Projeto de iniciação científica Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) Relatório Final Bolsista: Verônica Maria Fadário Frade Orientador: Prof. Dr. Luis Fernando P. Ferreira Co-orientador: Prof. Dr.a Adriana Célia Lucarini Departamento: Engenharia Química Fevereiro/2011 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ Resumo Os resíduos lignocelulósicos são fontes abundantes em carboidratos e a sua bioconversão tem recebido grande atenção. Tais resíduos são formados por: celulose, hemicelulose e lignina. Em uma das linhas de estudo está a hidrólise desse resíduo, que pode ser ácida ou enzimática, visando a obtenção de açúcares fermentescíveis. A ação das enzimas é influenciada por fatores físicos e químicos do meio reacional, tais como temperatura, pH e velocidade de agitação. No desenvolvimento e otimização desse processo é de fundamental importância o conhecimento dos fatores que afetam a biocatálise. O objetivo desse estudo foi verificar o efeito da rotação e da quantidade de enzima empregada na hidrólise enzimática de bagaço de cana previamente tratado, utilizando as celulases. Como resultado disso, obteve-se uma máxima concentração de 2,81 g/L de glicose, com uma rotação de 280 rpm e utilizando-se 0,1 g de celulase para volume reacional total de 40 mL. _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 1 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ LISTA DE FIGURAS Figura 1: Esquema ilustrativo da formação da celulose.................................................. 8 Figura 2: 0-acetil-4-metilglicouranoxilana de folhosas ................................................ 10 Figura 3: arabino-4-0-metilglicouranoxilana de coníferas ............................................ 11 Figura 4: Unidades do polímero de β-1,4-glicano-piranosil ......................................... 17 Figura 5: Componentes obtidos a partir da celulose ..................................................... 20 Figura 6: Superfície de resposta da concentração de glicose aos ensaios realizados .... 27 Figura 7: Superfície de resposta da concentração de açúcares redutores aos ensaios realizados ........................................................................................................................ 28 Figura 8: Superfície de resposta da concentração de glicose aos ensaios realizados .... 30 Figura 9: Superfície de resposta da concentração de açúcares redutores aos ensaios realizados ........................................................................................................................ 30 Figura 10: Curva de calibração do Método Enzimático ................................................ 39 Figura 11: Curva de calibração do Método DNS .......................................................... 40 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Conteúdo médio celulósico em plantas ........................................................... 9 Tabela 2: Composição química aproximada do bagaço integral, fração fibra e medula para diferentes regiões geográficas em % (calculados sobre o bagaço seco) ................. 19 Tabela 3: Composição do reativo de DNS em porcentagem em peso .......................... 23 Tabela 4: Planejamento estatístico para 40 mL ............................................................. 26 Tabela 5: Planejamento estatístico para 400 mL ........................................................... 26 Tabela 6: Resultados obtidos para volume de 40 mL ................................................... 27 Tabela 7: Resultados obtidos para volume de 400 mL ................................................. 29 Tabela 8: Dados para a curva de calibração .................................................................. 38 Tabela 9: Absorbância obtida para cada concentração de glicose ................................ 38 Tabela 10: Dados para curva de calibração ................................................................... 39 Tabela 11: Absorbância obtida para cada concentração de glicose .............................. 40 _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 2 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ SUMÁRIO 1 – Introdução ................................................................................................................... 5 2 – Etanol a partir de materiais lignocelulósicos .............................................................. 6 3 – A celulose ................................................................................................................... 8 3.1 – Principais fontes de celulose ................................................................................ 9 3.2 – Hemicelulose ..................................................................................................... 10 3.2.1 – Xilanas ......................................................................................................... 10 3.2.2 – Mananas ...................................................................................................... 11 3.2.3 – Galactanas ................................................................................................... 11 3.3 – Lignina ............................................................................................................... 11 3.4 – Importância do bagaço de cana como fonte lignocelulósica ............................. 12 4 – Enzimas .................................................................................................................... 13 4.1 – Enzimas como catalisadores .............................................................................. 14 4.2 – Substrato dependente ......................................................................................... 14 4.3 – Sítio ativo ........................................................................................................... 15 4.4 – Efeito da temperatura ......................................................................................... 15 4.5 – Efeito do pH ....................................................................................................... 15 4.6 – Cinética de uma reação enzimática .................................................................... 16 4.7 – A enzima Celulase ............................................................................................. 16 4.8 – Reação hidrólise ................................................................................................. 17 5 – Objetivos................................................................................................................... 20 6 – Materiais e Métodos ................................................................................................. 21 6.1 – Matérias-primas ................................................................................................. 21 6.2 – Equipamentos..................................................................................................... 21 6.3 – Métodos ............................................................................................................. 21 6.3.1 – Preparação da solução aquosa enzimática ................................................... 21 _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 3 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ 6.3.2 – Preparação da solução tampão de Mcllvaine (fosfato citrato) .................... 22 6.3.3 – Determinação da concentração de Glicose - Método Enzimático............... 22 6.3.4 – Determinação da concentração de Açúcares Redutores – Método DNS .... 23 6.3.5 – Preparação e polpação da cana .................................................................... 24 6.3.6 – Sacarificação enzimática da celulose contida no bagaço de cana ............... 24 6.4 – Planejamento estatístico ..................................................................................... 