O Assassinato de Mamãe
Texto de Lázaro Santos
Personagens:
Serafim – O marginal da familia, odeia a mãe.
Sipriano – O mais velho dos quatro irmãos, é metido a valente.
Sidney – O doente mental da familia, tem um boneco chamado severino
que ele trata como se fosse seu melhor amigo.
Silvinho – O caçula, possui uma personalidade frágil.
Detetive Leona – Detetive frustrada que tenta resolver seu primeiro
caso.
Velha – Mãe dosquatro filhos, extremamente ranzinza.
Detetive Alice – Detetive que tenta desvendar os mistérios que cerca
os quatro irmãos.
(Entra um homem engraçado, vestido de palhaço ele entra dando cambalhotas e
saltos.)
Apresentador – Boa noite! Estão todos aconchegados? É bom que estejam.
Porque o que vou lhes contar é de causar espanto. O assassinato de mamãe! A
investigação sobre a morte de uma velha ranzinza onde seus próprios filhos
sãos suspeitos. E que pela misericórdia o culpado seja encontrado. Talvez
queiram ouvir essa história. Ela começa numa noite sombria, onde uma mulher
sombria aguardava com um propósito sombrio...
1 CENA
(A cortina vai se abrindo, a detetive se movimenta em cena. A meia noite
aparece alguém: um vulto preto)
Velha – Serafim! Serafim! Serafim meu filho!
Serafim – O que é miseria?
Velha – Um vulto! Eu vi um vulto passar aqui! Um vulto!
Serafim – Como é que é?
Velha – Eu vi um vulto passar aqui!
Serafim – Como é que de meia-noite, faltando energia, a senhora fica
contando vulto?
Velha – Serafim meu filho, você não vai fazer nada?
Serafim – Vai dormir satanás!
Velha – Vá se lascar seu fresco! Maconheiro...
Serafim – Êpa, maconheiro é quem faz a maconha. Eu sou consumidor! E faça o
favor de não me perturbar.
Velha – Eu vou ficar e pegar esse vulto, por que eu sou muito mulher.
Serafim – Claro, você matou o meu pai, o pai do Sipriano, o pai do Sidney e
o pai do Silvinho foi seqüestrado. Desconfio que foi você! Sua mau-caráter!
Agora eu vou dormir!
Aparece um vulto, começa uma luta. O vulto crava um punhal nas costas da
velha que cai agonizando até morrer.)
2 CENA
(Três irmãos tomam café da manhã, fazendo pequenos comentários sobre os
bolinhos e a morte da mamãe.)
Sipriano – Estes bolinhos estão ótimos.
Sidney – É verdade, mamãe faz muito bem esses bolinhos.
Serafim – Fazia meu irmão, fazia. Você não lembra que a mamãe morreu ontem?
Sidney – Há, é mesmo. Eu tinha esquecido. Como eu sou esquecido né.
Sipriano – Por falar em mamãe, onde é que nós vamos enterrar aquele corpo?
Ele está lá no quarto e até nós que somos os homens da casa não fizemos nada,
sem falar no silvinho que não para de chorar e fica trancado no quarto.
Serafim – Deixa aquele tapado lá mais um pouquinho. Fugir de lá a mamãe não
vai. Eu nunca vi defunto andar. Me dá mais bolinhos.
Sidney – Toma.
(entra silvinho desesperado chorando se arrastando pelo chão)
Silvio – Eu não acredito êita bando de filhos desnaturados. Não querem nem
enterrar a própria mãe.
Serafim – Agora deu no aro. Endoidou foi? Me diga aqui quem falou em não
enterrar a mamãe?
Sipriano – É silvinho. Você parece que fumou um baseado. Sossegue o facho
que ninguém falou nisso não!
Sidney – Eu só queria saber quem fez uma covardia dessas. Matar uma velha
aleijada, surda, doida, com cranco venerico, gonorréia, AIDS e...
Sipriano – (gritando) Chega Sidney!
Silvio – É. A mamãe podia ter ficado doida, surda, muda, aleijada e com uma
série de doenças sexualmente transmissíveis incuráveis e crônicas mortais.
Mais ela é minha mãe e eu devo tudo a ela.
