
de
monitoração
QBRN,
foram
empregados
simultaneamente detectores de agentes químicos e de agentes radiológicos. A
varredura biológica seria realizada, SFC, por meio da coleta de amostras e análise
inicial pelas OM DQBRN e remetidas para análise pelo Laboratório Móvel do CTEx,
no caso de ocorrências no Rio de Janeiro.
No caso de recolhimento de amostras nas cidades de Belo Horizonte e Recife,
estas seriam enviadas, por meio dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública das
diversas sedes, para análise nos laboratórios do IBEx, da FIOCRUZ, ou outro
laboratório credenciado para tais análises, conforme protocolo estabelecido em cada
sede e em coordenação com o CCTI.
A varredura QBRN ocorria em três momentos, conforme solicitação do CCTI:
varredura prévia nos estádios, centros de treinamento, hotéis, aeroportos e outros a
cargo do Coordenador de Varredura do CCTI; durante a entrada do público no local
do evento; e durante o desenvolvimento do evento propriamente dito.
Durante as atividades do 1º Btl DQBRN na Copa das Confederações, as
principais dificuldades encontradas foram:
1. Durante as varreduras QBRN nos estádios, foram encontradas algumas
portas fechadas nos locais de interesse como áreas VIP, VVIP, vestiários e locais de
imprensa. As salas não vistoriadas foram identificadas com etiquetas e lançadas no
recibo de vistoria;
2. Houve retardo para o início do controle de acesso após a realização das
varreduras em alguns estádios, pois conforme as equipes terminavam os trabalhos,
ainda não haviam pessoas no estádio ECD de garantirem a segurança dos locais
vistoriados;
3. Durante as varreduras QBRN nos estádios foram encontrados locais
com muitos entulhos e materiais de obras, o que impossibilitou o acesso das
equipes de varredura a alguns locais dentro do estádio.
As principais lições aprendidas com atuação do Btl nesse grande evento foram
as seguintes:
1. Há necessidade de somente iniciar os trabalhos de varredura se houver
a garantia por parte dos administradores do local do rígido controle de acesso logo
após os trabalhos de vistoria;
63
2. É de grande importância o acompanhamento das equipes de varredura
por um guia conhecedor do local, em especial nos estádios, e principalmente com os
responsáveis pela abertura de portas portando as respectivas chaves;
3. É importante o planejamento da segurança dos deslocamentos das
equipes de varredura, que por vezes se deslocam com pouco efetivo, de madrugada
e em locais de risco na cidade do Rio de Janeiro.
4. A utilização de tropas não especializadas em DQBRN para a realização
de vistorias visuais em locais não prioritários dentro dos estádios, otimizou os
trabalhos e permitiu que a tropa especializada realizasse um trabalho específico em
locais críticos.
Figura 17 – Varredura QBRN no estádio do Maracanã (2013)
Fonte: 1º Btl DQBRN
Ainda, foram verificadas algumas oportunidades de melhorias, elencadas a
seguir:
1. É necessária a utilização de equipamento rádio eficiente ou até mesmo
celulares funcionais para todas as equipes de varredura, pois estas atuam na
maioria das missões, isoladamente, e em longas distâncias espalhadas pela cidadesede, para proporcionar melhor comando e controle das atividades realizadas e
contar com as informações em tempo real;
2. É importante que aconteça o treinamento de praças do serviço de saúde
para atuação junto com a tropa DQBRN na triagem médica inicial em um Posto de
Descontaminação, pois só ocorreu tal treinamento para os oficiais de saúde;
64
3. Há necessidade de treinamento prévio de militares nas diversas sedes,
visando eventos futuros, para realizarem ações de varredura QBRN e auxiliarem na
composição do Posto de Descontaminação, tendo em vista o pequeno efetivo de
tropas QBRN em relação ao número de sedes e as missões a serem realizadas em
cada uma delas; e
4. Há necessidade de balizar e até mesmo interditar áreas próximas aos
estádios que foram reconhecidas previamente como possíveis locais para
montagem dos Postos de Descontaminação, pois durante os jogos, via de regra, tais
áreas costumam ser utilizadas para outros fins.
