Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Certificate in Financial Management - CFM Joao Bosco Ramos dos Anjos Avaliação de Investimento - FIDC São Paulo 2013 CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 2 JOÃO BOSCO RAMOS DOS ANJOS AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTO - FIDC Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao curso de CFM, como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Gestão de Finanças do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Orientador: Prof. Alexandre Jorge Chaia São Paulo 2013 gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 3 Resumo ANJOS, Joao Bosco Ramos. Avaliação de Investimento - FIDC: São Paulo, 2013, 34 p. TCC - Certificate in Financial Management. CFM Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Avaliação de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), no qual foi utilizado o método de análise de retorno com marcação a mercado (MAM) e indicadores de riscos com objetivo de determinar em uma amostra de 12 fundos qual a melhor opção de investimento utilizando os dados disponíveis no mercado. Este trabalho propõe um modelo simples de atualização e compreensão para comparação de diferentes FIDCs por meio da construção de uma planilha de cálculo de indicadores de risco e retorno, a partir de dados públicos de preços diários das cotas de cada fundo. No capítulo 1 é apresentando as principais instruções, classificações e tipos de fundos FIDC existentes. No capítulo seguinte, é abordado os conceitos de cálculos de risco e retorno que serão utilizados para comparação dos fundos. Os principais objetivos do presente estudo e as premissas e limitações são definidos respectivamente nos capítulos 3 e 4. Os capítulos 5 e 6 é apresentado a tabela resultado com o ranking dos 12 fundos escolhidos e as principais conclusões na visão do investidor e originador de recebíveis. Palavras-Chave: FIDC, Direitos Creditórios, Fundo de Recebíveis, MaM, Índice de Sharpe. gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 4 SUMÁRIO 1. Introdução .......................................................................................................................... 5 1.1 Normativos ................................................................................................................. 5 1.2 Histórico ...................................................................................................................... 7 1.3 Partes envolvidas ...................................................................................................... 9 1.4 Estruturação de um FIDC ...................................................................................... 10 1.5 A Indústria de FIDC ................................................................................................ 12 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................... 13 2.1 Metodologias de avaliação .................................................................................... 13 2.2 Conceito de risco-retorno....................................................................................... 15 2.3 Marcação a Mercado (MaM) ................................................................................. 17 2.4 Índice de Sharpe (IS) .............................................................................................. 21 3. DESCRIÇÃO DO OBJETO DA AVALIAÇÃO ............................................................ 22 3.1 Objetivo da Avaliação ............................................................................................. 22 3.2 Análise de riscos ..................................................................................................... 23 3.3 Estrutura da avaliação ............................................................................................ 26 3.4 Resultados esperados ............................................................................................ 26 4. PREMISSAS DA AVALIAÇÃO ..................................................................................... 27 4.1 Expectativas para a geração de caixa ................................................................. 27 4.2 Benchmark de risco ................................................................................................ 27 4.3 Premissas utilizadas ............................................................................................... 27 5. ANÁLISE DE RESULTADOS ....................................................................................... 28 5.1 Análise de Sensibilidade ........................................................................................ 28 5.2 Fundos avaliadas .................................................................................................... 29 5.3 Resultados Obtidos................................................................................................. 30 6. CONCLUSÃO.................................................................................................................. 31 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 34 gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 5 1. Introdução1 Fundo de Investimento em Direito Creditórios (FIDC) é uma modalidade de fundo que possui regulamentação editada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e que visa interligar o investidor com o originador de crédito final, sem a necessidade de uma empresa de intermediação financeira. Também conhecido como Fundo de Recebíveis combina dívidas entre Originador e Tomador como garantias ao Investidor do fundo que passa a receber o risco diretamente da carteira controlada por um Administrador independente contratado e que determina, seguindo os critérios do fundo e sua expertise, quais serão os melhores investimentos, sem que haja intervenção do Originador. Como analogia, um FIDC se comporta como um condomínio. Cada cotista representa um morador, que busca dividir os custos de aplicação dos recursos recolhidos contratando uma administradora que possui as ferramentas e conhecimentos necessários para melhor investir. No caso do condomínio, os moradores tem interesse em melhorar e resolver os problemas das áreas comuns pelo menor custo; o que também é o objetivo principal dos fundos, reduzir custo da operação com compartilhamento de uma mesma empresa especializada. Nos fundos este esforço visa melhores taxas para os tomadores finais em relação as outras opções de mercado com objetivo de garantir expansão da carteira de crédito e maior rendimento que outros investimentos para atrair investidores. 1.1 Normativos A instrução CVM n°356, de dezembro de 2001 regulamenta a constituição e o funcionamento de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). Nele são considerados direitos creditórios originários de operações realizadas nos segmentos comercial, financeiro, industrial, imobiliário, hipotecas, arrendamento mercantil (Factoring) e de prestação de serviços, bem como em outros ativos financeiros e 1 Caso desenvolvido pelo aluno do programa Certificate in Financial Management sob orientação do Prof. Alexandre Jorge Chaia. Nenhuma parte deste caso pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer meio eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópia, gravação ou qualquer outro sistema de armazenamento, sem autorização por escrito do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Aos infratores aplicam-se as sanções previstas nos artigos 102, 104, 106, 107 da lei 9610 de 19/02/1998. gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 6 modalidades de investimento definidos na instrução. A Tabela 1 resume as diferentes classificações de FIDCs segundo o normativo. Tabela 1 - Classificações de FIDCs segundo padrões definidos na instrução CVM n°356/2001. Aberto Cotistas podem solicitar resgate de cotas, em conformidade com o disposto no regulamento do fundo. Fechado Cotas são resgatadas apenas no término do prazo de duração do fundo ou em virtude de sua liquidação, admitindo-se, ainda, a amortização de cotas por disposição do regulamento ou por decisão da assembleia geral de cotistas. Tipo Sênior Não se subordina às demais para efeito de amortização e resgate. Subordinada Subordinadas às cotas sênior ou a outras cotas subordinadas (mezanino), para efeito de amortização e resgate. Valor Mínimo R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Carteira Após 90 (noventa) dias do início das atividades do fundo, no mínimo 50% de seu patrimônio