Serafim – Não defenda aquela velha nojenta. Todo mundo sabia que ela não era
flor que se cheire. Era envolvida com drogas, maconheira...
Silvio – Maconheira não!
Serafim – A quem você acha que eu puxei em? Ao papai num pode ser, ele era
padre quando ela abusou sexualmente dele. Maconheira e traficante, uma das
lideres do crime organizado na favela da rocinha, responsável pela crise
finaceira mundial. Se eu pudesse, eu mesmo a esganava com as minhas próprias
mãos.
Silvio – Pare de falar besteira se não eu quebro os seus dentes.
Serafim – Experimenta seu caco de torrar cebo.
Silvio – Seu maconheiro, você puxou um beque antes de entrar em cena foi?
Vou fazer você engolir esse seu cigarrinho do demônio.
(Silvio e serafim começam uma luta mortal, até quem não tem nada a ver entra
na briga)
Sidney – Se vocês não pararem de brigar agora, eu vou chamar a mamãe!
Todos – A mamãe morreu seu tapado!
Sidney – Há! É mesmo, esqueci!
Sipriano – Isso não é motivo de briga suas encubadas. Vamos comer esses
bolinhos que foi a única coisa que ela nos deixou de herança!
Sidney – Eu vou chamar a mamãe pra ela fazer um suquinho, só pra mim e
Severino. (interagindo com o boneco) O quê Severino? A mamãe morreu? Não me
diga. (chorando) Sipriano, serafim, silvinho, A mamãe morreu...
Sipriano – Vamos comer!
(uma mulher bate na porta, e já vai logo entrando em direção a mesa e comendo
os bolinhos. Enquanto os quatro irmãos ficam entusiasmados)
Detetive- Bom dia sou a detetive Leona. Estava passando e não pude resistir?
Os quatro – Como assim?
Detetive - Não pude resistir ao delicioso cheiro destes bolinhos, por sinal
parecem bolinhos dá vovó.
Serafim- Estes são da mamãe. Meu nome é serafim.
Detetive- Onde está a mãe de vocês?
Sidney- A mamãe foi no mercado mais ela já volta. Há sou o Sidney.
Serafim- Caramba, mas você é esquecido mesmo, em Sidney? Você não lembra que
á mamãe morreu ontem?
Silvio- Oi eu sou o Silvio, mas todos me chamam de silvinho. Quer mais
bolinhos?
Sipriano- Mas chega de bolinhos, é bolinhos pra cá bolinhos pra lá, caramba
será que nós não podemos conversar sobre outros assuntos de culinária,
Detetive? Sou Sipriano, Siprinho pra você.
Detetive- Foi bom você fala nisso.
Sipriano- Sobre culinária?
Detetive- Não foi bom lembra que eu sou detetive e meu dever diante de um
crime, e defender a lei?
Serafim- Fala sério, podemos falar de coisas muito mais interessantes que
essa historia de crime, lei, sei lá.
Detetive- Mais quem morreu foi à mãe de vocês.
Sidney- Quem a mamãe? Não, a mamãe foi no mercado comprar suco pra mim e pro
Severino.
Silvio- Liga não esse ai nunca se lembra de nada. Só desse boneco idiota.
Sidney- Idiota é você.
Detetive- Deixem de enrolar, eu quero conversar com cada um de vocês
separadamente.
Sipriano- A sós... Adorei a idéia.
Serafim- Então eu começo.
Sipriano- Você uma ova, sou eu que vou primeiro.
Silvio- Dá licença eu sou o filho mais dedicado.
Serafim – Você é o mais delicado, isso sim!
Sidney- Ei, quem vai sou eu. Eu sou o único normal dessa casa. (conversando
com Severino)
Sipriano – Se normal quer dizer doido, delinqüente, psicopata eu prefiro ser
idiota!
Detetive- Isto é serio é um interrogatório?
Sidney- Mais o que um interrogatório?
Detetive- Vamos logo com você serafim.
Serafim- Só se for agora.
Detetive- Quanto a vocês saiam agora.
Serafim- Até logos otários.
4 CENA
Detetive- Me responda com franqueza: Você gostava da sua mãe?
Serafim- É, até que ela fazia uns bolinhos bem gostosos.
Detetive – Eu não estou falando dos dotes culinários, estou de falando de
sentimentos, afinal de contas você não nasceu de um forno.
