“Ao longo de todo o processo de colonização das terras brasileiras foram se formando pequenas, médias e grandes bibliotecas. Estas bibliotecas representam hoje, não somente autênticos documentos da influência sóciocultural européia, mas constituem, também, acervos de idéias que influenciaram os homens que fizeram a nossa história.” (PINHEIRO, 1989, p. 19) O célebre ensinamento do Patriarca São Bento de “honrar todos os homens” respeitando e preservando sua cultura é a característica do pensamento que permeia as ações do Mosteiro de São Bento. O Acervo do Mosteiro de São Bento da Bahia • Os monges beneditinos da Bahia são herdeiros da tradição bibliográfica (produção e conservação), possuindo, em seus arquivos, grandes raridades documentais do Brasil. • Seguindo essa tradição, o Mosteiro da Bahia, o primeiro das Américas, possui uma grande Biblioteca, fundada, juntamente com o Mosteiro, em 1582. A Biblioteca Diretor: Dom Rafael Freitas, OSB Bibliotecário Responsável: Lucyana Nascimento Acervo Geral: com obras impressas dos séc. XX e XXI. Setor aberto ao público externo. Atende para empréstimo os alunos da Faculdade São Bento da Bahia Centro de Documentação e Pesquisa do Livro Raro • onde fica localizado o Setor de Obras Raras (com obras impressas entre os séc. XVI-XIX). • Este setor tem acesso restrito a pesquisadores – vinculados a cursos de pós-graduação stricto sensu – previamente autorizados Sala de pesquisa Dom Clemente da Silva Nigra, OSB coord. Profa. Dra. Alícia Duhá Lose Laboratório de restauro coord. Dom Ângelo de Oliveira, OSB INTERVENÇÕES NAS OBRAS ANTIGAS OU RARAS: higienização, velatura, reenfibragem reencadernação. Atualmente, o laboratório serve apenas ao acervo da própria instituição. Setor de encadernação: obras modernas coord. Sr. Gerson e Dom Francisco, osb O Arquivo do Mosteiro de São Bento da Bahia (Arquivista: Dom Ivan da Silva Andrade, OSB) • • • • CONTEÚDO: Obras mais preciosas, por sua raridade e antiguidade. Documentos relativos à ordem monástica, sua sede e seus religiosos. Acesso a este setor, que atualmente se encontra no ambiente da clausura, é restrito e depende da permissão do monge arquivista, diretor do Setor. • Os livros são responsáveis por trazer à época presente registros históricos do passado. • A história do livro no Brasil tem início em meados do século XVI. • Nesse tempo, os livros estavam mais presentes nas instituições religiosas, concentrando-se, principalmente, nas capitanias de Pernambuco e Bahia por serem as mais abastadas nesse início de colonização. (MORAES, 2006) • Antes disso, durante o longo período que durou a Idade Média, “[...] o livro é indústria eminentemente e exclusivamente monástica.” (MARTINS, 2002, p. 98) • Foi o Convento de Monte Cassino (529 d.C.), fundado pelo próprio São Bento, que marcou o início do movimento sistemático de editoração medieval (ARNS, 1993). • O Brasil só vai conhecer instrução e possuir livros a partir da segunda metade do século, desde que se instala, em 1549, o governo-geral em Salvador, na Bahia. • Só se inicia pelo caminho da cultura letrada depois do estabelecimento das ordens religiosos dos jesuítas, franciscanos, carmelitas e beneditinos. • Em fins do século XVI, os livros, que eram raros em mãos de particulares, já eram numerosos nos colégios dos jesuítas e, provavelmente, nos conventos de outras ordens. (MORAES, 2006, p. 5) • Várias ordens religiosas, principalmente as dos beneditinos, franciscanos e carmelitas, tinham escolas anexas aos seus conventos e exerciam papel importante na instrução do povo, principalmente, no ensino das primeiras letras. • Pode-se ter idéia do valor cultural, e da importância das bibliotecas conventuais e monacais pelo tamanho dos salões que as abrigavam nos mosteiros de Salvador, de Olinda, do Rio de Janeiro, e outras cidades. (MORAES, 2006) • Mosteiro de Melk • Mosteiro de Saint Gall • Além dos poucos