Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Avaliação de Impacto da Gestão de Cargas Térmicas na Exploração e Reforço de Redes de AT e MT Pedro Miguel Carvalho Pereira FECHO Dissertação realizada no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Major Energia Orientador: Prof. Doutor João Abel Peças Lopes Co-orientador: Eng.ª Fernanda Resende Janeiro 2011 - Principais Resultados Este documento apresenta um resumo dos principais resultados alcançados com a realização desta dissertação. Seguidamente é mostrado o diagrama de carga original, e os resultados alcançados controlando os veículos eléctricos, as cargas brancas, os termoacumuladores e os arescondicionados/bombas de calor. Figura 1 – Diagrama de carga aplicando todas as medidas de DSM. Com a adição do controlo dos termoacumuladores conseguimos diminuir o valor de potência que ultrapassa o limite, embora este se mantenha ainda acima do valor permitido. Já com o controlo final dos ares-condicionados/bombas de calor conseguimos a redução de mais dois períodos que ultrapassavam o limite, sendo que ficamos com apenas 15 períodos em sobrecarga. Este exemplo foi criado para demonstrar a potencialidade do DSM e os problemas que surgem com a sua aplicação. Como dados gerais temos que, dos iniciais 26 períodos (6h30) em que as linhas estavam em sobrecarga, temos agora apenas 15 (3h45 na linha que liga o nós 118-119) e 14 (3h30 na linha que liga os nós 118-93). Quanto aos problemas de tensão passamos de 12 períodos (3h) para 0, deixando assim de existir este tipo de problema na rede. Os gráficos seguintes demonstram o comportamento da tensão, no nó mais afectado e do trânsito de potência na linha mais sobrecarregada. 2 Figura 2 – Tensão no nó 199 com o diagrama de carga original (DCO) e com o diagrama de carga com a aplicação do DSM (DCDSM). Como podemos observar já não é violado o limite de 0,95p.u. do valor da tensão, passando o mínimo para cerca de 0,96p.u. aumentando a robustez do sistema face a fenómenos de colapso de tensão, e melhorando a qualidade de serviço. Figura 3 – Trânsito de potência na linha 118-119 com o diagrama de carga original (DCO) e com o diagrama de carga com a aplicação do DSM (DCDSM). 3 Esta figura apresenta valores mais elevados de potência, pois para além da energia solicitada nos barramentos acrescenta também as perdas da rede. O comportamento nesta linha era previsível, uma vez que, suporta a energia de toda a rede. A solicitação de potência de pico sofreu uma redução de 200kW, passando dos 5,5MW para os 5,3MW, uma redução de 3,6%. Já a energia deslocada foi de 6,67MWh, 6,4%, sendo a energia total do sistema de 104,54MWh. A carga responsável pela maior deslocação de energia foi as cargas brancas, seguidas dos veículos eléctricos, termoacumuladores e arescondicionados/bombas de calor. Calculando a flexibilidade pela seguinte fórmula: Quanto maior for o valor, maior será a flexibilidade da carga e os efeitos do DSM, uma vez que o ideal seria o valor do numerador valesse 0. O valor de 0,16 não é muito elevado, mas já mostra a vantagem da utilização do programa de DSM. As perdas da rede na hora de pico são agora de 0,25MW e 0,23Mvar, ou seja, 0,34MVA, uma redução de 40kVA face ao diagrama de carga original, um valor ainda significativo. No gráfico seguinte podemos observar a evolução das perdas ao longo do tempo, antes e depois do controlo. Figura Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. - Perdas na rede com o diagrama de carga original (DCO) e com o diagrama de carga com a aplicação do DSM (DCDSM). 4 A energia desperdiçada neste dia, em perdas, no diagrama de carga original é de 5.75MWh, após a aplicação do DSM é de 5.59MWh, uma redução de 159kWh. Este valor é significativo, sendo suficiente para alimentar cerca de 16 habitações. Multiplicando este valor por todas as redes de MT de Portugal, e pelos 365 dias do ano o valor teria um impacto ainda mais expressivo. Em média, cada kWh corresponde a 230gr de dióxido de carbono libertado para a atmosfera, a redução verificada nas perdas evita a emissão de 37kg deste gás, apenas num dia, multiplicando por 365 dias temos 13,4 toneladas evitadas num ano. Aplicando este programa a todo o Portugal certamente chegaríamos a valores na ordem dos milhares de toneladas. Com a preocupação com o aquecimento global, é uma mais-valia e uma possível ajuda para impulsionar o projecto. Em 2010 o DSM nos Estados Unidos reduziu as emissões de CO 2 em 32 milhões de toneladas, em 2030 esperam conseguir alcançar as 115 milhões de toneladas. Para saber qual o impacto que esta redução tem no adiamento do investimento, realizouse um pequeno estudo sobre a evolução do crescimento da potência de pico ao longo dos anos, e do tipo de centrais que alimentam de energia eléctrica Portugal. Figura 5 – Evolução da potência de pico ao longo dos anos e potência instalada em Portugal. 