ACORDO ORTOGRÁFICO
NOTAS PRELIMINARES
1. O acordo ortográfico entre Brasil e Portugal passou a vigorar a partir de 1º de janeiro
de 2009. Entretanto, a exigência de seu emprego em toda comunicação escrita em
língua portuguesa no Brasil terá início em 1º de janeiro de 2011. Haverá, diante disto,
um período de adaptação (de janeiro 2009 a dezembro 2010), durante o qual pode-se
escrever de acordo com a ortografia “antiga” e a atual. O que se vê, no entanto, é que os
principais meios de comunicação da mídia escrita têm empregado as diretrizes do novo
acordo ortográfico. É o que se espera, também, das escolas, dos estudantes, dos
processos seletivos e vestibulares, dos concursos etc.
2. Esse acordo mudará 0,45% do vocabulário português no Brasil e 1,6% em Portugal.
3. A atual reforma ortográfica vem sendo discutida desde 1990 pelos países que
integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) – Brasil, Portugal,
Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor Leste.
4. Seus defensores argumentam que com esse novo acordo facilitará o processo de
intercâmbio cultural e científico entre esses países, além de ampliar a divulgação do
idioma e da literatura. O objetivo é padronizar a ortografia, já que as duas formas
existentes hoje limitam a dinâmica do idioma e criam obstáculos para a difusão cultural,
a divulgação de informações e as relações comerciais. Outro motivo é o fato de o
português ser o único idioma entre quatro grandes línguas (inglês, francês, português e
espanhol) que possui duas grafias oficiais.
5. Nunca houve padrão uniforme de ortografia (e, às vezes, nem de gramática) entre os
nossos escritores, ora de uma mesma época, ora de épocas diferentes. Assim, em
Portugal, Almeida Garrett não escrevia como Alexandre Herculano, ou, no Brasil,
Monteiro Lobato que não escrevia como Graciliano Ramos.
6. Não será estranha a afirmação de que a ortografia portuguesa nunca foi uniforme a
quem quer que se tenha consagrado ao seu estudo. Não admira, pois,que, em vez de
uma, houvesse várias ortografias, dado que a etimologia, em tempos anteriores, era uma
ciência que dependia, muitas vezes, da fantasia de cada escritor.
7. É quando surge um grande foneticista português – Gonçalves Viana -, que propôs por
fim ao caos em que se debatiam os gramáticos quanto à ortografia da língua portuguesa.
Escreveu a obra Ortografia nacional – simplificação e uniformização sistemática das
ortografias portuguesas (1904), que tem servido de base, desde então, a todas as
reformas com tendência simplificadora.
8. Divide-se assim a história da nossa ortografia em três períodos:
a) período fonético – desde os primeiros documentos redigidos em português até
o século XVI;
b) período pseudo-etimológico – inicia-se no século XVI e vai até o ano de
1904, em que aparece a Ortografia nacional de Gonçalves Viana;
c) período simplificado – desde 1904 até nossos dias.
9. Mesmo dentro do período simplificado, vamos encontrar várias reformas. No Brasil,
elas ocorreram em 1911, 1915, 1929, 1931, 1938, 1943, 1945 e 1970. Alguns exemplos:
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Como era antes
- flôr
- elle > êle
- dôce
- phísica
- mathemática
- chímica
- óptimo
- succo
- fructa
- officio
- tranquillo
- dyspepsia
- hygiene
- humidade
- edade
- therapeutico
Como é hoje
- flor
- ele
- doce
- física
- matemática
- química
- ótimo
- suco
- fructa
- ofício
- tranquilo
- dispepsia
- higiene
- umidade
- idade
- terapêutico
10. Alguns pressupostos: para que o aluno tenha uma noção absolutamente clara e certa
da nova reforma ortográfica da língua portuguesa, sancionada em 2008, será necessário
dominar as seguintes questões:
• acentuação tônica;
• acentuação gráfica;
• palavras oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas;
• ditongo (crescente, decrescente, aberto e fechado);
• formação de palavras compostas;
• regras tradicionais de hífen;
• regras tradicionais de acentuação gráfica.
11. O novo acordo ortográfico da língua portuguesa foi firmado em Lisboa em 16 de
dezembro de 1990.As principais mudanças ocorreram nos seguintes campos:
a) ALFABETO
b) ACENTUAÇÃO GRÁFICA
c) HÍFEN
d) LETRAS MAIÚSCULAS
ΩΩΩΩΩΩΩΩΩ
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ALFABETO
O alfabeto português passa a ter 26 letras, com a inclusão das letras K(k), W(w)
e Y(y). Na verdade, essas 3 letras não tinham desaparecido da maioria dos dicionários
da nossa língua, embora fossem usadas para grafar os estrangeirismos ou termos
técnicos.