líquido, em direitos creditórios. O excedente pode ser aplicado em outros investimentos como Títulos do Tesouro, CDBs, derivativos entre outros listados na CVN. Negociação Negociada em mercado secundário, bolsa de valores, mercado de balcão todos quando o intermediário subscritor ou o adquirente das cotas assegurar a condição investidor qualificado (possuir mínimo de R$ 300.000 em investimentos). Rating Empresas de rating independentes especializadas em avaliar carteiras de crédito que determinam a classificação de risco dos fundos dado avaliação das carteiras, inadimplência históricas e últimos resultados. Registro de Direitos Creditórios Os direitos creditórios e os demais ativos integrantes da carteira do fundo devem ser custodiados, bem como registrados e mantidos em conta de depósito diretamente em nome do fundo, em contas específicas em instituições ou entidades autorizadas à prestação desses serviços pela referida Autarquia ou pela CVM. Auditorias Realização de auditorias independentes visando garantir que os fundos e partes envolvidas sigam o contrato. Fundo Garantidor Não contam com garantia da instituição administradora ou do Fundo Garantidor de Créditos - FGC. CVM Contratos controlados pela CVM que acompanha normativos do fundo, com opção de liquidação e penalização dos responsáveis administradores em caso de descumprimento das disposições da Instrução normativa. Cotas Aplicação Garantias Além da regulamentação da Instrução n°356/2001, com alterações nas 393/03, 435/03, 442/06 e 458/07, outra que pode ser citada é a Instrução 489, de 14 Janeiro gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 7 de 2011. Esta dispõe sobre as normas aplicáveis à elaboração e divulgação das demonstrações financeiras e os critérios contábeis de reconhecimento, classificação e mensuração dos ativos e passivos, assim como o reconhecimento de receitas e apropriação de despesas dos Fundos de Investimento em Direitos Creditório. As principais critérios adotados: Aplicar os critérios contábeis de reconhecimento, classificação e mensuração dos ativos e passivos, receitas e apropriação de despesas, previstos pela CVM aplicáveis às companhias abertas O ganho ou a perda resultante de ativo ou de passivo do fundo deve ser reconhecido no resultado do período Classificar operações com direitos creditórios em registro contábil em: operações com aquisição substancial dos riscos e benefícios e sem aquisição substancial dos riscos e benefícios. No caso sem aquisição o fundo não adquire substancialmente todos os riscos e benefícios de propriedade do direito creditório; Os demonstrativos contábeis precisam ser divulgados em informe mensal, comparativas com período anterior e data referência o último dia do mês; Necessário divulgação das seguintes demonstrações financeiras anuais, acompanhadas do parecer do auditor independente2: o Demonstração da Posição Financeira; o Demonstração do Resultado; o Demonstração da Evolução do Patrimônio Líquido; o Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Direto ou Indireto; o Notas Explicativas. 1.2 Histórico Os fundos de direitos creditórios tem início no Brasil em 2001 com a instrução CVM n356. Segue Figura 1 com linha do tempo dos principais marcos dos FIDCs no mercado Brasileiro para contextualizar fundo e seu mercado na linha do tempo. 2 Demonstrativos são exemplificado na página 14, Instrução 489, disponibilizado no site da CVM, e não foram anexados por não fazer parte do objetivo a demonstração de resultados divulgados. gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper 8 CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA Figura 1 - Linha do tempo com principais marcos do mercado FIDC no Brasil Conflito de Interesses Lei12.431 (FIDC Infraestrutura) Instrução CVM n531 que altera a n356. Guarda, Cobrança e Custódia Diretrizes de Publicidade. Diretrizes de Precificação e Provisionamento Deliberação n11, incluídos FIDCs no Código de Fundos da ANBIMA Crise Subprime EUA. Muitos FIDCs apresentam eventos de avaliação e liquidação Resolução CVM n2.907 Instrução CVM n356 2001 2002 2003 2004 2005 Instrução CVM n399 FIDC e PIP Instrução CVM n444 FIDC NP 2006 2007 Instrução CVM n489 do Demonstrativo Contábil. Iniciado classificação ANBIMA 2008 2009 Crise FIDCs Diversos cedentes de instituições financeiras começam a apresentar dificuldades 2010 2011 2012 2013 Resolução CVM n3.533 Implantação instrução CVM n 504/11 com envio de informações de carteira ao Sistema de Informações de Créditos (SCR) do Banco Central Um marco importante na linha do tempo de FIDC encontra o ano de 2008, com a crise Subprime dos EUA, como a crise de confiança em que os fundos e principais cedentes de instituições financeiras de produtos securitizados tiveram dificuldades em manter o crescimento da abertura de fundos ou mesmo a manutenção dos existentes por excesso de desconfiança e falta de liquidez no mercado devido à crise. Uma FIDC garantem ao investidor que compra cotas de contratos o valor de recebíveis que são os responsáveis pela remuneração do fundo. Os proprietários de cotas possuem direito sobre o patrimônio total da empresa e dos contratos de recebíveis no padrão de “true sale”, ou “venda definitiva” do direito do recebível do originador para o fundo. Neste formado, o devedor efetua o pagamento direto para a conta do fundo, não se misturando às finanças da empresa originadora. O fundo não corre o risco da cedente originadora, mas da pulverização da carteira de recebíveis, onde há uma diluição dos riscos de inadimplência com gestão e diversificação conforme regulamento do fundo. A evolução dos normativos da CVM buscam melhorar e ampliar as instruções de forma a garantir um mercado atrativo para investidores e seguros para o mercado financeiro. gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 1.3 9 Partes envolvidas O modelo padrão de FIDC está apresentado na Figura 2. A transação comercial entre cliente e originador pode ser uma operação industrial, comercial ou de prestação de serviço. O tipo de contrato realizado entre as partes, se estiver previsto no normativo CVM, poderá servir de garantia para cessão do Direito Creditório entre o Originador para um FIDC sendo registrado através de contrato e incluída a cláusula de coobrigação. Esta divisão do risco mantém o originador como um dos investidores do fundo, sem o direito de Gestão que é realizado por uma empresa especializada, ou síndico, que ficará responsável pelo FIDC e por garantir o cumprimento do estatuto. Figura 2 - Modelo padrão de estrutura de um FIDC. Cabe ao gestor do fundo a contratação de empresas prestadoras de serviço que garantam a isenção do processo que são especificadas no normativo da CVM. A empresa administradora vai auxiliar o gestor do fundo nas atividades da operação, ela deve garantir que apenas contratos cujo direitos creditórios estejam previstos no regulamento sejam financiados, e deverá auxiliar o gestor na elaboração de relatórios de resultados e na tomada de decisão de investimentos. A administradora deverá ser gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 10 submetida a auditoria independente que é responsável por verificar em 3 em 3 meses se está sendo mantido todos os requisitos do estatuto do fundo no processo e nos contratos de recebíveis. A consultoria de investimento e de portfólio pode ser contratada pela Administradora com o objetivo de auxiliar na melhor decisão de aplicação de recursos que deve ser feita pelo fundo. Uma outra prestadora de serviço a empresa Custodiante precisa ser certificada e reconhecida no mercado por sua isenção. Ela fica responsável por receber contratos e documentos, e tem o objetivo de mantê-los em lugar seguro e independente de forma que em caso de liquidação o gestor, administrador e originador não possuam qualquer acesso diferente de investidores do fundo. Esta empresa realiza a cobrança do direito creditório com o cliente final e em caso necessário pode cobrar também do Originador o exercício da coobrigação. A empresa de Rating fará a avaliação do risco da carteira e demonstrativos contábeis do fundo a fim de manter os investidores informados com os principais dados de rendimentos. Em fundos abertos ele proporcionará dados ao mercado de investimento a fim de atrair novos investidores. 