PRÁTICAS DE UM PROFESSOR FORMADOR NO ENSINO A DISTÂNCIA (UFG-FAV) Eliane Quintais [email protected] Universidad de Salamanca (USAL), España Resumo: A Educaçăo a Distância remonta da época do início da nossa civilizaçăo, porém, somente no início do século XIX este ensino veio a se institucionalizar nos Estados Unidos e na Europa, privado de valor acadęmico e direcionado ao ensino de operários, artífices e artesăos. Hoje, o grande desafio é entranharmos na pósmodernidade, que nos trás grandes preocupaçőes com a qualidade dos cursos oferecidos. A experiência como Professor Formador no curso de Artes Visuais ? Licenciatura, na disciplina de Tecnologias Contemporâneas na Escola I da UFG ? FAV, sobreveio a necessidade de refletir sobre a importância do papel deste sujeito no cenário da EaD. Palavras-chave Educaçăo a Distancia, Professor Formador, Artes Visuais Abstract Distance learning has existed in one form or another from the early days of our civilization. However, it was only in the early nineteenth century that this form of education came to be institutionalized in the United States and Europe, primarily aimed at educating laborers, craftsmen, and artisans. Nowadays, in a challenging post-modern context, there is cause for concern over the quality of distance learning courses. As a former professor of Visual Arts at UFG-FAV, teaching degree students of Contemporary Technology, came the interest in the role that distance learning will play in the future of education at EaD. Keywords Distance Teaching, Former Professor, Visual Arts I - Introdução A Educação a Distância (EaD) remonta da época do início da nossa civilização, e podemos considerar um ensinamento a distancia as cartas que o Apóstolo Paulo escreveu às Igrejas de diversas comunidades, dando-lhes instruções sobre os objetivos a serem alcançados como bons cristãos. No início do século XIX tivemos este ensino institucionalizado nos Estados Unidos e na Europa, os mesmos ofereciam cursos por correspondência destinado ao ensino a operários, artífices e artesãos, e, por conseguinte, privados de valor acadêmico. Naquela época, este fator possivelmente tenha contribuído, em parte, para gerar um preconceito ao ensino a distância. Ao longo da história para sua subsistência o ensino a distancia conseguiu aos poucos, diminuir o preconceito que muitos o atribuíam. Hoje, percebemos uma mudança positiva devido à importância recebida no cenário nacional e internacional desta modalidade de ensino. É essencial lembrar o importante papel que a Open University da Grã-Bretanha, seguidas pela San Juan Bosco, da Argentina e da Universidade de Buenos Aires, que foram as primeiras universidades a oferecerem curso superior a distancia, porque provaram que é possível diminuir as distâncias e fazer um ensino para atender aqueles que por várias razões não tiveram a oportunidade de chegar à escola convencional. (ARETIO, 1994). Vêmo-nos diante de um desafio no momento em que se constata um aumento compulsivo na oferta de cursos na modalidade a distância, o que por um lado, nos trás grandes preocupações com a qualidade dos cursos oferecidos, e por outro, o reconhecimento de um grande parceiro que pode minimizar os problemas vividos na contemporaneidade com relação as distâncias, necessidade de capacitação de um número cada vez maior de profissionais, velocidade e volume de informações a serem assimiladas, dentre outros. A necessidade de falar sobre os profissionais envolvidos no cenário do ensino a distância, surgiu após uma experiência vivida como Professor Formador no curso de Artes Visuais – Licenciatura, na disciplina de Tecnologias Contemporâneas na Escola I, no enfrentamento do desafio de introduzir este tema que abrange a inserção das tecnologias computacionais e digitais a alunos que na grande maioria haviam tido seu primeiro contato com o computador neste curso. 