PROJETO BARRAGENS Ano II | N º 13 | JULHO de 2014 PROJETO BARRAGENS MEIO BIÓTICO Ano II | N º 13| Julho de 2014 Cuidado especial com animais e plantas 02 03 Centro receberá animais resgatados Laboratórios avaliam qualidade da água 1 Ano II | N º 13 | JULHO de 2014 PROJETO BARRAGENS Animais resgatados nas áreas das barragens serão acolhidos em centro especial Além do cuidado com as pessoas e com o patrimônio histórico e cultural, os animais que habitam as áreas das barragens integrantes do Sistema de Contenção de Enchentes e Prevenção aos Efeitos da Seca do Estado de Pernambuco também recebem uma atenção especial. Eles são monitorados pela equipe do Eixo Meio Biótico do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP), que também é responsável pelo resgate e atendimento dessas espécies. Segundo o biólogo Edson Leal, coordenador do Eixo Meio Biótico, as atividades de monitoramento estão em andamento, já o resgate de fauna só poderá ser iniciado após o cumprimento de todas EXPEDIENTE ITEP - Insituto de Tecnologia de Pernambuco | www.ITEP.br Avenida Professor Luiz Freire, 700, Cidade Universitária, Recife - PE. CEP: 50.740 - 540 PABX: 81.3183.4272 Diretor Presidente Frederico Montenegro Diretor Executivo - Comercial Ivan Dornelas Informativo Projeto Barragens Edição Rossini Barreira (Jornalista DRT - 1.547 - PE) Redação Giselle Silvério - Jornalista DRT - 4.577 - PE Diagramação Karoline Nóbrega Impressão Gráfica FacForm 2 CTAF está em construção no município de Palmares as normas previstas na legislação ambiental, entre elas a criação de um centro de atendimento aos animais. “Conforme instrução normativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), todo empreendimento em que haja necessidade de resgate de fauna deve ter um centro como esse”, esclarece o coordenador. Por isso, está em construção no escritório avançado do Projeto Barragens, localizado às margens da PE-103, em Palmares, o Centro de Triagem e Atendimento à Fauna (CTAF), que será destinado ao atendimento e manejo dos animais resgatados. O CTAF dará apoio às operações de resgate de fauna realizadas nas áreas das barragens, avaliando o estado de saúde e recuperando todos os bichos antes de devolvê-los à natureza. A médica veterinária Polly Ana Lima, do ITEP, que é a responsável técnica pelo local, terá a tarefa de anali- sar cada animal que der entrada no centro. “Além de atendimento adequado, o CTAF garantirá a alimentação ideal para cada espécie bem como a qualidade desses insumos e da água servida aos bichos. Também estamos aptos para notificar as autoridades sanitárias sobre as ocorrências de interesse de saúde pública e animal”, explica Polly Ana. O CTAF terá capacidade ainda para realizar cirurgias e o internamento dos animais e será dotado também de instalações para a manutenção dos bichos temporariamente alojados, como viveiros, terrários, tanques, caixas e recintos. Caso algum animal não apresente condições de retornar ao seu habitat natural, serão feitos contatos com a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) para que ocorra a destinação dos bichos para locais apropriados tais como zoológicos, criadouros, mantenedouros científicos e instituições parcerias. Ano II | N º 13 | JULHO de 2014 PROJETO BARRAGENS Laboratórios do ITEP dão suporte às atividades de campo Profissionais realizam análise das amostras biológicas coletadas A equipe do Eixo Meio Biótico também realiza uma série de atividades laboratoriais dentro do ITEP. A maioria deste trabalho é feito no Laboratório de Ecologia e Biodiversidade (LEcoBio), mas os profissionais também contam com o suporte dos seguintes laboratórios na realização de análises físicas, químicas, microbiológicas, de metais e de resíduos de agrotóxicos para o monitoramento das águas superficiais nas áreas das barragens: Laboratório de Química Analítica (LQA), Laboratório de Ensaios Microbiológicos (LEMI), Laboratório de Agrotóxicos e Contaminantes em Alimentos e Bebidas Alcoólicas (LabTox) e Laboratório de Tecnologia Ambiental (LABTAM). Os biólogos que atuam no LEcoBio são responsáveis pela análise