Serafim – Você tem razão! Na verdade, cá pra nós, aquilo era uma alma de
gato, uma bandida, uma carniça. Se eu pudesse eu mesmo tinha esganado ela com
as minhas próprias mãos.
Detetive – Então você confessa que desejava a morte da sua própria mãe?
Serafim – Qual é detetive? Quer engrossar meu caldo é? Desejava e espero que
a alma dela queime nas profundezas do inferno.
Detetive – Nossa você quer que ela vá pro inferno?
Serafim – Eu até queria, mas só que diabo não quer ninguém pior do que ele
lá não. A essas horas ele já deve ter mandado ela sumir dos domínios dele.
Ela agora deve está fazendo um inferno no céu.
Detetive – Cruzes,Jesus tem poder!
Serafim – Eu num acredito em Jesus não, mas é bom que ele tenha poder mesmo
viu, senão ele, o pai dele e os anjos baba-ovo dele tão tudo ferrado.
Detetive – Você desconfia de alguém?
Serafim – Que faça bolinhos tão bem quanto ela?
Detetive – Não!
Serafim – Que seja pior do que ela?
Detetive – Não. Que matou ela! Pois pra mim foi aquele esquecidinho do
Sidney. Que filho desnaturado. Aquele faz questão de nunca se lembrar da mãe.
Serafim – O Sidney? Num sei, mas se foi vou agradecer a ele esse favor. Mas
a senhora tem certeza que foi ele?
Detetive – Tenho bastantes suspeitas sobre ele.
Serafim – (agarrando a detetive) E eu pensando que ele fosse tão inocente,
atencioso, demente, insuportável, louco...
(Sidney interrompe a conversa)
Sidney – Vocês viram uma nave espacial por aí? Que é? Agora é a minha vez!
Detetive – Vez de que?
Sidney – Eu também quero conversar.
Serafim – Eu já estava de saída mesmo, atrasa bóia.
Detetive – Realmente agora é a sua vez. Responda-me: Você se relacionava bem
com a sua mãe?
Sidney – Eu gostava um pouco dela, mas queria aproveitar a oportunidade de
gostar mais de alguém... Sabe?
Detetive – Estou aqui pra resolver esse caso.
Sidney – (agarrando a detetive) Eu sabia, aceita um sorvete. Meu
relacionamento com você pode ser aberto p...
Detetive – Não esse caso.
Sidney – Então, que caso à senhora veio resolver?
Detetive - A morte da sua mãe.
Sidney – A mamãe morreu foi? Eu nem sabia.
Detetive – (pensando alto) Se eu não me livrar desse tapado, quem vai ficar
louca sou eu. (para sidney) Vou direto ao assunto, para mim quem matou a sua
mãe foi o Sipriano. Aquele olhar de assassino, ah eu não me engano!
Sidney – Nem eu. O que o Sipriano fez mesmo?
Detetive – Matou a velha da sua mãe!
Sidney – Severino, meu deus do céu. A mamãe morreu. E eu nem sabia. Mas sabe
que até pode ser. Então por mim está resolvido! Podemos falar agora no que
realmente interessa... Senta aí Severino e observe um mestre em ação.(coloca
Severino na cadeira) Sabe Detetive eu me sinto uma pessoa tão só, tão
perturbado, precisando de uma companhia...
Sipriano – (interrompendo) Rua, Sidney. Quem fala aqui com a detetive sou
eu.
Sidney – Ta bom, rei da cocada preta.
Sipriano – Saia da minha frente antes que arranque sua orelha de um murro.
Num se abestalhe não!
Detetive – Calma! Hoje não é dia de ter raiva.
Sipriano – Não meta sua bico onde não foi chamada, que eu tô falando é com
aquele abilolado!
Detetive – (tremendo) Uuuuuiiiiiiii.
Sidney – Deixa brabeza, que tu só tem arranque.
Sipriano – Eu não acredito que esse sibito ta querendo me peitar. Me
aguarde, que o que é seu tá guardado. Sai da minha frente lezeira!
Detetive – Era sua vez mesmo. E você Sidney, Saia.
Sidney – To de calça.
Sipriano – Sai daqui murrinha, doido do inferno.