Nosso alfabeto passa a ter a seguinte configuração:
A B C D E F G H I
J K L M N O P Q R
S T U V W X Y Z
O emprego dessas 3 letras continua restrito aos seguintes casos:
a) nas abreviaturas, símbolos, siglas e palavras adotadas como unidades de medida
internacionais: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt), K (potássio – de kalium),
W (West), kw (kilowatt), yd (jarda);
b) na grafia de palavras e nomes estrangeiros e seus derivados: show, playboy,
playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano, Kwanza,
kuwaitiano, Kuwait, Malawi, malawiano;
c) na grafia de palavras oriundas de nomes próprios estrangeiros de pessoas:
byroniano (de Byron), darwinismo (de Darwin), frankliniano (de Franklin), kantismo
(de Kant), taylorista (de Taylor), wagneriano (de Wagner).
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ACENTUAÇÃO
GRÁFICA
No geral, as regras continuam as mesmas, com exceção de alguns casos que
passaremos a indicar em seguida.
O QUE MUDA
1. Não se usa mais o acento gráfico dos ditongos abertos ÉI e ÓI nas
palavras paroxítonas. Exemplos:
alcaloide
alcateia
androide
apoia
apoio (v.apoiar)
assembleia
asteroide
boia
celuloide
claraboia
colmeia
Coreia
epopeia
estoico
estreia
estreio (v.estreiar)
geleia
heroico
ideia
jiboia
odisseia
paranoia
paranoico
plateia
OBSERVAÇÃO: continuam acentuadas as oxítonas terminadas em eis, eu(éus):
pastéis, troféu, troféus, anéis. Os monossílabos tônicos formados por ditongo aberto
continuam acentuados: dói, réu, réis.
2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento gráfico no I e no U
quando vierem depois de um ditongo. Exemplos:
baiuca
boiuna
bocaiuva
cauila
feiura
raiuna
OBSERVAÇÃO: continuam acentuadas as oxítonas terminadas em I e U
tônicos, seguidos ou não de “se:
Piauí
Jacareí
tuiuiú
Baiúca = boteco em que se vendem bebidas alcoólicas ou qualquer local de péssima
categoria, sem asseio, mal frequentado.
Bocaiúva = um tipo de palmeira.
Boiúna = personagem mítica simbolizada por uma serpente escura, capaz de tomar a
forma de qualquer embarcação e mais raramente a de uma mulher; mãe d’água.
Cauila = sovina, avarento, “pão-duro”. Antônimo de perdulário, “mão-aberta”.
Raiuna = espingarda de pederneira, grossa e curta. Também se diz reúna.
Tuiuiú = jaburu; ave de plumagem branca, enorme bico negro levemente curvado para
cima e pescoço negro, nu e com base vermelha.
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3. Os hiatos “oo” e “ee”deixam de receber acento nas palavras
paroxítonas, que passam a ser escritas assim:
abençoo
doo (verbo doar)
enjoo
magoo (verbo magoar)
perdoo (verbo perdoar)
creem
deem
povoo (verbo povoar)
ressoo (verbo ressoar
voo
voos
zoo
leem
veem
4. O “u” tônico dos verbos ARGUIR e REDARGUIR, na segunda pessoa do
singular e na terceira pessoa do singular do presente do indicativo não será
mais acentuado. Mas, atenção: o “g” e o “ não formam dígrafo; o “u”
continua tônico nestas palavras paroxítonas:
Tu arguis (e não “argúis”)
Ele argui (e não “argúi”)
Eles arguem (e não “argúem”)
OBSERVAÇÃO: o mesmo ocorre com os verbos:
Aguar
apropinquar
enxaguar
Apaniguar
averiguar
obliquar
Apaziguar
desaguar
delinquir
Esses verbos não recebem nenhum tipo de acentuação gráfica em quaisquer de
suas conjugações, salvo se forem paroxítonas terminadas em ditongo crescente:
Verbo averiguar
averíguo
averiguas
averigua
averiguam
averigue
averigúes
averigúem
Verbo enxaguar
enxáguo
enxáguas
enxágua
enxáguam
enxágue
enxágues
enxáguem
Verbo delinquir
delínquo
delínquas
delínqua
delinquem
delínqua
delínquas
delínquam
Apropinquar = aproximar
Apaniguar = proteger, favorecer, sustentar
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5. Os acentos diferenciais serão abolidos. Veja como era:
Antes
- pára (terceira pessoa do singular, pres. indicativo, verbo parar)
- para (preposição)
- pélo (primeira pessoa do singular, pres. indicativo, verbo pelar)
- pêlo (substantivo)
- pelo (contração de preposição per + artigo o)
- pólo (substantivo – extremidades do eixo da Terra/ tipo de esporte)
- polo (combinação antiga de por + lo )
- péra (substantivo antigo para denominar “pedra”)
- pêra (substantivo para denominar uma fruta)
- pera ( preposição arcaica igual a para)
- péla (terceira pessoa do singular, pres. indicativo, verbo pelar)
- pela (preposição)
Agora: todos esses acentos gráficos foram abolidos. Exemplos:
- O carro para diante do sinal vermelho.
