abcdefghijklmnopqrstuvwxyyz Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 8 - nº 63 - Janeiro/2007 Distribuição Gratuita Francisco Cândido Xavier Especial Editorial editorial Estamos próximos do 5º aniversário do desencarne do nosso querido Chico Xavier. Muito se tem falado e escrito a seu respeito. Mas se tem sempre buscado lembrar e enaltecer a qualidade mediúnica deste, que recebeu a missão de nos trazer as obras mediúnicas que complementariam a obra de Allan Kardec, no conhecimento e esclarecimento da doutrina espírita, o Cristianismo Redivivo. Muitas vezes o colocamos como uma criatura que, diante das suas faculdades mediúnicas, atendeu aos desígnios divinos, simplesmente trazendo dos espíritos autores, desencarnados, todo o conteúdo doutrinário contido em seus livros e mensagens, sem que tenha que ter tido adquirido, no decorrer destes séculos passados e nas suas diversas reencarnações, a condição moral/espiritual que lhe desse o passaporte que proporcionasse a oportunidade de, a pedido do próprio Cristo, ser o enviado pronto a enfrentar todas as dificuldades e obstáculos de quem leva a Luz em meio às trevas. Nesta reencarnação, muito foi assediado para que sua vaidade o levasse a uma paralisação na tarefa proposta, muito se tentou que usufruísse dos bens materiais que as próprias obras poderiam lhe render, muito se buscou desacreditá-lo diante de seu desprendimento e de suas qualidades morais que sempre foram ilibadas, e muito se buscou destruir a semeadura cristã que ele, espontaneamente, sempre distribuiu a todo o planeta, com sua presença, com suas obras ou com os seus exemplos. A compreensão nossa, quanto ao esforço pessoal que o nosso Chico implementou a si mesmo, para que a missão a que foi convidado a executar fosse plena de êxitos, ainda não alcançou em nós a sua verdadeira dimensão, já que, deveras, diminuímos muito o esforço do homem Francisco Cândido Xavier, que, vivendo na Terra como todos nós, teve seus momentos de solidão, incompreensão, ingratidão, sofrendo calúnias, processos, e todas as adversidades que qualquer outra criatura encarnada pudesse sofrer, mas em proporções equivalentes da missão que lhe pesava nos ombros, que ele suportou com resignação e fidelidade ao Evangelho do nosso Mestre Jesus. Lembremos que, assim como a teoria equivocada em relação ao corpo fluídico do Cristo, não nos equivoquemos quanto ao esforço exercido pelo nosso Chico Xavier na caminhada terrena, quando nos deixa um legado não só de 412 livros (quando encarnado), mas de uma infinidade de mensagens, e o seu exemplo de autêntico seareiro do Cristo, em paragens terrenas. Por isso, estamos editando este número especial em homenagem, não apenas ao médium Chico Xavier, mas principalmente ao homem Francisco Cândido Xavier, que exemplificou o Evangelho do Cristo em seus 92 anos dentre nós. Obrigado, Francisco Cândido Xavier, um homem cristão! Equipe Seareiro INDÍCE GRANDES PIONEIROS: Francisco Cândido Xavier - Pág. 3 LIVRO EM FOCO: Sementeira de Luz - Pág. 13 LIÇ Õ ES DO CHICO: Chico Xavier e Waldo Vieira - Pág. 13; Fato curioso na vida de Chico Xavier - Pág. 14; Comentando o Evangelho - Pág. 15 CANTINHO DO VERSO EM PROSA: Votos do Servo Cristão - Pág. 16 RELATOS DA VISITA: Pedro Leopoldo - Pág. 17; Uberaba - Pág. 18 2 Seareiro Publicação Mensal Doutrinária-espírita Ano VIII - nº 63 - Janeiro/2007 Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança CNPJ: 03.880.975/0001-40 CCM: 39.737 Seareiro é uma publicação mensal, destinada a expandir a divulgação da doutrina espírita e manter o intercâmbio entre os interessados em âmbito mundial. Ninguém está autorizado a arrecadar materiais em nosso nome a qualquer título. Conceitos emitidos nos artigos assinados refletem a opinião de seu respectivo autor. Todas as matérias podem ser reproduzidas desde que citada a fonte. Direção e Redação Rua das Turmalinas, 56 / 58 Jardim Donini Diadema - SP - Brasil CEP: 09920-500 Endereço para correspondência Caixa Postal 42 Diadema - SP CEP: 09910-970 Tel: (11) 4044-5889 com Eloisa E-mail: [email protected] Conselho Editorial Ana Daguimar de Paula Amado Fátima Maria Gambaroni Geni Maria da Silva José Roberto Amado Marcelo Russo Loures Reinaldo Gimenez Roberto de Menezes Patrício Rosangela Neves de Araújo Rosane de Sá Amado Ruth Correia Souza Soares Silvana S.F.X. Gimenez Vanda Novickas William de Paula Amado Wilson Adolpho Jornalista Responsável Eliana Baptista do Norte Mtb 27.433 Diagramação e Arte Reinaldo Gimenez Silvana S.F.X. Gimenez Impressão Van Moorsel, Andrade & Cia Ltda Rua Souza Caldas, 343 - Brás São Paulo - SP CNPJ: 61.089.868/0001-02 Tel.: (11) 6764-5700 Tiragem 12.000 exemplares Seareiro Grandes Pioneiros grandes pioneiros Francisco Cândido Xavier Saudades! Acreditamos que esta palavra resume toda a expressão dos sentimentos daqueles que, como nós, espíritas ou não, reagimos diante da falta pessoal do nosso inesquecível médium Francisco Cândido Xavier! No ano de 1910, na pequenina cidade mineira de Pedro Leopoldo, ninguém poderia imaginar que o lar modesto do Sr. João Cândido Xavier e D. Maria João de Deus seria agraciado pela espiritualidade superior com a vinda de retorno à Terra do iluminado espírito de um menino, que traria ao mundo a “Boa-Nova”, o roteiro verdadeiro do Evangelho do Cristo, sobre o qual esse menino daria testemunho em todo o decorrer de sua vida material. Seria, Casa onde Francisco Cândido Xavier portanto, como o foi, nasceu em Pedro Leopoldo. o obreiro que soube desempenhar sua missão, enunciando-se em favor do grande Amor que sempre teve pelos sofredores e infortunados de toda sorte. A vida de Chico, diminutivo de seu nome dado desde pequeno pelos seus familiares, sempre foi de privações. Mas isso nunca afetou o seu carinho para com toda a numerosa família que se formara. Cresceu amando imensamente o local em que nascera. Dizia ele que Pedro Leopoldo era sua segunda pátria espiritual. Pois fora ali que mantivera seus primeiros contatos com as “Inteligências Sublimes e amigos do Mundo Espiritual, em noites repletas de Luzes da Espiritualidade Eterna” (Palavras do próprio Chico em reuniões com amigos). Desde a infância, Chico mostrou pendores pela literatura. Procurava aumentar seu desejo em ter maiores conhecimentos sobre o estudo, praticamente sozinho, pois fora com muita dificuldade que conseguira terminar o curso primário. Trabalhava parte do dia numa fábrica de tecidos, das 15 às 2 horas da madrugada. O pai de Chico, o Sr. João Xavier, não gostava de ver o filho com livros ou revistas, que ele conseguia com os amiguinhos da escola e que prendiam sua atenção tirando-o do trabalho a ser feito em casa. Por isso, Chico via seus livros serem constantemente queimados pelas mãos de seu genitor, que implicava com a sua vocação voltada “para as letras”. A família Xavier era profundamente católica. Era natural, portanto, que Chico seguisse os ensinamentos teóricos da igreja. E isso ele o fazia com amor e respeito, ouvindo as lições que eram ministradas pelas orientadoras do catecismo católico cristão. Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança Mas Francisco Cândido Xavier viera para desempenhar uma importante missão sobre a Terra. E a sua mediunidade começou a aflorar desde os cinco anos, quando se deu a partida de sua tão amada mãezinha para o mundo espiritual. Um dia, após essa dolorosa separação, quando Chico procurava isolar-se no quintal de sua casinha, para dar vazão às suas lágrimas, eis que o quintal resplandece de luzes e o menino vê acariciá-lo as mãos de sua mãezinha. Esta, enxugando-lhe o rosto, pergunta: — Por que o choro, meu filho? Veja, estou aqui, não morri! E muito menos o abandonei! Chico, abraçando-se espiritualmente ao coração materno, trava um diálogo de alívio e orientação para sua vida. A mãe pede-lhe paciência e obediência, pois, somente assim, ele poderia aprender a viver com disciplina e atender aos desígnios de Deus, pois haveria muito trabalho para ser feito através de suas mãos. Chico, ao relembrar esse fato, dizia que fora um marco inicial de sua tarefa mediúnica. O tempo se incumbiria de dar a ele as respostas das profecias, por assim dizer, de sua querida mãezinha. Começava aos poucos a entender as visões espirituais, que eram difíceis de serem aceitas, principalmente, por seu pai, que dizia ser Chico atacado por demônios. Em maio de 1927 ocorreu um triste acontecimento na família numerosa de Chico. Uma de suas irmãs, Maria Xavier, começava a apresentar graves distúrbios emocionais. Repentinamente, ela ficou agressiva, mudando a sua fisionomia e o comportamento, antes calmo e sociável. Levada à capital mineira, foi consultada por vários neurologistas que nada puderam fazer, a não ser aconselhar a família a interná-la em clínica especializada para esses casos. Como isso era difícil, pois não havia recursos para esse tratamento! Lembrou-se Chico de um casal espírita, muito amigo da família. Moravam distante, mas, a pedido do próprio Chico, o senhor José Hermínio Perácio e sua esposa, dona Carmen Penna Perácio, médium vidente, de imediato vieram atender ao ocorrido. Sabedores do caso obsessivo que tomava conta dos Chico, seus irmãos e Manuel Quintão em Pedro Leopoldo, 1939. 3 Numa dessas reuniões, tinha Chico pensamentos de Maria Xavier e dezessete anos, quando ouve a voz de profundos conhecedores da doutrina sua amiga e orientadora, que fora, espírita, com o consentimento dos quando encarnada, dona Carmen Penna familiares, levaram-na para ser Perácio dizer-lhe: cuidada em sua própria residência. E, — Chico, toma papel e lápis para nesse novo ambiente, onde acontecia o anotar a mensagem que irá servir-lhe de estudo permanente do Evangelho, com conforto e paz mediúnico. reuniões bem orientadas pelo plano A mensagem foi transmitida. espiritual superior, Maria Xavier Casa da irmã Luiza Xavier, onde Chico Continha dezessete folhas e fora começava a apresentar melhoras. residiu quando em Pedro Leopoldo. assinada por “Um Amigo Espiritual”. Chico, a pedido do casal, e, Chico e os companheiros da reunião ficaram espantados principalmente, pelo intercâmbio espiritual realizado através com a rapidez da escrita. A mão de Chico corria solta e o de dona Carmen, viera também participar das reuniões, pois próprio médium comentava que ele não tinha domínio das sua mãezinha, dona Maria João, esperava por ele. mãos nem do pensamento, pois só tomou sentido do que E, por intermédio das vias mediúnicas de Chico, pela escrevera, quando leu a mensagem em voz alta, para todos psicografia, que Maria João relatou fatos importantes do ouvirem-na. passado, que levaram sua irmã Maria àquele estado. Ela Um tanto apreensivo, embora confiante com o estava sendo alertada para importantes tarefas espirituais, as acontecimento, pois tinha plena consciência do que se quais deixara de fazer, comprometendo-se com o Cristo e passara e, sendo assistido desde o