do material biológico que é coletado nos ciclos de expedições. “Realizamos a contagem e a identificação dos organismos presentes no sedimento ou na água colhidos para avaliar, basicamente, se o ambiente está impactado”, afirma a bióloga Renata Castro, do ITEP. De acordo com Renata, estes testes laboratoriais permitem calcular o impacto ambiental gerado nas regiões de construção das barragens. “Muitas vezes não conseguimos visualizar o grau do impacto ambiental durante as visitas em campo. Por isso, o trabalho no laboratório é essencial para aferirmos esses impactos que surgem com o constante aumento da densidade dos rios”, destaca. No LEcoBio, são realizadas análises nas áreas de botânica (plantas), zoologia (animais) e ecologia (meio ambiente). O monitoramento das amostras obtidas durante os ciclos de expedições é feito a cada três meses. 3 Ano II | N º 13 | JULHO de 2014 PROJETO BARRAGENS ITEP monitora animais e plantas Soltura de cobra d’água Com o objetivo de verificar a forma como as plantas e os animais estão sendo afetados pela instalação e operação das obras das barragens, a equipe do Eixo Meio Biótico do ITEP vem realizando uma série de expedições às Áreas de Influência Direta (AID) e Áreas Diretamente Afetadas (ADA) dos empreendimentos. De acordo com o coordenador Edson Leal, o trabalho é essencial para a identificação dos animais que habitam essas regiões. “Realizamos o levantamento da fauna local durante os Estudos de Impacto Ambiental e a preparação do respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima). Contudo, podem existir espécies que ainda não encontramos e que, por isso, não foram registradas na época de realização desses 4 estudos. A implantação dos ciclos de expedições garante um melhor conhecimento da real diversidade faunística e florística ocorrente nessas regiões, além de permitir a avaliação de sua composição, riqueza, diversidade, abundância (relativa e absoluta), dominância e similaridade. Tendo como referência o diagnóstico realizado nos EIA-Rima, poderemos mitigar e/ ou controlar os impactos negativos identificados para o Eixo Meio Biótico”, esclarece o biólogo. Já na primeira visita, realizada entre os dias 1° e 8 de abril passado na barragem Engenho Pereira, no município de Moreno, o grupo conseguiu realizar a identificação e o anilhamento de 103 morcegos de 15 espécies diferentes e 29 aves de 13 espécies distintas, este último através do Sistema Nacional de Anilhamento de Aves Silvestres (ICMBio/CEMAVE). Os profissionais também executaram a marcação de anfíbios, répteis e mamíferos usando brincos, microchips e tinta fluorescente. “Isto permitirá avaliar a dinâmica das populações, isto é, saber se elas são fechadas ou abertas ou ainda se há entrada e saída de indivíduos devido a eventos de imigração, emigração, mortalidade e natalidade. Também poderemos verificar deslocamentos de indivíduos, longevidade de espécies, tamanhos populacionais e de áreas de vida”, explica Edson Leal. Já em relação aos organismos aquáticos, são realizadas coletas da água para análise e também de animais, como peixes. Foram identificadas várias espécies de pequeno e médio porte, a exem- Ano II | N º 13 | JULHO de 2014 PROJETO BARRAGENS plo do carito e a piaba. “Como o curso do rio será alterado com a construção da barragem, é importante a realização do monitoramento trimestral da qualidade da água, das plantas e dos ani- mais aquáticos. Dessa forma, podemos compreender a dinâmica das comunidades existentes na água e como isto pode ser alterado ao longo da construção das barragens”, afirma a bióloga do ITEP Elizabeth Pastich, que é doutora na área de Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos. Já foram realizadas expedições nas barragens Barra de Guabiraba, Serro Azul, Igarapeba, Gatos e Panelas II. Todos os estudos são desenvolvidos seguindo normas do IBAMA. Sessão de captura noturna de morcegos O que é o EIA-Rima? Antes de iniciar grandes obras, como a construção de uma barragem, é necessário realizar um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e um Relatório de Impacto