- Este presente é para você.
- Eu pelo o frango.
- O pelo de seu braço estava chamuscado.
- Vou pelo caminho mais curto.
- Não gosto de jogar polo.
- Há uma expedição brasileira no polo Sul.
- Comprei uma pera para o lanche.
OBSERVAÇÃO- existem cinco exceções:
a) Pôr (verbo) continua acentuado para diferenciar de por (preposição).
b) Pôde (verbo poder conjugado no pretérito perfeito do indicativo, na terceira pessoa
do singular) continua acentuado para diferenciar de pode (verbo poder conjugado no
presente do indicativo, na terceira pessoa do singular).
c) Os verbos ter e vir, assim como seus derivados, continuam tendo acento para
diferenciar o plural do singular: ele tem, eles têm, ele vem, eles vêm.
d) Fôrma (substantivo) e forma (substantivo e verbo) são modos facultativos:
- Eu não conheço a forma da forma desse modelo.
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6. Trema: deixará de existir, com exceção de palavras derivadas de nomes
próprios estrangeiros:
Müller >> mülleriano
Hübner >> hübneriano
Füher >> füheriano
Seguem alguns exemplos de como os vocábulos passam a ser escritos:
aguentar
ambiguidade
antiguidade
arguição
cinquenta
consequente
delinquente
eloquente
frequentar
inconsequente
linguiça
linguista
7
pinguim
quinquagésimo
quinquênio
sequência
sequestro
tranquilo
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HÍFEN
O emprego do hífen é matéria extremamente complexa. Para quem escreve, seu
emprego continua sendo um autêntico quebra-cabeça, mesmo após o presente acordo
ortográfico.
Dividiremos sua teoria nesta pequena apostila em três partes distintas: 1. em que
o acordo não interferiu; 2. o não-uso do hífen; 3. o que muda após o acordo.
EM QUE O ACORDO NÃO INTERFERIU
1. Nos substantivos compostos, tradicionalmente unidos por hífen:
beija-flor
guarda-chuva
pé-de-moleque
amor-perfeito
quinta-feira
bem-te-vi
sempre-viva
água-marinha
guarda-roupa
Observação:
- meio dia = metade do dia
- meio-dia = às 12 horas
- pão duro = pão endurecido
- pão-duro = sovina, avaro
- copo de leite = copo com leite
- copo-de-leite = nome de uma flor
- à-toa = com hífen é adjetivo – inútil, sem préstimo, sem valor: Era uma mulher à-toa.
- à toa = sem hífen é advérbio – inutilmente: Viajei ao Rio à toa.
2. Para ligar pronomes átonos a verbos (ênclise e mesóclise) e à palavra eis:
Realizar-se-á
Falaram-me a verdade
Ei-lo
Deixa-o
Chamar-se-á
Obedecer-lhe
3. Em adjetivos compostos:
sem-vergonha
cor-de-rosa
à-toa
greco-latino
rio-grandense
sem-par
4. Em vocábulos formados pelos sufixos tupi-guarani –açu, -guaçu e –mirim, desde
que o elemento anterior acabe em vogal acentuada ou nasal:
- sabiá-guaçu
campim-açu
socó-mirim
Portanto não empregamos o hífen em: jiboiaçu, cajumirim, Mojimirim, etc.
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5. Em vocábulos formados por prefixos que têm acentuação própria (tônicos) ou
evidência semântica:
Além: além-túmulo, além-mar
Aquém: aquém-túmulo, aquém-mar
Co: co-presidente
Ex: ex-diretor
Grã, grão: grã-fino, grão-mestre
Pós: pós-graduação
Pré: pré-nupcial
Pró: pró-alfabetização
Recém: recém-chegado
Sem: sem-terra
Vice: vice-reitor
Não: não-agressão
Exceções: coexistir, coexistência, coabitar, coirmão.
6. Não se emprega hífen em palavras como:
- aeromoça
- aguardente
- audiovisual
- autobiografia
- autopeça
- bioquímico
- extraordinário
- extraterreno
- girassol
- infravermelho
- intramuscular
- madrepérola
- malmequer
- microrgranismo
- minissaia
- neolatino
- passatempo
- pontapé
- pseudoprofeta
- radiouvinte
- rodapé
- semideus
- sobremesa
- sociocultural
- supracitado
- termelétrico
- termoelétrico
- turboélice
- ultramar
- vaivém
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7. Há hífen em vocábulos com os prefixos seguintes, desde que o segundo elemento
inicie-se com H:
Anti: anti-higiênico
Co: co-herdeiro
Macro: macro-história
Mini: mini-hotel
Pré: pré-história
Sobre: sobre-humano
Super: super-homem
Ultra: ultra-humano
Observação: a palavra subumano é grafada sem hífen e sem H.