25 6.4.1 – Planejamento estatístico para volume de 40 mL ......................................... 25 6.4.2 – Planejamento estatístico para volume de 400 mL ....................................... 26 7 – Resultados e discussões ............................................................................................ 26 7.1 – Primeira etapa – volume de 40 mL .................................................................... 26 7.2 – Segunda etapa – volume de 400 mL .................................................................. 28 8 – Conclusão ................................................................................................................. 32 9 – Referencias ............................................................................................................... 33 Anexos ............................................................................................................................ 37 _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 4 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ 1 – Introdução A dependência cada vez maior de energia, a possibilidade do esgotamento das fontes de combustíveis fósseis num futuro não muito distante e um sentimento ambiental cada vez mais forte, fundamentado pelas drásticas mudanças climáticas, compreendem fatores que pressionam a procura por alternativas energéticas. Nesse contexto surgem o etanol e o biodiesel como opções viáveis. O etanol, produzido no Brasil a partir da cana-de-açúcar, é o exemplo de maior êxito dentre os biocombustíveis, sendo utilizado por grande parte da frota de veículos automotores, de maneira pura ou misturada à gasolina. Contudo, o aumento da demanda por esse combustível de origem vegetal, além de seu apelo ambiental, fez com que se procure aperfeiçoar e aumentar as possibilidades de produção do etanol. É nesse ponto que surge o etanol celulósico (Lima, 2009). Uma matéria-prima em potencial para uma boa relação custo-benefício na produção de etanol é o material lignocelulósico, o qual é acessível e de baixo custo por ser um resíduo de vários processos. O Brasil atualmente produz o etanol mais viável e rentável do mundo, mas a produção ainda não é suficiente para obter a quantidade necessária para atender as necessidades mundiais. Os países interessados na tecnologia do etanol estão desenvolvendo a tecnologia do etanol celulósico, que utiliza a matériaprima fibrosa de todos os resíduos gerados pelo país (Fuentes et al., 2007). A produção desse tipo de biocombustível encontra entraves no seu desenvolvimento, sendo necessária pesquisa para a geração de tecnologias para produção industrial do combustível. Inúmeras pesquisas biotecnológicas são realizadas (Sticklen, 2008; Rubin, 2008; Lynd et al., 2008, citado por Lima, 2009), abrangendo os três principais pilares da produção do etanol celulósico: a produção de biomassa viável, o desenvolvimento de degradadores de parede celular e a otimização da fermentação dos açúcares formados (Doe us, 2006, citado por Lima, 2009). A escolha da espécie produtora de biomassa é um passo fundamental na produção do etanol celulósico. Deve ser levada em conta sua produtividade, a produtividade de celuloses e hemiceluloses e a produtividade e tipo de lignina presente. Além disso, há o potencial do uso dos restos culturais das mais diversas espécies para a produção do álcool, como é o caso da cana, que se extrai o caldo e o restante de sua biomassa é rica em celulose (Lima, 2009). _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 5 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ Materiais lignocelulósicos, como o bagaço de cana-de-açúcar, são os mais abundantes complexos orgânicos de carbono na forma de biomassa de planta e consistem principalmente de três componentes: celulose, hemicelulose e lignina (Badhan, 2009, citado por Santos et al., 2010). A utilização de resíduos agroindustriais, como o bagaço de cana-de-açúcar, tem aumentado em processos como, geração de eletricidade, produção de polpa e papel e produtos de fermentação, como etanol e enzimas (Carrillo, 2005, citado por Santos et al., 2010). A produção de etanol celulósico, a partir do bagaço de cana-de-açúcar, requer a hidrólise da celulose, que pode, após pré-tratamento, ser realizada por celulases e β-glicosidases (Jan, 2003; Lima, 2005, citado por Santos et al., 2010). 2 – Etanol a partir de materiais lignocelulósicos Com exceção da cana, as tecnologias comercialmente disponíveis na atualidade para a produção de bioetanol por meio do amido e de açúcares, como no caso do milho e da beterraba, envolvem ganhos energéticos e ambientais bastante estreitos. Além disso, essas matérias-primas apresentam uma limitada vantagem econômica e encontram, em geral, mercados alternativos mais remuneradores, como alimentos ou insumos para outros fins. Entretanto, apesar de suas destacadas vantagens, a cana de açúcar não é uma opção viável para todas as regiões do planeta. Por esse motivo, os países do hemisfério norte vêm procurando incessantemente rotas tecnológicas que permitam a produção de um biocombustível eficiente, tanto do ponto de vista ambiental quanto do ponto de vista econômico. Atualmente, predomina a idéia de que, para o futuro próximo, entre cinco e dez anos, a tecnologia de produção de bioetanol por meio da hidrólise de materiais celulósicos venha a representar essa sonhada alternativa. Porém, existem grandes obstáculos por superar e é difícil predizer com confiança o tempo que, efetivamente, vai levar esse desenvolvimento (BNDES e CGEE, 2008). O bioetanol vem sendo produzido pela hidrólise e fermentação de materiais lignocelulósicos desde o fim do século XIX, mas somente nos últimos 20 anos essa tecnologia tem sido proposta para atender o mercado de combustíveis. Os principais programas de pesquisa e desenvolvimento são conduzidos nos Estados Unidos e na Europa, basicamente em escalas experimentais de produção, mas seu sucesso poderia transformar o bioetanol em um biocombustível passível de ser produzido em quase todas as regiões do mundo, aproveitando a alta disponibilidade de resíduos orgânicos de _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 6 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ diversas fontes (Macedo, 2005, citado por BNDES e CGEE, 2008). Praticamente todos os resíduos de biomassa, produzidos nas atividades agrícolas e industriais, e mesmo o lixo urbano apresentam elevados teores de materiais lignocelulósicos. As tecnologias para a obtenção de bioetanol com base em materiais lignocelulósicos envolvem a hidrólise dos polissacarídeos da biomassa em açúcares fermentescíveis e sua posterior fermentação para a produção do bioetanol. Para executar essa tarefa, a hidrólise utiliza tecnologias complexas e multifásicas, com base no uso de rotas ácidas e/ou enzimáticas para a separação dos açúcares e remoção da lignina (BNDES e CGEE, 2008). Nos processos enzimáticos, a composição e a estrutura da biomassa têm forte influência na natureza e nos rendimentos dos processos de hidrólise e fermentação. Na realidade, muito esforço de pesquisa deverá estar focado no melhor entendimento da formação dos componentes da estrutura vegetal e como seria possível modificá-la para aumentar os rendimentos do processo de hidrólise (DOE, 2006, citado por BNDES e CGEE, 2008), já que a hidrólise somente é eficiente, de fato, após alguma separação das frações da biomassa. A biomassa lignocelulósica é composta por polissacarídeos (celulose e hemicelulose) e pela lignina, polímero complexo de grupos metoxi e fenilpropânicos, que mantém as células unidas. A fração celulósica (40%-60% da matéria seca) é um polímero linear do dímero glicose-glicose (celobiose), rígido e difícil de ser quebrado; sua hidrólise gera glicose, um açúcar de seis carbonos, cuja fermentação com Saccharomyces cerevisiae já é bem conhecida. Por sua vez, a fração hemicelulósica (20%-40%), em geral, é constituída de uma cadeia principal de xilose (ligações β-1,4) com