2A opinião A GAZETA CUIABÁ, QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2011 Dejamil Abaixo as queimadas C Editorial om o fim do período chuvoso começa o alerta para a temporada de seca e mais uma vez as atenções se voltam para as queimadas. Percorrendo bairros de Cuiabá já é possível flagrar fogo em terrenos baldios. Por enquanto, a fumaça ainda não incomoda, mas basta passar mais alguns dias para que ela se torne a principal vilã dos problemas respiratórios de idosos e crianças. Todo ano a cena se repete, porém a expectativa é que em 2011 seja diferente e autoridades e comunidade serão os grandes responsáveis pelos resultados. Para tentar minimizar os problemas gerados com a queimada, principalmente a urbana, o governo do Estado, em parceria com o Ministério Público, Tribunal de Justiça, O plano do governo e Legislativa, parceiros propõe união Assembleia Tribunal de Contas, de esforços para uma Associação Mato-grossense ação preventiva de dos Municípios (AMM) e o Comitê Estadual de Gestão educação ambiental do Fogo, lançou na semana passada o programa integrado Mato Grosso Unido Contra as Queimadas, antecipando-se ao problema que anualmente coloca Mato Grosso no cenário nacional, com índices assustadores de focos de calor e destruição, como ocorreu com a cidade de Marcelândia no ano passado e que até hoje tenta recuperar as perdas materiais. O plano do governo e parceiros propõe união de esforços para uma ação preventiva de educação ambiental envolvendo os poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, nas esferas estadual e municipal, e representantes da sociedade civil. O objetivo é levar à população informações sobre os malefícios do uso indiscriminado do fogo nas áreas rurais e urbanas. Os trabalhos serão didáticos com a distribuição de vídeos educativos, cartazes, gibis, entre outros meios, utilizados para a propagação de atitudes que visam o bem-estar da comunidade nesta época do ano. No primeiro quadrimestre de 2011, o sistema de monitoramento de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 3,174 mil focos de calor em Mato Grosso. O número é 55,1% menor do que o registrado no mesmo período em 2010 e está atribuído especialmente ao período de maior quantidade de chuvas, que dificulta a queima, principalmente de vegetação, que causa maior destruição. Com todas as ações programadas pelo governo, espera-se no mínimo que os registros sejam menores e que a população preste a atenção aos males provocados pelo fogo e pela fumaça, não somente à saúde, mas também com a degradação do solo e da perda de vegetação, e, especial nas Áreas de Preservação Permanente (APP). Além dos trabalhos de divulgação de dados sobre as queimadas e suas consequências, o programa realiza audiências públicas de caráter preventivo para debater a educação ambiental. O evento já foi realizado em Rondonópolis e Cuiabá, e acontece hoje em Sinop. Também receberão os técnicos as cidades de Tangará da Serra, Juara, Juína, Aripuanã, Alta Floresta, Guarantã do Norte, São Félix do Araguaia, Canarana e Cáceres. É importante a participação de toda a comunidade, para quem sabe, fazer com que Mato Grosso tenha um 2011 diferente de anos anteriores. Enquete RESULTADO FINAL Você aprova a instalação de radares em algumas BRs de Mato Grosso? Sim. O brasileiro só obedece quando mexe com seu bolso, como, além de multas. Nosso povo é muito indutível, até pelo excesso de bebidas. É lamentável, mas necessário. Sim. Se fossem educados e respeitassem o limite de velocidade, não existiriam radares para aplicar multas. Assim com nas BRs, aqui em Cuiabá está precisando de emergência. NEUZÉLIA PEREIRA DE SOUZA, 43, ESTUDANTE SILBENE REGINA, 33, SIM. Esses equipamentos têm que ser colocado nas BRs e, em Cuiabá. Os motoristas só respeitam o trânsito quando gera multas dos radares. MARLENE MACHADO, 72, DONA DE CASA ESTUDANTE Empreiteiras O mundo vai girando, o tempo passando e os acontecimentos mudando. Quando criança morava em uma enorme casa na Rua do Campo. A parte dos