A POLICIALIDADE DURANTE A DITADURA NO CONTO DE ANTONIO CALLADO: O HOMEN CORDIAL SOUZA, Francisco Filemon Lopes [email protected] Universidade Regional do Cariri Antonio Callado, formado em direito nunca exerceu profissão jurídica. seguiu profissão jornalística e, em 1951 inicia sua produção literária, as suas obras mais importantes são vinculadas a acontecimentos da história do Brasil abordando temas como; a política, o índio e, fatos sociais da nossa história recente.assim afirma o site brasileiros no exterior (2006:01). [...] A produção de romances toma impulso nas décadas de 60 e 70, período. Em que surgem seus trabalhos mais importantes. Alinhado entre os intelectuais que se opunham ao regime militar, tendo por isso sido preso por duas vezes, Callado revela em seus romances seu compromisso político, principalmente naquele que muitos consideram o romance mais engajado daquelas décadas quarup. Callado, se desintegra da mesmice na produção de romances no qual, mostrou ser possível, o narrador, narrar fatos do qual participou provando, assim, uma superioridade com relação a situação, o que fez com que naquela época sua obra não fosse convincente o bastante, vejamos a citação em Adorno (2003, p.56) “A narrativa que se apresentasse como se o narrador fosse capaz de dominar esse tipo de experiência seria recebida, justamente, com impaciência e, ceticismo”. Em sua produção intelectual Callado, liga sempre a seus personagens questões políticas em que pretende mostrar os fatos sociais, é efetivamente importante para o indivíduo como o próprio Callado afirma em entrevista (1994:05) “A razão é que tudo ainda está muito desarrumada no Brasil. Meus personagens como eu próprio, não conseguem escapar a isto. É quase agente retratar o homem no Brasil a margem dos problemas que nos cercam”. Podemos dizer que sua obra estava sempre conectada com ele mesmo, expressava em suas obras seus sentimento e pensamentos o que estava enraizado em sua natureza como afirmou o próprio Antônio Callado. “Quanto a mim, ainda que pudesse ou sentisse possibilidade de fazer uma obra literária inteiramente abstrata, jamais conseguiria ir contra minha natureza: preciso, sempre, exprimir alguma coisa”. XXI Encontro Regional de Estudantes de Direito e Encontro Regional de Assessoria Jurídica Universitária “20 anos de Constituição. Parabéns! Por quê?” ISBN 978-85-61681-00-5 Os estudiosos de sua obra a reconhecem como uma obra audaciosa por em um momento de repressão e autoritarismo está presente nela a oposição e, a luta por um regime democrático. Afirma Cruz (2004:5) Concretizando o desejo de Antônio Callado de construir obras ficcionais em sintonia com o seu momento histórico, Bar Don Juan (1971) compõe o conjunto dos romances engajados, iniciado por Quarup (1967), Reflexos do Baile (1978) e Sempre viva (1981) obras que marcaram a “cultura de oposição” e a resistência democrática na efervescência de um regime autoritário. A obra de Antonio Callado, numa visão geral focalizou a produção de romances que teve grande impulso nas décadas de 60 e 70 período no qual publicou suas produções mais importantes alinhando suas obras as obras dos intelectuais da época que se opunham ao regime militar, tendo sido preso duas vezes, Callado revela em suas produções seu compromisso político-social com as questões históricas do nosso país uma de suas características era não comentar nem discutir sua produção antes desta ser finalizada. O conto em análise “o homem cordial”, foi publicado originalmente na antologia 64 d.c das edições tempo Brasileiro em 1967. A situação vivida por jacinto e Inês narrada por Antonio Callado ocorreu após o golpe de 1964. No conto podemos observar a postura anti-realista do narrador em que este mostra a realidade de uma sociedade na qual os homens se distanciaram de si e de todos. Observemos Adorno (2003, p.58). ”O momento anti-realista do romance moderno, sua dimensão metafísica, amadurece em si mesmo pelo seu objeto real, uma sociedade em que os homens estão apartados uns dos outros e de si mesmos”. O conto nos mostra as relações entre os mecanismos do governo e o dia-a-dia dos Brasileiros durante a ditadura militar revelando em suas linhas a dura e brutal ação policial em que estes agiam contra a razão e a doçura do temperamento Brasileiro. A falta de liberdade, a crise estrutural e conjuntural assim, como a política em especial durante a ditadura militar, foram bastante focalizadas no conto de Callado. Vejamos a passagem extraída do conto (p.11) “O episódio de sua casa varejada pela polícia tinha sido grosso e destemperado, não há dúvida. O homem cordial, embutido tão solidamente no homem brasileiro, estaria ameaçado de ser adiado, talvez deformado.” O conto internaliza em sua narrativa as representações político-sociais da década de 1970, período da nossa História recente marcado pelo ideal revolucionário da vanguarda intelectual, e pela repressão e a censura do Governo Militar no pós-golpe de 1964 observemos a passagem