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O USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES, DA ESCOLA ESTADUAL
MARISA MARIANO, DE BARRA DO GARÇAS-MT
Cleides da Silva Nascimento¹
Heverson Rodrigues Claro¹
Jaqueline Patrícia de Lima¹
Marcos Vinícius Garcia de Oliveira¹
Pablo Henrique Delmondes¹
Stephania Luz Poleto².
RESUMO
Este estudo foi realizado com 33 estudantes entre 14 e 29 anos, e 33 estudantes entre 30 e 66 anos, do ensino médio e
do supletivo, da Escola Estadual Marisa Mariano, de Barra do Garças-MT. As entrevistas objetivaram relacionar o uso
de plantas medicinais e de medicamentos industrializados, onde se constatou que a maioria dos estudantes utiliza
plantas como forma de terapia e que as plantas mais utilizadas por eles: boldo, capim cidreira e hortelã possuem
eficácia comprovada cientificamente. Embora a maioria tenha adquirido esse costume por meio de tradição familiar, o
uso de medicamentos industrializados ainda predomina.
Palavras-chave: plantas medicinais, estudantes, Barra do Garças-MT.
ABSTRACT
This study was conducted with 33 students between 14 and 29, and 33 students between 30 and 66 years, of high
school and adult education, in the State School Marisa Mariano, in Barra do Garças-MT. The interviews aimed to
relate the use of herbal medicines and manufactured drugs, where it was found that most students use plants as a form
of therapy and that the plants most used by them: Boldo, lemongrass and mint have scientifically proven. Although
most have acquired the habit through family tradition, the use of manufactured drugs still dominates.
Key-words: medicinal plants, students, Barra do Garças-MT.
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Acadêmicos do quarto ano de Farmácia, das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia, de Barra do Garças-MT.
Contato: [email protected]
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Professora, mestra e orientadora, das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia.
1. INTRODUÇÃO
Fitoterapia é um método de tratamento de
enfermidades que emprega plantas, conhecidas como
plantas medicinais. Plantas medicinais são todos os
vegetais que contém em um ou vários de seus órgãos,
substâncias que podem ser empregadas para fins
terapêuticos (OLIVEIRA e AKISUE, 2009). O termo
planta medicinal foi oficialmente reconhecido durante a
31.ª Assembléia da Organização Mundial de Saúde,
quando foi proposto que “planta medicinal é aquela
que, administrada ao homem ou animais, por qualquer
via ou sob qualquer forma, exerce alguma espécie de
ação farmacológica” (PENILDON SILVA, 2006).
A fitoterapia, ainda que em um ritmo lento
esta reescrevendo a história da assistência
farmacêutica, no âmbito da atenção básica, em alguns
municípios brasileiros. Assim, os medicamentos
fitoterápicos afirmam-se como importante item entre as
ofertas terapêuticas e entram definitivamente na rede
SUS (Sistema Único de Saúde), sustentados por seus
comprovados efeitos terapêuticos e baixos custos para
os cofres dos municípios que os adotam (BRANDÃO,
2001)
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“No Brasil, o principal órgão responsável pela
regulamentação de plantas medicinais e seus derivados
é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
autarquia do Ministério da Saúde, que tem como papel
proteger e promover a saúde da população garantindo a
segurança sanitária de produtos e serviços e
participando da construção de seu acesso (BRASIL,
1999). Uma das ações realizadas pela ANVISA para
garantir a segurança da saúde da população é o registro
de medicamentos, etapa na qual os mesmos são
avaliados quanto a sua segurança, eficácia e qualidade
antes de serem expostos a venda para utilização pela
população” (CARVALHO et. al.; 2008).
Segundo SILVEIRA; et. al. (2010) com “o
crescimento do uso de produtos obtidos a partir de
plantas medicinais surgiu também à preocupação com a
regulamentação do setor. A primeira legislação
brasileira específica referente aos fitoterápicos foi
estabelecida em 31 de janeiro de 1967, a Portaria nº.