Figura 18 – Varredura QBRN na arquibancada do estádio do Maracanã (2013)
Fonte: 1º Btl DQBRN
6.4 JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
A missão do 1º Btl DQBRN na Jornada Mundial da Juventude, no ano de 2013,
foi realizar a Defesa QBRN do evento e cooperar com a neutralização ou
desativação de dispositivos explosivos improvisados em apoio às ações de
prevenção e combate ao terrorismo, coordenada pelo Comando de Operações
Especiais do Exército Brasileiro.
As principais atividades realizadas pelo 1º Btl DQBRN para cumprir a missão
imposta foram as seguintes:
1. Realização de varreduras preventivas QBRN em instalações por onde o
Papa Francisco passaria na cidade do Rio de Janeiro (Residência Oficial do
Sumaré, Palácio Guanabara, Catedral do Rio, Palácio São Joaquim, Teatro
Municipal, Base Aérea do Galeão, III COMAR, Altar de Copacabana, Forte de
Copacabana, Riocentro e Quinta da Boa Vista);
65
2. Participação no controle de acesso dos eventos, realizando a detecção
QBRN de pessoas, viaturas e materiais;
3. Pré-posicionamento de 03 Postos de Descontaminação no bairro de
Copacabana para apoio aos eventos realizados no Altar montado na praia;
4. Instrução DQBRN para militares da AD1 sobre os procedimentos em
caso de crise envolvendo emprego de agentes QBRN durante os eventos em
Copacabana;
5. Monitoramento radiológico realizado com equipamentos portáteis para
os eventos ocorridos na Praia de Copacabana;
6. Constituição de equipes de pronta-resposta DQBRN ECD ser
empregada em qualquer emergência envolvendo agentes QBRN.
7. Monitoramento químico de toda a orla de Copacabana realizada por
equipe dotada de equipamento de scanner de área;
Dentre os ensinamentos colhidos da participação do 1º Btl DQBRN na defesa
QBRN da Jornada Mundial da Juventude, destacam-se os seguintes:
1. A realização de Operações Interagências proporcionando a integração
de várias instituições possuidoras de capacidades DQBRN, tais como a Policia
Federal, a Receita Federal, o Grupamento de Operações com Produtos Perigosos
do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, o Esquadrão Anti-bombas da
Coordenadoria de Recursos Especiais da Policia Civil do Estado do Rio de Janeiro e
a Comissão Nacional de Energia Nuclear.
2. A centralização dos meios DQBRN disponíveis sob a coordenação do
Exército Brasileiro;
3. A padronização de protocolos de procedimentos em caso de emergência
QBRN entre todas as agências participantes da segurança do evento;
4. A Possibilidade de identificação das vulnerabilidades da tropa DQBRN,
principalmente em pessoal e material, visando o emprego em eventos futuros.
5. A utilização do Sistema de Monitoramento Cobra, com o auxílio do
Centro Tecnológico do Exército, que permitiu a transmissão de dados das diversas
atividades realizadas pelo 1º Btl DQBRN em tempo real para o Centro de
Coordenação montado no Palácio Duque de Caxias.
6. A realização de exercícios simulados interagências proporcionou o
conhecimento mutuo das capacidades de cada instituição e o treinamento de
66
protocolos de procedimentos previamente firmados, contribuindo para uma grande
integração de todos os órgãos participantes durante o evento;
7. Reuniões e reconhecimentos DQBRN realizados com todos os
responsáveis dos locais de
eventos permitiram um planejamento detalhado do
emprego do Btl e facilidade na execução das atividades.
Figura 19 – Reunião de coordenação DQBRN no Palácio Duque de Caxias (2013)
Fonte: 1º Btl DQBRN
6.5 COPA DO MUNDO
A missão do 1º Btl DQBR foi participar da Defesa QBRN do evento e cooperar
com a neutralização ou desativação de dispositivos explosivos improvisados em
apoio às ações de prevenção e combate ao terrorismo, coordenada pelo Cmdo Op
Esp do EB, durante a Copa do Mundo FIFA 2014.