começo desse fenômeno perdendo-se em fantasias. Com isso, Maria João agradecia a por sua mãe e dona Carmen, resolveu levar a mensagem e ajuda do Alto e pedia ao casal Perácio que orientasse Chico obter mais esclarecimentos do seu confessor e amigo Padre na missão a que viera. Scarzelli. Dona Carmen e o senhor José Hermínio muito Esse conflito fora natural na representaram na vida mediúnica de Chico Xavier, que muito vida de Chico. Embora já respeito e carinho lhes devotava. conhecedor da tarefa já exposta Com todas as provas evidenciadas nas mensagens dadas por sua mãe, pensava que sua fé por sua mãe e outros amigos desencarnados, Chico não teve religiosa era o catolicismo. dúvidas de firmar-se na fé imorredoura da Doutrina Espírita. Como lidar com esse conflito Como Maria, sua irmã, sofrera por longo tempo o religioso? Por isso a ida até seu processo obsessivo, Chico aconselhou-a a mudar para a confessor. cidade de Sabará. Ela já havia se casado com o senhor Jacy Após as explicações ouvidas, Pena, criatura de bons princípios e simpático à causa espírita. Padre Scarzelli acalma Chico, Ele aliou-se à idéia de Chico e dona Maria seguiu o conselho dizendo-lhe que a mensagem só do irmão. Padre Scarzelli lhe transmitia paz e confiança na Já em Sabará, as dificuldades financeiras eram tarefa que Deus lhe confiara. E, com toda a sabedoria de um alarmantes. dona Maria já esperava seu primeiro filho. Ela amigo sincero, orientou Chico a dirigir-se a Nossa Senhora, escreve ao Chico e pede-lhe que envie alguma orientação, Mãe Santíssima, a quem ele, Chico, devotava sua fé para que pois tinha medo que o mal que a atacara voltasse. lhe indicasse o que fazer. Mas, Padre Scarzelli confessava a Chico dá-lhe todo o apoio e, a pedido dos amigos Chico, que tinha certeza de que seu caminho já estava espirituais, orienta-a e o marido, para que juntos fundem uma descrito. casa espírita. Apesar das dificuldades, o casal junta-se a Abraçaram-se e, profundamente reconhecido, despediuoutros amigos simpáticos à causa e fazem surgir em Sabará a se de seu confessor. Estava mais tranqüilo, pois sabia que não primeira “Casa Espírita” local, que recebera o nome de “Casa estava sendo ingrato a Deus, apenas definindo seu roteiro de do Caminho”. vida. Esse realmente foi o último encontro nessa encarnação A família de dona Maria cresceu, vindo de retorno ao com o Padre Scarzelli, pois soubera Chico que, após ele ter mundo material oito filhos ao todo, que foram recebidos com sido removido para a cidade de Joinville, em Santa Catarina, muito amor e educados na Doutrina Espírita. Dona Maria era havia desencarnado. Mas pôde realizar obras de o baluarte e a criatura que sabia amparar não só a família, mas benemerência em favor das comunidades sofridas do local. E também aqueles que surgiam em sua casa, doentes do era sempre lembrado por todo o povo catarinense como o espírito, como ela o fora um dia. melhor Monsenhor que por ali passara. Seu trabalho doutrinário teve continuidade após o seu Esse desenlace deixou Chico muito triste, pois não tinha desencarne, através dos filhos, que faziam questão de que mais com quem compartilhar suas angústias, nesse mundo de esse marco tão importante para a cidade de Sabará não encarnados. fenecesse. O tempo prosseguiu e Chico procurava dedicar-se mais a Chico, sempre que podia, fazia-se presente, incentivando sua numerosa família, a quem fora dado, pelo desenrolar dos a obra que fora o roteiro de recomposição reencarnatória de acontecimentos, a responsabilidade de cuidar dos irmãos que sua irmã. ficaram órfãos. Mas, jamais deixou de exercitar seu dom Junto a amigos espirituais e aos encarnados que passaram mediúnico. Foram longos anos de adaptação. a dar apoio à mediunidade de Chico, José Xavier, seu irmão, E, no ano de 1931, é que a espiritualidade superior e sua esposa, dona Geni, oravam para receber as orientações emocionou o querido médium, com seu primeiro encontro psicografadas que o Alto permitia para o exercício com aquele que seria o seu protetor, seu guia espiritual, mediúnico de Chico. Aguardavam com muita ansiedade. 4 Seareiro Emmanuel! aqueles que ameaçavam o trono, principalmente o mais Foi exatamente junto ao temido, que era o filho bastardo de seu pai, chegando a ser o Açude no Ribeirão da Mata, grande conquistador do Egito, Tuthmosis III. localizado em Pedro Leopoldo, Hatshepsut era fiel ao culto de Amon-Rá e era profunda próximo a Fazenda Modelo, defensora de seu povo, a quem muito amava. onde Chico trabalhava, como Era apaixonada por Senmut, escultor e arquiteto. E, em operário. Estava ele fazendo louvor à breve descanso, orando e a m a d a , escutando o marulhar das águas construiu ele do Açude, quando sentiu e via a u m b e l o presença magnífica de monumento no Emmanuel. Seu porte belíssimo, Va l e d a s Emmanuel (espírito). e irradiando intensa luz, fez com Rainhas, o que Chico entendesse que, Templo de Deir daquele momento em diante, após o diálogo entre eles, sua El-Bahari. missão iria ter início e, como esclarecera Emmanuel, com Com todo disciplina, disciplina, disciplina. esse preparo e, A primeira obra mediúnica, pela psicografia, foi “Parnaso tendo sido Templo de Hatshepsut, em Deir El-Bahari. de Além-Túmulo”, em 1932, sendo prefaciada pelo senhor t a m b é m Manoel de Quintão, editada pela Federação Espírita iniciada nos mistérios de Ísis e Osíris, deuses gregos, deramBrasileira (FEB). lhe margem para que a reencarnação futura de Chico fosse no Desde essa obra e as outras inúmeras que se seguiram mesmo ambiente da matéria. Reencarnaria para tinham os direitos autorais doados às obras sociais ou às prosseguimento de sua tarefa no Egito como Chams, faraó, editoras que se responsabilizam até hoje por essas amiga desde a infância da rainha Semírames, que, depois de transferências, pois Chico, em toda sua vida de encarnado, morta, fora coroada, no século XIV, como rainha de Portugal. nunca fez uso sequer de um centavo dessas publicações. E, já em épocas romanas, Chico seria Luciana, filha de Sempre viveu e ajudou a muitos com a sua aposentadoria Públio Lentulus Sura. Esse fora a reencarnação de Públio obtida após 25 anos de trabalho no “Ministério da Lentulus Cornelius (Emmanuel). Temos a narração de toda Agricultura”, em Uberaba, juntando-se o tempo em que esta reencarnação de Emmanuel, contada por ele mesmo, no trabalhou como tecelão e balconista, ainda menino, em Pedro livro “Há 2000 Anos”. Leopoldo. Nele, Chico vem em outra reencarnação como a filha de Chico sempre foi respeitado e muito amado por todos os Públio Lentulus Cornelius e Lívia. Tinha o nome de Flávia e que o conheceram, que tiveram a oportunidade de visitá-lo, sofria terrivelmente com a lepra. Foi ela curada, quando de conviver e usufruir da sua companhia. Desde os Lívia vai à procura de Jesus. Ouvindo-O e, certa desse grande primórdios tempos dos comentários bons ou maus com a Amor pregado pelo Cristo, a fé ardente do coração de Lívia aparição de suas obras mediúnicas, ficou evidente que Chico cura o corpo de Flávia que, espiritualmente ligado à Lívia, não viera como qualquer encarnado, cuja mediunidade venha seguiu seu rumo de redenção. Seria interessante também a ser projetada, como sabemos existir entre os meios sabermos que a dedicada serva Ana, que Emmanuel cita no espirituais ou não, pois a mediunidade não representa a livro, fora nessa reencarnação a Maria João de Deus, mãe de Doutrina. Mas o serviço prestado à coletividade e ao mundo Chico Xavier. somente caberia a um ser enviado pelo Alto e esse ser, sem Ainda sobre a ligação de Chico com Lívia, diversos livros dúvida, fora Francisco Cândido Xavier. de companheiros e autores espíritas contam As sementes lançadas por ele, por onde que, quando Chico precisou fazer um passou, cresceram e se fortificaram, doloroso tratamento oftálmico, pois seu trazendo, através de seu exemplo de vida, glaucoma o incomodava muito, após sair o Evangelho vivo do Cristo. do hospital, em Belo Horizonte, e seguir A elevação espiritual de Chico Xavier rumo à casa de sua irmã Zina, passando por não se deu por privilégios de Deus, mas sobre um viaduto, resolveu parar e, sim pelas inúmeras experiências olhando a beleza do firmamento, e reencarnatórias, com muito sofrimento e começou a orar com toda fé de seu coração, aproveitamento dos talentos, que soube para buscar ajuda de Jesus, com o fim de multiplicar. suportar as dores dos olhos que muito o Uma de suas primeiras reencarnações incomodavam. Notou que, vagarosamente, na Terra foi no Egito Antigo, vindo como foi sentindo a melhora; era como se alguém uma faraó, de nome Hatshepsut. Foi a o envolvesse com a medicação certa. primeira mulher faraó. Era filha da rainha Olhando novamente para o céu, para Ahmose e do rei Tuthmosis I. agradecer a Jesus o refrigério sentido, O nome Hatshepsut foi lhe dado pelo notou uma estrela enorme fulgurante que deus Amon, e tempo por significado lhe parecia irradiar essa luz diretamente “aquela que está à testa dos nobres”. para onde ele se encontrava. Com os olhos Hatshepsut foi uma faraó justa. Em seu marejados de lágrimas, viu seu tutor Hatshepsut - Museu Nacional de mandato libertou os escravos de guerra e espiritual, Emmanuel, dizer-lhe: Alexandria, Egito. Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança 5 — Chico, essa fulgurante estrela é de sua mãe, Lívia, que significado disso. Com toda a devoção de sua alma, orava veio em seu socorro, em nome de Maria Santíssima, para todas as noites à Nossa Senhora, talvez ela pudesse enviar atender o seu pedido. Sabe Lívia de sua profunda devoção à alguém em seu socorro. Nossa Mãe Santíssima e foi através dela que sua rogativa Numa noite, ainda orando para sua santa, ele percebeu mereceu essa bênção de luz. Saiba que Lívia é sua “Estrela que algo havia em seu quarto. Notou com nitidez um senhor Guia”. vestido de branco, o qual Chico achou tratar-se de um Mas, retornando ao passado longínquo, no século XVIII, sacerdote. Cumprimentou-o. mais precisamente, Chico reencarna como uma jovem de — Irmão Francisco, venho até a sua presença, a pedido da nome Jeanne de Arencourt, que vivia na cidade de Arras. rainha santa, dona Izabel de Aragão, esposa do rei de Era a época da revolução francesa, com acontecimentos Portugal, Fernando de Aragão. Enquanto no período carnal, horríveis e sendo presença constante as grandes dores. desenvolveu ela laborioso Muitos fugiam desesperados e Jeanne d'Arencourt também trabalho de benemerência seguiu para Barcelona, Espanha, para ter mais condições de e instrução entre os dois lutar pela vida. Mas, com tantos padecimentos e desnutrida, reinos que foram a Jeanne veio a desencarnar com tuberculose ainda jovem e Península, conhecida na solitária. Europa. As obras de Considerando todos esses aspectos reencarnatórios e sua Caridade e Educação presença marcante em fazer das experiências o caminho de espalharam-se