1.1 – O Programa Prolicen – Artes Visuais - Licenciatura O Pro-Licenciatura é desenvolvido pelo Governo Federal, e oferece formação inicial a distância, a professores em exercício nas séries finais do ensino fundamental ou ensino médio da rede pública. Este programa ocorre em parceria 2 com instituições de ensino superior que implementam cursos de licenciatura a distância, com duração igual ou superior à mínima exigida para os cursos presenciais, de forma que o professor-aluno possa continuar mantendo suas atividades docentes enquanto se capacita e se habilita, de acordo com as proposições do Ministério da Educação e Cultura – MEC. O programa visa melhorar a qualidade na educação básica por meio de formação inicial consistente e contextualizada do professor que está em exercício há pelo menos um ano, sem habilitação legal da licenciatura. A formação é gratuita e os professores selecionados recebem bolsa de estudos. O programa de Licenciatura em Artes Visuais do Prolicenciatura, da UFG - FAV conta com cinco pólos e sete turmas de cursistas: Goiânia 1, Goiânia 2, Goiânia 3 (contabilizado como 1 pólo), Firminópolis, Ceres, Catalão e Jataí. O projeto iniciou com cerca de 240 professores. A duração do curso é de quatro anos e alterna a mediação on-line com momentos presenciais nos quais os tutores e os cursistas se encontram nos pólos para interação. II – A disciplina e as estratégias metodológicas 2.1 - A disciplina: Tecnologias Contemporâneas na Escola I A disciplina Tecnologias Contemporâneas na Escola I teve uma carga horária de 80 horas, e foi desenvolvida no período de Agosto a Novembro de 2009, no qual fizeram parte os pólos de Catalão, Ceres, Firminópolis, Goiânia 1, Goiânia 2, Goiânia 3 e Jataí, sob a mediação de sete tutores. A disciplina Tecnologias Contemporâneas na Escola I tem como principal proposta introduzir o assunto das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s) na escola de nossos tempos. Em virtude da abrangência e necessidade da abordagem ao tema para a educação, a mesma está programada para se desdobrar nos semestres seguintes do curso. Esta disciplina enfatiza o estudo das abordagens teóricas que fundamentam o uso das tecnologias contemporâneas na educação, enfatizando o instrucionismo e construcionismo. O material conteudístico utilizado foi supervisionado pelos componentes da equipe GT-ARTES. 2.2 – As atividades, estratégias metodológicas e justificativas A disciplina foi organizada em quatro unidades, sendo que na Unidade 1 (14 a 24 de agosto de 2009) foram desenvolvidas as atividades utilizando um Fórum de discussão e debate sobre tecnologias contemporâneas e criação de uma 3 apresentação para data show, a criação de um short paper, e a transformação de documentos para a extensão pdf (Acrobat Reader). Optou-se por utilizar em todas as atividades, metodologias que enfatizam a prática motivada na interação objetivando levar aos cursistas/professores muito mais que informações. Com este pensamento foi disponibilizado um Fórum para debate do tema proposto, e, a seguir, seguiu-se com a prática, sendo lançado o desafio de se criar uma apresentação no programa Power Point. Neste momento, foi disponibilizado conteúdo teórico que trata de esclarecer exaustivamente sobre o que é tecnologia. Tomamos por referência a teórica Eizabeth Bianconcini de Almeida, quando afirma que o termo tecnologia é apresentado em nosso cotidiano com diversos significados, dependendo do contexto de aplicação, “podendo ser vista como artefato, cultura, atividade, processo de criação, conhecimento sobre determinada técnica e seus respectivos processos”. Que existem outras “com as quais convivemos, mas que não se fazem notar, embora se caracterizem como artefatos, tais como canetas, lápis, cadernos, talheres etc.” e outras mais que “servem de prótese para estender ou aprimorar nossos sentidos, como óculos, aparelhos de audição, instrumentos de medida e muitos outros”.Ou seja, a tecnologia toma novos sentidos, diferente daquele de seu início que estava estreitamente ligado à grande novidade da maquina a vapor. (ALMEIDA, 1987, p85) A Unidade 2 (25 de agosto a 14 de setembro de 2009) tratou do capítulo Inclusão digital - Programas do Governo. Na continuidade em manter uma metodologia que enfatiza a prática motivada na interação, propôs-se um trabalho em duplas para investigação de um dos sites propostos no conteúdo. Foi oferecida uma ficha com alguns parâmetros referenciais para a avaliação do site escolhido contendo os critérios mais relevantes para esta avaliação. Os sites propostos foram: a) TV