1.4 Estruturação de um FIDC As cotas de FIDC podem ser comercializadas em Bolsa em ou mercado de Balcão. Como definição no mínimo 50% dos recursos devem ser investidos em direitos creditórios e o saldo em títulos de emissão do Tesouro Nacional, Banco Central, Estados e Municípios, CDBs, RDBs, valores mobiliários e ativos financeiros de renda fixa. A estruturação de um FIDC leva em consideração os passos do diagrama na Figura 3. gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 11 Figura 3 - Etapas principais de estruturação de um FIDC segundo workshops divulgados pela Anbima e normas da CVM. Definição de Objetivos e formação do time Tipo e Veículo captação Due Dilligence de recebíveis Tamanho da Oferta Estrutura da Oferta Análise de Portfólio Garantias Auditoria Contratação de Agentes Modelagem da Estrutura Adaptação de processos, sistemas e controle Ratings Definição Estrutura Administrativa, Legal e Regulatório Preparação da documentação Distribuição Definição dos temos e condições finais Material de Marketing Registro CVM, CETIP/CBLC e ANBIMA Identificação dos investidores target Road Show One-on-one Liquidação Pós-venda Segundo o “Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para os Fundos de Investimentos” estão subdivididos em relação ao seu foco de atuação, sendo listados na Tabela 2. Tabela 2 - Classificações dos tipos de fundos FIDC segundo foco de atuação conforme Anbima. Ti po ANBIMA FIDC Fomento Merca ntil Atri buto Foco de Atua çã o FIDC Fomento Merca ntil FIDC Crédi to Imobi l i á ri o FIDC Crédi to Cons i gna do FIDC Fi na ncei ro FIDC Crédi to Pes s oa l FIDC Fi na nci a mento de Veícul os FIDC Mul tica rtei ra Fi na ncei ro FIDC Infra es trutura FIDC Recebívei s Comerci a i s FIDC Agro, Indús tri a e Comérci o FIDC Crédi to Corpora tivo FIDC Agronegóci o FIDC Mul tica rtei ra Indús tri a e Comérci o FIDC Recupera çã o FIDC Outros FIDC Poder Públ i co FIDC Mul tica rtei ra Outros gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper 12 CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 1.5 A Indústria de FIDC A distribuição do patrimônios líquidos conforme o foco de atuação de FIDC estão demonstrado no gráfico Figura 4. A maior concentração encontra-se em produtos de Agronegócio, Indústria e Comércio, segundo dados divulgados pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Figura 4 - Distribuição de FIDC conforme foco de atuação conforme ANBIMA. Imobiliário (5) 28% FIDC Financeiro 16% FIDC Fomento Mercantil 4% FIDC Outros 7% FIDC Agro, Indústria e Comércio 45% Referência 16/08/2013 Dados históricos dos fundos de FIDC divulgados pela CVM mostram um mercado em expansão, representados na Figura 5. Em relação ao histórico dos fundos, entre Jan/2010 a Maio/2013 a quantidade de fundos aumentou de 222 para 302, um aumento de 36% no período o que representa a criação média de 2 novos fundos por mês. Em relação ao valor do Patrimônio Líquido os fundos tiveram seu pico em Set/2011, atingindo R$ 55.907 Milhões, o que representa uma variação elástica de 32% acima da média de R$ 42.316 Milhões. Figura 5 - Quantidade de fundos e total de PL conforme histórico CVM. Fundos FIDC - Quantidade e Patrimônio Líquido 350 60,0 Bi 55,91 302 300 250 222 42,98 200 40,0 Bi 150 100 30,36 50 0 20,0 Bi Quantidade FIDC gcaf PL FIDC [R$ Bilhões] Linear (Quantidade FIDC) Linear (PL FIDC [R$ Bilhões]) Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 13 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Metodologias de avaliação O modelo de avaliação quantitativo entre diferentes FIDCs não é linear. Embora muitos dos dados sejam padrões para fundos de investimentos, como informação do Patrimônio Líquido, Retorno Médio, comparação de rendimento em relação a curva do CDI obtidos na biblioteca do Insper em programas Bloomberg e Economática, estes não são suficientes porque não conseguem representar a distorção causada no retorno médio por “pagamento de prêmios”, mostrar a carteira de recebíveis, seu andamento e sua provisão. Os dados divulgados até pelas empresas de rating como Standard & Pools ficam muito longe de ser indicadores que mostrem o tipo de negócio que os papéis de recebíveis representam, que mostrem para os Investidores qual é a visão da carteira de recebíveis e seu valor real no mercado. Um exemplo de dificuldade em avaliar FIDCs está em carteiras de Consignado. A princípio se baseia em adquirir dívidas entre pessoa fixa com fonte de renda pagadora ativa, de um Originador, que pode ser um Banco ou Financeira, que realizou o contrato conforme rege as regras do produto. Este contrato é caracterizado por possuir as menores taxas, dado a garantia de ser cobrado diretamente na fonte pagadora. Ora, em teoria, o contrato possui fluxos de caixas constantes, em que o funcionário terá até 30% do seu salário descontado mensalmente para pagar parcelas da dívida, que será debitado antes mesmo do salário cair na conta do funcionário. Até aí está tudo bem, mas observando mais a fundo, até que ponto um pacote de contratos como este vale a pena? A empresa Originadora se possuir uma carteira de clientes, não vai repassar todos os seus contratos porque precisa manter um vínculos com seus clientes para manter outros produtos como em caso de bancos, que incluem outros serviços e produtos, como conta-corrente, cartão de crédito e novos contratos. Ora, se eles possuem um carteira própria, e fazem gestão da mesma, será que vão vender em mercado a melhor parte, a que garante rendimentos ou vai enviar os contratos com maus pagadores que conseguem utilizar artifícios para não quitar as dívidas? Como exemplo de problemas dos maus pagadores de Consignado, pode-se citar uma fonte pagadora que é uma PJ, que nem sempre é uma empresa grande que quer manter sua imagem. Uma pequena empresa, ou média pode não repassar o percentual dos salários dos funcionários para quitação de parcelas por motivo de gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 14 atraso do pagamento da folha; ou por problemas operacionais. Já uma empresa grande como a Sadia, 2008, pode entrar em crise e de um momento para o outro ter que demitir funcionários em massa. Estes não terão mais a fonte pagadora e já ficarão de fora do “fluxo de caixa constante” sendo um problema maior se a informação de que o empréstimo só poderá ser cobrado por boleto ou outra forma a ser renegociada com o Banco, ou financeira, podendo virar um crédito a mais a ser contratado pelo colaborador antes do desligamento. Dado este cenário como representar para o investidor o real valor do que está sendo investido? Se o Originador possui um histórico e áreas com conhecimento que trabalham para melhoria da carteira de crédito, como o FIDC vai estar blindado a não receber apenas contratos com maior percentual de inadimplentes, ou adquirir contrato com empresas com problemas em atrasos sejam por motivo financeiros ou operacionais? Uma ilustração que demostrou o problema com os fundos securitizados, foi a crise imobiliária dos “subprime” (segunda linha) ocorrida nos EUA 2008. Financeiras americanas venderam crédito de modo excessivo a clientes que não tinham bom histórico de pagamento de dívidas nos últimos anos. Este financiamento, de alto risco, davam aos clientes empréstimos Imobiliários que tinham como garantia as casas. Mas o mercado imobiliário entrou em crise em meados 2007 e os preços dos imóveis caíram, reduzindo as garantias dos empréstimos. Bancos transformaram esses empréstimos hipotecários em papéis e venderem a outras instituições financeiras no formato de fundos, que por sua vez realizaram seguro contra perdas com seguradoras como a AIG (American International Group), governamental, que recebia tarifas por contrato segurado. Em resumo, estes papéis de fundos determinaram perdas para os envolvidos porque tinham como base uma carteira de contratos de hipoteca de imóveis que valiam menos que o valor da dívida. Se o problema é risco de carteira como então entrar neste detalhe, que na verdade é o que representa o real retorno dos recebíveis? Esta resposta não foi encontrada. Os fundos não divulgam seus dados para o público e não há uma forma de comparação ou fiscalização exceto pelas empresas de Rating. No trabalho foi buscado localizar em uma avaliação de fundos, dados públicos e de fácil acesso e atualização. O valor do preço da cota divulgado diariamente foi o escolhido para mensurar o valor de retorno e risco de cada fundo. gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 2.2 15 Conceito de risco-retorno O conceito de risco é definido como a volatilidade dos retornos que conduz a “perdas inesperadas”, com maior volatilidade indicando maior risco (Michael Crouhy, Dan Galai, Robert Mark - Fundamentos da Gestão de Riscos p.21). Os fatores de riscos