livros trazidos de fora para o Brasil é possível que se tenha passado a fabricá-los no país com finalidades específicas como a de registrar os bens, pois, para os Mosteiros esses livros tinham fundamental importância a fim de assegurar a legalidade da posse das terras através de compra, doação, herança. (MORAES, 2006) • No entanto, como os mosteiros sempre estiveram relacionados à cultura dos livros, também sofreram em nome disso: • “Várias bibliotecas importantes floresceram na época carolíngia, mas seu destino foi atroz: [...] a de Monte Cassino [mosteiro fundado por São Bento], na Itália, foi arrasada várias vezes na história. Sua extraordinária coleção de livros foi minguando por diferentes fatores e enfim reduzida a escombros: por volta de 585 os lombardos capturaram o mosteiro e destruíram alguns volumes raros. No século IX os sarracenos queimaram a biblioteca. [...] A última destruição é um capítulo da Segunda Guerra Mundial: os aliados, numa ação exemplar, bombardearam o mosteiro até devastá-lo.” (BAÉZ, 2006, p. 125) • Conservar um acervo raro e respeitado (como o do Mosteiro da Bahia) é colaborar para a conservação da cultura brasileira. • Divulgá-lo é ampliar inquestionavelmente o acesso a essa cultura. • Em função disso, desde 2006 estão sendo desenvolvidos diversos projetos, tendo como suporte o acervo de Obras Raras e os documentos manuscritos do Arquivo do Mosteiro. Equipes de trabalho do Mosteiro • A equipe (2 grupos), que conta com pessoal da área de Letras, História, Teologia e Filosofia, é formada por professores (com Mestrado, Doutorado e Pósdoutorado) da Faculdade São Bento da Bahia, da Universidade Federal da Bahia, além de contar com uma série de parcerias institucionais. • Atuam também, junto à equipe monges da casa, com formação em Teologia, Filosofia e Conservação e Restauro; alunos da Faculdade São Bento em nível de graduação e pós-graduação lato sensu; por alunos da Universidade Federal de Bahia, em nível de Graduação, Mestrado e Doutorado. Grupo de pesquisa do Mosteiro/Faculdade São Bento •Profa. Dra. Alícia Duhá Lose (Coord. Geral – Letras/Filologia) •Profa. Dra.Vanilda Mazzoni (Coord. de projetos – Letras/Literatura) •Dom Filipe de Souza, OSB (Teologia e Filosofia) •Dom Gabriel Alves do Amaral, OSB (Teologia e Filosofia) •Prof. Dr. João Martins Rodrigues (História/Arquivo) •Profa. Ms. Márcia Gabriela Barreto (História) •Profa. Ms. Marla Andrade (Letras/Filologia) •Profa. Esp. Marília Nunes (Letras/Filologia) •Profa. Grad. Jaqueline Oliveira (Letras/Filologia) •Bel. Edna Brandão (História/Patrimônio) •Bel. Roselene Ferrante (História/Patrimônio) •Bel. Rodrigo Dourado (História/Patrimônio) •Lívia Magalhães (Letras/Filologia) •Anna Paula Sandes (Letras/Filologia) •Gérsica Sanches (Letras/Filologia) •Aldacelis Barbosa (Letras/Filologia) •Juliana Mércia (História) •Perla Peñailillo (Letras/Filologia) •Jorge Luiz de Abreu (Teologia) •Hilton Anunciação dos Santos (Teologia) Grupo de pesquisa de fontes prim árias da UFBA primárias (Letras/Filologia) • Profa. Dra. Célia Marques Telles (Coord.) • Alessandra Mascarenhas Sant’ana • Bárbara Lorena de Souza Prado • Clara Lacerda Crepaldi • Flavia Daianna Calcabrini Vicente • Luana Santos Pedreira • Marla dos Santos Silva • Maria das Graças Telles Sobral (Doutoranda) Grupo ttécnico écnico de Restauro, encadernação e encadernação Biblioteconomia • Dom Rafael Freitas, OSB (Dir. Biblioteca) • Dom Ângelo Alves de Oliveira, OSB (Teologia, Filosofia e Restauro) • Profa. Ms. Mônica Pedreira (Letras/Filologia e Restauro) • Lucyana da Silva Nascimento (Bibliotecária) • Fábio Soares (Técnico em Restauração) • Kátia Maria Lacerda Santos (Técnico/Biblioteca) • Anderson Magno de Matos (Técnico/Biblioteca) • Fábio Silva Santiago (Estagiário/Biblioteconomia) • Taíse Oliveira Santos (Estagiário/Biblioteconomia) • Dom Francisco, OSB (Técnico/Encadernação) • Seu Gerson (Técnico/Encadernação) Projeto De Revitalização Da Biblioteca (primeira etapa concluída e segunda etapa sendo iniciada) Objetivos: - restaurar, através de processos tecnológicos específicos, obras, avaliadas como raras por especialistas na área, pertencentes aos séculos XVI, XVII e XVIII, armazenadas no Setor de Obras Raras; - melhorar as condições de conservação de todas as obras do Centro e da Biblioteca, acondicionando-as sob condições adequadas de umidade, claridade, temperatura; - intensificar os processos de higienização e desinfecstação de todas as obras do acervo. - - divulgar: disponibilizando através da internet obras na íntegra (www.saobento.org/livrosraros). Projetos de Inventariação INVENTÁRIOS DO SETOR DE OBRAS RARAS E ARQUIVO DO MOSTEIRO objetivos: - melhorar as condições de acondicionamento das obras do Setor - Obras Raras e do Arquivo do Mosteiro com aparelhos que auxiliam na manutenção de condições ambientais (temperatura e umidade) adequadas; inventariar os livros mais antigos e documentos utilizando descritores básicos; editar os inventários dos documentos, deixando-o disponível para pesquisadores interessados; proceder à classificação por critérios de raridade dos documentos, selecionando os mais relevantes para estudos posteriores; proceder à categorização de estados de conservação das obras, selecionando, juntamente com o Setor de Restauro da Instituição, aquelas que deverão ser submetidas a algum procedimento; traçar uma política de acesso ao acervo a partir da inventariação feita, dando acesso, de maneira controlada, a pesquisadores previamente cadastrados e autorizados pelo Regulamento da Instituição. Projetos de Pesquisa • OBJETIVOS: • Dar acesso aos conteúdos dos códices e documentos contidos no Arquivo do Mosteiro através da publicação de edições criteriosas: conservadoras (diplomáticas ou semidiplomáticas) ou modernizadas. Elaborar e alimentar o “Glossário de Abreviaturas” presentes nestes documentos (www.saobento.org/faculdade/pesquisa/glossario). Apresentar análises variadas (linguísticas, discursivas, culturais, heráldicas, genealógicas, etc.). • • Mais relacionados à área de LETRAS • Edição de textos manuscritos dos séc. XVI-XVIII: • Edição Diplomática do volume 1 do Dietário (Financiado pela FAPESB; concluído e publicado) • Edição Diplomática do volume 2 do Dietário (Financiados pela FAPESB; concluído) • Edição Modernizada do Dietário (um dos Planos de trabalho conta com bolsa de IC FAPESB/PIBIC/UFBA) • Livro I do Tombo (um dos Planos de Trabalho conta com bolsa de IC FAPESB/Faculdade São Bento e com bolsa de Mestrado CAPES/UFBA) • Livro II do Tombo (concluído, em fase de revisão para publicação) • Acervo de Frei Domingos da Transfiguração Machado (parte inicial concluída e publicada e um dos Planos de Trabalho contou com bolsa de Mestrado CAPES/UFBA) • Glossário de Abreviaturas (disponível no site da IES e em constante alimentação) • Análise de obras impressas do Setor de Obras Raras (séc. XVI-XIX): • Regra das monjas (1744) (Financiado pela FAPESB; concluído e publicado) • Catálogo da Revista Paladina do Lar (Financiado pela FAPESB; concluído e publicado) Mais relacionado à área de HISTÓRIA • Inventário Descritivo da Seção de História Profana do Setor de Obras Raras • Análises de obras de história • da educação • História da CIMBRA Mais relacionado à área de FILOSOFIA •Alguns aspectos da palavra e da verdade na tradição filosófica e na sofística (contou com bolsa FAPESB/Faculdade São Bento; concluído) PROJETOS INTERDISCIPLINARES (Letras, História, Filosofia e Teologia) Plano de Ação para conservação preventiva do Setor de Obras Raras (aprovado em primeira instância pelo Fundo de Cultura; aguardando liberação do financiamento) •Inventário dos documentos do Arquivo do Mosteiro (Financiado pelo CNPq, com bolsas de IC) •Inventário do Setor de Obras Raras da Biblioteca do Mosteiro de São Bento da