fundos dava para a Rua da Fé. O meu pai resolveu dividi-la e ficamos com a parte dos fundos. A da frente foi alugada. O inquilino desse produto cirúrgico de engenharia era uma construtora do Rio de Janeiro - Coimbra GABRIEL NOVIS NEVES Bueno. Por essa ocasião, conheci os então jovens engenheiros José Garcia Neto, Cássio Veiga de Sá e muitos outros que trabalhavam para a construtora carioca. Eles não eram cuiabanos, mas adotaram Cuiabá como a terra de seus corações. Garcia Neto fincou raízes profundas nesta cidade. Foi prefeito, deputado federal por dois mandatos, vice-governador e governador de Mato Grosso. O doutor Cássio foi responsável pelas maiores obras desta cidade. Professor fundador do curso de Engenharia Civil da UFMT, lecionou até se aposentar. A empreiteira Coimbra Bueno foi responsável pelas maiores obras realizadas pelo interventor Júlio Müller. Claro que muitos outros nomes importantes daquele período não foram citados e, antecipadamente, peço que me desculpem. Com o mundo girando e o tempo passando, empreiteiras de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, aliadas às nossas, que começavam a surgir, fizeram desaparecer a nossa Coimbra Bueno de Cuiabá. Nesse momento histórico do nosso crescimento, houve uma migração acentuada de empreiteiras do sul do Brasil. Coincidentemente, começamos a reparar uma queda brutal da qualidade nas obras públicas. Todas as obras realizadas até quase o final século XX estão aí para a nossa admiração, embora sem a necessária e obrigatória manutenção. As atuais, na sua maioria, se revelam um grande engodo. Exemplo disso é a duplicação e pavimentação asfáltica de um trecho da rodovia que liga Cuiabá até a entrada para o balneário de Manso. Antes mesmo de ser inaugurada, já apresentava sinais de serviço malfeito. “ O que ninguém sabe, e quer saber, é o porquê de tanta insistência em fazer obras não duradouras Após seis meses de uso, a rodovia precisa de um reforma total e urgente. A estrada pavimentada que vai da Chapada ao rico município de Campo Verde simplesmente não existe mais. Essas obras foram executadas por empreiteiras de absoluta confiança do nosso governo. O custo não foi abaixo do praticado pelo mercado. Então não dá para justificar o injustificável. Um engenheiro da secretaria responsável pela obra admitiu que houve falhas na fiscalização. O sindicato dos empreiteiros confessa que os projetos licitados são mal feitos, e a firma ganhadora da obra não pode corrigir as imperfeições, e, às vezes, recebe ordens do contratante para ‘ajustar‘ o projeto ao valor que o Estado tem em caixa. O resultado desse plano de aplicação em obras é esse desperdício dos nossos recursos públicos. Todo o asfalto feito em estradas no interior, sempre louvado pelo governo por seus preços baixíssimos e de ótima qualidade, também não existe mais. O atual governo - que já ultrapassa oito anos - até agora não justificou os seus métodos modernos de gestão. As imagens calamitosas das nossas rodovias estão no Jornal Nacional - onde temos espaço quase que diário. Não escrevo ficção, mas a nossa realidade nua e crua. Que as nossas obras públicas são caríssimas e de péssima qualidade, todos sabem, todos veem. O que ninguém sabe, e quer saber, é o porquê de tanta insistência em fazer obras não duradouras. Todas as obras da Copa estão atrasadas em relação ao cronograma ajustado entre a Fifa, governo federal e estadual. O novo presidente da Agecopa, numa previsão otimista, admitiu um atraso de sete meses na construção da Arena Pantanal. Solicitou que essa obra fosse tocada em três turnos. E as outras, que nem começaram? Sem projetos e sem dinheiro, as empreiteiras não conseguirão executar as obras em tempo útil. Talvez um show de aditivos (esperado por todos), resolva o problema, e enterre o Estado definitivamente. São Benedito! Iluminai essas decisões! GABRIEL NOVIS NEVES É MÉDICO EM CUIABÁ E ESCREVE NESTE ESPAÇO ÀS QUINTAS-FEIRAS. E-MAIL: [email protected] A indecisão e o eterno U m dos grandes problemas que afligem a