presentes numa avaliação de investimentos são encontrados em diferentes partes do negócio, do processo de securitização e até da análise e distribuição de recebíveis. Em resumo, os principais fatores de riscos são citados na Tabela 3. Tabela 3 - Quadro resumo dos principais fatores de riscos em fundos de recebíveis. Tipo Subdivisões Risco de Mercado Risco de alterações do preço e taxas do mercado financeiro, que pode ser do mercado em geral em que todo o mercado seja obrigado a se alinhar ou específico a transação financeira atrelada aos recebíveis, que podem reduzir seu valor que está pré-fixado se as taxas baixarem, em relação ao retorno que é variável em relação ao CDI. Taxas de Juros O aumento da taxa de juros do mercado, determinado pela alteração da SELIC no caso do Brasil, determina que a variação do valor de um título de renda fixa. Em carteiras de FIDCs este risco encontra-se também na variação da sua carteira de recebíveis complexa, com diferentes exposições e vencimentos que não são protegidas com utilização de um "hedged", já que são dívidas pré-fixadas em contratos. Preço É atrelado ao risco de preço das cotas do fundo. Dado a variação de mercado, um fundo pode ter queda do valor percebido no mercado em relação ao seu valor, baseado em dados como retornos históricos, qualidade da administração, da linha de negócios, ou mesmo a qualidade do processo de negócio do Originador. Risco de Crédito Risco de inadimplência da contraparte devedora do contrato de recebível que pode não ser capaz de quitar as obrigações. Além desse risco de exposição a variação dos indicadores de inadimplência, outro é o da avaliação de empresas de rating que podem expor o fundo com rebaixamento da empresa originadora e até mesmo do fundo dado sua exposição a variação de determinado segmento. Risco de Liquidez Liquidez financeira Liquidez do ativo gcaf Descrição Este risco está relacionado a capacidade do fundo de possuir investimentos e receber o suficiente do pagamento de recebíveis, para quitar todas as obrigações com as partes relacionadas. Capacidade de levantar recursos para quitar suas dívidas como exemplo na compra de recebíveis, manter o caixa, pagar agentes do processo de administração e satisfazer as retiradas e liquidações de quitação previstas pelo regulamento. Risco de não realizar uma transação ao preço de mercado, por não haver condições de financiar um contrato com preço menor praticado devido variação do mercado ou mesmo está vinculado ao regulamento do fundo que não permita praticar determinado preço sem antes haver uma alteração desta norma. Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 16 Risco Operacional Perdas devido a falhas de gestão, erros de sistemas, fraude e erro humano. Está inerente as diferentes partes em relação ao cedente: originação, cobrança e recebimento, administração de recebíveis em atraso. Risco Legal, e regulatório Risco de reputação das partes que podem ser individualmente abordadas por problemas e incompatibilidades com o regulamento ou falta de aval jurídico em alguma das operações, o potencial impacto em alteração de legislação e normativos aplicáveis a cada estrutura e classe de ativos (CVM, Banco Central) que determine não só a necessidade de adequação mas provoque perdas à operação para se alinhar a uma nova norma. Risco de Negócio Relacionado às incertezas sobre a demanda dos produtos, do preço que pode ser cobrado por produto, e o custo de oferecer este produto com todas as garantias e processo de securitização necessário. Risco Estratégico Risco dos elevados investimentos para os quais existe uma alta incerteza sobre o sucesso e a lucratividade. Em FIDCs a decisão do Administrador em investir em determinado recebível de um Originador, e sua composição de carteira entre recebíveis e renda fixa, podem determinar grandes perdas caso as decisões estratégicas não garantam o rendimento e proteções a perdas, mantendo isentos os investidores e a credibilidade de gestão administradora. Risco de Reputação Nova dimensão de risco que passa a ter maior peso após escândalos corporativos (ex. Enron, Subprime) em que a reputação do tipo de fundo, da instituição financeira ou do Administrador do fundo que exige confiança dos investidores e envolvidos que garanta que as operações financeiras complexas sejam isentas de vícios que prejudiquem sua imagem para investidores na captação e da efetividade dos órgãos reguladores para todo o mercado. Neste trabalho foram adotadas as principais medidas de risco, sendo a média e o desvio padrão dos retornos e o Índice de Sharpe utilizando o histórico de preço em determinado período e a curva de CDI como ativo livre de risco. Nos resultados, salvo a consideração de desvalorização devido ao pagamento de amortização, foram considerados apenas os valores positivos dado que a informação negativa dos indicadores de risco não possibilita sua comparação ou mesmo pode ser utilizada para ranking. O maior desvio padrão indica maior risco, já o indicador do índice de Sharpe é melhor quanto maior for o seu valor. Esses indicadores não foram abordados de forma ostensiva devido ao fato de precisarem ser calculados de forma manual e individual em planilha, sem a utilização de softwares públicos como Economática, não sendo assim o objetivo do estudo de desenvolver uma ferramenta de análise de riscos confiável, mas sim abordar a avaliação de riscos com os dados fornecidos em mercado, que claramente não depende apenas do preço e da curva de CDI para caracterizar o risco vs retorno. O objetivo principal é demonstrar construindo um comparador de fundos o esforço envolvido; suas dificuldades em abordar diferentes fundos; os conceitos de risco e retorno; e a pouca precisão da avaliação por não considerar os dados de carteira de gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 17 recebíveis que não são públicos. Sem eles, um simulador por melhor que fosse, não representa o risco de um FIDC. Nos próximos itens deste capítulo serão apresentados os principais indicadores de risco e retorno que foram adotados neste trabalho. 2.3 Marcação a Mercado (MaM) Conforme a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (ANBID), através do seu Código de Auto-Regulação, recomenda aos Administradores de fundos de investimento a adoção de princípios de Marcação a Mercado (MaM) dos ativos das carteiras dos fundos de investimento. Esses princípios estão na Deliberação ANBID n° 14, de 26 de outubro de 2004. A MaM consiste em calcular o retorno de ativos, para efeito de valorização dos Fundos, pelos respectivos preços negociados no mercado em casos de ativos líquidos, ou por uma estimativa adequada de preço que o ativo teria se negociado em determinada data de liquidação. Alguns dos principais objetivos desse modelo de avaliação sobre o real valor da cota de um Fundo é de garantir maior transparência aos riscos embutidos, já que as variações históricas e de fatores do mercado sobre os preços dos ativos, serão refletidos em seus preços e retornos para todos os investidores, garantindo maior isenção da informação que será disponibilizada a todos e permitindo o efeito de comparação de performance entre diferentes fundos. Os FIDCs têm o valor de suas cotas atreladas ao desempenho de seus ativos. Embora todos os cotistas partilhem do patrimônio do FIDC, a modalidade de cada cota faz com que o nível de inadimplência entre os direitos creditórios integrantes da carteira afetem de forma diferente o resultado dos cotistas. As cotas de FIDC, conforme abordado no item 1.1 deste TCC página 6, podem ser divididas, de forma simplificada, em três modalidades: cotas seniores que têm seu desempenho afetado pela inadimplência dos direitos creditórios apenas depois que as outras cotas tiverem sido completamente consumidas; as cotas mezanino, que estão subordinadas às cotas seniores, mas protegidas dos efeitos da inadimplência dos direitos creditórios pela integralidade do patrimônio sobre cotas subordinadas; e as cotas subordinadas que são as primeiras a sofrer o impacto da inadimplência. gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 18 Por haver diferentes níveis de exposição à inadimplência, as diferentes cotas apresentam características de volatilidade e retorno diferenciadas. Enquanto as cotas subordinadas tendem a possuir comportamento semelhante ao de ativos de renda variável, já que estão sujeitas à eventos de atraso de pagamentos, quitação antecipada de dívidas em atraso ou mesmo execução de garantias como no caso de automóveis, as cotas