pela sua sublime missão, nos extasiamos diante das veracidades Espanha e Portugal e de sua mediunidade. todos passaram a chamáNuma noite, Chico fazia as suas orações, quando viu seu la desde então de “A quarto inundar-se de luzes. Abrindo os olhos para certificarRainha Santa”. se de que aquele clarão não seria fruto de sua imaginação, Desencarnou em 4 de percebeu ele a presença de uma senhora que esparzia a julho de 1336, deixando mesma luz irradiada pelo quarto. A senhora, olhando para muita tristeza para uma imagem de Nossa Senhora do Pilar que Chico tinha em aqueles aos quais Rainha Izabel de Aragão seu quarto, voltou-se para ele e falou-lhe em castelhano. amparava. Chico estava atônito, tentava manter-se calmo e, embora não Foi ela, Chico, que o visitou e pediu-me para dizer-lhe conhecendo o idioma, compreendeu com facilidade o que ela que os recursos necessários para a distribuição dos pães falava: breve chegarão. — Francisco, em nome de Jesus Cristo, peço-lhe o favor Meu nome era Fernão Mendes, em 1336, e muito partilhei de amparar os necessitados, que são nossos irmãos. dos benefícios realizados por dona Izabel de Aragão. — Mas, senhora, qual o seu nome? Chico mais uma vez ficou perplexo. Não sabia que — Creia-me, você não me tem em suas lembranças, mas recebera, em seu humilde quarto, uma tão nobre dama, que sou “Izabel de Aragão”. fora tão querida na Terra. Chico espantou-se, pois não conhecia Após essa vidência e explicação da aparição da ninguém com esse nome e ele continuou a falar: Rainha Izabel de Aragão a Chico, passou ele a — Senhora, sou muito pobre, nada tenho, levar um cesto com oito pães, iniciando assim a como poderei amparar os necessitados? distribuição, no começo com dificuldades, mas — Você nos ajudará repartindo pães para os atendendo aos indigentes que se reuniam em uma desamparados. ponte existente em Pedro Leopoldo, atualmente — Mas, senhora, não temos o pão em nossa reformada, e o trabalho dos pães passou a ser casa. Falta-nos alimentação por vezes. Somos desenvolvido com muito mais recursos, como assistidos também pelos outros, que se profetizara, por assim dizer, dona Izabel, pois, à compadecem por nossa família. medida que a mediunidade de Chico foi crescendo Isabel de Aragão sorriu e argumentou: e tornando-se conhecida, foram muitos espíritas — Não se preocupe, chegará a hora em que que passaram a ajudá-lo, não só na parte material, você obterá os recursos necessários. Seus como em busca de orientações doutrinárias. “Parnaso de Alémescritos chegarão para as nossas “gentes Chico, no início, foi muito assistido na busca Túmulo”, a primeira peninsulares”, mas você trabalhará para Jesus, dessas primeiras distribuições de pães, por sua obra mediúnica portanto, o produto desse trabalho não deverá irmã Luiza, hoje desencarnada. Esse trabalho, psicografada em 1932. ficar em suas mãos. As páginas que você iniciado em 1927, ocorreu até 1958, quando receberá serão orientadas pelos Mensageiros Divinos ligados Chico precisou mudar-se para Uberaba. Lá, não só ele ao Bem. Aí você terá em mãos os recursos necessários para continuou essa assistência, como o seu desenvolvimento teve iniciar a tarefa de socorro aos pobres, com a distribuição dos um aumento predominante, pois Chico, além do pão, pães. Confie na Providência Divina. distribuía, como até hoje, a sopa fraterna. A luminosa figura desaparecera, deixando Chico abalado Naturalmente, essa aproximação da Rainha Izabel de em seu interior. E agora, pensava, já não havia mais o Padre Aragão com Chico não se deu por acaso. Em tempos Scarzelli para ouvi-lo. A quem recorrer para desabafar, remotos, Chico reencarnara no corpo de Joana de Castela e contar o sucedido? Aragão, filha mais velha dos reis católicos da Espanha, Chico ficou a cismar por vários dias e, de sua mente, Fernando de Aragão e Izabel I de Castela. Foram esses reis fixava-se a frase “gentes peninsulares”. Ele não sabia o que proporcionaram a viagem do descobrimento das 6 Seareiro Américas. A alcunha que deram a Joana, a rainha louca, foi por ela ter amado intensamente seu marido, Filipe de Flandres. E isto ocorreu por ter ela vidências e, como Filipe viera a desencarnar, ela não permitia o seu sepultamento, porque ela o vira vivo como espírito e, colocando-o numa carruagem, vagava com ele por toda a parte. Foi considerada então como louca, vindo a desencarnar também em pouco tempo. Joana de Castela e Aragão O retorno de Filipe à Terra foi rápido e voltando ele no próprio país, a Espanha, para realizar tarefas na Corte Espanhola e que, por motivos de traições, não pôde completar. E Joana (nosso Chico) também teve rápido regresso à Terra, só que reencarnando na França, para que seus dons mediúnicos continuassem a desenvolver para a missão importante que estava sendo preparada pelo Alto, para o progresso espiritual da Terra. A mediunidade de Joana, a Rainha Louca, vinha sendo preparada desde a Grécia antiga, uns 600 anos antes de Cristo, e, não só por não querer enterrar seu amado, mas por viver sempre no meio de livros e filósofos, que a faziam sobressair-se entre deuses e políticos, estes a temiam por sabê-la com mais altura que eles e aproveitaram esse aspecto para mostrar a todos que ela, junto a Filipe, tornaram-se elementos perigosos para a Espanha. Houve outras reencarnações de Chico, podendo se considerar uma das últimas, vindo ainda na Espanha, no século XIX, mas que, pelas mãos dos espíritos superiores, seriam de anonimato, para que pudesse realmente consolidar seus valores morais. Em 1880, desencarnando em Barcelona, retorna às paragens da pátria espiritual para sua preparação em Pedro Leopoldo, nesse século, para viver o Evangelho do Cristo em gesto e palavras. Após uma preparação de intensas atividades no mundo espiritual, ele retorna à Terra, no dia 02 de abril de 1910, para continuar a obra começada. Durante toda sua última existência, Chico viveu entre os dois mundos. Trabalhou intensamente para nos trazer a Verdadeira Luz para o mundo. Jamais se olvidará sua renúncia para fazer com que as mensagens vindas do mundo espiritual nos fortalecessem a fé pura e raciocinada, sem fantasias em crer-se em paraísos que não foram construídos pelo esforço de cada ser, como ele mesmo o fez e o fará se necessário. Chico tinha por hábito meditar sobre seu desenvolvimento reencarnatório. Sua responsabilidade diante de sua missão, e ele não atribuía sua vida como a de um missionário, era de sempre se dizer um “cisco”, portanto, grande credor; rogou a Emmanuel que o ajudasse a entender o motivo de tanto sofrimento que via nas pessoas que o procuravam, imersas em desequilíbrios e desajustes e que ele pouco poderia fazer a não ser levá-los a se apegarem ao Evangelho de Jesus. Emmanuel, atento, veio em seu socorro, Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança dizendo: — Chico, posterior à sua reencarnação à época da Rainha Joana, você esteve reencarnado em Paris, no século XVI. Por esse tempo, você tinha seus 15 anos. Chico, envolvido pela narração de Emmanuel, viu-se repentinamente caminhando por estranhas ruas, numa noite de grande agitação. Ouvia gritos, gargalhadas, parecia-lhe que o desequilíbrio do povo era geral. Via cenas horripilantes. Criaturas alucinadas, colocando algo inflamável em casas, carros, nas próprias pessoas e ateando fogo, que se alastrava em fortes chamas rapidamente. E seus ouvidos ainda registravam gritos: “Massacrez! Massacrez! O rei ordena! É o desejo do rei! Vamos aos massacres!” Chico relembrava, sob a ação magnética de Emmanuel, que corria alucinadamente buscando socorro, sem nada conseguir. As casas particulares eram invadidas por homens musculosos, que arrombavam as portas e arrancavam de dentro das moradias mulheres, crianças, velhos, que eram trazidos à praça pública, para serem mortos por armas ou serem levados e atirados às águas do Rio Sena. Outros eram esmagados pelas patas dos cavalos, tentando se salvar em corrida sem destino. Era o caos total! Não suportando mais essa terrível visão, Chico volta a seu estado normal, amparado por Emmanuel e este lhe diz comovidamente: — Aí está a raiz de todo o sofrimento coletivo, ao qual você ainda não conseguiu entender. Todo esse desvario que você reviu e, de certa forma participou como experiência, foi para que você pudesse consolar aos aflitos que o procuram, e que lá estavam na trágica noite de São Bartolomeu, em Paris, de 1572. Portanto, bendita seja a dor que desperta e traz o reequilíbrio para os que atendem à transformação de suas vidas, pela misericórdia de Deus. Chico sempre fazia visitas às famílias carentes da região próxima à sede da Comunhão Espírita Cristã. Aos sábados, após o Evangelho, sob a sombra do abacateiro, na vila dos Pássaros, reuniam-se caravanas vindas de toda a parte, para participarem desse Evangelho, aguardando o final, no qual Chico comentava a lição entremeando-a com os ensinamentos de Emmanuel. Após, distribuía pão e alimentos para as famílias, chamando-os pelos nomes, abraçando-os e beijando-lhes as mãos. As noites após essa tarefa do Evangelho ao ar livre, todos e r a m Um aspecto das famosas reuniões no c o n v i d a d o s a “abacateiro”, que aconteciam ao ar livre, nas tardes de sábado. segui-lo nas visitas aos lares, para que fosse levado o conforto de suas palavras em nome de Jesus. Essa caravana, Chico chamava de Peregrinação, que eram verdadeiros momentos de alegria e felicidade, pois Chico, durante a caminhada tecia valorosos ensinamentos sobre a vida de Jesus e, quando oportuno, narrava a condição reencarnatória de alguém que era visitado 7 para que o povo raciocinasse no plantio que se faz durante a vida. Numa dessas visitas, comoveu-se muito com o estado de uma senhora. Todos que acompanhavam Chico, ficaram condoídos com o estado dessa mulher. Ela, há muitos anos, vivia numa condição paupérrima, em cima de uns trapos sob um estrado no chão, seu corpo desvalido, paralítica, surda e muda, quase cega, sozinha, sendo amparada por algumas pessoas que sentiam um pouco de simpatia por ela. Mesmo naquele estado, poucas pessoas conseguiam chegar a sentir piedade por ela. Esta era a narração feita pelo próprio Chico, que ficava até feliz quando via pessoas que o acompanhavam na peregrinação derramar algumas lágrimas por ela. Por que, perguntavam, isso acontecia? E Chico contava. Essa mulher em sua última reencarnação foi uma dama muito poderosa e usou sua influência sobre as pessoas, para tirar proveito e espezinhálas, para satisfazer seus caprichos. Abusou de seu poder junto da corte de Filipe II, na Espanha Inquisitorial. Sempre orgulhosa, egoísta, seus atos eram de profunda mesquinhez para com seus semelhantes pobres e que se aproximavam dela, para buscar ajuda, mas só encontravam maldade e perfídia. Hoje, graças à misericórdia de Deus, traz nas marcas em seu corpo o mal que fez a outrem. Perseguida na espiritualidade, pediu em