Escola, b) Domínio Público e c) Banco Internacional de objetos Educacionais. Além da análise de alguns parámetros, ao final da ficha os cursistas deveriam responder à seguinte pergunta: Como poderei utilizar de algum recurso deste site para a minha prática como professor de arte? Compreendeu-se que o trabalho em equipe é enriquecedor e necessário porque nos desafia a interagir com os outros, além de exigir de nós mesmos uma postura amistosa diante do trabalho colaborativo. Além da análise avaliativa dos sites trabalhado em duplas, foi proposto aos cursistas que após navegação e participação em fórum de discussão para socializar suas investigações, 4 nos seguintes sites governamentais: Secretaria de Educação a Distância – SEED; TV escola; Proinfo; E-Proinfo; Proformação; Paped; Mídia Escola- Mídias na Educação; Portal Domínio Público; Rived; Rádio Escola; UAB – Universidade Aberta do Brasil; Pró-licenciatura. Na Unidade 3 (15 de setembro a 08 de outubro de 2009), “Abordagens teóricas aplicadas à EaD”, trabalhou-se com a produção de um pequeno texto visando sintetizar tudo que foi apreendido até este momento. O que coincidiu com um momento presencial em que a equipe de Tecnologias Contemporâneas na Escola I acompanhou a criação de um vídeo utilizando o programa movie maker com conteúdos das outras disciplinas de forma transdisciplinar. Dentro desta mesma atividade utilizamos de um recurso para desmistificar algumas palavras estrangeiras inseridas em nosso cotidiano e que acabam por confundir por não trazerem em seu significado imediato, tais como download, printscream, upload dentre outras. Utilizou-se da estratégia de pedir que os alunos escrevessem um short-paper, após a leitura de um texto disponibilizado no ambiente virtual. Levamos-lhes através da metalinguagem a compreenderem que a nossa sociedade, por questões de colonização e foi invadida por palavras de outra língua, no entanto, por mais que lutemos contra isso, precisamos compreender que é viável convivermos com isso sem perder nossos valores culturais. Escolheu-se uma atividade fácil, simples e objetiva, porém, com um nome em inglês. O próprio termo short paper já na tradução traz o seu conceito, que é um trabalho pequeno sobre um problema, um tema, uma realidade. Este deve ser produzido a partir de uma escolha do ponto que se considera importante, e não há espaço para devaneios e divagações de novos assuntos, haja vista que este trabalho tem o objetivo de expor claramente uma proposição pessoal, centrada em um tema principal. Qual a diferença entre este os outros trabalhos acadêmicos tradicionais que muitos professores pedem a seus alunos? Primeiramente, as orientações para a organização e produção do trabalho são informadas previamente, segundo, o tema é objetivo, central e principal, e, o aluno não deve enveredar-se por outros caminhos que fujam do tema proposto. Terceiro, não é um resumo de um texto original, mas uma exposição de posicionamento pessoal e particular, formalmente fundamentado e embasado. Finalmente, a configuração e formatação de um short paper deve seguir as normas da ABNT. Quais as vantagens nesta atividade para o professor e aluno? A experiência para o aluno, na medida em que desenvolve com naturalidade 5 o seu posicionamento, a partir de um tema principal e único, leva-se em conta a prática e exercício de organização da exposição de sua idéia para uma situação específica. Este exercício o potencializa para um futuro trabalho científico, pois, a partir deste início de tomada de postura e pensamento, o aluno passa por caminhos que o levam a reflexões filosóficas e pessoais. É a prática que o aluno realiza expondo seu potencial de argumentação, e que revela possíveis dificuldades na escrita, leitura e interpretação, trazendo à tona problemas e dificuldades que se revelam apenas com a exigência a nível universitário. A atividade seguinte que tratou de converter documentos na extensão pdf, se fez necessária em consequência da própria segurança que o mesmo oferece e consequentemente utilizado amplamente na EaD e que é oferecido pelo software livre, Adobe Reader. Para tanto foram disponibilizados tutoriais, sites que dispensam baixar programas, instalação de impressora