várias ramificações de manose, arabinose, galactose, ácido glicurônico etc. A hemicelulose é muito mais fácil de ser hidrolisada do que a celulose, mas a fermentação dos açúcares de cinco carbonos (pentoses) ainda não é tão desenvolvida quanto os processos envolvendo a glicose. Já a estrutura bioquímica da fração de lignina (10%25%) não está relacionada a moléculas simples de açúcar, não sendo pretendida para a produção de bioetanol por rotas fermentativas. Essa fração, no entanto, desempenha um papel fundamental para o sucesso da tecnologia de hidrólise. Apesar de ser possível produzir diversos produtos com base na lignina, atualmente o foco dos estudos tem se voltado para o uso desse material como fonte de energia para os processos, o que garantiria a auto-suficiência e, eventualmente, até a possibilidade de exportar alguma energia elétrica excedente. Naturalmente, essa situação é positiva tanto para a _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 7 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ viabilidade econômica da tecnologia quanto para os quesitos ambientais, já que reduziria a dependência por recursos energéticos fósseis externos (BNDES e CGEE, 2008). De forma geral, a primeira etapa do processo consiste no pré-tratamento mecânico da matéria-prima, que visa à limpeza e à “quebra” do material, a fim de causar a destruição da sua estrutura celular e torná-la mais acessível aos tratamentos químicos ou biológicos posteriores. A etapa seguinte consiste na remoção da lignina e na hidrólise da hemicelulose, que também pode ser denominada pré-tratamento. Para essa etapa, existem diversos tipos de processos, com diferentes rendimentos e efeitos distintos sobre a biomassa e conseqüente impacto nas etapas subseqüentes (BNDES e CGEE, 2008). 3 – A celulose A celulose é o composto orgânico mais comum na natureza. Ela constitui entre 40 e 50% de quase todas as plantas. Há estimativas de que cerca de 50 bilhões de toneladas deste composto químico são produzidas por ano. Ela está presente também em bactérias e algas, mas em pequenas proporções, estando localizada principalmente na parede secundária das células vegetais (Klock et al., 2005). O estudo da química da celulose iniciou em 1838 com Payen, que mostrou por análise elementar que o tecido de plantas contém um componente majoritário com 44,4% de carbono; 6,2% de hidrogênio e 49,3% de oxigênio, o que é equivalente a uma fórmula empírica de C6H10O5 e um peso molecular de 162 g/mol. Evidências conseguidas após 1930, provaram que a celulose é um polímero composto por um grande número de unidades repetidas. (Figura 1). Posteriormente foi provado que estas unidades derivam-se da condensação da D-glicose, (um açúcar simples monossacarídeo hexose C6H12O6) (Klock et al., 2005). Figura 1: Esquema ilustrativo da formação da celulose Fonte: Klock et al., 2005 _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 8 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ 3.1 – Principais fontes de celulose Com relação às principais fontes de celulose, ela é o componente majoritário, perfazendo aproximadamente a metade das madeiras tanto de coníferas, como de folhosas sendo outras possíveis fontes de celulose: ⇒ Algas marinhas, exemplo: valônia que possui longas microfibrilas. ⇒ Pêlos de frutos - pericarpo, exemplos: algodão, casca de coco. No algodão é encontrada a celulose mais pura 98%. ⇒ Fibras de floema-líber, exemplos: juta, linho, cânhamo, rami, etc. ⇒ Gramíneas-monocotilêdoneas, exemplos: esparto, bagaço de cana, bambu, palhas de cereais, etc. ⇒ Fibras do xilema-lenho, exemplos: madeiras utilizadas comercialmente, de fibras longas (coníferas), e de fibras curtas (folhosas). ⇒ Celulose artificial, exemplo: rayon, viscose, etc. ⇒ Bagaço de cana-de-açúcar (Americano et al., 2006, Klock et al., 2005) Dessas, a forma mais pura de celulose 99,8% pode ser obtida do algodão (98%) por desengorduramento com solvente orgânico e extração com solução a quente de hidróxido de sódio a 1% (Klock et al., 2005). O quadro a seguir exemplifica o conteúdo médio de celulose em várias plantas (Tabela 1): Tabela 1: Conteúdo médio celulósico em plantas Planta Algodão Rami Bambo Madeira Cascas de árvores Musgos Engaço de bananeira Bactérias Cana de açúcar Celulose (%) 95 – 99 80 – 90 40 – 50 40 – 50 20 – 30 25 - 30 53 - 54 20 - 30 58 - 59 Fonte: Klock et al., 2005 _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 9 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ 3.2 – Hemicelulose A hemicelulose é uma mistura de polímeros polissacarídeos de baixa massa molecular, onde estão associadas com a celulose nos tecidos das plantas. O termo hemicelulose não designa um composto químico definido, mas sim uma classe de componentes poliméricos com propriedades peculiares (D’Almeida, 1981). Na sua composição podem aparecer condensados unidades de açúcar como β-Dxilose, β-D-manose, β-D-glicose, α-L-arabinose, α-D-galactose e os ácidos β-Dglucourônico, β-D-galactourônico e α -D-4-0-metilglucourônico (D’Almeida, 1981). Algumas unidades de açúcares possuem cinco carbonos e outras seis, denominadas respectivamente de pentose e hexose que, quando condensadas, recebem o nome de pentosana e hexosana, com fórmula geral (C5H8O4)n e (C6H10O5)n respectivamente, onde n é o grau de polimerização. Uma pentosana quando hidrolisada leva apenas a unidades de xilose é denominada xilana e uma que leva unidades de arabinose, arabinana. Uma hexosana quando hidrolisada, dependendo da sua unidade pode ser chamada de manana ou galactana (D’Almeida, 1981). Portanto as hemiceluloses são polímeros nos quais participam pelo menos dois tipos de açúcares (D’Almeida, 1981). 3.2.1 – Xilanas São polissacarídeos com um esqueleto linear formado por unidades de xilose ligadas entre si pelos carbonos 1 e 4. No caso de folhosas, a cadeia de xilanas apresenta, em intervalos irregulares, grupos de ácido 4-0-metilglucurônico conectados às unidades de xilose e, muitos dos grupos hidroxilas dos carbonos 2 e 3 são substituídos por grupos 0-acetila. As xilanas de coníferas diferem das de folhosas pela ausência de grupo acetila e pela presença de unidades de arabinofuranose (D’Almeida, 1981). Figura 2: 0-acetil-4-metilglicouranoxilana de folhosas Fonte: D’Almeida, 1981 _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 10 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ 3.2.2 – Mananas São polissacarídeos com um esqueleto linear formado por unidades de manose e glicose conectadas entre si pelos carbonos 1 e 4. No caso de folhosas, as glucomananas formam cadeias pouco ramificadas. No caso de coníferas, estão ligados ao esqueleto de glucomanana grupos acetila e galactose (D’Almeida, 1981). 3.2.3 – Galactanas São polímeros bastante ramificados e solúveis em água. As galactanas possuem um esqueleto linear de unidades de galactose conectadas entre si, e de cadeias laterais de unidades de galactose, somente unidades de arabinose e de ácidos glucourônicos (D’Almeida, 1981). Figura 3: arabino-4-0-metilglicouranoxilana de coníferas Fonte: D’Almeida, 1981 3.3 – Lignina A lignina é uma substância química que confere rigidez à parede da célula, gerando uma estrutura resistente a impacto, compressão e dobra. A lignina também contribui para impedir a penetração de enzimas destruidoras da parede celular e resistem ao ataque de microorganismos. A lignina provém da polimerização dehidrogenativa dos seguintes álcoois: álcool trans-coniferilico; álcool trans sinapilico e álcool trans-paracumárico. Também podem possuir, em sua estrutura, ácidos carboxílicos aromáticos, na forma de éster. A lignina não pode ser considerada como substância única, pois existem variações de planta para planta, e podem ser classificadas em duas classes principais (D’Almeida, 1981): _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 11 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ • Lignina guaiacil: presentes na maioria das coníferas, seus produtos de oxidação com nitrobenzeno são, vanilina e para-hidroxibenzaldeído. • Lignina guaiacil-siringil: presentes na maioria das folhosas, incluindo as gramíneas, a oxidação com nitrobenzeno leva a quantidades significativas de aldeído siríngico. Foram feitos vários modelos para a lignina, todos com falhas, porém o maior modelo estrutural para ligninas de coníferas foi desenvolvido através de simulação em computador por Glasser e Glasser (1974). Baseava-se principalmente na simulação de reações de copulação de radiais dos álcoois p-hidroxicinamil (D’Almeida, 1981). Os principais grupos funcionais encontrados nas ligninas são: • Grupos metoxilas (-OCH3): é o grupo funcional mais característico da lignina • Grupos hidroxilas (-OH): estes são de natureza variada, isto é, fenólicos, assim como alifáticos primários, secundários e terciários. • Grupos carbonilas e grupos carboxílicos. • Grupos éter (R-O-R): podem ser aromáticos ou alifáticos. • Duplas ligações (-C = C-) • Grupos éster: ocorrem em algumas folhosas. A lignina contém como elementos somente carbono, hidrogênio e oxigênio. 