Edição especial
ANOS
1940 - 2010
Informativo da Faculdade de Letras da PUCRS
Ano V | Número 74 | 30 de março de 2010
FALE
ANOS
1940 - 2010
Na semana que passou, a Faculdade de Letras da PUCRS estava de
aniversário. São 70 anos, completos no dia 26 de março, sexta-feira,
mesmo dia em que a cidade que acolhe nossa comunidade acadêmica,
Porto Alegre, comemorou seus 238 anos de fundação. A data, como se vê,
condiciona destinos; inaugura histórias de desafio, de superação de
obstáculos. E de sucesso! Diversas iniciativas marcaram a passagem dos
70 anos – bem vividos! – da nossa FALE, com destaque para a aula
inaugural do semestre, proferida pelo Prof. José Luiz Fiorin (USP). Os
festejos se encerraram no sábado, dia 27, com um jantar no Restaurante
.
Panorama, prédio 40.
Nesta edição especial do Notícias FALE, fique por dentro de tudo o que
aconteceu na Semana 70 anos FALE, que teve na organização os
professores Carlos Rossa, Adriana Rossa, Maria Tereza Amodeo, Vera
Teixeira de Aguiar, Vera Pereira e Regina Buchweitz.
Foto: Antonio Munró Filho
BREVE
HISTÓRICO
Concebida pelo Prof. Ir. Afonso,
missionário marista francês que chegou
ao Brasil em 1903, a Faculdade de Letras
da PUCRS foi criada pelo Decreto
Federal 5.163, de 23 de janeiro de 1940,
e solenemente inaugurada em 26 de
março do mesmo ano, com o nome de
Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras. De lá para cá, a instituição, cujo ideal era formar bons professores para o ensino secundário (ginásio e
colegial), mudou muito. Desde o nome – passou a se chamar Instituto de Letras e Artes (ILA) em 1968 e, já no
século 21, adotou a sigla FALE – às aspirações. Hoje, é um dos mais tradicionais e importantes centros de estudos
de nível superior na área de Letras do Rio Grande do Sul. Além de oferecer três cursos de graduação –
Licenciatura Simples em Português, Licenciatura Dupla em Português/Espanhol e Licenciatura Dupla em
Português/Inglês –, possui um conceituado Programa de Pós-Graduação em Letras – o PPGL/PUCRS –, que
.
oferece cursos de especialização, mestrado e doutorado.
Ao longo de toda a semana passada, quem circulou pelo prédio 8 pôde conferir, no saguão, um painel
com alguns momentos da história da FALE. A linha do tempo foi montada pelos bolsistas do PET-Letras, com
fotografias pertencentes ao arquivo da Assessoria de Comunicação Social da PUCRS e ao acervo do Ir. Adelino
Martins.
LITERATURA
“IN PRAESENTIA”
Quem saía do prédio 8 no final da tarde de segunda-feira, 22 de março, ou chegava para as aulas da
noite, teve uma surpresa: em plena entrada da Faculdade de Letras, Shakespeare, Cervantes e Fernando
Pessoa se materializaram. Isso mesmo: devidamente caracterizados, os estudantes Lucas Costa, Jonas
Saraiva e Guilherme Teixeira deram vida aos autores e suas criações. Bolsistas do Centro de Referência para o
Desenvolvimento da Linguagem (CELIN), Jonas e Guilherme, estudantes de Letras, e Lucas Costa, acadêmico
de Engenharia da Computação – os jovens integram um projeto interdisciplinar na FALE – foram escolhidos
autores representados e da intimidade com os
idiomas em que esses autores escreviam – os
excertos retirados das obras Hamlet e
Dom Quixote foram recitados em
Fotos: Sabrina Schneider
para os papéis em função da afinidade com os
inglês e espanhol. Os jovens
puderam escolher os trechos
recitados. O Literatura
“in praesentia” foi dirigido pelo
doutorando Celso Sisto.
A FALE NA MINHA FORMAÇÃO
Na noite de 23 de março, terça-feira, os alunos da FALE, especialmente aqueles que recém deram os
primeiros passos em sua trajetória na área das Letras, tiveram uma rara oportunidade: ouvir os depoimentos
daqueles que já passaram pelos cursos oferecidos pela unidade acadêmica. A mesa-redonda A FALE na minha
formação, realizada no auditório do prédio 9, contou com a participação do Prof. Jorge Campos, do escritor
Charles Kiefer – que também é professor da Faculdade – e da astróloga e mestre em Letras Amanda Campos.