virtual, facilitadores dentro do programa word e ainda a possibilidade de realizar esta atividade através do site de busca Google. Como muitos alunos alegavam não conseguir abrir os arquivos em pdf, o problema foi solucionado com esta atividade. Finalizando, na Unidade 4 (08 de outubro a 22 de novembro de 2009), tratamos da Abordagem Construcionista e Criação de Blog Educativo. Utilizando-se como base a filosofia freireana de que: “A auto-suficiência é incompatível com o diálogo. Os homens que não têm humildade, ou a perdem, não podem aproximar-se do povo. Não podem ser seus companheiros de pronúncia do mundo. Se alguém não é capaz de sentir-se tão homem quanto os outros, é que lhe falta ainda muito que caminhar, para chegar ao lugar de encontro com eles. Neste lugar de encontro, não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que, em comunhão, buscam saber mais” (Paulo Freire). Ao lançarmos o desafio da criação de um Blog Educativo, estimulamos aos cursistas a criarem um Blog, após uma investigação na rede. Conscientes do grandioso desafio para os cursistas, a mediação foi conduzida através de um esforço por parte dos tutores, que se disponibilizaram através de chat, de tutoriais com várias opções de acesso e formatações. Realizamos mais uma atividade, até então desconhecida para eles, no entanto, a orientação criteriosa e bem detalhada para uma melhor compreensão e assimilação foi fundamental para o sucesso. E, ainda, com a idéia de que este Blog, um diário cronológico e educativo deveria ser utilizado profissionalmente para que estes professores pudessem comunicar com os seus alunos através de arquivos textuais, visuais e de áudio ao longo da vida docente. 6 2.3 – Os profissionais e a EaD Passados duzentos e dez anos de permanência dos Jesuítas, que ensinavam aos mestiços e negros escravos o estilo barroco português, até a expulsão destes com a reforma pombalina, a história da arte-educação no Brasil segue pelo academicismo e perpassa pelas metodologias tradicional, escolanovista e tecnicista. Constata-se que na prática o professor de artes ainda agrega, talvez involuntariamente, todas estas influências até os dias de hoje, apesar de passados quase 500 anos. O que nos remete a pensar da importância na formação de professores como um meio de reduzir a necessidade de uma capacitação mais direcionada e proeminente. Pois, em se tratando de formação de professores e da didática das artes visuais específica à arte educação, o professor Fábio J. R. Costa nos orienta a considerar “... a didática do professor não no sentido de como ele deve ensinar mas, como deve conhecer, aprender e compreender as pedagogias contemporâneas e seus modelos educativos para a alfabetização visual” Organização e Gestão do Trabalho Pedagógico. (COSTA, 2009, p76). O contexto educativo tecnológico exige deslocamentos do professor, pois, as formas de comunicação estão cada vez mais diversificadas para a formação do cidadão, e isso requer do professor um desenvolvimento de capacidades para transformar a informação em conhecimento, com o objetivo de diminuir o impacto na complexa mediação que utiliza as tecnologias computacionais. Estas mudanças afetam significamente a relação sociocultural em geral, pois, o conhecimento passa a ser construído e reconstruído de maneira dinâmica gerando novas formas de ensinar e aprender. O professor muda de detentor do conhecimento para orientadormediador, e, dentro deste prisma é de fundamental importância a formação e capacitação do professorado na garantia de um passo em direção a um ensino de qualidade. 2.4 – O professor formador na EaD Na EaD o papel do professor muda, pois, de acordo com Medeiros, o grande desafio na incorporação das tecnologias no meio educacional tem sido o de desenvolver ações cooperativas que facilitem o crescimento individual/coletivo e ainda ações que busquem a iniciativa, a flexibilidade e a autonomia do sujeito. “O professor e o grupo como um todo passa a ser solicitado a interagir com diferentes meios e sujeitos e a compartilhar o conhecimento, para construir novas relações, 7 fazendo e desfazendo as informações dadas, reconstruindo-a em novos espaços, em diferenciados significados e novas formas de