Bahia (Financiado pela FAPESB, com bolsas de IC) •Revitalização da Biblioteca do Mosteiro de São Bento da Bahia e Restauração de Obras Raras (Financiado pelo Fundo de Cultura do Estado; concluído e publicado) PROJETOS COM PARCERIAS INSTITUCIONAIS • Acervo do Padre Camille Torrente (parceria com Colégio Antônio Vieira) • Acervo do Convento de São Francisco (parceria com a Congregação Franciscana) • Dicionário Histórico do Português Brasileiro (parceria com a UNESP) (participação encerrada) • Livro Velho do Tombo (sob a responsabilidade da UFBA) • Sermões de Antônio Viera (sob a responsabilidade UFBA) PROJETOS COLETIVOS PROJETOS INDIVIDUAIS Projetos coletivos: grandes equipes interdisciplinares - trabalhos individuais (pluridisciplinares): TCC, dissertações, teses - orientação: Alícia Duhá Lose, Vanilda Mazzoni, Márcia Gabriela, Jonilton Alves, Daniel Lins, Samir Mortada e Célia Telles. Arquivo do Mosteiro de São Bento da Bahia: Dom Timóteo e o seu Acervo Dom Gabriel Alves do Amaral, OSB Joaquim Rodrigo de Souza Dourado Marla Oliveira Andrade (doutorado) • O documento trabalhado é o Livro I do Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia, uma coletânea de textos dos séculos XVI, XVII e XVIII transladada em 1803. • O projeto atual segue uma seqüência da dissertação de Mestrado • editados documentos referentes ao século XVI e metade do século XVII; • desenvolvidos índices (um onomástico e outro cronológico), • feita a descrição extrínseca e intrínseca do manuscrito; • duas análises do ritual de posse da terra presente no documento (uma de caráter literário e outra enveredando pela memória medieval); f • feito um estudo heráldico do brasão presente na capa do manuscrito; f • iniciado o levantamento genealógico das principais famílias brasileiras presentes no manuscrito (sendo desenvolvidas as suas árvores genealógicas). • objetivo final: oferecer todos os documentos do Livro I do Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia através de uma edição de caráter conservador que apresente o texto na sua integridade, estudos de genealogia, toponímia, heráldica, e uma edição digital do manuscrito na íntegra, relacionando em hiperlink as diversas análises feitas no Mestrado e as que ainda estão sendo propostas para o Doutorado. Outro exemplo válido do que se fala é a pesquisa em nível de Mestrado de Marília Nunes, na qual se • • • • • • • • [...] objetiva oferecer o texto dos Sermões “Sobre o escândalo”, “Sobre a maledicência”, “Paixão”, “Sermão da Misericórdia”, “Nossa Senhora de Montserrat” e “São Sebastião” de Dom Frei Domingos da Transfiguração Machado através de uma edição que apresente o que “teria sido” a sua versão definitiva, sem que se percam as características linguísticas presentes no original. Para tal pretende-se: a) analisar extrínseca e intrinsecamente todos os documentos selecionados; b) revisar a edição semidiplomática anteriormente preparada; c) depurar o texto das marcas gráficas utilizadas na edição conservadora; d) elaborar critérios que permitam apresentar o texto no que “seria” a sua versão definitiva; e) proceder a uma análise lingüística referente ao discurso presente nos textos (com aportes da homilética e da literatura); f) preparar a edição em uma linguagem adequada ao público leigo para que este possa se beneficiar do conteúdo dos textos em questão. Abrindo espaço para outros diálogos, encontra-se também a pesquisa de mestrado de Jaqueline Martins de Oliveira, que tem como objetivo • • • • • • • [...] oferecer a reunião dos documentos registrados nos Livros de Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia referentes a Garcia (de Souza) D'Ávila e seus descendentes, através de uma edição de caráter conservador, porém híbrido, unindo as vantagens das edições facsimilar, semidiplomática e crítica. Para tal, pretende-se: a) levantar e mapear a ocorrência de registros sobre os D’Ávila nos