22, que, embora não apresentasse o detalhamento
técnico dos instrumentos regulatórios atuais, continha
todos os aspectos essenciais ao registro de fitoterápicos
– identificação botânica das espécies vegetais
utilizadas, padrão de qualidade e provas de eficácia e
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segurança. Esse documento foi substituído pela
Portaria nº. 6, de 31 de janeiro de 1995, de Secretaria
de Vigilância Sanitária (SVS), que definiu
fitoterápicos, estabeleceu prazos para a realização de
estudos de eficácia e toxicidade para os produtos novos
e para aqueles já existentes no mercado, alem de exigir
provas de reprodutibilidade e constância da qualidade
dos fitoterápicos e definir marcadores vegetais”.
Atualmente a regulamentação em vigor para o
registro de medicamentos fitoterápicos é a Resolução
de Diretoria Colegiada (RDC) 48/2004, que determina
os aspectos essenciais ao registro, como identificação
botânica das espécies vegetais utilizadas, padrão de
qualidade e identidade e provas de eficácia e segurança
que validem as indicações terapêuticas propostas. Há
ainda as Resoluções Específicas (RE): RE 88/2004,
que contempla a Lista de referências bibliográficas
para avaliação de segurança e eficácia de fitoterápicos;
RE 89/2004, que contempla a Lista de registro
simplificado de fitoterápicos; RE 90/2004, contendo o
Guia para realização dos testes de toxicidade préclínica de fitoterápicos; e RE 91/2004, que trata do
Guia para realização de alterações, inclusões,
notificações e cancelamento pós-registro de
fitoterápicos (Brasil, 2004 a,b,c,d,e).
Hoje a ANVISA (Agência Nacional da
Vigilância Sanitária) define como medicamento
fitoterápico todo medicamento obtido a partir de
exclusivos derivados de plantas medicinais (tintura,
extrato, óleo, cera, exsudato, suco e outros), e deixa
claro também que não é registrado como medicamento
fitoterápico, planta medicinal ou suas partes, após
processos de coleta, estabilização e secagem, podendo
ser íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada. A planta
medicinal ou parte da planta é apenas matéria prima
para o medicamento fitoterápico.
TUROLLA e NASCIMENTO (2006),
afirmam que muitas plantas medicinais
apresentam
substâncias
que
podem
desencadear reações adversas, seja por seus
próprios componentes, seja pela presença de
contaminantes ou adulterantes presentes nas
preparações fitoterápicas, exigindo um
rigoroso controle de qualidade desde o
cultivo, coleta da planta, extração de seus
constituintes, até a elaboração do
medicamento final. Pensando em evitar
problemas devido à toxidade das plantas a
ANVISA (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) lançou uma cartilha para orientar
as pessoas quanto ao uso de plantas
medicinais no tratamento de gripe, resfriados
e outras patologias leves.
as populações usam os recursos vegetais. Para
aprimorar os estudos etnobotânicos e buscar medidas
de segurança na utilização de plantas para fins
terapêuticos devemos antes saber qual parte da
população às utilizam, quais são as plantas mais
utilizadas e até onde vai à confiança das pessoas em
relação ao emprego da medicina alternativa.
Dentro dessa perspectiva, o objetivo deste
trabalho é levantar informações sobre o uso das plantas
medicinais por parte de estudantes do ensino médio e
do supletivo da Escola Estadual Marisa Mariano,
situada no município de Barra do Garças – MT.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo quanti-qualitativo
transversal, onde o levantamento de dados foi obtido a
partir de um questionário, sendo três questões fechadas
e uma aberta, aplicado aos estudantes do ensino médio,
no período noturno, da Escola Estadual Marisa
Mariano, integrada ao prédio da Escola Estadual
Antônio Cristino Côrtes, no dia 26 de outubro de 2010.
Após a aplicação do questionário estes estudantes serão
divididos em duas classes de idade, um grupo de
pessoas mais jovens e um grupo de pessoas com mais
idade, com o intuito de se comparar as respostas
obtidas.