3.4 – Importância do bagaço de cana como fonte lignocelulósica As fontes mais comuns de celulose industrial atualmente são a madeira e o algodão, sendo a fibra de algodão provavelmente a fonte natural mais rica em celulose, com cerca de 95%, como citado anteriormente. Na madeira, resíduos agrícolas, folhagens, e outras, a celulose está associada com outras substâncias como a lignina e hemicelulose, ambas em quantidades consideráveis, o que leva a necessidade de desenvolvimento de tecnologias visando à eliminação desses resíduos (Silvério, 1988). Atualmente, a produção de substâncias químicas derivadas da celulose, é realizada a partir de celulose oriunda do línter de algodão e da madeira. A utilização destas matérias-primas contribui significativamente com os elevados custos de processamento industrial, decorrentes do alto valor comercial do línter e da complexidade do processamento da madeira. No caso particular da madeira, deve-se ainda levar em conta, os danos causados ao meio ambiente pela geração de efluentes e desmatamento. Porém, estão sendo desenvolvidas inúmeras pesquisas visando viabilizar a utilização de outras fontes de celulose, principalmente no que diz respeito à utilização _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 12 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ de resíduos. Nesse contexto, dentre os resíduos agrícolas o bagaço de cana ocupa um lugar de destaque em vários países, pela sua abundância, fácil acessibilidade e baixo custo, fatores que são realidade no Brasil, devido a grande capacidade de produção de álcool e açúcar dentro no país (Goldstein, 1995). A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) é uma planta de grande importância para a economia brasileira, tornando-se grande geradora de empregos e de energia via industrialização desta em açúcar, álcool além da produção de energia, fonte de celulose e produção de ração animal (Manzano et al., 2000). Estruturalmente, a cana consiste de vários tipos de tecidos, tais como córtex (ou casca), tecido parenquimatoso e hastes fibrovasculares. O córtex é composto de fibras muito lignificadas, sendo caracterizado pela espessura da parede celular, comprimento e rigidez de suas fibras. A parte interior do talo é constituída por um tecido parenquimatoso (medula) de caráter fibroso o qual possui como principal função o armazenamento do suco adocicado produzido pela planta (Machado, 2000). De uma maneira geral, o bagaço consiste de fibras e medula, nas proporções de aproximadamente 65 a 35 % respectivamente e assim como outros materiais lignocelulósicos ele é constituído de celulose, polioses e lignina (Tabela 2) podendo ser utilizado na produção de polpas celulósicas e, portanto, utilizado na produção de acetato de celulose. A polpação pode ser realizada com a fração fibra e/ou medula cabendo salientar que a fração medula requer maior consumo de reagentes (Machado, 2000). 4 – Enzimas As enzimas são proteínas sintetizadas em células vivas, possuindo assim, estruturas protéicas, as quais podem ser primárias, secundárias, terciárias ou ainda quaternárias, dependendo da atividade catalítica para qual são destinadas. A atividade catalítica depende da integralidade de sua conformação protéica nativa, sendo que esta pode ser perdida caso haja a desnaturação ou dissociação das mesmas em subunidades (Vieira, 2003, citado por Campestrini et al., 2005). A estrutura e o centro ativo enzimático são decorrentes de sua estrutura tridimensional, que podem ser afetados por agentes capazes de provocar alterações conformacionais na proteína. Isso torna a atividade enzimática dependente das características do meio, principalmente o pH e a temperatura reacionais (Marzzoco et al., 1999). _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 13 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ As enzimas catalisam reações químicas específicas sem serem consumidas, além de não haver a formação de produtos colaterais e agem em soluções aquosas diluídas (tampões), em condições muito suaves de temperatura e pH, sendo que cada enzima possui uma temperatura e um pH ótimos, onde sua atividade é máxima, ou seja, a velocidade da reação a qual está catalisando é máxima (Marzzoco et al., 1999). 4.1 – Enzimas como catalisadores As enzimas aumentam a velocidade de reações químicas específicas que, sem o uso de catalisadores (no caso, as enzimas), ocorreriam muito lentamente. Estas, não podem alterar o ponto de equilíbrio das reações que catalisam, e também não são consumidas ou transformadas em tais reações (Marzzoco et al., 1999). Do ponto de vista termodinâmico, uma enzima é um catalisador que acelera uma reação porque diminui sua energia de ativação, sendo que, quanto maior for a energia de ativação, mais lenta a reação ocorrerá. O aumento na velocidade da reação ocorre devido ao fato de a enzima aumentar o número de moléculas ativadas, ou seja, capazes de reagir. Após terem reagido com o substrato, as enzimas se separam dos produtos, liberando a molécula de catalisador para novas reações (Marzzoco et al., 1999). 4.2 – Substrato dependente Algumas enzimas têm especificidade quase absoluta por um dado substrato, e não atacará nem mesmo moléculas muitíssimo parecidas. Por outro lado, existem enzimas que possuem uma ampla especificidade de substratos com características estruturais semelhantes (Lehninger, 1989). A especificidade das enzimas se deve a algumas características estruturais distintas dos substratos, como a ligação química específica que pode ser atacada pela enzima, ou como algum outro grupo funcional (grupo de ligação), o qual se liga à enzima e posiciona a molécula de substrato no sítio ativo, de forma apropriada para que a ligação suscetível fique localizada de modo preciso em relação ao grupo catalítico da enzima (Lehninger, 1989). _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 14 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ 4.3 – Sítio ativo As reações catalisadas enzimaticamente ocorrem no interior dos limites de uma cavidade, ou fenda, na estrutura molecular da enzima, chamada de sítio ativo. Este sítio contém aminoácidos cujas cadeias laterais criam uma superfície complementar ao substrato, permitindo que as enzimas atuem na ruptura de uma determinada ligação química. O sítio ativo liga-se ao substrato, formando um complexo enzima-substrato que será convertido à enzima e produto (Campestrini et al., 2005), como demonstrado através da seguinte reação: E + S ⇔ ES ⇔ E + P, onde E, S e P significam, respectivamente, enzima, substrato e produto (Lehninger, 1989). 