três primeiros volumes da Coleção (Livro Velho, Livro I e Livro II do Tombo), tendo como auxiliar os mencionados trabalhos desenvolvidos em paralelo por outros membros do Grupo de Pesquisa, trabalhos estes findos ou em anAbrindo espaço para outros diálogos, encontra-se também a pesquisa de mestrado de Jaqueline Martins de Oliveira (Orient. Alícia Duhá Lose), que tem como objetivo damento, mas já digitalizados e transcritos; b) levantar e mapear a ocorrência de registros dessa natureza nos demais livros da Coleção, procedendo à digitalização e transcrição conservadora dos documentos referentes aos D’Ávila; c) estabelecer, após breve inventário resultante dos dois passos anteriores e leitura dos documentos, os critérios para eleição dos “textos bases”, que serão utilizados para remissão às demais informações ou testemunhos através de hiperlinks; d) elaborar uma edição que permita a apresentação de um “texto base” e a remissão deste a outras lições que, pelo que até então se percebeu, podem estar no mesmo códice e em outros; e) produzir dois índices a partir dos documentos selecionados e editados, um onomástico e outro cronológico. Projeto de pesquisa: Por uma trajetória dos D’Ávila através dos Livros de Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia: edição em formato digital e estudo filológico Projeto maior: Livros do Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia (Salvador, 1582-1750): edição semidiplomática e análise filológica Financiamento FAPESB do Projeto, cujo corpus é o conjunto documentos sobre os D’Ávila nos três primeiros Livros de Tombo Velho, I e II: Edição semidiplomática Edição sinóptica Produção de índices (onomástico e cronológico) Lista de abreviaturas Estudos de particularidades auxiliados pelas mais diversas disciplinas: História, Genealogia, Onomástica, Estudos do Discurso deste trabalho, cujo corpus é o conjunto documentos sobre os D’Ávila no Livro II do Tombo (o primeiro a ser recenseado): Considerações sobre as aspectos intrínsecos e extrísecos do volume Considerações sobre a recensão dos documentos no volume Considerações sobre a produção de índice onomástico Análise do Codicilo de Garcia D’Ávila em perspectiva discursiva São livros* onde se registra documentos jurídicos relevantes para uma determinada instituição Alcançam um período de cerca de 400 anos (séc. XVI, XVII, XVIII e XVIII) e se referem ao patrimônio material – latifúndios, terrenos e casas – dos Beneditinos da Bahia Possibilitam a compreensão do processo de povoamento da cidade de Salvador, assim como de regiões que ficavam, na época, fora da cidade *No caso dos LTMSBB, seria mais apropriado o emprego do termo caderno. Os termos de abertura e de encerramento datam de 1803 e o último lançamento contém uma informação relativa a 6 de fevereiro de 1724 Os documentos, embora sejam cópias, são válidos até os dias atuais por terem sido todos autenticados O terceiro da coleção, o Livro II do Tombo (que sucede o Livro Velho do Tombo e o Livro I do Tombo), reúne sessenta instrumentos jurídicos O volume está acondicionado no Arquivo da Biblioteca do Mosteiro de São Bento da Bahia Brasão da ordem e a data de fundação do Mosteiro Encadernação em couro marrom (540mm × 280mm) 215 fólios numerados (193 estão escritos no recto e no verso) Quatro scriptae distintas Fig.1. Fotografia da Capa do Livro II do Tombo Fonte: Arquivo do Mosteiro de São Bento da Bahia Margens à tinta Scriptor 3 Numeração com rubrica Linhas a lápis Anotação marginal posterior Scriptor 2 Anotação marginal oxidação restauro 540 mm restauro 280 mm Documento 1 (no 32) Documento 2 (no 33) Documento 3 (no 34) Documento 4 (no 35) Documento 5 (no 36) Documento 6 (no 37) Documento 7 (no 49) 5 fólios (70v-73r) Codicilo de Garcia D'ávila 4 fólios (73r-74v) Composição entre o Mosteiro e Francisco Dias D‘Ávila 3 fólios (74v-75v) 4 fólios (75v-77r) Escritura de concerto e transação