Para o cumprimento da missão da Copa do Mundo, as forças DQBRN foram
divididas da seguinte forma:
1. Força de Resposta Orgânica: constituída pelas forças de segurança
convencionais presentes no local dos eventos, com treinamento mínimo em DQBRN
para a realização das primeiras medidas.
2. Força de Resposta Imediata: tropas especializadas em DQBRN do EB e
da MB nas cidades-sede com materiais leves ECD de minimizar danos.
3. Força de Resposta a Emergências: composta pelo 1° Btl DQBRN, para
atuação estratégica, de DQBRN, composta de material e equipamentos pesados,
para atuação em todo o Território Nacional.
67
4. Equipes de Saúde de DQBRN (subordinada aos Dst QBRN): compostas
por militares do serviço de saúde, mobilizados e designados nas cidades-sede.
Tiveram por atribuição planejar, instalar e operar, mediante coordenação com o
CCTI e com o Coordenador Geral DQBRN, um posto de triagem e atendimento
médico de urgência, junto aos Postos de Descontaminação Total, de vítimas
expostas a agentes QBRN.
Esses grupamentos de forças possuíam as seguintes capacidades:
1. Realizar a análise das possibilidades de emprego de agentes QBRN, a
fim de identificar as vulnerabilidades;
2. Executar varreduras QBRN;
3. Dar o alarme e realizar o reporte de ameaça QBRN;
4. Realizar a detecção, a coleta de amostras, a identificação limitada e o
monitoramento de agentes QBRN;
5. Realizar o gerenciamento do dano QBRN e de dispersão radiológica;
6. Cooperar com a neutralização ou desativação de dispositivos explosivos
improvisados;
7. Realizar a descontaminação QBRN.
É importante ressaltar que as ações do 1º Btl DQBRN durante a Copa do
Mundo estiveram pautadas na Intenção do Coordenador Geral DQBRN, que foram:
1. Ter foco nas ações preventivas e proativas;
2. Ter como objetivo intrínseco transmitir para a população nacional e
internacional a sensação de segurança durante todo o evento;
3. Buscar a baixa visibilidade nas ações, de forma que o evento em si seja
o centro das atenções;
4. Evitar danos colaterais nas ações reativas;
5. Envolver todos os órgãos que tem possibilidade de cooperar com a
prevenção e combate ao terrorismo, com DQBRN e Anti-DEI, considerando não
apenas os órgãos públicos da esfera federal, estadual e municipal, como também
órgãos privados e entidades não governamentais.
O 1º Btl DQBRN ficou responsável por atual na defesa QBRN em sete
cidades-sede das doze onde ocorreram jogos da competição, quais sejam: Rio de
Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Porto Alegre e Curitiba. Nessa
sete cidades, havia equipes DQBRN para realização de varreduras, auxílio no
controle de acesso e pronta-resposta para controle de danos.
68
Entretanto, devido à falta de pessoal e material de descontaminação, somente
nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte foram posicionados
materiais para a montagem do Posto de Descontaminação. Em caso de ocorrência
de incidentes envolvendo agentes QBRN em cidades-sede sem este tipo de
material, o Posto de Descontaminação seria transportado por aeronave da FAB para
o local do sinistro.
69
7. CONCLUSÃO
No ensejo da conclusão do presente trabalho, se faz necessário que o
problema levantado para a pesquisa seja relembrado a fim de facilitar sua
confirmação. Em consequência, nota-se que na apreciação inicial foi inferido de que
maneira a atuação do 1º Btl DQBRN pode ser relevante na segurança de grandes
eventos no Brasil. Foi levantado ainda que a forma de atuação do 1º Btl DQBRN
pode cooperar na defesa QBRN de forma a minimizar a possibilidades de ocorrência
de sinistros que envolvam agentes QBRN em tais eventos.