arrependimento a expiação reencarnatória para que pudesse depurar seu espírito atormentado pela sua consciência. Por isso, seu estado triste e até repulsivo diante das criaturas que tentam visitá-la. É preciso orar pelas criaturas assim ou em outros estados dolorosos. Mas foi na noite de 28 de julho de 1971, que São Paulo parou. As televisões estavam sintonizadas na antiga TV Tupi, canal 4, esperando aparecer na telinha a renomada figura de Francisco Cândido Xavier, que estaria entrando em todos os lares, no programa Pinga-Fogo. Chico, como sempre impecável em sua pureza e profundamente carismático, respondeu a todas as perguntas feitas pelos entrevistadores e aqueles que telefonavam, curiosos sobre os mais variados assuntos que lhe foram impostos. Chico a todos cativou, espíritas ou não, de todos os credos passaram a respeitá-lo mais ainda, pela condição franca e sem afetação, educado e cuidadoso nas respostas para que ficasse claro que o seu objetivo era o de elucidar a Verdade, codificada por Allan Kardec. Após o término do programa, em mais de duas horas no ar, que envolvera a todos que se fizeram presentes ou aos telespectadores que assistiam a ele com grande emoção em seus lares, v i u - s e Chico pedir licença, pois havia um espírito presente que gostaria de deixar, através da psicografia, um soneto. Era o poeta Chico no programa Pinga Fogo, TV Tupi, 1971. Cyro Costa, 8 que escreveu, com todo primor de sua verve, o soneto: Segundo Milênio Apaga-se o milênio. A sombra deblatera. Vejo a noite avançar, do anseio em que me agito. Guerra e sonho de paz estadeiam conflito. De pólo a pólo a dor reclama em longa espera. Explode a transição no ápice irrestrito. A cultura perquire; a crença se oblitera. A forma antiga, em luta, aguarda a nova era. Roga-se tempo novo ao tempo amargo e aflito. A civilização atônita, insegura, Lembra um tesouro ao mar que a treva desfigura Vagando aos turbilhões de maré desvairada. Entretanto, no mundo, a nau que estala e teme, A luz prossegue e brilha. O Cristo está no leme. Preparando na Terra a nova madrugada. Cyro Costa Ao final do programa, Chico se despede com toda humildade que lhe é peculiar agradecendo ao diretor do programa, senhor Almir Guimarães, e deixa o palco sob aplausos e lágrimas dos que o abraçavam. Os telefones não paravam de tocar. Pediam reprise, cópia das fitas, queriam ver mais programas iguais com Chico Xavier. Foi a maior audiência registrada pela emissora até aquela trajetória televisada, do mais alto gabarito intelectual, para todos, sem preconceitos. Chico já se preparava para deixar a emissora, quando veio a agradável surpresa. Através de um telefonema, uma das filhas do poeta Cyro Costa queria transmitir ao Chico a emoção dos familiares que assistiam a ele, quando foram tomados pela alegria de saberem que aquele pai, que fora tão batalhador da Doutrina, ali se apresentava como outrora, num texto alexandrino, tão ao gosto do poeta. Mais uma vez a mediunidade de Chico Xavier trazia a confirmação da continuidade da vida. Realmente essa noite ficou gravada nos corações para sempre. E a Doutrina, com isso, ganhou mais adeptos, pessoas que tentavam encontrar a razão de saber viver. Se antes pessoas ligadas ao mundo artístico, políticos, religiosos, pessoas de todas as classes sociais, ventilavam o nome de Chico Xavier para o “Prêmio Nobel da Paz”, após essa sua aparição na televisão, tornando-se mais conhecido ainda, seus propósitos de paz e fraternidade entre os povos uniram-se para que isso acontecesse. E muitos agrupamentos espíritas, particulares, Federações, realizaram inúmeros abaixo-assinados, alcançando os milhares deles, vindos de todas as partes do mundo. O prêmio foi concedido ao “Departamento do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados”. O Prêmio Nobel da Paz leva o nome de seu criador, Alfred Nobel Bernhard, um norueguês nascido em Estocolmo, dando esse nome à fundação desde 1901. Este é o incentivo para todos aqueles que lutam para a formação da Paz, para um mundo melhor. Chico, ao saber desse propósito, agradeceu a todos por darem a ele uma preferência não merecida, pois, se mérito havia no que falasse ou emitisse em gestos, era para traduzir todo o empenho que os espíritos, como Emmanuel, André Seareiro Luiz e tantos outros, faziam. Portanto, dele mesmo só estaria, como sempre, o desejo de que a Paz no mundo entre todos os povos aconteça em nome de Deus. E quando perguntado o que faria com o dinheiro se fosse o ganhador do prêmio, ele assim se expressou: — O dinheiro pode ser comparado como a própria circulação sangüínea em nosso corpo. Mas sem o devido cuidado para que esse sangue não cause distúrbios que possam levar a grandes problemas cardíacos, não será benéfico. A cautela deve ser preservada. De minha parte sempre tive o necessário para sobreviver, mesmo em dias em que tudo parecia faltar, mas Deus, através de mãos amigas, se fazia presente e a vida continuava com paz na numerosa família. — E o que você deseja para o ganhador desse grande prêmio? foi lhe perguntado a seguir. — Peçamos a Deus para que saibam fazer as aplicações tão necessárias à Nação onde reencarnaram, como chance da Misericórdia de Deus, para que os resgates sejam aliviados, atenuando-se as dores. Muitas foram as homenagens, títulos de cidadão em várias partes por onde o médium passou, até mesmo fora do Brasil. O estado de Minas Gerais homenageou com todo carinho a figura gloriosa de um de seus filhos mais amados, Francisco Cândido Xavier, através de uma promoção pela qual foram eleitas dez personalidades célebres dentre as quais Chico Xavier, recebendo o título de “Mineiro do Século”. Outra homenagem que deixou Chico muito emocionado foi a escolha feita pela “União dos Auditores da Receita Federal” do Brasil que escolheu os mais ilustres nomes em vários setores do saber e Chico foi o que mais se salientou entre todos. Disso foi feito, pelos amigos da Receita Federal, um lindo pôster que foi encaminhado para cada um dos escolhidos. Chico, como sempre, encaminhou essa homenagem, agradecendo o envolvimento de sua humilde e desmerecida pessoa entre os verdadeiros homenageados para a “União Espírita Mineira”, local que sempre honrou a Doutrina do Amor, intensificando o saber para todos os que ali comparecem. Chico recebia muitos visitantes ilustres, vindos de outros países. Porém, entre tantas visitas, houve uma a que Chico ficou profundamente emocionado, foi a visita da senhora Bárbara Ivanova, vinda da Rússia. Teria ela dito às pessoas VISITE NOSSO SITE www.espiritismoeluz.org.br Você poderá obter informações sobre o Espiritismo, encontrar matérias sobre a Doutrina e tirar dúvidas sobre Espiritismo por e-mail. Poderá também comprar livros espíritas e ler o Seareiro eletrônico. Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança que promoveram sua vinda ao Brasil que, após encerrar os círculos de conferências sobre a parapsicologia, iria conhecer e abraçar Francisco Cândido Xavier, pela sua admirável e respeitosa conduta, diante de sua dedicação ao trabalho doutrinário. Bárbara Ivanova é escritora e, numa promoção feita pela “Aliança Municipal Espírita”, realizou-se uma palestra dela, na qual foram autografados exemplares do livro “O Cálice Dourado”, de sua autoria. Esse O livro “Há 2000 Anos” relata a reencarnação de acontecimento deu-se nas Emmanuel como Públio dependências do Centro Espírita Lentulus Cornelius. Uberabense, em que fazia parte da comitiva dos espíritas que ali compareceram em massa o querido médium Chico Xavier. O encontro entre ambos foi emocionante. Chico, muito doente, desobedeceu à ordem de repouso, aconselhada pelo seu médico, e, com ajuda dos companheiros, ali esteve presente. Dizia ele que há muito gostaria de reencontrar dona Bárbara. Logicamente referia-se a outras vidas passadas, pois nessa era a primeira vez. Chico comentou a palestra feita por ela, na qual ele achou oportuno o tema desenvolvido sobre a reencarnação, assunto que sempre deve estar em evidência, principalmente na atualidade. E, para encerrar essa memorável noite, Chico, através da psicografia, brinda a escritora e oradora com uma mensagem vinda do Alto, pela eloqüência de Maria Dolores, a qual transcrevemos: Saudação Na terra nosso refúgio Onde a vida nos renova A alegria se comprova; Mostrando júbilos mil; Por isso, todos trazemos Ante a fé que nos aprova, para Bárbara Ivanova A gratidão do Brasil. E, antes que Chico se retirasse, sob forte emoção, Bárbara, abraçando-o com carinho, disse-lhe que iria embora com a satisfação de ter realizado seu grande sonho, mas, se ele permitisse, ela gostaria de transmitir-lhe um passe. Recolheram-se na câmara de passes do Centro Uberabense e Chico, profundamente reconhecido por receber tantas energias de carinho, confidenciou à escritora que, enquanto ela o envolvia em preces renovadoras, ele pudera ver a presença de vários amigos que a acompanhavam, entre eles, Sergei e Babucha. Barbara, emocionada, diz a Chico ser um grande amigo russo que partira deixando uma grande lacuna em sua vida e a sua querida avozinha. Bárbara Ivanova, antes de seu retorno à Rússia, diz a todos que, se ela já amava as terras brasileiras e seu povo mesmo antes de estar aqui, imaginem agora! Para Chico também, dizia ele, fora como se revivesse tempos passados vividos na Rússia. Abençoada Doutrina! Em muitas circunstâncias, Chico foi abordado por 9 repórteres sobre perguntas de todos os matizes. Lembramonos de algumas, que poderíamos dizer atualíssimas. Aos preocupados com o caos que paira sobre o planeta, com emissões de gases poluentes que estão produzindo tantas transformações na Natureza, Chico deu a seguinte resposta: — Estamos agredindo a nós próprios pelos nossos desmandos com referência à Natureza. O preço a ser pago por tudo isso será muito alto. Teremos que retornar em novas gerações, favorecendo o plantio das árvores, multiplicando sementes, fazendo voltar os rios em seus cursos normais e limpos; drenaremos os pântanos e teremos que criar filtros apropriados, que sirvam para desobstruir o ar, já tão contaminado. Vejamos que isso não será de forma rápida. Teremos muita luta pela frente. Mas, acima de tudo, como escreveu um dia o poeta Cyro Costa, por nosso intermédio, uma frase muito consoladora: “Jesus está no leme”. Com referência às ondas de violência que pairam sobre o mundo, ele diz: — A violência é o segmento do egoísmo, do desamor. As facilidades que induzem as criaturas para a obtenção dos fatores materiais, afastam-nas das principais qualidades que continuariam a nos dar mais solidez reencarnatória que seriam: a paciência, a compreensão e o carinho. A ausência desses componentes vitais cria a agressividade entre as pessoas. O limite do suportável entra em conflito com a passividade e o mal se agrava. É preciso fazermos uma campanha de Evangelização de volta ao Cristianismo puro em sua simplicidade. Teremos