seniores se aproximam ao comportamento de títulos de renda fixa. O apreçamento das cotas seniores e subordinadas está sujeito, portanto, às particularidades de cada estrutura. Entre as características mais relevantes para determinação do nível de risco de crédito e, consequentemente, do valor de mercado das cotas dos FIDCs, destacam-se: A característica dos recebíveis; A concentração dos devedores; O percentual de subordinação na estrutura do fundo; Os gatilhos para Eventos de Avaliação e/ou Liquidação Antecipada; e a existência de garantias reais. Uma vez que a análise de retorno de fundos FIDCs está atrelado a diferentes particularidades da estrutura e dos diferentes tipos de ativos de direito creditório negociados, uma análise MaM comparativa entre diferentes fundos demanda um modelo de simplificação para a partir do preço diário divulgado de cada cota do fundo represente o retorno em determinado período e possa permitir a comparação de qual é o melhor investimento. Este modelo adotado de marcação a mercado, representa uma mensuração do risco x retorno de cotas seniors, que serão sujeitas a inadimplência apenas depois de todas as outras, com comportamento a renda fixa, mas observando o pagamento de amortizações, como queda representativa do preço do fundo. Ou seja, para determinado momento da curva de preço, os fundos em comparação tiver uma queda de 15% do valor do preço da cota, devido ao pagamento de prêmio aos cotistas, este valor representará o retorno por este pagamento e será ajustado para ser contabilizado no rendimento total do período. Softwares de avaliação dos principais indicadores de fundos como o Economática não representam o retorno preciso, devido ao pagamento de amortizações, que se não forem considerados separadamente vão gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 19 determinar resultados negativos para o fundo, por não considerar o pagamento destes prêmios. Segue na Equação 1 o cálculo de marcação a mercado utilizada. Equação 1 - Cálculo do valor da cota com Marcação a Mercado (MaM) ao CDI. 𝑝𝑧 𝑉𝑀𝑒𝑟𝑐 = 𝑉𝐼 𝑥 (1 + 𝑖)252 𝑝𝑧 (1 + 𝑖𝑟𝑓 )252 VMerc: é o valor da ponta VI: valor inicial da cota no momento da emissão i: taxa de retorno da aplicação no fundo durante o período de investimento irf: é a taxa de retorno do ativo livre de risco pz: é o prazo em dias úteis do momento da emissão até a data de liquidação do investimento Neste cálculo foram considerados nas taxas de retorno o pagamento da amortização. Logo, se durante o período for constatado uma queda brusca no valor da cota, este valor será adicionado como taxa de retorno. A Figura 6 demonstra um exemplo de fluxo de caixa para melhor esclarecimento do critério adotado da taxa de retorno. Figura 6 - Fluxo de caixa considerando o pagamento de prêmio (amortização). Valor Final Amortização i1 i2 0 Preço diário (252 d.u.) itotal Valor Inicial (Investimento) Para cálculo do valor da taxa de retorno total do fundo, foi considerado o valor da amortização. No fluxo demonstrado na Figura 6, são necessário informar, data inicial e final do investimento, valor inicial aplicado, percentual de queda do valor da cota que representa o pagamento de amortização. Dados estes valores, o valos da taxa equivalente é obtido conforme equação que utiliza o preço histórico da ação publicados em mercado e obtidos pelo Economática para caracterizar o retorno dos gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper 20 CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA fundos em estudo. Segue na Equação 2 o resumo do cálculo da taxa de retorno do fluxo de caixa apresentado. Equação 2 - Cálculo da taxa de retorno total considerando pagamento de amortizações aos investidores. 𝑖𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = [ 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡𝑖𝑧𝑎çã𝑜 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑥 ]−1 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡𝑖𝑧𝑎çã𝑜 Para esclarecer o cálculo utilizado na avaliação do retorno total dos fundos, segue o exemplo na Tabela 4 do cálculo para um único FIDC com uma amortização obtida no período devido à queda de 18% no valor da ação: Tabela 4 - Exemplo de cálculo de retorno de um FIDC, utilizando dados de investimento fictício, mas o preço da cota foram obtidos pelo software Economática. FIDC FIDC BV Fina nceira IV Sênior Qua ntida de Detida 1.214,56 Início Inves timento 30/12/2011 Fina l Inves timento 12/11/2012 % Amortiza çã o Preço por cota 30/12/2011 1.158,01 15% 06/06/2012 1.209,96 Quanti da % Vari ação Amorti zação Taxa [%a.p.] Taxa ref Deti da Preço cota 1.406.474,48 4,49% i1 1.469.562,16 - 08/06/2012 992,51 1.205.461,42 -18,0% 12/11/2012 1.027,75 1.248.256,65 - Val or Cota 264.100,74 - 3,55% i2 8,19% i total Referênci a Evento Val or Ini ci al Amorti zação Val or Fi nal Neste exemplo, entre os dias 06/06/2012 e 08/06/2012 houve uma queda brusca no valor da cota, superior a 15% de desvalorização entre dois dias úteis consecutivos, o que foi considerado o pagamento de amortização. Caso houvessem outras amortizações estas seriam consideradas no valor da taxa total. A abordagem de um percentual de variação do preço da cota, determina uma simplificação para comparação em ranking de diferentes fundos que assume que mesmo em caso de desvalorização por outros motivos, o percentual elevado de 15% adotado representa o pagamento de amortização aos cotistas e não a queda no valor da ação. Mas em gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 21 um estudo mais extensivo deve-se utilizar os dados divulgado pelas investidoras do fundo com os valores declarados de pagamentos realizados. 2.4 Índice de Sharpe (IS) O índice de Sharpe (Willian Sharpe,1996) é um indicador de desempenho que ajusta o retorno ao risco, ele avalia se um determinado fundo de investimentos apresenta uma rentabilidade ponderada ao risco que o investidor está exposto. Este índice é uma medida de ganho por unidade de risco e é definido pela Equação 3. Equação 3 - Fórmula do Índice de Sharpe. 𝐼𝑆 = 𝐸(𝑅𝑝 ) − 𝑅𝑓 𝜎(𝑅𝑝 ) IS: índice de Sharpe de um determinado período de investimento E(Rp): retorno esperado no período Rf: retorno do ativo livre de risco (Rp): desvio padrão do retorno do portfólio Ele pode ser utilizado em criação de rankings de diferentes fundos de forma a comparar de forma simples, o percentual de retorno em relação ao retorno do benchmark, no caso CDI, proporcionalmente ao percentual de risco (desvio padrão dos retornos). No caso dos fundos FIDC, o pagamento de amortizações durante o período de investimento inviabiliza a observação do IS preciso, porque se este considerar apenas o preço, estará sujeitando o ativo a uma desvalorização, que na verdade não ocorreu por pagamento de prêmios no momento de pagamento de amortizações para os investidores, que é combinado em cada regulamento de fundo. Por simplificação, ao invés de buscar cada histórico na CVM sobre a distribuição de valores, individualmente por fundo, foi levantado um valor médio de 10% a 15% de desvalorização do valor do preço da ação quando ocorre um pagamento considerável de amortização. No simulador de ranking este percentual está variável, sendo possível alterá-lo se for objeto de estudo fundos com menor percentual de amortização. Este recurso pode ser substituído por informação precisa da data e do valor amortizado, mas não foi objetivo do trabalho, já que demandaria um esforço maior de levantamento de informações, em sua atualização. gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 22 O índice de Sharpe é muito utilizado na comparação de fundos no mercado brasileiro, mas além da sua limitação de não observar os pagamento de amortizações no caso de FIDCs, não considera valores de IS negativos, que não podem ser considerados para rating, devendo ser excluídos. 