4.4 – Efeito da temperatura Toda reação química catalisada por enzimas será afetada de acordo com a variação da temperatura. Quando a temperatura aumenta, a velocidade de reação inicialmente aumenta, em virtude da energia cinética aumentada entre as moléculas e o substrato. Em temperaturas ótimas, a velocidade de destruição das enzimas causada pelo calor, é equilibrada pelo aumento na reatividade enzima-substrato e a velocidade da reação é máxima (Campestrini et al., 2005). Porém, devido à sua natureza protéica, em temperaturas excessivas, ocorre a desnaturação térmica da enzima, acarretando a diminuição de sua concentração efetiva, fazendo com que a velocidade da reação também diminua (Lehninger, 1989). 4.5 – Efeito do pH Como as enzimas são proteínas, as mudanças no pH afetarão profundamente o caráter iônico dos grupos carboxila e amina na superfície da molécula, influenciando bastante a natureza catalítica (Lehninger, 1989). A concentração de H+ afeta a velocidade das reações químicas. Extremos de pH podem acarretar a desnaturação das enzimas (Campestrini et al., 2005). Cada enzima possui um pH ótimo ou uma faixa de pH ideal, no qual importantes grupos doadores ou receptores de próton no sítio catalítico estão em seus estados de ionização adequados (Lehninger, 1989). _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 15 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ Portanto, as enzimas possuem um pH ótimo ou uma faixa de pH ideal para que possam desenvolver com maior eficiência sua atividade catalítica, sendo que em valores superiores ou inferiores de pH podem suprimir ou desnaturar as enzimas (Campestrini et al., 2005). 4.6 – Cinética de uma reação enzimática O estudo da catalise enzimática é baseada em medidas da velocidade de reação, que é diretamente proporcional à concentração de substrato. Reações catalisadas por enzimas se dão em duas etapas, sendo que na primeira, a enzima liga-se reversivelmente ao substrato, formando um complexo enzima-substrato, enquanto que na segunda etapa, o produto é libertado e a enzima fica livre para se ligar à outra molécula de substrato. Em uma reação enzimática típica, a velocidade da primeira fase é mais elevada que a segunda (Marzzoco et al., 1999). Como mencionado anteriormente, a velocidade de reação é diretamente proporcional à concentração de substrato, devido ao fato de a concentração do complexo enzima-substrato ser muito elevada, significando que não há enzimas em solução em sua forma livre. Neste ponto, diz-se que a velocidade de reação é máxima, a partir do qual, qualquer aumento na concentração de substrato não provocará efeitos perceptíveis sobre a velocidade da reação. Contudo, a velocidade reacional também é proporcional à concentração de enzimas presentes no meio, o que possibilita a determinação da atividade enzimática (Marzzoco et al., 1999). 4.7 – A enzima Celulase O complexo celulase envolve pelo menos três enzimas que apresentam modos de ação distintos. A β-1,4-glicano-glicanoidrolase (endoglicanase), β-1,4-glicano- celobioidrolase (exoglicanase) e β-1,4-glicosidase (celobiase). As endoglicanases atacam, de forma randômica, ligações glicosídicas em regiões internas da molécula de celulose, gerando oligossacarídeos de cadeias menores de celotriose, celobiose e glicose. As exoglicanases (celobiohidrolases) atuam nas extremidades dos oligossacarídeos produzidos pela ação das endoglicanases, formando principalmente, moléculas de celobiose, que por sua vez, são clivadas por β-glicosidases, liberando glicose (Beguin & Aubert, 1994; Bhat & Bhat, 1997; NG, 2004, citado por Daroit, _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 16 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ 2007). ). A atividade das enzimas do complexo celulase é geralmente sinérgica, ou seja, a atividade combinada das enzimas é maior do que a soma da atividade individual de cada componente (Ortega et al., 2001; Galbe & Zacchi, 2002; Lynd et al., 2002, 2002 citado por Daroit, 2007). A atividade de endoglicanases e exoglicanases exoglicanases é geralmente inibida por celobiose. As β-glicosidases, glicosidases, nesse sentido, não só produzem glicose a partir de celobiose, mas também reduzem o efeito inibitório da celobiose, permitindo a maior eficiência tanto das endo quanto das exoglicanases (Beguin (Beguin & Aubert, 1994; Lee et al., 1996; Szczodrak & Fiedurek, 1996; Lau & Wong, 2001; Sun & Cheng, 2002, 2002 citado por Daroit, 2007). ). A hidrólise eficiente da celobiose em glicose é, desta forma, crítica pela completa digestão da celulose (Busto et al., 1997, 1997 citado itado por Daroit, 2007), 2007 e as βglicosidases têm importante função de regulação da degradação enzimática da celulose (Berghem & Pettersson, 1974, 1974 citado por Daroit, 2007). Figura 4: 4 Unidades do polímero de β-1,4-glicano-piranosil 4.8 – Reação hidrólise A celulose pode ser hidrolisada, com ácidos ou através da utilização de processos enzimáticos a glicose sendo que a degradação microbiana da celulose é total e específica e tem estimulado o uso dos processos de fermentações celulolíticas pelo homem (Ruegger et al.,., 2004), e segue a seguinte reação genérica: n C6H10O5 + n H2O → n C6H12O6 _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum ( officinarum L.) 17 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ No processo enzimático, a hidrólise é catalisada por enzimas chamadas genericamente de celulases, e a hidrólise da celulose por celulases resulta na produção final de glicose. Estas, porém, por serem proteínas, não conseguem penetrar com facilidade a barreira da lignina das células vegetais e, dessa forma, o difícil acesso destas enzimas às fibras de celulose constitui o principal problema para desencadeamento desse processo de degradação (Ruegger et al., 2004, Feldman et al., 1988 e Galliano et al., 1988). Nesse contexto o trabalho de desenvolvimento de técnicas de deslignificação para expor a celulose ao ataque das enzimas, se torna importante visando à obtenção de biocombustíveis. Na natureza, existe uma grande variedade de microrganismos que produzem celulases; apenas alguns são conhecidos como verdadeiros celulolíticos, isto é, são capazes de degradar a celulose natural. Em condições laboratoriais, algodão e papel de filtro, dentre outros, são usados como substratos indutores para a produção de exoglicosidases e para medir a atividade do complexo celulolítico total (Ruegger et al., 2004). _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 18 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ Tabela 2: Composição química aproximada do bagaço integral, fração fibra e medula para diferentes regiões geográficas em % (calculados sobre o bagaço seco) Origem Tipo Celulose Lignina Polioses Cinzas EUA Integral 58,4 21,3 29,4 2,9 (Lousiana) Fibra 61,4 20,7 30,0 2,0 Medula 54,6 21,3 29,9 4,6 Integral 56,8 22,3 31,8 2,3 Fibra 62,9 21,8 31,2 1,2 Medula 55,4 22,5 33,2 2,6 Integral 50,9 18,1 29,6 3,9 Fibra 59,9 19,8 31,6 1,2 Medula 53,9 18,8 31,9 3,2 África do Sul Integral 45,3 22,1 24,1 1,6 Havaí Integral * 27,6 – 28,4 19,4 – 21,6 1,3 – 2,0 Fibra * 25,8 – 27,3 20,0 – 22,0 0,6 – 0,8 Medula * 27,6 – 28,8 19,3 – 21,5 1,8 – 2,4 Integral 46,6 20,7 25,2 2,6 Fibra 47,0 19,5 25,1 1,4 Medula 41,2 21,7 26,0 5,5 Integral 49,1 20,3 27,8 1,6 Fibra 51,1 20,8 26,7 0,8 Medula 47,5 20,2 28,5 3,0 Filipinas Porto Rico Cuba Brasil (SP) Fonte: Machado, 2000 Através do uso de enzimas, no caso a celulase, a celulose pode ser hidrolisada a glicose e a mesma pode ser utilizada para aumento da produção de etanol, bem como para a produção de insumos químicos como: etileno, buteno (dimerização de etileno), propileno (metátese de buteno com etileno), butadieno (via acetaldeído, processo da COPERBO) e ácido acrílico (via ácido láctico) (Figura 5). Através de outros processos de fermentação pode-se obter ainda butanol, isopropanol, 2,3-butadienol, glicerol, acetona, ácido acético e ácido butírico. A hidrólise da glicose com ácidos diluídos leva ainda ao hidroximetilfurfural, que pode ser clivado em ácido levulínico (ácido g-cetopentanóico) e ácido fórmico. O ácido levulínico pode ser um interessante insumo para poliésteres (Schuchardt et al., 2001, citado por