A Escola supletiva situa-se no município de
Barra do Garças – MT, centro geodésico do Brasil e
também é conhecida como Portal da Amazônia, que
fica a 516 Km de distância da capital do Estado,
Cuiabá. Encravada aos pés da Serra Azul, um braço da
Serra do Roncador, a cidade é banhada pelos Rios
Araguaia e Garças.
O Estado de Mato Grosso possui uma
biodiversidade muito alta tanto em nível macro de
biomas quanto micro de espécies vegetais logo, foram
selecionados um total 99 trabalhos com informações
sobre plantas medicinais de Mato Grosso entre 1980 e
2002.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistados 66 estudantes, que foram
divididos em dois grupos: 33 estudantes com idade
entre 14 e 29 anos e 33 com idade entre 30 e 66 anos.
No grupo mais jovem, 78,8% dos estudantes,
responderam que utilizavam algum tipo de planta no
tratamento de doenças, enquanto que no segundo grupo
o percentual foi maior com 90,9% (Figura1).
A relação entre as plantas medicinais e
determinados grupos de pessoas é objeto de estudo da
etnobotânica.
Segundo
Rodrigues
(2007), a
Etnobotânica é uma área científica que estuda a relação
que existe entre o Homem e as plantas e o modo como
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Figura 1. Relação entre o uso de plantas
medicinais e as classes etárias dos estudantes
entrevistados.
Observa-se que o uso das plantas medicinais
pelos dois grupos, principalmente pelo grupo de mais
idade foi bastante significativo. Com os avanços na
pesquisa de fitoterápicos a nível farmacológico,
toxicológico e molecular foi possível constatar que
estes apresentam um mecanismo de ação total ou
parcialmente esclarecido, com avaliação toxicológica
segura, e estudos de farmacologia pré-clínica e
farmacologia clínica realizados segundo as normas que
regem os processos de validação de fármacos puros
(YUNES; PEDROSA e FILHO 2000).
Quando questionados sobre o nome das
plantas medicinais que mais utilizavam, o boldo, o
capim cidreira e a hortelã ganharam destaque. Sabe-se
que essas três plantas fazem parte das plantas
medicinais oficiais da ANVISA; ou seja; já existe
orientação quanto a seu preparo e uso. Segundo a
ANVISA (2010), as plantas para serem inaladas,
ingeridas, usadas em gargarejos ou em banhos de
assento, necessitam de formas específicas de uso e a
ação terapêutica é totalmente influenciada pela forma
de preparo. Quanto à situação de registro de
medicamentos fitoterápicos no Brasil, foi encontrado
um total de 512 medicamentos registrados, sendo 80
fitoterápicos associados e 432 simples, ou seja, obtidos
de derivados de apenas uma espécie vegetal.
Outra observação que vale ser ressaltada é que
as referidas plantas medicinais se encontram bem
difundidas na sociedade, sendo comercializadas em
supermercados, drogarias, lojas de conveniência, dentre
outros. Deste modo, o costume e a finalidade de uso
destas plantas medicinais pela família, é repassado para
outros membros da própria família, para os amigos, ...,
ou seja, permanecem ainda sendo utilizadas para aliviar
sintomas mais leves.
Em observação à figura 2 percebe-se que o
costume de uso de plantas medicinais é herdado por
tradição familiar em mais de 86% para os dois grupos
entrevistados.
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Figura 2. Representação da origem do uso de plantas
medicinais aos grupos de estudantes entrevistados.
Os benefícios das plantas medicinais passam
de geração a geração. A maioria das pessoas já ouviu
falar de alguma planta, folha, casca, raiz ou flor que
ajuda a aliviar os sintomas de um resfriado ou malestar (ANVISA, 2010).
