
Filho de retirantes da seca nordestina

Exilado durante a ditadura militar, morreu na
França, em 1975

Todos os seus trabalhos tinham como tema o
fenômeno da fome

Alguns exemplos: “O Problema Fisiológico da
Alimentação no Brasil” de 1932, “O Problema da
Alimentação no Brasil” de 1933, “Condições de
Vida das Classes Operárias do Recife” e
“Alimentação e Raça” ambos de 1935
Com formação médica, ele partia sempre
de desafios biológicos para chegar aos
problemas sociais.
 “Nosso conceito de fome: as fomes
individuais e coletivas. As fomes totais e
parciais. As fomes específicas e as fomes
ocultas.”
 Trata especificamente da fome coletiva
seja ela endêmica (permanente) ou
epidêmica (transitória), seja ela total
(inanição) ou parcial ou oculta.


Vê a fome como fenômeno político e social.

“é a expressão biológica dos males sociológicos".

Confere atenção especial para a fome parcial ou oculta por
esta, segundo ele, ser mais freqüente e atingir uma maior
parte da população.

Análise do subdesenvolvimento e da desigualdade regional
(“Nordeste não está condenado à fome”)

Subdesenvolvimento = desigualdade entre classes e regiões.

indica insistentemente para o fato de que todas as regiões
que passaram pelo processo de colonização (europeu
principalmente) sofreram e ainda sofrem com o flagelo da
fome.

“Nenhum fator é mais negativo para a
situação de abastecimento alimentar do país
do que a sua estrutura agrária feudal, com um
regime inadequado de propriedade, com
relações de trabalho socialmente superadas e
com a não utilização da riqueza potencial dos
solos.”

“O tipo de reforma que julgamos imperativo
da hora presente não é um simples
expediente de desapropriação e
redistribuição da terra para atender às
aspirações dos sem-terra. Processo simplista
que não traz solução real aos problemas da
economia agrária. Concebemos a reforma
agrária como um processo de revisão das
relações jurídicas e econômicas, entre os que
detêm a propriedade agrícola e os que
trabalham nas atividades rurais.”

“Precisamos enfrentar o tabu da reforma agrária assunto proibido, escabroso, perigoso - com a
mesma coragem com que enfrentamos o tabu da
fome. Falaremos abertamente do assunto,
esvaziando desta forma o seu conteúdo tabu,
mostrando através de uma larga campanha
esclarecedora que a reforma agrária não é
nenhum bicho-papão ou dragão maléfico que vá
engolir toda a riqueza dos proprietários de terra,
como pensam os mal-avisados, mas que, ao
contrário, será extremamente benéfica para todos
os que participam socialmente da exploração
agrícola...”
Dualidade brasileira entre os setores
industrial e agrário
 Estrutura agrária feudal
 Produção agrícola pouco eficiente
 Inflação e baixa capacidade de
compra das classes baixas
 Ausência de um programa de
educação alimentar


Diz que a fome leva à apatia: Jeca

Hoje cerca de 39 mil toneladas de comida
são desperdiçadas diariamente no país.
Estima-se que seriam suficientes para
alimentar 19 milhões de pessoas.

Problema da obesidade: má alimentação
(comer sem alimentar-se) >> outra face do
mesmo processo.

Josué de Castro afirma que o fenômeno
da “superpopulação” não causa fome,
mas sim que a fome é a causa do
fenômeno da “superpopulação”.

Com um alto índice de mortalidade infantil
e a necessidade de braços para trabalhar
para o sustento da família o número de
filhos por casal também aumentaria
significativamente.

afirma que a melhor maneira de se
controlar o crescimento da população é
promovendo uma melhoria significativa do
padrão alimentar das pessoas.

"Denunciei a fome como flagelo
fabricado pelos homens, contra outros
homens”.

“Metade da população brasileira não
dorme porque tem fome; a outra
metade não dorme porque tem medo
de quem está com fome”.

“Só há um tipo verdadeiro de
desenvolvimento: o desenvolvimento do
homem”.

"Os neomalthusianos, ao afirmarem que o mundo vive
faminto e está condenado a perecer numa epidemia
total de fome porque os homens não controlam de
maneira adequada os nascimentos de novos seres
humanos, não fazem mais do que atribuir a culpa da
fome aos próprios famintos".

Ao contrário do que prega a doutrina malthusiana,
Josué constata que a explosão demográfica é um
efeito da fome, e por esta razão uma característica de
países subdesenvolvidos. Observa que há uma
correlação entre uma alimentação pobre em proteínas
e o aumento da taxa de natalidade. Trata-se de uma
expressão biológica de uma calamidade social.


PROGRAMA 10 PONTOS DE COMBATE À FOME
1- Combate ao latifúndio.
2 -Combate à monocultura em largas extensões sem as correspondentes zonas de
abastecimento dos grupos humanos nela empregados.
3- Aproveitamento racional de todas as terras cultiváveis circunvizinhas dos grandes centros
urbanos para agricultura de sustentação, principalmente de substâncias perecíveis como
frutas, legumes e verduras que não resistem a longos transportes, sem os recursos técnicos da
refrigeração.
4- Intensificação do cultivo de alimentos sob forma de policultura nas pequenas
propriedades.
5-Mecanização intensiva da lavoura, da qual dependem os destinos produtivos de toda
nossa economia agrícola.
6- Financiamento bancário adequado e suficiente da agricultura assim como garantia da
produção pela fixação de bom preço mínimo.
7- Progressiva diminuição até a absoluta isenção de impostos da terra destinada inteiramente
ao cultivo de produtos de sustentação.
8- Amparo e fomento ao cooperativismo, que poderá servir de alavanca impulsionadora à
nossa incipiente agricultura de produtos alimentares.
9- Intensificação dos estudos técnicos de Bromatologia e Nutrologia no sentido de que se
obtenha um conhecimento mais amplo do valor real dos recursos alimentares.
10- Planejamento de uma campanha de âmbito nacional para a formação de bons hábitos
alimentares, o qual envolva não só o conhecimento dos princípios históricos de higiene como
o amor à terra, os rudimentos de economia agrícola e doméstica, os fundamentos da luta
técnica contra a erosão.
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