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UMA REFLEXÃO SOBRE AS POSSIBILIDADES INTERPRETATIVAS À LUZ
DE GRANDES CLÁSSICOS DA ANTROPOLÓGIA
Aristéia Mariane Kayser 1; Marco Aurélio da Silva2; Dejalma Cremonese3
(UFSM)
RESUMO
A antropologia evolucionista esta marcada para a contribuição do Darwinismo Social no
Século XIX, dentro da sua obra é enfatizado o processo evolucionário da sociedade européia.
Nesta perspectiva o conceito de cultura sedimenta a teorização de Tylor, Frazer e Morgan na
concepção destes autores o conceito de cultura configura de modo universal. Por entenderem
que por haver uma estreita relação entre cultura e condições históricas da sociedade. Tylor
comunga da teoria de Morgan no que se refere o desenvolvimento primitivo da civilização
tendo como objetivo a classificação dos fenômenos da cultura havendo uma compreensão do
presente por meio de uma visão multilinear. Todavia, Durkheim considerado sociólogo
clássico se propôs a estudar o fato social como coisa enfatizando o conhecimento científico
da vida social. Nesta perspectiva iremos observar a noção de magia permeia a teoria do autor
pelo fato que a sociologia da religião de Durkhein transita entre profano e sagrado.
Palavras Chaves:Antropologia Evolucionista, civilização, cultura
ABSTRACT
Evolutionary anthropology is marked for the contribution of Social Darwinism in the nineteenth century, in
his work is emphasized the evolutionary process of European society. In this perspective the concept of
culture consolidates the theory of Tylor, Frazer and Morgan in the design of these authors the concept of
culture set in a universal way. Because they understand that because there is a close relationship between
culture and historical conditions of society. Tylor shares the Morgan theory regarding the early development
of civilization with the objective of the classification of the phenomena of culture there is an understanding of
this vision through a multilinear. However, sociologist Durkheim considered classic set out to study the social
fact as a matter of emphasizing the scientific knowledge of social life. In this perspective we see the notion of
magic permeates the author's theory by the fact that the sociology of religion Durkhein transitions between
profane and sacred.
Keywords: Evolutionary Anthropology, civilization, culture
1
Mestrando em Ciências Sociais - UFSM, Mestrando em Educação – UNISC, Especialização em Gestão Educacional – UFSM,
Especialização em Educação Ambiental –UFSM, Especialização em Mídias na Educação – UFPEL. Santa Maria-RS/BRASIL, E-mail:
[email protected]; Endereço Lattes: http://lattes.cnpq.br/6665383866556823
2
Especialização em Gestão da Organização em Saúde Pública – UFSM, Especialização em Educação Ambiental – UFSM.Santa MariaRS/BRASIL, E-mail; [email protected]; Endereço Lattes. http://lattes.cnpq.br/7654244279351973
3
Doutor em Ciências Políticas –UFGRS e Professor do Departamento de Ciências Sócias (UFSM) Santa Maria-RS.
[email protected] . Endereço Lattes; http://lattes.cnpq.br/1612981086021270
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INTRODUÇÃO
A Antropologia tem por essência o estudo do homem enquanto ser biológico, social,
religioso, político e cultural. Visando contemplar estas temáticas a antropologia trabalha
com subdivisões por meio da transversalidade destes temas. Neste sentido surge a
Antropologia Etnografia, a qual tem por finalidade distinguir diferentes níveis de análise.
Observa-se, que a antropologia evolucionista é marcada para a contribuição do
Darwinismo Social no Século XIX, dentro da sua obra é enfatizado o processo
evolucionário da sociedade européia. Nesta perspectiva era usado o conceito de civilização,
propositadamente visando enfatizar a superioridade esta recebe o nome de etnocentrismo 4.
O método basicamente era por meio da comparação de dados, os quais eram
consequentemente retirados das sociedades e de seus contextos sociais. O interessante é que
estes dados eram utilizados para comparação entre as sociedades, com finalidade de pontuar
um nível de estágio cultural específico.
Evans-Pritchard (1978), faz uma observação interessante, referente aos objetivos dos
pensadores britânicos entre os séculos XVII e XVIII os quais tinham por objetivo entender /
conhecer como se constituía os princípios gerais da vida humana e como se esta relação
estrutural da evolução humana 5.
