III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
Local: Centro Universitário São Camilo
Data:
21 a 23 de maio de 2015.
O USO DE ESPINHEIRA-SANTA E ALCAÇUZ NO TRATAMENTO DA GASTRITE
COMO PRÁTICA INTREGRATIVA
1
1
2
RAMOS, Alessandra S. ; OLIVEIRA, Giovana S. ; SILVA, Alexsandro M .
¹ Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP. [email protected]
2
Docente do curso de farmácia –Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP.
Palavras-Chave: Gastrite. Alcaçuz. Espinheira-Santa.
INTRODUÇÃO
As Práticas Integrativas e Complementares se adequam no que a Organização Mundial de
Saúde (OMS) denomina de medicina tradicional e medicina complementar e alternativa (MT/ MCA).
Dentre as Práticas Integrativas e Complementares no SUS, as que mais se destacam no sistema são
as plantas medicinais e fitoterapia, já que as plantas medicinais há muito tempo são utilizadas pela
população brasileira quando se trata de saúde. (BRASIL, 2012)
Plantas Medicinais, segundo a ANVISA, são aquelas utilizadas tradicionalmente por uma
determinada população com a finalidade de aliviar enfermidades. Quando estas plantas passam por
um processo industrial para a obtenção de um medicamento tem-se como resultado um fitoterápico.
(BRASIL, 2012)
A gastrite é uma inflamação da mucosa gástrica, que se manifesta de forma aguda ou
crônica. A inflamação é causada devido à produção aumentada de secreção ácida com difusão
retrógada, redução da produção de bicarbonato e lesão direta à mucosa. (MITCHELL, R.N [et al.],
2005). As manifestações clínicas da gastrite são dores no epigástrio, náuseas e falta de apetite,
embora também existam casos assintomáticos. Uma opção de tratamento menos agressiva é a
utilização de fitoterápicos. (GRUNWALD; JANICKE, 2009)
OBJETIVO
Avaliar a possibilidade do uso das plantas Glycyrrhiza glabra e Maytenus icifolia, para o
tratamento da gastrite e que seja viável às Práticas Integrativas do SUS.
METODOLOGIA
Foram realizados levantamentos bibliográficos em livros, banco de dados como Scielo,
legislação de fitoterápicos e nas práticas integrativas. Como descritores utilizou-se: gastrite, alcaçuz,
espinheira-santa e SUS. A pesquisa foi realizada durante o mês de março de 2015.
Inicialmente buscaram-se doenças relacionadas ao sistema digestório, e dentre as opções
foi escolhida a Gastrite. Com o entendimento dos sintomas da doença, foram pesquisadas plantas
medicinais que atuavam no alívio da inflamação gástrica e que fosse uma alternativa viável para o
SUS. Entre as plantas, foram selecionadas as que mais se adequam ao quadro clínico da gastrite.
RESULTADO
A gastrite aguda se manifesta, na maioria das vezes, de maneira transitória. São associados
a esta patologia o consumo excessivo de álcool, tabagismo inveterado e o uso crônico intenso de
drogas anti-inflamatórias não-esteroides. Outros fatores como estresse grave, isquemia,
quimioterapia, uremia, infecções sistêmicas, ingestão de ácidos também causam a gastrite aguda.
Na gastrite crônica se tem alterações inflamatórias mucosas crônicas, que levam à atrofia
da mucosa e à metaplasia intestinal. Isto pode-se desenvolver para uma displasia e depois a um
carcinoma. (MITCHELL, R.N et al., 2005)
As principais causas são:
 Gastrite provocada pela bactéria Helicobacter pylori. Esta bactéria é formada por
ureia de amoníaco, e liberta uma enzima (uréase) que gera um meio básico e
Realização
III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
Local: Centro Universitário São Camilo
Data:
21 a 23 de maio de 2015.
neutraliza o ácido gástrico, podendo também deixar a mucosa lesada. A fixação
desta bactéria às células de revestimento do estômago se deve a existência de uma
proteína presente nas paredes do estômago ou do duodeno. O contágio se da meio
da ingestão de alimento contaminado ou má higiene, quando as fezes chegam de
alguma maneira até a boca. (GRUNWALD; JANICKE, 2009)
 Autoimune: Quando ocorre a destruição das células produtoras do ácido gástrico
pelos anticorpos. Assim, o meio ácido do estômago se torna básico, e o hormônio
responsável pela produção do ácido gástrico continua sendo liberada mesmo sem
gerar ácido gástrico. (GRUNWALD; JANICKE, 2009)
 Tóxica: Ocorre devido a ingestão de álcool, medicamentos como a aspirina e
também devido a regurgitação da bile e líquidos do duodeno do estômago.
(GRUNWALD; JANICKE, 2009)
Entre as cinco plantas pesquisadas, as selecionadas foram a Espinheira-Santa e o Alcaçuz,
que, devido aos seus aspectos farmacognósticos (flavonoides e saponinas) possuem propriedades
que tratam os sintomas da Gastrite além de comprovação científica e fácil plantio.
A espinheira-santa verdadeira é uma planta nativa da região do sul do Brasil, sendo
encontrada especificamente de Minas até o Rio Grande do sul, aparecendo também ao longo do Rio
Paraná e nas pastagens de clima ameno. O nome espinheira-santa é devido às folhas possuírem
bordas com espinhos e propriedades medicinais (MAGALHÃES, 2002).