A pró-reitora de Graduação, Prof.ª Solange Medina Ketzer, não pôde comparecer, mas enviou seu depoimento
.
Brasil, coordenador da mesa.
Durante a explanação dos convidados, o público,
que lotou o auditório, conheceu um pouco das variadas
trajetórias profissionais que começaram a ser trilhadas nas
Foto: Antonio Munró Filho
por escrito. A leitura coube ao Prof. Luiz Antonio de Assis
salas de aula da FALE. O Prof. Jorge Campos, por exemplo,
fez questão de homenagear os irmãos maristas que
contribuíram para a sua formação acadêmica e fez um
agradecimento especial ao Prof. Ir. Mainar Longhi, que foi
professor e diretor da FALE por longos anos. Ele também falou sobre os 25 anos de atuação na FALE e o
orgulho de ver parte de sua história se misturar com a da faculdade. Já o Prof. Charles Kiefer contou as
peculiaridades que o fizeram chegar até a FALE e o que a experiência significou para sua vida. A astróloga
Amanda Costa salientou como o curso de Letras contribui para os seus estudos na astrologia e disse que,
apesar de não atuar diretamente na área, a formação foi muito importante para a sua carreira em
outras profissões.
Foto: Sabrina Schneider
RECITAL
Chiquinha Gonzaga, Heitor VillaLobos, Ernesto Nazareth, Pixinguinha,
Tom Jobim, Ernani Aguiar. O recital em
homenagem as 70 anos da FALE, no
início da tarde de 24 de março, foi um
verdadeiro passeio pelo que há de
melhor na música brasileira. A
apresentação do Quinteto de Cordas da
Orquestra Filarmônica da PUCRS
contagiou os professores, funcionários e
alunos presentes, que pediram bis ao
final. O evento ocorreu no Auditório
Ir. Elvo Clemente.
MISSA EM AÇÃO DE GRAÇAS
Foto: Sabrina Schneider
Uma missa de agradecimento pelos 70 anos da
FALE foi celebrada no início da noite de quinta-feira,
25 de março, na Igreja Cristo Mestre, localizada no
campus central da PUCRS. O padre Antony Kotholy
lembrou que, em sânscrito, a mesma palavra significa
“letra” e “imperecível”, pois o conhecimento deve
levar a Deus, ao que é eterno. “Que vocês, da
Faculdade de Letras, possam continuar conduzindo
seus alunos ao conhecimento, ao que é imperecível.”
As ex-professoras Dileta Silveira Martins e Adda Nari
Menezes Alves participaram da missa. Com a diretora da FALE, Prof.ª Maria Eunice Moreira, elas
levaram as oferendas, entre as quais estava o símbolo da unidade acadêmica, até o altar. O reitor da PUCRS,
Prof. Ir. Joaquim Clotet, esteve presente à celebração.
EM BUSCA DO MISTÉRIO E DA EPIFANIA DA LINGUAGEM
“Para que serve um curso de Letras?” A pergunta, que surgiu durante uma conversa entre dois
participantes do programa de televisão Big Brother, exibido em rede nacional, foi o pretexto para uma
das mais belas aulas inaugurais já proferidas na FALE. Partindo da dúvida dos brothers sobre a
utilidade de se estudar Letras, o Prof. José Luiz Fiorin (USP), doutor em Linguística, falou por uma
hora sobre a importância da reflexão sobre a linguagem, reflexão que ele chama de “aventura humana
da liberdade”. “O curso de Letras serve para essa aventura.”
.
A linguagem, como lembrou o Prof. Fiorin, sempre interessou o homem, a ponto de cada
civilização possuir um mito para explicar seu surgimento. Ela era considerada um atributo da divindade.
Tanto que, no Gênesis, a passagem do caos à ordem se dá pela linguagem. “Nesse universo mítico,
dar nomes é criar.” Mas não é preciso recorrer aos textos sagrados para que se verifique o poder
instaurador da linguagem. Basta pensar nas realidades determinadas por conceitos criados pela
língua. Uma dessas realidades é o pôr-do-sol. “Na verdade, o sol não se põe, pois é a Terra que gira
ao redor dele.” Assim, é por meio da linguagem que apreendemos o mundo. É por intermédio dela
que prestamos atenção ao está na nossa volta.