[...] serviam-se dos povos primitivos como prova dos seus argumentos sobre
a natureza da sociedade selvagem contraposta à sociedade civil, isto é, a
sociedade anterior ao estabelecimento do governo por contrato ou aceitação
do despotismo. Locke (1632-1714), especialmente, refere-se a estas
sociedades nas suas especulações sobre religião, governo e propriedade.
Estava familiarizado com o que se tinha escrito sobre os Pele-Vermelhas
caçadores da Nova Inglaterra, mas a sua informação, ao estar limitada a um
único tipo de sociedade índia americana, prejudica o seu trabalho.”
(EVANS-PRITCHARD. 1978, p.52)
4
CALVINO, Italo. Por que ler os clássicos. 1993. São Paulo: Companhia das Letras. pp. 9-16.
EVANS-PRITCHARD (1978), insiste em sua afirmação dizendo que os [...] investigadores [do século XIX] estavam consideravam que
estavam a escrever História, História do homem primitivo e estavam interessados nas sociedades primitivas não tanto por si mesmas, mas
mais pelo uso que delas se poderia fazer nas hipotéticas reconstruções dos começos da história da humanidade e, em especial, das suas
instituições (p, 67).
5
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Pode se dizer que todas as experiências tinham um método de abordagem linear,
diacrônica visando observar a escala evolutiva social. Para os evolucionistas não se trata de
um tecido social, pois o que estava sendo considerado era a individualidade, a qual
independia do contexto social. Optou por fazer uma re-leitura dos autores Boas (2009 e
2010), Durkheim (2003), Frazer (2005), Malinowsski (1977), Mauss (2003), Morgan
(2005) e Radcliffe-Brown (1973 e 1980) pela a importância hermenêutica de suas pesquisas
no que se refere a compreensão do sentido e propriamente os seus atos de fala conforme
Peirano (1997) destaca que os,
[...] clássicos [da Antropologia] são, portanto, criações sociologicamente
necessárias e teoricamente indispensáveis, através dos quais os praticantes
se identificam e se (re)produzem nos diversos contextos acadêmicos; eles
tornam possível a existência de uma comunidade de cientistas, daí derivando
sua relevância regular e contínua (PEIRANO. 1997,p. 67).
Dentro desta perspectiva, é que surge a contribuição do método comparativo a princípio
desenvolvido por Frazer et al (2005), como um mecanismo que se propõe a estudar as
instituições humanas como esferas interdependentes. Hans-Georg Gadamer (2005), enfatiza
que a6, [...] finitude de o próprio compreender é o modo no qual a realidade, a resistência, o
absurdo e o incompreensível alcançam validez. Quem leva a sério essa finitude deve levar a
sério também a realidade da história (p,22).
Há uma pretensão de Tylor, Frazer (2005), em analisar o que se entende por vida
selvagem, dentro da linha do tempo, ou seja, a proposta original era analisar o processo
evolutivo de povos mais rudimentares e como se dá a sobrevivência destes (FRAZER, 1908.
In: CASTRO, 2005, p. 108 a 112).
Frazer et al (2005), considera que as superstições destes povos sendo um fenômeno
considerável e que estabelece a desigualdade, portanto trata-se de uma questão quantitativa
por isto acredita no princípio metodológico comparativo para ter uma confiabilidade em sua
pesquisa (FRAZER, 1908. In: CASTRO, 2005, p. 120). O conceito de cultura sedimenta a
teorização de Tylor, Frazer e Morgan, na perspectiva destes autores o conceito de cultura é
6
GADAMER, Hans-Georg. “Prefácio à 2ª Edição” In: Verdade e Método – traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica.
Tradução de Flávio Paulo Meurer; Petrópolis: Rio de Janeiro. 2005. pp. 13-26, 7ª Edição.
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configurado de modo universal, pois compreendem haver uma estreita relação entre cultura e
condições históricas da sociedade.