3. DESCRIÇÃO DO OBJETO DA AVALIAÇÃO 3.1 Objetivo da Avaliação O presente estudo visa investigar e desenvolver e uma forma de comparar diferentes fundos de investimentos, com os dados e informações disponibilizados na Internet, nos sites da CVM, Administradoras de Fundos, ANBIMA, nos softwares de informações de fundos disponíveis na biblioteca do INSPER Economática e terminal Bloomberg. Não foram enviados solicitações de mais informações às Administradoras de FIDC, visto que um dos objetivos do estudo é demonstrar qual o nível de informação que uma pessoa de fora do foco de atuação de determinado FIDC pode se informar, com os meios existentes. A comparação entre tipos de fundos é feita baseada em seu retorno histórico e seu risco. No caso de FIDCs os diferentes recebíveis determinam diferenças brutais nos níveis de inadimplência, provisão contra devedores duvidosos, termos de garantias do produto e formato de negociação. Num primeiro momento foi necessário levantar todos os dados de preços de FIDCs existentes. Pela Bloomberg há a cotação histórica de 259 fundos dos quais apenas 33 do total de 292 ativos na CVM não apresentam preço histórico na Bloomberg. Foram escolhidos por amostragem 12 FIDCs diferentes, entre eles de Consignado, Autofinance, Educação e Logística e Industriais. A adoção de diferentes ramos é contrária a metodologia de avaliação de fundos porque não realiza um primeiro filtro alinhando diferentes riscos considerando um mesmo ramo de atividade, mas é o objeto do estudo um avaliação em alto nível, já que uma das informações que determinaria a diferença entre riscos dos diferentes tipos de recebíeis, a de percentual de inadimplência da carteira e do benchmark do setor não são disponibilizados ao público, sendo utilizado apenas pelas empresas de rating contratadas e pelo Bacen. gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 23 Os indicadores utilizados de retorno e risco foram os mais simples, a dificuldade deste modelo além de não considerar o nível de inadimplência, as taxas administrativas, o pagamento de amortizações que impede que sejam lidos resultados dos principais software de comparação de fundos. O cálculo manual, sem uma estrutura ou consultoria própria por si só inviabilizaria um investidor de confiar suas expectativas de investimentos em tal estudo, mas o que ocorre hoje não está muito distante desta realidade, e se o investidor não é do ramo de atividade ou não é convidado direto do fundo, dificilmente vai ter um conjunto de informações para tomada de decisão isenta diferente dos abordados neste trabalho. O objetivo não é criticar o modelo atual adotado no país, os problemas encontrados em outros modelos de securitização como nos EUA no caso do setor imobiliário, mas com a investigação demonstrar quais são os principais pontos que precisam ser abordados para comparação entre investimentos em FIDCs e quais são os indicadores que faltam para montar um quebra-cabeça que mostre a real saúde do investimento. 3.2 Análise de riscos A análise de riscos para o Investidor foi limitada ao estudo do índice de Sharpe calculado sobre o desvio padrão dos retornos médios. Os dados de carteira de cada fundo são analisados por empresas de rating, que possuem tabela de riscos própria que determina para um determinado grau de exposição dos ativos, qual o tipo de risco está vinculado. Como ilustração segue o padrão utilizado pela Austin Rating em seus reports de FIDCs na Tabela 5. Tabela 5 - Exemplo de classificação de rating pela empresa Austin Rating, divulgados em todos seus reports de avaliação. Rating AAA gcaf Descrição As cotas do FIDC encontram-se suportadas por uma carteira de recebíveis com inadimplência próxima a zero, a qual garante excepcional margem de cobertura para o pagamento do principal, acrescido do rendimento proposto. Adicionalmente, o fundo apresenta uma elevadíssima relação entre os mecanismos de proteção e a inadimplência da carteira. O risco é quase nulo. Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA AA As cotas do FIDC encontram-se suportadas por uma carteira de recebíveis com inadimplência baixíssima, a qual garante ótima margem de cobertura para o pagamento do principal, acrescido do rendimento proposto. Adicionalmente, o fundo apresenta uma relação muito elevada entre os mecanismos de proteção e a inadimplência da carteira. O risco é irrisório. A As cotas do FIDC encontram-se suportadas por uma carteira de recebíveis com inadimplência muito baixa, a qual garante margem de cobertura muito boa para o pagamento do principal, acrescido do rendimento proposto. Adicionalmente, o fundo apresenta uma relação elevada entre os mecanismos de proteção e a inadimplência da carteira. O risco é muito baixo. BBB As cotas do FIDC encontram-se suportadas por uma carteira de recebíveis com inadimplência baixa, a qual garante boa margem de cobertura para o pagamento do principal, acrescido do rendimento proposto. Adicionalmente, o fundo apresenta uma relação adequada entre os mecanismos de proteção e a inadimplência da carteira. O risco é baixo. 24 Investimento Especulativo BB As cotas do FIDC encontram-se lastreadas por uma carteira de recebíveis com inadimplência em nível médio, podendo afetar a margem de cobertura para o pagamento do principal acrescido do rendimento proposto. O fundo apresenta uma relação apenas razoável entre os mecanismos de proteção e a inadimplência da carteira. O risco é moderado. B As cotas do FIDC encontram-se lastreadas por uma carteira de recebíveis com inadimplência em nível acima da média do segmento, a qual pode afetar fortemente a margem de cobertura para o pagamento do principal, acrescido do rendimento proposto. O fundo apresenta uma relação menos do que razoável entre os mecanismos de proteção e a inadimplência da carteira. O risco é médio. CCC CC C As cotas do FIDC encontram-se lastreadas por uma carteira de recebíveis com inadimplência elevada, a qual afetou a margem de cobertura para o pagamento do principal acrescido do rendimento proposto. O fundo apresenta uma baixa relação entre os mecanismos de proteção e a inadimplência da carteira, condicionando a desvalorização de suas cotas. O risco é alto. As cotas do FIDC encontram-se lastreadas por uma carteira de recebíveis com inadimplência muito elevada, a qual afetou fortemente a margem de cobertura para o pagamento do principal, acrescido do rendimento proposto. O fundo apresenta uma relação muito baixa entre os mecanismos de proteção e a inadimplência da carteira, condicionando forte desvalorização de suas cotas. O risco é muito alto. A elevadíssima inadimplência da carteira levou o FIDC à situação de default. Não mais existe qualquer tipo de proteção adicional. O risco é altíssimo No estudo desenvolvido não foi objetivo de comparar diferentes avaliações de riscos levantando os ratings divulgados, já que não se teria acesso aos dados utilizados e ao benchmark do ramo de atuação para cálculos e comparação, seria apenas uma avaliação comparativa de ratings. Foi levantando que os dados de carteira estão sendo enviados ao Sistema de Informações de Créditos (SCR) do Banco Central do Brasil (BCB), mas são divulgados apenas para participantes dos fundos, empresas autorizadas pelo administradora do fundo e para o Bacen. Este último ainda não geriu os dados de forma a publicar na gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 25 sua ferramenta de séries históricas “Sistema Gerenciador de Séries Temporais (SGS)”, ou divulgar um ranking com os níveis de inadimplência por setor com a credibilidade de um órgão regulador, que diferentemente das empresas de rating, consultoria e auditoria, seria isento pois teria como principal objetivo a manutenção e preservação do mercado financeiro interno, sem fazer parte da estrutura participante dos fundos. Os demonstrativos financeiros de cada um dos 12 fundos estudados foi levantado no site da CVM, com data de referência julho/2013, salvo exceções com fechamento anteriores devido regulamento do fundo. Os dados analisados, incluindo relatório da administradora, da empresa de auditoria independente, da empresa de rating, e do balanço e resultados financeiros divulgados no site da CVM foram levantados e avaliados. Pelo informativos, todos os fundos estão com as demonstrações conforme padrão legal, salvo a Petrobrás - FIDC Np do Sistema Petrobras Seniores, que não divulga dados devido ser um FIDC de único cotista, a própria empresa. Para o estudo a avaliação destas informações contribui no momento pós a filtragem dos melhores fundos, após observação do ranking final, chegando a um nível de entendimento mais detalhado dos fundos excluídos os outliers que tiveram maior rendimento e menor risco. O presente estudo não aborda estes demonstrativos por não querer estender a análise aprofundada de nenhum dos fundos mas sim de uma comparação numérica dos retorno históricos em investimento realizados entre 2007 e 2013. Além destes dados levantados com informações de publicações dos fundos escolhidos, foi estudado e pesquisado sobre os riscos envolvidos nas FIDCs. Um artigo publicado pelo CVM discute o problema de consolidação dos atuais FIDCs em Crédito Consignado caso haja aumento de inadimplência ou aumento da taxa de