organização” (Medeiros et al. , 2002). Não muda apenas o papel, muda também as suas identificações no quadro da EaD. Alguns destes são identificados como professor formador, produtor de materiais midiáticos, realizador de cursos, pesquisador, tutor, tecnólogo educacional, e tantas denominações nos permite perceber a existência de uma complexidade de funções e desempenho de papéis. Tentando esclarecer de forma sucinta o papel do Professor formador que trata este trabalho, ele orienta o estudo e a aprendizagem, isso corresponde à função pedagógica do professor no ensino presencial. Ele é responsável em coordenar o grupo de tutores da disciplina, traçar as estratégias metodológicas em comum acordo com os formadores das outras disciplinas, principalmente no caso das interdisciplinaridades. Fica a cargo do professor formador, além de conhecer o conteúdo, investigar, analisar e decidir com a equipe ou individualmente quais ferramentas do ambiente virtual estão mais propensas à geração de conhecimento do conteúdo por parte do aluno, e, neste momento, é importante que estas ferramentas escolhidas sejam adequadas e compatíveis ao estágio em que se encontram os cursistas visando ainda, o incentivo a desafios para que aja avanços. No papel do professor formador, inclui-se a supervisão das salas mediadas pelos tutores com o objetivo de certificar se a movimentação e nível de interação está adequada à superação dos desafios por parte dos cursistas. Elabora também a prova final, recebe e controla os diários de notas e frequências preenchidos pelos tutores. As tarefas e responsabilidades deste profissional podem variar de acordo com as necessidades e estratégias organizacionais de cada instituição, no entanto, estão ligadas à estratégias organizacionais e de gestão do trabalho pedagógico. Como Professora Formadora da disciplina de Tecnologias contemporâneas na Escola I, busquei manter a unidade com o grupo para estudo da disciplina e discutir as estratégias que fariam parte do planejamento pedagógico da disciplina ao longo do semestre, assim como, organizava as apresentações e orientações para os encontros presenciais que ocorriam aproximadamente a cada 40 dias. Além de orientação aos tutores, cabia também, visitar todas as salas periodicamente para detectar possíveis dúvidas não esclarecidas ou mesmo observar direcionamentos que pudessem comprometer a qualidade e assistência ao curso e aos estudantes, enfim uma função pedagógica, tecnológica e didática 8 Reflexões finais Algumas dificuldades ao longo da mediação da disciplina Tecnologias Contemporâneas na Escola I foram identificadas, primeiramente a falta de habilidade do aluno com a utilização das ferramentas computacionais e digitais, que para muitos foi a primeira experiência com este meio. Outra dificuldade foi a própria característica do aluno/professor que está envolvido de maneira exaustiva com sua rotina de trabalho. Uma terceira e ultima dificuldade identificada, se revelou no tabu que as TIC’s exercem na geração que não teve contato com a mesma desde a infância. Isso se confirmava no momento da disponibilização de novas atividades, em que os alunos se manifestavam temerosos aos desafios e insistiam na afirmação de que não conseguiriam realizar a atividade proposta. O que nos chamou a atenção foi a constancia desta reação até o final do curso, isso porque, nem mesmo o fato de haverem vencido as etapas anteriores era suficiente para dar-lhes a segurança necessária para convencê-los das suas capacidades. O contato tardio com as tecnologias, por parte da maioria dos cursistas, nos leva a crer que estes vivem atualmente num período de transição, pois, em breve o relato que deixamos aqui servirá apenas de memória histórica do comportamento de uma geração. Pois, aos poucos os novos alunos que dominam intuitivamente os meios computacionais e digitais não terão problemas desta natureza. Fato que se confirma nas turmas recém chegadas ao curso da Universidade Aberta do Brasil, Artes Visuais – Licenciatura, que por sua vez já dominam, na sua maioria, a utilização básica de ferramentas computacionais. O papel do Professor Formador em EaD é fundamental para o encaminhamento da disciplina, uma vez que, ele atua como mediador