que traz essa afirmação (p.13). ”Até agora eu me espanto quando penso que cassaram você, meu querido. XXI Encontro Regional de Estudantes de Direito e Encontro Regional de Assessoria Jurídica Universitária “20 anos de Constituição. Parabéns! Por quê?” ISBN 978-85-61681-00-5 Você se solidarizou no primeiro momento com os professores demitidos como. comunistas, é verdade, mas todo mundo sabe que você não tem nada de”. O conto “O homem cordial” é protagonizado por personagens com ideais revolucionários, militantes de esquerda que lutam contra a repressão e a censura do governo executadas por policiais. Comentaremos, resumidamente, o que o conto fornece sobre os principais personagens. O personagem Jacinto, cujo nome traz em si sua descrição e o caráter cordial : Jacinto uma pessoa muito severa na análise q faz dos outros mas está sempre disposta a perdoar os defeitos de caráter e procura viver bem com todo mundo adora ter muitos amigos. No conto Jacinto, é um professor de história que o consideravam colunista social da história do Brasil, estudioso da formação do povo brasileiro e sociólogo, têm como tese a índole pacífica do nosso povo. Jacinto teve seus direitos políticos cassados e sua casa invadida pela dops veja a narrativa do conto que descreve esses fatos (p.09). O Brasil não está preparado para homens como eu! Este desabafo jacinto teve diante de sua filha Inês estudante de filosofia, que estava em êxtase diante dos livros atirados ao chão e dos papeis espalhado pelo gabinete inteiro. Bacana paizinho. Já pensou no sucesso que eu vou fazer quando contar que tive a casa invadida pela DOPS? É o máximo. Genial! No conto, Jacinto é o personagem que discorda de uma possível revolução, é contra a luta armada e defende a idéia de que o povo brasileiro deve manter a cordialidade, a doçura do temperamento brasileiro. Vejamos o trecho a seguir (p.19) -Me diga uma coisa paisinho você não acha que o Brasil deve mudar mesmo? Você não acha que assim não vai, que assim agente fica sempre na segunda divisão? - Eu acho Inês, que o Brasil podia ter andado mais depressa, não há dúvida. Mas não sacrificando as virtudes que nos justificam como povo, entendeu? Clara, é uma médica recém formada com que jacinto vive um romance bonita, jovem tendo quase a mesma idade de sua filha, os dois vivem um relacionamento complicado por terem que encontrarem-se as escondidas e não poderem casarem-se por impedimento da lei na época.vejamos a passagem que relata o romance (p.12). Só muito de raro em raro clara tocava no assunto delicado da relação entre os dois ou, por outras palavras, como se dizia Jacinto meio preocupado, no assunto delicado da situação dela. Ele às vezes se sentia meio calhorda, recebendo dela tanto amor e tanta beleza e enfurnando-a para encontros num apartamento semiclandestino. XXI Encontro Regional de Estudantes de Direito e Encontro Regional de Assessoria Jurídica Universitária “20 anos de Constituição. Parabéns! Por quê?” ISBN 978-85-61681-00-5 Inês, cujo nome significa: "a pura, a casta". No conto Inês é filha de Jacinto, uma mulher bonita, jovem cheia de vida e vigor estudante de filosofia, envolvida no movimento estudantil reunia-se frequentemente com outros estudantes em sua casa lutava bravamente contra a falta de liberdade e repressão. Vimos através da personagem de Inês a ação dura e brutal da polícia quando algum grupo resolvia sair as ruas em movimentos contra o governo. Vejamos o trecho (p.27) Jacinto encontrou a casa aflita, sem dúvida, com uma pálida Inês jazendo em sua cama, no quarto onde ainda guardava os dez ursos e ainda algunhas bonecas de sua infância ainda tão recente. Mas, havia, para lá da aflição, uma qualidade qualquer, uma vibração que parecia unir a casa a uma vida externa a ela, ou que apenas agora se tornava parte dela. Podemos ainda ver a brutalidade inconseqüência da ação policial durante a ditadura militar na passagem que relata a intensidade da agressão sofrida por Inês. (p.28) “Bateram no traseiro e nos seios dela, quando ia saindo”. No conto trabalhado, Antonio Callado, utiliza em seu romance, pertence a tradição realista do romance, a estética da alienação em que ele idealiza as relações entre os indivíduos, definindo as qualidades humanas como fundamental para o bom funcionamento da sociedade, através, da alienação e da auto-alienação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORNO, Theodor Wiesengrund. Posição do narrador no romance contemporâneo. In: _____. Notas de literatura I. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2003. p. 55-63. CALLADO,Antonio.O homem cordial e outras historias. 2. ed. São Paulo: Ática, 1994. CRUZ, Cláudia Helena da Cruz. Bar don juan (1971) de Antônio Callado: impasses políticos e estéticos do romance engajado. 2004.(Dissertação de Mestrado) CRUZ Cláudia Helena da, BAR DON JUAN (1971) DE ANTÔNIO CALLADO: IMPASSES POLÍTICOS E ESTÉTICOS DO ROMANCE ENGAJADO. Disponível em: <www.brasileirosnoexterior.com.br>. Acesso em 2004.