Para Morgan, não há uma sistematização desta cultura, mas sim um modelo de
subsistência os povos sobrevivem sob determinadas condições dentro de um contexto de
tempo e espaço excluindo qualquer medida limitada de tempo (MORGAN, 1877. In:
CASTRO, 2005, p.43 a 50). Já, Tylor considera o conceito de “cultura”, semelhante o que
entendemos por “civilização” (TYLOR, 1871. In: CASTRO, 2005, p.69). Todavia, para
Frazer o conceito de “cultura” disponibiliza subsídios para que possamos desenvolver um
estudo sobre costumes dos selvagens e suas crenças não de forma sistematizada (FRAZER,
1908. In CASTRO, 2005, p. 106).
Segundo EVAN-SPRITCHARD (1978), a reflexão antropológica de Morgan e Tylor, é
pautada na indistinção é uma perspectiva indutivista e que segundo estes autores os seres
humanos são encaixados nas etapas da evolução. A critica EVAN-SPRITCHARD (1978), é
feita como o método é utilizado pois não se percebe uma respeitabilidade ao processo de
evolução dos outros povos mas, sim um claro discurso de superioridade por parte dos
autores.
Actualmente, não estamos muito seguros dos valores que eles aceitavam. O
abandono da elaboração de estádios de desenvolvimento, que tanto os
ocupou, e a orientação para estudos indutivos e funcionais das sociedades
primitivas, devem ser atribuídos, em parte ao crescimento do cepticismo a
respeito das mudanças produzidas no século XIX, e às dúvidas que sobre
elas surgiram, isto é, se constituíam ou não um progresso real. Por outro
lado, pese à opinião de muitos dos que se dedicam à Antropologia Cultural,
há que reconhecer que esta disciplina moderna, encarada no seu aspecto
teórico, é conservadora: interessa-se mais pelo que origina equilíbrio e
integração na sociedade, que pela confecção de escalas e etapas de progresso
(EVAN-SPRITCHARD, 1978,p. 73).
Há sem dúvida uma aproximação da teoria do evolucionismo antropológico em Darcy
Ribeiro (1975a), o qual enfatiza as concepções sobre a história humana e a escala de tempo, o
método comparativo, a relação entre cultura e civilização como progresso humano.
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Esta noção de Morgan, expande as escalas de tempo analiticamente, por meio de uma
concepção unilinear segundo classificações de períodos da humanidade relativos à sua
história, em termos de seqüências do progresso humano (MORGAN, 1877. In: CASTRO,
2005, p.44). Tylor comunga da teoria de Morgan no que se refere o desenvolvimento
primitivo da civilização tendo como objetivo a classificação dos fenômenos da cultura
havendo uma compreensão do presente por meio de uma visão multilinear (TYLOR, 1871.
In: CASTRO, 2005, p. 74 a 97).
Não muito obstante, esta a teoria de Frazer a qual aproxima das teorias de Tylor e
Morgan. Frazer se propõe a [...] descobrir as leis gerais que regulavam a história humana no
passado e que, se a natureza for realmente uniforme, é de se esperar que a regulem no
futuro.[...] (FRAZER, 1908. In: CASTRO, 2005, p. 104 a 116). A proposta de Frazer et al
(2005), é uma análise comparativa entre passado e futuro apresentando desta forma uma
perspectiva evolucionista multilinear por meio do método comparativo.
Para Franz Boas (2009), as várias condutas e seus resultados compõem uma
determinada cultura. Isto significa que há um caráter distinto em cada sociedade. Há uma
inquietação por parte do autor em entender como se dá o processe de distinção entre uma
sociedade boa sobre a sociedade primitiva. O autor desconfia que toda esta relatividade esta
no processo de formação.
Devemos mencionar que o evolucionismo cultural era portanto a escola que estava
no auge. Neste sentido tivemos a contribuição das obras “Cultura Primitiva” (1871) de E. B. Tylor,
“Sociedade Antiga” (1878) de L.Morgan e “O Ramo de Ouro” (1890) de J. Frazer, são
obras que se fundamentam no referencial teórico da escola evolucionismo cultural .
Esta escola propôs seu objeto de estudo abrangendo o fenômeno cultural e a própria espécie humana.
Por meio de uma catalogação dos distintos estágios e progresso da evolução que envolvia a sociedade
chegou –se ao conceito de civilização tambem conhecido como modelo sócio – cultural.
Para os evolucionistas não estava em voga à questão do estágio de cultura vivido mas os níveis de
cultura que determinavam o tempo. Outro processo que se observa é o método comparativo sem muito rigor
científico.