.
“A linguagem é onipresente: cerca-nos desde o despertar da consciência. Sem ela, o mundo do
trabalho não pode ser organizado. Sem ela, o conhecimento não pode ser acumulado. Sem ela, os
sentimentos não podem ser expressos”, enumerou o palestrante. “Ela é meio de ação recíproca, de
interação com os outros, local de confronto, de acordo, de negociação. É ela que dá identidade social
ao indivíduo”, continuou. Porém, uma das finalidades mais nobres da palavra, de acordo com Fiorin,
é a de criar utopias e sonhos. “Ela nos permite mudar a realidade.” Em O Romanceiro da
Inconfidência, Cecília Meireles mostra, como lembrou o palestrante, que a palavra
pode ser tanto uma palavra de morte – “sois o ferro que arrocha/sois o barco
para o exílio” – quanto uma palavra de vida – “A liberdade das almas/ai! com letras
se elabora...” – apesar de sua aparência de “tênue seda” ou “sopro de aragem”.
Diz a poeta: “Ai, palavras, ai, palavras/Que estranha potência a vossa!”.
“Eu não queria ter feito Direito, eu não queria ter feito Medicina, eu não
queria ter feito Engenharia. Eu tenho orgulho de ter feito Letras”, finalizou
Fiorin, provocando uma explosão de aplausos no Teatro do prédio 40.
No dia em que a FALE completou seus 70 anos de existência,
26 de março, nenhum presente teria sido melhor.
Foto: Bruno Todeschini
PARA MIM, ESTUDAR NA FALE FOI...
“Nasci e vivi em Santa Maria, uma cidade do interior, onde a Universidade Federal de
Santa Maria oferecia excelentes oportunidades de estudo. Lá fiz o curso de Direito e ingressei na
carreira do Magistério. Estudar Letras foi um compromisso que assumi comigo mesma, um
compromisso para com minha realização pessoal e profissional. Quando cheguei à PUCRS e fui
aprovada na seleção ao Mestrado, descortinei um mundo totalmente desconhecido, que me
apontou novos rumos para a docência e para a pesquisa. Na PUCRS, encontrei respostas para
algumas perguntas, mas me deparei com muitas dúvidas. Muitas me acompanham até o dia de hoje,
mas são elas que transformam o magistério em uma profissão instigante, possível de ser
renovada a cada dia de uma já longa carreira.”
Maria Eunice Moreira
Conclusão do curso: 1989
“Estudar na FALE foi para mim a conclusão de uma etapa, ainda que
tardiamente: com 46 anos na época, já casada e com filho, eu não era tão jovem
quanto os colegas. Mas essa troca de experiências foi importante. Viver nesse meio
que exalava cultura por todos os andares deixou em mim não só marcas, mas
também muita saudade. Saudade dos professores, dos colegas, do cafezinho no bar
do prédio 8. Em poucas palavras, não se descrevem tantas coisas boas.”
Sandra Beatriz Corrêa Tomé
Conclusão do curso: 2006
“Ter sido aluna da FALE foi muito mais do que aprender conteúdos: significou a conquista
de oportunidades de trabalho, possibilitou contato com professores altamente qualificados,
contato com pessoas que até hoje fazem parte da minha vida. Foi uma honra ter sido aluna do
corpo docente que integra essa Faculdade. Congratulations!!! Thanks for everything!!!”
Keli Cristina Polese
Conclusão do curso: 2007
“Foi a melhor fase da minha vida! Se tivesse que voltar no tempo...
faria as mesmas escolhas! Tudo o que eu conquistei até hoje na minha vida
foi graças aos estudos na Faculdade de Letras da PUCRS!!!
Espero voltar a estudar na Universidade em 2010.”
Deborah Araújo
Conclusão do curso: 1982
“Estudar na FALE significou a abertura de oportunidades profissionais jamais previstas
no momento em que optei por fazer o concurso vestibular.”
Solange Medina Ketzer
Conclusão do curso: 1982
S U G E S T Õ E S
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public ado neste espaço, escreva para o
e-mail [email protected].
.
O mesmo vale para críticas!
.
E X P E D I E N T E
Sabrina Schneider (Edição e Redação)
Antonio Munró Filho (Redação)
Leandro Riva da Silva (Diagramação)
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