que buscar a verdadeira fonte que vem do Cristo, não buscarmos ajuda ou pedido de socorro ao deus Mamon, ao qual estão todos afeitos. Portanto, quando voltarmos a ter sentimento movido pelo coração, acreditamos que a violência irá se extinguindo pouco a pouco. Em relação às guerras que se fazem presentes em outras nações, Chico elucidou: — O mundo sempre teve guerras fratricidas, sendo uma delas entre a França e a Inglaterra, isso entre os séculos XIV e XV. Essa guerra durou 100 anos; com isso, a humanidade gerou uma prova expiatória que durará até o final de milênios, porque, enquanto o ódio entre as nações durar, o homem terá que pagar, pois Deus criou-nos para o Bem. Portanto, a guerra não é criação divina. Continuamos afirmando que um povo desesperado pode enlouquecer, como qualquer criatura. Perde-se o próprio raciocínio de discernir entre o bem e o mal. É terrível essa forma de pensamento, mas a ausência de educação, principalmente, da educação religiosa, leva à toda essa desgraça, que será finda, com a perseverança no trabalho construtivo, com Jesus. Quanto ao Brasil ser o “coração do mundo”, Chico responde com as palavras de Emmanuel: — O Brasil, na opinião desse espírito pioneiro, sem dúvidas, é o coração do mundo, pois, embora a turbulência, a incompreensão, entre tantos sentimentos diferentes que conseguem viver em certa harmonia, não diferem das diretrizes onde se formam núcleos de Paz e Amor. Sobre o conceito de “Pátria do Evangelho”, deveremos pensar no futuro, pois teremos a necessidade de exemplificar, até chegar-se ao sacrifício, pela confiança depositada ao Brasil, por Jesus. Teremos de testemunhar nossa fé, diante das lutas maiores que virão no futuro. Serão horas difíceis de extermínios entre familiares e guerras mentais, que 10 influenciarão a todos. Porém, como somos filhos da “Pátria do Evangelho”, deveremos persistir pelos bons exemplos do Cristo, com paciência, e esperar pela Misericórdia de Deus. “Graças a Deus, o Brasil abraça a todos os filhos de outras terras. Por isso, temos firme certeza de que o Brasil é o coração do mundo, pois é pela conciliação e pela compreensão humana. E, com a proteção dos benfeitores espirituais e de todos aqueles que trabalham em nome do Cristo, com fidelidade aos seus princípios, sabemos que os problemas maiores serão solucionados. Aprendamos a ver a evolução caminhando para um futuro melhor.” Essas palavras saíram do fundo do coração de Chico Xavier. No dia 15 de abril de 1976, foi realizado em Brasília, mais especialmente, no Ginásio de Brasília, o 6º Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas. Chico Xavier participou da abertura desse congresso e lançou a 130ª obra psicografada pelos espíritos Emmanuel e André Luiz, cujo título é: “Busca e acharás”. E, para deleite do enorme Livro “Busca e Acharás”. público que compareceu a esse evento, Chico psicografa outra obra-prima do poeta Castro Alves, encerrando a bela noitada com a leitura da poesia pelo próprio Chico Xavier. Coloca o poeta todo o amor vibrante pelo Brasil. Encontro em Brasília O berço da Renascença Era um viveiro de sóis Consagrado ao pensamento. De gênios, santos e heróis. Nos braços de Portugal Que lhe deu ao pé dos Andes. Visões de altura imortal!... Chega ilustre caravana, Lisboa é a voz soberana, Tomé de Souza conduz; No entanto, entre os companheiros. O armamento dos obreiros. Era a mensagem da cruz. O ensinamento de Cristo Faz-se verdade e clarão Nas forjas em que se erguia O país em ascensão. Nóbrega, Anchieta, Gregório Espalham no território O Evangelho do Senhor E o Brasil grava na história, a fé cristã por vitória. Traduzida em paz e amor. Nos domínios do universo. Ninguém evolui a sós, A Humanidade na Terra É a soma de todos nós. Seareiro Mas, de olhar alçado aos cimos. Por súplica repetimos. Em Brasília, aos céus de luz: — “Brasil de perenes brilhos. Pela união de teus filhos, Deus te conserve em Jesus.” Mais uma vez a luz do Alto se fez presente. Todos aplaudiram de pé, entre respeito e emoção, pela frágil figura humana de Chico Xavier, mas tão forte espiritualmente. O trabalho da Evangelização Infantil é outro assunto que Chico faz questão de opinar. Dizia ele aos evangelizadores Placa da nova e atual sede do Centro Espírita Luiz Gonzaga. que iam procurá-lo para receberem orientação mais direta sobre o tema: muita disciplina. Só tive bons lucros com essas exigências.” “A Evangelização da Criança é o ponto alto de cada uma Chico sempre brindava as pessoas que o visitavam ou na reencarnação. É a formação espiritual da infância para o iriam ter com ele em busca de orientações com os futuro. As lições a serem administradas a elas deverão ser acontecimentos pitorescos que vivia. Contava ele que certa associadas às lições do Evangelho, interpretadas à luz da ocasião, ainda em Pedro Leopoldo, onde se realizavam as Doutrina Espírita, baseadas na codificação por Allan Kardec. reuniões espíritas no Centro Luiz Gonzaga, começaram a Portanto, os dirigentes desse movimento Evangelizador não notar que, em todas as reuniões públicas um cãozinho todo deverão fugir dos temas que falem sobre a transição desse preto chegava de mansinho e ficava quietinho de olhos mundo para o Além. Tudo deve ser administrado de modo fechados aos pés de Chico. Quando a tarefa terminava, ele natural, para que a criança, desde cedo, aprenda a ver na saía quietinho como entrara. chamada “morte” a continuidade da vida. Numa tarde, Chico caminhava em visita a um doente, Sugerimos que os dirigentes das aulas a serem quando foi abordado pela dona do cachorrinho, que lhe dizia transmitidas às crianças se reúnam para a formação didática atender pelo nome de Negrito. Contava ela a Chico que, todas mais adequada às idades, com atividades pueris, mas com as noites de segunda-feira e sexta-feira, Negrito sumia às 20 elevado teor doutrinário. Imaginemos que muitos desses horas, só retornando a casa às 2 horas da madrugada. E ela reencarnantes poderão vir a ser nossos pais ou possíveis perguntava ao médium: tarefeiros no futuro. Portanto, para que sejam bem orientados — Seu Chico, onde ele irá? Fiquei em dúvida, porque me “hoje”, levemos em consideração também que essa semente disseram que já viram Negrito no seu centro. Será isso lançada será a bússola de suas vidas, quem sabe ajudando-os possível? Como pode ele fazer isso se eu o prendo em casa e, a não se deixarem vencer pelos vícios das tentações, que quando vou ver, ele fugiu? Fico pensando, seu Chico, porque muitas vezes levam a grandes desvios reencarnatórios, ele é um animal e foge, vencendo todos os obstáculos, para retardando o progresso espiritual do ser humano. freqüentar com assiduidade um lugar estranho, como um Esse trabalho deverá ser estendido aos pais, pois a união Centro Espírita! Enquanto eu que sou humana, por mais que entre os familiares é de suma importância, considerando aí os eu tente, não consigo chegar até lá! requisitos necessários, para vencer os relacionamentos mais Chico, com toda humildade e paciência, após ouvi-la, complicados. falou: O culto do Evangelho no Lar deverá ser um dos temas — Não se amofine, minha filha, e nem fique mais abordados sob todos os aspectos: a aceitação de alguns acabrunhada. Veja que Negrito leva para você paz e, creiados familiares e a imposição de outros; as dificuldades para a me, chegará um dia em que Jesus a amparará, para que você instalação do Culto no Lar; as crianças que choram, que venha com Negrito seguindo seu exemplo. dormem, que brigam, ou, até mesmo, os componentes da O tempo passou. Um dia, Chico soube pelos voluntários família que, em última hora, por um motivo ou outro, não do Centro que a dona de Negrito, que era uma infeliz conseguem realizar esse encontro com o Cristo. meretriz, abandonara a triste profissão e, junto com Negrito, Como vemos, muito há que se organizar para favorecer a começou a freqüentar as aulas de Evangelização do Centro criança, ajudando-a na Espírita Luiz Gonzaga. renovação reeducativa.” Confirmaram-se assim as E Chico era profundamente palavras e o desejo de Chico. criterioso nesse assunto e A vida de Chico Xavier acrescentava: sempre foi um exemplo para “Se um dia, quando voltar à que todos possamos dar um Terra, o Senhor confiar à minha novo roteiro à nossa guarda crianças, como tive reencarnação. oportunidade nessa Ele ensinou-nos a fazer a reencarnação de cuidar da Caridade sem ostentação, reeducação de meus irmãos, principalmente a Caridade continuarei a ser severo como Moral, aquela que implica a fui reeducado pelo meu pai. Só fazer-se o “bem sem olhar a tenho a agradecer-lhe, assim quem”. Década de 50. Vista da cidade de Pedro Leopoldo. como a Emmanuel, que exige Continuando esse roteiro de Este era o local preferido de Chico para suas meditações. Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança 11 luz, Chico, sempre que a oportunidade aparecesse, visitava as cadeias públicas, levando seu óbolo de amor. No dia 27 de dezembro de 1975, foi ele convidado a visitar a Penitenciária de São Paulo (antigo Carandiru, hoje desativado). Muitos eram os reeducandos (detentos) que esperavam ansiosamente a presença do famoso médium, e queriam vê-lo de perto. Eles próprios decoraram todo o palco, onde retrataram as figuras de André Luiz, Emmanuel, Bezerra de Menezes, Eurípedes de Barsanulfo e o próprio Chico Xavier. O silêncio se fez com a presença alegre de Chico, que a todos cumprimentava com seu terno olhar. Logo após, um coral, formado pelos próprios reeducandos, cantou “O Homem de Nazaré”, que trouxe lágrimas aos olhos de Chico. Foram muitas as perguntas que fizeram ao médium, que a todos respondeu de maneira simples e respeitosa. Chico ficou satisfeito por ouvi-los perguntar sobre assuntos elucidativos e de alto teor de conhecimentos em vários aspectos sociais e até políticos. Após todos os agradecimentos pelas autoridades ali presentes, ao ensejo de Chico ter vindo até os reeducandos, despede-se Chico falando a todos que a esperança deve brilhar em cada coração. Ele ali compareceu porque também era um reeducando dos próprios erros já cometidos, porém, o importante é lembrarmos que Deus é um Pai infinitamente piedoso e não discrimina a ninguém. Pelo pouco que transcrevemos sentimos a grandeza de Francisco Cândido Xavier. Sem dúvida quem trouxe a nova era dentro da Doutrina Espírita foi ele. Antes do aparecimento de Chico, a divulgação sobre os fatos relacionados à mediunidade e ao próprio Espiritismo, embora pioneiros tenham se esforçado para tanto, era quase despercebida, ficava mais evidente dentro dos acanhados agrupamentos espíritas, alguns por preconceito religioso e outros pelas dúvidas. Os livros existentes eram muito difíceis para os simples que, em sua grande maioria, eram analfabetos. Mas, quando Chico Xavier surgiu e os livros mediúnicos começaram a pipocar em todos os lugares, aí a Doutrina Espírita firmou-se. Chico trouxe