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Neste sentido fica fácil de entender que a critica de Franz Boas (2009), era contra o método e não
contra a teoria da evolução. Boas, não concordava com o método dedutivo aplicado pelos evolucionistas,
defendia o método da indução empírica . No entanto, autor (2009), propôs o método histórico como
oposição ao método comparativo. O autor, não mediu criticas aos difusionistas os quais acreditavam que a
diversidade cultural humana se dava pela difusão. Boas (2009), enfatizou seus muitos estudos na questão
cultural, preocupando-se, com aquilo que chamamos de equipamento mental das várias
raças. Pois a dúvida pairava sobre a possibilidade de serem todas as raças igualmente
dotadas ou existiria uma diferenciação. O autor insiste que vários fenômenos/casos são
baseados em processos psíquicos que para ele eram ou são fenômenos semelhantes.
[...] mudanças dinâmicas na sociedade [e que] podem ser observadas no
tempo presente. [Abstendo-se] de tentar solucionar os problemas
fundamentais do desenvolvimento geral da civilização até que [se esteja
apto] a esclarecer os processos que ocorrem diante de nossos olhos (BOAS,
2010 [1920], p. 47)
O configuracionismo é um prolongamento do difusionismo americano de Boas (2009), porque
representa ainda uma abordagem de culturas particulares. Isto pode ser observado no
método histórico do autor.Neste sentido o ambiente é fundamental para o desenvolvimento
da pesquisa pois ele restringe possíveis opções culturais. A cultura é adequada ao meio
ambiente onde se estabelece aquela sociedade.
Ruth Benedict e Margaret Mead essas firam discípulas de Franz Boas, se propuseram
a desenvolver pesquisas e reflexões referente algumas temáticas como a suposta
superioridade cultural de certos povos, a questão do racismo, a xenofobia.Ruth Benedict,
doutora-se pela Universidade de Columbia. A qual teve como Margaret Mead como aluna.
Em um trabalho encomendado a Ruth sobre a segunda guerra ela faz referência que a razão é
evidente que é vencer a guerra. Pois, os americanos tinham a pretensão de ocupar a outra civilização da qual
eles sabiam pouquíssimo. A pretensão da autora foi de demonstrar que o predomínio de Apolo ou de
Dionísio pode ocorrer em diversas épocas consequentemente em diferentes sociedades. Aqui percebe
claramente a influência do filósofo alemão Nietzsche. Para Ruth a cultura japonesa é um emaranhado de
contradições às quais estão por demais integradas.
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Já Margaret Mead usou declaradamente a etnografia para dirigir mensagens aos norteamericanos e produzir novas idéias no que se refere à construção de gênero e à sexualidade.
Todavia, o surgimento da linhagem francesa se dá pela contribuição de Durkheim
(2003), começam o qual se propôs a estudar os fenômenos sociais por acreditar que os fatos
sociais eram mais complexos do que se pensavam. Mauss (2003) e Durkheim (2003),
assumiram o desafio de estudar as representações primitivas.
Durkheim (2003), considerado sociólogo clássico se propôs a estudar o fato social
como coisa enfatizando o conhecimento científico da vida social. Nesta perspectiva observase a noção de magia permeia a teoria do autor pelo fato que a sociologia da religião de
Durkhein (2003) transita entre profano e sagrado.
Para o autor não há como conciliá-las consequentemente estas não se misturam. A
distinção que o autor faz é que o sagrado corresponde a sentimentos “comuns” fatos sociais
os quais fortalecem os laços de solidariedade, de sentimentos coletivos. Enquanto o profano
corresponde ao indivíduo estão para a magia a qual é entendida como anti-social, ou seja, não
há grupo social. A diferencia entre religião e magia é que a primeira é composta por
sacerdotes, fies, comunidade. Enquanto, que a segunda existe apenas um indivíduo feiticeiro
e clientes.
Na perspectiva de Durkheim (2003), há uma efervescência coletiva é por este meio que
surge a religião. Pois, o indivíduo tem um alto grau de emotividade, no entanto, o social esta
acima deste fenômeno ele é a soma das partes. Neste sentido, muitos objetos tornaram
sagrados e este fenômeno demonstra uma necessidade de uma relação social. Exemplo as
Igrejas que congregam homens/fieis!