Apresenta diversas substâncias químicas que lhe confere as propriedades terapêuticas,
como esteroides triterpenos, polifenois flavonoides e taninos. Os polifenois atuam como captadores
de radicais livres e têm despertado grandes interesses por possuírem a propriedade de impedir ou
minimizar o estresse oxidativo causados pelos radicais livres. (NEGRI; POSSAMAI; NAKASHIMA,
2009)
O plantio precisa ser realizado em um solo argiloso, porém, bem drenados e com alto teor
de matéria orgânica, desenvolve-se melhor na faixa de 20° a 30°. A colheita pode ser feita de quatro
a seis anos após o transplante da muda. Em quatro anos há um rendimento de aproximadamente
0,67 toneladas de folhas secas num espaçamento de 1 x 3 metros. (OLIVEIRA, R.S. et al, 2009)
Por ter eficácia comprovada e ser largamente utilizada na medicina em tratamentos de
problemas digestivos, se encontra inserida na Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse
ao SUS. (OLIVEIRA, R.S. et al, 2009).
O Alcaçuz é uma planta nativa da Europa e Ásia, podendo aparecer também no Iraque,
porém possui variedades em cada região do planeta. No Brasil, há uma planta que pertence à mesma
família (Leguminosae), a Periandra dulcis M. que é também chamada de Alcaçuz ou Urucu-chê. Esta
possui as mesmas propriedades da Glycyrrhiza glabra, apresentando o princípio amargo e acre das
raízes mais pronunciadas e o sabor doce característico. (ITF, 2008)
Devido à presença de propriedades antiácidas e antiespasmódicas, auxilia no sistema
digestivo e melhora as funções biliares. Contribui para atuação adequada do aparelho gástrico,
reduzindo a acidez estomacal. Além disso, os compostos derivados de alcaçuz podem aumentar a
concentração de prostaglandinas no sistema digestivo que promovem a secreção de muco a partir do
estômago, bem como produzir novas células na mucosa do estômago. Seus princípios ativos se
devem a presença de Saponinas e flavonoides. (SIMOES, 2004)
O Alcaçuz apresenta eficácia comprovada cientificamente, e está presente na lista de
plantas medicinais da ANVISA. (SIMOES, 2004)
CONCLUSÃO
Entre as diversas Práticas Integrativas pode-se utilizar a Fitoterapia, que oferece a
alternativa de um tratamento à base de plantas. A gastrite por ser um processo inflamatório da
mucosa gástrica pode ser tratada tanto com a Espinheira Santa, devido aos taninos presentes em
suas folhas que atuam como captadores de radicais livres, diminuindo a acidez gástrica, como
também o Alcaçuz que tem propriedades antiácidas e antiespasmódicas, por conta da presença de
flavonoides e saponinas, que promovem a produção de novas células na mucosa do estômago. Com
o plantio de ambas as plantas não é algo que requer muito trabalho, é uma alternativa viável ao SUS.
Realização
III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
Local: Centro Universitário São Camilo
Data:
21 a 23 de maio de 2015.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da saúde. Práticas integrativas e complementares: plantas medicinais e
fitoterapia na Atenção Básica. Secretaria de Atenção à saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
Disponível
em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/praticas_integrativas_complementares_plantas_medicinais
_cab31.pdf. Acesso em: 22 de mar.2015.
GRUNWALD, Jorg; JANICKE; Christof. A farmácia verde. 2 ed. Berlim: Everest, 2006.pp. 97-104.
Índice terapêutico fitoterápico: ITF. 1. ed. Petrópolis, RJ: EPUB, 2008. Pp. 66; 153 ; 154.
MAGALHÃES, P.M. Agrotecnologia para o cultivo de espinheira-santa. Campinas:
2002.Disponível em: <http://www.cpqba.unicamp.br/plmed/artigos/agroespsant.htm> Acesso em: 22
de mar. 2015.
MITCHELL, R.N et al. Fundamentos de Patologia. 7 ed.Rio de janeiro: Elsevier, 2005.pp. 431-433.
NEGRI, Myrian L.S; POSSAMAI, João C.; NAKASHIMA, Tomoe. Atividade antioxidante das folhas de
espinheira-santa -Maytenus ilicifolia Mart. ex Reiss., secas em diferentes temperaturas. Revista
Brasileira de farmacognosia. Curitiba, v. 19, n. 2, p.553-556,abr./jun.2009.Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbfar/v19n2b/a07v192b.pdf>. Acesso em: 22 de mar. 2015.
OLIVEIRA, R.S. et al. Revisão da Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek, Celastraceae: contribuição ao
estudo das propriedades farmacológicas. Revista Brasileira de Farmacognosia. João Pessoa, v.
19,n. 2 abr./jun.2009. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102695X2009000400025 >.Acesso em: 26 de mar. 2015.
SIMOES, Claudia M.O.; et.al. Farmacognosia da planta ao medicamento. 5 ed. Porto Alegre:
Editora da URFRGS, 2004. p. 130.
Realização
Download

o uso de espinheira-santa e alcaçuz no tratamento da