amigável composição sobre as terras de São Francisco da Itapoan Traslado de escritura de composição entre o Mosteiro, Manoel Homem de Almeida, Gaspar Rodrigues e outros 15 fólios (77r-84r) Sentença dos Religiosos de São Bento contra Catharina Fogassa 31 fólios (84r-99r) Sentença dos Religiosos do Patriarca São Bento contra os herdeiros de Anna Ferraz 37 fólios (122v-140v) Carta de Sentença de medição e demarcação tirada do processo de medição da Sismaria de Jorge de Mello a favor dos Religiosos de São Bento Amostra de transcrição em tabela de arquivo .doc O índice ora analisado resulta da ocorrência de antropônimos nos 7 documentos recenseados, procedendo-se da seguinte maneira: leitura dos documentos transcritos anotação das ocorrências dos nomes, fólio a fólio. Não se considerou a quantidade de ocorrências, mas os fólios em que se ocorreu por documento Nomes Doc. 1 Doc. 2 Doc. 3 Doc. 4 Doc. 5 Doc. 6 (no 32) (no 33) (no 34) (no 35) (no 36) (no 37) 92r 92v Afonço doPorto Domingos Jozé Cardozo 72v 74r 75v 77r 84r 98v Doc. 7 (no 49) PRENOME, SOBRENOME OU APELIDO? quanto à classificação dos antropônimos, tem-se o seguinte: a) prenome ou nome de batismo, b) sobrenome ou apelido de família e c) apelido, cognome ou alcunha. Nome Manoel Correa Barba Observações Nome de família ainda não registrado no Livro II. Poderia ser uma característica importante da pessoa ou a abreviatura de Barbosa por contração (sem sinal abreviativo algum). Manoel Alvares Poderia ser uma atribuição ao ofício do indivíduo. Como sobrenome, não Çapateiro há registros, ainda, no Livro II. Em todos os casos, há referência a qualitativos. Nos dois primeiros, no Brizida Mulata Francisco Feio entanto, a possiblidade de ser um apelido é muito grande, ao passo que nos demais exemplos parece ocorrer, de fato, sobrenomes e um prenome, por que ocorrem apenas os dois itens, juntos, sem outros itens adjuntos ou em câmbio (para estes indivíduos). Quem é Garcia D’Ávila e o que é um codicilo? 1549: chegada com Tomé de Sousa 14 léguas (~ 92,4 km) de terra: de Itapuã à Tatuapara + o Rio Real, onde ergueu sua Casa da Torre em 1550 foi o primeiro bandeirante do norte e faleceu em Salvador, no dia 20 de maio de 1609, dois dias depois de o Codicilo ter sido lavrado foi o primeiro bandeirante do norte e faleceu em Salvador, no dia 20 de maio de 1609, dois dias depois de o Codicilo ter sido lavrado Escrito particular de última vontade, redigido, pelo qual se substitui testamenteiro(s) 1 Em nome de Deos. Amen. vontade virem, que Saibam quantos esta Cedula detestamento, eultima 2 no Anno do Nascimento deNosso Senhor JESVS christo de mil eseis centos e nove annos, aos dezoito dias do mez deMayo 3 do dito anno, nesta Cidade do Salvador Bahia de todos os Santos, eCazas da Ospedaria do Hospital da SantaMizericor4dia della, estando eu Garcia deAvella morador na minha torre de tatupara, mal disposto, mais em todo omeu cizo, een5tendimento perfeito, que o Senhor Deos me dêo, etemendo a hora da morte, para que todos fomos criados, ordenei esta Cedula 6 detestamento na maneira seguinte = EU Garcia D'Ávila (responsável pela idealização, em 18 de maio de 1609, da cédula de testamento) estando eu Garcia deAvella morador na minha torre de tatupara, mal disposto, mais em todo omeu cizo, eentendimento perfeito, que o Senhor Deos me dêo, etemendo a hora da morte, para que todos fomos criados, ordenei esta Cedula detestamento EU Francisco de Oliveira (morador da cidade de Salvador, responsável pela cópia in praesentia da cédula de testamento, ditada por Garcia D'Ávila em 18 de maio de 1609) roguei [Garcia D'Ávila] aFrancisco de Oliveira, este escrevesse, epor mim asignase, por naõ poder asignar, eeu Francisco de Oliveira ofiz, eescrevi a rogo do dito Testador, elholi, epor dizer estar asua Vontade, e mandar que secomprisse, o asignei no dito dia, mez, e anno EU João de Freitas (tabelião que