Martins, 2007). _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 19 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ Glicose Meio ácido Fermentação Hidroximetilfurfural Fermentação Ácido lático Etanol Desidratação Ácido levulínico Ácido acrílico Desidratação Etileno Polimerização Oxidação Poliésteres Buteno Propileno Acetaldeído Butadieno Figura 5: Componentes obtidos a partir da celulose Fonte: Schuchardt et al., 2001, citado por Martins, 2007 Como o processo enzimático é conduzido em condições brandas (pH 4,8 e temperatura entre 45° e 50°C), o custo de utilidades é relativamente baixo (Sun e Cheng, 2002, citado por BNDES e CGEE, 2008), além de permitir maiores rendimentos, possibilitar a fermentação simultânea à sacarificação e apresentar baixo custo de manutenção, por não se ter problemas relacionados à corrosão. Por conta de seu grande potencial de evolução e redução de custos, muitos especialistas vêem a hidrólise enzimática como a chave para a produção de bioetanol a um custo competitivo no longo prazo (Dipardo, 2000 e Lynd et al., 1996, citado por BNDES e CGEE, 2008). Contudo, uma das maiores dificuldades para que as descobertas em laboratório, especialmente na área de bioquímica, transformem-se em benefício efetivo para a sociedade consiste na transferência de tecnologia em mudança de escala, o chamado scale-up. 5 – Objetivos Estudo do aumento da escala da reação de hidrólise enzimática, visando à obtenção de etanol a partir do bagaço de cana. _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 20 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ 6 – Materiais e Métodos 6.1 – Matérias-primas ⇒ Material lignocelulósico: será utilizado como substrato, o bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) previamente polpado. ⇒ Reagentes de hidrólise: para o desenvolvimento das reações de hidrólise da celulose serão utilizadas celulases, além de tampão fosfato citrato. 6.2 – Equipamentos ⇒ Espectrofotômetro Hexis modelo DR 2800, da Hach; ⇒ Banho de aquecimento modelo Q-215S2, da Quimis; ⇒ Manta aquecedora; ⇒ pHmetro modelo B474, da Micronal; ⇒ Pipeta automática, da Gilson; ⇒ Agitador mecânico modelo 713D, da Fisaton; ⇒ Reator com capacidade de 5 litros em batelada, da Metalquim; ⇒ Moinho de facas, da Quimis. 6.3 – Métodos 6.3.1 – Preparação da solução aquosa enzimática Para a preparação da solução enzimática utilizada nos ensaios, dissolveu-se uma massa correspondente a 0,125 g do composto enzimático celulase em 25 mL de água destilada, a qual foi agitada até a total dissolução do composto, gerando uma solução de concentração 5 g/L, de modo a ter-se uma quantidade equivalente a 0,1 g de enzima presente no meio reacional. Para a obtenção das outras soluções utilizadas nos ensaios, procederam-se diluições, a fim de se obter quantidades de enzimas correspondentes a 0,065 e 0,025 g, no que diz respeito à primeira etapa dos ensaios (primeiro planejamento estatístico). Para a segunda etapa, foi utilizada a solução enzimática com concentração de 5 g/L. Estas soluções, assim como as demais preparadas, foram conservadas em geladeira. _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 21 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ 6.3.2 – Preparação da solução tampão de Mcllvaine (fosfato citrato) Para a preparação da solução tampão de Mcllvaine, foram preparadas inicialmente duas soluções distintas, sendo uma de fosfato de sódio dibásico, e outra de ácido cítrico. A solução aquosa de fosfato de sódio dibásico (Na2PO4) foi preparada na concentração de 0,05 M, e para tal dissolveu-se uma massa de 8,907g de Na2PO4 em 1 litro de água destilada, sendo verificado, através do pHmetro, que esta solução possui um pH de aproximadamente 9; A solução aquosa de ácido cítrico (C6H8O7) foi preparada na concentração de 0,05 M, e para tal dissolveu-se uma massa correspondente a 10,504g de C6H8O7 em 1 litro de água destilada, sendo verificado, através do pHmetro, que esta solução possui um pH de aproximadamente 2. Partindo-se de uma das soluções citadas acima como base, adicionou-se aos poucos a outra solução, até que atingisse o pH desejado, no caso 5, o qual foi detectado por meio do pHmetro. 6.3.3 – Determinação da concentração de Glicose - Método Enzimático O reativo de trabalho (método enzimático) foi preparado dissolvendo-se 3 das 4 soluções que compõe o kit enzimático. As soluções utilizadas foram: Reativo enzimático CAT nº. 02202 (glicose oxidase e peroxidase); Reativo de Cor (1) CAT nº. 02203 (4-aminofenazona 0,025 mol/L e tampão Tris 0,92 mol/L) e Reativo de Cor (2) CAT nº. 02204 (Fenol 0,055 mol/L), com pH 7,4 ± 0,1. Após devidamente dissolvidas, a solução resultante possui um volume final de 1 litro. A concentração de glicose é obtida por método enzimático (Laborlab cat. n°. 02200), através da análise espectrofométrica, utilizando uma curva de calibração que correlacione a absorbância (Abs) com a concentração de glicose ([G]). Para elaboração dessa curva, amostras padrões de glicose foram preparadas nas seguintes concentrações: 0,2; 0,4; 0,8; 1,0; 1,2; 1,6 e 2,0 g/L (Lucarini, 2006). O princípio do método é baseado em técnicas colorimétricas onde, inicialmente, a glicose presente na amostra é oxidada a ácido glicônico e peróxido de hidrogênio, em presença de glicose-oxidase. O peróxido de hidrogênio formado, na presença de peroxidase e do sistema constituído por fenol e 4-aminofenazona (aceptor e oxigênio nesta reação), reage formando um cromógeno vermelho (4-p- benzoquinonamonoiminofenazona). A concentração desta substância, determinada por _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 22 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ métodos colorimétricos, é proporcional à concentração de glicose na amostra (Lucarini, 2006). A análise é realizada através da adição de 50 µL da amostra hidrolisada em 5 mL do reativo de trabalho. A mistura é então incubada em banho termostatizado a 37°C por 10 minutos, sendo em seguida resfriada em banho de gelo. Após, realizou-se a leitura em espectrofotômetro em um comprimento de onda ajustado para 505 nm, mediante calibração do instrumento com água destilada (branco), pois esta possui a mesma coloração do reativo de trabalho. O reativo foi armazenado em geladeira e em frasco escuro, pois é sensível à luz e à temperatura, sendo de um mês seu período de validade. A partir de uma solução-mãe de glicose (2g/L), preparou-se os correspondentes padrões cujas concentrações variaram entre 0,2 e 2,0 mg/mL, como mostra a tabela localizada em Anexos, assim como as curvas de calibração. 6.3.4 – Determinação da concentração de Açúcares Redutores – Método DNS O método do DNS consiste na mistura de 1 mL da amostra com 1,5 mL da solução de DNS. Agita-se e aquece-se a mistura em banho de água fervente por 5 minutos. A amostra é resfriada em água ate que a temperatura ambiente seja atingida. Completa-se o volume total para 25 mL com água destilada em tubos aferidos e agita-se. Determina-se a absorbância das amostras a 540 nm contra um branco preparado com 1,5 mL da solução de DNS e água destilada até completar 25ml de solução (Lucarini, 2006). O reativo de DNS apresenta a seguinte composição em porcentagem em peso, conforme Tabela 3: Tabela 3: Composição do reativo de DNS em porcentagem em peso Componente %(p/p) Ácido 3,5-dinitro salicílico (DNS) 0,6 Hidróxido de Sódio 1,13 Tartarato duplo de sódio e potássio 17,5 Fenol 0,43 Metabissulfito de sódio 0,47 Água destilada q.s.p Fonte: Lucarini, 2006 _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 23 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ Tartarato duplo de sódio e potássio, normalmente presente no reagente ácido dinitrosalicílico pela redução de açúcar, interfere na ação protetora do metabissulfito de sódio, mas também é essencial para a estabilidade da cor. A melhor composição de um reagente de ácido dinitrosalicílico é dada na Tabela 3, através dos estudos realizados por Miller, publicados no Analytical Chemistry, em 1959. O reagente ácido dinitrosalicílico, desenvolvido por Sumner para a determinação da redução de açúcar, é composta de ácido dinitrosalicílico, tartarato duplo de sódio e potássio, fenol, metabissulfito de sódio e hidróxido de sódio. Segundo os autores do ensaio, Tartarato duplo de sódio e potássio é introduzido para prevenir a dissolução do oxigênio no reagente; fenol, para aumentar a quantidade de cores produzidas; e metabissulfito de sódio e potássio, para estabilizar a cor obtida na presença do fenol. A base é necessária para reduzir a ação da glicose no ácido dinitrosalicílico. 