Detetive – Calma siprinho! (tremendo) Uuuuuiiiiii! Vou ser bem clara. Pra
mim quem matou a mãe de vocês foi o Silvinho, encontrei um fio de cabelo da
cor dos dele dentro de um bolinho e no local do crime e isso não me engana.
Sipriano – Eu sabia que aquele triste tinha algo a ver com isso. Eu vou dar
tanto nele, tanto, tanto que ninguém vai conhecer o rosto dele no enterro. E
vou enterrar ele de cabeça pra baixo. Porque se ele inventar de sair do
caixão e começar a cavar, vai parar no inferno.
Detetive – Calma Sipriano. São só suspeitas!
Sipriano – Mas é mesmo detetive, porque mamãe vivia reclamando que os
cabelos do Silvinho, Viviam caindo dentro da sopa que ela fazia, e nunca
lavava as mãos antes de comer. Vai ver encheu o saco de tanta reclamação. E
fica chorando que nem um amaldiçoado. Mas, deixa pra lá, isso depois eu
resolvo. Vamos aproveitar que estamos a sós e...
Silvinho – (atrapalhando) Com licença. Creio que agora é a minha vez. Não é
detetive?
Detetive – É sim infelizmente. Pode se retirar Sipriano.
Sipriano – Claro. Depois continuamos a nossa conversa.(sai)
Detetive – Vou direto ao assunto. Pra mim quem matou a sua mãe foi o
Serafim. Aquele faz questão de nunca mais ver a mãe.
Silvio – Você acha?
Detetive – Claro, os depoimentos dele contribuíram muito para essa minha
hipótese!
Silvio – Eu queria lhe dar essas flores, e aproveitando queria lhe fazer um
pedido...
Detetive – Chega! Quero analisar a casa. Quarto por quarto, cama por cama, a
cozinha, a sala e principalmente a mesa.
Silvio – Quarto por quarto, tudo bem. Sala por sala... é tem o sofá, mas na
cozinha e na mesa?
Detetive – Mas do que você está falando? Vou investigar mais suspeitas e
quando estiver certa de quem foi eu volto. À noite estarei aqui. Passar bem.
( A detetive sai)
Silvio – Sidney!
Sidney – Que é?
Silvio – Vou te contar uma coisa. Sabe quem matou a mamãe e não nos contou
nada? (vai entrando Serafim e Sipriano) foi Serafim esse nojento.
Serafim – Mas vá se f...
Os três – Êpa! Respeita a memória da mamãe!
Serafim – Eu quero que ela vá pro inferno.
Sidney – Mas como? E sem contar nada pra nós? Pois eu acho que quem matou a
mamãe, foi você, Sipriano... Esse traficante.
Sipriano – Traficante é a sua mãe!
Sidney – Mas como? Se a sua mãe é a minha mãe, que é a nossa mãe, que por
sinal casou-se com meu pai e teve você com o meu avô.
Serafim – Já eu acho que foi você Sidney.
Sidney – Eu o quê?
Serafim – Que matou a mamãe.
Sidney – A mamãe morreu foi?
Serafim – Deixe de gracinha que a detetive me contou tudo.
Sidney – Eu posso ser esquecido, mas não besta. Muito engraçado a detetive
contou pra mim que desconfiava do Sipriano.
Sipriano – Pra mim ela disse que foi Silvinho.
Silvio – Ela me contou que foi o Serafim.
Serafim – (começa a entrar em trabalho de recebimento de espírito) Este
negócio tá muito estranho. Como é que esta detetive entrou aqui, foi logo
comendo os bolinhos da mamãe, sem nunca ter entrado aqui, nem conversado com
nenhum de nós...
Sidney – Na verdade eu tenho ela no Orkut e no MSN...
Serafim – E foi logo acusando cada um. Está muito estranho mesmo. Ele tem
alguma coisa a ver com isso...
(música de catimbó)
Sipriano – Virou vidente foi Herculano Quintanilha? Ou catimbozeiro?
Serafim – Êpa... (começa a dançar catimbó) Nem dessas coisas eu gosto... Eu
sou crente!
Sidney – Tive uma idéia!
Os três – Aleluia! (música de aleluia)
Sidney – Mas já que essa mulher entrou aqui e disse isso, nós não podemos
fazer nada.