humanidade é a incapacidade de decisão. Obviamente, decisão envolve escolha. E escolha envolve renúncia. Talvez aí esteja o foco do problema. A banda Charlie Brown Jr tem uma canção intitulada ‘Lutar pelo que é meu‘, CLAUDINET ANTÔNIO COLTRI JÚNIOR onde há um verso que diz: ‘a cada escolha, uma renúncia, isso é a vida‘. Chorão, autor da música, foi até muito bonzinho. Quando fazemos uma escolha, via de regra, não há só uma renúncia, mas há todo o resto de coisas ou pessoas que dizem respeito àquela situação. Quando escolhemos alguém para vivermos juntos, renunciamos a todas as outras (muito embora muita gente se esqueça disso). Deixamos de ser ‘bem Mato Grosso’, pois não podemos mais suspirar pela morena e pela loirinha. Tem que ser uma ou outra. E não pode mais ser qualquer loirinha ou morena, tem que ser aquela que você escolheu. Quando escolhemos um carro, é do mesmo jeito, renunciamos a todos os outros. Quem tem dinheiro sobrando, ainda pode escolher uns dois, três ou quatro carros, mas de qualquer forma, ‘desescolhe’ uma porção de outros. Desta feita, olhando por este ângulo, pode nos parecer que mais perdemos do que ganhamos, quando escolhemos. Abrimos mão do tudo para ficarmos com pouco. Esse tipo de pensamento, muitas vezes, nos invade inconscientemente e nos faz passar uma sensação de ansiedade, pelo medo de escolher errado, de perder. Assim, então, somos invadidos pela indecisão. Temos um dilema, um ‘trilema‘, um ‘tetralema‘, um ‘pentalema‘, sei lá. Qual caminho é o melhor? Casar, viajar, ter filho, estudar ou comprar uma bicicleta? Quando investir tempo na carreira? Quando investir na família? Quando? Quanto? Como? Com quem? O quê? Pra quem? Por quê? Para livrarmos nosso coração do medo da escolha, para livrarmonos da indecisão, um dos caminhos é perceber que elas não são eternas. Até a vida neste plano também não é. O nosso problema é acharmos que “ Na verdade, não devemos pensar no eterno, nem na última chance, quando escolhemos, mas no infinito A GAZETA www.gazetadigital.com.br Propriedade da Gráfica e Editora Centro-Oeste Ltda. Rua Professora Tereza Lobo, 30 Bairro Consil - Cuiabá-MT CEP 78.048-700 - Fone: (0xx65) 3612-6000 Redação - fax: (0xx65) 3612-6330 DEPARTAMENTO COMERCIAL Rua Professora Tereza Lobo, 30 Bairro Consil - Cuiabá-MT CEP 78.048-700 - Fone: (0xx65) 3612-6199 - Fax: (0xx65) 36126306 [email protected] [email protected] Assinatura - 3612-6110 [email protected] Serv. atendimento ao assinante [email protected] - 3612-6166 Classificados - 3612-6167 [email protected] REPRESENTAÇÃO COMERCIAL FTPI - Matriz: Alameda dos Maracatins, nº 508 - 9 andar - Moema - São Paulo Capital - CEP: 04089-001 Fone/Fax - (0xx11)2178-8700 www.ftpi.com.br a chance de escolher que nos apresenta é a última, a única. Quando vamos ao fast food por quilo, comemos um pouco de tudo (ou muito de tudo) como se não tivéssemos outra oportunidade de voltar lá. Na verdade, não devemos pensar no eterno, nem na última chance, quando escolhemos, mas no infinito. Vinicius de Moraes definiu bem essa questão no Soneto da Fidelidade. Aprendemos a ignóbil frase: ‘que seja eterno enquanto dure‘. Não há licença poética que nos permita falar tamanha atrocidade. Em primeiro lugar, no verso anterior, no poema, Vinícius diz: ‘que não seja imortal, posto que é chama‘. Ou seja, se é chama, se apaga; se não é imortal, é porque morre (ah, vá!). Vinícius, conhecedor do significado das palavras, disse: ‘mas que seja infinito enquanto dure‘. O eterno refere-se a tempo, o infinito a tamanho. Então, que seja grande, intenso, imenso, enquanto valer, enquanto a chama arder. O meu convite é que você pense nisso quando tiver que fazer uma escolha. Não pense que suas escolhas serão eternas, não serão. O seu carro vai estragar, vai envelhecer, o seu computador vai dar ‘chabu‘. Até casamentos na igreja podem ser anulados. Quando for escolher, não pense pelos olhos do que perdeu. Foque no que ganhou. Delicie-se enquanto durar a chama (enquanto a chama arder, todo dia te ver passar - Beto