Ao contrário, observamos que não existe Igrejas Mágicas, mas sim um mundo de
escuridão de individualidade. Na concepção do autor há uma enorme facilidade por parte das
práticas mágicas profanarem o sagrado a religião. O que Durkheim (2003), esta dizendo é
que o fato social exige uma metodologia/ciência que seja. Neste sentido não podemos
confundir sociologia com psicologia conforme o pensamento durkheimiano, pois a primeira
visa à análise das representações coletivas. Enquanto que a segunda se propõem a analisar as
representações individuais. O que se entende é que a psicologia tem a missão de estudar as
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partes enquanto que a sociologia estuda o todo é por isto que a sociologia durkheimiana
estuda as representações coletivas. Para o autor todo o fenômeno que possa envolver as
práticas mágicas só poderá ser analisado se houver um contraponto que envolve os
13
fenômenos religiosos.
No entanto, para Mauss (2003), magia e religião pertençam ao universo do sagrado.
Todavia, o autor contrapõe o conceito de religião com o de magia no qual existem
elementos antagônicos. Percebe que há claras distinções entre os fenômenos das práticas
religiosas e práticas mágicas considerando-as como bem estabelecidas. Para o mencionado
autor, a definição de magia são atos e representações, que são ritos e mitos portanto não
pode ser confundida com religião. Uma característica da magia é a sua repetição. A religião
necessariamente precisa de um profissional do sagrado. É objeto de sua investigação o
campo do sagrado como as questões de oferendas, mitos, preces.Mauss, também faz uma
critica a modernidade esta critica está muito próxima à percepção anti - utilitarista de
Boaventura conforme podemos observar na seguinte passagem deste autor.
[...] o princípio da comunidade foi, nos últimos duzentos anos, o mais
negligenciado. E tanto assim foi que acabou por ser quase totalmente
absorvido pelos princípios do Estado e do mercado. Mas também, por isso, é
o princípio menos obstruído por determinações e, portanto, o mais bem
colocado para instaurar uma dialética positiva com o pilar da emancipação.
(SANTOS, 2000, p. 75).
Segundo Mauss (2003), todos estes fenômenos estão intimamente ligados à vida
social. Ou seja, ele considera que são fatos sociais necessários é um processo de construção
de teias.Percebe que no âmbito da magia os mágicos utilizam de forças espirituais as quais
estão ligadas a religião.
No entendimento do autor há necessidade de estudar os ritos para a compreensão da
magia e isto é algo social. A religião só surge com o fracasso da magia.
Assim sendo, Mauss tem uma compreensão da magia como algo ou melhor idéia do
coletivo, reconhecida pela coletividade, distinta não considera a proposta de Durkheim,
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onde a magia era vista como um ato, ou uma idéia, individual 7. Mauss (2003), busca neste
sentido fazer uma clara classificação analítica dos ritos.
Para o autor a força da magia esta no silencia, no mistério, no segredo, na palavra, são
aspectos importantes para o sucesso e permanência da magia 8. Há uma necessidade do ser
humano de ir em busca destes mistérios e de desejarem que os mesmos se constituem desta
forma pois, isto é próprio do rito mágico.
Todavia, o autor não se preocupa em definir a magia pela forma de seus ritos, tem sim
a necessidade de defini-la pelas condições que de dão tais ritos, ou seja, como eles se
produzem e como se dá esta demarcação do lugar que ocupam nos hábitos sociais da
sociedade. Nesta perspectiva reconhecemos rapidamente um mágico, pois o mesmo tem
características específicas às quais denuncia sua personalidade seu olhar mágico. E neste
sentido o olhar do mágico é envolvente, encantador, sedutor, cativante. Neste sentido é que
o mágico envolve o sujeito pela sedução do mistério.Devemos conhecer como se dá os atos
mágicos para compreender a magia. Assim sendo, dá para se concluir que a força da magia
está no segredo, no não dito, que passa pelo mistério do interdito.
A magia envolve funções e fatos sociais, destacando a dimensão do oculto o qual é
aspecto fundamental para o estabelecimento da magia é algo associada ao extraordinário da
vida do sujeito. O aspecto que envolve o fenômeno da magia é a crença a qual proporciona
o encantamento. O autor esta convicto, que o poder da crença esta relacionado ao social, ou
seja, não no indivíduo. O que Mauss (2003), esta dizendo é que a sociedade legitima o
poder sedutor do mágico, da magia por meio da sua crença 9. Assim, deve-se [...] considerar
a magia como um sistema de induções a priori, operadas por grupos de indivíduos, sob a
pressão da necessidade (MAUSS, 2003, p. 154).