6.3.5 – Preparação e polpação da cana Inicialmente, é necessário que o bagaço de cana passe por um processo de lavagem, que visa a remoção de melado e possíveis impurezas. Após a lavagem, a cana é seca em estufa e moída em um moinho de facas. O processo de polpação é realizado em um reator batelada, o qual é carregado com aproximadamente 230 g de bagaço de cana moída e 3 L de solução de soda a 9% em massa. A mistura é então submetida a uma temperatura de aproximadamente 130ºC, e um pressão entre 1,2 e 1,6 atm e agitação de 125 rpm, por 3 horas. Após este período, a solução é descarregada, filtrada e lavada, sendo posteriormente encaminhada a estufa para secagem. 6.3.6 – Sacarificação enzimática da celulose contida no bagaço de cana As hidrólises enzimáticas foram realizadas com uma massa equivalente a 2 g de cana previamente polpada inseridos em um balão de fundo redondo de uma boca, ao qual foram adicionados 20 ml da solução enzimática de Celulase em concentrações diferentes, de acordo com o planejamento estatístico, e 20 ml de solução tampão fosfato citrato com pH 5. Após a adição dos reagentes, feitos sempre em duplicata, a mistura contida no balão foi agitada manualmente, visando a homogeneização do meio reacional para posterior tomada de pH. Em seguida, o balão foi encaminhado a um banho _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 24 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ termostatizado, o qual possuía temperatura equivalente a 50ºC, sendo submetido à agitação variável de acordo com o planejamento estatístico, por um período de 2 horas. Depois de decorrido o tempo de reação, a solução resultante foi filtrada a vácuo, sendo que o pH foi novamente medido para comparações posteriores com os valores iniciais. Analisou-se as amostras (sempre em duplicata) através do método enzimático (item 6.3.3) e do método DNS (item 6.3.4). Em ambos os métodos, foi medida a absorvância da solução colorida em 505 nm e 540 nm respectivamente, contra branco de reagentes. A concentração de glicose e de açúcares redutores nas amostras foi obtida mediante a utilização de uma curva de calibração, preparada a partir de uma solução de glicose em água. Vide anexos para ambas as metodologias. 6.4 – Planejamento estatístico Como a celulose na forma de substrato é insolúvel em solução aquosa, as enzimas terão que ser adsorvidas para poderem reagir. Assim, o processo enzimático é heterogêneo, portanto, os efeitos difusionais das enzimas são tão importantes quanto os efeitos cinéticos. Baseado nisso, propôs-se um planejamento estatístico fatorial 22 de primeira ordem, com três repetições dos pontos centrais, totalizando em 5 combinações reacionais para ambas as etapas, sendo que a primeira refere-se a um volume total de reagentes de 40 mL e a segunda, para um volume de 400 mL, de modo a monitorar a conversão de celulose a glicose perante variações nas condições reacionais. 6.4.1 – Planejamento estatístico para volume de 40 mL Com o objetivo verificar qual a melhor velocidade de agitação e a quantidade ideal de enzima a ser empregada para obter-se a maior quantidade de glicose, propôs-se o seguinte planejamento: _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 25 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ Tabela 4: Planejamento estatístico para 40 mL Enzima + + 0 0 0 Rotação (rpm) Ensaio + 1 2 + 3 4 0 5 0 6 0 7 Onde: + 0,1 Enzima (g) 0 0,025 0,065 Rotação (rpm) + 0 380 280 330 6.4.2 – Planejamento estatístico para volume de 400 mL Com o objetivo verificar qual a melhor velocidade de agitação e o pH que proporciona a maior quantidade de glicose, propôs-se o seguinte planejamento: Tabela 5: Planejamento estatístico para 400 mL pH + + 0 0 0 Rotação (rpm) Ensaio + 1 2 + 3 4 0 5 0 6 0 7 Onde: + 6 pH 4 0 5 rotação (rpm) + 0 350 0 175 7 – Resultados e discussões Após terem sido realizados os ensaios dos planejamentos estatísticos, obtiveram-se os seguintes resultados: 7.1 – Primeira etapa – volume de 40 mL Baseando-se no primeiro planejamento estatístico, realizaram-se seus correspondentes ensaios, sendo obtidos os seguintes resultados: _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 26 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ Tabela 6:: Resultados obtidos para volume de 40 mL Ensaio Enzima (g) 1 0,1 2 0,1 3 0,025 4 0,025 5 0,065 6 0,065 7 0,065 Rotação (rpm) 380 280 380 280 330 330 330 pHinicial 5,42 5,41 5,35 5,52 5,53 5,58 5,40 pHfinal 5,61 5,72 5,54 5,95 5,85 5,71 5,67 Abs. DNS 1,40 1,64 0,51 0,43 1,17 0,96 0,93 Abs. Enz. 0,53 0,57 0,12 0,13 0,39 0,28 0,25 [A.R] (g/L) 2,46 2,88 0,92 0,78 2,07 1,69 1,65 [G] (g/L) 2,62 2,81 0,64 0,68 1,92 1,40 1,23 Através de uma superfície de resposta, resposta, foi possível estimar as concentrações de glicose e açúcares redutores dentro da faixa das condições trabalhadas nos ensaios. Com os resultados obtidos, construiu-se construiu a superfície de resposta da concentração de glicose (Figura 6) que expressa o comportamento enzimático nos meios reacionais estudados. Porém, na primeira linha da tabela, nota-se nota se que o valor da concentração de glicose é maior que o valor de açúcares redutores. Isso pode ser atribuído a erro experimental nas análises realizadas. 3 2 1,5 1 0,5 0,085 0 0,055 280 290 300 310 320 0,025 330 340 350 360 370 380 Enzima (g) [G] (g/L) 2,5 Rotação (rpm) Figura 6: Superfície de resposta da concentração de glicose aos ensaios realizados Observando a Figura 6, pode-se verificar um leve aumentoo da concentração de glicose quando daa diminuição da rotação, ou seja, a catálise enzimática é mais eficiente em rotações mais baixas, pois quando elevadas podem acarretar desnaturação mecânica _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum ( officinarum L.) 27 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ das enzimas, além disso, quanto maior a quantidade de enzima, maior a concentração de glicose obtida, evidenciada pelo comportamento ascendente da superfície obtida. 3 2 1,5 1 0,1 0,5 0,065 0 280 290 300 310 320 0,025 330 340 350 360 370 380 Enzima (g) [A. R] (g/L) 2,5 Rotação (rpm) Figura 7: Superfície de resposta da concentração de açúcares redutores aos ensaios realizados De acordo com os resultados mostrados na Figura 7, verifica-se se que foi gerada uma superfície semelhante ao da figura anterior, anterior, pois quanto maior a quantidade de enzima empregada, maior a eficiência da catálise, e por conseqüência, a quantidade de açúcares convertidos é mais elevada. Analogamente, o perfil de concentrações apresenta um leve decaimento no que diz respeito à agitação do meio reacional. 