Silvio – Que idéia fraca!
Sidney – Mas faz tempo que uma mulher não entra aqui. Fora a mamãe é claro!
Sipriano – Isso dá um estimulo as minhas idéias! Tive uma idéia!
(Os três Começam a rir)
Sipriano – Podemos dividir a detetive Leona!
Serafim – Você quer outro assassinato?
Sipriano – Não seu doente.
Serafim – Doente não! (roda a baiana)
Sipriano – Cada dia um de nós fica com detetive.
Sidney – Tô dentro.
Silvio – Tá bom. Mas eu sou o primeiro.
Serafim – Ótima idéia, como Silvinho não gosta da fruta não há o que temer!
Silvinho – Maconheiro!
Sidney – Tive outra idéia!
Os três – Ah, não!
Sidney – Temos que preparar um lugar ou ir para algum lugar!
Sipriano – Um dia você consegue. Temos que preparar um jantar ou teremos que
jantar fora!
Serafim – Mas aquela mala sem alça da nossa mãe, não nos deixou nenhum
centavo. Fora esses bolinhos.
Silvio – Você reclama de barriga cheia.
Sipriano – Com o que temos nos vamos pro botiquim da esquina.
Serafim – Eu que não me sujo.
Silvio – O dono come o resto dos bolinhos!
Sipriano – Então vamos arrumar isso aqui para recebê-la!
Serafim – É, arrumem direitinho! (sai de fininho)
Silvio – Cadê o Serafim? O miserável escapou.
(Sidney tenta sair de mancinho)
Sipriano – Ei Sidney! Onde pensa que vai!
Sidney – Eu ia ali f...
Sipriano – Não fuja não, você vai arrumar isso aqui conosco, porque nós
somos irmãos e somos todos iguais e temos que nos ajudar. Nós todos somos
iguais. Temos os mesmos direitos...
Sidney – Só que tu é negro rapaz, tu negro, negro, negro, negro. E negro
nasceu pra trabalhar, negro é escravo. Seu negro, negro, negro, negro...
Sipriano – (dramático) Eu sou negro sim, e daí Sidney. E daí! Mas por acaso
negro num tem braço não Sidney? Num tem olho, boca, perna, coração, negro num
respira não Sidney? Quando agente sua, agente não sua igual a um branco não
Sidney? Quando agente caí e se arranha agente não sangra igual a vocês não
Sidney? Quando vocês brancos, dão um tiro na gente. Agente num morre igual
vocês? Então se agente é igual nisso tudo, agente vai ser igual aqui também e
você vai ajudar eu e Silvinho a limpar isso aqui!
Sidney – (fazendo festa) Ê, êêêêê! Palmas pra ele! Ele melhor ator do
Brasil! Pense num ator da fuleragem! Por mim você já é ator de nível
internacional...
Sipriano – Obrigado Sidney, você é um irmãozão. Eu amo você Sidney! Tá vendo
Silvinho o que é um irmão de verdade! (Sidney sai de mansinho)
Silvio – Sipriano, o Sidney ele...
Sipriano – Calado, tantos anos eu lhe apoiando, lhe defendendo e você nunca
me homenageou...
Silvio – O Sidney fu...
Sipriano – Calado! Nunca deu um obrigado, agora Sidney não! Isso é que é um
irmão é ou não é Sidney? Sidney? Cadê o Sidney?
Silvio – O Sidney Caiu fora!
Sipriano – Sabe de uma coisa Silvinho? Nós somos negros!
Silvio – Nós não! Você é negro eu sou marrom provocante, toma essa vassoura!
Sipriano – Pra que você ta me dando essa vassoura?
Silvio – É pra você voar... É claro que é pra você deixar tudo isso
limpinho! Se vira! Fui!
(A luz apaga, quando ascende a Detetive entra desconfiada em direção a mesa
para comer os bolinhos. De repente musica dançante entra de um por um.)
5 Cena
Os quatro – Foi você!
Detetive – Que matou a mãe de vocês?
Sidney – Oxente, mamãe morreu foi?
Os quatro – Não. Que comeu os bolinhos.
Silvio – Como você teve coragem.
Detetive – Vocês são malucos. Completamente malucos.