Guedes e Ronaldo Bastos, Amor de Índio). Pense nos momentos felizes com a pessoa amada (ou no prazer de andar de bicicleta, sei lá). Case e compre a bicicleta depois (ou vice-versa). Curta a viagem e junte dinheiro novamente para comprar a casa ou o carro (ou ao contrário). Precisamos compreender que a escolha é naquela temporalidade, naquele momento. Podemos entender a escolha como priorização, pois é só adiar aquilo que consideramos secundário naquele instante. Até profissão, você pode mudar depois. Assim, quando for exposto a um dilema (ou tri, ou tetra etc), escolha sem medo de errar, pois se assim o fizer, você pode reparar. Escolha de novo. Eu aprendi que não se pode assoviar e chupar cana. Hoje eu sei que pode, sim. Só não ao mesmo tempo! CLAUDINET ANTÔNIO COLTRI JÚNIOR É PALESTRANTE; CONSULTOR ORGANIZACIONAL; COORDENADOR DOS CURSOS DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO UNIVAG E ESCREVE EM A GAZETA ÀS QUINTAS-FEIRAS. WEB-SITE: WWW.COLTRI.COM.BR - E-MAIL: [email protected] DIRETOR SUPERINTENDENTE João Dorileo Leal [email protected] DIRETOR ADMINISTRATIVO Adair Nogarol [email protected] DIRETORIA COMERCIAL José Carlos Teixeira de Carvalho [email protected] Carlos Eduardo Dorileo Carvalho [email protected] DIRETORA DE REDAÇÃO Margareth Botelho (0xx65) 3612.6309 EDITOR DE POLÍTICA Valéria Carvalho (0xx65) 3612-6318 [email protected] [email protected] EDITORA EXECUTIVA Janã Pinheiro (0xx65) 3612.6327 EDITORA DE ECONOMIA Fabiana Reis (0xx65 ) 3612-6319 [email protected] [email protected] EDITOR DE ARTE Cláudio Castro - (0xx65) 3612.6315 EDITORA DE GERAL Andréia Fontes (0xx65) 3612-6321 [email protected] [email protected] EDITOR DE ESPORTE Oliveira Junior (0xx65) 3612-6322 [email protected] EDITORA DO VIDA E ZINE Liana D’ Menezes (0xx65) 3612-6324 [email protected] 46% Não Ponto Contraponto rasil atingiu no final do ano B passado a marca inédita de 44,068 milhões de trabalhadores ol linhas Aéreas eliminou cerca G de 1.100 vagas no primeiro trimestre deste ano, com o objetivo de formais em atuação. reduzir custos. Saber ler e interpretar N inguém sabe ler de antemão, e JOSÉ RUY LOZANO isso não se refere apenas à decifração de códigos, letras e frases, mas sim ao desenvolvimento de capacidades leitoras diversas, como, por exemplo, a de inferir sentidos. Frequentemente, a relevância da leitura para a vida em sociedade é debatida. São várias as preocupações de pais e educadores no que se refere às exigências sociais associadas a ela, seja em função de atividades profissionais que exigem comunicação verbal eficiente e boa redação; ou em função de necessidades mais gerais, relativas à inserção social, o que demanda saber ler diferentes tipos de texto, ou mesmo saber utilizar o nível de linguagem adequado a diferentes situações. Ainda que existam, hoje, muitas mídias que viabilizam o acesso rápido e irrestrito a informações úteis para a vida cotidiana, o texto escrito é ainda o meio fundamental de obtenção do conhecimento. Isso porque ele oferece ao leitor possibilidades de interpretação e, portanto, maior autonomia. Quando lemos, também construímos os sentidos, pensamos autonomamente, elaboramos nossas indagações e recusamos, confirmamos e/ou redefinimos respostas. O leitor é aquele que reescreve o significado do texto a partir de sua interação com as intenções de quem escreveu. Se a importância da leitura é consensual, a constatação de que nossos filhos leem mal desperta grande inquietação, além do desejo de ajudá-los no processo de aquisição da capacidade de ler com eficiência e inteligência. O primeiro passo para ensinar a ler textos de maior complexidade é justamente o de compreender o quão complexo pode ser, para as crianças e jovens, um texto que para nós, adultos, é relativamente fácil ou óbvio. Nesse processo, não existem obviedades. O que é claro e evidente para mim nem sempre o é para uma criança. Ela detém um repertório mais restrito, tanto de palavras quanto de experiências. O que nos induz ao próximo passo: ensinar a