constitui a aprovação de testamento, ainda em 18 de maio de 1609) por elle dasua maõ a maõ demim Taballiaõ parante as testemunhas adiante escritas, foi dado opapel atras escripto em tres folhas depapel inteiras, que saõ seis mêas folhas em cujas cabeças meassinei demeu sinal, enome EU Ambrozio de Sequeira (desembargador responsável pela idelização do texto da abertura do testamento em audiência pública, aos 22 dias de maio de 1609) Cumpra-se estetestamento como nelle secontem, eo hei por publico [...] EU Amaro Serqueira (escrivão do desembargo, que fez a cópia in praesentia da abertura do testamento ditada pelo desembargador aos 22 dias de maio de 1609) Amaro Serqueira, Escrivaõ daAlssada o escrevî TU para Garcia D'Ávila, Francisco de Oliveira e João de Freitas os que precisarem recorrer ao testamento Saibam quantos esta Cedula detestamento, eultima vontade virem e na introdução à Aprovação do Tabelião Saibam quantos esteInstrumento de approvaçaõ deTestamento virem para Ambrozio de Sequeira e Amaro Serqueira os presentes na audiência pública para a abertura do testamento Cumpra-se estetestamento como nelle secontem, eo hei por publico O AQUI da enunciação remete à autoridade política conferida a Garcia D'Ávila no recôncavo baiano e na Cidade da Bahya por suas expedições sertanistas e, como defendem alguns historiadores, possível descendência em primeiro grau de Tomé de Sousa, primeiro governador-geral do Brasil O AGORA da enunciação está inserido no início do segundo século da dominação portuguesa em terras brasílicas, quando a primazia ainda residia na busca a metais preciosos, terras para a monocultura, mãode-obra escrava (indígena e africana) e métodos da defesa dos ataques de estrangeiros, sobretudo holandeses. Por outro lado, a pregação da fides catholica avançava na construção de Ermidas e Capelas (ressalta-se que as vilas iam se solidificando no entorno destas) e no catecismo aborígene. Por fim, mas não apenas, menciona-se o trabalho, em nível de Graduação, de Lívia Magalhães. Tal trabalho, tem por objetivos a) dar continuidade ao levantamento da bibliografia existente sobre a Crítica Textual, a História da Cidade de Salvador e Direito de Superfície/Enfiteuse, em virtude do conteúdo dos textos que serão trabalhados; b) continuar, também, a edição semidiplomática que vem sendo feita através das imagens digitais construídas a partir dos fac-símiles capturados através de uma máquina digital de alta resolução; c) criar hiperlinks ligando os nomes das localidades presentes nos textos transcritos com as informações referentes a elas, as localidades, extraídas de livros sobre a história da formação da cidade de Salvador; [...] Pesquisados Já Publicadas O Dietário Sermões de Frei Domingos da Transfiguração Machado Livro II do Tombo • Toda a transcrição já foi concluída, estando em processo de revisão para publicação Regra das Monjas Arquivo 37: história das monjas beneditinas do Brasil Inventário de Revista Paladina Do Lar Site de Obras Raras Cole ção Coleção Scriptorium Monasticum • PUBLICAÇÕES EM FORMATO DIGITAL DE TRABALHOS DO GRUPO DE PESQUISA DA FACULDADE/MOSTEIRO • 1 volume: Segundo Volume do Dietario das vidas e mortes dos monges do Mosteiro de São Bento da Bahia: edição diplomática, de Anna Sandes de Oliveira e Gérsica Sanches À guisa de conclusão • Como se disse na introdução deste texto, o que ora se apresenta é muito mais um ensaio sobre o tema do que uma pesquisa teórica sobre a questão, tomando-se por base os trabalhos de pesquisa presentes no cotidiano de toda a equipe aqui referenciada, desta forma, ao invés de se apresentar conclusões sobre o exposto, aproveita-se a oportunidade para se apresentar os nossos sinceros e enormes AGRADECIMENTOS a cada um dos membros dessa grande equipe, que fazem desse LUGAR UM PROMISSOR (porque ainda nascente) CENTRO DE PESQUISA. 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