do conhecimento com a equipe de tutores, bem como, diagnostica se as estratégias planificadas estão funcionando dentro do desejável, e, mesmo com todo a programação planificada, deverá intervir no seu devido tempo para que a aprendizagem não se perca pelo caminho. Apesar da possível e necessária flexibilidade na planificação das atividades, sabe-se que a EaD funciona com tempo cronometrado, e, por este motivo, o olhar atento do Professor Formador detectará as compatibidades e incompatibilidades possíveis entre conteúdo x ferramentas x aprendizagem. Este papel desempenhado na EAD se baseia em buscar referenciais 9 mais próximos à visão que extrapola a inserção das tecnologias da educação que se limitam a visitas de alunos aos laboratórios de informática para fazerem pesquisas em sites de busca. A atividade sem contextualização e sem uma verdadeira interação e entendimento do que vem a ser um ambiente colaborativo, reduzirá drasticamente o potencial destes espaços de conhecimento oferecidos pela rede. A professora Margarita Victoria Gomez defende seu ponto de vista sobre algumas dimensões consideradas importantes para a pedagogia na esfera virtual, em seu livro Educação em Rede, no entanto, apesar de entender a importância de todas, destacando um recorte de apenas três delas. A dimensão político-pedagógica que nos direciona a desenvolver propostas teóricas e metodológicas específicas para o mundo digital, deve configurar-se como democrática para fazer parte dos espaços educativos comunitários. Assim como, o currículo para a educação em rede deverá denotar flexibilidade, e buscar a teoria e a prática dentro do pensamento construtivista e sócio interacionista. Conectando, desta maneira, com o pensamento freiriano do ensinar/aprender numa confirmação de que somos eternos aprendizes. A dimensão ética e estética é permitir e privilegiar os espaços de criação do conhecimento coletivo, propiciando a troca de saberes e experiências entre professores e alunos. Constata-se na dimensão rizomática uma hibridização em consequência da pedagogia da virtualidade que faz rizoma com a pedagogia freiriana pelas características que serão esclarecidas adiante. Estas pedagogias teem um caráter que se expressa no ético, estético, político, antropológico, filosófico, epistemológico, pois estão em constante busca pela reinvenção de si mesmas e das práticas educativas. Paulo Freire quando diz sobre “um ser inacabado” nos remete a assumir uma posição ética e estética também para conhecer a diversidade assumindo uma alteridade, reconhecendo a consequência da heterogeneidade. Segundo Margarida ...”Assim é que a pedagogia da virtualidade resultado da práxis educativa na esfera virtual, nos permite retomar as propostas freiriana em nova territorialidade, mantendo, na esfera digital, o sentido mais profundo da ação educativa, que é o da solidariedade humana” (GOMEZ, 2004). 10 A disciplina encerrou-se no dia 05 de dezembro de 2009 com uma prova final e computando bons resultados de aprendizagem em todo as produções dos alunos, expressados pelas notas e seguidos de vários depoimentos expondo entusiasmo pela experiência vivida com as tecnologias contemporâneas (Gráfico 1). A v a lia ç õ e s d a s P r o d u ç õ e s 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 GYN 1 GYN 2 G YN 3 C a ta lã o C e re s F ir m in ó p o lis J a ta i Grafico 1 – Disciplina Tecnologias Contemporâneas na Escola I – UFG-FAV , 2009 – médias avaliativas produções cursistas BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Educação e informática: os computadores na Escola. São Paulo: Cortez, 1987. AMARAL, Sergio Ferreira do & Pacata, Daniel Moutinho. A TV digital interativa no espaço educacional. Disponível em: <http://www.unicamp.br/unicamp/ ARETIO, Lorenzo Garcia. Educación a distancia. Bases conceptuales. In: Educación a distancia hoy. Madrid: Universidad de Educación a Distância. 1994, p. 11 – 57. COSTA, Fabio José Rodrigues da. Trama I. In: Leda Maria de Barros Guimaraes (org). Organização e Gestão do Trabalho Pedagógico. Goiania: FUNAPE, 2009, p 60-81. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1994. 184p. GOMEZ, Margarita Victoria. 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