7
Camile Tarot, esclarece que, [...] o simbolismo não constitui um território balizado mas uma terra de exploração; trata-se de um
continente a descobrir e a rememorar, algumas vezes uma terra a exumar, como o dom [...] (Tarot, 1998,p. 25).
8
Karsenti (1994), fala que, O que permite a noção de símbolo é a necessidade de ultrapassar a confrontação de realidades hipostasiadas
ultrajadamente pelas ciências sociais: não existe nessa concepção nem indivíduo nem sociedade, mas somente um sistema de signos que,
mediatizando as relações que cada um mantém com cada um, constrói num mesmo movimento a socialização dos indivíduos e a
unificação dos mesmos num grupo (p. 87).
9
Mauss (2003), parte da asserção de que [...] tudo o que é mágico é eficaz, porque a expectativa de todo um grupo empresta às imagens
que essa expectativa suscita, como às que persegue, uma realidade alucinante (p. 167).
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Para Mauss (2003), necessariamente devemos definir a religião para conseguirmos
teorizar os elementos que envolvem a magia. Ambas estão estreitamente ligadas. Para o
referido autor, podemos conhecer e classificar a magia pela prática ou pela pelo próprio
contexto social que a envolve. Mas, devemos observar que no caso específico do mágico
não há uma Instituição que o legitima, ou seja que legitima suas ações. É o que diferencia
do sacerdote o qual é respaldado por uma instituição pública que conhecemos como
religião, a qual é institucionalizada. Mauss (2003), enfatiza que o ato mágico pertence sem
dúvida ao campo do sagrado apesar de saber que ela é manipulável. Enquanto, para
Durkheim (2003), as forças que fundam o social estão na religião. Por isso, Durkheim
menciona parece que ,
[...] ordinariamente, que elas apresentam caráter humano somente quando
são concebidas em forma humana; mas mesmo as mais impessoais e as mais
anônimas não são outra coisa senão sentimentos objetivados. (DURKHEIM,
2003, p. 496).
Durkheim (2003), sabe que não basta dizer que a religião e a magia nascem dos
fenômenos que envolvem o coletivo. É um fenômeno que envolve uma somatória de fatores
emocionais, como fé, medo, coragem, vergonha tudo correlacionado com a experiência
concreta da divindade que o indivíduo tem.
Há na religião algo de eterno destinado a sobreviver a todos os símbolos
particulares nos quais o pensamento religioso se envolveu sucessivamente.
Não pode haver sociedade que não sinta a necessidade de conservar e
reafirmar, a intervalos regulares, os sentimentos coletivos e as idéias
coletivas que constituem a sua unidade e a sua personalidade […]. Se hoje
encontramos, talvez, alguma dificuldade para imaginar em que poderão
consistir essas cerimônias do futuro é porque atravessamos uma fase de
transição e de mediocridade moral […]. Os antigos deuses envelhecem ou
morrem, e não nasceram outros […]. Mas esse estado de incerteza e de
agitação confusa não poderá durar eternamente. Virá um dia em que as
nossas sociedades conhecerão novamente horas de efervescência criadora,
durante as quais novas idéias surgirão, novas fórmulas aparecerão e, por
certo tempo, servirão de guia para a humanidade; e nessas horas, uma vez
vividas, os homens sentirão espontaneamente a necessidade de revivê-las de
tempos em tempos, pelo pensamento, ou seja, de conservar a sua lembrança
por meio de festas que revivifiquem regularmente os seus frutos.
(DURKHEIM, 2003,pp. 504-506).
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Enfim Mauss (2003), busca compreender as ações sociais por meio das ações
ritualizadas, portanto devemos analisar os ritos e seus fundamentos.
Segundo Radcliffe-Brow (1973), a “idéia da unidade funcional de um sistema social, é
uma hipótese”. O conceito de função baseia na inferência entre vida social e vida orgânica
da sociedade. Durkheim (2003), já usava esta tática! Para Radcliffe-Brow (1973), há
condições necessárias de existência para a sociedade. Portanto; o termo função é a
correspondência entre uma instituição social e suas condições “organização”.