5 O valor da ponta para o ano de 2010 foi de 9390MW. Podemos observar um crescimento da potência de ponta, as centrais hídricas conseguem injectar rapidamente na rede vários MW de potência, mas têm mantido a sua potência ao longo dos anos, esta potência solicitada é colmatada, uma parte pelos produtores em regime especial, mas em grande parte, pelas centrais a gás natural. Estas são centrais caras, quer pelo combustível que utilizam, quer pela sua manutenção, pelo que evitar a sua construção e funcionamento é uma grande valia para a rede. Extrapolando os dados que possuo com uma evolução exponencial no tempo, obtemos as seguintes previsões do aumento anual da potência de pico: Figura 6 - Evolução da potência de pico ao longo dos anos e previsão até 2020. Em 2020 a potência de pico em Portugal deve de rondar os 11,5GW, ou seja, por ano vai ser necessário garantir o fornecimento de mais 200MW em energia de ponta, sendo que, em média, cresce 2.2% anualmente. Com o resultado que obtive no simulador, mesmo com valores relativamente modestos de adesão, consegui uma poupança no valor da potência de pico de 3.6%, o que é suficiente para adiar o investimento em novas centrais, linhas, cabos e/ou transformadores por um pouco mais de um ano e seis meses. Para ilustrar melhor esta situação criei a figura seguinte. 6 Figura 7 – Adiamento de investimento utilizando o DSM. Como situação hipotética, temos 2 transformadores em paralelo com um limite de potência de 9,5MW. Se nada for feito, e com as previsões de crescimento o seu limite irá ser atingido a meio do ano 2014, sendo necessária a instalação de um novo transformador. Tal pode não ser possível, por simplesmente já não existir espaço suficiente na subestação para tal. Com a aplicação das medidas de DSM, conseguimos baixar a carga de pico em 3,6%, (como foi dito anteriormente) se essa redução se mantiver constante ao longo dos anos, a potência de 9,5MW apenas será atingida no inicio do ano 2016, como pode ser observado a vermelho na figura. Como as medidas de DSM possuem uma tendência para ir melhorando ao longo do tempo (supôs-se um melhoramento de 0,3% ao ano), temos um comportamento como o da linha a roxo, em que se consegue um ainda maior adiamento do investimento, de cerca de dois anos e meio. Com este simples exemplo é possível ver os grandes efeitos que pequenas medidas de DSM podem possuir numa rede de distribuição, adiando o investimento de milhões de euros. - Perspectivas de Desenvolvimento Apesar do simular criado fornecer já uma ideia do comportamento do controlo da carga, muito poderia ainda ser feito para desenvolver e tornar mais realista a simulação efectuada, nomeadamente: Realizar um inquérito sobre o comportamento de utilização dos diferentes equipamentos que serão controlados, de modo a obter um controlo mais realista; Utilização de diagramas de carga com comportamentos diferentes em cada barramento; Anexar a cada linha, os barramentos que a afectam, para que assim fosse possível actuar só nos barramentos que criam a condição de sobrecarga da linha; Criar mais períodos de controlo, em vez de períodos de 15 minutos, criar um diagrama de carga com valores minuto a minuto, de modo a simular efeitos de perca de simultaneidade; Introdução de produção dispersa e possibilidade de armazenamento de energia nos veículos eléctricos, aumentando assim a complexidade de analise da rede; Simular o comportamento dos consumidores face a uma tarifa dinâmica, com variações de preço horário; Utilização de programação avançada, como programação evolucionária, de modo a optimizar os custos de exploração da rede, incluindo compensações ao cliente pela participação no DSM; Estudo mais aprofundado dos custos evitados com o controlo da carga, de modo a desenvolver-se um tarifário mais adequado ao mercado Português. 8 9