Ambiental (Rima). O objetivo do EIA-Rima é conhecer os meios físico, biótico e socioeconômico para apontar medidas para a redução e/ ou extinção de possíveis impactos ambientais causados pelas obras. Para cada uma das oito barragens em construção, o ITEP elaborou um EIA-Rima diferente. Saiba mais: www.goo.gl/6K2B8P Plantas No âmbito das espécies vegetais, os profissionais realizam atividades voltadas às plantas terrestres e aquáticas. Nesse sentido, há o Programa de Resgate do Germoplasma Vegetal e Conservação da Flora, cujo objetivo é minimizar o impacto gerado pela supressão vegetal nas áreas das barragens. Para que não haja perda de espécies da Mata Atlântica ou Caatinga, biomas encontrados nessas regiões, a equipe do ITEP coleta plantas, frutos e sementes que posteriormente serão plantados em outros locais. “Após essa coleta, o material é analisado no LEcoBio onde fazemos o beneficiamento das sementes, frutos e plântulas, que são plantas recém-nascidas. Depois desse processo, esse material é levado para o viveiro florestal do ITEP, localizado no Engenho Vista Alegre, onde será feita a produção de mudas que serão empregadas no reflorestamento de algumas áreas”, comenta a bióloga Katarina Pinheiro, responsável pela execução do programa. As plantas aquáticas existentes nessas regiões também são monitoradas. Segundo o biólogo do ITEP, Leonardo Xavier, este trabalho é importante para observar e controlar espécies aquáticas que possam causar algum tipo de dano ao ambiente. “Como o meio ambiente está sendo alterado, pode haver um aumento de nutrientes na água, favorecendo o crescimento de diversas plantas aquáticas incluindo espécies daninhas. Na área das barragens há duas espécies consideradas daninhas, a elódea, que é bastante utilizada em aquários, e a baronesa. Logo, é fundamental este monitoramento”, destaca Leonardo. Equipe técnica realiza resgate de germoplasma 5 Ano II | N º 13 | JULHO de 2014 PROJETO BARRAGENS Anfíbios e pequenos lagartos são Para que o monitoramento realizado pelo Eixo Meio Biótico seja executado de forma eficiente, os animais encontrados nas áreas das barragens são capturados e marcados de forma permanente através de técnicas específicas. Após a marcação, os bichos são devolvidos à natureza e, quando forem recapturados em outras campanhas, poderão gerar informações importantes para os pesquisadores. Entre os sistemas de marcação utilizados pela equipe de Fauna Silvestre do ITEP, está o Implante Visível de Elastômero Fluorescente (VIFE). O grupo do ITEP é Marcação de anfíbios com tinta fluorescente 6 Ano II | N º 13 | JULHO de 2014 PROJETO BARRAGENS marcados com sistema inovador pioneiro no estado de Pernambuco na utilização do método, que consiste na aplicação injetável de tinta fluorescente sensível à luz ultravioleta nos animais. O sistema permite desenvolver uma série de identificações únicas com marcas internas extremamente visíveis mesmo quando a pele do animal tem uma cor forte. Os pesquisadores estão utilizando este processo para identificação de anfíbios e pequenos lagartos. O biólogo Igor Tadzio Matias, do ITEP, destaca que esta técnica preserva o bem-estar dos animais, já que não acarreta efeitos colaterais nos bichos. “Essa é uma ferramenta de marcação valiosa na pesquisa por sua eficácia em termos de visibilidade externa e apresenta efeitos mínimos na biologia das espécies, sendo a técnica menos invasiva para os animais atualmente”, explica Igor, que é responsável pelo grupo herpetofauna (répteis e anfíbios) do Eixo Meio Biótico. O biólogo lembra que a técnica mais antiga e usual de marca- ção baseia-se na amputação das falanges, ou seja, de pequenos pedaços dos dedos das patas dos animais. “Corta-se parte do dedo do animal, garantindo que aquele indivíduo seja identificado posteriormente, em caso de recaptura. Já esta nova técnica que estamos utilizando permite marcar os animais de forma permanente de uma maneira muito menos invasiva e danosa, garantindo uma melhor qualidade de vida para os animais submetidos ao estudo”, garante Igor. Conheça outros métodos de marcação de animais Além