A função da estrutura social só existe pelo fato que há uma vida social. Neste sentido
a estrutura social é uma relação entre entes. A sociedade altera sua estrutura dentro do
contexto social. Durkhein (2003), tenta associar a disnomia “estado depressivo leve e
prolongado” às possíveis perturbações as quais estavam relacionadas algum tipo social.
Para Radcliffe-Brow (1973), há duas hipóteses e que devemos fazer uma observação
sistemática dos fatos, “que nem tudo na vida social há uma funcionalidade”, mas sim há
uma construção em busca de resultados. Dentro de algumas sociedades poderá haver
costumes os quais não são iguais.
[...] usa-se a expressão “método comparativo” em Antropologia para
significar o método usado por autores tais como Fazer em seu livro “The
Golden Bough”. Porém, comparações de características particulares da vida
social podem ser feitas com dois objetivos muito diferentes, os quais
correspondem à distinção hoje comum na Inglaterra, entre Etnologia e
Antropologia Social.18 A existência de instituições, costumes ou crenças
similares em duas ou mais sociedades, pode, em certos casos, ser tomada
pelo etnólogo como indicação de que há conexão histórica entre elas. O que
se visa é um tipo de reconstrução histórica da sociedade, povo ou região.
Mas em Sociologia Comparativa ou Antropologia Social, o objetivo da
comparação é diferente, qual seja, o de investigar as várias formas de vida
social como base para o estudo teórico dos fenômenos sociais humanos
(RADCLIFFE-BROWN, 1980 [1951], p. 195).
Para o autor qualquer hipótese não implicar uma afirmação dogmática de que a
sociedade é regida por uma dada função. No entanto; suas funções normativas são
diferentes. Ex: do Celibato, de um determinado período histórico. O processo funcionalista
é uma investigação no que tange os aspectos sociais, pois neste sentido há possibilidade de
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fazermos comparações válidas, na forma de moldar este indivíduo dentro da vida social ou
ajustado por ela.
Para Radcliffe-Brow (1973), há uma necessidade de sabermos fazer um relato
detalhado do sistema social que permeia a história do indivíduo. Todavia, Radcliffe-Brown
(1980 [1951]) pondera que o,
[...] desenvolvimento dos estudos de campo levou a um relativo abandono
das investigações em que se usava o método comparativo, o que é
compreensível e justificável sem, contudo, deixar de trazer alguns efeitos
lamentáveis. Diz-se ao estudante que ele deve examinar qualquer traço da
vida social no seu contexto, na sua relação com os outros traços do sistema
particular no qual é encontrado. Mas, muitas vezes, não se lhe ensina a ver
esse traços dentro do contexto mais amplo das sociedades humanas em
geral. Os ensinamentos da escola antropológica de Cambridge eram
favoráveis, não ao abandono da antropologia de gabinete, mas a sua
combinação com estudo intensivos de sociedades primitivas particulares,
nos quais qualquer instituição, costume ou crença da sociedade fosse
examinado em relação ao sistema social total do qual era uma parte ou item.
Sem estudos comparativos sistemáticos, a Antropologia tornar-se-á mera
historiografia e etnografia. A teoria sociológica deve estar baseada na
comparação sistemática e por ela ser continuamente testada (RADCLIFFEBROWN, 1980 [1951]pp. 196-197)
Todavia,
para
Malinowski
(1977),
a
etnografia é
um
método
utilizado
pela antropologia na coleta de dados. Ex.: Kula sistema de trocas! Para o estabelecimento
deste contato é necessário a relação de inter-subjetivo entre o antropólogo e seu objeto.
No entendimento de Malinowski (1977), o resultado da pesquisa não pode ser vicioso
deve apresentar uma imparcialidade. Considera que o principio metodológico se estrutura
no objeto, na lógica criando desta forma condições adequadas para o desenvolvimento da
pesquisa. Todos os fatos que permeia a realidade devem ser considerados.
CONSIDERAÇÕES
Dentro da etnografia deve haver regras. Neste sentido as regularidades são resultados
da interação do indivíduo com o meio ambiente. Acredita que por meio de um quadro
sinótico onde se condensa informações a fidelidade do trabalho fica menos
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- Estudos Sociais
comprometida.Pois, desta forma se tem uma visão mais ampla por meio de uma
esquematização dos resultados. Dentro desta perspectiva tem-se o método de documentação
estatística pela evidência concreta.
18
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