Isie Fernandes Simplesmente Dan Todos os direitos reservados a Isie Fernandes, inclusive os direitos de reprodução de todo ou parte da obra. Título: Simplesmente Dan Série: Simplesmente Autora: Isie Fernandes Gênero: Infantojuvenil Editora: PerSe Capa: Isie Fernandes Revisão: Isie Fernandes Ano: 2013 Este livro segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. www.isiefernandes.blogspot.com.br www.facebook.com/IsieFernandes www.twitter.com/IsieFernandes [email protected] “Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre...” Vinícius de Moraes SUMÁRIO PRÓLOGO ......................................................................................... 7 CAPÍTULO 1 BRINCADEIRAS DE DAN ........................................................ 9 CAPÍTULO 2 IDIOTICES, SOMENTE IDIOTICES ... ......................................... 12 CAPÍTULO 3 MANHÃ DE SEGUNDA -FEIRA ................................................. 15 CAPÍTULO 4 TÁ, TÁTÁ... .................................................................. 21 CAPÍTULO 5 PERDI, OUTRA VEZ .......................................................... 28 CAPÍTULO 6 O IRMÃO DE POLY........................................................... 33 CAPÍTULO 7 PROCYON ...................................................................... 37 CAPÍTULO 8 DEPRESSÃO? ................................................................ 44 CAPÍTULO 9 DUAS ESTRELINHAS ......................................................... 49 CAPÍTULO 10 NÓS TRÊS ................................................................... 55 CAPÍTULO 11 QUERO FUGIR! .............................................................. 58 CAPÍTULO 12 JARDIM ZOOLÓGICO ,SHOPPING BARRA OU FAROL ? .................... 64 CAPÍTULO 13 EU GOSTEI, E MUITO ... ................................................... 68 CAPÍTULO 14 DIFERENTE, EU E DAN ..................................................... 74 CAPÍTULO 15 PRA NUNCA MAIS ESQUECER............................................... 80 CAPÍTULO 16 ATÉ O FINAL DO BIMESTRE ................................................ 89 CAPÍTULO 17 FOI TUDO CULPA DO MEU PAI ............................................. 93 CAPÍTULO 18 ESCREVA SOBRE NÓS....................................................... 99 CAPÍTULO 19 DESPEDIDAS SÃO SEMPRE ASSIM ........................................ 105 EPÍLOGO ...................................................................................... 108 AGRADECIMENTOS ............................................................................ 110 A SEGUIR ....................................................................................... 111 Para todos que sentem saudade de algum amigo. PRÓLOGO Mari Pega o controle pra mim?, ele perguntou, com os olhos grudados na tevê, depois enfiou cinquenta pipocas de uma só vez na boca. Garotos são mesmo esquisitos. Ora se perfumam e saem em busca de uma paquera, ora ficam largados no sofá, se enchendo de porcarias, arrotando e soltando pum. Dan era bem assim. Um garoto bonito, não posso negar, mas desleixado até de mais para o meu gosto. Éramos amigos, melhores amigos, eu diria. A gente se conhecia desde sempre. Nossos pais foram amigos de infância e nossas mães tiveram que virar amigas de adolescência — era isso ou ficar sozinhas todo sábado à tarde, quando rolava o sagrado baba do macarrão, um torneio de futebol boboca que sempre terminava em pizza, literalmente. — Ô, Dan, você não está cansado de assistir tevê, não? — perguntei, e ele apenas me jogou seu belo olhar castanho-claro. Não, eu já sabia. Então para que perguntava? Toda sexta-feira era assim. Chegávamos do colégio, almoçávamos e nos encontrávamos para, supostamente, estudar. Dan não gostava daquilo, por isso as nossas tardes de estudos sempre terminavam em filme, pipoca, Coca-cola e festival de arrotos e puns, além de os meus dedos doloridos de tanto pesquisar na net. 7 Dizem que ele só passou em biologia porque fizemos todos os trabalhos em grupo juntos, mas eu não ligava. Queria mesmo era que o idiota do Dan reconhecesse tudo que eu tinha feito por ele, no mínimo, nos últimos três anos. As coisas no colégio mudaram de figura mesmo antes de chegarmos ao segundo grau, só que ele continuou voando, sequer pareceu notar. — Ô, Dan... — Shhhhh... — nem olhou para mim. — Não fala agora, senão eu perco o fim do filme. Sabe quando te sobe um calor que se converte, imediatamente, em bolhas de suor? Era demais, não aguentei. Levantei com tudo, peguei a vasilha da pipoca e enfiei na cabeça de Dan! Quem adivinha a reação dele? Sim, a mais óbvia... O abestalhado apenas riu e me chamou de temperamental. 