Serafim – Malucos sim. Mas queremos fazer, uma proposta irresistível para
você. Quem sabe agente essa história de crime, enterramos a mamãe em qualquer
canto. Não precisa ser no São Sebastião não, qualquer banheiro público serve.
O inverno vai ser longo e teremos muitos dias de chuva, quem sabe você fica
comendo bolinhos para sempre. Cada dia com um de nós.
(a detetive vai passando de mão em mão)
Detetive – Eu desisto! Vocês são mais loucos do que eu esperava. Eu estava
passando ontem por aqui. Vi uma velha e mais quatro garotos. Infelizmente eu
não sabia o grau de insanidade deles!
Sidney – Você estava nos espionando?
Sipriano – Espionando, me solta que eu vou dar uma chapuletada no tronco das
orelhas dela!
Detetive – Ai que eu adoro um homem brabo! Não. O meu plano era unir o útil
ao agradável. Eu estava de saco cheio de ficar sem resolver nenhum caso.
Resolvi matar a mãe de vocês.
Sidney – A mamãe morreu?
Sipriano – Cala a boca seu doente. A mamãe morreu desde o inicio da peça!
Detetive – Ao mesmo tempo eu iria dar um tirinho nos quatro filhos. Era uma
oportunidade. Mas eu nunca imaginei que ia passar por tudo isso. A única
coisa que valeu a pena foram esses bolinhos!
Sipriano - Então foi você que matou a mamãe?
Detetive – Não, quando eu cheguei encontrei a mãe de vocês morta!
Serafim – Então voltamos ao começo. Mas você não sabe se a mamãe não deixou
pelo menos uma receitinha!
Detetive – Seus malucos. Socorro, eu não quero saber mais de tanta loucura.
Vou embora e nunca mais quero ver a cara de vocês, seus loucos.
( a detetive sai correndo)
Serafim – Coitada, ela é que é louca!
Sipriano – Isso é uma bexiga, e nós continuamos sós.
Sidney – Não, eu não quero ficar só... Eu conheci ela no Orkut, véio, agente
conversava pelo MSN... Eu não quero ficar só...
Silvio – (pega um pedaço de madeira) Cala essa boca e vamos dormir que
amanhã é um novo dia e todo mundo vai acordar cedo pra procurar emprego.
(todos saem)
( A meia noite aparece a detetive procurando alguma coisa que esqueceu,
quando de repente aparece alguém)
Detetive – Quem está aí? (aparece uma pessoa toda de preto) Você? Você é o
assassino da sua mãe? Você matou sua mãe? Eu sabia... Espera, espera, espera
aí. Eu resolvi um caso. (começam a dançar de repente o assassino solta ela
tenta mata-lá) Não, não, não me mate, eu sou muito jovem para morrer. Ai que
adoro um homem brabo. Tenho muitos casos para resolver... Não...
(o assassino crava um punhal na detetive, o assassino sai e entra os quatro
irmãos tiram o corpo da Detetive)
6 cena
Serafim – Pena que a Detetive comeu todos os bolinhos.
Sipriano – Falando na Detetive quem será que matou ela em?
Silvio – Não sei. Só sei que ela comeu todos os bolinhos, só sobraram essas
rosquinhas.
Sipriano – Rosquinhas da mamãe.
Sidney – Mamãe faz ótimas rosquinhas!
Serafim – Mas você é esquecidinho mesmo num é seu prostituto? Não lembra que
a mamãe morreu antes de ontem? Fazia meu irmão, fazia...
Sipriano – Falando em mamãe... Onde é que nós vamos enterrar aquele corpo?
Silvio – E agora não é só a mamãe, tem o corpo daquela detetive também.
Serafim – É, temos que arrumar um lugar logo.
Sidney – Tem razão.
(Entra a detetive Alice)
D. Alice – Bom dia! Sou a Detetive Alice. Estava passando por aqui e não
pude resistir.
Os Quatro – Vai começar tudo de novo!
(a luz se apaga, fecham-se a cortina e todos saem. Entra o palhaço)
Apresentador – A história do assassinato por enquanto termina aqui, e se
alguém aí gostou por favor pode aplaudir!
Vitória de Santo Antão, 14 de setembro de 2008.
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