desemprego, outro da Anbima sobre a concentração de 60% dos ratings estarem em apenas duas agências. Este material aborda e contribui para as conclusões do presente estudo e foram acrescentados ao trabalho como argumentos atuais sobre análise de risco e entendimento do investimento e o desenvolvimento do mercado. gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 3.3 26 Estrutura da avaliação A comparação de FIDC é realizada a partir do valor do preço da cota. Os dados são públicos, e encontrados na biblioteca do Insper neste caso consultados no Economática. A avaliação simplificada visa a partir de dados simples e de fatores comuns comparar os investimentos. Para utilização, são necessários: alimentar a curva de CDI que é utilizado como benchmark livre de risco, informar os dados de preços de até no máximo 12 FIDCs e as variáveis do investimento. Estas variáveis se resumem a: valor investido, período de investimentos com datas inicial e final que precisam ser dias úteis, e o percentual de amortização que será adotado para assumir o pagamento de amortização no caso de redução do preço da ação. A Figura 7 resume o modelo adotado no processo de ranking com entradas e saídas calculadas. Figura 7 - Diagrama com estrutura de fluxo de informação no modelo de avaliação de investimento desenvolvido. Curva CDI Preços Históricos 12 FIDCs Avaliação Investimento Ranking FIDCs (Retorno e Risco) Valor Investido, período, % Amortização 3.4 Resultados esperados O objetivo do trabalho não é elaborar um software de comparação, mas elucidar com os dados disponíveis de preço qual a conclusão de melhor investimento. Num próximo estudo seria esperado utilizar dados de inadimplência da carteira já que o pagamento dos recebíveis é o que transfere valor ao acionistas dos fundos, e sem estes dados qualquer observação de informação mantém muito distante o investidor que arrisca seu capital e depende do credor que precisa honrar seus contratos ou ser devidamente avaliado sobre suas condições de quitar suas dívidas. Aumentar a complexidade com inclusões de mais variáveis, obtidas pelos Ratings consultados em reports da CVM para cada fundo, ou os dados contábeis que são consultados ou mesmo em seus regulamentos poderiam aumentar a precisão do modelo proposto, mas o condenariam a não ser mais utilizado, pois sua atualização e gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 27 complexidade de informação inviabilizada a proposição de modelo simples de comparação de investimento, que é o objetivo do trabalho, de abordar o produto, demonstrá-lo e mostrar um modo de compará-lo a partir do seu preço histórico. 4. PREMISSAS DA AVALIAÇÃO 4.1 Expectativas para a geração de caixa A base histórica de preços dos fundo em estudo são utilizados para analisar o rendimento e performance dos fundos. Os valores de retorno obtidos passam a ser a expectativa de retorno dos fundos. Para alguns casos em que o fundo foi finalizado, o modelo de avaliação serve para observar a performance dos envolvidos tanto administrador quando originador na entrega de valor ao investidor, servindo de caracterização. 4.2 Benchmark de risco A utilização da curva de CDI como benchmark é aplicada na maioria dos FIDCs e por isso foi escolhida como indicador de investimento isento de risco para servir de comparação com os fundos do estudo. Uma expectativa do estudo seria de utilizar indicadores ligados ao ramo de atividade, como retorno esperado. Mas estes dados encontram-se descentralizados em análise de cada fundo, de forma que a utilização dos mesmos seria indicada para uma real intenção de investimentos, mas nesse caso tornaria o modelo mais complexo de ser atualizado e demonstrado o que não é o objeto do estudo, que pretende apenas analisar o investimento de forma matemática com dados públicos e de forma simples de ser explicada e defendida. 4.3 Premissas utilizadas Para a estimativa em conjunto de diferentes fundos com diferentes termos de pagamento de aporte, foi adotado a aproximação de uma queda brusca no valor do preço da cota para representar o pagamento da amortização e este poder ser calculado como retorno de valor para o investimento e não perda. Esta medida foi necessária porque o pagamento é característico destes tipos de fundos, mas ainda gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 28 não há uma ferramenta que já calcule os principais indicadores de risco e retorno no mercado, assim como ocorre com outros tipos de fundos. O percentual de redução a ser observado foi deixado como variável, podendo ser ajustado para mais ou menos dependendo dos fundos a serem comparados. Dos fundos estudados foram simulados % Amortização em torno de 10% a 20%, de forma que a maioria dos fundos testados tiveram seus retorno considerando devidamente os pagamentos de prêmios e os mesmo considerados no valor do retorno final. Não foram incluídos no estudo dados de custo de administração que reduzem o pagamento final, consideração de IR assumindo que o mesmo será igual para investimentos de mesmo período, dados de pagamento de taxas de contratação de auditorias, pagamento de taxas de contratação, sendo considerado estritamente o preço histórico nos cálculos e não nas amortizações. 5. ANÁLISE DE RESULTADOS 5.1 Análise de Sensibilidade Os dados de preço e do valor de CDI são diários, de forma que pequenos períodos de investimento pudessem ser definidos. Numa observação do comportamento dos FIDCs um período muito pequeno pode representam dados incorretos devido a proximidade de pagamento de uma amortização, o que num fundo é condicionado ao tempo definido para pagamento e liquidação de cotas, geralmente superior a 6 meses. Não foi encontrado um estudo semelhante que comparasse fundos de direitos creditórios de tipos diferentes, e nas ferramenta utilizadas para avaliação destes tipos de fundos foram encontrados retornos negativos, por considerar estritamente a variação nos preços das cotas. Para uma comparação inicial, com dados públicos, o ranking permite conhecer quais fundos devem ser observados mais a fundo, entrando nos dados de cada um aumentando a precisão de uma possível comparação em qual deveria ser preferido por um investidor. gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 5.2 29 Fundos avaliadas Os doze fundos foram escolhidos aleatoriamente, tentando observar pelo menos um representante dos principais tipos encontrados em mercado, como de direitos creditórios de Consignado, Autofinance, Indústria, Logística e Educação. Segue lista dos FIDCs escolhidos: gcaf Aimores FIDC Np Anhanguera Educacional FIDC Atico FIDC Imobiliarios Bonsucesso FIDC Cred Consig Senior Boticario FIDC FIC FIDC Votorantim Absolute FIDC Consignado Portfolio II Senior FIDC Fornecedores Odebrecht (Sub) FIDC Np do Sistema Petrobras Seniores Logistica FIDC Nao Padronizados FIDC BV Financeira IV Sênior Patria Credit FIDC Consignados Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper 5.3 Resultados Obtidos Segue resumo com os resultados encontrados na Tabela 6. Tabela 6 - Resultado obtido em comparação de rentabilidade e risco de 12 FIDCs Dados Variáveis 1.214,56 30/12/2011 12/11/2012 15% 218 7,46% 0,52% Quantidade Detida Início Investimento Final Investimento Valor Amortização Dias Úteis Período Retorno CDI Desvio Padrão CDI Cálculos Indicadores Fundos Ranking . Aimores FIDC Np Anhanguera Educacional FIDC Atico FIDC Imobiliarios Bonsucesso FIDC Cred Consig Senior Boticario FIDC FIC FIDC Votorantim Absolute FIDC Consignado Portfolio II Senior FIDC Fornecedores Odebrecht (Sub) FIDC Np do Sistema Petrobras Seniores Logistica FIDC Nao Padronizados FIDC BV Financeira IV Sênior Patria Credit FIDC Consignados . 8° 9° 5° 10° 2° 3° 12° 7° 6° 11° 4° 1° Média* * excl ui ndo outli ers Retorno Total [a.p.] . Retorno Total [%CDI a.p.] x Retorno Anual [% CDI a.a.] x Média Retorno Fundo Variância x x Desvio Padrão [a.p.] x Desvio Padrão [a.a.] x Índice de Sharpe 2,34% 0,00% 7,55% -19,46% 11,80% 9,10% -55,73% 5,80% 7,46% -46,51% 8,19% 22,62% 31,4% 0,0% 101,3% -260,9% 158,3% 122,1% -747,4% 77,8% 100,0% -623,7% 109,9% 303,4% 126,6% 0,0% 183,2% -303,5% 227,2% 199,4% -635,1% 164,5% 182,1% -554,1% 189,9% 334,2% 1,08% 0,00% 3,36% 0,00% 5,12% 4,00% 0,00% 2,59% 3,30% 0,00% 3,33% 9,55% 3,31% 0,00% 4,00% 127,35% 0,23% 0,00% 361,74% 1,75% 0,00% 14,98% 0,01% 38,28% 18,20% 0,00% 20,00% 112,85% 4,82% 0,46% 190,19% 13,24% 0,43% 38,71% 0,76% 61,87% 269,40% 0,00% 295,92% 1670,05% 71,28% 6,81% 2814,62% 195,92% 6,33% 572,84% 11,22% 915,63% 0,0325% 6,10% 24,16% 6,58% 1,66% 8,82% 118,31% 196,37% 3,82% 0,85% 5,29% 78,31% 9,22% 6. CONCLUSÃO Tabela 7 – Raking obtido em comparação de 12 FIDCs Fundos Retorno Total [a.p.] Ranking . Patria Credit FIDC Consignados Boticario FIDC FIC FIDC Votorantim Absolute FIDC BV Financeira IV Sênior Atico FIDC Imobiliarios FIDC Np do Sistema Petrobras Seniores FIDC Fornecedores Odebrecht (Sub) Aimores FIDC Np Anhanguera Educacional FIDC Bonsucesso FIDC Cred Consig Senior Logistica FIDC Nao Padronizados FIDC Consignado Portfolio II Senior . 