Segundo TOMAZZONI; NEGRELLE e
CENTA (2006), a utilização das plantas, como
medicamento, é provável que seja tão antiga quanto o
próprio homem. Quanto às práticas da medicina
tradicional, observou-se que são baseadas em crenças
existentes a centenas de anos, antes mesmo do
desenvolvimento da medicina científica moderna e
prevalecem até hoje, fazendo parte da tradição de cada
país, onde as pessoas passam seus conhecimentos de
uma geração à outra e sua aceitação é fortemente
condicionada pelos fatores culturais. Além da crença
sobre o poder de cura desta ou daquela planta, a
fitoterapia evoluiu e sofisticou-se: portanto o
conhecimento sobre o poder curativo das plantas não
pode mais ser considerado apenas como tradição
passada de pais para filhos, mas como ciência que vem
sendo estudada, aperfeiçoada e aplicada por diversas
culturas, ao longo dos tempos.
No intuito de verificar a fidelidade dos
entrevistados em relação ao uso das plantas medicinais
e a opção de substituição destas plantas por
medicamentos industrializados, notou-se que 50% do
grupo jovem e 70% do grupo de maior idade afirmaram
que trocariam o uso de uma planta medicinal por
medicamento industrializado (Figura 3). Esta
informação demonstra que mesmo fazendo uso de
plantas medicinais e mesmo que esse uso seja uma
tradição na família desses entrevistados, os
medicamentos industrializados ainda se sobressaem,
principalmente no grupo de maior idade onde as
patologias
geralmente
exigem
medicamentos
industrializados, devido à idade, gravidade e histórico
de doença do indivíduo, dentre outros.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Figura 3 – Representação da fidelidade dos
entrevistados em relação ao uso das plantas medicinais
e os medicamentos industrializados.
YUNES; PEDROSA e FILHO (2000), afirmam que o
mercado mundial de fitoterápicos tem crescido
gradativamente. Porém, infelizmente, o estado de arte
da maioria dos fitoterápicos fabricados atualmente pela
indústria brasileira está fundamentado somente no uso
popular das plantas sem nenhuma comprovação préclínica nem clínica, não podendo, portanto ser
competitivo a nível nacional e muito menos
internacional.
Este resultado ainda pode indicar que há
necessidade de maior divulgação das formas de uso,
preparo e administração das plantas medicinais oficiais
da ANVISA principalmente para o tratamento de
enfermidades mais leves e dentro deste contexto, a
medicação industrializada ganha a confiança dos
entrevistados, por oferecer maior segurança e eficácia,
principalmente quando se trata de patologias mais
graves.
Apesar de todo o crescimento da área, a
situação dos produtos fitoterápicos disponíveis no
mercado brasileiro ainda não é boa, mas está
começando a mudar a partir da qualificação de
profissionais na área de controle de qualidade, e de
empresas que começaram a dar importância à
realização de análise de produtos fitoterápicos
(BRANDÃO; MOREIRA; ACÚRCIO, 2001).
Inegavelmente, as plantas medicinais e os
fitoterápicos têm um papel importante na terapêutica.
Contudo, a idéia básica na indicação do uso de
fitoterápicos na medicina humana não e substituir
medicamentos já registrados e comercializados com
eficácia comprovada, mas aumentar a opção
terapêutica dos profissionais de saúde, ofertando
medicamentos equivalentes, também registrados e com
eficácia comprovada, para as mesmas indicações
terapêuticas e, eventualmente, com indicações
complementares às existentes, sempre com a estrita
obediência aos preceitos éticos que regem o emprego
de xenobióticos na espécie humana (RATES, 2001).
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Neste estudo percebe-se que a maioria dos
estudantes de supletivo da escola Marisa Mariano,
independente da idade, fazem uso de plantas
medicinais como forma de terapia,
As principais plantas utilizadas foram: o
boldo, o capim cidreira e a hortelã e embora a pesquisa
tenha demonstrado que o uso de plantas medicinais
sofre forte influência da família, grande parte dos
entrevistados substituiria estas plantas medicinais por
medicamentos industrializados.
Porém, atualmente este panorama começa a
ser modificado. Mesmo que as drogas sintéticas ainda
representem a maioria dos medicamentos utilizados
pela população, as plantas medicinais também têm
conseguido espaço cada vez maior na farmácia caseira.
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Definição
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