1) Conceitos fundamentais de circuitos lógicos O principal elemento de um circuito lógico é o inversor. O inversor está para circuitos digital como o amplificador esta para circuitos analógicos. Vários conceitos fundamentais serão apresentados algumas vezes faremos uso do inversor para explica-los. São estes: • • • • • Margem de ruído; Atraso de propagação; Dissipação de potência; Produto atraso-potência; Fan-in Fan-out; Margem de ruído Considere uma característica de transferência de tensão de um inversor qualquer, como mostrado na figura 1.1. Para simplificar utilizamos três retas para aproximar a função de transferência que normalmente é uma função linear da entrada. Como mostra a figura se a entrada for alta (vi > vIH ) a saída será igual a v0L. E, se a entrada for baixa (vi > vIL ) a saída será igual a v0H. Note que o nível alto de saída não depende do valor exata da tensão de entrada desde que esta não exceda vL. Quando o inversor (porta) excede esta tensão este entra na região chamada região de transição. Da mesma forma o nível lógico não depende do valor exato da tensão de entrada desde que esta não seja menor do que vIL. As tensão vIH, vIL, v0L e v0H são importantes na característica de transferência do inversor. A margem de ruído expressa a insensibilidade da porta lógica na presença de ruído. VI V0 Figura 1.1 O Inversor lógico V0 V0H V0L VIL VIH Figura 1.2 Característica de transferência VI Quanto maior a insensibilidade da saída de uma porta lógica a presença de ruído maior sua margem de ruído. Para quantificar esta insensibilidade considere o circuito mostrado na figura 1.3. Uma situação muito comum em que a saída de uma porta esta conectada a entrada de uma outra. RUÍDO VI =VIO V0 = V0H V0 =V0L Figura 1.3 Cascata de dois inversores. Se a saída do primeiro inversor estiver em nível alto com valor v0H notamos que existe uma margem de segurança no segundo inversor igual a diferença entre v0H e vIH (veja a figura 1.4) que garante uma saída deste em nível lógico baixo (v0L). Em outra palavras se por alguma razão sinal indesejado (chamado ruído) é superposto ao da saída do primeiro inversor, a saída do inversor subseqüente não será afetada enquanto o ruído não reduzir a tensão em sua entrada a valores menores que vIH. Portanto podemos dizer que o inversor possui uma margem de ruído para nível alto, MRH, de MRH = V0H - VIH (1.1) V0 V0H MRL MRH V0L VIL VIH V0H VI Figura 1.4 Margem de Ruido De modo semelhante, se a saída do primeiro inversor estiver em nível baixo com valor V0L, o segundo inversor produzirá uma saída em nível alto mesmo que o ruído altere o nível lógico V0L em sua entrada, elevando-o até próximo de V0L. Logo podemos afirmar que o inversor possui uma margem de ruído para nível alto, MRL, de MRL = VIL – V0L (1.2) Resumindo; Parâmetro Importantes V0L : Nível baixo de saída V0H : Nível alto de saída VIL : Valor máximo de entrada (ainda interpretado como nível lógico 0) V0H : Valor mínimo de entrada (ainda interpretado como nível lógico 1) MRL : Margem de ruído para nível baixo = VIL – V0L MRH : Margem de ruído para nível alto = V0H – VIH • Os valores VIL, V0L, V0L e V0H da característica de transferência definem a margem de ruído da porta lógica. • As alterações no nível de tensão de entrada, dentro da margem de ruído da porta são rejeitados por esta. Questão: Se V0H = VIH = VDD = 5,0V e se VIL = V0L = 0V, qual a máxima margem de ruído? Desenhe a curva característica. Esta seria uma curva ideal? 2) Atraso de propagação Nos amplificadores lineares o comportamento dinâmico dos amplificadores é especificado em termos de sua resposta em freqüência, já em circuitos lógico o comportamentos dinâmico é caracterizado pelos tempos de atraso temporal entre o chaveamento lógico dos níveis alto para baixo e vice-versa e a respectiva mudança na saída. Tal atraso, chamado atraso na propagação, é devido a duas razões: 1) Os transistores que implementam as chaves exibem tempos de chaveamento finitos; 2) Uma capacitância que inevitavelmente está presente nas saída e entrada das portas lógica. Antes de continuarmos faremos uma breve revisão dos circuitos com constante de tempos simples (CTS). Circuitos com constantes de tempos simples são aqueles compostos, de ou que podem ser reduzidos a, um dos componentes reativos (indutância ou capacitância) e uma resistência. Para redução dos circuitos mais complexos utilizamos algum processo, tais como Teorema de Thévenin Teorema de Norton Princípio da superposição. A regra é muito simples e consiste em encontrar a resistência vista pelos terminais da capacitância ou indutância. Faremos alguma exercícios para demonstração. 1) Exemplo 1: Qual a constante de tempo do circuito abaixo? R1 B ve C R2 Thévenin 2) Exemplo 2: Idem anterior R1 R3 ve R2 C R4 Thévenin 3) Exemplo 3: Idem anterior ve C1 C R Thévenin 4) Exemplo 4: Idem anterior R2 ve1 C1 R1 ve2 C Thévenin C2 5) Exemplo 5: Idem anterior ie C R Thévenin 6) Exemplo 6: Idem anterior R2 ie R1 C Thévenin Em todas as configurações: τ = RC Considere uma entrada do tipo degrau aplicada a um circuito CTS (passa-baixas) com constante de tempo τ. A saída para qualquer tempo t é dada por V0(t) = V∞ - (V∞ -V0)exp(-t/τ) (1.3) Onde V∞ é o valor final, isto é, o valor para qual a saída tende para um tempo infinito, e V0 é o valor da resposta em t= 0. Exercício 1.1: Considere o inversor da figura abaixo com um capacitor C=10pF conectado entre a saída e o terra. Sejam VDD = 5V, R= 1 kΩ, RON = 100 Ω e VOffset = 0,1V. Se, para t = 0, VI torna-se baixo e, negligenciando o tempo de atraso da chave, ou seja, supondo que ela abre imediatamente, determine o tempo para que a saída atinja ½(VOH + VOL). O tempo para esse ponto de transição 50% da forma de onda é definido como atraso na propagação de nível baixo para nível alto (low-to-high propagation delay, tPLH). Solução: Em primeiro lugar, determinamos V0L , da figura temos V0L = Voffset + (VDD – Voffset)/(R+RON)* RON = 0,1 + (5 -0,1)/(1,1)* 0,1 = 0,55V A seguir, o capacitor carrega-se por meio de R e v0 aumenta exponencialmente em direção a VDD. A forma de onda esta mostrada na figura e sua equação é v0 = 5 – (5 – 0,55)exp(-t/τ) em que τ = RC. Para calcular tPLH, substituímos V0L O resultado é tPLH = 0,69 τ = 6,9ns Concluindo nos mostramos na figura 1.5 a definição forma do atraso na propagação de um inversor. Como mostrado, um pulso com tempos de subida e descida finitos (diferentes de zero) é aplicado a entrada. O pulso de saída invertido exibe tempos de subida e descida finitos (chamados de tTLH e tTHL, em que o índice T denota transição, e LH denota de “baixo para alto” e HL denota de “alto para baixo”. Arquivos para simulação em www.sedrasmith.org