1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 11° 12° x Retorno Anual [% CDI a.a.] 22,62% 11,80% 9,10% 8,19% 7,55% 7,46% 5,80% 2,34% 0,00% -19,46% -46,51% -55,73% 334,2% 227,2% 199,4% 189,9% 183,2% 182,1% 164,5% 126,6% 0,0% -303,5% -554,1% -635,1% Índice de Sharpe x 1,66% 6,10% 24,16% 6,58% 0,032% - O resultado da comparação por avaliação matemática do valor do preço do fundos determinou pelos resultados de retorno, pode-se considerar uma análise mais aprofundada até o 7 FIDC dos 12 em estudo, dado que até esta posição o retorno não ficou muito distante da média de 8,82% a.p. Em relação ao indicador de risco apenas até o 5 FIDC deve ser avaliado mais a fundo, por possuir valor de indicador de risco, Índice de Shape, positivo. Este resultado é uma aproximação visto que o percentual de amortização considerado talvez não esteja adequado para os outros fundos ou houve algum outro evento que não consegue ser explicado pelo modelo proposto de avaliação. Como não considera dados de pagamento de taxas de administração, de imposto de renda, os resultado obtidos parecem ser extremamente convidativos, mas na prática esses percentuais tem uma queda dependendo do período de amortização e do regulamento de cada fundo. Na visão do Originador, o produto FIDC faz todo o sentido. Não foi localizado nenhum restritivo além de aumentar o esforço em governança financeira devido a necessidade de entregar contratos de recebíveis e demonstrativos aos administradores do fundo. Este incremento de custos de administração financeira tem a contrapartida de deixar de gastar com áreas de contabilidade, cobrança, pagar um CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 32 maior custo de capital, devido a intermediação financeira de bancos e instituições financeiras com spreads envolvidos com a adoção do fundo como meio de captação de recursos. Até mesmo a compra da maior parte de cotas subordinadas para reduzir o risco do investidor final, não foi considerado um revés, porque sem o fundo o originador assumiria o risco da mesma forma só que integralmente. Na visão do Investidor a conclusão não é a mesma que o originador. Os valores de rendimento parecem convidativos. Receber um percentual aproximado de 120% do CDI em um período curto entre 1 a 2 anos, sem contar com IOF apenas IR, é um investimento interessante. Mas os riscos envolvidos com tal fundo não garantem a entrada de um desconhecedor do ramo de atuação. As informações de regulamento do fundo são bem próximas a de um condomínio, em que são elencados deveres e reponsabilidade, mas que na prática ficam distantes da teoria. Sem um benchmark claro da rentabilidade e acompanhamento dos níveis de provisão e inadimplência, não se pode esperar resultados confiáveis apenas com a diversificação de investimentos ou análises de empresas de rating. Como exemplo pode-se citar um FIDC de Consignado. O crédito é lastreado por pagamento de uma fonte que o originador mantém um convênio, ou seja, tem acesso a receber a parcela antes mesmo do funcionário receber o salário pago em sua conta, que já é creditado com o desconto. Ora, para manter sua carteira e produto, este originador gere o legado e direciona a produção de novas safras para os convênios que teve melhores resultados, observando os indicadores de preço contratado, inadimplência, volume e segmento. Como o administrador não possui dados de mercado para comparar os contratos que entram com o praticado no momento, ou mesmo possui a visão do que o originador vende para os fundos em mercado e o que mantém em carteira, pode estar recebendo a maior parte de contratos non-performing, que provocarão default independente da metodologia de cobrança ou gestão de carteira a ser aplicada. Um caso que serve de ilustração é a crise do Sub-prime nos EUA. Não ocorreu a crise por causa deste modelo de empacotamento de recebíveis e venda em mercado, mas foi um dos pilares que o determinou. Uma vez que o investidor comprava um recebível apenas na confiança da estrutura do Administrador e de empresas de Rating, passa a se distanciar do ator principal dessa estrutura que neste caso é um americano médio que compra uma casa com valor em empréstimo com o gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 33 originador. Este por sua vez, para não perder o cliente, passa a adotar avaliações de risco de crédito mais brandas já que de qualquer forma a perda não será mais integralmente da empresa, mas sim do fundo que não tem ferramentas ou mesmo expertise para ficar acompanhando que negócios e a que preço estão sendo fechados. Este distanciamento, entre cedente e credor garantiu a brecha para que originadores e envolvidos mantivessem por muito tempo percentuais de avaliação de riscos em níveis pouco confiáveis, o que não foi justificável após o estouro da bolha. As empresas de rating se declararam isentas, informando que suas avaliações são baseadas estritamente nos dados informados pelas empresas e que não são agencias reguladores O investidor que conhece o ramo de atuação, que faça parte da área de atuação como fornecedor de uma indústria, ou tenha acessos ao modelo de contratação, que saiba distinguir quais os tipos de resultados a carteira do fundo e seus contratos de recebíveis precisam manter para garantir bons resultados é que deve ser atraído ou convidado neste momento. Sem um órgão regulador, que compare índices das carteiras dos FIDCs a fim de formar um conjunto de indicadores de resultado mínimos para servir de bechmark, fica inviável acreditar que a estrutura atual esteja isenta de fraudes e prejuízos repentinos. O problema não é o risco que é inerente aos recebíveis, mas está em como mitigá-los sem o seu conhecimento ou indicadores que representem alertas aos investidores. Este trabalho proporcionou conhecimento sobre tipo de fundo que vem garantindo uma nova forma de captação nas empresas do mercado brasileiro. Para um investidor leigo sobre FIDCs, o objeto é de demonstrar o que é, para quem é, a estrutura, e qual os indicadores que podem ser usados para analisar performance de maneira simples. Para próximos estudos, como produção de uma matriz de risco, que determine o preço que deveria ser cobrado pelo originador, ou mesmo a mensuração da performance considerando os dados de inadimplência seria necessário acesso aos dados das carteiras do fundos. Mas estes no momento não são de informação pública, apesar de estarem sendo consolidados nas bases do Bacen. gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper CERTIFICATES INSPER INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA 34 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANBIMA - Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais - disponível em < http://portal.anbima.com.br/> AUSTIN RATING - agência classificadora de risco de crédito de origem brasileira disponível em <http://www.austin.com.br/> BACEN - Banco Central do Brasil, sede Brasília / Brasil - disponível em < http://www.bcb.gov.br/> CROUHY, Michel; GALAI, Dan; MARK, Robert - Fundamentos da Gestão de Risco, Ed. QualityMark LTDA. CVM - Comissão de Valores Mobiliários. Sede no Rio de Janeiro / Brasil - Disponível em < http://www.cvm.gov.br/> NETO, Lucas de Lima - Securitização de Ativos - A era da desintermediação financeira, 2007, Porto Alegre RS, Gainvest Publicações. SECURATO, José R.; Silva, Anderson C.D; Oda, André L; OLIVEIRA Edson F; MALUF FILHO, Jorge Arnaldo; FUENTES, Júnio; PEREIRA, Luíz Carlos J; FRALETTI, Paulo B. Cálculo Financeiro das Tesourarias - Banco e Empresas. São Paulo, 1999. CETIP - Integradora do mercado financeiro. Companhia de capital aberto que oferece serviços de registro, central depositária, negociação e liquidação de ativos e títulos disponível em < http://www.cetip.com.br/> Uqbar - Empresa de referência para os mercados nacional e internacional quando o assunto é finanças estruturadas no Brasil - disponível em < www.uqbar.com.br/> gcaf Avaliação de Investimento - FIDC - Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - Certificates Insper