os livros para o povo! A luz começava a brilhar nas trevas. A Codificação tomava mais amplidão. Kardec apresentara o Espiritismo ao mundo, mas foi Chico que fez chegar às mãos dos homens a intimidade do mundo espiritual para a Terra. Kardec iniciou a construção, fez a base e os pilares, Chico veio dar andamento e acabamento à grande obra, idealizada por Jesus e com o convite para ajudar a fortalecer o tamanho da obra aos “trabalhadores da última hora”. Podemos afirmar, com toda convicção, que esse foi o servo do Senhor que soube multiplicar os talentos de sua vida. Trabalhou incessantemente, sem descanso, cuidando para que nada manchasse o desenrolar das atividades mediúnicas, programadas pelos espíritos superiores. Cumpria à risca as orientações de seu guia espiritual, Emmanuel. Enfrentou todas as adversidades e calúnias, mas nunca se deixou abater porque seu rumo era o Evangelho Vivo, ao encontro de Jesus. Encerramos essa sincera homenagem a você, glorioso Francisco Cândido Xavier, com a mensagem de Meimei, escrita especialmente para você: 12 Mensagem ao Semeador Semeador, despertaste aos clarões da aurora e começaste a semear... A dura lavra exigia suor e, dia sobre dia, arroteaste o solo, calejando as mãos, entre o orvalho da manhã e a luz das estrelas. Diante dos sacrifícios, os mais amados legaram-te a convivência, sequiosos de reconforto... Mas, quando te viste a sós, sem ninguém que te quisesse as palavras, a natureza conversou contigo, em nome do Céu, e escutaste, surpreendido, as orações da semente, no instante de morrer abandonada para ser fiel à vida; ouviste as confidências das roseiras, escravizadas na gleba, cujas flores brilham nos salões, sem que lhe seja dado outro direito que não aquele de respirar, entre rudes espinhos; recolheste a história do trigo que te contou, ainda nos cachos de ouro, como seria triturado nos dentes agudos de implacáveis moinhos, a fim de servir na casa dos homens; e velhas árvores lascadas e sofredoras te fizeram sentir que Deus lhes havia ensinado, em silêncio, a proteger, carinhosamente, as próprias mãos criminosas que lhes decepam os ramos... Consolado e feliz, trabalhaste, semeador! Um dia, porém, o campo surgiu engalanado de perfume e beleza e apareceram aqueles que te exigiram a colheita para a festa do mundo... Choraste na separação das plantas queridas, entretanto, ninguém te viu as lágrimas escondidas entre as rugas do rosto. Era sozinho, perante as multidões que te disputavam os frutos e por não haverem adestrado verbo primoroso de modo a defender-te diante das assembléias, e porque a tua presença simples não oferecesse qualquer perspectiva de encanto social, os raros amigos de tua causa julgaram prudente silenciar, envergonhados do rigor de tuas ásperas disciplinas e da pobreza de tua veste, mas Deus te impeliu à renovação e, conquanto despojado de teus bens mais humildes, procuraste outros climas e outras leiras, onde as tuas mãos quebrantadas e doloridas continuaram a semear... *** Semeador dos terrenos do espírito, que te encaneceste na lavoura da luz, qual acontece ao cultivador paciente do solo, não te aflijas, nem desanimes. Se tempestades sempre novas te vergastam a alma, continua semeando... E, se banimento e solidão devem constituir a herança transitória do teu destino, recorda o Divino Semeador que, embora piedoso e justo, preferiu a cruz por amor à verdade e prossegue semeando, mesmo assim, na certeza de que Deus te basta, porque tudo passa no mundo, menos Deus. Meimei Eloisa Seareiro Bibliografia ! Chico Xavier - Mediunidade e Paz - Carlos A. Bacelli - Editora ! ! ! ! ! ! ! Vitória Ltda. - 1ª edição - 1996 Trinta Anos com Chico Xavier - Clovis Tavares - Editora Calvário 1ª edição - 1967 Lições de Sabedoria - Folha Espírita - Editora Jornalística Fé -1996 Chico, Diálogos e Recordações - Carlos Alberto Braga Costa Editora União Espírita Mineira - 1ª edição - 2006 Chico Xavier no “Pinga-Fogo” - Editora Edicel - 1971 Chico Xavier - 40 anos no Mundo da Mediunidade - Roque Jacintho - Editora Luz no Lar -1ª edição - 2001 Homenagem ao Mineiro do Século - Pedro Valente da Cunha Edititora União Espírita Mineira - 1ª edição - 2001 Mensagem final: Livro em Foco livro " Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira/ autores diversos - Livro “Ideal Espírita” - Editora Comunhão Espírita Cristã - 4ª edição - 1964 ! Imagens: " pt.wikipedia.org/wiki " touregypt.net/bahari.htm " video.google.com/videoplay?docid=1832677517507007078& q=label%3A%22pinga+fogo%22 " www.chicoxavier.org.br " www.geae.inf.br/pt/boletins/geae441.html " www.institutoandreluiz.org (Imagens Editora Ideal) " www.terraespiritual.org " www.universoespirita.org.br em foco Sementeira de Luz Sementeira de luz, como a 415ª obra mediúnica do nosso Francisco Cândido Xavier, vem nos trazer mensagens psicografadas do espírito Neio Lúcio, que em sua última reencarnação foi o Sr. Arthur Joviano, pai do Dr. Rômulo Joviano que foi o administrador da Fazenda Modelo, em Pedro Leopoldo, onde Chico Xavier trabalhou por 26 anos até se transferir para Uberaba, em 1959. Neio Lúcio, desencarnado em 1934, inicia sua comunicação com a família através da mediunidade de Chico Xavier, em reuniões semanais de culto do Evangelho no Lar, em Pedro Leopoldo, revelando detalhes importantíssimos da Lições de Chico licoes Francisco Cândido Xavier / Néio Lúcio (espírito) Editora Vinha de Luz 674 páginas Vida Maior para testificar a irrevogável lei do progresso incessante envolvendo os seres humanos pelas vidas sucessivas na escola da reencarnação. As mensagens, organizadas por Wanda Amorim Joviano, filha do Dr. Rômulo, inéditas e repletas de sabedoria e amor extremado por todos aqueles com os quais conviveu, são bem a confirmação dos compromissos reparadores que assumimos na Espiritualidade, alicerçados nos ensinamentos de Jesus para nos tornarmos legítimos semeadores da Boa Nova. Esta obra nos traz também uma nota do editor informando que, conforme relato do próprio Chico, ainda encarnado, o Espírito Emmanuel encontra-se reencarnado no interior do estado de São Paulo desde o ano 2000. Esta obra nos traz riquezas doutrinárias, onde deveremos buscar nas entrelinhas os ensinamentos para que alcancemos a dimensão destas informações para que nos auxilie em nosso crescimento espiritual. Armando de chico Chico Xavier e Waldo Vieira Em 1955, Chico vem a conhecer um moço, alegre e de aspecto calmo e jovem, natural de Monte Carmelo, no estado de Minas Gerais. Estudava ele nessa época em Uberaba, cursando a Faculdade de Odontologia. Seu nome: Waldo Vieira. Trazia Waldo alto potencial mediúnico e procurou Chico para mostrar-lhe páginas psicografadas. Chico examinou-as e ficou interessado na mediunidade de Waldo, pois muito poderiam produzir. E isso de fato aconteceu. E daí para frente Chico e Waldo Vieira trabalharam conjuntamente, principalmente nas obras de André Luiz. A espiritualidade, aproveitando o grande desejo de Waldo em levar a divulgação da Doutrina Espírita ao exterior, Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança programou, através de Emmanuel, a ida dos médiuns para os Estados Unidos da América. Partiram eles para essa tarefa, acompanhados pela equipe espiritual de Emmanuel e André Luiz no dia 21 de maio de 1965. Foi essa viagem de grande êxito Waldo Vieira pelo esforço desses médiuns, pois como resultado dessa tarefa Chico Xavier e Waldo, acompanhando o desenvolvimento das palestras que ofereceram campo aos espíritas norte-americanos, empenhados na difusão do Espiritismo em terras tão áridas, vêm a ser fundado o “Christian Spirit Center”, em Elon 13 Diante dessa decisão, Waldo abandona a College, estado da mediunidade de psicografia e todo trabalho que Carolina do Norte. E pela durante algum tempo desenvolveu e aprimorou ao ajuda e harmonia do lado do abdicado médium Chico Xavier. Plano Espiritual dessa Com calma, e profundamente compreensivo, terra, em conjunto com a Chico entendeu a necessidade do companheiro e, organização do mais Alto embora entristecido, abençoou a partida do amigo e por Emmanuel, também irmão em Jesus. Chico explicava a todos os vem a público o livro espíritos, que não conseguiram entender essa “Ideal Espírita”, lançado resolução do médium, pois tudo parecia que seu no dia 17 de maio de campo de ação ao lado de Chico seria cada vez mais 1966, pela Philosophical ampliado, mas o livre arbítrio do companheiro o Library de Nova York, Livro “Ideal Espírita”. induzira a esse caminho; portanto, dizia Chico, teria com o título de “The Livro “The World que ser respeitado sem maiores críticas. E ainda World of the Spirit”. of the Spirit”. argumentava: “Devemos agradecer os bons Waldo Vieira foi companheiro constante nas propósitos que foram feitos por esse companheiro, pois seu tarefas realizadas na Comunhão Espírita Cristã, desde a trabalho, diante da mediunidade, foi profícuo, assim como vinda de Chico Xavier para Uberaba, isto é, desde a primeira sua afinidade com o espírito de André Luiz, embora por reunião aí realizada no dia 5 de janeiro de 1959. pouco tempo, foram muito dignificantes e valorosos para a Waldo participava intensamente das tarefas realizadas na difusão das mensagens e livros psicografados por ele”. Comunhão Espírita, desde a programação Doutrinária, até a Completando esse episódio que muito o auxiliou, o Assistência Social, através do atendimento para as famílias médium ainda esclareceu: “Para a Espiritualidade Superior, carentes, com consultas e distribuição de medicamentos, isto Waldo Vieira já havia desistido dos compromissos porque, além de dentista, também era formado em medicina. mediúnicos que assumiria, antes mesmo da reencarnação, Em julho de 1966, Chico Xavier retornava para Nova embora todo o apoio dado pela equipe espiritual para ajudáYork para verificar o resultado do trabalho Doutrinário ali lo a vencer essa rejeição. Mesmo assim, ele não quis implantado, mas voltava sozinho, pois Waldo Vieira seguira continuar essa tarefa. Como sabemos, nada nos é imposto, para o Japão, porque sentia necessidade de ampliar seus mas arcaremos em outras reencarnações para vir a realizar as conhecimentos médicos e pretendia fazer a pós-graduação tarefas que cedo ou tarde se cumprirão, pela misericórdia de nesse país, onde sabia obter mais conhecimento e cultura na Deus”. sua profissão. Elielce Fato curioso na vida de Chico Xavier Quando Jesus disse ao paralítico: “Levanta-te e anda”, devolveu ele os movimentos mas caberia ao paralítico levantar-se e andar pelos seus próprios esforços, visto que pela misericórdia de Deus isso fora permitido. Ao curar o cego, foram os judeus interrogá-lo sobre o que Jesus teria feito; porém, o cego respondeu a todos: “Não sei. Ele mandou-me que me dirigisse ao tanque, para lavar-me e ver-me.” Quis, então, Jesus dizer com isso que a obrigação do cego era de ir-se e lavar-se por sua própria vontade, pois Ele em tudo já o havia recomposto. Na multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus abençoou os alimentos e a multiplicação aconteceu; mas as pessoas tiveram que fazer a sua parte, que era justamente de ter essa alimentação. Jesus ressuscita Lázaro, dizendo-lhe: “Lázaro, sai desse túmulo e caminha.” Volta Lázaro à vida, mas a obrigação de sair de dentro de suas próprias imperfeições foram vencidas pelo esforço feito por ele, para continuar a viver. Diante de todos os ensinamentos do Evangelho, sobre essas curas feitas por Jesus, Chico prossegue: — Na lição do paralítico, não estamos à altura de Jesus para executar essa cura, mas podemos ajudá-lo a ter uma cadeira de rodas, ou um par de muletas, se esse for o caso, propiciando a ele uma ajuda fraterna.