8 CAPÍTULO 1 BRINCADEIRAS DE DAN Dan Eu adorava ficar na casa de Mari! Viramos amigos no final da sexta série. Bom, a gente se conhecia desde criança, mas ela era mesmo uma garotinha chata e mimada. Não vou dizer que a coisa tinha mudado muito, meninas são sempre enjoadinhas, só que agora era diferente, estávamos no segundo grau. A Mari era superinteligente; e eu, mega popular. Todo mundo queria fazer os trabalhos com ela, e esse universo de pessoas menos providas de inteligência geralmente era formado pelas maiores gatinhas do colégio. Era isso, claro, que tornava a união “Mari & Dan” realmente perfeita. A gente tinha viajado para a Ilha no verão passado, disso eu me lembro muito bem. Nós ficamos na mesma casa, porque nossos pais pareciam estar no auge da amizade. Sabe que a Mari até era bem bonitinha? Magricela, não posso negar, porém do tipo seca com curvas, entende? Não ali, em janeiro de 2005, mas depois, em dois ou três anos, talvez ela se tornasse a garota mais sarada de Cacha Pregos. O que eu posso dizer? Apesar das regrinhas bobas impostas pelos nossos pais, aquelas férias foram mesmo iradas. Cacha Pregos era show! Todo dia a gente tinha uma festa diferente para curtir. Além do mais, para começo de conversa, praia sempre foi sinônimo de exposição natural de pernas, barriguinhas perfeitas e 9 bumbuns. É óbvio que havia algumas barangas no meio das sereias, mas e daí? Jogando a real, garotos de quinze não ligam muito para essas coisas, eles só pensam em contar vantagens. E quem foi que disse que para isso a garota precisava ser, assim, uma espécie de Angelina Jolie? Claro que não. O que contava eram outros fatores... Mari Também me lembro das férias na praia com Dan. A casa pertencia aos meus avós, era meio antiga e tinha um quintal enorme. Todo dia, a gente acordava e se batia em frente ao pé de caju. Eu sempre ria da cara amassada de Dan. Ele não gostava de acordar cedo, quem não já sabe? Mas era uma das regras da casa: oito horas, todos de pé. Isso era bom, a gente nunca dormia muito depois da meia-noite; porém, quando acontecia, a coisa era ainda melhor, porque Dan ficava a tarde inteira comigo, tanto que nós terminamos lendo um livro juntos. Para falar a verdade, eu lia bem mais do que ele, não só porque eu era mais rápida — ele gaguejava e pulava linhas, um horror! —, mas porque meu precioso amiguinho sempre dormia cerca de dez minutos após o início da leitura. Não vou dizer que eu odiava aquilo, afinal, ficávamos debaixo da sombra de uma árvore, deitados em minha canga azul gigante, estendida sobre a grama rasteira e perfeita do caminho de casa ao quebra-mar. — Ô, Dan — eu o balancei de volta à realidade, à minha casa e aos trabalhos do colégio. — Acorda, abestalhado. Você está babando meu travesseiro. — Por que você não deixa de ser mal-humorada, hein? — E por que você não deixa de ser folgado, hein? — Eu não sou folgado — disse, enquanto erguia o corpo e franzia o rosto, todo ele! — Você me convidou, esqueceu? 10 — Que eu saiba — peguei uma almofada para tacar na cara dele —, o convite era pra a gente estudar. Eu bem que tentei jogar a almofada na cara de Dan, mas ele se defendeu e me puxou com tudo. Gritei e, ao mesmo tempo, caí em seu colo. Cócegas... Oh, não! Aquilo era péssimo, me tirava o ar — se bem eu que gostava... — Para, seu nojento, para! — eu me esquivei. — Paro nada — tornou a me puxar. Também fiz cócegas em Dan e aqueles dois minutos de contato físico foram muito mais divertidos do que toda a tarde pesquisando e fingindo assistir filminho ridículo de ação. Garotas não gostam disso, quando é o que os meninos vão entender? — Mas você não é minha namorada — ele reclamou quando resmunguei do filme. — Mas eu sou uma garota — quase emburrei. — Se não aprender sobre essas coisas comigo, com quem é que você vai treinar? Dan parou para pensar. — Espera, espera! — gritei e corri para pegar meu celular. — Que é que foi, ô? — Não se mexe — preparei a câmera. — Você está pensado, é um momento raro, eu tenho que registrar. — Ah, sua débil mental! — ele disse e partiu para cima de mim. — Sabe o que é que você merece? Sim, não que eu merecesse, mas corri, pois já sabia o que viria: Dan me abraçaria para soltar pum. 11