7.2 – Segunda etapa – volume de 400 mL Baseado do no segundo planejamento estatístico a Tabela 7 mostra os resultados correspondentes aos ensaios propostos: _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum ( officinarum L.) 28 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ Tabela 7: Resultados obtidos para volume de 400 mL Ensaio pHtampão 1 6 2 6 3 4 4 4 5 5 6 5 7 5 Rotação (rpm) pHinicial pHfinal 350 6,19 6,25 0 6,18 6,22 350 4,23 4,19 0 4,26 4,15 175 5,28 5,08 175 5,29 5,20 175 5,29 5,14 Abs. DNS 1,14 1,15 1,46 1,25 0,31 1,44 0,87 Abs. Enz. 0,34 0,34 0,69 0,40 0,49 0,74 0,62 [A.R] (g/L) 2,01 2,03 2,57 2,21 0,56 2,53 1,55 [G] (g/L) 1,68 1,66 3,39 1,96 2,42 3,63 3,03 Observando os resultados mostrados na Tabela 7, pode ser observado que para ensaios realizados com valores de pH inicial acima de 5, ocorreu uma elevação no pH do meio reacional durante a hidrolise. Ao passo que para valores menores ou iguais a 5, foi observada uma diminuição deste pH, indicando que há a liberação de íons OHdurante a reação, quer seja os íons pré existentes (provenientes da polpação) ou resultantes da reação de hidrolise. Através de uma superfície de resposta construída com dos resultados obtidos nos ensaios de hidrolise, foi possível estimar as concentrações de glicose e açúcares redutores dentro da faixa das condições trabalhadas nesses ensaios. A superfície de resposta, Figura 8, mostra o comportamento da concentração de glicose em função dos meios reacionais estudados. Porém, no ensaio 3 e nos ensaios referentes ao ponto central (5, 6 e 7; Tabela 7), observa-se que a concentração de glicose possui valores maiores que os valores da concentração de açúcares redutores. Esse fato pode ter sido causado por falha no procedimento das análises ou saturação das soluções utilizadas pra tal. _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 29 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ 3,5 2,5 2 350 280 210 [G] (g/L) 3 1,5 41 4,5 140 Rotação (rpm) 5 70 5,5 0 pH 6 Figura 8: Superfície de resposta da concentração de glicose aos ensaios realizados Observando os resultados mostrados na n Figura 8, verifica--se que em pH diferentes de 5 a concentração de glicose apresenta um declínio em relação à concentração obtida em pH 5. Além disso, com a diminuição da rotação, a concentração conce de glicose também cai, contrariando os ensaios anteriores do planejamento anterior, nos quais a concentração de glicose aumenta com a diminuição da rotação. Esse fato pode estar ligado maior dificuldade de transferência de massa, e distribuição da enzima no substrato, ocasionado pelo aumento no n volume feito para o segundo planejamento. planejamento 2 1,5 [A.R.] (g/L) 2,5 1 0 70 140 210 280 Rotação (rpm) pH 350 Figura 9: Superfície de resposta da concentração de açúcares redutores aos ensaios realizados De acordo com a Figura 9, verifica-se se que foi gerada uma superfície diferente da figura anterior,, indicando que há alguma falha no processo de análise, análise, pois, a glicose é _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum ( officinarum L.) 30 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ um açúcar redutor, portanto ambas as Figuras 8 e 9 deveriam apresentar um comportamento semelhante, sendo que a concentração de açúcares redutores deve possuir valores mais elevados, ou iguais, aos valores da concentração de glicose. Outro fato que ressalta a possível falha é o ponto ótimo encontrado, no qual tem-se pH 4 sem a presença de agitação sendo que ensaios anteriores demonstram que o pH ideal para tal reação é 5. Diante do exposto, não é possível determinar qual das duas análises apresentou a falha. Esses resultados deveriam ter sido repetidos para que se pudesse sanar os problemas apresentados nas analises e mostrar dados mais confiáveis, porém não havia mais matéria-prima nem tempo hábil para realizá-los já que a aluna de iniciação se formou e não faz mais parte do quadro discente desse centro universitário. Porém os resultados alcançados já são de grande valia e mostram caminhos para novos ensaios e projetos para uma nova leva de alunos interessados em pesquisa. _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 31 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ 8 – Conclusão Analisando os dados coletados nos ensaios do primeiro planejamento estatístico, verificou-se que, dentre os meios reacionais estudados, o que fornece uma eficiência mais elevada é aquele no qual se tem uma agitação mais baixa, cerca de 280 rpm e uma quantidade de enzima de 0,1 g, que resulta em 2,81 g/L de glicose para 2 g de bagaço de cana polpado. Contudo, observou-se que o pH da solução reacional elevou-se durante a reação. Esse fato pode estar relacionado com a presença de soda ou íons Na+ adsorvidos no bagaço, utilizada para realizar o tratamento de deslignificação (polpação), que podem não ter sido totalmente removidos durante a lavagem efetuada após o processo. Além disso, o tampão empregado não está mantendo o pH constante, que seria a sua função. Para os ensaios do segundo planejamento estatístico, optou-se por lavar o bagaço de cana polpado com água, sendo seco em estufa antes da hidrólise. Esse procedimento simples pareceu solucionar o problema da elevação do pH durante a reação, pois, de acordo com as medidas de pH antes e após a hidrólise, não se verifica uma variação significativa deste parâmetro. Com relação ao segundo planejamento estatístico, não é possível concluir qual é a melhor condição de trabalho, pois os resultados das análises foram divergentes e, em virtude de falta de reagentes, não foi possível refazer-se os testes. Para projetos futuros, sugiro um novo estudo de aumento de escala, pois não foi possível determinar-se com precisão suas influências nesta reação, além do estudo do uso de um evaporador rotativo para concentrar o hidrolisado, para que a fermentação se torne possível. _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 32 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ 9 – Referencias AGUIAR, C. M., MARGONAR, M. H. L., LUCENA, S. J. 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Para a elaboração dessa curva foram utilizadas amostras padrões de concentração: 0,2; 0,4; 0,8; 1,0; 1,2; 1,6; 2,0. Utilizando solução mãe de glicose 2g/L. Tabela 8: Dados para a curva de calibração Tubo [G] (g/L) Vsolução mãe (mL) Vágua (mL) Vtotal (mL) 1 2 3 4 5 6 7 0,2 0,4 0,8 1 1,2 1,6 2 1 2 4 5 6 8 10 9 8 6 5 4 2 0 10 10 10 10 10 10 10 De acordo com as análises realizadas no espectrofotômetro, obteve-se: Tabela 9: Absorbância obtida para cada concentração de glicose [G] (g/L) 0,2 0,4 0,8 1 1,2 1,6 2 Abs. 0,034 0,086 0,168 0,188 0,225 0,313 0,418 _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 38 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ Método Enzimático 2,5 y = 4,8539x + 0,0356 R² = 0,992 [G] (g/L) 2 1,5 1 0,5 0 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 Absorvância Figura 10: Curva de calibração do Método Enzimático • Método DNS Para a utilização do método DNS, foi necessário o levantamento da curva de calibração (absorbância em função da concentração de glicose). Esta curva foi elaborada partindo-se de uma solução contendo 1 g/L de glicose (Merk D(+) Glicose anidro 180,16 g/mol) diluída em água destilada. A partir desta solução, foram efetuadas diluições consecutivas para obter soluções de 0,1, 0,2, 0,4, 0,5, 0,7 e 0,8 g/L. A quantidade de volume da solução de 1 g/L, denominada “volume estoque”, necessária para obter as diluições, foram calculadas a partir da expressão: C1V1 = C2V2. Tabela 10: Dados para curva de calibração Tubo 1 2 3 4 5 6 7 [G] (g/L) Vsolução mãe (mL) Vágua (mL) 0,1 0,2 0,4 0,5 0,6 0,8 1 0,1 0,2 0,4 0,5 0,6 0,8 1 0,9 0,8 0,6 0,4 0,3 0,2 0 Vtotal (mL) 1 1 1 1 1 1 1 _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 39 Laboratório de Química do Centro Universitário da FEI _______________________________________________________________________________________________ De acordo com as análises realizadas no espectrofotômetro, obteve-se: Tabela 11: Absorbância obtida para cada concentração de glicose [G] (g/L) 0,1 0,2 0,4 0,5 0,6 0,8 1 Abs. 0,036 0,103 0,229 0,269 0,322 0,431 0,566 Curva de calibração Método DNS 1,2 [G] (g/L) 1 y = 1,7423x + 0,0274 R² = 0,9973 0,8 0,6 0,4 0,2 0 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 Absorvância Figura 11: Curva de calibração do Método DNS _______________________________________________________________________________________________ Estudo do aumento de escala do processo enzimático de hidrólise da celulose obtida a partir de resíduos lignocelulósicos do bagaço de cana (Saccharum officinarum L.) 40