Eleições
(editorial escrito para a revista UrbanNews, de Campinas, em 2002)
Não sei quem será o próximo presidente da república, mas já conheço um vencedor
indiscutível destas eleições: a Democracia Brasileira!
Desde o tempo em que supostamente o General De Gaulle teria afirmado que ‘’o
Brasil não é um país sério’’ até o último Domingo dia 06 de outubro, muita coisa mudou
neste país...e mudou para melhor. Sempre ouvi dizer que o brasileiro não sabe votar, mas o
que se viu nesta eleição parece desmentir essa crença! Na verdade, o número de abstenções
e de votos nulos e brancos foi bem menor do que o da eleição de 1998, prova da
maturidade política do eleitor.
Quando analisamos as coisas por esse ponto de vista, ficamos com a certeza de que,
o nome do próximo presidente do Brasil nem é tão importante. O que realmente interessa é
reconhecer que o país avançou muito, apesar de seus inúmeros problemas conjunturais.
Hoje, nosso país é respeitado internacionalmente e a frase jocosa de De Gaulle não passa de
um registro sem importância no anedotário político. Somos uma democracia consolidada,
capaz de resistir às fortes pressões das crises internacionais sem fazer concessões em sua
soberania. Há que reconhecer que soubemos construir instituições democráticas fortes e
capazes de exercitar plenamente o Estado de Direito que é o oxigênio das grandes
democracias liberais!
Muito sintomático também foi o recado que o eleitor enviou aos políticos que teimam
em comportar-se à moda antiga, servindo-se do poder para seus projetos pessoais! Ícones
da velha política foram enviados para casa sem qualquer cerimônia, num sinal claro de que o
eleitor, agora muito mais maduro politicamente, começa a ter dificuldade em tolerar, por
parte dos candidatos, desvios de ética, comportamentos rançosos, posturas menos claras ou
débitos com a lei. É, sem dúvida, um bom sinal. Mudanças de comportamento em
sociedades emergentes são lentas e complicadas, mas o Brasil está dando provas de que
trilha o caminho certo.
Seja quem for o próximo presidente, uma coisa é certa: o brasileiro deve comparecer
às urnas e manifestar a sua vontade como tem feito até aqui! Independentemente de quem
saia vencedor no pleito, mais uma vez, teremos todo o direito de festejar a grande festa da
democracia. O Brasil está deixando de ser o país do futuro para trabalhar na construção do
seu presente! Esse é o papel que cabe a cada cidadão, e é o compromisso que todos
teremos em 27 de Outubro, um compromisso com a consolidação da nossa democracia.
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