— Junto ao cego, claro não temos condição de fazê-lo enxergar, mas temos condições de ler uma página que conforte seu coração, que o ajude a ter esperança e a descrever a irradiante luz do sol, que aquece e estimula o bem estar do espírito, pela visão da vida eterna. — Não podemos alimentar uma multidão, mas podemos estender as mãos e alimentar as pessoas com dois pães, um em cada mão. — Nossa vontade, por maior que seja, não consegue ressuscitar os que deixam o plano físico, mas podemos consolar a família, que, muitas vezes em seu desespero, dificulta ao desencarnante libertar-se dos elos terrenos, principalmente dos entes amados. A palavra de esperança e a fé ajudam todos a suportar a dolorosa separação. É preciso lembrarmos, comenta Chico Xavier, que Deus não nos impõe nada. Devemos procurar em nosso interior a liberdade de uma consciência tranqüila por seguir os ensinamentos de Jesus. Quando Jesus fez o convite para que as aflições e os encargos pesassem sobre os ombros, Ele disse que enviaria o consolo. Mas não obrigou a nada e nem a fazer trocas para que Banca de Livros Espíritas “Joaquim Alves (Jô)” Livros básicos da doutrina espírita. Temos os 414 livros psicografados por Chico Xavier, romances de diversos autores, revistas e jornais espíritas. Distribuição permanente de edificantes mensagens. Praça Presidente Castelo Branco - Centro - Diadema - SP Telefone (11) 4043-4500 com Roberto Horário de funcionamento: 8 às 19h30 Segunda-feira à Sábado 14 Seareiro o efeito acontecesse, apenas, procurássemos o seu regaço e o alívio seria sentido. É o apelo do Cristo para que aprendamos a doar sem exigir recompensas ou agradecimentos. Deixemos que Ele a tudo conduza. Chico fazia observações importantes, sobre trechos do Evangelho e, continuando, dizia: — O hábito das criaturas exagerarem as dificuldades e os sofrimentos, as afasta do raciocínio sobre a fé. Diante do egoísmo, dizem que as piores coisas lhes afetam a vida. Se pudessem sentir nessas horas que, se afeitos a Jesus, Ele os aliviaria, porque os rogos para serem socorridos seria no sentido de continuarem a cuidar não só de si e dos seus, mas dos mais distantes, como, por exemplo, dos familiares problemáticos. Principalmente se forem essas as curas das aflições. É aí, que o coração deverá manter-se firme. É preciso ampliar a visão e não trazê-la unicamente para a matéria. Chico ainda comentava que nossa visão é tão curta e nossos pensamentos tão radicais, que nunca nos lembramos dos sofrimentos impostos aos animais que são sacrificados para saciar nossa fome. Na dor que se impõe a eles nos maus tratos, através das matanças violentas. Continuando, ensinava que as dificuldades são necessárias. Se tudo nos fosse facilitado, nunca faríamos esforços para entender os dispositivos de Deus às nossas vidas, pois, quanto mais facilidades tivermos, menos sensíveis ficaremos. Portanto, por ora, cremos que o melhor caminho seja mesmo o das dificuldades e do sofrimento. Chico sempre chamava a responsabilidade do espírita, diante da Doutrina. A responsabilidade da tarefa a ser cumprida, seja qual for. Dizia que o Evangelho terá de ser sempre a chama de luz a ser exemplificada pelo amor. Salientava a necessidade de comentar os exemplos do bem, porque o mal não precisa ser evidenciado. Se os ensinamentos do Cristo não encontram eco em nossos corações e se as palavras desse Mestre não encontram guarida em nossos lábios, terá sido em vão tanto conhecimento que nos chegam às mãos, por esses benfeitores espirituais, que vencem tantos obstáculos e tantas controvérsias, para que não fiquemos nas trevas? E continuava Chico, com voz pausada e preocupante: — Reflitamos que, se nos omitimos diante das Verdades de Jesus, por comodismo ou interesses pessoais, estaremos sendo mais culpados do que aqueles que nada fazem para crer na vida futura. Ainda sobre os ensinamentos do Evangelho, ele relembrou um trecho do Sermão da Montanha, onde Jesus ressaltava que o sentimento pelo chamamento que fazia, era para alcançar o coração do homem. Nesse sermão Ele não pedia que fosse usada a inteligência para fazer o bem, pois é Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” Rua das Turmalinas, 56/58 Jardim Donini - Diadema - SP Artesanato: Sábado das 10 às 16 horas Atendimento às Gestantes: 2ª às 15 horas Evangelização Infantil: ocorre em conjunto às reuniões Tratamento Espiritual: 2ª às 19h45; 3ª às 14h45; 4ª às 19h45 e 6ª às 14h45 Reuniões: 2ª, 4ª e 5ª às 20 horas; 3ª e 6ª às 15 horas e Domingo às 10 horas pela inteligência, pelo raciocínio que a queda vem. E Chico prosseguia, falando como um sábio: — Jesus não disse: Bem-aventurados os inteligentes e sim profetizou “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos Céus”. Isso porque, dizia Chico, os inteligentes são orgulhosos em seus conhecimentos e, por isso, consideram as coisas vindas do Pai Celestial indignas de suas preocupações. Já aquele que ama com a sua simplicidade sem muito indagar, mas preocupado em trabalhar com humildade e é rico de sentimento, a esses Jesus diz pertencer o reino do céu. Se esse cair algum dia por muito amar seu semelhante, o próprio motivo de sua queda o reerguerá. Porém aquele que cai por muito exigir em sua sabedoria, jamais aceitará sua queda, pois o orgulho o fará recuar, distanciando da Verdade. Portanto, amigos espíritas, as palavras de Jesus, devem estar sempre a amparar consolando aqueles que se julgam aptos a resolver qualquer problema, pois escondem por baixo dessa autonomia, a distância dos ensinamentos cristãos. Por isso, as portas de um Centro Espírita deverão estar sempre abertas para atender quem quer que seja, pois esse é um Pronto-Socorro, existindo para Evangelizar consolando, sem afetação, e recolhendo as criaturas para conseguirem unir o sentimento e a razão. Essa deverá ser a bússola, pois é a resposta de Deus ao homem de todos os tempos. Com todos esses ensinamentos recolhidos pela boca de alguém como Chico Xavier, que não só falou, mas também usou a mediunidade no maior teor de vida, resta nos desenvolver como ele o trabalho, a bondade, a paciência e a compreensão. E, numa brincadeira, aliás muito comum em Chico, pois era muito alegre, ele dizia a um grupo de amigos: “Amo a vida. Tenho que aceitar um dia a morte. Porém, tomo muito cuidado com a saúde do meu corpo. Tomo todos os remédios e sigo à risca o tratamento médico. Então, quando eu tiver que partir, peço-lhes que escrevam no meu túmulo: Aqui jaz Chico Xavier, muito a contragosto”. Francisco Cândido Xavier Em encontro com os amigos em torno do Evangelho - Uberaba - 1967 Comentando o Evangelho Precisando sair para fazer a barba, Chico aproveitou uma folga que lhe fora proporcionada por André Luiz, pois psicografava o livro “Nosso Lar”, e saiu em companhia de seu alegre amiguinho, o cãozinho Lulu. Após os alegres cumprimentos do barbeiro, que era do tipo calmo e de trabalho consciencioso, este pediu ao Chico que se sentasse e foi logo colocando a toalha e ensaboando o Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança rosto de Chico. Já estava para iniciar a raspagem da barba com a navalha, quando ele parou e olhando fixamente para Chico, falou: — Perdoe-me, Chico, mas não estou me sentindo bem, estou prestes a desmaiar. Chico, naturalmente, o amparou para que se sentasse e ouviu e viu um espírito umbralino que rodeava o barbeiro e 15 lhe dizia aos ouvidos: — Vá, corte a garganta dele, vamos, corte rápido! O barbeiro estava com a navalha na mão e ergueu-a para alcançar a garganta de Chico. O coitado não via e nem ouvia nada, estava apenas sob a influência do mau espírito. Ao tomar conhecimento do caso, Chico baixou-lhe a mão e esse, ainda atordoado, falou: — Ora, Chico, acho que não vou poder continuar a fazer a sua barba. Poderá voltar amanhã? A que Chico respondeu, rápido para livrar-se do perigo: — Não se preocupe, se a barba não for feita hoje, poderá ser feita no outro dia. Despediu-se e saiu feliz por ter se livrado da navalha, que estava próxima a sua garganta. Chico explicou que esse acontecido foi porque os espíritos inferiores não queriam que o livro “Nosso Lar” viesse à luz, pois muitos mistérios deixariam de existir em torno das condições espirituais de cada criatura. Seria um testemunho muito sério que faria, como fez, revelar o início de uma série tão importante dos livros de André Luiz, difundindo com clareza as situações daqueles que, como o próprio André Luiz, sofreram por não acreditarem na continuidade da vida no Além. Esse primeiro livro de André Luiz trouxe realmente muita celeuma no meio espírita, pois, como o barbeiro, dizia Chico, eram todos invigilantes e dispersos com relação ao plantio ao longo da vida. Porém, até hoje, esse livro foi e é o mais lido em toda a literatura mediúnica de Chico Xavier. Todas as perseguições que o médium sofreu até o término dessa obra foram compensadas pela incrível penetração em todos os lugares, por vezes espíritas ou não. Graças a Deus, concluiu Chico, às preces e ao amparo vindos dos amigos de Pedro Leopoldo e da proteção do mundo espiritual, eu e André Luiz ganhamos a causa em defesa dos ensinamentos cristãos. Esse livro foi editado pela Federação Espírita Brasileira (FEB), prefaciado por Emmanuel no dia 3 de outubro de 1943, em Pedro Leopoldo. Eloisa Material consultado: Reformador 1970 - FEB; Livro “Momentos com Chico Xavier” - Adelino da Silveira - Ed. Mirassol Gráfica Ltda - 1ª edição - 1999 Cantinho do Verso em Prosa cantinho do verso em prosa Votos do Servo Cristão Jesus amado, auxilia Meu anseio de progresso, Sou teu servo, cada dia, Outra graça não te peço. Recuso o reino mesquinho Do mal que se ensombra e governa. Sou grão de pó no caminho De tua grandeza eterna. Ofereço-me, Senhor, Com todo meu coração Ao teu serviço de amor, De paz e consolação. Sublime e Celeste Amigo, Se o charco lírio produz, Eu quero seguir contigo Na glória de tua cruz. Sou teu servo. Não disputo Maior e mais santo bem. Dou-me a ti, cada minuto, Hoje, agora, aqui, além... Subirei montanha acima, És meu credo e minha igreja, Que o teu amor me redima Agora e sempre. Assim seja. João de Deus Poesia extraída do livro “Trinta anos com Chico Xavier” de Clóvis Tavares - Editora Calvário - 1ª edição - 1967 Nessa poesia, João de Deus retrata o servo fiel agradecendo ao Senhor a glória de tê-lO conhecido. 