do implante de elastômetro fluorescente, a equipe de Fauna Silvestre do ITEP também utiliza os métodos de anilhamento, aplicação de microchips e brincos para marcação dos animais. O anilhamento, empregado para marcação de aves, é feito com a colocação de um pequeno anel de metal na pata do animal. “A técnica segue as diretrizes do Sistema Nacional de Anilhamento (SNA) implantado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE), órgão ligado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)”, ressalta o biólogo do ITEP, Pedro Carvalho, que é responsável pelo monitoramento da avifauna. Este método também é usado para marcação dos morcegos. “Aplicamos uma anilha de metal no antebraço de cada morcego capturado”, conta Edson Leal. Técnicos implantam microchip nos bichos Já a implantação de microchips subcutâneos é usada para as cobras e grandes lagartos e proporciona um monitoramento eletrônico do réptil através de um leitor. “O microchip gera um código inscrito a laser que pode ser lido com a ajuda de um scanner”, diz o biólogo Igor Matias, responsável pelo monitoramento dos répteis. A aplicação de micro- chips segue regras internacionais e não causa nenhum malefício ao animal. O método também pode ser utilizado para marcação de médios e grandes mamíferos. Para os pequenos mamíferos, como roedores, o grupo lança mão de brincos aplicados nas orelhas, sistema que também traz resultados eficazes nos mamíferos maiores. 7 Ano II | N º 13 | JULHO de 2014 PROJETO BARRAGENS Técnica automatiza monitoramento de animais Para auxiliar no monitoramento de animais silvestres, os profissionais do Eixo Meio Biótico também utilizam o armadilhamento fotográfico automático, ferramenta nova nesse tipo de estudo. “O emprego dessa técnica é necessário em função da difícil visualização em campo da maioria dessas espécies, muitas das quais são bastante sensíveis à presença humana”, explica o biólogo do ITEP Felipe Gomes, responsável pelos mamíferos terrestres. Resistentes à água, os equipamentos realizam o registro fotográfico dos animais através de sensores infravermelhos que detectam movimentos em um raio de 12 metros. De acordo com Felipe Gomes, as imagens obtidas pro- piciam não só a identificação da espécie fotografada, mas também fornecem informações referentes à data e ao horário do registro. “Isso nos permite conhecer melhor os hábitos e as áreas de uso preferencial dessas espécies, além de possibilitar o conhecimento das regiões prioritárias para o resgate e correta destinação dos animais diretamente afetados pela construção das barragens”, conta. Além de eficientes na identificação de espécies, estes dispositivos não alteram a rotina dos animais. “O armadilhamento fotográfico tem se revelado uma alternativa de pouca interferência no bem-estar das espécies, pois elimina possíveis pertubações físicas e estresse”, diz Felipe. Equipamento instalado na mata capta imagens dos animais Entre os animais que a equipe espera registrar, destaca-se o gato-do-mato-pequeno, espécie globalmente ameaçada de extinção e que é encontrada em áreas de influência de alguns municípios que abrigarão as barragens. EQUIPE EIXO MEIO BIÓTICO ALANE ARAÚJO Bióloga - Fitoplâncton KATARINA PINHEIRO, MSc Botânica - Germoplasma vegetal POLLY ANA LIMA Médica veterinária Animais silvestres JOÃO ERICK ALMEIDA Auxiliar técnico EDSON LEAL, MSc Biólogo (Coordenador do Eixo) Mastofauna alada LEONARDO XAVIER, MSc Biólogo - Macrofitas aquáticas RENATA CASTRO Bióloga - Macroinvertebrados bentônicos JOSÉ HENRIQUE SANTOS Técnico de saneamento ELIZABETH PASTICH, Dra. Bióloga - Tecnologia Ambiental PATRÍCIA BASÍLIO, MSc Bióloga - Zooplâncton RAFAEL DANTAS, MSc Biólogo - Ictiofauna SUZANA MARIA DA SILVA Auxiliar técnica FELIPE GOMES, MSc Biólogo - Mastofauna terrestre PEDRO CARVALHO, MSc Biólogo - Avifauna ISMAEL MACHADO Técnico agrícola TOMAS AZEVEDO Técnico ambiental GLAUCIANE LEMOS Bióloga - Macroinvertebrados bentônicos IGOR TADZIO MATIAS Biólogo - Herpetofauna CURTA O PROJETO BARRAGENS NO FACEBOOK | facebook.com/Projeto.Barragens ATENDIMENTO À POPULAÇÃO: 0800.286.3272 8