Um passinho a
frente
por favor!
Mino – Edson Silva Marques
www.mino.com.br
INDICE
Uma introdução à filosofia ____________________________ 2
O papo é sobre o que? ___________________________________ 5
Por uma Vida Ética _____________________________________ 5
Justiça e Bem __________________________________________ 7
Filosofia aplicada. ______________________________________ 8
O autoconhecimento. _______________________________ 10
O autoconhecimento vale a pena? _________________________ 10
O porquê do autoconhecimento.___________________________ 12
O conhecimento “Geral” do homem. _______________________ 14
Um pouco sobre as teorias. ______________________________ 15
A parte física (Stula sharira). _____________________________ 16
A parte energética (Prana Sharira). ________________________ 20
A parte emocional (Linga Sharira). ________________________ 23
Mente Concreta (Kama-Manas). __________________________ 25
Mente Pura (Manas), Veículo intuicional (Budhi), Vontade pura
(Atma) ______________________________________________ 27
Amarrando as pontas.___________________________________ 27
Uma pausa para ir ao banheiro. ______________________ 34
Causa e Efeito. _____________________________________ 37
Darma e karma. _______________________________________ 37
O complexo de Gabriela. ________________________________ 40
A roda da vida. ________________________________________ 44
Duka. _______________________________________________ 47
O caminho do meio. ____________________________________ 52
O meio do caminho do meio. _____________________________ 55
Caminhando e cantando_____________________________ 57
A chegada e o caminho _________________________________ 57
Liberdade ____________________________________________ 66
O Taijitu ☯. __________________________________________ 71
...___________________________________________________ 76
Página: 1
Uma introdução à filosofia
www.mino.com.br
Uma introdução à filosofia
Sou de libra. E não acredito em horoscópo. Mas tenho
que admitir que sou bem equilibrado, quem me conhece sabe
disto. Digo isto para que entendam o objetivo do resto deste
livreto.
Muito embora tenha sido um defensor do pensamento
lógico, tenho notado, para meu desencanto, que a maioria das
pessoas não são assim tão lógicas, e pensando um pouco mais
no assunto começo a entender o ponto de vista destas. Começo a
aprender, principalmente a questão da linguagem e sua
importância, coisa que para mim sempre foi secundária, pois
sempre tive a idéia que a linguagem bastaria ser formal, para se
evitar as interpretações dúbias do que se diz, nunca pensando no
caráter emocional da mesma. E tendo esta característica dupla
da linguagem em mente, onde ela tanto deve transmitir uma
interpretação exata do pensamento, sem deixar de tocar as
pessoas em seu aspecto emocional, me leva a acreditar que
atualmente estamos com um grande vazio no conhecimento
humano. Pois de onde podemos tirar nosso conhecimento?
Deixe-me apresentar um pouco a minha visão:
A literatura técnica - A literatura técnica é
simplesmente voltada para os cursos acadêmicos, se destina para
que o aluno aprenda a matéria e possa ao final do curso citar o
nome de alguns filósofos e correntes filosóficas, pecando por
exatamente apresentar a matéria como uma obrigação às
pessoas, sem levar em conta os pensamentos do próprio do
autor. Digo, o autor escreveu aquilo que ele aprendeu na escola,
mas que não vivenciou, apenas acha importante (e é importante
mesmo) que os demais saibam. O resultado? O resultados todos
Página: 2
Uma introdução à filosofia
www.mino.com.br
conhecem, um texto que a principio nos empolga, mas a medida
em que vai se enveredando em intricáveis caminhos e citações,
nos deixa cada vez mais distante do assunto ali tratado. O que
resulta em que quando vamos falar sobre estes temas sempre
acabamos por dizer: “É um livro muito culto”, “O autor é muito
inteligente”, com aquela ponta de ironia que quer dizer: “Não
serve para nada”, “Seria muito bonito se a vida fosse assim,
mas...”, “A teoria na prática é outra!”.
O caminho do fantástico - Onde tudo é feito por um ser
superior, algo que “acontece” e em que devemos acreditar, pois
a fé é capaz de tudo, e irá resolver todos os nossos problemas,
de uma maneira mágica. Não digo que isto não exista, ou que a
fé não seja uma grande força. E, embora sinta muitas vezes que
eu pessoalmente deva incluir um pouco mais de “magia” em
minha vida, ainda não conheci ninguém que tenha ido muito
longe apenas por este caminho.
O caminho da vivência - Ao lado de ambos podemos
encontrar pessoas que se dizem “vividas”, deixando claro com
isto que “aprenderam na vida”, que não são “como estes
doutores”. E realmente muitos destes aprenderam bastante com
a vida. Muitas vezes é um prazer conversar com estas pessoas.
Mas infelizmente algumas delas, apenas estão disfarçando o
mesmo orgulho que o intelectual tem ao se dizer “culto” com a
idéia contrária, a idéia de que eles têm a real solução para todos
os problemas. E mesmo quando a vivência é real, surge o
problema que ela é única para a pessoa que viveu. É difícil que
outras pessoas tirem algum proveito desta experiência, pois a
falta de uma exposição clara não nos faz perceber o que
realmente aconteceu, sendo que muitas vezes mesmo a pessoa
que viveu a experiência, embora tenha aprendido com ela, não
sabe como isto aconteceu.
Página: 3
Uma introdução à filosofia
www.mino.com.br
Agora, correndo o risco de ser mal interpretado, de ser
entendido como “presunçoso” gostaria de dizer que o que
pretendo é justamente fazer um texto equilibrado entre estas
vertentes. O que estou tentando é passar um pouco deste
equilíbrio, que pareço ter, ao texto. Pois, tenho andado muito
por estes caminhos ai de cima. Não só tenho lido alguns livros
teóricos como alguns garçons me têm tirado da mesa para fechar
o bar. Atualmente ando fazendo ambas as coisas, quando o Sol
brilha vou escrever na praia, estas linhas, por exemplo, foram
inicialmente escritas ao som de Zé Ramalho indo para o sul da
Bahia, agora estou revisando. Se ficaram boas vocês que podem
me dizer, mas que foram prazerosas, isto eu posso dizer que
foram.
A advertência que gostaria de fazer aqui é que, pretendo
colocar nestas páginas minhas idéias, meu próprio
conhecimento. Dizer o que “eu” penso e principalmente “o que
penso de mim”, tentando explicar como chequei a pensar nisto.
Talvez assim alguém se identifique com o texto e este passe a
ter um significado na vida desta pessoa. Infelizmente para poder
fazer isto, nem sempre vou poder seguir o conhecimento
acadêmico, nem sempre vou apresentar uma idéia condizente
com o que se nos diz os demais livros, pois é uma idéia pessoal,
é como eu penso na vida e como eu chequei a estas conclusões.
Muitos que as lerem vão pensar que estou totalmente
equivocado, talvez esteja mesmo, mas como acabei de dizer,
antes de estar certo, meu objetivo é apresentar minhas idéias, de
um modo que pelo menos alguns possam se identificar com elas,
que pelo menos alguns tenham o prazer de ler isto, de
preferência em um quiosque na praia. Outro lado a ser
considerado é que estou começando a aprender a questão da
linguagem, e antes de querer escrever para os outros tenho
Página: 4
Uma introdução à filosofia
www.mino.com.br
sentido a necessidade de escrever para mim e o dever de
compartilhar isto com os demais.
O papo é sobre o que?
Assim como ao se acender a luz em quarto escuro nossos
olhos são feridos pela súbita mudança do escuro para o claro,
assim fica nossa mente ao se deparar com um novo assunto.
Ficamos inicialmente feridos pela mudança, e notamos apenas o
contorno dos objetos, sem muitas vezes poder identificar os
mesmos. Entretanto com o decorrer do tempo nossos olhos vão
se acostumando e os contornos, antes difusos são agora mais
definidos, alguns detalhes começam a aparecer e começamos a
entender onde estamos.
Provavelmente nesta primeira etapa você vá se sentir
assim. Irá ter certa estranheza pelo que aqui esta sendo dito, uma
sensação de que não entendeu bem, de que tudo é muito difícil,
etc. Mas não se preocupe, a primeira parte é para isto mesmo,
para mostrar os contornos, para nos acostumarmos com os
demais assuntos tratados e com o desenrolar do tempo você
entenderá melhor.
Após esta primeira apresentação, onde se mostra o
ambiente, vamos nos apresentar, falar um pouco sobre nós
mesmos e o que estamos fazendo neste lugar ao mesmo tempo
em que nos identifícamos com os demais.
Por uma Vida Ética
Vivemos em sociedade, isto é fato. Mas uma sociedade é
composta de pessoas, e cada pessoa deve estar integra com si
própria e inserida no contexto em que vive. Ou seja uma pessoa
Página: 5
Uma introdução à filosofia
www.mino.com.br
deve ter princípios individuais, as digamos assim “Coisas em
que acredita” e princípios coletivos, que são a união destes
princípios individuais com os princípios dos outros. Aos
princípios individuais chamamos de ética e aos princípios
coletivos chamamos de moral. Estudamos ética para melhor
harmonizar o homem consigo mesmo, já que quando este fere
estes princípios sofre. Aqui vale lembrar também que enquanto
alguns princípios variam de época para época e de civilização
para civilização, outros se mantêm constantes. Por exemplo, o
sacrifício, tendo como sacrifício o ato de matar em honra aos
Deuses, é tanto admitido por várias culturas ao longo dos
tempos, quanto tanto abominado por outras. Já o assassinato, o
ato de matar outro homem por razões próprias, parece ter
sempre sido condenado por todos durante todo o tempo.
Etimologicamente tanto ética como moral significavam
“costumes” só que ética vem do grego ”Ethos”, já moral vem do
latim “moraes”, e como a linguagem é algo vivo o tempo e as
interpretações cuidaram de separa-las identificando cada uma a
sua civilização.
Para realizar esta harmonização do ser humano consigo
mesmo os gregos utilizavam a virtude. A virtude, nesta
concepção, era um modo de elevar (verticalizar – virtus) o
homem aos deuses fazendo brotar nos homens a “justiça” e o
“bem”. No entanto o homem vive em seu dia a dia na maioria
das vezes, duas vidas. A vida intelectual, ou seja a vida em que
ele conhece algo, e a vida prática que é a vida cotidiana do
mundo. Para que a virtude seja efetiva temos que transformar
esta vida prática em “vida moral”, que seria praticar a virtude
sem deixa-la somente no âmbito das idéias. Para realizarmos
esta tarefa entretanto é necessário que deixemos de ser “alunos”,
aquele que somente armazena a virtude para sermos
Página: 6
Uma introdução à filosofia
www.mino.com.br
“discípulos”, aquele que transforma sua vida com o que
aprende, e para ser discípulo é necessário:
•
Devoção: Transformar o conhecimento em algo
que se goste, que faz sentido á você.
•
Investigação: Verificar se o conhecimento
adquirido condiz com a realidade.
•
Serviço: Aplicar o conhecimento que foi aceito e
investigado em sua vida.
Justiça e Bem
Dizemos anteriormente que A virtude faz brotar a
“justiça” e o “bem”. Agora é necessário entendermos o que seria
esta “justiça” e este “bem”. Segundo Aristóteles o objetivo de
toda ação é o bem, e o maior bem é a felicidade. Todos
desejamos ser felizes, porem não queremos apenas uma
felicidade momentânea, queremos estar sempre felizes! E como
realizar isto?
A primeira frase deste texto foi “Vivemos em
sociedade”, isto quer dizer que nos relacionamos uns com os
outros e o que fazemos aos demais assim como o que os demais
fazem afetam a nós. Logo nossa felicidade, em parte, depende
do outro (vamos ver este “em parte” mais a frente). Se fizermos
algo que fira o outro temos o medo que um outro faça o mesmo
a nós, pois nossa vida é um continuo ato de ação e reação.
Fazendo que nossos atos ditem nossos destinos. Por este motivo
Kant diz que diz que só podemos ter por princípio algo que
possa beneficiar a todos e não somente a nós. Agindo assim não
estaríamos ferindo o outro e se o outro agir também deste modo
não ferirá a nós.
Página: 7
Uma introdução à filosofia
www.mino.com.br
Se por um lado devemos agir beneficiando a todos,
também é preciso lembrar que “todos” são diferentes, o que
pode beneficiar a um pode prejudicar a outro. Neste aspecto é
que entra a segunda parte da virtude, a “justiça”.
Infelizmente, talvez pela tirania da democracia em que
vivemos temos um conceito errado de justiça, ou melhor,
interiormente (subjetivamente) temos um conceito certo, mas
exteriormente nos foi imposto outro conceito. Deixe-me
exemplificar:
Vamos supor que um pai ao ver seu filho fazendo
algo errado o castiga. Mas faz isto de um modo tão
severo que este acaba por morrer. Agora vamos supor
outra pessoa que ao ser insultado reage matando a pessoa
que o insultou.
Em ambos os casos foi cometido um homicídio, mas
subjetivamente sabemos que o caso do pai é completamente
diferente do outro, mas exteriormente fomos educados
(condicionados) a dizer que a “justiça é cega” dizendo com isto
que todos são iguais perante a lei, hora, nada mais injusto do que
tratar igualmente pessoas que são diferentes. E pessoas são
diferentes! Justiça seria então dar a cada um aquilo que lhe é
próprio de acordo com seus atos e natureza. Assim embora em
nosso exemplo ambos tenham cometido homicídios devemos
tratar os casos diferentemente.
Filosofia aplicada.
Agora que temos uma idéia, um conceito, sobre a
realidade do homem, ou melhor dizendo: nossa! E também
temos uma indicação do que pode nos auxiliar em nosso
aperfeiçoamento (a virtude). Falta-nos o “como”.
Página: 8
Uma introdução à filosofia
www.mino.com.br
Em um exemplo bem simplicista, nós temos um parafuso
(o homem) sabemos que sua finalidade é prender algo (a
felicidade), e que para fazer isto podemos usar uma chave de
fenda (a virtude), mas como fazemos isto? Primeiro temos que
ter “conhecimento” precisamos saber que parafusos são diversos
tamanhos, alguns para madeira, outros para parede, precisamos
conhecer também as ferramentas, quais chaves dispomos, como
aplicar a força nelas, qual é adequada a cada parafuso, para que
lado girar, etc. Ou seja, precisamos conhecer, em nosso caso
precisamos conhecer o homem, conhecer as virtudes.
Muito embora tenha vontade aqui de falar sobre a
natureza do conhecimento, tenho que admitir que ainda não
estou apto a tal, e nem é este o lugar para isto. Mas é útil deixar
aqui plantada uma idéia. Se nosso objetivo é a felicidade, não
me parece correto dizer que sou feliz porque sei que 2+2=4, ou
seja apenas um conhecimento prático e teórico não me deixa
feliz, embora me ajude por demais em meus afazeres diários e
na maioria das vezes me trazem bens duradouros. Por outro lado
um “conhecimento espiritual” pode me fazer feliz, mas por
quanto tempo? Uma religiosidade por demais exacerbada parece
ruir em pouco tempo quando confrontada com a realidade.
Tendo isto em conta, parece-me interessante unir a constância
do conhecimento teórico com a felicidade do conhecimento
espiritual. Se conseguirmos fazer isto teremos uma felicidade
duradoura e se aplicármos isto em nossas vidas seremos
realizados. É necessário entretanto entender, que aqui não se
trata de colocar conceitos espirituais (religiosos) na ciência, nem
de levar conceitos científicos para a religião, mas criar um filho
destas duas. A filosofia.
Página: 9
Uma introdução à filosofia
www.mino.com.br
O autoconhecimento.
Vamos então começar a falar sobre nós mesmo, ou seja,
sobre o parafuso do exemplo anterior. O objetivo agora é
mostrar como nós somos, porque somos assim, o que nos faz ser
assim e outras questões que resumo sob o tema
“autoconhecimento”. Entendendo como autoconhecimento o
processo de conhecer a si mesmo, e não ao outro. Muito embora
um modo de se conhecer a si mesmo, alguns até dizem que é o
único modo, seja conhecer ao outro. Deixemos estas questões
para depois e nos concentremos primeiramente em nós mesmos.
O autoconhecimento vale a pena?
Uma das primeiras coisas quando começamos a pensar
sobre nós mesmos é “Vale a pena pensar sobre isto?”, “Não é
melhor ser inconsciente e fazer somente o que a natureza nos
pede?”, “Isto não vai somente me trazer angustias e depressão,
como muitos malucos que ficam por ai pensando na vida?”.
É uma boa pergunta! E uma pergunta válida, já que
sempre que nos propomos a fazer algo queremos nos direcionar
para algo melhor, não queremos “piorar” as coisas. Nisto todos
são unânimes. E uma coisa muito esquisita quando fazemos tal
pergunta é que parece que nunca encontramos uma resposta
satisfatória, quem alguma vez não respondeu: “Sim, vale a pena
ficar pensando sobre nós e a vida” e em outras: “Se não tivesse
pensado tanto tinha acertado”. Acho que todos nós já demos as
duas respostas. Um momento, se ambas as respostas parecem
boas, talvez seja hora de ir pouco mais longe, dar “Um passinho
adiante”. Se em vez de perguntarmos “Vale a pena pensar sobre
isto” parássemos e perguntássemos, porque estou perguntando
Pagina 10
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
isto? Porque pergunto se vale a pensa pensar? Quando fazemos
isto podemos perceber, que na verdade temos uma idéia de que
não pensar, agir naturalmente é bom. Mas isto é verdade? O que
é agir sem pensar? Será que eu posso fazer isto?
Quanta pergunta! E é isto que nos leva a duvida se o
autoconhecimento vale a pena, é isto que nos deixa angustiado,
ter que responder a cada uma delas. Porem se pararmos de tentar
responder a elas, se ao invés de ficar pensando nas perguntas
pararmos para perceber o que estamos fazendo, notaremos que
perguntar é algo natural no ser humano, é algo que nos distingue
dos demais animais. Talvez fosse bom se pudéssemos
simplesmente parar com isto, de perguntar. Mas neste caso
deixaríamos de ser humanos. Logo temos que entender que não
temos escolha, a pergunta “Vale a pena pensar sobre isto” só
pode ser respondida com um sim, pois se ela foi feita é porque
não podemos deixar de pensar.
Agora temos outro problema. Somos obrigados a pensar
certo? Certo. Mas porque não pensar só um “tiquinho” porque
ficar pensando em tudo? Para responder isto vou usar o mesmo
método que utilizamos acima, quando ao invés de responder
diretamente a pergunta resolvemos pensar no porque da
pergunta. Pois bem porque pensar só um “tiquinho” é melhor do
que pensar muito? A resposta mais obvia é que, se para saber a
resposta pensarmos pouco, não gastamos tempo nem energia
para responder a um problema. Mas se pensarmos o mínimo
como saber se acertamos na resposta? Como saber que o mesmo
problema não irá se repetir? Se pensarmos de forma superficial,
não notamos o que causou o problema, no máximo notamos um
pouco da resposta, e então já agimos de forma rápida para
resolver o problema, e na maioria das vezes nem paramos para
ver se nossa resposta estava certa. Queremos apenas nos livrar
Pagina 11
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
do problema. O chato é que quando isto acontece em geral o
problema volta, e volta pior. E nestes casos fazemos o mesmo,
damos a mesma resposta superficial sem nem ao mesmo notar
que era o mesmo problema e que sua resposta não deu certo
antes! Porque daria certo agora? Então ficamos chateados,
achando que sempre temos os mesmos problemas e que estes
nunca acabam. Que estão todos contra nós, que “tadinho de
mim, logo eu que não fiz nada!” E você esta certo! São os
mesmos problemas e você não fez nada para resolvê-los.
Note que o que causa todo o quadro anterior não é o
problema nem a resposta em si, mas a falta de pensar sobre eles.
É a atitude de não dar o devido valor a situação. Portanto se
temos uma pergunta a ser respondida somente podemos parar de
dar atenção a ela quando temos uma boa idéia do que ela
representa, do porque esta pergunta foi feita e o que ela traz da
vida para nossa existência. Não apenas é apenas a resposta que
importa.
O porquê do autoconhecimento.
Quando apresentamos o quadro em que os problemas
parecem voltar a nós, podemos, assim, lendo este livro entender
direitinho tudo o que aconteceu. O ruim é que enquanto esta
acontecendo não está em um livro, está na vida. É muito difícil
ver o que esta acontecendo com a gente enquanto estamos
vivendo a experiência. É difícil. Mas é necessário. É mais que
necessário, é obrigatório.
Podemos pensar que outras pessoas vão ter pena de nós
quando algo acontece de errado conosco. É bem provável que
isto aconteça. Pessoas quando vêm algo acontecer com os outros
se colocam na situação daquela pessoa, elas julgam a atitude da
Pagina 12
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
pessoa, a participação desta no acontecido e a arbitrariedade do
que aconteceu. Após isto podem ter simpatia pela outra pessoa
ou qualquer outro sentimento. Mas não é de pessoas que
estamos falando aqui. Estamos falando da vida e da causalidade
desta.
Vamos imaginar, por exemplo, que você por algum
motivo atire uma pedra ao ar. Independente do que as pessoas
pensem, do que você pense, em geral, a pedra vai cair. E se você
estiver embaixo vai te acertar. Não interessa que você pense “O
mundo não é justo! Levei uma pedrada!”. Não, o mundo não é
justo. Para ser justo ele teria que julgar, e ele simplesmente
obedece as leis dele mesmo, as leis naturais. E se você atirar
outra pedra novamente, irá novamente levar outra pedrada! As
injustiças que atribuímos ao mundo são somente as leis
queremos que o mundo tenha sem entender que ele tem as leis
dele.
Agora onde entra o autoconhecimento em tudo isto?
Faça uma pausa para dar sua própria resposta.
Em minha visão, o conhecimento (preste atenção,
conhecimento, não autoconhecimento) começa quando a
pedrada começa a doer, a incomodar. Ele começa com a
percepção que tem algo doendo em você, mas não pode parar ai.
Tem que ir alem, tem que perguntar o porquê da dor. Tem que
ligar a dor a causa da dor e finalmente quando entendemos que o
problema não é a dor, a dor só esta lá para nos avisar, quando
reconhecemos que o problema é estarmos atirando a pedra ao ar
passamos de conhecimento para autoconhecimento, ou seja, o
autoconhecimento começa quando deixamos de ficar nas
arquibancadas e nos colocamos no jogo.
Pagina 13
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
O autoconhecimento também não pode ficar somente na
idéia de que nós fazemos parte do problema, é necessário ir mais
longe ainda, é necessário ver o que estamos fazendo de errado, é
preciso ver qual a nossa parte e após isto o que podemos fazer
para alterar o jogo. O autoconhecimento é o comparar nós a nós
mesmo durante algum tempo e perceber o que nos levou a fazer
tal coisa, e o que podemos fazer para deixar de fazer tal coisa. E
fazer tal coisa! Afinal não é possível se dizer que você tem
autoconhecimento se sabe que esta sendo vitima de uma pedra
que você mesmo atirou se você não parar de atirar a pedra!
O conhecimento “Geral” do homem.
Se chamarmos a nós mesmos de “homens” é que temos
alguma coisa em comum que nos faz distinguir entre um homem
e as outras coisas. E esta coisa deve estar em todos os homens,
ou não seria possível dizer que tal pessoa é um humano.
Portanto é bem razoável dizer, que o conhecimento de como
uma pessoa é de “modo geral” pode nos dar um princípio para
nos conhecer a nós mesmo.
A primeira grande questão aqui é este “no geral”, pois o
que normalmente acontece é que quando falamos nestas
condições temos a tendência de limar o que em nós é diferente
para nos adequarmos a maioria quando na verdade deveríamos
fazer o contrário, deveríamos procurar em nós o que não é igual
a maioria e entender como isto funciona em nós, onde esta
“teoria geral” do homem vai falhar em nós e assim transformar a
“teoria geral” em “nossa teoria”. O próximo passo será submeter
esta teoria de como somos a ação prática, ver se o que fazemos
esta de acordo com nossa teoria. Ajustando tanto a nossa teoria
ao que realmente fazemos ou o que fazemos a nossa teoria se
acharmos que o que fazemos não foi correto. Agindo assim
Pagina 14
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
vamos conseguir uma boa idéia do que somos, não “no geral”
nem “para os outros” mas para nós.
A segunda grande questão é que como humanos temos a
tendência em dividir, em quebrar as coisas, depois não sabemos
juntar de novo. Sempre fica a impressão que o todo é a soma das
partes, mas nos esquecemos que é mais que isto. Não é somente
a soma, é a relação entre todas as partes. O todo é quando a
gente vê sem dividir em partes. Estranhamente o todo é todo!
Principalmente quando falamos no ser humano. Se ficarmos
dividindo o homem quando juntamos não dá de novo um
homem, fica bem longe. Fica no máximo ali, no “Geral” e até
hoje não conheci nenhum “Geral” andando ai pelas ruas. Em um
exemplo bem simples, se alguém cortar a sua cabeça e depois
juntar acho que não vai dar muito certo...
Bom, infelizmente até agora não conheço um meio de
retirar as duas limitações acima, o que podemos, na verdade
necessitamos fazer é conviver com elas e prestar atenção nelas,
então sempre que puder vou chamar a atenção aqui para estas
questões, vou chama a primeira questão de “Generalização” e a
segunda de “Não unicidade” para facilitar. E enquanto
pensamos neste conhecimento geral do homem, vamos manter
sempre um olho no peixe outro no gato para não sermos pegos
de surpresa.
Um pouco sobre as teorias.
Atualmente as teorias mais conhecidas para explicar o
pensamento humano são na psicanálise, desenvolvida por
Sigmund Freud, que divide a mente humana em Id, Ego e
Superego e a teoria de Carl Gustav Jung, que mostra um homem
mais ligado a sociedade. Mas, conforme expliquei acima, meu
Pagina 15
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
objetivo aqui não é apresentar sempre um posicionamento
acadêmico, então vou utilizar um outro modo de ver o ser
humano, vou usar a divisão apresentada pela teosofia.
Minhas razões para isto são duas. A primeira é que a
divisão em Id, ego e superego é uma boa divisão, mas ou deixa
de fora a parte “física” do homem, ou pelo menos em minha
opinião, não dá uma boa descrição dela. Já a descrição de Jung
tem muita relação do homem com seu exterior, e estou aqui
mais interessado na relação do homem com ele mesmo. Já a
explicação da teosofia engloba também um pouco a hierarquia
aristotélica, que divide o mundo em reinos como animal, vegetal
e mineral com um pouco de psicologia e religião, mas vou dar
um tempero especial a teosofia, tirando um pouco de “teo”
(Deus) e colocando um pouco mais de “sofia” (conhecimento)
que fica assim mais ao meu gosto.
A segunda razão na verdade nem mesmo é racional. É
que a teosofia divide a constituição humana em sete partes, o
que se por um lado a deixa mais simples de explicar, por outro
trás um pouco do misticismo do numero 7 e dos termos
utilizados na teosofia, deixando nosso pensamento mais rico ao
ter que “pensar” em coisas diferentes. E, se tivermos o cuidado
de não cair nas armadilhas acima, da generalização e da não
unicidade, acabaremos tendo uma visão interessante do homem.
A parte física (Stula sharira).
Antes de qualquer coisa, o que há de mais visível em nós
mesmos é nossa parte física. Nosso corpo. Para se lembrar desta
parte basta associa-la com os minerais, com a Terra, que é o
primeiro reino na hierarquia aristotélica.
Pagina 16
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
De um modo ou de outro nos encontramos limitados por
nosso corpo, mesmo levando em conta muitas pessoas que tem
viagens astrais, experiências extras corpóreas e tudo mais,
mesmos estas, não negam que na maior parte do tempo estamos
dentro de nosso corpo. É o corpo que em primeira instância nos
diz o limite do que sou “eu” e o que é o “mundo ao redor”,
sendo uma de nossas características mais básicas tentar mantê-lo
em bom funcionamento, sem doenças, sem mutilações, etc.
Muito embora o atual grau de desenvolvimento da industria e da
medicina já tenham alcançado um patamar em que se pode dar
um certo conforto ao corpo, sem que estejamos sempre
ocupados em caçar ou plantar nossos alimentos, não podemos
nos esquecer desta parte, de manter um corpo sadio, pois quando
o corpo é maltratado simplesmente não conseguimos pensar
direito, é o velho e sempre atual “Mente sã em um corpo são”.
A grande questão quando tratamos do corpo é
novamente o equilíbrio. É não pender para um lado ou para o
outro. Existem várias pessoas que dão um valor excessivo ao
físico que se esquecem do resto enquanto outros se empoleiram
em um pretenso “estou acima disto” e simplesmente esquecem
de que esta é uma importante parte do homem. Eu estou no
segundo grupo, não dou tanta importância ao corpo como
deveria, portanto cuidado ao lerem estas minhas idéias, pois
posso acabar sendo parcial.
Mas mesmo levando em conta esta minha provável
parcialidade, acho que você concorda comigo que em nossa
sociedade é muito mais comum a superestima do físico do que
sua desvalorização. É muito mais comum o querer ter uma boa
aparência do que se parecer um “intelectual” sendo que este é
até mesmo afastado como alguém que nos quer prejudicar.
Pagina 17
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
Agora porque isto acontece? Porque estamos sempre
escravos deste julgar nosso corpo? Acho que é justamente por
que, como disse no inicio, é a primeira coisa visível em nós, e
com esta pressa, esta vontade de fazer tudo o mais rápido
possível, de dar resposta para tudo, mal e mal conseguimos
passar desta fase. Como fazer com que o outro conheça nossos
pensamentos, nossas idéias, se a primeira coisa que o outro vê é
nosso corpo e não possui tempo para ir mais adiante? Ou será
que muitas vezes nem deseja isto, deseja-se apenas uma relação
superficial? Não é sem motivos que muitas vezes ficamos
totalmente atordoados com esta questão, pois a pressão é muita
e constante. É difícil a sua solução. Então que tal pensarmos
novamente no caráter da nossa pergunta? Porque ficamos
perguntando: “o que fazer para que os outros tenham uma visão
melhor de nós?” Provavelmente porque nós mesmos não temos
esta visão de nós!
Se examinarmos bem a questão, vemos que estamos
novamente naquele ciclo de respostas rápidas e superficiais para
um problema que na verdade é grande. Quando estamos com
uma baixa estima de nós mesmos tomamos um banho de loja,
fazemos um regime, entramos numa academia e ficamos horas
olhando o espelho. E se ninguém nos nota ficamos deprimidos a
pensar no que fizemos de errado, o que há de errado conosco?
Voltando de novo ao início do ciclo. Por outro lado estou sendo
muito pessimista, estou logo achando que todo este esforço de
academias, regimes não vai dar certo, e se der? Não existe esta
possibilidade? Obviamente existe, então vamos a ela. Quando
nosso esforço para agradar aos outros tem sucesso, ao invés de
voltar a depressão por causa do insucesso normalmente ela volta
pela pressão de manter o sucesso. Neste caso nunca
conseguimos estar contentes pois sempre estamos buscando ou
ter um corpo melhor ou manter o que temos, mas sempre existe
Pagina 18
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
alguém que tem um corpo melhor e que desperta mais atenção,
ou de um modo ou de outro nosso corpo está sujeito ao tempo e
se desgasta e por melhores que sejam as técnicas de plásticas
chega uma hora em que não funciona mais, e quando esta hora
chegar?
É fundamental sempre passarmos por este tipo de
questionamento, se quisermos sair destes ciclos de respostas
superficiais. É necessário sempre perguntar o porquê de
estarmos perguntando isto? E neste caso, em que estamos
perguntando “o que fazer para que tenham uma visão melhor de
nós” a minha resposta sobre o porquê de perguntarmos isto é
que esta falta de auto-estima é causada justamente por nosso
desconhecimento que devemos ir alem das respostas
superficiais, se não nos conhecemos, não podemos achar dentro
de nós a força para cessar este ciclo, para encarar a vida como
algo que nos pertence, não como algo que seja dependente do
que os demais pensam de mim. É o autoconhecimento que vai
nos alertar quando este tipo de ciclo começar a acontecer e nos
mostrar pelo menos a porta de saída.
É fácil de fazer? Não. Pelo menos para mim não. Tenho
a impressão que justamente pelo corpo ser a parte mais visível
estamos tão acostumados com ele que, pelo menos em meu
caso, muitas vezes não o notamos. Por outro lado como ele
também é a parte que vem primeiro em nossa sobrevivência, seu
apelo é muito forte. É difícil resistir ao “somente mais um
docinho”, “Uma cervejinha só para relaxar”. É difícil perceber
qual a diferença entre recusar por estar passando dos limites ou
recusar, mesmo dentro dos limites, por estar ficando refém das
imposições externas. É preciso um ótimo conhecimento de si
mesmo quando isto se impõe. O que acho mais simples de fazer
é que, como é algo difícil fazer, fazer por fases. Controlar seu
Pagina 19
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
corpo durante um certo tempo e depois relaxar um pouco,
sempre prestando atenção em você mesmo, não no seu físico.
Assim você irá se conhecendo aos poucos até encontrar o seu
modo. Gostaria de lembrar mais uma vez que estou no grupo
que não dá tanta importância ao corpo e que antes de passarmos
para o próximo é bom que você responda a pelo menos duas
perguntas, eu fui mesmo imparcial em minhas opiniões? Porque
você acha isto?
A parte energética (Prana Sharira).
A parte energética do corpo é na teologia a parte que o
anima, que lhe dá vida. É ele que distingue entre algo que está
vivo de algo que está morto. Para se lembrar desta parte nos a
associamos aos vegetais, na hierarquia aristotélica. Podemos
pensar nesta energia como a energia que captamos do mundo,
por isto ela é associada ao reino vegetal, pois quando pensamos
nas plantas pensamos na fotossíntese, na captação da energia do
Sol e da Terra na manutenção da vida da planta, e por
conseqüência na distribuição desta energia para os demais seres
vivos. Esta energia que perpassa o corpo é a vida no seu sentido
mais básico, mais fundamental, como vitalidade. Se, em nossa
busca do autoconhecimento, pensarmos em nossa relação com
esta energia, iremos notar que nem sempre temos a totalidade
desta energia. Nós nos desgastamos em função do tempo e um
jovem que tem energia irradiando por todos os lados não possui
tanta alguns ano depois. E mesmo durante o decorrer do dia,
podemos acordar muito bem e acabar cansados a noite.
Como estas variações de vitalidade influenciam
diretamente em nosso modo de agir, uma boa prática em nossas
vidas é sempre que for tomar uma decisão verificar se esta
decisão foi resposta a algo completamente analisado ou foi
Pagina 20
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
somente “um desistir por estar demasiadamente cansado”.
Sendo que também o outro lado muitas vezes se apresenta,
talvez até com maior freqüência, tomamos decisões
precipitadas, pois estamos “energizados” demais com a situação
a nossa volta que não paramos para pensar que quando nos
damos conta já agimos sem pensar.
Seguindo também pela vereda de que a parte energética
esta associada com os vegetais, logo nos vem à mente o
desequilíbrio ecológico, um dos principais problemas atuais. E
com a ecologia, temos que pensar não só as florestas e matas,
mas o ambiente em si, o lugar onde vivemos, como nosso
trabalho e nossa casa. Vivemos muitas vezes em ambientes
sobrecarregados, borbulhantes, onde parece ser moda estar
ocupado a cada instante. E isto nos consome, nos deixa em uma
condição subumana. Como podemos ser uma pessoa em um
ambiente assim? Como não deixar que isto nos afete? Se nos
voltarmos novamente para analisar o sentido da pergunta, antes
de tentar responde-la, podemos ver que esta se trata
principalmente sobre a pessoa e o ambiente. Uma pessoa, dentro
de si mesma carrega todo um ambiente interno que se comunica
com o ambiente externo, para que haja um equilíbrio entre os
dois é necessário pois que façamos regras para a transição por
esta fronteira, do mesmo modo que dois paises estabelecem
regras para cruzar a sua fronteira e para as relações comerciais
entre eles. E antes de tudo ao estabelecer estas regras, devemos
cumpri-las. Devemos criar filtros, barreiras entre os dois
ambientes, não deixando nem que nossas aflições internas
interfiram em nosso ambiente exterior ou que as pressões do
exterior venham a sobrepujar nossa visão interior. Se
conseguirmos manter isto, poderemos tanto ajudar ao ambiente
externo, como no caso em que todos ao seu redor perderam a
cabeça, mas você esta calmo, como no caso contrário onde você
Pagina 21
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
esta se perdendo e verifica que todos a sua volta estão calmos o
que lhe trás um pouco de conforto.
A situação extrema do desequilíbrio desta energia vital
em nós se dá durante a doença. Neste caso nossa energia está tão
fraca que nosso pensamento se torna turvo e não podemos
decidir praticamente nada. Neste caso é preciso que alguém
próximo a nós, que conheça nossas idéias razoavelmente bem
possa se decidir por nós, como nós faríamos se estivéssemos
sãos, por isto é importante ter pessoas ao seu redor que o
conheçam bem e em quem você possa confiar. Em outras
palavras, um ambiente harmonioso ajuda até mesmo quando
esta harmonia se perde.
Como a energia vital se renova com a alimentação que
em última instância é a energia do Sol ou da Terra (a parte
física) modificada, e é aplicada em nosso corpo (novamente a
parte física) podemos ver que a parte energética e a parte física,
assim como as demais partes a frente apresentadas, estão
intimamente ligadas. Digo isto para relembrar nosso problema
da não-unicidade, que o todo é mais que a soma das partes,
como visto anteriormente, para voltamos novamente um olho
para o gato sem ficar somente vendo o peixe.
Por ultimo, antes que se você passe para o tópico
seguinte pense um pouco nisto, a parte física é nosso corpo e
nós queremos mantê-lo, para isto precisamos da parte energética
que irá nos dar vida, e que flui de um corpo para outro. O que
acontece então quando dois corpos se encontram? Existe uma
disputa pela energia neste caso pois cada um quer manter a
energia? Se existe como se dá esta disputa?
Pagina 22
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
A parte emocional (Linga Sharira).
A terceira parte de que é formado o ser humano é a parte
emocional, associada ao reino animal na Hierarquia Aristotélica.
É muito interessante perceber como as coisas na natureza se
repetem. Às vezes penso que estou ficando chato por dizer as
mesmas coisas, mas, são as mesmas coisas mesmo! Acabei de
alertar para a questão do separatismo, da não-unicidade, de ficar
colocando as coisas em caixas, que é o segundo alerta que fiz lá
no inicio do capitulo e vou ter que falar nela novamente. Pois
mais uma vez quando você vai ver como é tratado esta parte
“animal” do homem, o que encontra é a visão unilateral.
Enquanto todos concordam que somos “animais racionais”, uns
ficam no “animal” e outros no “racional”. Mas pelo visto o lado
“animal” anda ganhando. Basta dar uma olhada na grande
quantidade de artigos que saem nas revistas por ai, são centenas
de estudos feitos em animais que simplesmente querem
generalizar os resultados para os humanos, dá vontade de gritar:
“Ei! Calma ai!”. Não sou só isto, embora seja também isto. A
quantidade deste tipo de abordagem é facilmente explicável
devido ao grande progresso tecnológico que temos tido em
nossos últimos anos, ou seja, é muito mais fácil fazer algumas
experiências com animais, vendo o seu comportamento, do que
sair por ai conversando com as pessoas e vendo o que elas
pensam. O nosso trabalho agora é ver que somos animais sim,
mas não só isto. É ver que por mais que sejamos racionais
sempre tem uma parte animal ali dentro e por mais animal que
sejamos, também temos uma parte racional. Aliás, é mais que
isto, é ver que alem destas duas partes somos gente!
Como visto anteriormente, temos uma parte física e uma
parte energética que nos dá a vida. E estas duas se
complementam e se misturam, a energia flui de um ser para
Pagina 23
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
outro, de um corpo para outro, e quando esta energia deixa
totalmente um corpo este fenece, ou em uma linguagem mais
clara morre! E não sei por que, mas ninguém quer morrer
(Porque será isto?). Obviamente se quando a energia nos deixa
nós morremos e ninguém quer morrer, ninguém quer deixar que
esta energia lhe deixe. Mas como visto não interessa o que a
gente quer, a vida tem as regras dela independente das nossas
vontades. E esta guerra entre adquirir energia, perder energia ou
aproveitar a energia gera a emoção.
A emoção, assim como vejo, é a transição da energia.
Quando recebemos energia temos alegria, felicidade uma
sensação de que as coisas vão bem. Quando usamos a energia
temos euforia, bem estar, animação. Quando perdemos energia
temos cansaço, depressão, desânimo, etc. Sei que isto esta meio
místico, mas acredite, energia é um conceito físico, se não
acredita coloque o dedo na tomada sinta o que diz o rei Roberto
Carlos: “São tantas emoções!”.
Ok, já sei o que é a parte emocional, mas e daí? Em que
isto vai me ajudar? Se você ficar só sabendo o que é esta parte
não vai ajudar em nada mesmo. Agora o tópico que estamos
falando aqui não é a parte emocional, é o autoconhecimento.
Temos que olhar para nós mesmos e descobrir como o a parte
emocional esta agindo em nós, em reconhecer qual de nossos
atos e pensamentos o que foi influenciado por emoções e o que
foi racional e dosar as duas. Uma vida somente guiada pelas
emoções é sem sentido é animalesca, uma vida só guiada pela
racionalidade é besta, é sem sal. O que faz a diferença é o
tempero.
Pagina 24
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
Mente Concreta (Kama-Manas).
E eis que chegamos ao homem, pois Kama-Manas
representa a mente lógica, o raciocínio humano. Pois mesmo o
homem sendo um animal, é um animal um tanto quanto
diferente, pois possui uma mente que é capaz de “ver” e
compreender o mundo em que ele esta inserido e criar uma
representação deste mundo internamente. Enquanto os animais
simplesmente reagem aos estímulos, os homens trazem estes
estímulos para dentro de si, para seu mundo interno e o
racionaliza, o incorpora a seu mundo criando uma representação
deste dentro si. E isto tem conseqüências. A primeira delas é que
fazendo esta transição do mundo externo para o mundo interno,
o homem pode processar este estimulo e ter uma idéia do que
vai acontecer no mundo externo antes que realmente aconteça.
A segunda é que dá uma puta dor de cabeça!
Se pensarmos na teoria da troca de energia, vamos ver
que os animais apenas utilizam a energia como ela está na
natureza. Quando um animal está com fome, ele come, quando
está cansado dorme. Já o homem não. Ele planta, cria as
vaquinhas e os porquinhos para depois “papar” eles. Pega tudo
isto e coloca em saquinhos (sachês) para depois ter o trabalho de
abrir o saquinho para comer (desculpe, ando revoltado com os
sachês de ketchup que só abrem depois que a gente dá uma boa
dentada neles).
Ok, ok, tudo bem. Existem animais que
estocam alimentos como as formigas, mas a questão aqui é o
raciocínio lógico, as formigas podem estocar alimentos, mas
agem por instinto, não interiorizam que estão a guardar
alimentos para depois comer, não vendem estes alimentos em
bolsas de valores, não colocam a comida delas em sachês
(continuo revoltado). Somente o homem consegue plantar em
Pagina 25
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
grande escala e digamos assim “criar” sua própria energia para o
futuro.
Se por um lado quando pensando no futuro conseguimos
utilizar melhor a energia, tendo uma maior eficiência no manejo
desta, pois, por exemplo, ao plantar batata não precisamos sair
por ai procurando onde tem batata, ou seja gastar a energia. Por
outro isto traz a insegurança (E se a plantação não dá certo?), o
medo (E se dá uma praga nas minhas batatas?) a ansiedade
(Quando estas batatas vão estar boas?) e muitos outros
sentimentos que conhecemos muito bem. Agora pare e antes de
passar para o próximo parágrafo pense um pouco, o que tem a
ver a interiorização do mundo com estes sentimentos?
A resposta é bem óbvia, por que o nosso mundo interior,
o Kama-Manas, é um mundo de representação, não é um mundo
real. O Kama-Manas é parecido, embora não igual, ao que
muitos chamam de Maya, a ilusão. Eu gosto muito da idéia de
Maya, então vou usar bastante ele daqui por diante. Vamos
então ver o que quero dizer com um “mundo de representação
não real”. Quando eu escrevo “Casa” você pensa em uma casa
(que incrível!) o que falta agora é dar o nosso “passinho
adiante” e perguntar por quê? Porque quando se escreve casa
você pensa em algo com janelas (pronto pensou nas janelas!)
com portas (se esqueceu das portas?) e um elefante em cima do
telhado. Bom, acho que você não tinha pensando em um
elefante em cima do telhado. Mas seja sincero, assim que eu
escrevi isto você pensou nele! Não sei se você já viu um elefante
em cima do telhado, eu pelo menos não. É isto que mais ou
menos isto que significa Maya. O elefante em cima do telhado
pode não existir no mundo físico, mas agora ele existe para nós,
em nosso pensamento lógico, em nosso Kama-Manas, em nosso
“mundo de representação não real”. Mas espera ai, você vai
Pagina 26
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
dizer a casa existe! Não, não existe. Você pode ter pensado em
uma casa existente, em sua casa atual, em uma casa de sua
infância, na casa que você quer ter, mas se for olhar na janela
agora, talvez veja uma formiga passando, e esta formiga não
estava na casa que você imaginou, ou seja a casa que você
imaginou é outra casa! Agora vamos dar um passinho mais
adiante ainda, eu falei em casa? Falei nada! São apenas as letras
“C” a letra “A” a letra “S” e a letra “A” aqui neste papel, e uma
voz apareceu na sua cabeça com a palavra casa (pronto pensou
na casa de novo!) isto é MAYA!
Mente Pura (Manas), Veículo intuicional (Budhi),
Vontade pura (Atma)
Estes três formam, na teosofia, a parte imortal do
homem, o seu espírito. E é uma parte em que o homem ainda
não alcançou completamente portanto não dá para falar muito
sobre elas. Segundo a esta doutrina, apenas podemos ver a sua
influência destas partes nos demais níveis do homem. Manas
seria a mente pura, ou seja, enquanto Kama-Manas está mais
ligado ao próprio ser, é uma mente egoísta, Manas esta somente
ligado a humanidade, são as virtudes do homem. Budhi é a
mentalidade intuitiva, ou seja, é o Kama-Manas sem Maya, onde
se conhece diretamente a verdade. E Atma é a expressão do
divino no homem, é o que talvez chamaríamos de Deus no
homem.
Amarrando as pontas.
Até aqui estamos com duas questões que sempre
olhamos quando analisamos algo: A “generalização”, que
entendo como a tendência que temos de adequar algo particular
Pagina 27
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
a uma teoria genérica e a “Não unicidade” a tendência de dividir
as coisas em partes, vou agora adicionar uma terceira que é
justamente MAYA, a tendência a ver nossas representações
como o mundo real. Maya é a teoria em si, e o que é uma teoria?
É apenas um modo de pensar o mundo, nada mais. Deixe-me
dar um exemplo, na física antigamente a Terra era o centro do
universo, os homens observavam o céu e viam que as estrelas e
planetas giravam em torno da Terra, então começaram a utilizar
estas observações para prever as estações do ano, para saberem
onde estavam enquanto viajavam, etc. Acontece que algumas
destas estrelas (na verdade os planetas) ao invés de fazer um
caminho circular como as outras, são meio abestalhadas, vão e
vem zanzando pelo céu. Tudo bem, isto não era grande
problema, se estas estrelas querem ficar passeando por ai tudo
bem, não atrapalhava as previsões que eles precisavam. Só que o
que hoje esta bom, amanhã não estará tão bom assim, pois a
medida em que a humanidade avança as previsões começam a
exigir maior precisão, e estas estrelas ficavam atrapalhando
tudo! Até que algum dia, alguém teve a idéia colocar o Sol no
centro e a Terra girando em torno. Então as coisas fizeram mais
sentido! Aquelas estrelas malucas que ficavam zanzando por ai
foram explicadas como o resultado da rotação da Terra em torno
de seu eixo e em torno do Sol. E os astrônomos podiam agora
prever o seu movimento. E hoje quando a gente pensa nisto acha
que os povos antigos eram muito atrasados! Como podiam
pensar que a Terra era fixa! Porque será que eles não pensaram
que ela gira também em torno do Sol! Coisa tão óbvia! Só que a
Terra não gira em torno do Sol, ela anda em linha reta! Heim?
Não entenderam nada? Eu também não, não sou físico. E
admito, posso esta falando algo errado. Mas me parece que
devido à teoria da relatividade a Terra anda em linha reta em
direção ao Sol, só que o Sol provoca uma curva no espaço e a
Pagina 28
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
Terra volta ao início da caminhada. Algo assim como se você
anda-se sempre para frente em um circuito oval de corrida. Você
pensa que esta indo para frente, mas esta fazendo uma curva e
sempre volta ao início.
Onde quero chegar com isto? Quero que percebam que
as teorias vão mudando de acordo com o tempo e que algo que
acreditamos ser a verdade, que o mundo é assim como diz a
teoria, na verdade não é. A teoria serve apenas para melhor
acertar o que vai acontecer no mundo, e devemos utilizá-las
deste modo. Devemos também utilizar as teorias de acordo com
a finalidade delas, se um cientista ao projetar uma nave espacial
não levar em conta a relatividade a nave vai parar longe, agora
se quando eu for caminhar de manhã precisar fazer todos os
cálculos da relatividade para saber quando o sol vai nascer,
quando for caminhar já passou o amanhecer e provavelmente
vou estar tão velho que nem andar mais posso. Neste caso basta
ver que horas o Sol de pôs para saber mais ou menos que hora
acordar!
Outro ponto a se notar é que o propósito de uma teoria é
ser útil para quem a vai usar, é útil para que esta pessoa posa
prever pelo menos em parte o que vai acontecer. Não adianta
fazer uma teoria que dá somente uma explicação sobre algo, esta
teoria pode até ser útil para aplacar a sua sede de resposta, mas
ela deve ser posta à prova, e deve pelo menos estar apoiada em
outra teoria bem sólida. Não adianta ficar fazendo teorias que
atribuem tudo a seres míticos, a deuses, ET’s ou coisas
parecidas. ENTENDAM BEM, NÃO ESTOU DIZENDO QUE
ISTO NÃO EXISTE! NÃO PRECISAM BRIGAR COMIGO!
Só que, no meu entender, isto dá apenas uma explicação sobre
algo, este tipo de teoria, embora válida, verdadeira, só tem
sentido baseada na crença que temos sobre ela, ou seja,
Pagina 29
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
poderíamos utilizar qualquer outra explicação sobre isto que
também seria válida. Por isto prefiro dizer que não sei. Que
neste caso não sei o que acontece. Pois se ficar utilizando tais
métodos iria matar o que tenho de melhor em mim, que é
vontade de buscar uma resposta ao invés de investigar eu iria me
ater a primeira resposta que me é oferecida. Dizer que algum ser
místico é superdotado e que pode prever o futuro pode até ser
verdade, mas EU não sou superdotado e EU não posso prever o
futuro. Posso no máximo utilizando um pouco os conhecimentos
teóricos ter uma idéia do que pode acontecer. E se me conformar
com este tipo de resposta não irei melhorar.
Espero que com os comentários acima tenham percebido
que tudo que falei sobre o as partes do Homem são apenas uma
teoria, não são reais, são Maya! E devem ser abandonadas assim
que não forem mais necessárias, não antes, nem depois. Estas
camadas não são reais, ajudam a entender o Homem, mas devem
ser abandonadas assim que sentirmos que não correspondem
mais as nossas necessidades. E principalmente quando
começamos a crer nelas. Quando tentamos ajustar o mundo a
elas (nosso problema da generalização) e quando tentando
dividir tudo nos níveis apresentados (problema da Nãounicidade).
Não sei se vocês perceberam, mas quando falei de
Kama-Manas perguntei o que tem a ver a interiorização do
mundo externo com sentimentos como insegurança, medo e
ansiedade. Perguntei mas não respondi. Isto foi de propósito,
quer dizer um pouco de propósito. Acontece que quando temos
consciência de Maya, e entendemos um pouco o que isto
significa isto dá certo baque em nossa alma. Dá-nos certa
desestabilizada, então achei melhor deixar para depois. Agora
aproveito para responder. E já que vamos responder que tal
Pagina 30
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
aproveitar e dar uma olhada nesta questão de que uma teoria
deve nos dar uma idéia do que vai acontecer?
De acordo com nossa teoria temos alguns níveis
distintos, o físico, o energético, o emocional, o mental e a mente
superior (Manas, Budhi, Atma). Mas a mente superior esta em
um próximo estado então vamos deixá-la por enquanto.
Ficamos, com isto, com quatro níveis sendo que os três
primeiros têm uma ligação direta com o mundo, o físico é parte
do mundo, o energético apenas obedece às leis deste e o
emocional só quer saber de aproveitar do mundo, nada mais. Já
no outro canto do ringue temos o coitado do Kama-Manas. O
Kama-Manas não está diretamente ligado ao mundo, pois é
somente uma representação deste, mas também não está
separado do mundo já que seu objetivo é sentir prazer, ele
mesmo, no mundo. Se você pensar um pouco não é um luta de
igual para igual, são três contra um! E os três são muito mais
experientes e mais fortes que o adversário! Mas o adversário
também não é qualquer um! É o terrível Kama-Manas! O senhor
da lógica! O mestre da aprendizagem! E o que não mata o
Kama-Manas literalmente o fortalece! Assim pode ser que a
parte física tenha inicialmente uma força superior a nossa mente
lógica, pode ser que no principio não tenhamos sabedoria ou
força suficiente para enfrentá-la, mas se não morremos, e não
vamos morrer porque seria um suicídio também para o
adversário, ficamos então mais fortes e aprendemos a controlar
o adversário.
E como o raciocínio lógico (vou continuar chamando de
Kama-Manas pois é uma palavra bonitinha!), o Kama-Manas,
faz para controlar os outros (ou seja, a nós)? Como o KamaManas é lógico ele atua associando as causas às conseqüências.
Ele observa os demais níveis e entende que enquanto existe
Pagina 31
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
prazer os demais níveis continuam atuando, quando existe dor
eles param de atuar, então o Kama-Manas associa a dor com o
controle da causa. E utiliza a dor para controlar. Quando
olhamos aquele doce delicioso ficamos com água na boca e
queremos comer tudo. Doce é energia! Então o Kama-Manas
entra em ação e insere um monte de medo na pessoa: “Você vai
engordar!”, “Os outros vão pensar mal de você!”, “Você vai
passar mal!” e medo causa dor. Logo os demais níveis param de
agir. Se o Kama-Manas não agir assim vamos agir como
animais, vamos dar vazão aos nossos sentidos e comer tudo!
Depois nos arrependeríamos com a terrível dor de barriga. Logo,
o Kama-Manas esta ai para nos ajudar, ele fez e faz uma grande
diferença. Quando éramos muito próximo dos animais foi ele
que nos garantiu a existência, guardando os alimentos, a energia,
para ser utilizada depois. Aprendendo a guardar a sementes para
cultivar a Terra e ter mais energia, etc. Aliás, já pararam para
pensar porque que tudo que é bom é imoral, ilegal ou engorda?
Pare um pouco agora e pense no que falamos, e escreva em um
papel antes de continuar. Agora continuando. Tudo o que é bom
é associado ao ganho de energia, então um doce é mais gostoso
que uma alface, pois o doce tem mais energia (caloria) e nos dá
mais prazer. Ou seja, de algum modo aprendemos a diferenciar
o que nos dá mais energia do que nos dá pouca energia e
associamos o prazer com estas coisas, então o que é bom
engorda. Por outro lado como vivemos em sociedade, não se
pode ficar com toda a energia para nós, temos que dividi-la com
os outros, mas não muito, pois queremos a nossa parte e que ela
seja a maior parte, e para controlar esta ânsia de energia, este
querer levar vantagem surgem os costumes, querer a maior parte
é imoral. Se a moralidade não nos detém nesta ânsia para ganhar
passa a valer a lei para nos deter, logo é ilegal.
Pagina 32
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
Já sabemos que o Kama-Manas está ai para nos regular,
para nos tornar homens ao invés de animais. Mas, tem sempre
um “mas”, o que acontece quando o Kama-Manas, ele mesmo,
esta desregulado? O que acontece quando não há equilíbrio? É
fácil perceber que quando isto acontece, os medos, as dores, que
o Kama-Manas provocam são infundados, quando estamos sem
energia (com fome),e olhamos ao doce e não comemos ao
menos um para suprir nossa carência, com medo de engordar.
Quando temos um trabalho (real) a fazer e não o fazemos com
medo das opiniões dos outros. Quando ficamos sempre
pensando no futuro e nos esquecemos de nossas necessidades
presentes e urgentes. Estamos com o Kama-Manas desregulado.
Ok, estou com o Kama-Manas desregulado. Vou dar um
pulo ali na oficina (no psiquiatra) para regular. Você está?
Como você sabe disto? Se você esta com um parafuso a menos
como o mecânico vai apertar ele? Pode até ser que o mecânico
ache algum parafuso solto e o aperte, mas é isto mesmo que
você está precisando? É o mecânico que usa o carro todo dia e
sabe qual o problema ou é você? Logo qualquer atitude no
sentido de concertar a nós mesmos passa pelo
autoconhecimento. Opa espera ai, autoconhecimento também
não é Kama-Manas? É. Também é. Mas é também, não é
somente Kama-Manas. Autoconhecimento é o Kama-Manas
tendo consciência de si mesmo e ao conhecer isto ver que ele
não é único, que esta ligado com o corpo, com a energia, com as
emoções e com ele mesmo. E ao reconhecer isto ver que é
necessário não somente razão, mas condições físicas, energia e
emoção para realizar algo. E se você fizer isto, um esforço
racional, físico, energético e emocional na busca da solução de
um caminho e mesmo assim não der certo, mande tudo para
você sabe onde, afinal este é o meu caminho, pode não ser o seu.
Pagina 33
O autoconhecimento.
www.mino.com.br
Uma pausa para ir ao banheiro.
Se você chegou até aqui parabéns, se pulou direto para
cá volte e leia o que estava antes, ou não vai adiantar em nada o
que vai ler a seguir.
Você deve ter notado que no primeiro capitulo falamos
um pouquinho do que seria o livro, de seu modo de dizer as
coisas, ou devo dizer do meu modo de dizer as coisas, já que
estou apresentando aqui minhas idéias sobre o que é a vida e o
mundo. Espero com isto ter contribuído um pouco com seus
anseios e mais que isto, que você tenha gostado do que até aqui
foi tratado e do modo como está sendo tratado, sei que posso ter
ferido algumas crenças ou idéias pessoais sua, sei que isto é uma
violência, mas é impossível dizer o que se pensa sem que isto vá
de encontro com os preceitos dos outros, a batalha é inevitável,
mas pode ser gostosa quando os adversários se respeitam, e fico
muito grato se vocês contribuírem com suas opiniões através do
site www.mino.com.br, pois assim estaremos crescendo juntos.
Logo após ter falado sobre o livro falamos sobre a
filosofia, foi dada uma visão geral do homem e sua relação com
ele mesmo e a sociedade em que este está inserido, nesta ocasião
fizemos então uma comparação da vida com um parafuso que
precisa se ajustar, o parafuso seria o homem, foi dito então que
para se realizar a tarefa é necessário reconhecer que temos
vários tipos de parafusos, quais as suas características e para que
servem. Pois bem, então no capitulo anterior fizemos um pouco
isto, falamos nas diversas partes que constituem o homem e na
relação entre elas e principalmente, falamos na questão do
ajustamento entre teoria e prática e reforçamos os problemas da
generalização, da não unicidade e de Maya. Que irão nos seguir
durante o resto de nosso caminho, estou agora fazendo esta
Pagina 34
Uma pausa para ir ao banheiro.
www.mino.com.br
pequena “pausa para ir ao banheiro” para que possamos, eu e
você, entender o que foi feito até agora, e para onde iremos.
Se você se lembra de nossas “conversas” anteriores pode
ver que o autoconhecimento é a pedra fundamental onde se
ergue todas as demais, vira e mexe tenho alertado para isto.
Algumas vezes tenho dito o que esta acontecendo enquanto
escrevo (como no caso em que fui para Morro de São Paulo na
Bahia), outras tenho alertado pelas minhas preferências pessoais
(o caso da parte física do homem), tenho dito claramente onde
não estou seguro de minhas opiniões (Teoria do conhecimento,
linguagem, Manas, Budhi, Atma) e estou dizendo agora porque
estou escrevendo esta seção. Para pararmos um pouco e assentar
nossas idéias (as minhas também, acredite) sobre o que foi dito e
sobre o que há a dizer. Também é bom lembrar a sua parte nesta
comunhão que é um livro, estou me esforçando por fazer minha
parte, mas e você? Tem parado para pensar no que eu digo?
Tenho dito que este é meu caminho, minhas idéias, quais são as
suas? Se esta seguindo minhas idéias para onde você acha que
vou agora (dica: pense um pouquinho no parafuso)? Agora que
fiz esta pergunta você voltou na primeira parte para ver esta
questão do parafuso? Você pode estar pensando, bom ele
escreveu um monte de coisas e depois voltou, e para dar um tchã
no negócio colocou isto. Não fiz, ainda não revisei o texto ainda
(alias quando estiver lendo isto já estará revisado), mas vou
fazê-lo e se isto continuou aqui é porque achei necessário.
Ótimo, até aqui falamos do que foi feito, mas eu fiz uma
pergunta: para onde vamos? Bom, seguindo o exemplo do
parafuso podemos dizer que até agora falamos do parafuso em
si, a sua constituição, logo, a próxima etapa é falar sobre as
ferramentas que temos para apertá-lo. Para isto não vou dividir o
assunto em escolas de filosofia, temas, etc. Vou dividir o
Pagina 35
Uma pausa para ir ao banheiro.
www.mino.com.br
assunto em assunto mesmo. E usar o que conheço sobre a teoria
para explicá-los, assim pretendo escapar um pouco da armadilha
da “não-unicidade”.
Para terminar este papo no banheiro, (alias, isto é só um
titulo, sou homem e homem não conversa no banheiro, embora
sempre quisesse saber o que as mulheres conversam no
banheiro, e porque vão em dupla? Mas acho que isto é um dos
mistérios do universo, não dá para explicar), bom para terminar
o papo do banheiro (me perco em parênteses longos, como a
anterior!) gostaria de chamar a atenção que, na primeira parte a
idéia básica foi “equilíbrio” agora prestem atenção em
“caminho” e com caminho entendam “processo de fazer algo”.
Até agora só usei a palavra “caminho” 13 vezes, incluindo esta
anterior, pode ser que na revisão insira mais algum e não
atualize esta contagem, me perdoe se isto acontecer. Mas este
será um dos principais temas daqui para frente. Mas vamos
parar de embromação e seguir o caminho (14 vezes).
Pagina 36
Uma pausa para ir ao banheiro.
www.mino.com.br
Causa e Efeito.
Anteriormente, quando estávamos à volta com um
problema coloquei a importância de não apenas dar uma
resposta ao nosso problema, mas sim ao responder “porque
estamos perguntando isto?”, “Porque estamos tendo este
problema?”, e que precisamos ter um autoconhecimento bem
desenvolvido para podermos parar e fazer esta pergunta. Ótimo.
Mas porque precisamos perguntar do porquê? Não precisamos
saber o porquê do porquê? Obviamente precisamos sabe o
porquê do porquê, se não soubermos o porquê do porquê
estaríamos sendo inconsistentes (adorei isto! Acho que nem eu
entendi direito!). Parando um pouco com a embolada, com o
trava língua, nós queremos saber o porque de algo pois temos
em nossa própria constituição a idéia de causalidade, a idéia de
que se algo aconteceu, foi conseqüência de algo que aconteceu
anteriormente. Todos sabemos disto. E todos nós nos
esquecemos disto. Todos sabemos que é necessário parar as
causas para parar os efeitos. E novamente todos nos esquecemos
disto, tentamos apenas remediar os efeitos esquecendo as
causas. Se estamos com dor de cabeça tomamos um analgésico
ao invés de ver o que causou a dor de cabeça. Vamos agora
então mostrar as ferramentas para lidar com esta sucessão de
causas e efeitos.
Darma e karma.
Estes dias estava caminhando pela praia quando me
lembrei de uma piada que dizia que exceto o cobrador e o
motorista, na vida tudo é passageiro! Então pensei putz,
interessante como mesmo sem querer a gente acerta. Quero
dizer com isto que se você quiser se lembrar de Darma e karma,
Pagina 37/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
lembre-se: Darma é o motorista, Karma é o cobrador e a
vida é passageira!
Explicando. Darma para quem nunca ouviu falar são as
leis naturais, as leis que regem o mundo e que nos levam de
volta a este. É a realidade em si. Onde Maya deixou de existir.
Darma são as leis naturais. Lembra-se do exemplo da pedra que
é atirada para cima? Pois Darma é a lei que faz a pedra cair. Esta
lei está ai, ela existe, caso você queira ou não. E diferentemente
de nossas leis, onde se pode subornar o guardar para transgredir
a lei, aqui não existe esta opção, você simplesmente seque o
Darma e pronto. Darma é o motorista, ele tem uma rota a seguir
e se você pegar o ônibus errado não adianta, ele não vai sair da
rota por sua causa. Ele vai te conduzir para o destino e se você
tentar convence-lo a ir a outro lugar, ele simplesmente vai
apontar a plaqueta: “Não converse com o motorista”. Darma é o
caminho (olha ele aqui!)
Karma é o cobrador. É ele que garante que todos vão se
comportar dentro do ônibus, é quem vai cobrar se isto não
acontecer. Aposto que muitos já ouviram falar: “ah! Este é meu
Karma!” com a idéia de que Karma é algo ruim, algo chato. Se
você levar para o lado pessoal é mesmo. Ninguém gosta de
pagar passagem. Mas todos concordam que ela é necessária para
manter o ônibus funcionando. Por isto Karma é normalmente
associado a algo ruim, algo negativo. Esquece disto. Karma é a
conseqüência da lei. Karma é a conseqüência do Darma. Karma
é o que te coloca no caminho, é o que diz, “vai por aqui!”. Às
vezes não queremos ir por ali então vamos por outro caminho e
Karma nos pega pela orelha e diz “É por aqui!” então achamos
que ele é ruim, mas isto é só o nosso julgamento sobre onde
deveríamos ir, o karma só esta dizendo “É por aqui!”, te
mostrando o caminho. Sem julgamento se é bom ou mal.
Pagina 38/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
Não sei se é hora de falar isto, se deveria esperar mais
um pouco, mas vou falar assim mesmo, tenho tentado manter
um dialogo claro com você e vou continuar assim. Por isto vou
correr o risco de ser mal compreendido, ou não ser
compreendido como é mais provável.
Não sei se você notou, mas tanto Darma como Karma
estão à parte de você. São a vida. Nenhum deles está te
perguntado nada, nem querendo nada de você. Apenas te
colocam no caminho. O que isto quer dizer? Quer dizer que de
um modo ou de outro você vai estar no caminho. Não há como
sair dele. Repito, não há como sair dele. Mais uma vez para
gravar: NÃO HÁ COMO SAIR DELE! Porque isto é tão
importante? Porque está cheio de religião, teoria ou sei lá o
nome que você quer dar a isto, dizendo para alcançar o céu é
preciso fazer isto. É preciso fazer aquilo para alcançar o nirvana,
é preciso fazer aquilo outro para ter sucesso. BESTEIRA.
Simples assim. BESTEIRA. Você não pode sair do caminho.
Você esta nele e vai chegar ao fim dele. Quer queira, quer não
queira. Quer siga alguma religião, filosofia, teoria, ou qualquer
outra coisa ou nada. Você vai chegar ao fim do caminho. Agora
COMO vai fazer isto já é outra coisa. Ai sim, neste caso é muito
útil o que toda esta gente diz. Se você vai ficar tropeçando em
cada pedra do caminho, se vai tomar um atalho, se vai andar
devagar ou com pressa. Neste caso as filosofias, teorias e
religiões podem ajudar. Elas são como placas ao indicar o
caminho. São elementos de apoio. É por isto que estou
escrevendo isto, para mostrar qual é o MEU caminho. E talvez
assim ajudar você a conhecer o SEU. Pode ser que dê certo,
pode ser que não, se der certo você vai caminhar de um modo
diferente. Se não, vai continuar a caminhar do mesmo modo,
mas parar de caminhar você não vai.
Pagina 39/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
Para exemplificar, vamos pegar a religião Cristã. É ponto
de concordância que Deus é bom, é justo e ama aos homens. E
que devemos seguir seus ensinamentos, mas alguns insistem que
se não seguirmos os seus ensinamentos não entraremos na vida
eterna, vamos direto para o inferno, com uma escala em Brasília
para pegar os políticos. Agora pense um pouco, se Deus é bom e
justo, e se ele nos deu a liberdade de escolher, como pode nos
mandar para o inferno se estamos apenas cumprindo as ordens
dele ao escolher algo? Como Deus pode ser justo se não respeita
as nossas escolhas? Que liberdade é esta que Deus nos dá se ele
nos força a escolher a opção dele? Para que Deus seja bom e
justo é necessário que ele nos dê a escolha e que nós nos
responsabilizemos pelas conseqüências delas, mas no final de
um modo ou de outros seremos salvos. No Fim dá certo!
O complexo de Gabriela.
Novamente antes de tratar do assunto deste tópico,
gostaria de dizer que sei que fui duro no tópico anterior, e que
infelizmente tive que fazer isto. Muitas vezes para nos fazer
entender temos que dizer as coisas não como gostariamos de
dizê-las, mas como elas têm que ser ditas. Provavelmente feri o
seu sentimento religioso ou pessoal ao dizer que estamos
fadados a seguir nosso caminho. Se eu feri, peço que entenda
que fiz isto para que possamos sair do lugar, para nos demolir e
arrumar algum espaço onde possa erguer algo. Se não feri, volte
ao tópico anterior para ver se realmente o entendeu, ou não vou
ter o espaço necessário para manobrar nossas idéias.
Uma conseqüência estranha do fato de possuirmos o
nosso próprio caminho e não poder sair dele, se traduz nas
seguintes frases:
Pagina 40/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
“Eu nasci assim,
Eu cresci assim,
E sou mesmo assim
Garbriela!
Sempre Gabriela!”
Quem conhece, logo lembra da musica “modinha para
Gabriela” do Dorival Caymini que era cantada pela grande Gal
Costa na novela “Gabriela cravo e canela” baseada no romance
de Jorge Amado. Confesso que não me lembrava desta musica
até uma amiga canta-la enquanto falamos sobre a dificuldade de
se tomar uma iniciativa.
Isto é o que chamo de Complexo de Gabriela! É a
desculpa mais esfarrapada que já ouvi. Onde alguém está com a
cabeça quando diz isto! Eu nasci assim. Uma completa mentira,
quando nascemos somos completamente diferentes do que
somos hoje. Você sabe uma das principais diferenças entre os
homens e os animais? O vazio. Os animais quando nascem já
tem um grande grau de conhecimento do mundo, um cachorro,
por exemplo, em pouco tempo já anda, come e sabe fazer
praticamente tudo o que vai fazer o resto de sua vida. Ele sim eu
entenderia se sofrê-se um complexo Gabriela, uma pessoa não.
Uma pessoa nasce quase completamente vazia, e leva anos para
conseguir pelo menos andar, quanto mais o resto. Uma pessoa se
modifica a cada segundo de sua vida, ela recebe estímulos
externos e os internaliza mudando a sua forma de pensar. E você
nunca sabe exatamente o que uma pessoa vai fazer somos
literalmente uma metamorfose ambulante. Ou como dizia
Heráclito de Éfeso:
Pagina 41/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
“Um homem nunca entra no mesmo rio duas vezes,
pois quando ele entrar pela segunda vez as águas
do rio já não serão as mesmas, nem será o mesmo
homem.”
Agora falta fazer a nossa pergunta: Porque do complexo
de Gabriela? Porque é cômodo. Porque não é só na física que a
primeira lei de Newton, a inércia parece atuar. A inércia existe
em nós também. É sempre difícil começar a fazer algo. A tomar
o rumo de nossa própria vida. Precisa gastar a nossa energia
para isto! Deixar de lado o complexo de Gabriela resulta em ter
que assumir a responsabilidade por nossos próprios atos, e é
mais fácil ficar a culpar o mundo do que ser responsável. Mas
embora possamos nos enganar ao não assumir a
responsabilidade, não podemos deixar de ser responsável ante o
Darma. Deste modo somente estamos piorando as coisas, pois
quando vamos contra o Darma vem o Karma e dá uma paulada
na gente, então volta àquela história da pedra que atiramos para
cima e cai em nossa cabeça sem que saibamos por quê.
E como saímos deste complexo de Gabriela? Em
primeiro lugar assumindo que estamos com ele, se não vai ficar
no “eu tenho complexo de Gabriela mesmo, mas sou mesmo
assim!”, se falar isto só batendo para curar! Em segundo é
admitir que nós somos responsáveis por nossos atos, que
somente nós, podemos dirigir a nossa vida.
Uma outra característica pouco notada neste tipo de
pessoa é que embora ela se diga, e muitas vezes se sinta, vítima
das circunstâncias na verdade está assumindo uma posição
egocêntrica em relação ao mundo. Pois ao dizer “eu sou mesmo
assim” está negando que o mundo tenha alguma influência sobre
ela, está se colocando intocável no centro do mundo. O
engraçado é que se você falar isto ela vai dizer “Não, eu não sou
Pagina 42/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
assim!” já que do mesmo modo que a pessoa diz “eu sou assim”
quando lhe convém, também diz “Eu não sou assim!” quando
também lhe convém! Se você pensou “eu não sou assim”
quando eu falei do egocentrismo tome cuidado! Você pode estar
se identificando com o que estou descrevendo, afinal em
nenhum lugar anteriormente eu disse que você é assim! Talvez
esteja faltando um pouco de autoconhecimento para que você
possa ver isto. E porque não parar um pouco e se consultar, mas
se consultar sinceramente, sobre seus pensamentos recentes? E
começando a ter este certo autoconhecimento, porque não seguir
em frente? Porque não tomar sua vida em suas próprias mãos?
Por medo? Quem vai cuidar de sua vida melhor que você?
Conforme dizemos todos somos uma mistura de físico,
energético, emocional, racional, etc. Nós nunca somos apenas
uma coisa. Logo todos têm seu período de “Gabriela” e isto é
natural e saudável. O período Gabrielístistico (Gabrielístico foi
de matar! Desculpe-me) é interessante, pois nos mostra que nem
tudo está ao nosso controle, o “eu sou assim” em certa parte é
verdade. Pois não mudamos de uma hora para outra, ou melhor
mudamos, mas isto é raro. Portanto talvez isto seja melhor
descrito se ao invés de “eu sou assim” nós mudar-mos para “eu
estou assim”. Pode ser que esteja assim independente de minha
vontade, mas com o “eu estou assim” podemos ver que nem
sempre fui assim e nem sempre serei assim. Outro ponto
interessante a se ressaltar é que este tipo de atitude, de se
conformar com a situação, pode ser justificado como um
descanso após um período difícil, em que precisamos nos
recuperar e não ficar cuidando de todos os detalhes da vida.
Agora, não use os argumentos que acabei de lhe dar
como muletas! Existe uma diferença grande entre estar, durante
um pequeno período, cansado e aceitar que não se pode ter o
Pagina 43/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
controle de tudo a utilizar o conceito de fatalidade como
desculpa. Existe uma grande diferença entre o “estou assim” e o
“sou assim”. No “estou assim” mora a consciência e a
responsabilidade de que seus atos irão desencadear efeitos, no
“sou assim” mora a ignorância e a desculpa. Só a você que cabe
decidir o quanto você mesmo vai apanhar na vida.
A roda da vida.
Outra característica que notamos no mundo é que este
parece funcionar em ciclos, as coisas se repetem. Depois do dia
vem a noite e novamente o dia seguido de outra noite. Ao verão
se segue o inverno e novamente o Verão. Agora estamos alegres
depois estamos tristes e novamente alegres. Algumas vezes o
autor desembesta a escrever sem parar, outras como esta, fica
sem saber o que dizer, então acaba dizendo que está mesmo sem
saber o que dizer. Assim é a vida. Agora como isto se relaciona
com o que acabamos de ver, com o Darma e Karma, e com o
Gabrielismo (neologismo quando a gente pega é duro!)?
Em minha opinião, muitos ciclos são ao mesmo tempo a
causa e o efeito do princípio de causa e efeito. Pare e pense um
pouco sobre isto, o que eu quis dizer com esta declaração
esquisita? Deixe-me tentar explicar. Como o Karma é a força
que nos conduz de volta ao caminho esta é tanto mais forte
quanto maior é à distância em que nos afastamos do caminho. É
como esticar uma mola. Quanto mais esticarmos maior é a força
que a mola faz para voltar a sua posição original, até chegar a
um ponto em que a força da mola é maior que a nossa, então
esta escapa de nossa mão e esta começa a voltar a sua posição
inicial. Mas ao chegar ao seu estado normal, em outras palavras,
quando nossa vida chega no caminho do Darma, o movimento
não pára! Pois como tudo o mais, a mola tem certa inércia (a
Pagina 44/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
tendência de Gabriela a deixar como está) então ela vai alem,
começa a ultrapassar o caminho, começa a se comprimir, e o
Karma volta a atuar de novo, desta vez expandindo a mola para
traze-la de volta ao seu estado estável. Até que a força do Karma
seja maior que a força da inércia que está comprimindo a mola e
a mola volta a se expandir. E fica neste vai e vem até que a mola
fique parada no centro, no Darma.
Agora voltando à frase esquisita de que os ciclos são a
causa e o efeito do princípio de causa e efeito, podemos dizer
que o ciclo é a causa, porque a essência do ciclo é o movimento,
é o esticar/encolher da mola. E ao mesmo tempo é o efeito
porque este esticar/encolher é também o efeito da mola estar em
movimento, de não estar em sua posição de repouso.
É. Talvez o exemplo da mola não tenha sido muito bom.
Ele é interessante, pois dá uma idéia boa deste vai e vem dos
ciclos, mas por outro lado não parece ter muita relação com
nossa vida cotidiana, é abstrato demais! Então vamos a um
exemplo complementar. Se não me engano já disse que tenho o
costume de caminhar de manhã na praia aqui ao lado. Assim
após certo tempo você vai se acostumando com as pessoas que
encontra, com a maré, com o sol etc. E uma das coisas mais fácil
de perceber é que segunda-feira existe uma grande quantidade
de gente caminhando, já à medida que a semana passa estas
pessoas vão desaparecendo, desaparecendo até que domingo não
tem quase ninguém. Isto é um ciclo. E qual a origem dele?
Aposto que você já sabe. Segunda as pessoas que passaram um
pouco do limite durante o fim de semana tomam a resolução de
iniciar um regime, de levar uma vida mais saudável e por ai vai.
Então elas estão com sua mola totalmente esticada e saem por ai
feito doidas correndo na praia, puxando peso na academia,
comendo alface no almoço. Na terça: Pôxa legal! Tenho uma
Pagina 45/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
nova vida! Saudável, natural, mas... Comer alface! Tenha
paciência! A moderação também é uma virtude, não faz mal
nenhum comer um peixinho! E acordar cedo é bom, mas dormir
também faz bem a saúde, vou acordar um pouquinho mais tarde.
Na quarta: Que beleza! Já faz dois dias que tenho uma vida
nova! Se fosse somente um, se tivesse desistido na segunda-feira
seria um fraco de espírito, mas não! Na terça eu mantive minha
convicção! Sou um novo ser! Então depois da caminhada nada
melhor que um espaguete para comemorar! Afinal não é todo
dia que nascemos para a vida! Na quinta-feira: É, hoje é o dia
internacional do happy hour, melhor eu me poupar e deixar a
caminhada para amanhã, afinal o pessoal do escritório não vai
perdoar se eu não for, e networking é fundamental nestes dias!
Alias quinta tem um forrózinho... Na sexta: Putz! Que horas
são? Já! Passei da hora! Não vai dar mais para caminhar. Mas
pelo menos o forró estava bom! O jeito é comer uma picanha
com aquela gordurinha para me recuperar! Sábado: Fim de
semana! Que bom não ter que acordar cedo! Não ter que
caminhar, aliás tem uma cervejada a tarde com a galera! E na
noite é só rock and roll! Domingo: Tenho que admitir que
sábado foi bom, mas também tenho que me controlar! Afinal
amanhã é dia de trampo! Vou só em um churrasquinho de
domingo para não ter que assistir Faustão e dormir cedo,
amanhã preciso caminhar! Quem sabe começar uma dieta! Isto é
um ciclo.
Você vai ouvir muito, ou mesmo já deve ter ouvido
muito, a expressão: temos que quebrar o ciclo! E agora que já
está se acostumando com nosso diálogo talvez pergunte: Por
quê? E eu para quebrar o ciclo onde sempre perguntava
“Porque” e explicava depois, vou responder: Não sei. Não
encontro nenhuma justificativa de ter que quebrar um ciclo pelo
simples motivo deste ser um ciclo. Ciclos são partes
Pagina 46/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
fundamentais do mundo e se você quebrar um vai cair em outro
e se quebrar este outro vai cair em outro e se ficar quebrando
todos vai criar um ciclo de quebrar ciclos.
O que a meu ver é interessante fazer, é transformar os
ciclos. Afinal como foi dito, transformar, mudar, mover é
também outra lei natural e tudo, inclusive os ciclos, estão
sujeitos a ela. Vou dar um outro exemplo. Amanhã, aliás agora!
já que são 00:09 de 23/09/2010 acaba de entrar a primavera! Isto
é mais um ciclo! E nesta madrugada combinei de me encontrar
com alguns amigos para ver o sol nascer na praia. Assim nesta
quinta vou ter que acordar as 5:00 para ir ao compromisso, isto
não é algo que faça normalmente, normalmente as quintas vou
ao forró, então vou ter que deixar de ir ao forró nesta quinta já
que tenho que madrugar para saudar a primavera. Isto é uma
mudança de ciclo. Os ciclos podem e devem continuar já que
fazem parte do mundo em que vivemos, e temos que ter
consciência dele, eles fazem parte de nosso caminho. Temos que
ter consciência dele e saber como usa-los. Como eu disse, vou
trocar o forró para ver o Sol nascer! Vou? Se você me conhece
sabe que não! Não deixo meu forró por nada! Afinal quem deve
saber o quanto mudar no ciclo sou eu, vou é dormir mais cedo e
assim vou ao nascer do Sol e ao forró também, afinal não
precisa mudar tanto assim! Boa noite.
Duka.
O forró não deu certo, fiquei cansado demais e acabei
dormindo demais. Mas tudo bem, O bom de entender estas
questões dos ciclos é que começamos a perceber que se é um
ciclo, nenhuma oportunidade é perdida. Se hoje não deu, alias
no meu caso, se ontem não deu, hoje, que já é sábado, dará. Irá
sempre haver uma outra chance! Mesmo que esteja ventando e o
Pagina 47/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
vento acabe de derrubar minha cerveja, tudo bem, peço outra.
Sou mineiro, sou teimoso! O importante é não brigar com a
vida, é ver a parte que não te agrada simplesmente como a parte
que não te agrada. Mas me perdi, o assunto aqui é outro, estou
falando de cervejas derramadas, de forrós que não fui e o
assunto aqui é outro. Será? Porque? Se você voltar as nossas três
questões: Generalização, não-unicidade e Maya verá que, de
acordo com a generalização, se uma coisa não tem nada a ver
com outra para você, não quer dizer que não tenha para mim.
Não podemos generalizar e dizer que se uma coisa não serve
para uma pessoa não servirá para outra. Ou em nosso caso, se
algo não tem nenhuma relação para você não quer dizer que não
terá para mim. As relações entre as coisas que você faz são
diferentes das minhas! Já a segunda questão, da não-unicidade,
só de sacanagem, diz o contrário. Diz que se para mim existe
uma relação entre duas coisas e para você não existe esta relação
é somente porque olhamos as coisas por partes. Porque não
conseguimos olhar tudo ao mesmo tempo. Ficamos picotando
tudo. Agora quando juntamos a terceira questão, Maya, ai é que
a vaca vai para o brejo! Maya diz que de um modo ou de outro
todas estas teorias são ilusões, são apenas representações do
mundo real, da verdadeira natureza do mundo. Não são a
realidade em si. Entendeu? Eu não. Falei alguma coisa errada
aqui, algo não está de acordo, embora não saiba explicar o que
foi. Esta é minha parte Budhica agindo, aquela do nível
intuicional, que não conheço bem. Pois ainda estou no KamaManas, ainda sou lógico, e eu odeio (parte emocional) este tal de
Budhi, que não explica nada, só me faz sentir assim. Afinal
preciso entender o que causou algo! Eu sou assim, um ser
lógico! Eu preciso de explicações para as coisas! Pode ser que
no futuro entenda o que aconteceu, mas no futuro não adianta
mais! O que adianta saber no futuro o que aconteceu agora se
Pagina 48/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
não vou poder mudar o que aconteceu no passado? O que
adianta ficar correndo atrás do tempo se quando eu consigo o
que quero, ou quando consigo entender algo já não me serve
para praticamente nada? Para que me esforçar para modificar as
coisas se de uma hora para outra elas parecem se desfazer em
nossas mãos? Parem o mundo um pouco que quero descer!
Desesperador não? Dá certa dor no coração quando
começamos a pensar assim. Pois isto é DUKA! Esta é a dor que
falam os budistas! E finalmente assim chegamos depois desta
volta toda ao nosso tópico. E provavelmente você não entendeu
nada. Mas é importante sentir um pouco antes de entender. É
interessante sentir esta dor que é tentar dar uma explicação, um
sentido para as coisas e no fim não chegar a nada. É horrível
saber que tudo muda de uma hora para outra e que não temos
praticamente qualquer controle sobre esta mudança. Você já
pensou que no final você vai morrer e tudo isto, todo este seu
esforço que fez durante toda a sua vida não vai valer nada? Mas
vamos aos pouquinhos para entender melhor. Afinal só sentir
também não faz sentido, também é preciso entender. Vamos
começar pelo principio só para variar. Vamos primeiro falar do
Buda.
Diz a lenda... (saudades do tempo que usava esta frase!)
que Buda foi, alias antes de falar no Buda, é bom entender que
Buda é um título, assim como Papa. Existem e existiram vários
Budas, no entanto o que estamos falando aqui é o Siddhartha
Gautama, que é considerado o fundador do budismo. Voltando,
diz a lenda que Siddhartha nasceu em um família relativamente
próspera e que foi poupado do conhecimento do mundo
mundano durante sua infância, pois vivia somente no palácio de
seu pai cercado de riquezas e sem conhecer as dificuldades da
vida. Pois um dia como todo jovem embirra, Siddhartha
Pagina 49/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
embirrou de sair do palácio, então foi aquele Deus nos acuda
para arrumar a cidade para a sua visita, vamos tirar os mendigos,
os velhos, as pessoas feias das ruas! Vamos deixar tipo assim,
uma Copacabana na novela das seis. Mas por mais arrumada
que se conseguiu deixar a cidade, mesmo assim não foi possível
esconder do embirradinho um velho, um doente e um morto.
Então Siddhartha entendeu que por mais que por mais rico que
uma pessoa seja não é possível deixar de ficar doente, de ficar
velho e de morrer. Então resolveu deixar o palácio e virar bicho
grilo para encontrar a paz de espírito. Para se livrar desta dor
que é saber que por mais que você faça, no fim vai acabar velho,
doente e vai bater as botas. Esta dor de saber que nada vai
continuar para sempre, que um dia acaba é Duka. Que acabou
sendo simplesmente traduzido por dor. E assim termina nosso
curso de Budismo Tabajara de R$ 1,99!
Desculpe se fui desrespeitoso com o Budismo, mas a
gente só brinca com amigos, com pessoas que a gente gosta,
pois sabemos que eles irão entender. E eu gosto muito do
Budismo. O importante agora é entender que a dor que o
budismo fala não é uma dor qualquer é a dor de saber que as
coisas não duram, e que de um modo ou de outro tudo vai
mudar. É a dor que nos dá por tentarmos explicar tudo, por
tentar definir tudo, pensando que definindo as coisas podemos
fazer com que elas persistam, pois assim elas ficam presas à sua
definição, ficam ali paradinhas, restritas a suas características.
Parecemos não saber que o definir algo não vai nos dar a base
de tudo, quando tentamos definir algo na verdade estamos
tentando dizer: isto é assim e vai continuar assim! Não vai. Não
vai. E não vai! Agora quem embirrou fui eu! Duka em si é a dor
causada pela tentativa de deixar constante um mundo em
mutação. É deixar de ver que o Darma vai nos conduzir em
nosso caminho.
Pagina 50/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
Ótimo, e ai? Provavelmente você esta dizendo, este
sujeito começou falando de forró, depois falou que a cerveja
dele derramou, depois contou uma história de R$ 1,99 que não
vale nem R$ 0,99 sobre Buda e agora embirrou em uma teoria
maluca de dor e sei lá mais o que! É, pode ser, mas se você
pensou isto meus parabéns! Estamos indo em frente! Você esta
tendo autoconhecimento, conhecendo a você mesmo, não
somente aceitando o que aqui está escrito, e prefiro mil vezes
isto a que você apenas aceite minhas idéias. Então se você
pensou isto deve entender que está faltando alguma coisa aqui.
Falta a nossa superação. Falta nosso passinho a frente, falta
perguntar se tudo muda do que eu posso estar seguro? Pausa
para reflexão.
Encontrou a resposta? Isto mesmo! Se tudo muda uma
coisa pelo menos permanece constante: A mudança. Você pode
estar seguro da mudança! Em um exemplo bem prático. Sou
analista de sistemas, vira e mexe o usuário pede alguma coisa,
então enquanto muitos pensam, tenho que fazer isto o mais
rápido possível, tenho que mostrar produtividade! A primeira
coisa que penso é: Este desgraçado vai MUDAR de idéia. Vai
querer algo completamente diferente do que está falando. Então
minha primeira preocupação é fazer algo que seja fácil de
mudar. Assim quando ele mudar de idéia não preciso mudar
muito, o que dá certa constância. O que dá sentido a vida não é
pensar nos problemas, é pensar no porque estamos tendo este
problema. Para que Duka pare de agir em nós temos que parar
de olhar seus efeitos, de olhar o que ela (Duka é feminino?) faz
com a gente e parar para conversar com ela e dizer: “e ai
qualé?”. Bom, to indo para o forró, porque ainda vou levar um
tempinho para mudar...
Pagina 51/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
O caminho do meio.
Resolvi continuar com minha história de R$ 1,99. Mas
agora vou ter que repassar os impostos e vai sair por R$ 109,90.
Como disse o mundo não pára. E governo também não pára de
cobrar cada vez mais imposto. Desculpe, é fim de mês, dia 29,
acho que você já entendeu. Mas, vamos continuar. Como diz a
lenda...
Siddhartha resolveu sair de seu castelo e conheceu o
mundo, e nisto ficou sabendo que o mundo não era aquela
maravilha que ele pensava. Viu que alem do palácio existiam
pessoas que ficavam doentes, ficavam velhas e morriam! Então
Siddhartha Dukou. Dukou mas não Engabrielou! (Deus do céu!
Dukou mas não engabrielou foi mais que horrível! Alguém ai
por favor me dá uns tapas!). Pois bem Siddhartha, que ainda não
era Buda, ainda não tinha alcançado o estado de Buda, vendo
que existiam coisas não tão boas no mundo entendeu que não
podia ficar ali achando que as coisas são assim mesmo, que ele
nasceu assim e que era mesmo assim. Então resolveu que era
melhor sair por ai em busca do conhecimento, em busca de uma
resposta para Duka. Pouco depois de deixar o palácio,
Siddhartha encontrou com uma tribo de bichos-grilos que
andavam por ai tentando fundar uma comunidade e coisa e tal e
tal e coisa e resolveu se juntar a eles. Mas como o nosso
exemplo da mola, Siddhartha que antes estava em um extremo
da tensão foi repentinamente jogado para o outro extremo. Ele
não apenas se tornou Bicho-grilo, se tornou “O Bicho-grilo”, “O
maluco beleza”. E quando os outros malucos olhavam para ele
não podiam deixar de falar: “Ai, o cara é muito doido!”. Pois ele
ficava jejuando muito mais que os outros, meditando totalmente
compenetrado, pronunciando uns sons mais esquisitos que o
normalmente esquisito, parecia um pré Raul Seixas!
Pagina 52/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
Mas como Siddhartha se sentia interiormente? Perdido.
Perdido como você já se sentiu, como eu já me senti. Perdido.
Achando que ainda não era bem isto. Como quando no inicio
tudo parece que se encaixa, mas passado algum tempo as
minúcias começam a aparecer, a importar mais que tudo.
Quando meditava podia se sentir bem, mas logo depois não
podia deixar de pensar: onde isto tudo vai me levar? A diferença
de Siddhartha era justamente esta, o dar um passinho a mais, o
ter auto-consciência. O não aceitar passivamente tudo que lhe
era dito. O perguntar “Porque?”. Ao ler isto talvez você pense
“Blasfêmia!”. Que isto seja anátema (ok, isto você não pensou,
mas vai dar uma olhada no dicionário para ver o que é
anátema!)! Como pode o Buda pensar estas coisas! Você está
certo. O Buda não pode. Mas Siddhartha ainda não era Buda!
Lembre-se todos temos um caminho a percorrer! Até mesmo
Siddhartha teve um caminho a percorrer antes se tornar Buda.
Nunca somos os mesmos de instantes atrás. Todos nos
transformamos. Pode ser que depois que Siddhartha virou Buda
tenha parado de mudar, mas isto já é outra lenda, esta aqui vai
só até R$ 109,90. O importante é entender que Siddhartha ainda
não estava contente com a vida de asceta, ou de maluco beleza
como foi dito aqui.
Acontece que um dia, Siddhartha, que mesmo meditando
sentado em baixo de uma figueira, estava neste estado de
espírito que descrevi acima, viu um músico afinando as cordas
de seu instrumento quando pensou: Se o musico puxa pouco a
corda, ela não produz som, se ao contrário estica
demasiadamente ela se rompe. E descobriu o obvio ululante, o
caminho do meio, e virou Buda. Por quê?
Agora ficou difícil. Certamente você já sabe o porquê de
eu ter feito a pergunta acima. Para não ficar somente na
Pagina 53/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
superfície, para saber as causas. Agora se parar um pouco vai
notar que o “Por que” acima não está muito claro. Podemos
interpretar a pergunta de várias maneiras, vou tentar destrinchar
o seu significado então em outras perguntas mais específicas:
Por que é “caminho do meio” e o que tem isto a ver com
a corda?
Por que é “obvio ululante”?
Por que Siddhartha virou Buda?
Por que meu salário não chega ao fim do mês?
Primeiro: Porque é caminho do meio. Não estou muito
seguro disto, não, mas tenho a ligeira desconfiança que é
caminho do meio porque fica no meio! Se você pensar em
Karma e Darma vai ter a impressão que Darma, que é o
caminho, fica no meio. Já que quando você se afasta dele Karma
passa a agir e a puxar você de volta. Logo dá a impressão que
Darma fica no meio, pois você pode se afastar em qualquer
direção. Vamos a um exemplo. Uma pessoa rica fica pensando
em seu dinheiro, uma pessoa pobre fica pensando na falta dele.
De um modo ou de outro, ambos estão afastados do centro, do
equilíbrio. Vou voltar a falar mais desta questão do equilíbrio
logo mais. Agora se quiser ir adiantando responda a pergunta: o
que significa ser rico? É ter muito dinheiro? Quanto é muito?
Segundo: Porque é obvio ululante. Obvio ululante é uma
expressão de Nelson Rodrigues para dizer que esta na cara e é
gritante, que não tem como não reconhecer. Mas na maioria das
vezes a gente não vê. Algo assim como o nariz. Esta no meio da
cara o dia todo, mas tenta olhar para ele! E o caminho do meio é
exatamente assim. Todos sabem que tem que ser eqüidistante,
justo, equilibrado, etc. O problema é reconhecer isto enquanto se
está vivendo. É preciso ser Buda para isto.
Pagina 54/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
Terceiro: Porque Siddhartha virou Buda. Porque seguiu
o caminho do meio. Se o caminho do meio é Darma, então Buda
se tornou Buda porque seguiu por ele, isto não lhe parece obvio
ululante? Mas teria Siddhartha se tornado Buda se não tive-se
conhecido tanto a riqueza quanto a pobreza extrema? Ou se não
tivesse tido a coragem de deixar a comodidade de lado e buscar
o seu caminho? Ou se tive-se pensado eu nasci assim, eu sou
mesmo assim sempre Siddhartha, sempre, sempre Siddhartha!
Quarto: Por que meu salário não chega ao fim do mês?
Também quero saber.
O meio do caminho do meio.
Pense em algo equilibrado. Pensou? É estranho que
muitas pessoas ao pensar em equilíbrio pensem em algo parado,
algo como um castelo de cartas. Vamos então pegar este
exemplo do castelo de cartas. Talvez pensemos no castelo de
cartas pois notamos que as forças ali dentro estão
completamente igualadas, o peso de uma carta ajuda a manter a
outra de pé que faz uma força igual, mas contrária, mantendo a
primeira carta em pé. Ótimo, algo assim está em equilíbrio. Mas
possui equilíbrio? Lembre-se desta diferença entre estar e
possuir. Lembre-se que tudo está em movimento. Caso leve em
consideração este argumento verá que para possuir equilibrio, e
não simplesmente estar em equilíbrio, é necessário que este
equilibrio seja constante durante o tempo. É necessário se apoiar
em algo firme! Em algo que não mude. E a única coisa que não
muda é a mudança! Logo para ser equilibrado é necessário ser
dinâmico, é necessário mudar junto com as mudanças do
mundo.
Pagina 55/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
Já fizemos esta explicação lógica sobre o equilíbrio que
tal exercitá-lo um pouco e apresentar um exemplo mais
emocional? Quando penso em equilíbrio, a imagem que melhor
descreve minha idéia é a imagem de se aprender a andar de
bicicleta. Para começar, todos que sabem andar de bicicleta,
sabem que é muito mais difícil ficar em cima da bicicleta parada
do que quando esta está andando! Isto é o que digo quando falo
que as coisas mudam, e que ter equilíbrio é se adaptar as
mudanças, é utilizar o movimento natural das coisas para não
cair. Mas quando se está em equilíbrio, sempre se esta no meio?
Quando se esta andando de bicicleta ela sempre está totalmente
na vertical? Quando, por exemplo, você vai fazer uma curva
você não se inclina na direção contrária a curva para ter
equilíbrio? Assim é o caminho do meio. O meio do caminho do
meio não é estar sempre vertical, mas ficar equilibrado. É
conhecer o caminho que se está seguindo e se inclinar de forma
a não cair. Quando estamos embrenhados em uma disputa
emocional, em uma briga de casal ou discussão profissional é
bom se inclinar para o outro lado e ser racional para não perder
a cabeça. Quando se está em um trabalho extremamente técnico
é bom colocar suas emoções nele para que não fique algo frio e
deixe sua vida vazia.
Quando comecei a escrever este tópico pensei, agora
sim, cheguei onde queria, na parte importante, e vou ter muito o
que dizer. Mas estranhamente já disse tudo que queria. E
parando para analisar, é interessante perceber como as coisas
fundamentais são simples e difíceis. É simples perceber a
importância do equilíbrio, mas temos que fazer muito esforço e
viver muito atento as mudanças para alcançá-lo. Tudo o que
escrevi até agora e tudo que vou continuar a escrever é
simplesmente para isto, para tentar alcançar o equilíbrio. Pense
nisto com carinho e com a razão.
Pagina 56/79
Causa e Efeito.
www.mino.com.br
Caminhando e cantando
Caminhando e cantando e seguindo a canção. Se é
importante conhecer o caminho, então conheçamos. Vem,
vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora,
não espera acontecer. Vamos deixar a inércia de lado e entender
como é nosso caminhando, pois caminhando nós sempre
estamos! Conheça o caminho e deixe de tropeçar em cada pedra
que está a sua frente!
A chegada e o caminho
No fim você vai morrer. Heim? É isto ai, no fim você vai
morrer. Ou vai me dizer que não? Que vai ser imortal? Então
ainda quer chegar no fim? Uai (sou mineiro mas não falo uai
não viu sô), você não quer sempre chegar no fim das coisas?
Atingir seus objetivos? Não é isto o importante? Mas a morte
não é o objetivo da vida. Ué (ué eu falo!) mas a vida não
termina sempre em morte? Não, tem o paraíso, tem o nirvana,
tem as reencarnações... É, está certo. Então vamos apressar o
processo e dar um tiro no meio de nossa testa de uma vez por
todas! Melhor não dar idéias, vai que tem algum maluco que
resolve fazer isto mesmo! Mas espera, se tem chegar no fim pelo
menos termine de ler o livro!
Vamos então esclarecer uma pequena confusão, que se
faz principalmente porque não prestamos atenção na linguagem,
no que dizemos. Se você tem uma faca de 7 cm, um momento,
desculpa fui medir a minha faca e ela tem 19.5 cm. Voltando, se
você tem uma faca de 19.5 cm o fim dela é 19.5 cm mas seu
objetivo é cortar o queijo para que eu possa comer ele com a
cerveja! Entendeu? É, é bem simples, mas vivemos confundido
Pagina 57/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
as coisas. Sempre achamos que fim e objetivo são a mesma
coisa. Sempre pensamos que nosso objetivo é terminar o serviço
que o serviço deve terminar alcançando seu objetivo e que
quando terminamos termina nosso objetivo ou que quando
objetivo terminar terminamos. Bom dá para ver a confusão que
é. Então vamos entender de uma vez por todas. Fim é quando
acaba. Objetivo é objetivo mesmo, achei um monte de sinônimo
para a palavra objetivo, mas a melhor mesmo é objetivo. O meu
objetivo ao escrever este livro é me expressar, pode ser que
tenha um enfarte e não acabe de escrevê-lo, provavelmente vou
acabá-lo e ainda ter o objetivo de me expressar. São coisas
separadas. Então está na hora de nossa perguntinha mágica:
Porque confundimos objetivo e fim? Faça uma pausa mágica
para pensar enquanto pego outra cerveja que o queijo acabou e a
faca ficou sem objetivo.
A minha resposta, é que confundimos fim com objetivo
por causa do principio de causa e efeito. Outra pausa para
pensar. Um momento que agora quem tem que pensar como
explicar sou eu. Bem, é, é mais ou menos assim... Ah quer saber
de uma coisa vou falar de uma vez. Ligamos o principio de
causa efeito com o “fiz isto então dá aquilo”. Então quando dá
aquilo acabou, é o fim é o objetivo do que fiz.
Pronto, ninguém entendeu nada do que falei. Melhor ir
devagar mesmo. Para começar, o principio de causa e efeito diz
que uma coisa causa efeito em outra coisa que causa efeito em
outra coisa que causa efeito em você já sabe. Então não
podemos ligar a questão de causa e efeito ao fim. Porque causa e
efeito não tem fim. Se chegou ao fim é porque você cansou de ir
em frente, e este cansou de ir em frente normalmente é já da
primeira vez, é o “fiz isto então deu aquilo”. Mas pensar assim é
cair no erro da não-unicidade é não ver que as causas e efeitos
Pagina 58/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
estão ligados uns aos outros. Ótimo agora já sabemos por que
entendemos que as coisas tem fim, mas porque ligamos fim a
objetivo? Vamos devagar, vamos entender primeiro o que é o
objetivo.
Quando o principio de causa e efeito age, ou seja,
sempre. Ligamos o efeito à causa, e então tentamos criar a
mesma causa para ter o mesmo efeito. Um exemplo. Quando eu
era criança e minha mãe ia fazer pipoca não tinha micro-ondas,
e a pipoca era feita na panela com o milho fervendo em óleo
mesmo, e enquanto o milho não estourava a minha mãe pegava
uma colher e ficava batendo na panela enquanto cantava:
“Rebenta pipipoca, Maria sororoca! Rebenta pipoca, Maria
sororoca!” Era para a pipoca arrebentar melhor e não ficar muito
piruá (olha o dicionário ai gente!). E estoura muito mais mesmo!
Só que não pela musica, mas por bater na panela, bater na
panela faz o milho girar e a ponta dele, onde tem um pouco de
água, entra em contato com o óleo quente e se transforma em
vapor estourando a pipoca. Em outras palavras, ligamos o
melhor estourar da pipoca a musica, e o objetivo da música é
melhor estourar a pipoca. O objetivo é o que queremos obter
quando controlamos a causa para causar um efeito.
Ótimo, sabemos o que é fim, o que é objetivo, mas afinal
porque confundimos os dois? Confundimos porque paramos,
porque não damos nosso passinho a mais. Quando paramos,
achamos que chegou no fim, logo chegamos no objetivo
também. Pois para nós o objetivo é ter o resultado que
queremos, é que a pipoca estoure mais. Mas lembre-se o fim é
só o cansar de seguir o caminho, pode ser que você atinja seu
objetivo depois, quando continuar caminhando. Pode ser que o
atinja antes, ou pode ser que nem atinja, são coisas diferentes!
Pagina 59/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
Mas mesmo entendendo que fim e objetivo são coisas
diferentes, que um não tem nada a ver com o outro. Mesmo
assim, em nosso dia a dia, quando temos um objetivo, quando
queremos melhorar em nosso emprego, comprar aquela casa, ou
qualquer outra coisa. Notamos que, sei lá, sempre tem alguma
coisa errada! Sempre estamos com aquela sensação de vazio de
que falta algo, que não valeu a pena! E já que estamos ninja
neste negócio de passinho a frente convido vocês a darem um
passinho a frente do passinho a frente.
Quando analisamos a diferença entre fim e objetivo e
entendemos que fim é simplesmente o cansar de caminhar e que
objetivo é o que queremos alcançar, faltou ainda analisar algo. O
que? Faltou analisar o “Fim”, o “Objetivo” ou “os dois”? Mais
uma pausa para pensar. Bom, esta é difícil. Vou te dar mais uma
chance para pensar. Acabou a chance. Em primeiro lugar,
quando eu disse que faltou analisar o fim, o objetivo ou dois, por
acaso você pensou que tinha que escolher uma das três
respostas? Que tinha que escolher o “fim” ou “O objetivo” ou
“Os dois”? Porque? Uma coisa exclui a outra? Pois bem, acho
que a questão do fim já está bem explicada então falta explicar a
questão do “Objetivo” e a questão de “Os dois”. Pronto o Mino
pirou de vez (Se você não sabe o Mino sou eu, o autor, prazer
em conhecer!). O Mino tomou muita cerveja! Tomei sim, mas
ainda estou bom, não pirei não. Mas como vou explicar o
“Objetivo” e “Os dois” e não explicar o “fim” se o “fim” é um
dos dois? “Os dois” é o “Objetivo” mais o “fim” não é? Não.
Lembre-se da não-unicidade. Se não se lembrar volte para ver.
Voltando então a analisar o Objetivo. Quando falamos
do Objetivo entendemos que o objetivo é ligar o efeito a causa, e
tentar produzir a causar para ter o efeito. Então o que faltou
aqui? Vamos ler a frase de novo: ligar o efeito a causa e tentar
Pagina 60/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
produzir a causa para ter o efeito. Porque eu falei “o efeito à
causa” e não “ligar a causa ao efeito”? Não seria mais natural
dizer “ligar a causa ao efeito”? É, é mais natural. Mas não é
assim que naturalmente a gente faz. É mais lógico que você
pense: vou bater na panela enquanto a pipoca estoura para que o
milho vire, e já que estou batendo na panela que tal aproveitar o
ritmo e cantar um musica? Mas você acha que aconteceu assim?
Ou alguém estava meio chateado de esperar a pipoca pular
resolveu fazer um batuque na panela depois viu: Olha! Teve
muito menos piruá! Qual dos dois aconteceu? Me parece que
batucaram primeiro. Depois ligaram as coisas e continuaram o
batuque. Por isto disse ligar o efeito à causa e não a causa ao
efeito. Ao fazer pipoca cantamos e batemos na panela, e dá
certo. Depois só cantamos para ver se dá certo, não dá. Depois
só batemos sem cantar, mas batuque sem canto também não dá
certo, então canta e batuca que dá certo! Em outras palavras,
primeiro nós vemos o que aconteceu, o efeito, depois tentamos
descobrir porque ele aconteceu e achamos a causa. Então
culpamos alguém que não seja nós mesmos. Quase nunca
aprendemos com o que aconteceu para nos corrigir e não fazer
de novo. Muito mais raramente ainda procuramos ter uma idéia
do que vai acontecer para agir e mudar nosso futuro. Por isto ao
dizer “ligamos os efeitos à causa” quero expressar a idéia que
olhamos para trás, para o passado, ao contrário de “ligamos a
causa ao efeito” que expressa a idéia de ver o que vai acontecer,
o futuro.
Agora falta a segunda parte: “TENTAR produzir a
causar para ter o efeito”. Tentar? Hum, tem alguma coisa ai.
Porque “tentar” e não “produzir”? Obviamente porque as coisas
mudam! E se elas mudam você nunca vai conseguir produzir
exatamente a mesma causa nem mesmo vai ter exatamente o
mesmo efeito. Pode TENTAR fazer algo parecido com o que fez
Pagina 61/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
antes e provavelmente vai ter um efeito parecido. Mas isto é
provavelmente, não é certeza que vá ter, pode ser que não tenha.
Quem é programador como eu e já pegou um defeito
intermitente tem a prova física disto. O problema só dá quando o
cliente está vendo, ou quando você está sozinho, basta chamar
alguém para ver que tem um problema mesmo que o problema
some. Quanta besteira esse Mino fala! A minha televisão, por
exemplo, eu sempre aperto o botão e ela liga, é sempre a mesma
causa e o mesmo efeito. É verdade, a minha também. Sempre
que eu aperto o botão ela liga, ligava até que uma semana atrás
não ligou. E não quer ligar mais. É mas se você consertar ela
volta a ligar. E se eu não consertar? Se eu concertar ela vai ligar
novamente até quando? A questão aqui é que mesmo que eu
faça sempre a mesma coisa, que aperte o botão para ligar a tv, a
causa é diferente, a tensão na tomada é diferente, os elétrons que
vão passar pelos circuitos são diferentes e se você acha que isto
não é científico, dê uma olhada no principio da incerteza de
Heisenberg, na teoria do Caos e em toda a mecânica quântica
para ver.
Ufa! Foi difícil, mas conseguimos dar uma idéia do que é
objetivo. Aliás, o que estávamos falando mesmo? Primeiro
falamos que confundimos fim com objetivo, que fim é quando
acaba, e que objetivo é o que queremos que aconteça, e que fim
não tem nada a ver com objetivo, isto acontece porque as coisas
nunca acabam. Nós é que ficamos cansados e acabamos com
elas. Depois analisamos o objetivo, e notamos que sempre
estamos tentando controlar o que vai acontecer. Mas na verdade
o que fazemos é olhar o que aconteceu para tentar fazer
novamente, para acontecer novamente. Infelizmente acontece
que nunca vamos ter certeza do que vai acontecer pois nunca
vamos poder fazer exatamente o que fizemos no passado, só
podemos fazer parecido esperando ter um resultado parecido,
Pagina 62/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
mas nunca será igual, nunca será certo. Agora falta juntar “os
dois”.
“Os dois”! Finalmente! Vamos então entender de uma
vez por todas que dois não é igual a um mais um. Dois é dois, é
um terceiro. Vamos ver na matemática então. Quando você
soma 1+1 existe um processo para isto, o processo da adição,
que vai resultar em um outro numero. Se você não fizer a
adição, 1+1 continua sendo 1+1 não vai ser dois! Como aqui
neste papel, não tem nenhum numero dois aqui tem? Faça um
circulo em volta do numero dois então! Do número dois não da
palavra dois! Agora vamos a um exemplo mais da vida
cotidiana. Suponha que um homem tem a mania de ficar pelado
em sua casa, e que uma mulher também tenha esta mania de
ficar pelada na casa dela. Quando eles se encontram, nenhum
dos dois vai ficar pelado, porque nossa sociedade assim não
permite, esta pessoa que não pode ficar pelada é a relação entre
“os dois” é o terceiro. Você pode dizer, mas eu já fiquei pelado
com uma pessoa do sexo oposto! Mas é ai que nascem os
terceiros, quartos e quintos mesmo! Ou seja “Os dois” são um
terceiro, é a relação em si. O que vamos ver aqui não é o fim
mais o objetivo, e sim como eles se relacionam entre si.
Em nossa vida dizemos coisas assim: “meu objetivo é
comprar um apartamento.” Normal, não? É normal. Já que
normalmente nós somos malucos é bem normal para maluco
falar estas coisas malucas. Ai você se indigna e fala: “Ta me
chamando de doido, seu maluco!”. Estou. Como pode você,
depois de ler o que falei sobre fim e objetivo, falar uma coisa
desta? Vamos ver então o que você falou: “meu objetivo é
comprar um apartamento”. Quer dizer então que no fim você
quer ter um apartamento? É? Mas fim não existe! Não se
lembra? Fim é quando nos cansamos, me diz uma coisa, quando
Pagina 63/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
comprar o seu apartamento não vai querer um carro? E que tal
uma cobertura? Uma Ferrari? Não ia gostar? Mas que adianta
tudo isto se você vai morrer mesmo? Me esqueci, você quer ser
imortal, a prova de bala, com visão de raio X, e usar a cueca por
cima da calça. Cara tu é doidinho mesmo! Acha que vai
conseguir tudo isto? E não entendeu ainda que não tem fim?
Que você sempre vai querer mais? Mesmo se conseguir usar a
cueca por cima calça! Mas ai você me diz: “Mas se eu trabalhar
tendo um objetivo em vista com certeza eu vou alcançar ele e
vou ter o que quero! Mesmo que queira mais depois, eu coloco
esta outra coisa como meu objetivo e trabalho até alcançá-la!”.
É. Tu pirou mesmo. Daqui a pouco está chutando poste para ver
se acende! Não acabamos de mostrar que você pode TENTAR
fazer com que suas ações tenham um efeito, entretanto nunca
vai ter certeza que isto vai acontecer. Isto não vai te deixar
ansioso, estressado, angustiado e outros sentimentos ruins que
garanto que você conhece muito bem? E você quer ser assim?
Sempre tentando conseguir algo e viver com esta dor no peito,
pelo medo de não conseguir sempre? Mas e se você conseguir?
Não vai ficar com medo de perder? Tudo muda, você pode
perder seu emprego, ficar velho, etc. A dor não vai ser a mesma
se você conseguir ou não conseguir? Se o seu objetivo é ter esta
dor, PARABENS! Você conseguiu! Agora só falta colocar a
cueca por cima da calça (sempre falta algo!).
O que fazer então? Se você prestou atenção no que
falamos até agora, reconheceu na dor que acabamos de falar
como Duka! E a solução para Duka é? O caminho do meio! E o
caminho do meio e? Não sei! Não sou Buda pô! Tenha
paciência, ta querendo de mais para um livrinho de filosofia de
botequim! Ok, não sei. Mas posso dar um chute. Em minha
opinião o caminho do meio é? É? Tcham, Tcham, tcham... O
CAMINHO! Isto mesmo, em minha opinião o caminho do meio
Pagina 64/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
é o caminho. O que eu quis dizer com isto? Exatamente o que
disse. O caminho do meio é o caminho. Se olhar lá no início vai
ver que o tópico é “A chegada e o caminho”, portanto se o
caminho do meio não é a chegada. Só pode ser o caminho. O
caminho do meio é gostar de viajar, de caminhar, não importa
para onde, mas gostar de viajar em si mesmo. Não importando
quando vai chegar ou se vai chegar, a estrada é que é o objetivo.
É ver a paisagem que está ao seu redor! O sentido da vida é
viver. Não fazer ou ter algo. Ou como diz um dito popular, desta
vida só se leva a vida que levamos!
Não é correto de minha parte fazer toda esta explanação
todo este blha, blha, blha para no fim terminar dizendo que um
dito popular de uma frase diz tudo o que eu disse. Não, no
mínimo tenho que fundamentar minhas opiniões em cima do
que disse. Pois vamos lá. Porque o caminho do meio é o
caminho? Foi dito que o fim não existe, que o fim é somente
quando ficamos cansados de seguir em frente. Se é assim, já dá
para notar que não podemos colocar o fim como nosso objetivo,
já que ele não existe! Tentar colocar o fim, a chegada, como
nosso objetivo é nós enganar deliberadamente. É tentar chegar
ao fim de algo que não tem fim. Se não dá para colocar o fim
como objetivo, o que mais podemos colocar? O que sobrou, que
é o caminho, que é a mudança. Vamos pegar então a outra parte
que é o objetivo. Foi dito que objetivo é tentar provocar a
mesma causa para ter o mesmo efeito, mas que o máximo que
podemos fazer é tentar, pois nunca a causa será a exatamente a
mesma e o efeito então pode ser outro. Mas se acabamos de
mudar o objetivo do fim para o caminho o que acontece?
Acontece que se antes não sabíamos ao certo o que vem depois,
o que se esconde atrás da curva do caminho, agora não tem
como não saber onde o caminho está. Ele está onde nós
estamos! Se não estamos em um caminho asfaltado, se estamos
Pagina 65/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
no meio do mato, não importa, neste caso nosso caminho é no
meio do mato e não no asfalto. Sempre podemos ter certeza que
em algum lugar estamos, e que estamos nos movendo.
Depois desta explicação racional, vamos ter que
equilibrar as coisas com uma explicação mais emocional.
Voltemos a minha mãe fazendo pipoca e cantando “Rebenta
pipoca, Maria sororoca!”. Se ao fazer pipoca ela colocar seu
objetivo no fim, ou seja na pipoca feita. Pode ser que acabe o
gás, pode ser que o milho não esteja bom e pode ser que a
pipoca queime. E nestes casos ela vai ficar frustrada. Pode ser
que tudo dê certo também, que a pipoca fique deliciosa e que
acabe em um instante neste caso então ela pode ficar frustrada
novamente porque a pipoca acabou. Mas se ao invés disto ela
colocar a sua atenção no processo, se ela disser: “vou fazer
pipoca para minha família”. Se a pipoca não der certo não tem
problema, o importante é que ela está vivendo um momento
com sua família e mesmo depois que a pipoca acabe o
sentimento vai persistir. É isto que quer dizer que o caminho do
meio é o caminho, o caminho no caso é o fazer a pipoca, o
processo é a coisa mais importante. Não é simplesmente fazer
pipoca é se sentir bem enquanto se faz isto. É cantar, é viver o
momento, é isto que vai fazer diferença, prova disto é que me
lembro até hoje!
Liberdade
Dizemos aqui que sempre devemos perguntar o porquê
estamos fazendo algo, este é nosso passinho adiante. No tópico
anterior então resolvemos fazer um pouco mais, depois de
perguntar o porquê estarmos fazendo isto resolvemos perguntar
o porquê de darmos aquela resposta. E virou um monstro! Ficou
uma loucura de se acompanhar, mas é um tópico muito
Pagina 66/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
importante e deve ser bem esmiuçado. Mas será que estes
porquês não têm fim não? Para responder a isto vou seguir o
caminho de um livro excelente que li sobre teoria do
conhecimento. Teoria do conhecimento é a ciência que tenta
explicar o motivo de pensarmos do modo que pensamos. Vamos
então à explicação.
Para que os porquês cheguem ao fim, precisamos de uma
coisa que tenha algumas características especiais. Para entender
isto, vamos supor que esta coisa seja cabelo amarelo. Quem tem
cabelo amarelo pode parar de perguntar o porquê. Isto não dá
muito certo, pois se quem tem cabelo amarelo pode parar de
perguntar o porquê, quem não tem vai ter que continuar e os
porquês vão continuar também. Então notamos que todos têm
que ter cabelo amarelo ou não vai adiantar. Vamos supor então
que todos têm cabelo amarelo. Neste caso pode acontecer de um
mané qualquer, que goste de criar porquês, querer raspar a
cabeça para poder criar os seus porquês? Então chegamos à
conclusão que todos têm que ter cabelo amarelo e que não
podem raspar a cabeça para os porquês terminarem. Bom,
cabelo amarelo não se encaixa nesta descrição, nem todos tem
cabelo amarelo e mesmo que alguém tenha não dá proibi-lo de
raspar a cabeça. Logo temos que achar outra coisa, uma coisa
que todos tenham e que não podem deixar de ter. Uma coisa que
se encaixa nesta descrição é a LIBERDADE!
Liberdade? É, vamos analisar um pouco. Todo ser
humano tem que ter liberdade, um ser humano que não tenha
nenhuma liberdade não é um ser humano, é um robozinho que
só segue ordens, não é humano. Segundo você é obrigado a ter
liberdade. Dizer eu não quero ter liberdade é a mesma coisa
alguém escrever: Eu sou analfabeto! Impossivel! Se é totalmente
Pagina 67/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
analfabeto como foi que escreveu? Se você não quer ser livre,
como pode querer se já não tem liberdade para querer algo?
Liberdade pode terminar com a seqüência de porquês?
Pode. Por quê? Porque sim! Porque sim não é resposta! É sim.
Por que “porque sim” é resposta? Porque sou livre para escolher
o que para mim é resposta ou não. E agora? Depois de levar uma
bordoada desta, o que argumentar? Nada. Não dá para
argumentar nada neste caso, os porquês acabam aqui. A pessoa
está com a razão, ela é livre para decidir o que acha importante
ou não e este argumento é válido para qualquer pergunta.
Quando se usa o argumento da liberdade para terminar uma
discussão não há alternativa. Se devemos usar este argumento,
ou quando usa-lo, já é outra questão. Mas que podemos usa-lo,
podemos, afinal somos livres!
Então vejamos esta coisa interessante que é a Liberdade.
Um dos modos de se entender a liberdade é como poder
escolher. Poder escolher? Hum, eu diria que não, eu diria que é
TER que escolher. Pare um pouco para pensar na diferença. Não
quer parar para pensar? Tudo bem, você é livre para isto. Agora
quando eu falei “pare para pensar” você estava livre para parar
ou não. Mas você TEVE que escolher entre parar ou continuar,
você não tinha alternativa. Ai você pensa: “Mas eu não escolhi
nenhuma delas não! Eu só continuei lendo!” Então eu digo: “Se
você só continuou lendo então escolheu continuar lendo!”
Quando te dou duas opções: parar ou não, você pode muito bem
usar de sua liberdade e escolher uma terceira que é não escolher
nada. Entretanto “não escolher nada” também é escolher! “Não
escolher nada” é o mesmo que escolher continuar. Logo
liberdade é TER que escolher, porque liberdade é imposta, não é
uma escolha nossa. Se você vai ao cinema e tem dois filmes
para escolher, e resolve ir embora. Você escolheu ir embora.
Pagina 68/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
Mas escolheu, foi obrigado a escolher (Fiz uma escolha estranha
agora, Danoninho com cerveja!).
Agora uma mensagem de nosso patrocinador, o Pequeno
Príncipe: “Você se torna eternamente responsável por tudo
aquilo que escolhes!”, não era bem assim não, mas em nosso
caso é. Depois que você escolheu, sua escolha vai para o Karma,
em três vias autenticadas e com firma reconhecida e ele olha a
lei do Darma e diz: Vai ter que pagar 10 conto de imposto (20 se
a Dilma ganhar, hoje esta tendo o primeiro turno da eleição).
Não adianta, depois que você escolheu, você é responsável pela
sua escolha. Se foi ao cinema e escolheu assistir um filme vai
ser responsável por ter escolhido o filme que você pode achar
bom ou não. Mas eu posso escolher um filme ruim e depois
escolher mudar de sala e ir para o outro filme! Neste caso vai ser
responsável por ter mudado de sala, pode ser, por exemplo, que
não entenda o segundo filme, pois chegou no meio do filme, ou
pode ser que se você continua-se no primeiro filme acaba-se
gostando mais dele! Mas olhe só, estou falando aqui de
responsável, não estou falando culpado. Qual a diferença entre
responsável e culpado? Responsável é quando as coisas que
você fez voltam para você e você é responsável por consertar.
Culpado é quando você começa a julgar as coisas e diz “a culpa
não foi minha!” e pede desculpa e não faz nada para consertar.
Mas isto é assunto para outro hora.
Agora é sua hora de dizer:
- Então eu sou obrigado a escolher, certo?
- Certo.
- E tudo que eu escolher eu vou ser responsável, certo?
- Certo.
Pagina 69/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
-Então ferrou. Pois sempre vou ser obrigado a ser
responsável por tudo o que faço o tempo todo!
Ferrou por quê? Então você não pode fazer escolhas que
te faça feliz e ser responsável por sua própria felicidade?
Ninguém consegue só fazer coisas que lhe tragam infelicidade o
tempo todo! “Mas eu não sei como fazer isto” vai você dizer. E
acha que alguém sabe? Mas estamos procurando saber, se não
estivéssemos eu não estaria escrevendo isto nem você estaria
lendo isto, né mané!
Voltemos a falar da liberdade. Pense no seguinte: Se
alguém escreve: Eu sou analfabeto. Significa que ele realmente
não sabe escrever ou significa que ele sabe escrever? Os dois.
Você deve estar pensando: Vou dar uma porrada neste Mino!
Como ele pode responder os dois? Os dois, pois depende do que
você entende por realmente. Vamos pegar um exemplo mais real
para ficar mais fácil. Vamos dizer que uma pessoa vá a um
restaurante na Inglaterra e quando o garçom chegue e comece a
dar as opções do almoço esta pessoa escreva em um
guardanapo: “I don’t speak english!” essa pessoa fala inglês?
Bom, ela poderia ter decorado a frase, mas se ela decorou quer
dizer que pelo menos o que esta frase em inglês significa ela
sabe, portanto não dá para dizer que ela não sabe NADA de
inglês. Mas isto não quer dizer que ela saiba inglês. Pode ser que
ela só entenda poucas frases, pode ser que ela só entenda se
estiver escrito, pode ser que ela só entenda se a outra pessoa
falar devagar, pode ser um monte de coisas. Assim podemos ver
que saber inglês tem vários níveis. Assim também é a liberdade,
não dá para não ter NENHUMA liberdade, mas também não
podemos ter liberdade TOTAL. Então qual nosso nível de
liberdade em geral?
Pagina 70/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
Como dito anteriormente o Darma, a lei, é natural e é
obrigatório seguir, portanto não temos liberdade de mudar a lei.
O Karma que é a cobrança da lei também é natural e não
depende de nós. Agora se vamos seguir a lei ou se vamos arcar
com as conseqüências de não segui-la esta liberdade temos. É
pouco? Não! Esta liberdade é a liberdade de decidir como será
nossa vida! Como será o nosso caminho. Se no mar ou nas
montanhas ou outro lugar. E se você acha isto pouco, paciência,
você tem liberdade para achar isto, mas do mesmo jeito eu
também tenho liberdade para achar que não!
O Taijitu ☯.
O símbolo que está na capa do livrinho (☯) é chamado
de Taijitu. E ele representa o mundo em sua forma básica. Pois
tudo no mundo é formado pelo contraste, pelo oposto. E pela
interação destes opostos. Temos homens e mulheres, noite e dia,
vivo e morto, rápido e lento etc. Note bem, estamos falando de
coisas reais, das coisas em sua essência e não ao que atribuímos
a elas. Assim muitos colocariam Bom e Mau, ou Bem e Mal, na
lista anterior. Em minha visão já não coloco. Bom e Mau são
conseqüências de meu julgamento sobre algo, não são a essência
deste algo. O que é Bom para mim pode não ser na visão de
outra pessoa. Prefiro ver o mundo como opostos e como as
interações entre eles.
O Taijitu a meu ver é um símbolo praticamente
completo, pois ele exprime muitas idéias em um desenho
simples e me ajuda a lembrar as principais idéias aqui expressas.
Ele expressa o autoconhecimento, pois é um símbolo contido em
si mesmo e as duas metades, tanto a clara quanto a escura se
encaminham uma na direção da outra que no final são elas
Pagina 71/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
mesmas. É como se cada uma das partes estivesse tentando dar
uma volta para acabar chegando nela mesma.
O Taijitu também expressa a divisão da natureza, onde
também se encontra o homem, não só como uma divisão em
partes, branca e escura, mas como a interação destas partes, e
não como partes puras, pois a parte clara possui uma bolinha
escura em seu interior e a parte escura possui uma bolinha clara,
o que simboliza que nada é totalmente uma coisa, o escuro tem
um pouco de claro e o claro um pouco de escuro, a noite possui
em seu seio a manhã que já vem chegando e a manhã possui o
entardecer que virá. O princípio de causa e efeito também é
claramente simbolizado, já que a parte escura “empurra” a parte
clara que “empurra” a parte escura o que também representa a
minha idéia de um movimento perpétuo, de ciclos, de Darma e
Karma. Equilíbrio, harmonia e caminho do meio, basta olhar
para o símbolo para ver, como ele é bem dividido e
principalmente como esta divisão está intimamente ligada com o
movimento, a dança que uma das partes faz com a outra.
Liberdade já é difícil de entender, ou de perceber, para isto é
necessário ver que esta não é a única forma do Taijitu, na
contra-capa você encontrará outra e poderá encontrar outras na
Internet. Liberdade é também escolher a melhor forma de
combinar os elementos e manter o equilíbrio. Liberdade é
escolher o quanto de claro ou escuro queremos em nossas vidas.
Gostaria então fazer uma breve revisão das idéias que
apresentei aqui, e se possível associa-la ao Taijitu.
Primeiramente falamos sobre a sociedade, que vivemos em
sociedade e que uma sociedade é composta de pessoas. Isto
pode ser visto no símbolo se pensarmos que a parte clara é uma
pessoa e a parte escura é outra, se pensarmos deste modo
veremos que existe um pouco do outro em nós (a bolinha no
Pagina 72/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
centro) e que existe um pouco de nós nos outros e que é
necessário que haja harmonia entre as partes para que se possa
fazer um mundo justo.
Para que esta harmonia exista, no entanto, é também
necessário que conheçamos como o homem é feito e como sua
constituição afeta a ele próprio. Falamos então nos níveis
físicos, energéticos, emocionais, mentais e superiores. Mas
sobre tudo foi apresentado que não somos simplesmente
separados em níveis, na verdade somos a interação destes níveis.
Isto é representado no Taijitu como o misturar-se das partes
claras e escuras e como a visão que somente temos do símbolo
ao olhá-lo por completo. Caso olhemos somente a parte clara ou
somente a escura perde-se o sentido.
Também foram apresentadas duas idéias questões
fundamentais que nos acompanham, a questão da generalização
que é achar que uma coisa é exatamente igual à outra, ou
melhor, que um homem é igual ao outro e da não-unicidade que
se apresenta por não olhar-mos as coisas como um todo. Alem
destas questões foi apresentada uma primeira idéia de que não
podemos apenas parar na pergunta inicial que nos está afligindo
mas temos sim que perguntar pelo porque estarmos fazendo esta
pergunta.
Seguindo nossa conversa passamos a falar sobre as
ferramentas que agem neste homem para transformá-lo, para
conduzi-lo até seu fim. Se pensarmos no Taijitu vamos ver que
estamos falando agora nas forças que parecem fazer com que as
partes se movam uma em direção à outra. Que são as leis de
causa e efeito, Darma, Karma, e como nós interagimos com
estes princípios como a inércia de tentar permanecer o mesmo,
que chamamos de complexo de Gabriela e de Duka que é a dor
Pagina 73/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
que este movimento causa em nós. Também foi colocado que
estas forças geram ciclos que é o ciclo representado no Taijitu.
Então começou a parte gostosa, pois já que conhecíamos
o homem, e o que age nele, poderíamos falar agora do que fazer
para alcançar nossos objetivos, então conhecemos Buda e o
caminho do meio! E entendemos que o caminho do meio é o
caminho! Que nosso objetivo não deve ser alcançar um objetivo,
mas caminhar, viver! E que temos liberdade para viver! Para
fazer nosso próprio caminho!
E então atingimos nosso objetivo! Como assim
atingimos nosso objetivo? Nosso objetivo não é caminhar?
Então deixa de preguiça! Vamos caminhar! Nós não temos
algumas questões que sempre examinamos? Mas ainda não
analisamos o caminho que nos trouxe aqui!
A primeira questão é da generalização, a tendência que
temos de dizer que se uma coisa serve para uma pessoa vai
servir para outra. Você é uma pessoa e eu sou outra pessoa
certo? Por quê? Porque somos pessoas? Por que não somos
cangurus marcianos azuis? Se pensar nisto terá que admitir que
algumas coisas as pessoas tem em comum, ou não saberíamos
que somos pessoas. Assim do mesmo modo que existem coisas
podem servir para uma pessoa e não servir para outra também
existem coisas que servem para todos! E foi destas coisas que
falamos aqui, de vida, de caminho de dores, etc. Portanto a meu
ver não caímos no problema da generalização.
A segunda questão é a não unicidade a tendência de não
ver a coisas como um todo, mas como partes. Nisto também
tomamos máximo cuidado, pois é algo muito difícil, mas vamos
ver como nos saímos. Durante todo o texto sempre relacionamos
umas coisas com as outras e no final relacionamos tudo! E não é
Pagina 74/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
só isto! Não só relacionamos tudo como estamos também vendo
se tudo foi bem relacionado examinando tudo em relação às
questões que achamos importante! Gostou? Mas espere! Nós
não temos apenas questões! Temos também conclusões e
concluímos que o importante não é o fim, mas sim prestar
atenção no caminho! E se prestar atenção nosso passinho
adiante nada mais é que tirar a atenção do fim, da resposta, e
colocar a atenção no caminho, no porquê estarmos perguntando
isto (vou colocar até 3 exclamações)!!! Mas espere! Ainda não
paramos! Ainda estamos caminhando, pois não só usamos o
prestar atenção no caminho em nosso método mas em nosso
próprio texto! Não entendeu? Não? Não notou que enquanto
escrevo (ou melhor, escrevia, pois quando você ler isto já terei
escrito) falava o que estava acontecendo comigo exatamente
como acabei de fazer? Outras vezes não lhe disse para parar e
responder algumas perguntas antes de continuar? E isto não é
colocar a atenção no próprio ato de escrever (no meu caso) ou
no de ler, no seu caso? Isto não é colocar a atenção no caminho?
Ótimo só falta mais uma questão para conseguirmos!
Infelizmente tudo o que dissemos aqui são somente teorias, são
somente palavras e ilusões, e a menos que você coloque isto em
sua vida teremos falhado. Se você não viver o que foi dito aqui
tudo isto será somente MAYA.
Pagina 75/79
Caminhando e cantando.
www.mino.com.br
...
Abriu a janela e viu que o sol entrava. Sentiu em seu
sangue a vontade de mudar e se transformou em pássaro, voou
por entre as nuvens e juntou-se as gotículas de água que
penetraram no chão quente e cálido, passeou pelo passado e
conheceu o futuro. Transformar-se, deixar de sentir que o tempo
passa por você e ser você o próprio tempo. Transformar-se este
é o meio do caminho do meio, este é o fim de Maya é o ser
UNO.
Pagina 76/79
Caminhando e cantando.
Este livro esta disponível em
www.mino.com.br
Não esqueça de visitar e deixar seu comentário sobre ele.
Mino.
Download

Clique aqui para pegar a versão completa do livro!