Durante o desenvolvimento do trabalho foi possível levantar o histórico, a
missão, a estrutura, as possibilidades e limitações do 1º Btl DQBRN. Pôde-se
verificar as principais operações e eventos em que a Unidade foi empregada nos
últimos anos. Ainda, foi possível verificar de que maneira a OM está estruturada
para o cumprimento das diversas missões impostas, dentre elas a segurança QBRN
de Grandes Eventos internacionais ocorridos no Brasil. Verificou-se também que a
transformação da OM de Cia para Btl, ocorrida no final do ano de 2012, aumentou
sua capacidade operativa e suas possibilidades de emprego.
Foi verificada a missão e a participação do Exercito Brasileiro em
coordenação com diversas instituições civis e militares para a garantia da segurança
desses Grandes Eventos. Dentro da missão do EB, o 1º Btl DQBRN participou da
defesa QBRN desses eventos realizando varreduras preventivas QBRN combinadas
com inspeções anti-bombas realizadas por outros Órgãos em diversas instalações
como hotéis, aeroportos, estádios, locais de cerimônia, salas VIP e ainda em
comboio de autoridades. Coube ainda ao Btl auxiliar no controle de acesso durante
os eventos realizando o monitoramento químico e radiológico de pessoas, materiais
e viaturas.
Além das medidas preventivas, o 1º Btl DQBRN manteve durante todos os
principais eventos equipes de pronta-resposta com capacidade de reagir a um
incidente envolvendo agentes QBRN, habilitadas ao rápido reconhecimento e
identificação de agentes, à demarcação e predição de áreas contaminadas, à coleta
de amostras e às medidas de descontaminação de emergência e de redução de
danos.
Para uma possível atividade de descontaminação, manteve sempre no
mínimo um Posto de Descontaminação embarcado em viaturas, ECD ser montado e
operado nas proximidades de onde ocorresse o sinistro. Cabe salientar que, para as
70
atividades na Praia de Copacabana durante a Jornada Mundial da Juventude, o 1º
Btl DQBRN ficou ECD de montar e operar três Postos de Descontaminação,
simultaneamente, se fosse este o caso, capacidade adquirida após grande aquisição
de material de descontaminação QBRN no ano de 2013.
Foi verificado também que a defesa QBRN dos Grandes Eventos está
ligada, principalmente, à possibilidade de ataques terroristas, devido à grande
visibilidade internacional das atividades realizadas no Brasil. Apesar do caráter
pacifista do povo brasileiro, existe histórico de terrorismo durante a luta armada no
país, além de uma seqüência de ataques terroristas ocorridos pelo mundo nas
últimas décadas, em especial em eventos esportivos de grande monta. Por conta
disso, o 1º Btl DQBRN foi empregado, na maioria dos eventos, sob controle
operativo do Cmdo Op Esp do EB, Grande Unidade que ficou responsável pela
coordenação das atividades antiterror nesses eventos.
É importante ressaltar que a doutrina de emprego de tropas DQBRN em
eventos dessa natureza é inexistente, ficando o emprego das frações do Btl à mercê
da experiência de militares mais antigos e que já vivenciaram atividades afins ou à
realização de ações baseadas em relatórios e indicação de documentação extraoficial. Considera-se de fundamental importância a confecção de Instruções
Provisórias e Manuais de emprego do Btl, a partir dos ensinamentos colhidos nos
eventos listados no capitulo 6 deste trabalho, como forma de padronização e
melhoria de procedimentos.
Por fim, conclui-se que o 1º Btl DQBRN vem sistematicamente cumprindo o
seu papel de apoio ao Exército Brasileiro na defesa QBRN em Grandes Eventos
internacionais, contribuindo para minimizar as possibilidades de ocorrência de
sinistros que envolvam agentes QBRN em tais eventos.
___________________________
Maj Inf Rogério Gomes Marques
71
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O emprego do 1º Batalhão de Defesa Química, Biológica