16 Sente-se a pureza da oração dirigida a Jesus. Prece contida na humildade de quem reflete no doce intercâmbio do trabalho com o Alto. O medo da queda diante das ostentações da matéria fazlhe a rogativa para que o afastamento do mal não obstrua seus melhores intentos no bem, pois crê no Pai Eterno. Dispõe-se a seguir o caminho da Cruz Redentora, porque mesmo entre tristezas e maldades, há sempre o ponto positivo. Almeja a subida íngreme, difícil, mas acalenta o desejo de estar aos pés de Jesus, carregando a própria cruz, sinal do amor, da esperança e da luz. Cremos que esse servo fiel, aqui na Terra, tem seu nome gravado em todos os corações: Francisco Cândido Xavier, “o Homem de Bem”. Elielce Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)” Informe-se através: Caixa Postal 42 - CEP 09910-970 Diadema - SP (11) 4044-5889 (com Eloísa) E-mail: [email protected] www.espiritismoeluz.org.br Receba mensalmente obras selecionadas de conformidade com os ensinamentos espíritas. Seareiro Relatos da visita relatos da visita Pedro Leopoldo Em nossa recente visita a Pedro Leopoldo e a Uberaba, pudemos presenciar os frutos do magnânimo Vista atual da cidade de Pedro Leopoldo, MG . trabalho de exemplificação e fidelidade do Evangelho do Nosso Mestre e Senhor, pelo nosso querido Chico Xavier, nestas paragens na sua caminhada conosco, culminando com o seu desencarne em 2002, em Uberaba. Em Pedro Leopoldo pudemos visitar a Casa de Chico Xavier, onde estivemos com o Sr. Hélcio Marques, um dos colaboradores da Casa. Chico Xavier viveu nesta casa, em Pedro Leopoldo, antes de se transferir para Uberaba. O nome do museu não poderia ser mais apropriado, afinal, ele foi construído na casa onde Chico morou. A antiga construção se transformou num moderno centro de referência sobre sua A Casa de Chico Xavier obra psicográfica. O imóvel foi realiza um grandioso trabalho de divulgação da Doutrina, ampliado, com a ajuda da atendimento assistencial a família, amigos do médium e da pessoas carentes, entre outras Fundação Cultural Chico Xavier. tarefas na Seara do Mestre. O projeto pretende preservar os escritos e a história do médium. De acordo com Hélcio Marques, o imóvel foi adquirido da família de Chico Xavier em 2004, já com a intenção de fazer o centro de referência. A Casa de Chico Xavier conta com um acervo de 416 livros psicografados pelo médium, cerca de 130 obras que falam sobre Chico Xavier e uma suíte fotográfica, que mostra o espírita em momentos que revelam um pouco de sua vida pessoal, com a família e amigos. O quarto de Chico Xavier foi preservado e seus pertences ainda estão lá. A sala, onde ocorriam as reuniões foi ampliada e agora, abriga um A Casa de Chico Xavier foi reformada, transformada em auditório com capacidade para 65 um memorial e aberta a pessoas. visitação pública desde A Casa de Chico Xavier tem outubro 2005. um trabalho imenso de divulgação da doutrina do Cristo, das obras de Kardec e as Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança psicografadas por Chico Xavier, implantação de Evangelho no Lar em lares de famílias da cidade, atendimento assistencial à pessoas carentes e toda uma gama de tarefas ligadas ao trabalho da Seara do Mestre. A Casa de Chico Xavier está aberta ao público de segunda à sábado, das 8h às 12h e das 14h às 18h, à Rua Pedro José da Silva, nº67, Centro, Pedro Leopoldo, MG. Quem quiser maiores informações pode contatar o Sr. Hélcio Marques pelo telefone (31) 8452-2519. Estivemos presente no Centro Espírita Luis Gonzaga, onde Chico fundou com alguns amigos em 21/06/1927, e onde psicografou a sua primeira mensagem (foram 17 páginas de um amigo espiritual). Estivemos também no Grupo Centro Espírita Luiz Gonzaga Espírita Meimei, que também foi fundado pelo nosso Chico e um grupo de amigos, em 31/07/1952, e onde foram dadas as comunicações psicofônicas que hoje compõem os livros Instruções Psicofônicas e Vozes do Grande Além, de sua lavra mediúnica. Centro Espírita Meimei Interessante ressaltar que das 412 obras editadas ainda em vida, 59 delas foram psicografadas em Pedro Leopoldo, sendo a primeira Parnaso de Além-Túmulo e a última, Pensamento e Vida. Estivemos também visitando a primeira fábrica a qual o Chico trabalhou de 1919 a 1921, por 2 anos, que foi a Fábrica de Tecidos Cachoeira Grande, na Fábrica de Tecidos parte central da cidade, e que teve Cachoeira Grande que se desligar da mesma por problemas de saúde. Foi também em 1919 que ingressou na Grupo Escolar São José, existente até hoje. Foi também em Pedro Leopoldo que pudemos visitar a Fazenda Modelo, onde Chico Xavier trabalhou por mais de 20 anos, até se mudar para Uberaba, e onde ele psicografou diversas Escola Estadual São José. Por volta de 1919, Chico obras, principalmente Paulo e estudou no então Grupo Escolar São José. Estevão, no ano de 1941, que 17 demorou 8 meses para concluí-la, trabalhando diariamente das 5 da tarde a 1 hora da manhã. No local foi colocado u m a p l a c a comemorativa sobre este fato. Visitamos o local Fazenda Modelo onde Chico Xavier se encontrou pela primeira vez com Emmanuel, onde mais tarde este lhe convida ao trabalho, principalmente na psicografia dos livros, e após ser questionado se estaria apto à tarefa e o que seria necessário para cumpri-la, Emmanuel lhe faz três Local onde Chico encontrou pela primeira vez Emmanuel. recomendações: disciplina, disciplina e disciplina. H o j e s e encontra no local, um pedestal em forma de livro, como forma de manter viva a importância deste encontro na missão que lhe Rancho do Matuto confiada pelo Cristo. Localizamos nos arredores de Pedro Leopoldo, no Rancho do Matuto, local onde pudemos ser recebidos pela D. Efigênia, que trabalha no local há mais de 30 anos, a carroça que Chico Xavier utilizava para se Carroça que Chico utilizava para locomover em Pedro fazer atendimentos a pessoas doentes e necessitadas. Leopoldo, nos atendimentos que fazia às pessoas doentes e necessitadas, ainda em bom estado de conservação, e onde nos remete às décadas de 40/50, no dia a dia deste incansável trabalhador cristão. Tivemos a grande satisfação de visitar uma das irmãs do nosso Chico, D.Dora, em sua residência, onde nos atendeu com o mesmo carinho e alegria Dona Dora, uma das irmãs que o Chico sempre recebeu a de Chico Xavier. todos os que o procuravam. 18 Uberaba Em Uberaba, e s t i v e m o s primeiramente com o Sr. Eurípedes Higino, filho adotivo do nosso Chico Xavier, que nos atendeu prontamente no Grupo Assistencial Chico Xavier, que ele Vista da cidade de Uberaba, MG. coordena, e onde são atendidas pessoas necessitadas em doações de alimentos, atendimento médico feito pelo Dr. Eurípedes Tahan Vieira, o médico de Chico Xavier e atendimento odontológico feito pelo próprio filho de Chico Xavier, Eurípedes. Neste local também funciona o Refeitório Amigos Anônimos de Chico Xavier, onde é servido um jantar todas às q u i n t a s - f e i r a s p a r a t o d o s q u e Sr. Eurípedes Higino, filho comparecerem. O endereço tanto do Grupo Assistencial adotivo de Chico Xavier. Chico Xavier quanto do Refeitório Amigos Anônimos de Chico Xavier é Av. João XXIII, nº 2246/2258 no Parque das Américas, em Uberaba. Fomos até o Grupo Espírita da Prece onde o nosso Chico trabalhou nos últimos 40 anos, onde Refeitório Amigos Anônimos de Chico Xavier. notamos a continuidade do trabalho implantado pelo nosso Chico, não só no campo propriamente doutrinário, de estudos, mas também no campo assistencial, que o Grupo Espírita da Prece. Chico tanto gostava de levar o apoio material àqueles corações, além do espiritual. O nosso Eurípedes, filho do Chico, nos mostrou o Museu Chico Xavier, no local que foi residência do Chico por mais de 40 a n o s , a t é s e u Quarto do Chico no Museu “Chico Xavier”. desencarne, e que agora reúne todo um acervo de fotos distribuído nos cômodos da casa, e onde se mantém intactos o quarto, cozinha e salas da casa, com os móveis e objetos de uso do nosso Chico Xavier. Lá também encontramos todos os objetos frutos das homenagens recebidas pelo Chico no decorrer destes anos, e que apesar dele não se envaidecer com as mesmas, as Seareiro Placa comemorativa situada na Fazenda Modelo. guardava com o mesmo respeito e o carinho que havia recebido daqueles que os entregavam. Há também neste mesmo local a Livraria F.C.X. onde podemos encontrar as obras psicografadas do nosso Chico, como também algumas lembranças com o nome Chico Xavier. Ao nos dirigirmos ao Cemitério São J o ã o Batista, pudemos visitar o Mausoléu de Chico Entradas da Livraria Espírita FCX e do Museu “Chico Xavier”. X a v i e r, n a quadra O, onde se quis e se conseguiu homenagear não apenas o homem Francisco Cândido Xavier, mas o trabalhador incansável do Cristo, que exemplificou o Evangelho nesta O livro “Pensamento Os livros “Instruções Psicofônicas” e “Vozes e Vida” foi o último do Grande Além” contêm uma coletânea de psicografado por mensagens psicofônicas para estudo e Chico Xavier, em reflexão. Pedro Leopoldo. Livro “Paulo e Pode-se obter Estêvão”, psicografado m a i o r e s diariamente das 5 da informações sobre tarde a 1 hora da a s a t i v i d a d e s manhã, durante 8 meses. ligadas ao nome Chico Xavier em Uberaba, como, por exemplo, horários de visitação e endereços, pelo telefone da Livraria: (34) 3336-5967. Roberto Patrício 26 a 31 de Março 2007 19h30 - Passe 20 horas - Palestra 26/03 - Considerações sobre a pluralidade da existência - Aziz Cury 27/03 - Faculdades morais e intelectuais do homem Claudio Augusto Camargo Pinto 28/03 - Felicidade e infelicidade relativas - Luiz Armando de Freitas Ferreira 29/03 - O Livre Arbítrio: Lei da Liberdade - Homero Morais Barros 30/03 - Relações familiares - Eugenivaldo Silva Fort Fotos do mausoleu do Chico Xavier. passagem dentre nós. Os livros, o trabalho incessante no Bem e o exemplo evangélico, foram as tônicas utilizadas para a construção deste Mausoléu. Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança 31/03 - 17 horas - Prece de Encerramento na Banca de Livros Espíritas “Joaquim Alves (Jô)” Praça Presidente Castelo Branco - Centro Diadema - SP Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” Rua das Turmalinas, 56 / 58 - Diadema - SP - (11) 4044-5889 19 FECHAMENTO AUTORIZADO - Pode ser aberto pela ECT Em ___/___/___ Reintegrado no serviço postal em ___/___/___ Informação escrita pelo porteiro ou síndico. Mudou-se Falecido Desconhecido Ausente Recusado Não procurado Endereço insuficiente Não existe número indicado PARA USO DOS CORREIOS Destinatário Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” Caixa Postal 42 Diadema - SP 09910-970 . . . CORREIOS . . . 9912164885 - DR/SPM SEAREIRO Especial Impresso