ler exige a intervenção ou a mediação ativa de quem propõe a leitura, sejam pais ou professores. E tomando o cuidado de não ler para a criança, substituindo sua experiência de leitura. É preciso ler com a criança, questionando-a sobre passagens que ocultem implícitos importantes para a compreensão global do que se lê, além de estabelecer relações de significado que, de outro modo, passariam despercebidas. REDAÇÃO Fone (065) 3612-6000 ADMINISTRAÇÃO 54% Sim EDITOR DE SEGUNDA-FEIRA Waldemir Felix (0xx65) 3612-6317 [email protected] EDITORA DE SUPLEMENTOS Rita Comini (0xx65) 3612-6323 [email protected] GAZETA DIGITAL [email protected] (0xx65) 3612-6320 Assim, estaremos ensinando que ler é mais do que decifrar letras: ler é pensar sobre o que se lê. E isso fará toda a diferença no futuro. Outro elemento importante para permitir o aprendizado desta atividade é possibilitar o acesso da criança à maior variedade possível de textos, em diversas situações sociais de leitura. Ler é algo que se desenvolve por meio da imersão em sua prática, não atividade exercida de modo descontextualizado da vida em sociedade. De acordo com essa visão, o adulto precisa mostrar para a criança como os textos que circulam na sociedade podem ser usados, a fim de que ela compreenda os seus sentidos. Charges ou tirinhas de jornal, por exemplo, muitas vezes não são compreendidas pelos mais novos. “O que tem de engraçado aqui?”, perguntamse. Isso ocorre quando o efeito de humor passa por um dado cultural desconhecido pelo jovem leitor. Esse dado pode ser apenas uma palavra de duplo sentido ou até mesmo um pressuposto que exige o reconhecimento de fatos políticos ou históricos. Propagandas estabelecem relações de sentido que podem ser inferidas de acordo com a intenção daqueles que as produziram e com o público a que se destinam os produtos. Uma notícia pode ser escrita com diferentes intencionalidades, visando a finalidades que não são apenas as de informar. Da mesma maneira, um artigo de opinião pode refletir tendências ideológicas de quem o publica. Compreender essas relações não é fácil, nem pode ser dado como pré-requisito. Como já se afirmou aqui, ninguém sabe tudo de antemão; ou seja, a criança precisa ser ensinada a ler com profundidade. Ao questionarmos nossos filhos sobre todas essas complexidades, em diversas situações sociais, estaremos evidenciando a eles que ler envolve “um montão de coisas”, o que provavelmente os induzirá a ler não somente com maior atenção, mas também de modo mais inteligente. A atitude do adulto diante da leitura deve ser positiva, se ele quiser influenciar o jovem a ler mais e melhor. Essa postura inclui necessariamente um envolvimento afetivo com o que lê. O adulto é quem oferece um modelo de leitura para o aluno-leitor, servindo-lhe de exemplo e espelho. Caso a criança não reconheça a importância da leitura nas atitudes do adulto, seu modelo, qualquer estratégia será em vão. Continuamos ensinando melhor por nossas obras do que por nossos discursos. JOSÉ RUY LOZANO É PROFESSOR DO ÉTICO SISTEMA DE ENSINO E LICENCIADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS E LETRAS PELA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP). CONTATO: [email protected] ARTICULISTAS NACIONAIS Arnaldo Jabor, Ricardo Noblat, Reginaldo Leme, Drauzio Varella, Paulo Coelho, Gaudêncio Torquato, Arthur Virgílio e Aquiles Rique Reis. ARTICULISTAS LOCAIS Alfredo da Mota Menezes, Lourembergue Alves, Eliás Januário, Claudinet Coltri Júnior, Pedro Nadaf e Giancarlo Piazzeta. COLUNISTAS Fernando Baracat, Ungareth Paz, Saulo Gouveia e Dani Viana. Cartas para as seções de Opinião e Do Leitor: Rua Professora Tereza Lobo, 30 - Bairro Consil - Cuiabá-MT CEP 78.048-700 - Fax: (0xx65) 3612-6330 [email protected] AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS Estado, Folha, Associated Press, Carta Z, Canal 1, Agência Brasil e Alô Comunicação. Os artigos de opinião assinados por colaboradores e/ou articulistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores