Escola, Diabetes e Inclusão
Marcos Nascimento (pai do Miguel Gomes)
Valéria Machado (mãe da Maria Agnes)
Diabetes é uma condição em que ocorre o aumento do açúcar no sangue. Quando
comemos algum alimento ele sofre digestão e se transforma em açúcar. O açúcar, que
também é chamado de glicose, é absorvido para a corrente sanguínea e transportado
para dentro das células, gerando a energia necessária ao funcionamento do nosso
corpo. Por isso a glicose é essencial para nossa vida. Para que a glicose seja
transformada em energia alimentando as células, ela precisa de um hormônio
essencial chamado insulina. Se a glicose não for bem utilizada pelo corpo e não for
levada até as células, ela se eleva no sangue e aí ficamos com HIPERGLICEMIA,
que é o excesso de glicose no sangue. Há três tipos principais de diabetes: Diabetes
Mellitus Tipo 1, Diabetes Mellitus Tipo 2 e Diabetes Gestacional. O diabetes mais
frequente em crianças e adolescentes é do tipo 1.
Não é incomum encontrarmos em escolas crianças e adolescentes com diabetes. Por
isso é importante que as escolas estejam preparadas para acolher e cuidar de
crianças e adolescentes com diabetes. Os adolescentes têm mais autonomia no
cuidado com a doença fora de casa, mas nem por isso a escola deve negligenciar os
possíveis eventos de hiperglicemia ou de hipoglicemia que, ao contrário da primeira, é
a queda da glicose no sangue a níveis muito baixos, podendo levar ao coma. As
crianças, entretanto, exigem uma atenção maior no cuidado do diabetes no ambiente
da escola, já que não podem contar com a presença dos pais para auxiliá-las. Manter
estratégias para o cuidado de crianças com diabetes é uma forma de promover a sua
inclusão no ambiente escolar. Uma escola que acolhe e cuida das crianças que
apresentam esse ou outro tipo de distúrbio, não só promove a inclusão, mas também
oferece tranquilidade e confiança aos pais, além de garantir que as crianças se sintam
seguras e integradas, lidando com o problema com naturalidade e autonomia.
O colégio Santa Maria unidade Coração Eucarístico tem sido um grande exemplo
nesse sentido. Os alunos que têm diabetes encontram condições favoráveis para uma
vivência escolar saudável e segura, contando com o especial apoio das professoras,
dos funcionários e da direção da escola. Além disso, eles também contam com os
cuidados das estagiárias em Enfermagem que sempre acompanham o exame da
glicemia capilar dessas crianças, entrando em contato com os pais na ocorrência de
qualquer alteração significativa.
Miguel Gomes tem 7 anos e tem diabetes desde os 5 anos. Descobrimos o diabetes
durante um recesso escolar. Ao retornar à escola o Miguel foi de tal forma bem
acolhido ao ponto de a sua professora, na ocasião, se informar junto ao seu médico
sobre detalhes da doença para entendê-la melhor e acolher o aluno na sala de aula na
fase inicial da doença quando tudo ainda era novidade. Vale dizer que apesar dos
cuidados especiais como a hora certa de fazer o lanche e a atenção aos sintomas da
hiperglicemia (muita sede, vontade de urinar frequente, fraqueza, mudança de humor,
náuseas etc.) ou da hipoglicemia (tremores, sonolência, dificuldade para raciocinar,
fraqueza, visão dupla etc.) Miguel não era tratado diferente dos demais colegas o que
contribuiu enormemente para a continuidade de seu processo de aprendizagem e de
integração e interação na escola.
O mesmo ocorreu com a aluna do 4º ano, Maria Agnes. Quando foi diagnosticada com
diabetes, Maria Agnes tinha 6 anos e estava iniciando o 2º ano. A direção da escola
prestou todo o apoio para que ela recebesse os cuidados necessários quanto ao
acompanhamento na medição das glicemias, no cumprimento dos horários de lanche
e em outras situações que demandavam um cuidado especial. A professora da Maria
na época, foi extremamente cuidadosa e solícita e ela mesma fazia questão de
acompanhar as medições das glicemias na própria sala de aula. A escola nunca
deixou de nos comunicar, imediatamente, qualquer situação que saísse da
normalidade. Por várias vezes a escola envolveu a Maria Agnes em eventos da
semana da saúde, convidando-a a falar para os demais alunos sobre o diabetes e a
importância do controle e da alimentação saudável. Em nenhum momento, desde que
tivemos o diagnóstico, a Maria Agnes foi tratada de forma diferente ou mesmo
hostilizada dentro da escola. Hoje, já no 4º ano, as coisas não são diferentes. A
professora dela sempre está atenta a qualquer sinal de hiper ou hipoglicemia,
prestando todo o apoio necessário para que ela se sinta segura e amparada. A
autonomia e a segurança que ela hoje tem em relação ao diabetes, bem como a
manutenção de sua autoestima e de sua relação saudável com os colegas, são fruto
de todo esse trabalho de parceria entre nós, pais, e toda a equipe do Colégio Santa
Maria que soube, o tempo todo, tratar o problema com a devida atenção, dispensando
à Maria Agnes carinho, cuidado e respeito.
O Colégio Santa Maria unidade Coração Eucarístico está de parabéns pela acolhida,
cuidado e respeito às nossas crianças. Miguel e Maria Agnes são percebidas, antes de
tudo, como crianças repletas de potencialidades e habilidades a serem desenvolvidas
e estimuladas pela escola. Esta é a missão de uma verdadeira escola para todos. Para
os pais que nos leem nossa mensagem é: estimulem os seus filhos e filhas a terem
uma alimentação saudável e a praticarem atividades físicas desde cedo. Além disso,
fiquem atentos aos sintomas do diabetes mencionados acima, pois isso é fundamental
para um diagnóstico rápido, o que pode evitar as complicações iniciais da doença.
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