8. Haverá hífen nos vocábulos com prefixos CIRCUM e PAN quando o segundo
elemento for iniciado por VOGAL, M ou N:
- pan-americano
- circum-escolar
- circum-navegação
9. Com os prefixos seguintes, quando o segundo elemento começar pela mesma
consoante final do prefixo:
Hiper: hiper-requintado
Inter: inter-racial
Sub: sub-bibliotecário
Super: super-racista
Observação: no caso de SUB, usa-se hífen também quando a palavra for iniciada por R
– sub-região.
NÃO SE USA HÍFEN
Nas palavras em que o primeiro verbete termina com consoante e o segundo
começa com vogal:
- hiperacidez
- hiperativo
- interescolar
- interestadual
- interestudantil
- superinteressante
- superamigo
- superotimismo
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O QUE MUDA APÓS O ACORDO ORTOGRÁFICO
1. Prefixo terminado por vogal + segundo elemento iniciado por R :
- antirrábico
- antirracismo
- antirrealismo
- antirreformista
- antirreligioso
- antirrepublicano
- antirroubo
- antirrugas
- biorritmo
- contrarregra
- neorrealismo
- semirreta
- ultrarresistente
2. Prefixo terminado por vogal + segundo elemento iniciado por S:
- antissocial
- contrassafra
- contrassenso
- cosseno
- infrassom
- microssistema
- minissaia
- minissérie
- minissubmarino
- multissecular
- ultrassecreto
- ultrassom
- ultrassônico
3. Prefixo terminado com vogal diferente da vogal inicial do segundo elemento:
- aeroespacial
- agroindustrial
- anteontem
- antiaéreo
- antieducativo
- autoajuda
- autoaprendizagem
- autoescola
- autoestrada
- autoinstrução
- coautor
- coedição
- extraescolar
- extrauniversitário
- infraestrutura
- plurianual
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4. Quando o prefixo terminar com vogal igual à vogal inicial do segundo elemento,
USA-SE o hífen:
- anti-ibérico
- anti-imperialista
- anti-inflacionário
- anti-inflamatório
- auto-observação
- contra-almirante
- contra-argumento
- contra-atacar
- contra-ataque
- contra-aviso
- micro-ondas
- semi-improvisado
- semi-inconsciente
- semi-internato
- semi-interno
LETRAS MAIÚSCULAS
As regras continuam as mesmas, com exceção de nomes de vias e lugares
públicos e os que designam artes, ciências e disciplinas, que poderão ser escritos com
iniciais maiúsculas ou minúsculas.
A grafia será facultativa em caso como Rua ou rua dos Expedicionários, Praça
ou praça das Bandeiras, Alameda ou alameda Antônio José, Geografia ou geografia.
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NOVAS RESOLUÇÕES
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De acordo com Evanildo Bechara, o Acordo não tratava dos prefixos RE, PRE e
PRO por “esquecimento”.
Segundo o VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), as palavras
devem ser grafadas sem hífen como reeditar e preencher – e não “re-editar” e
“pre-encher”, como interpretaram alguns estudiosos no Acordo.
O Acordo diz que duas vogais iguais têm que estar separadas por hífen, mas se
esqueceu dos prefixos RE, PRE e PRO. Teria que estar separado, mas isto se
choca com a tradição lexicográfica, tanto em dicionários brasileiros como em
portugueses. Diz Bechara: “Se o Acordo quisesse contrariar essa tradição, teria
sido explícito, o que não ocorreu. Logo, a conclusão é a de que houve um
esquecimento.”
Outro ponto questionável do Acordo que o dicionário esclarece é o caso da
acentuação em palavras como DESTRÓIER. O Acordo diz que paroxítonas com
ditongos abertos em “ei” e “oi” perdem o acento. É uma regra específica, mas
esqueceu que há paroxítonas com esses ditongos que terminam com R, que são
obrigatoriamente acentuadas, como “destróier”. Essa regra se choca com a regra
específica, mas, entre a regra específica e a geral, ficamos com a geral. Então o
acento continua nessas palavras.
Mas ainda há um ponto que causa confusão: “co-herdeiro” ficou grafada como
“coerdeiro”, embora no Acordo a indicação fosse para escrever “co-herdeiro”.
“Ab-rupto” é preferível a “abrupto”. Embora as duas formas sejam consideradas
corretas, o ideal é usar o hífen. “As escolas devem priorizar a forma com hífen”,
diz Evanildo Bechara.
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